MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXERCÍTO
A EQUITAÇÃO TERAPÊUTICA
Monografia
1° Ten Cav CLAUDIO THOMPSON FERNANDES
Rio de Janeiro, Outubro de 2002.
2
CLAUDIO THOMPSON FERNANDES 1° Ten Cav
A EQUITAÇÃO TERAPÊUTICA
Trabalho apresentado como projeto
interdisciplinar
do
Curso
de
Instrutor de Equitação, da Escola de
Equitação do Exercito.
Orientador: Cap Cav CESAR USA
3
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO
2002
A EQUITAÇÃO TERAPÊUTICA
Monografia de dissertação apresentada como
requisito parcial à obtenção do grau de
instrutor de equitação, Curso de Instrutor de
Equitação, da Escola de Equitação do
Exercito.
Curso:Instrutor de Equitação
Orientador : Cap Cav César Alves da Silva
RIO DE JANEIRO
2002
ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXERCITO
AVENIDA DUQUE DE CAXIAS Nr 2071–VILA MILITAR–RIO DE JANEIRO- RJ
ESTE TRABALHO, NOS TERMOS DA LEGISLAÇÃO QUE RESGUARDA
OS DIREITOS AUTORAIS, É CONSIDERADO PROPRIEDADE DA ESCOLA DE
EQUITAÇÃO DO EXERCITO (EsEqEx).
É PERMITIDA A TRANSCRIÇÃO PARCIAL DE TEXTOS DO
TRABALHO, OU MENÇÃO AO MESMO, PARA COMENTÁRIOS OU CITAÇÕES,
DESDE QUE SEM FINALIDADE COMERCIAL E QUE SEJA FEITA
A
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA COMPLETA.
4
OS CONCEITOS EXPRESSOS NESTE TRABALHO SÃO DE
RESPONSABILIDADE DO AUTOR E NÃO DEFINEM UMA ORIENTAÇÃO
INSTITUCIONAL DA EsEqEx. NÃO CONSTITUI NORMA DA EsEqEx PROCEDER
QUALQUER REVISÃO NO TRABALHO MONOGRÁFICO ARQUIVADO, SEJA
QUANTO A FORMA E CORREÇÃO NA APRESENTAÇÃO, SEJA QUANTO AO
CONTEÚDO.
Equitação Terapêutica. Rio de Janeiro: EsEqEx, 2002.
Monografia de dissertação (Curso de Instrutor de Equitação), EsEqEx.
1. Equitação Terapêutica.
5
RESUMO
A Equitação Terapêutica. Rio de Janeiro, 2002. 38 p. Dissertação de Monografia (Curso de Instrutor de Equitação) –
Escola de Equitação do Exército.
A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de
uma abordagem interdisciplinar. No Brasil, essa técnica tornou-se mais intensa após a criação
da Associação Nacional de Equoterapia. O tratamento é indicado para diversas patologias
ligadas a pessoas com deficiências mentais e/ou motoras onde o praticante é avaliado por uma
equipe interdisciplinar da área de saúde, educação e equitação. Feito isso, é proposto um
programa específico, para cada tipo de patologia, organizado de acordo com as deficiências e
potencialidades do praticante, que recebe toda a atenção necessária para seu caso. Toda a
atividade e desenvolvimento dos centros de Equoterapia é regulamentada em caráter de
parceria com ANDE-BRASIL que determinou um manual específico e reconhecido e tem por
finalidade orientar a instalação e funcionamento dos centros filiados, garantindo qualidade de
serviço. O cavalo é tão importante para a Equoterapia quanto seu praticante, sendo um tipo
para cada caso, previamente avaliado. Os movimentos tridimensionais multidirecionais
gerados pelo cavalo é transmitido ao cavaleiro/praticante que desenvolve em seu sistema
nervoso e motor respostas para os impulsos gerados, melhorando assim seu quadro clínico e
psicológico. A finalidade deste trabalho é mostrar os processos usados nos centros de
Equoterapia e justificar o uso do cavalo como forma de solução dos problemas apresentados,
uma nova alternativa eficaz para aqueles que necessitam de cuidados especiais.
6
LISTA DE FIGURAS
1-Praticante de Hipoterapia.......................................................................................................8
2-Praticante no programa de Educação e Reeducação...............................................................9
3-Praticante no programa Pré-esportivo...................................................................................10
4-Sela com alça, material usado na Equoterapia......................................................................32
7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANDE
- Associação Nacional de Equoterapia
CE
- Centro de Equoterapia
CHPEE
- Comprovante de Habilitação de Profissional de Equitação na Equoterapia
CNPJ
- Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
PEE
- Profissional de Equitação em Equotarepia
PNE
- Pessoas com necessidades especiais
PPD
- Pessoas portadoras de deficiência
8
LISTA DE TABELAS
1 – Praticantes da Equoterapia no início do tratamento............................................................40
2 – Praticantes da Equoterapia um ano após o tratamento.......................................................41
9
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.............................................................................v
LISTA TABELAS...................................................................................................................vi
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................1
2 CONCEITO...........................................................................................................................2
3
HISTÓRICO.................................................................................................................
........3
4 INDICAÇÕES DE TRATAMENTO..................................................................................4
4.1 Patologias Ortopédicas.......................................................................................................4
4.2 Patologias Neuromusculares..............................................................................................4
4.3 Patologias Cardiovasculares e respiratórias.....................................................................5
4.4 Outras Patologias................................................................................................................5
5 CONTRA-INDICAÇÕES....................................................................................................6
6 FASES DA EQUOTERAPIA...............................................................................................6
10
7 PROGRAMAS DA EQUOTERAPIA.................................................................................8
7.1 Hipoterapia..........................................................................................................................8
7.2 Educação e Reeducação......................................................................................................8
7.3 Pré-esportiva........................................................................................................................9
7.3.1 Profissionais da área de saúde............................................................................................9
7.3.2 Profissionais da área de Educação...................................................................................10
7.3.3 Profissionais da área de Equitação e do trato animal.......................................................10
8 O FIOTERAPEUTA NA EQUOTERAPIA.....................................................................11
9 O FONOAUDIÓLOGO NA EQUOTERAPIA................................................................12
10 O PSICÓLOGO NA EQUOTERAPIA...........................................................................14
11 O TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUOTERAPIA..........................................14
12 O MÉDICO NA EQUOTERAPIA..................................................................................15
13 O PSICOPEDAGOGO.....................................................................................................16
14 O INSTRUTOR DE EQUITAÇÃO NA EQUOTERAPIA...........................................16
15 MANUAL PARA O CENTRO DE EQUOTERAPIA...................................................18
15.1 Termo de Abertura........................................................................................................18
15.2 Instalações Físicas de um Centro de Equoterapia......................................................18
15.2.1 Para as PPD/ PNE e seus familiares..............................................................................18
15.2.2 Para as PPD/ PNE.........................................................................................................18
15.2.3 Para o manejo dos cavalos............................................................................................19
15.2.4 Local coberto para Equoterapia em geral.......................................................................19
15.2.5 Local ao ar livre.............................................................................................................19
15.3 Instalações Administrativas de um Centro de Equoterapia.......................................20
11
15.4 O Cavalo...........................................................................................................................20
15.5
A
Equipe
Técnica
Interdisciplinar................................................................................21
15.5.1
Generalidades..............................................................................................................
...21
15.5.2 No Programa Hipoterapia..............................................................................................21
15.5.3 No Programa Educação/ Reeducação............................................................................21
15.5.4 No Programa Pré-esportivo............................................................................................21
15.6 A Equipe de Apoio..........................................................................................................21
15.7 O Diretor do Centro de Equoterapia............................................................................22
15.8 O Responsável Técnico pelo Centro de Equoterapia...................................................22
15.9 Documentação básica relativa a praticantes................................................................22
15.10 Relacionamento do Centro de Equoterapia com a ANDE-BRASIL........................22
15.10.1 Generalidades...............................................................................................................22
15.10.2 Centros de Equoterapia Cadastrados............................................................................22
15.10.3 Centros de Equoterapia Filiados..................................................................................23
15.10.4 Visita de Representante da ANDE-BRASIL...............................................................23
15.11 Direitos dos Centros Filiados.......................................................................................23
15.12 Deveres dos Centros Filiados.......................................................................................24
15.13 Penalidades....................................................................................................................25
15.14 Desfiliação......................................................................................................................25
15.15 Anuidade de Filiação....................................................................................................26
15.16 Sistemática para Filiação..............................................................................................26
15.16.1 Documentos a serem elaborados..................................................................................26
15.16.2 Cópia de documentos a serem enviados......................................................................26
15.16.3 Casos especiais.............................................................................................................26
15.16.4 Procedimento de CE.....................................................................................................26
12
15.16.5 Procedimentos da ANDE-BRASIL.............................................................................26
15.17 O Profissional de Equitação na Equoterapia (PEE)..................................................27
15.17.1 Generalidades...............................................................................................................27
15.17.2 Classificação dos Centros de Equoterapia no tocante ao PEE.....................................27
15.17.3 CE com área de equitação Classe A.............................................................................28
15.17.4 CE com área de equitação Classe B.............................................................................28
15.18 Comprovação de habilitação profissional de equitação na Equoterapia.................29
15.18.1 Generalidades...............................................................................................................29
15.18.2 Habilidades como cavaleiro.........................................................................................29
15.18.3 Habilidades no trato com o cavalo...............................................................................29
15.18.4 Habilidades no trato com o PPD/ PNE........................................................................29
15.18.5 Sistemática para execução da CHPEE.........................................................................30
15.19 Homologação dos Centros de Equoterapia por categoria.........................................30
16 O CAVALO IDEAL PARA EQUOTERAPIA................................................................30
17 O CONTATO COM O CAVALO....................................................................................31
18 STRESS DO CAVALO DE EQUOTERAPIA................................................................31
19 MATERIAIS.......................................................................................................................32
20 JUSTIFICAÇÃO DO USO DO CAVALO NA EQUOTERAPIA.................................33
21 OS EXERCÍCIOS BÁSICOS NA EQUOTERAPIA......................................................38
22 EVOLUÇÃO DO PRATICANTE....................................................................................40
23 CONCLUSÃO...............................................................................................................42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................43
13
1 INTRODUÇÃO
No Brasil, a partir dos anos 80 quando foi criada a ANDE-BRASIL (Associação
Nacional de Equoterapia) o tratamento tomou maior impulso, mas somente nos últimos seis
anos é que se pode notar o verdadeiro crescimento desta modalidade terapêutica, haja vista o
número crescente de centros de Equoterapia em todo território nacional.
