TRABALHO ORAL IMPACTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO NA GESTÃO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA Uso estratégico das tecnologias em informação documentária INDEXAÇÃO ANALÍTICA DE PERIÓDICOS DA BIBLIOTECA DA FACULDADE DE FARMÁCIA DA UFMG MANHÃ, E. M.1 PEREIRA, F.2 FARIA, M. L. L.3 COSTA, M. U. P.4 SANTOS, S. A.5 RESUMO O periódico científico possui grande importância para a divulgação e disseminação de publicações dos resultados de pesquisas científicas. Também é reconhecida a importância e a contribuição das tecnologias da informação e comunicação na rotina das bibliotecas universitárias. Este trabalho apresenta a indexação analítica de artigos de periódicos e o serviço de conversão para o formato eletrônico destes documentos pela equipe da biblioteca da Faculdade de Farmácia da UFMG. O objetivo do trabalho realizado é a disponibilização dos textos completos dos artigos da área de farmacologia para a comunidade acadêmica e científica. Apresenta-se na metodologia, uma maior exploração do campo 856 do MARC 21 e os resultados alcançados até o momento. Palavras-chave: Indexação. Catalogação por assunto. Periódicos. Recuperação da Informação ABSTRACT The scientifical periodical has great importance for the divulgation and publications dissemination and results of scientific researches. It is also known the importance and contribution of information and communication technologies in the routine of the university libraries. This paper presents the analytical indexation of periodicals and the change to electronic format of these documents by the UFMG- Pharmacy University Library staff. The objective of this project is the availability of the complete pharmacology articles for the scientific and academic communities. The methodology is presented with a bigger exploration of the item 856 from MARC 21 and the results obtained until now. Keywords: Indexing. Subject cataloging. Analytical indexing. Information retrieval. Periodicals 2 1 INTRODUÇÃO O acervo da Biblioteca da Faculdade de Farmácia é muito rico, principalmente em periódicos mais antigos. Alguns títulos deixaram de ser produzidos e seus artigos não foram indexados em nenhuma base, portanto a possibilidade de localização fica comprometida. Além disto, várias revistas foram digitalizadas a partir de uma determinada data e os artigos mais antigos não passaram por este processo. Como não é possível disponibilizar o texto completo de todos os artigos, a indexação por assunto se apresenta como recurso minimizador para o problema dos artigos que não puderem ou não tiverem autorização dos autores para disponibilização do texto completo. A visibilidade dos artigos leva à citação. A citação é fator motivador para o pesquisador publicar. É um indicador importante para avaliação da capacidade científica tanto do indivíduo, quanto departamento, universidade ou país. É importante para a sobrevivência da própria revista citada. Diante desse cenário, a Biblioteca da Faculdade de Farmácia da UFMG implantou um projeto de indexação analítica de artigos de periódicos ainda indisponíveis em base de dados. O projeto teve início com 12 volumes da Revista de Farmácia e Bioquímica da UFMG, publicação da Instituição, interrompida em 1992, passando para a Revista Brasileira de Farmácia, umas das mais importantes da área, contendo na coleção da Biblioteca da Faculdade de Farmácia da UFMG 68 volumes. Será efetuada uma pesquisa da produção dos docentes da Faculdade e se priorizará a disponibilização dos artigos na integra, com autorização do autor. 2 CATALOGAÇÃO E INDEXAÇÃO ANALÍTICA O periódico científico tem a finalidade principal de divulgar o resultado de pesquisas científicas (MUELLER, 2000), sendo considerado atualmente o principal canal formal da comunicação científica (OHIRA; SOMBRIO; PRADO, 2000). O aumento dessas publicações dá a dimensão da dificuldade encontrada pelos pesquisadores em manterem-se atualizados com as tendências de sua linha de pesquisa. A indexação dos periódicos mostra-se essencial neste ambiente, uma vez 3 que permite que a informação se torne visível à comunidade científica, de forma rápida e sistemática. A fim de se garantir eficácia no controle e na organização das informações contidas em documentos, atualmente, é imprescindível a automação de várias atividades desenvolvidas nas bibliotecas e nos centros de informação. A adoção das tecnologias de informação torna-se cada dia mais parte da realidade destas instituições, desde a fase da formação e desenvolvimento de acervo, passando pelo tratamento da documentação até a fase de disseminação ou disponibilização dos documentos. Em Biblioteconomia, a indexação é reconhecida como um dos processos mais importantes do tratamento da informação, quando os documentos são tratados para serem inseridos em uma base de dados. Existe uma confusão terminológica quando se fala em indexação. Vários termos como análise de assunto, análise documentária, catalogação de assunto, aparecem em uma