Veremos que a Equoterapia é aplicada por intermédio de programas específicos
organizados de acordo com as necessidades e potencialidades do praticante, da finalidade do
programa e dos objetivos a serem alcançados.
O praticante em tratamento conta com o acompanhamento de uma equipe
interdisciplinar da área de saúde, da educação e da equitação que avalia e determina seu tipo
de patologia.
O cavalo na equoterapia é tão importante quanto o praticante, a docilidade e a idade,
são determinantes na escolha do cavalo ideal para o trabalho incluindo até o real quadro
clínico da pessoa a ser tratada. Os movimentos tridimensionais e multidirecionais produzidos
pelo cavalo, aqui mostrados neste trabalho, justificam o benefício trazido ao praticante que
apresenta melhorias nunca antes observadas em tratamentos tradicionais.
A união que deve existir entre os integrantes da equipe interdisciplinar, que responde
pelo tratamento, também é fator decisivo para o sucesso do trabalho. Por se tratar de vários
profissionais de áreas distintas, o ego nunca deverá influenciar no convívio com o praticante e
seus familiares, toda e qualquer mudança no quadro clínico deverá ser reportada e analisada
para melhor entendimento das dificuldades e ansiedades do paciente pela equipe
interdisciplinar.
O contato com a natureza e com esse extraordinário animal, tem propiciado a diversas
pessoas um novo caminho para mudarem suas vidas e obterem uma oportunidade de
desenvolvimento eficaz e num período curto em comparação com tratamentos anteriores
diferenciados.
14
2 CONCEITO
A Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo como
meio de alcançar desenvolvimento bio-psico-social de pessoas portadoras de deficiência e
necessidades especiais nas áreas de saúde, educação e equitação.
O uso do cavalo como forma de terapia exige do deficiente, estímulos em todas as
articulações e músculos do corpo, comprovando assim a eficácia do tratamento. A história já
nos mostrou isso a 400 a.C. quando Hipócrates utilizou-se do cavalo para regenerar a saúde de
seus pacientes. Em 1901, uma dama inglesa, patronesse de um hospital em Londres, resolveu
levar os seus cavalos para lá a fim de quebrar a monotonia no tratamento dos doentes. Este é o
primeiro registro de uma atividade eqüestre ligada a um hospital.
Em 1980 no Brasil, foi criada a Associação Nacional de Equoterapia, mas somente
nos últimos seis anos é que se pode notar o verdadeiro crescimento desta modalidade
terapêutica, haja vista o número crescente de centros de equoterapia em todo território
nacional. A Equoterapia foi reconhecida como método terapêutico em 1997 pelo Conselho
Federal de Medicina.
3 HISTÓRICO.
O filósofo Hipócrates (458-370 a.C.), aconselhava os exercícios a cavalo como
benéficos à saúde do homem. Em 1782 foram descritas as contra-indicações da equitação e
analisou as formas dos movimentos típicas da equitação: ativa, passiva, ativo-passiva. A
andadura ao passo do cavalo é então considerada a mais eficaz para a terapia desejada.
Em 1979, uma corrente de médicos e fisioterapeutas observaram e posteriormente
defenderam que quando o cavalo anda, o seu centro de gravidade se desloca em movimentos
tridimensionais de modo similar ao do ser humano, quando caminha. Doentes com esclerose
múltipla haviam tido progresso em velocidade e alternância de passos, quando submetidos à
15
Equoterapia durante 9 semanas duas vezes por semana, um progresso nunca antes alcançado
com ouros métodos.
Em 1982 foram estabelecidas as metas principais da Equoterapia: a estabilidade
postural automática em alinhamento com o centro de gravidade. Quando o cavalo começa a
mover-se e a pelve do cavaleiro faz uma inclinação posterior, ocorre um realinhamento do
tronco sobre a pelve, a cabeça mover-se-á com uma suave flexão e os olhos tenderão a ficar na
horizontal. Esta é uma posição funcional que leva o cavaleiro a se adaptar aos movimentos do
cavalo e interagir com o ambiente.
Em 1989, um estudo comprovou que a maneira como um cavalo anda é proveniente
da combinação das características de conformação (altura e peso), atitude, idade e
adestramento anterior. E quando aprende novas tarefas, como trabalhar em Equoterapia,
específicos treinamentos do cavalo são necessários para organizar as necessárias respostas
para ele funcionar como um instrumento terapêutico.
Em 1992, na Universidade de Delaware, foi usado um filme de 16 mm para comparar
os movimentos pélvicos de 24 crianças normais, enquanto caminhavam ao passo normal e
enquanto, ao lado, um cavalo andava ao passo habitual. O deslocamento linear das pélvis das
crianças durante o caminhar e ao andarem a cavalo, eram diferentes em magnitude, mas não
nos movimentos, nos tempos e nas seqüenciais. Isto é, os tempos e as seqüências dos passos
do ser humano e do cavalo são similares, mas não a magnitude, em parte, porque o cavalo é
um animal muito maior.
Uma análise similar a anterior, foi usada em 1992 para medir os movimentos da pelve
de um cavalo ao andar ao passo. Suas medidas revelaram o seguinte: A pelve do cavalo se
move em 3.92 graus no plano sagital, 6,98 graus no coronal e 9,08 no transverso. Estas
medidas do movimento pélvico do cavalo são semelhantes aos parâmetros encontrados nos
movimentos pélvicos dos homens adultos.
Além da similaridade dessas comparações e movimentos, a cadência dos passos do
cavalo são muito similares à do homem A média de passos do homem é aproximadamente de
110-120 por minuto e um cavalo grande caminha a uma velocidade de 100-120 passos por
minuto. Durante uma sessão de Equoterapia de 30 minutos, o cavaleiro terá oportunidade de
desenvolver diversas habilidades motoras. Um cavalo que ande na velocidade de 110 passos
por minuto, terá a oportunidade de dar 3.000 passos durante a sessão. Isto proporcionara ao
16
cavaleiro, centenas de deslocamentos específicos para se manter na posição montada
adequada, equilibrando-se na linha média em harmonia com os movimentos do cavalo. Além
disso,
inúmeros
movimentos
serão
transmitidos
ao
cavaleiro
multidirecionais imprimidos ao cavalo.
4 INDICAÇÕES DE TRATAMENTO.
4.1 Patologias Ortopédicas.
Problemas Posturais: cifose, lordose, escoliose.
Doenças do crescimento.
Má formação da coluna.
Acidentes com seqüela de fraturas e pós-cirúrgicos.
Amputações.
Artrite Reumatoide.
Artroses.
Espondilite Anquilosante.
Dismorfismos esqueléticos.
Subluxações de ombro ou quadril.
4.2 Patologias Neuromusculares.
Epilepsia Controlada.
Não Controlada (alguns casos).
Poliomielite.
Encefalopatia Crônica da Infância.
Seqüelas de tendinites.
Plagias.
Doença de Parkinson.
Acidente Vascular Cerebral.
Mielomeningocele.
Multiesclerose.
Espinha Bífida.
pelos
movimentos
17
Lesões medulares.
Hidrocefalia.
Macrocefalia.
Microcefalia.
4.3 Patologias Cardiovasculares e Respiratórias.
Cardiopatias.
Doentes respiratórios (que desejam principalmente se reabilitar voltando a
realizar esforço e prática de exercícios físicos).
4.4 0utras Patologias.
Distúrbios Mentais - demência em geral, Síndrome de Down.
Distúrbios Comportamentais / Sociais - formas psiquiátricas de psicoses
infantis e estados marginais, autismo, esquizofrenia, distúrbio da atenção, hiperatividade.
Distúrbios Sensoriais - deficiência visual, deficiência auditiva.
Alterações de Escrita - disgrafia, disortografia, dislexia, distúrbio da percepção.
Patologia de Linguagem Oral - alterações de fala, atraso de linguagem.
Patologia de Motricidade Oral.
Patologia de Voz.
Emocional - insônia, ansiedade, stress.
Atraso
Maturativo
-
psicomotoras.
Seqüelas de queimaduras.
Doenças sanguíneas.
Doenças metabólicas.
do
desenvolvimento
psicomotor,
instabilidades
18
5 CONTRA-INDICAÇÕES.
Excessiva lassidão ligamentar das primeiras vértebras cervicais (Atlas - Axis)
ex. Síndrome de Down Epilepsia não controlada.
Cardiopatias agudas.
Instabilidades da coluna vertebral.
Graves afecções da coluna cervical como hérnia de disco.
Luxações de ombro ou de quadril.
Escoliose em evolução, de 30 graus ou mais.
Hidrocefalia c/ válvula.
Processos artríticos em fase aguda.
Úlceras de decúbito na região pélvica ou nos membros inferiores.
Epífises de crescimento em estágio evolutivo.
Doenças da medula com o desaparecimento de sensibilidade dos membros
inferiores (todavia, são conhecidos vários casos de paraplégicos que continuam a praticar a
equoterapia).
Pacientes com comportamento autodestrutivo ou com medo incoercível.
Hemofílicos e Leucêmicos.
A avaliação clínica para o futuro praticante da equoterapia é imprescindível, somente
o médico tem a responsabilidade de indicar ou contra-indicar a prática de Equoterapia. A
prática é desaconselhada em todas as doenças na fase aguda e no caso de deficiências graves.
6 FASES DA EQUOTERAPIA.
As fases da Equoterapia são três: dependência, semi-autonômia e autonômia.
Na dependência, não existem condições físicas ou mentais para governar o cavalo,
necessitando de alguém e ao lado do animal para garantir o sucesso do experimento. Na semiautonômia, o praticante já controla, monta e desmonta sozinho o animal, existe uma interação
maior entre cavalo e praticante. Na autonomia, o praticante influencia mais o cavalo do que
este a ele, sendo capaz de praticar alguns exercícios de hipismo.
O movimento rítmico e preciso do cavalo pode ser comparado com a ação da
pelve humana no andar, permitindo a todo instante entradas sensoriais em forma de
19
propriocepção profunda, estimulações vestibular, olfativa, visual e auditiva. Com isso
proporciona ao portador de necessidades especiais o desenvolvimento de suas potencialidades,
respeitando seus limites e visando sua integração na sociedade, proporcionando ao praticante
benefícios físicos, psicológicos, educativos e sociais e somando esforços para um tratamento
complementar na recuperação e reeducação motora e mental. As terapeutas ajudam
estimulando a fala, o tato, a memória e a orientação que ajuda no desenvolvimento do
raciocínio, da visão e da audição. O conjunto dessas benfeitorias resulta em uma maior
autoconfiança melhorando em todos os aspectos a percepção, por parte do usuário, do mundo
ao seu redor.
A equoterapia, tornar o paciente mais sociável, e no ambiente onde este é tratado, ao
ar livre junto a natureza, ele passa a construir amizades e treinar padrões de comportamento
como: ajudar e ser ajudado, encaixar as exigências do próprio indivíduo com as necessidades
do grupo, aceitar as próprias limitações e as limitações do outro, ou seja, a sociabilidade do
praticante aumenta proporcionalmente de acordo com suas novas descobertas.
Na parte física, o praticante da equoterapia é levado a acompanhar os movimentos do
cavalo, tendo que manter o equilíbrio e coordenação para movimentar simultaneamente
tronco, braços, ombros, cabeça e o restante do corpo, dentro de seus limites. O movimento
tridimensional do cavalo provoca um deslocamento do centro gravitacional do paciente,
desenvolvendo o equilíbrio, controle postural, coordenação, redução de espasmos, respiração,
e informações proprioceptivas, estimulando não apenas o funcionamento de ângulos
articulares, como o de músculos e circulação sangüínea.
20
7 PROGRAMAS DA EQUOTERAPIA.
A Equoterapia é aplicada através de programas que funcionam de acordo com a
necessidade de cada praticante. Estes programas são:
7.1 Hipoterapia.
O programa caracteriza-se pela incapacidade física e/ou mental do praticante em se
manter sozinho sobre o cavalo. É necessário um terapeuta montado juntamente com o este lhe
dando segurança ou, como em alguns casos, acompanhando-o a pé ao seu lado, dando-lhe
apoio no montar.
Figura 1 - Praticante na Hipoterapia
Fonte – Centro de Equoterapia da Escola de Equitação do Exército, 2002.
7.2. Educação e Reeducação.
Aqui o praticante já apresenta condições de se manter sozinho sobre o cavalo, onde já
consegue interagir com o animal. O cavalo continua propiciando benefícios pelo seu
movimento tridimensional e multidirecional e o praticante passa a interagir com mais
intensidade. Os exercícios realizados neste momento são tanto na área reabilitativa como da
área educativa.
21
Figura 2 - Praticante no Programa de Educação e Reeducação
Fonte – Centro de Equoterapia da Escola de Equitação do Exército, 2002.
7.3 Pré-esportiva.
Neste programa o praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo
sozinho podendo participar de exercícios específicos de hipismo. Ele passa a exercer maior
influência sobre o animal, que é utilizado como instrumento de inserção social.
O praticante é avaliado pela equipe e especializada e a partir disso o programa é
elaborado. São traçados as deficiências e os objetivos do praticante e cada sessão dura em
média 30 minutos. A equipe é formada por:
7.3.1 Profissionais da Área da Saúde:
Fisioterapeuta.
Fonoaudióloga.
Psicóloga.
Terapeuta Ocupacional.
Psicomotricista.
Médico.
22
7.3.2 Profissionais da área da Educação:
Pedagogo.
Psicopedagogo.
Professor de Educação Física.
7.3.3 Profissionais da área da Equitação e do trato animal:
Instrutor de Equitação.
Auxiliar-guia.
Tratador.
Veterinário.
Zootecnista.
Figura 3 – Praticante no programa Pré-esportivo
Fonte – Centro de Equoterapia da Escola de Equitação do Exército,
2000.
23
8 O FISIOTERAPEUTA NA EQUOTERAPIA.
Na Equoterapia, o fisioterapeuta é parte do tripé mínimo para o tratamento e
cabe a ele avaliar as condições do praticante, suas características, definir junto ao equitador o
cavalo adequado assim como os equipamentos apropriados. Deve ter ciência das indicações e
contra indicações e precauções a serem tomadas em cada caso. Após o encaminhamento
médico, o praticante deve ser avaliado com cuidado, e uma ficha deve ser preenchida com os
dados, características e objetivos. O importante é que o praticante seja acompanhado e
periodicamente sejam avaliados seus progressos ou retrocessos, e discutidos com a equipe
interdisciplinar.
Uma das dúvidas levantadas é maneira do fisioterapeuta orientar a equipe sobre a
ajuda aos praticantes, o montar e desmontar, uso de rampas, onde segurar e onde não segurar,
a retificação da postura, para que todos possam interagir numa mesma linguagem evitando
assim confundir o praticante com solicitações diversas e antagônicas. É preferível que o
fisioterapeuta acompanhe o praticante na montaria (caso o aluno precise de montaria
acompanhada) e durante a mesma realize os exercícios necessários. Caso o atendimento em
outra sessão seja feito por outro membro da equipe, este deverá ser bem orientado para que
efetue a montaria de acordo com as necessidades do praticante, orientada pelo fisioterapeuta.
Este ponto é de fundamental importância na equipe interdisciplinar, que cada membro não
substitua o outro, mas saiba como atuar com o praticante dentro das orientações do restante da
equipe.
Cabe ao fisioterapeuta definir o tipo de exercício e atividades a serem desenvolvidas
durante a sessão. De acordo com as possibilidades e limitações do praticante, serão eleitas as
técnicas de abordagens terapêutica que definem desde a escolha do cavalo até o tipo de
atividades que lhe serão propostas. Pode-se escolher um cavalo que ofereça uma superfície
mais estável ou instável ao praticante no caso dele ter tônus muscular aumentado ou diminuído
respectivamente, bem como se evita trabalhos resistidos para um enquanto se executa
atividades contra a gravidade para outro. Pode-se também aproveitar a sessão de equoterapia
para a melhora da postura do praticante, oferecendo-se apoio na base da coluna para que se
24
sente sobre os ísquios, fazendo-se estimulação para correção de cifoses e para a musculatura
paravertebral entre outras.
O Fisioterapeuta utiliza diversas técnicas na equoterapia, dentre elas podemos citar:
Espasticidade
- Quebrar
sinergismo
com
rotação
de
cinturas
Incentivar movimentos seletivos, diminuir reações associadas e evitar trabalho resistido.
Hipotonia - Estimulação sensório-motora, trabalho ativo contra gravidade
tomado de peso e trabalho ativo em superfície instável.
Ataxia - Utilizar superfície estável para trabalho ativo com ritmo intenso. Pode-
se trabalhar em terreno variado.
Atetose - Simetria global com movimentos pequenos e lentos, estimulação
gradual em superfície estável ou instável.
O Fisioterapeuta traça objetivos bem específicos para o praticante dependendo do seu
quadro. Dentro dos objetivos globais estão estimular a independência, reeducação e controle
postural alem de um ganho sensorial e motor. Os benefícios alcançados são diversos como um
maior equilíbrio, maior orientação espacial e coordenação motora.
Após a avaliação especifica e com os demais integrantes da equipe de tratamento,
ajusta-se o programa de atendimento e seus objetivos ao tipo de cavalo, suas andaduras e
aparatos se auxilio (mantas, estribos, alças, sela, estribo fechado, etc).