emaranhada e confusa rede conceitual. É possível definir indexação como processo de definição de termos que irão representar o conteúdo de documentos em sistemas de informação ou em catálogos de bibliotecas. A indexação é definida como: [...] a terminologia mais usada para designar o trabalho de organização da informação quando realizado nos chamados serviços de indexação e resumo. Esses serviços têm por finalidade organizar informações referentes, principalmente, a artigos de periódicos. Essas informações não são, normalmente, organizadas nas bibliotecas. Estas costumam se limitar à organização dos periódicos considerados em seu todo. Os produtos principais daqueles serviços são os índices/abstracts, que tanto podem estar disponíveis em forma impressa como na forma de bases de dados. (DIAS; NAVES, 2007, p.16). Silva e Fujita (2004) apresentam uma diferenciação no conceito da prática da indexação por duas correntes, a francesa e a inglesa. A francesa, seguindo a linha teórica de Gardin (1981), apud Silva e Fujita (2004), tende a tratar a indexação como uma operação dentro do processo de análise documentária, ao passo que os ingleses e norte-americanos chamam de indexação a própria análise documentária. Segundo as autoras, a existência destas linhas teóricas, que não se restringem somente a prática da indexação, é que gera diferentes conceitos e entendimentos sobre esta área. 4 Lancaster (2004, p.8-9) afirmou que a indexação de assuntos envolve duas etapas: análise conceitual e tradução. A análise conceitual é o trabalho intelectual, também denominado análise de assunto (Dias; Naves, 2007), em que o indexador procura entender os assuntos de um documento e depois retirar da linguagem termos que os representem. Segundo Lancaster (2004), a indexação de assuntos de um documento é eficiente quando ela vai além dos assuntos tratados no documento. O indexador deve tomar sua decisão de indexar baseada na causa do documento, além de observar prováveis interesses para um determinado grupo de usuários. A tradução, segundo Lancaster, “envolve a conversão da análise conceitual de um documento num determinado conjunto de termos de indexação”. Nesta fase, geralmente é utilizado algum tipo de vocabulário controlado para extração de termos controlados. O autor apresenta como três os principais tipos de vocabulário controlado: esquemas de classificação bibliográfica, listas de cabeçalhos de assuntos e tesauros. Os termos catalogação e indexação podem ser entendidos como complementares no tratamento da representação dos documentos nos catálogos de bibliotecas. A indexação é a responsável pela descrição semântica, ou de conteúdo, ao passo que a catalogação seria o processo técnico de representação descritiva dos documentos, definição de pontos de acesso. A catalogação visa criar representações dos documentos, conhecidos como fichas de catalogação, ou fichas catalográficas, que descrevem tanto os aspectos físicos, objetivos do documento (autor, título etc.), quanto os aspectos de conteúdo, ou seja, o assunto ou assuntos de que trata. À atividade de descrição dos aspectos físicos costuma se dar o nome de catalogação descritiva, e à do conteúdo, catalogação por assunto. (DIAS; NAVES, 2007, p.16). Tanto a catalogação quanto a indexação fazem parte do tratamento da informação, que pode ser definido como uma função de descrever os documentos, tanto do ponto de vista físico como pelo ponto de vista temático. Desta atividade resulta a produção de representações documentais como fichas de catálogos, referências bibliográficas, resumos, termos de indexação, etc. O tratamento da informação é uma função dependente de outras funções, como a seleção, descarte, análise de TIC, entre outras. (DIAS, 2006, p.67-68). 5 3 METODOLOGIA No trabalho de catalogação da Biblioteca Professor Lair Remusat Rennó da Faculdade de Farmácia, da UFMG, a indexação é automatizada, aonde a primeira etapa, que analisa o conteúdo do documento (análise de assunto), é feita por uma bibliotecária que, após seu trabalho intelectual, insere os termos numa base de dados automatizada, utilizando-se da lista de cabeçalhos de assuntos autorizados do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Na maioria das bibliotecas universitárias não há uma divisão real das atividades técnicas de indexação, catalogação, ou mesmo, classificação. As três atividades são efetuadas pela mesma pessoa e quase sempre simultaneamente. Isto ocorre, geralmente, pela falta de pessoal, ou pela necessidade de disseminação rápida dos documentos. O indexador especialista do assunto nem sempre é o que de fato indexa nas bibliotecas universitárias e a exigência de se indexar determinada quantidade de documentos não permite que o indexador faça uma leitura necessária do documento, o que se sugere que ele somente faça um misto de leitura e ‘passagem dos olhos’ pelo texto (Lancaster, 2004, p.24). Os campos do Formato MARC 21 utilizados na indexação de artigos dos periódicos, na biblioteca da Faculdade de Farmácia