9 O FONOAUDIÓLOGO NA EQUOTERAPIA.
O fonoaudiólogo é um profissional da área da saúde responsável pela reabilitação ou
habilitação de problemas da fala; linguagem; mastigação e deglutição; audição; aprendizagem;
etc.
Nos últimos cinco anos houve um maior interesse desta nova abordagem terapêutica,
pelos fonoaudiólogos. Estes profissionais tem uma formação de até dez anos e interessaram-se
por esta área porque procuravam um lugar extramédico para atuarem e uma terapia que
proporcionasse aos pacientes resultados eficazes e rápidos.
A função do fonoaudiólogo na Equoterapia é adaptar os conhecimentos de sua área
juntamente com os conhecimentos da Equoterapia, proporcionando ao paciente uma terapia
lúdica e prazerosa, em um ambiente aberto e rodeado pela natureza.
25
Como praticamente tudo em nosso dia-a-dia necessita de ritmo (a fala, a mastigação,
o batimento cardíaco, a respiração, etc.), o fonoaudiólogo aproveita-se do andar ritmado do
cavalo para trabalhar alguns destes aspectos alterados como: a fala, respiração e mastigação,
no ambiente equoteráptico. Utilizá-se também, do estímulo que o cavalo e o ambiente
proporcionam ao paciente (ou praticante) trabalhando a linguagem e os aspectos cognitivos
deste.
Geralmente, este profissional trabalha com indivíduos que apresentam os seguintes
quadros fonoaudiológicos:
Atraso no Desenvolvimento Neuro-psico-motor.
Atraso de Linguagem.
Retardo de Aquisição de Linguagem.
Disfagia (dificuldade engolir).
Alterações musculares, estruturais e funcionais dos órgãos fono-articulatórios
(língua, lábios e bochechas).
Alterações nas funções neurovegetativas (sucção, mastigação, respiração e
deglutição).
Deficiências auditivas.
Disartria (dificuldade de articular as palavras).
Afasia (perda total ou parcial da voz).
Distúrbio Articulatório, etc.
Porém, seu trabalho não engloba apenas estes aspectos pois este profissional deve
apresentar visão globalizada do indivíduo, isto é, o indivíduo considerado como um ser maior,
entendido em sua dimensão bio-psico-social e não como uma simples "boca". Esse trabalho
pode ser melhor realizado juntamente com a equipe interdisciplinar que está integrado, onde
há um troca de conhecimentos muito grande de todas as áreas envolvidas.
26
10 O PSICÓLOGO NA EQUOTERAPIA.
O psicólogo tem como função primordial detectar juntamente com o praticante, a
família do mesmo e demais membros da equipe, as necessidades limites e potencialidades para
melhor desempenho inter e intrapessoal. Basicamente o psicólogo atua como elemento coautor em relação aos seguintes aspectos:
Melhoram da auto-estima, auto confiança e autocontrole.
Reforço de comportamento adequado.
Extinção de comportamento inadequado.
Identificação das diferenças individuais.
Assistência à família.
Estímulo na área psicomotora, incluindo imagem corporal, e esquema corporal.
Desenvolver área sensorial e perceptiva.
Aproximação entre o praticante e o cavalo escolhido para o tratamento.
Melhorar o relacionamento entre os elementos da equipe e demais profissionais
de áreas afins.
11 O TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUOTERAPIA.
Terapia Ocupacional é a arte e a ciência de promover e manter a saúde através de
uma ocupação, tendo como objeto a percepção do homem. O terapeuta favorece as reflexões
na experiência humana do paciente e trata das questões conflitivas.
O cavalo é considerado como um objeto intermediário entre o terapeuta e o
praticante, que intermedia a relação homem-homem, homem-mundo.
O Terapeuta Ocupacional tem como papel, modificar o ambiente e prover situações
terapêuticas de forma que o praticante receba, entre outras, estimulação tátil, visual, auditiva e
organize estas informações de forma a das respostas adaptativas de acordo com o ambiente.
Entendemos Respostas Adaptativas como o resultado da organização da motivação que
governa as tendências básicas do organismo para agir; dos hábitos que representam o
comportamento automático e de rotina e desempenho que é a organização da ação em
habilidades.
27
Na Equoterapia, o Terapeuta Ocupacional tem como função analisar esta atividade
com o propósito de objetivar o processo interventivo a ser usado, facilitar, estimular e mediar
a relação terapêutica, buscando a codificação e o significado nas diferentes experiências,
permitindo assim ao praticante aprender novas tarefas de forma eficiente.
O plano de tratamento é um processo de resolução de problemas no qual o terapeuta
seleciona informações relevantes sobre o praticante e os integra numa teoria que explique a
característica única do indivíduo.
O uso terapêutico da equitação requer o conhecimento de quais habilidades são
enfatizadas, de forma que possamos graduar as etapas onde o praticante é encorajado a
praticar as fases da atividade relevante às suas necessidades.
A evolução do tratamento não depende do trabalho realizado, mas sim do próprio
praticante que deve realizar freqüentes modificações em suas atividades e aprender a usar de
forma adequada, os mais variados tipos de instrumentos visando a alcançar a autonomia. Isto é
favorecido pelo ambiente de suporte o qual capacita o praticante a ter sucesso em tarefas
desafiadoras. Estas experiências sendo positivas, portanto motivadoras, aumentam as
oportunidades do praticante para o senso de domínio, experimentação livre do ambiente e
aumento das interações nas relações interpessoais e sociais.
12 O MÉDICO NA EQUOTERAPIA.
Na Equoterapia, acima de toda a equipe interdisciplinar está o Médico. Ele é o
responsável pelo encaminhamento do praticante, sem o qual não deverão ser iniciadas as
atividades de montaria. O Médico diagnostica, prescreve e dá alta. Ë sempre muito importante
que no encaminhamento médico conste, além dos dados clínicos e pessoais, o tipo de
medicação tomada e os horários. Este aspecto torna-se muito importante, pois em alguns
casos, os efeitos de um remédio podem afetar todo o trabalho, tornando o praticante sonolento,
apático ou disperso. Adaptar a sessão a um horário conveniente pode tornar a mesma mais
eficaz e divertida. A supervisão dos progressos deve ser sempre relatada pela equipe e enviada
ao médico.
O médico não precisa, necessariamente, trabalhar em um centro de equoterapia. Se
for o médico do praticante é interessante que algum membro da equipe, dentro da área de
28
saúde mantenha contato com este profissional, estabelecendo o elo entre o médico e a equipe,
obtendo assim informações valiosas para o atendimento e progresso do praticante. O ideal é
que as avaliações dos progressos ou retrocessos do praticante fossem relatados ao médico pela
equipe e vice-versa. A avaliação realizada pela equipe após algum tempo de prática é de vital
importância e cabe ao médico, quando solicitado, orientar sobre o praticante, suas
características e estabelecer metas a serem atingidas. O contato da equipe com o médico é um
fator relevante. Em uma equipe interdisciplinar os profissionais não se fecham cada um em
sua
sala.
Este tipo de equipe se forma através da convivência. O médico deve aceitar a
orientação dos demais membros, mostrando que há humildade nos profissionais de uma
equipe interdisciplinar. Se o fisioterapeuta não sabe alguma coisa da área dos outros, irá
aceitar a orientação deles, e assim por diante. O importante é existir essa humildade de um
aceitar a orientação do outro.
13 O PSICOPEDAGOGO NA EQUOTERAPIA.
Tem como objetivo geral proporcionar ao aluno portador de necessidades
educacionais especiais o desenvolvimento de suas potencialidades, respeitadas suas limitações
e visando sua integração na sociedade.
Seus objetivos específicos são:
Facilitar a organização de seu esquema corporal e de sua orientação espacial.
Proporcionar um bom equilíbrio emocional e corporal.
Desenvolver a estruturação temporal e a adequação espacial.
Facilitar
sua
adaptação
ao
meio.
14 O INSTRUTOR DE EQUITAÇÃO NA EQUOTERAPIA.
Sem o Instrutor de Equitação esta pratica seria. Parte do suporte essencial, o instrutor
ou equitador é o principal responsável pelo cavalo, sua escolha, seu manejo e outros tantos
aspectos que iremos enumerar adiante.
Antes de falar em instrutor de equitação ressalto que nem sempre os que não são
diplomados por cursos em instituições militares devem ser impedidos de atuar numa equipe.
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Algumas virtudes inatas à pessoa devem ser levadas em conta, além de suas habilidades
técnicas e conhecimentos sobre o cavalo. Ressaltamos que a paciência e a habilidade em tratar
com crianças e pessoas portadoras de necessidades especiais são o mais importante.
Definir as funções de um instrutor de equitação na equipe é uma coisa séria e muito
distinta, mas tentaremos de uma certa maneira definir algumas delas. Conhecer os tipos de
deficiência e como lidar com elas é importante e deve ser orientado pelos profissionais da área
de saúde da equipe. Alem, de escolher os cavalos adequados, é importante que o Instrutor de
Equitação tenha conhecimento suficiente para:
Treinar cada animal, para a montaria em rampa, trapézio e banco. O cavalo
deverá aceitar a montaria pelos dois lados. Este também será preparado para aceitar a
movimentação do cavaleiro, exercícios, mudança de posição na sela, sem alterar-se.
Ensinar os membros da equipe a montar, conduzir o cavalo em várias andaduras
e na montaria acompanhada, em sela, manta ou selote, com ou sem estribos, conforme o
planejamento feito anteriormente. Este aspecto é importantíssimo, pois uma equipe deve ser
bem instruída na sua montaria, a fim de fazer um rodízio no atendimento de cada praticante do
programa de Hipoterapia.
Exercitar cada cavalo, acostumá-los com equipamentos, materiais ou
brinquedos utilizados pela equipe durante a sessão.
Escolher em conjunto com a equipe o animal e o material a ser usado, levando
em conta as características do praticante e as do cavalo.
Orientar os auxiliares-guia e os acompanhantes laterais a respeito da maneira
correta de guiar o cavalo à mão, à guia ou outro modo definido previamente pela equipe.
Orientar os responsáveis a manter em perfeito estado o material de montaria
quanto à sua conservação e limpeza.
Verificar antes da montaria o estado de saúde de cada animal, a colocação dos
arreios e a limpeza do mesmo. Cabe ao instrutor verificar o estado dos cavalos e das cocheiras,
orientando os funcionários no trato com estes cavalos.
Receber os praticantes juntamente com a equipe, orientando a chegada e a ajuda
de todos, no caso dos praticantes que ensilham seus cavalos. Verificar cada um antes da
montaria e orientar o praticante sobre a maneira acertada.
30
Discutir com os outros membros da equipe cada progresso, detalhes e atitudes
dos praticantes, observando seu desenvolvimento sobre o cavalo. Definir metas e métodos
para alcançá-las.
As funções do equitador são inúmeras, podemos afirmar que cabe a ele a maior
parcela
da
responsabilidade
pela
segurança
e
integridade
física
do
praticante.
15 MANUAL PARA O CENTRO DE EQUOTERAPIA.
15.1 Termo de Abertura.
O Manual do Centro de Equoterapia [1] é um texto elaborado pela equipe técnica da
Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL) e tem por finalidade orientar a
instalação e o funcionamento de centros de equoterapia.
“Conceitua-se como Centro de Equoterapia (CE) uma entidade que dispõe de
instalações físicas, conta com uma equipe técnica habilitada e possui cavalos e equipamentos
adequados, tudo com a finalidade de prestação de atendimento equoteráptico para pessoas
portadoras de deficiência (PPD) e/ou com necessidades especiais (PNE)” [2].
15.2 Instalações Físicas de um Centro de Equoterapia.
É um tema bastante complexo e variável, de acordo com os objetivos e propostas do
grupo gestor desse centro. Aqui serão relacionados e comentados alguns itens considerados
básicos e essenciais.
15.2.1 Para as PPD/PNE e seus familiares.
Um local abrigado que possa ser utilizado como sala de espera.
Instalações sanitárias, tanto as adaptadas para PPD que utilizam cadeiras de
rodas como as de uso comum, para as demais pessoas.
15.2.2 Para as PPD/PNE.
Locais adequados para montar e apear do cavalo, com alguns equipamentos
especiais, tais como escadas e rampas.
Sala para atividades pedagógicas.
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15.2.3 Para o manejo dos cavalos.
Baias em quantidade suficiente, dotadas de características mínimas para a
higiene e o bem-estar dos animais.
Local para o arreamento e equipamento.
Local para forragem, armários para medicamentos e itens de primeiros
socorros.
Um ou mais piquetes, para os animais ficarem soltos, de acordo com a
programação de manejo; quadro de controle da situação da ferragem dos animais.
15.2.4 Local coberto para equoterapia em geral.
Embora a equoterapia possa ser desenvolvida ao ar livre - o que é recomendável seria bom que se dispusesse de local adequado para os dias chuvosos ou com o sol muito forte
ou com temperaturas muito baixas.
Tal local pode ser um picadeiro no conceito tradicional ou um galpão coberto, pelo
menos cercado. Suas dimensões mínimas são de 30 x 15 metros.
De acordo com as circunstâncias, é adequado que tenha:
Espelho de tamanho compatível, para que o praticante se veja quando montado.
Itens pedagógicos e educativos.
Meios auxiliares para atividades físicas e lúdicas.
Sistema de som para determinadas sessões, em que se deseje desenvolver
trabalho com apoio de música.
Solo apropriado para a equitação, evitando-se pisos duros tipo cimentado.
15.2.5 Locais ao ar livre.
É desejável que esses locais tenham características diferenciadas, de acordo com o
programa básico de equoterapia a ser desenvolvido, ou seja:
Hipoterapia.
Educação/Reeducação.
Pré-esportivo.
Uma pista de areia e uma de grama são locais que podem facilitar a execução do
trabalho.
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Em função da área total disponível, pode ser cogitada a instalação de uma pista
balizada e cercada, que ofereça um roteiro para praticantes se deslocando em grupo, com um
cavaleiro seguindo o outro.
No tocante à segurança, um item fundamental é que sejam cercados e tenham
porteiras de dimensões adequadas e de fácil manejo.
15.3 Instalações Administrativas de um Centro de Equoterapia.
Como básico, deve existir uma secretaria, uma sala para a equipe técnica e uma sala
para reuniões.
Em face dos recursos financeiros disponíveis, essas instalações serão mobiliadas com
equipamentos mínimos, sendo o item telefone, muito importante. Podendo dispor de um
computador, o trabalho será bem mais facilitado.
15.4 O Cavalo.
A ANDE-BRASIL já possui manual específico sobre o cavalo de equoterapia. Aqui
neste documento são enfatizados, apenas, alguns pontos. Ele tem que ser:
Manso, dócil e saudável.
Bem treinado e adestrado para a equoterapia.
Preparado para enfrentar situações inusitadas, tais como as provocadas por
ruídos, movimentos bruscos, deslocamento de objetos, etc.
Dotado de aprumos sem deformações.
É desejável que o animal tenha/seja:
Idade mínima de cinco anos.
Andaduras regulares (passo, trote e galope).
Altura de 1,40 a 1,50 m.
Castrado.
O cavalo inteiro deve ser evitado. Caso venha a ser utilizado, deve merecer atenção
especial quanto ao manejo. A égua, quando no período do cio, também merece este tipo de
cuidado.
33
15.5 A Equipe Técnica Interdisciplinar.
15.5.1 Generalidades.
A equipe técnica interdisciplinar é constituída por profissionais das áreas de saúde,
educação e equitação, sendo que nas duas primeiras é exigido o nível superior. Tendo em vista
as peculiaridades sócio-culturais de nosso País, o Profissional de Equitação na Equoterapia
(PEE), normalmente, não possui escolaridade desse nível. É desejável, que tenha o diploma de
2° grau.
A ANDE-BRASIL preconiza que a equipe seja a mais ampla possível e sua
composição poderá variar de acordo com o programa que esteja sendo desenvolvido. É
fundamental que, no mínimo, o PEE e um profissional de saúde e outro de educação estejam
habilitados com o Curso Básico de Equoterapia, realizado pela ANDE-BRASIL ou por esta
reconhecida.
No entanto, é muito importante que, no mínimo, conte com profissional de cada uma
das áreas: saúde, educação e equitação. Compreende-se que determinados CE, por serem
integrados ou estarem vinculados a entidades maiores (tipo APAE e Prefeituras), possam
dispor de uma equipe bem ampla. Já os CE que se constituem em empresa de prestação de
serviço, essa perspectiva muda de figura e a tendência é para o mínimo.
15.5.2 No programa Hipoterapia.
A presença do fisioterapeuta é obrigatória, porquanto a maioria dos praticantes tem
comprometimentos físicos.
15.5.3 No programa Educação/ Reeducação.
É de grande importância a presença de profissionais das áreas de educação especial e
psicologia.
15.5.4 No programa Pré – Esportivo.
Como nos demais programas básicos, a equipe continua trabalhando em conjunto. No
entanto, agora, sobressaem as tarefas do profissional de equitação na equoterapia.
15.6 A Equipe de Apoio.
Essa equipe, constituída, basicamente, por auxiliares-guias, auxiliares-laterais e
tratadores, necessita receber treinamento específico com relação ao praticante e ao cavalo. É
conveniente que ocorram, periodicamente, avaliações e reciclagens.
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15.7 O Diretor do Centro de Equoterapia.
É a pessoa que tem a responsabilidade administrativa e legal sobre o Centro e as
atividades que ali se desenvolvem.
Pode ser um profissional da área técnica ou administrativa.
15.8 O Responsável Técnico pelo Centro de Equoterapia.
O CE deve ter um médico como seu responsável técnico. Ele não precisa,
necessariamente, integrar a equipe técnica que realiza as atividades equoterápticas rotineiras.
15.9 Documentação Básica Relativa a Praticantes.
Cada praticante tem que ter um arquivo de dados, contendo no mínimo:
Ficha Cadastral do Praticante.
Avaliação e Parecer do Médico com posicionamento pela indicação para a
equoterapia.
Avaliação Fisioterápica e Psicológica.
Termo de Compromisso da Família.
Questionário com Dados Fornecidos pela Família.
15.10 Relacionamento do Centro de Equoterapia com a ANDE-BRASIL.
15.10.1 Generalidades.
A ANDE-BRASIL se relaciona com centros de equoterapia de todo o País em uma
das seguintes modalidades:
Centro de Equoterapia Cadastrado.
Centro de Equoterapia Filiado.
15.10.2 Centros de Equoterapia Cadastrados.
São aqueles que integram ou venham a integrar a listagem da ANDE-BRASIL.
Fornecem algumas informações genéricas e mantêm uma ligação simplificada com a
Associação.
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15.10.3 Centros de Equoterapia Filiados.