da UFMG são: o Campo 008 – Elementos de dados de extensão fixa o Campo 040 – Fonte da catalogação (NR) o Campo 090 – Número de classificação (R) o Campo 100 – Entrada principal – autor pessoal (NR), subcampo a o Campo 245 – Título do documento e indicação de responsabilidade (NR), subcampos a e b ou a, b e c o Campo 246 – Forma variante do título (R), subcampo a o Campo 650 – Assunto tópico (R), subcampo a e v o Campo 700 – Outros autores (NR), subcampo a o Campo 773 – Entrada analítica, subcampos t, d, g, x e w o Campo 856 – Acesso e localização eletrônica (R), subcampos u, 2 e n. 6 Será tratado com maior atenção o campo 856 que, permite acesso e localização do artigo fornecendo link para a informação eletrônica. Esta é uma possibilidade que privilegia o usuário, pois permite acesso direto online, sem que haja necessidade de deslocamento à biblioteca para acesso do material, tornando a recuperação da informação mais rápida. Além destes benefícios, a conversão do documento impresso para o formato digital, aliada a outras ações, garante sua preservação. No entanto, algumas observações devem ser consideradas pelas bibliotecas antes da indexação deste campo, tais como: a questão do direito autoral e a necessidade da existência de um servidor que suporte bem a inserção dos arquivos. No caso específico da Biblioteca Prof. Lair Remusat Rennó será utilizado o servidor da Faculdade de Farmácia. Também estão sendo contatados os autores para se obter a licença de disponibilização online do artigo na íntegra. O campo 856 do Marc 21, campo de Acesso a Localização Eletrônica, contém a informação necessária para se localizar e acessar um recurso eletrônico. O campo é repetitivo e a utilização do indicador 1 dependerá da disponibilização http. O indicador 2 fica em branco e no Sistema de Bibliotecas da UFMG é substituído por #. Os subcampos utilizados para indexação analítica de periódico foram: o $u, URL - Uniform Resource Locator. o $2, método de acesso. o n, nome da localização do HOST no subcampo. Exemplo: 856 | 4 | # | $u http://www.farmacia.ufmg............. $2 http $n No exemplo o indicador 1 é utilizado, sendo preenchido com o número 4, indicação para http. O subcampo $u indica a URL do artigo disponível em texto completo. 7 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Até o momento foram indexados 310 artigos. Finalizou-se a indexação da Revista de Farmácia e Bioquímica da UFMG e o trabalho com a Revista Brasileira de Farmácia encontra-se bem adiantado. O projeto já começou a apresentar resultados positivos, uma vez que foi possível verificar aumento na consulta dos periódicos indexados. O próximo passo será iniciar o contato com os professores, para solicitar autorização de disponibilização dos artigos na íntegra. Para atingir a visibilidade dos artigos, não basta colocá-los simplesmente na web. Será preciso que os artigos sejam tratados de forma tal a serem encontrados pelos provedores de serviço e serviços de indexação, quando esses são acionados por leitores que buscam informações e artigos nos temas em que estão pesquisando. REFERÊNCIAS DIAS, Eduardo Wense. Organização do conhecimento no contexto de bibliotecas tradicionais e digitais. IN: NAVES, Madalena Martins Lopes; KURAMOTO, Hélio (Org.). Organização da informação: princípios e tendências. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2006, p.62-75. DIAS, Eduardo Wense; NAVES, Madalena Martins Lopes. Análise de assunto: teoria e prática. Brasília: Thesaurus, 2007. GARDIN, J. C. et al. La logique du plausible: essais d’epistemologie pratique. Paris: Maison de Sciences de L’Homme, 1981. LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2.ed. Brasília, DF: Brinquet de Lemos, 2004. MARC standards. Disponível em: <http://www.loc.gov/marc/>. Acesso em: 26 maio 2008. MUELLER, Suzana P. M. O periódico científico. In: CAMPELLO, Bernadete Santos; CENDÓN, Beatriz Valadares; KREMER, Jeannette Marguerite (Org.). Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. p.73-95. 8 OHIRA, Maria Lourdes Blatt; SOMBRIO, Márcia Luiza Lonzetti Nunes; PRADO, Noêmia Schoffen. Periódicos brasileiros especializados em biblioteconomia e ciência da informação: evolução. Enc. Bibli: R. Bibliotecon. Ci. Inf., Florianópolis, n.10, out. 2000. Disponível em: <http://www.encontrosbibli.ufsc.br/Edicao_10/lurdinha.htm>. Acesso em: 24 maio 2008. SILVA, Maria dos Remédios da; FUJITA, Mariângela Spotti Lopes. A prática da indexação: análise da evolução de tendências teóricas e metodológicas. Transinformação, Campinas, v.16, n.2, p.133-161, maio/ago. 2004. __________________ 1 Elizabeth Martins Manhã, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bibliotecária, Faculdade de Farmácia, [email protected]. 2 Fernanda Pereira, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Acadêmico, Curso de Biblioteconomia, [email protected]. 3 Maria Lúcia de Lacerda Faria, [email protected]. 4 Mateus Uérlei Pereira da Costa, [email protected]. 5 Simone Aparecida dos Santos, [email protected].