São os que, de acordo com o Estatuto da ANDE-BRASIL, têm com ela vínculo
formal e oficial, assumem determinados deveres estatutários e têm conhecimentos de seus
direitos associativos. Em função de sua estrutura organizacional, suas instalações e seu
desempenho, serão agrupados em categorias, recebendo a respectiva homologação da
Associação, conforme normas específicas.
15.10.4 Visita de representante da ANDE-BRASIL.
A fim de dinamizar o relacionamento entre os centros e a Associação e desenvolver,
cada vez mais, os aspectos relativos à qualidade das instalações e do atendimento, será
efetivado um programa de visitas por representante da ANDE-BRASIL.
As condições para a realização da visita serão acertadas de comum acordo entre o CE
e a ANDE-BRASIL.
15.11 Direitos dos Centros Filiados.
Fazer-se representar nas Assembléias Gerais da ANDE-BRASIL
Ser apoiado pela ANDE-BRASIL na solução de problemas ligados à pratica da
equoterapia, a qual poderá acionar seu Conselho Técnico-Científico.
Receber, anualmente, o Certificado de Filiação.
Gozar de desconto especial nas taxas de inscrição em cursos, assinaturas de
publicações e material didático-pedagógico elaborado pela ANDE-BRASIL.
Colaborar com a ANDE-BRASIL, apresentando idéias, sugestões, temas para
discussão, teses e assuntos de interesse comum.
Receber material didático-pedagógico com descontos especiais e apoio técnico-
científico.
Publicar, nos órgãos oficiais de divulgação da ANDE-BRASIL.
Artigos, notícias e informações, de acordo com critérios estabelecidos.
Usar o nome Equoterapia no designativo oficial do centro, bem como a
logomarca e a sigla da ANDE-BRASIL.
Beneficiar-se da Lei nº 9.249, de 26 Dez 95, utilizando-se do título de utilidade
pública da ANDE-BRASIL, para fins de recebimento de doações por parte de pessoa jurídica,
obedecendo às normas e à legislação em vigor, relativas ao assunto.
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Beneficiar-se da apólice de seguro de vida e acidentes pessoais, em favor de
praticantes de equoterapia, nos termos estabelecidos por normas da ANDE-BRASIL.
Receber orientação para o desenvolvimento de pesquisas sobre equoterapia.
Receber orientação sobre a sistemática para obtenção de recursos financeiros
junto a órgãos governamentais federais.
15.12 Deveres dos Centros Filiados.
Respeitar e fazer respeitar o Estatuto da ANDE-BRASIL e demais normas
reguladoras, particularmente as que dizem respeito aos fundamentos doutrinários da
equoterapia no Brasil.
Manter o padrão ético no desempenho das atividades equoterápticas.
Não permitir a prática da equoterapia sem obediência aos princípios básicos
preconizados pela ANDE-BRASIL, a fim de evitar que ela se realize sem o devido controle,
ou que seja ministrada por pessoas não habilitadas.
Saldar seus compromissos financeiros com a ANDE-BRASIL.
Empenhar-se na execução das solicitações que forem encaminhadas pela
ANDE-BRASIL.
Apresentar, anualmente, relatório de suas atividades e programas para o ano
seguinte, a fim de atender às necessidades de planejamento da ANDE-BRASIL e de
levantamento de dados estatísticos, em nível nacional.
Dispor de cavalos em boas condições de saúde, mansos, bem cuidados, bem
trabalhados e selecionados para a equoterapia.
Ter o acompanhamento de membros da equipe técnica durante as sessões
equoterápticas, para fins de elaboração de registros sobre os praticantes e manutenção de
dossiê detalhado.
Permitir visita de representantes da ANDE-BRASIL.
Dar especial atenção às normas de segurança física.
Somente iniciar o atendimento equoteráptico após indicação médica e avaliação
fisioterápica e psicológica favoráveis.
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Dispor de planejamento individualizado da terapia de cada praticante e
providenciar a reavaliação de cada um deles, quanto aos aspectos clínicos, psicológicos e
fisioterápicos, no mínimo uma vez por ano.
Estimular o trabalho voluntário, particularmente de guias e auxiliares,
preparando-os, antecipadamente, para o bom desempenho de suas atividades.
Quando a prática da equoterapia for remunerada, é recomendado manter um
percentual mínimo de 20% (vinte por cento) das vagas para atendimento gratuito.
Incluir o nome "Equoterapia" no título do Centro, sendo que, em casos especiais,
poderá fazê-lo no nome fantasia que aparecerá no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
(CNPJ).
15.13 Penalidades.
Os CE filiados que infringirem o Estatuto e demais normas da ANDE-BRASIL
estarão sujeitos a seguintes penalidades:
Advertência.
Suspensão temporária dos direitos estatutários.
Exclusão dos quadros da ANDE-BRASIL.
A penalidade de exclusão será aplicada pelo Presidente da ANDE-BRASIL, ouvida a
Diretoria e aprovada pelo Conselho Deliberativo.
A Diretoria da ANDE-BRASIL, conforme a gravidade de cada caso, poderá adotar
outras providências que julgar oportunas, junto aos poderes constituídos e/ou outras entidades
institucionalizadas, como os conselhos federais e regionais das áreas profissionais envolvidas.
15.14 Desfiliação.
A desfiliação, qualquer que seja o motivo gerador, acarretará os seguintes efeitos:
Suspensão de todos os direitos outorgados à entidade.
Não devolução, pela ANDE-BRASIL de qualquer pagamento, ou parte dele,
efetuado sob qualquer título.
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15.15 Anuidade de Filiação.
O valor da anuidade é o equivalente a meio salário mínimo, vigente por ocasião da
filiação.
De acordo com prescrições estatutárias, durante o primeiro ano de filiação, os CE
ficarão na condição de agregados, sendo dispensados da contribuição da anuidade.
15.16 Sistemática para Filiação.
15.16.1 Documentos a serem elaborados.
Carta de Solicitação.
Composição da Equipe Interdisciplinar.
Ficha de Informações Gerais.
15.16.2 Cópia de documentos a serem enviados.
CNPJ.
Estatuto (para entidades de caráter associativo).
Contrato social (para empresas que prestam serviço de atendimento
equoteráptico).
15.16.3 Casos especiais.
Os CE que vierem a funcionar no âmbito de entidades maiores ou do serviço público,
como unidades militares, prefeituras, APAE e outras, estão dispensados de apresentar as
cópias de documentos mencionados em 15.16.2 acima. Em substituição, devem providenciar
documento formal da prefeitura, da organização militar (por exemplo: publicação em boletim
interno) ou da APAE, conforme o caso, oficializando a criação e o funcionamento do CE e
indicando seu responsável.
15.16.4 Procedimento do CE.
O Diretor do CE interessado em filiar seu centro a ANDE-BRASIL deve providenciar
os três documentos acima, juntar cópias dos documentos mencionados no item 15.16.2 e
remeter tudo para a ANDE-BRASIL.
15.16.5 Procedimento da ANDE-BRASIL.
A Análise da documentação e contato com o CE solicitante para orientação das
próximas etapas, inclusive no tocante ao pagamento da anuidade.
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15.17 O Profissional de Equitação na Equoterapia (PEE).
15.17.1 Generalidades.
Não há a menor dúvida sobre a relevância da participação desse profissional na
equipe técnica de um CE, tanto que a ANDE-BRASIL o considera como peça-chave. Por
outro lado, deve ser ressaltada a importância de que ele possua qualificação que o habilite a
bem colaborar no processo terapêutico da equoterapia. Este aspecto é desenvolvido no
presente Manual, com intuito de melhorar cada vez mais as condições de atendimento
equoteráptico.
Por outro lado, bem sabemos da dificuldade existente em nosso País quanto à
formação técnica e didático-pedagógica de profissionais nessa área. Reconhecida pelo
Ministério da Educação, no momento, há apenas a Escola de Equitação do Exército, localizada
no Rio de Janeiro - RJ, que realiza essa formação e, atualmente, somente para militares. A
ANDE-BRASIL desenvolve esforços para que sua Escola de Equitação venha a formar
instrutores de equitação em nível adequado às exigências.
Também é conhecida a facilidade de auto-intitulação de profissionais como
professores e/ou instrutores de equitação, embora muitos deles competentes e capazes.
Como foi dito anteriormente, este é um ponto de grande valor atribuído pela ANDEBRASIL, a qual, com base em experiências de outros países, passa a adotar as normas adiante
desenvolvidas.
15.17.2 Classificação de Centros de Equoterapia no tocante ao PEE.
De acordo com as características pessoais e funcionais desse profissional, os CE são
classificados em áreas de equitação de:
Classe A.
Classe B.
Classe C.
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15.17.3 CE com área de equitação Classe A.
O PEE deve dispor de seguinte histórico:
Nível de escolaridade de 3º grau completo.
Diploma de professor/instrutor de equitação, expedido por estabelecimento de
ensino aprovado pelo Ministério da Educação ou certificado de habilitação em nível
compatível, expedido pela ANDE-BRASIL, de acordo com normas a serem regulamentadas.
Habilitação em curso básico de equoterapia, realizado pela ANDE-BRASIL ou
por esta autorizada.
Experiência de, no mínimo, um ano em atividades equoterápticas.
15.17.4 CE com área de equitação Classe B.
O PEE deve dispor do seguinte currículo mínimo:
Nível de escolaridade de 2º grau completo.
Habilitação em curso básico de equoterapia, realizado pela ANDE-BRASIL ou
por esta autorizada.
Experiência, com prova documental, em clube hípico ou instituição similar, no
mínimo por dois anos.
Certificado de "Comprovação de Habilitação de Profissional de Equitação na
Equoterapia (CHPEE)", expedido pela ANDE-BRASIL, conforme normas adiante
mencionadas.
15.17.5 CE com área de equitação Classe C.
O PEE deve dispor do seguinte currículo mínimo:
Experiência na montaria e no trato com o animal, com prova documental, em
clube hípico ou instituição similar, no mínimo por dois anos.
Certificado de "Comprovação de Habilitação de Profissional de Equitação na
Equoterapia (CHPEE)", expedido pela ANDE-BRASIL, conforme normas adiante
mencionadas.
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15.18 Comprovação de Habilitação Profissional de Equitação na Equoterapia.
15.18.1 Generalidades.
É uma atividade didático-pedagógica conduzida, à distância, pela ANDE-BRASIL,
para os candidatos às classes B e C. Baseia-se, essencialmente, na comprovação de habilidades
do candidato, por intermédio de fitas de vídeo e de declaração do Diretor do CE.
15.18.2 Habilidades como Cavaleiro.
O candidato é filmado em vídeo, realizando atividades hípicas em cenas que
mostrem, pelo menos:
Cavalgar nas três andaduras clássicas, com e sem estribos.
Trabalhar em atividades eqüestres variadas, utilizando a rédea em uma e nas
duas mãos.
15.18.3 Habilidades no trato com o cavalo.
O candidato é filmado realizando:
Limpeza detalhada do corpo do animal (com raspadeira, escova e pano).
Limpeza dos cascos (com ferro de ranilha).
Mostrando cavalos com uma boa andadura ao passo, que transpistem,
sobrepistem e antepistem.
Assinalando desvios de aprumos em membros anteriores, vistos de perfil
(acampado de diante ou estacado e sobre si de diante ou debruçado) e membros posteriores,
vistos de perfil (sobre si de trás ou acampado de trás). Mostrar com figuras, se necessário.
15.18.4 Habilidades no trato com PPD/PNE.
O candidato é filmado:
Ajudando no ato de montar de uma PPD, que sai da cadeira de rodas e vai para
o cavalo.
Verificando a ajustagem do arreamento do cavalo quando a PPD/PNE já estiver
montada.
Corrigindo posturas de cavaleiros praticantes - utilizando o trabalho à guia no
atendimento de PPD.
42
15.18.5 Sistemática para execução da CHPEE.
O CE manda correspondência, solicitando inscrição no programa;
A ANDE-BRASIL avalia a solicitação e remete instrução para a confecção das
fitas de vídeo.
O diretor do CE coordena a realização dos trabalhos e remete o material para a
ANDE-BRASIL.
A ANDE-BRASIL avalia o material e aprova o candidato ou solicita novas
demonstrações e novas filmagens indicando o ponto a ser esclarecido ou ainda programa uma
visita de inspeção para avaliação presencial.
15.19 Homologação dos Centros de Equoterapia por Categoria.
Os CE serão submetidos a uma avaliação para fins de homologação em categorias
bronze, prata e ouro. Os critérios para essa classificação serão divulgados posteriormente e
estarão relacionados, basicamente, com os seguintes aspectos:
Composição da equipe técnica e sua distribuição por especialidades e cursos.
Quantidade de praticantes atendidos.
Instalações administrativas, para o atendimento equoteráptico e para os animais.
Período de tempo que o CE está em atividade.
Atividades de pesquisa em andamento ou já realizadas.
Situação do Profissional de Equitação em Equoterapia de Classe A, B ou C.
16 O CAVALO IDEAL PARA EQUOTERAPIA.
O cavalo ideal para equoterapia é o cavalo acima de tudo manso. Não existe uma raça
ideal, mas devemos considerar alguns requisitos básicos: deverá ter as três andaduras (passo,
trote e galope) regulares, ser equilibrado (seu centro de gravidade abaixo da cernelha), ter
altura em torno de 1,50 m (esta altura é para facilitar as pessoas que acompanham).
A idade do cavalo, a princípio deve ser acima dos 10 anos, castrado. Entretanto,
alguns cavalos mais novos, guando preencherem os requisitos também podem ser utilizados.
Evita-se cavalos mais novos pelo fato de serem mais agitados, e conseqüentemente se
assustarem fácil.
43
17 O CONTATO COM O CAVALO.
O contato do cavalo com o praticante é tão importante quanto o montar propriamente
dito. É necessário nas sessões de equoterapia ter um momento reservado para o praticante
rasquear o animal, pentear sua crina, deixa-lo ajudar a encilhar, alimentá-lo, etc.
Uma experiência inesquecível é o praticante dar um banho no cavalo, passando
shampoo, jogando água com a mangueira. É um contato direto com o cavalo, no seu dia a dia,
trazendo a percepção dos praticantes de como as coisas funcionam que o trabalho flui
naturalmente.
Os praticantes com problemas mentais ou não, devem ser tratados como pessoas
comuns, como se a equipe inteira estivesse praticando o trabalho como qualquer outro tipo de
pessoa, pois eles sempre entendem muito mais do que podemos imaginar, nunca devem ser
subestimados. Apenas a atenção deve ser redobrada em relação ao cavalo, pois este é um
animal irracional e pode ferir o praticante sem motivo aparente até com conseqüências fatais.
Este trabalho de chão com o animal serve para aumentar o carinho com as pessoas, o
social e a percepção de vida ao redor do praticante, estimulando sua vivacidade.
18 STRESS DO CAVALO DE EQUOTERAPIA.
Todo cavalo quer seja de esporte ou de trabalho necessita 2 meses de descanso por
ano ou de pelo menos 1 mês, dependendo de sua carga de trabalho. A Equoterapia
principalmente em sua primeira fase é muito intediante para o cavalo.
O cavalo de Equoterapia não deve ser usado só para este tipo de trabalho, também
tem de ser montado por pessoas que monitoram a Equoterapia, pois estes sabem os trabalhos
que podem ser feitos sem atrapalhar seu uso com os praticantes. O motivo de utiliza-los fora
da Equoterapia é para diminuir sua energia. O animal também não deve ser utilizado em
nenhum esporte, ou seja, deve ser exclusivo deste tipo de programa.
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19 MATERIAIS.
A melhor sela para Equoterapia é a de hipismo clássico, pois é ela que permite o
praticante sentar-se o mais próximo possível da cernelha, que é onde se aproveita melhor o
andar do cavalo. Nesta sela podem ser feitas algumas alterações para facilitar o praticante de
se segurar como, por exemplo: colocar uma alça rígida ou flexível no cepilho (parte frontal
alta da sela); ou outras modificações de acordo com a necessidade dependendo do caso.
Figura 4 – Sela com alça, material usado na Equoterapia.
Fonte – Centro de Equoterapia de Equitação do Exército, 2002.
Pode também ser utilizada uma manta com barrigueira. Esta manta pode ser sozinha
ou acompanhada de um cilhão, que é posicionado acima da cernelha onde tem uma alça rígida
para o praticante se segurar. Este cilhão afasta naturalmente o praticante da cernelha, sendo
que,
o
praticante
deve
se
sentar
o
mais
próximo
possível
da
cernelha.
Existem estribos de segurança, que impedem o praticante de prender seus membros inferiores
e sofrer algum tipo de acidente.
Existem ainda, cabeçadas e rédeas diferenciadas, como por exemplo: rédeas com
alças. Cada caso deverá ser analisado para que os materiais de segurança não possam
prejudicar a postura correta do praticante.
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20 JUSTIFICAÇÃO DE USO DO CAVALO NA EQUOTERAPIA.
O homem ao deslocar-se, inicia o seu movimento por meio de perdas e retomadas de
equilíbrio e dá seqüência ao seu deslocamento pela força muscular de seus membros
inferiores.
Quando parado, o homem provoca uma perda de equilíbrio para frente. Enquanto o
corpo se desloca impulsionado por uma perna, a outra avança, indo pousar à frente para apoiar
o corpo, evitando a sua queda. O corpo humano em seu deslocamento produz um movimento
para cima e para baixo em cada passo. Quando parado cada pé está situado de um lado do eixo
do corpo. Quando uma perna impulsiona, além do movimento para frente, devido a sua
dessimetria de apoio, ocorre também um movimento lateral, para o lado oposto ao desta
impulsão indo a outra perna apoiar o movimento, ficando o corpo exatamente sobre o apoio do
pé oposto. Este retém a massa do corpo em seu movimento, permitindo que o homem retome o
seu equilíbrio e novamente o lance para frente e para o outro lado. Da mesma maneira quando
está com um pé à frente e outro atrás, sua cintura pélvica sofre uma torção no plano horizontal
para o lado do pé que esta recuado.
Desta forma, comparando os movimentos humanos executados em seu deslocamento
ao passo, vemos que ele é idêntico ao produzido por um cavalo quando também se desloca ao
passo. Este movimento gera os impulsos que acionam o sistema nervoso para produzir as
respostas que vão dar continuidade ao deslocamento. A partir destas respostas, o organismo
terá maiores ou menores condições de movimentar-se em função da capacidade dos músculos
entrarem em atividade, daí a necessidade de um trabalho em conjunto pelos diversos
especialistas que compõem a equipe de Equoterapia, para analisar os resultados obtidos e
programarem a continuidade e intensidade dos exercícios a serem executados pelo praticante.
Essas atividades deverão levar em conta dois fatores fundamentais: o cavalo e o
praticante. O cavalo, pelas diversas posições que poderá adotar em seu deslocamento,
variando a disposição de seu corpo. O praticante, pelas diversas posições e movimentos que
pode tomar sobre o cavalo e pela possibilidade física de poder executar os exercícios
programados.
O cavalo possui três andaduras naturais, instintivas, que são: passo, trote e galope.
46
O trote e o galope são andaduras saltadas. Isto quer dizer que entre um lance e outro,
seja de trote ou de galope, o cavalo executa um salto, isto é, existe um tempo de suspensão, em
que ele não toca com nenhum de seus membros no solo. Em conseqüência, seu esforço é
maior, seus movimentos mais rápidos e mais bruscos e quando ele retorna ao solo, exige do
cavaleiro mais força para se segurar e um maior desenvolvimento ginástico para poder
acompanhar os movimentos do animal. Por isso, estas andaduras só podem ser usadas em
Equoterapia, com praticantes em estágio mais avançado.
O passo, por suas características, é a andadura básica da equitação e é nesta andadura
que executamos a grande maioria dos trabalhos de equoterapia.
É uma andadura rolada ou marchada. Isto quer dizer que sempre existe um ou
mais membros em contato com o solo (não possui tempo de suspensão).
É uma andadura ritmada, cadenciada, há quatro tempos. Isto quer dizer que ela
se produz sempre no mesmo ritmo e na mesma cadência, e que entre o elevar e o pousar de um
mesmo membro ouvem-se quatro batidas distintas, nítidas e compassadas, que correspondem
ao pousar dos membros do animal.
É uma andadura simétrica. Isto quer dizer que todos os movimentos que se
produzem de um lado do animal, se reproduzem de forma igual e simétrica do outro lado, em
relação ao seu eixo longitudinal.
É a andadura mais lenta. Em conseqüência as reações que ela produz são mais
lentas, mais fracas, resultando em menores reações sobre o cavaleiro, e mais duradouras,
permitindo uma melhor observação e análise por parte da equipe que acompanha o praticante.
Finalmente a característica mais importante para a Equoterapia. O passo produz no
cavalo e transmite ao cavaleiro, uma série de movimentos seqüenciados e simultâneos, que
têm como resultante um movimento tridimensional, que se traduz no plano vertical em um
movimento para cima e para baixo, e, no plano horizontal, num movimento para a direita e
para a esquerda segundo o eixo transversal do cavalo, e num movimento para frente e para trás
segundo o seu eixo longitudinal. Este movimento é completado com uma pequena torção da
bacia do cavaleiro que é provocada pelas inflexões laterais do dorso do animal.
A mecânica do movimento natural do cavalo, aquele movimento que lhe é instintivo
quando andando solto, em liberdade, faz com que ele desloque os seus quatro membros
sempre na mesma seqüência. Se considerarmos o animal parado, e iniciando o seu
47
deslocamento pelo anterior direito, o membro seguinte a se deslocar será o posterior esquerdo.
Este será seguido pelo deslocamento do anterior esquerdo, e logo após do posterior direito
assim por diante. Esta seqüência é sempre a mesma, não sofre mudanças sem que haja alguma
interferência externa, seja por parte do cavaleiro ou de alguma outra influência.
Analisando a disposição do cavalo em função de seus membros que estão em apoio
no solo, notaremos que quando o apoio estiver sobre dois membros do mesmo lado,
denominamos de base lateral (direita ou esquerda). Quando este apoio estiver sobre um
membro de cada lado do animal denominamos de base diagonal. Neste caso é sempre um
anterior de um lado e um posterior do outro lado. A diagonal leva o nome do anterior que a
compõe (direito ou esquerdo). Quando o apoio for sobre três membros denominamos de base
tripedal ou tripodal.
Considerando que um passo completo do cavalo corresponde ao deslocamento de
seus quatro membros, portanto engajamento e distensão de cada um de seus posteriores
teremos, em um único passo do animal, dois movimentos completos de elevação e
abaixamento do corpo do cavalo. O ponto de maior elevação corresponde a uma base diagonal
e o ponto de maior abaixamento corresponde a uma base lateral.
O movimento transversal é produzido pelas ondulações horizontais da coluna
vertebral do cavalo, que se estende desde a sua nuca até a extremidade da sua cauda. Estas
ondulações são produzidas e executadas de maneira simétrica em relação ao eixo longitudinal
do animal. O grau de flexibilidade do cavalo tem influência direta sobre a sua andadura.
Quanto maior for a flexibilidade da coluna, maior será a amplitude de seus movimentos, e
mais suave será a sua andadura. Inversamente, quanto menor for o grau de flexibilidade da
coluna, menor será a amplitude de seus movimentos e mais rígida será a sua andadura. Quanto
maior for a amplitude do movimento maior será o passo do cavalo e em conseqüência, maior
será o deslocamento lateral do seu ventre.
Durante o deslocamento do cavalo, ele movimenta seus membros de forma alternada.
Quando um membro avança o outro atrasa. Na seqüência do movimento seus quatro membros
variam de posição passando sucessivamente pelas diversas bases de apoio.
Ao iniciar o movimento o cavalo avança um de seus posteriores enquanto o outro se
distende deslocando o seu corpo para frente. Esta posição faz com que a anca do lado do
posterior que avança também avance e a anca oposta recue. A linha que une as duas ancas
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acompanha este deslocamento e sofre um movimento de torção deslocando a coluna para o
lado do posterior que ficou para trás. Para compensar este deslocamento e poder se
movimentar para frente, o cavalo executa uma inflexão para o lado contrário com seu pescoço,
mantendo a parte da coluna que fica sobre suas espáduas (anteriores) solidária com a garupa.
Isto provoca uma inflexão da coluna tornando-a um arco em torno do posterior que está para a
frente e desloca o ventre do cavalo para o lado oposto.
Na continuidade do movimento, enquanto o membro que avança passa a se distender
e o que estava distendido avança para escorar o corpo do cavalo, estas inflexões vão se
invertendo. Existe um momento em que a coluna se endireita. No final do movimento temos
as inflexões em posição contrária e o ventre do cavalo em posição oposta à inicial.
O passo completo do cavalo corresponde ao deslocamento de seus quatro membros.
Logo em um único passos do cavalo, têm dois deslocamentos laterais, um para a esquerda e
um para a direita, fazendo um movimento completo no plano horizontal e segundo o eixo
transversal do animal.
Como o movimento é contínuo, estes deslocamentos acontecem simultaneamente
tanto no plano vertical como no horizontal. Isto acontece somente durante um passo e somente
analisando os movimentos vertical e lateral.
Ao analisarmos este movimento no plano horizontal, notaremos que o cavalo produz
um movimento para frente e para trás.Todo o movimento é composto por perdas e retomadas
de equilíbrio. Tanto os animais quanto o homem realizam seu movimento segundo este
princípio. Um corpo parado, em equilíbrio, permanece estático por tempo indefinido. É
necessária uma força, externa ou interna, para que ele inicie um movimento. No caso do
cavalo, esta força é produzida pela ação muscular de seus posteriores. O cavalo inicia seu
deslocamento através da força propulsora que gera a distensão de seus membros posteriores.
O cavalo, ao iniciar o movimento provoca uma perda de equilíbrio, deslocando seu
corpo para frente e para a esquerda. Para retomar o equilíbrio, o cavalo alonga seu pescoço,
abaixa a cabeça e avança o anterior esquerdo para escorar a massa que se desloca. Ao tocar o
solo com o anterior esquerdo, o cavalo freia o movimento para frente, o que provoca um
desequilíbrio, também para frente, no cavaleiro. Neste momento o cavalo levanta a cabeça e
com este movimento detém o deslocamento do cavaleiro para frente, facilitando o avançar do
posterior direito. A anca do lado direito avança e abaixa colocando-se em baixo do cavaleiro,
49
sustentando o seu peso e trazendo-o novamente para trás, ajudando-o a retomar seu equilíbrio.
Na seqüência do movimento é a vez do posterior esquerdo distender-se e empurrar o cavalo
para frente e para a direita.
O movimento se sucede e quando o anterior direito toca o solo, nova freada, novo
desequilíbrio, e com o avançar do posterior direito, nova retomada do equilíbrio e conseqüente
deslocamento para trás. Como já vimos no estudo dos movimentos anteriores, vertical e
transversal, também no movimento longitudinal o passo completo do cavalo produz um
deslocamento para frente e para a esquerda, uma parada com retomada do movimento para
trás, novamente um deslocamento para frente e desta vez para a direita, seguido de outra
parada, outra retomada de equilíbrio e novamente uma retomada do movimento para trás, a
fim de buscar o equilíbrio e novamente deslocá-lo para frente.
Compondo esta seqüência de movimentos com as já analisadas anteriormente,
constatamos que o movimento produzido pelo cavalo é altamente complexo. Ele se transmite
para o cavaleiro, no caso o praticante de Equoterapia, através da ligação existente entre o
assento do cavaleiro e o dorso do animal, centro de execução dos movimentos do cavalo. É
por intermédio desta ligação que estes movimentos são transmitidos ao cérebro do cavaleiro,
através de seu sistema nervoso, e com a continuidade de sua execução, são geradas respostas
que irão ativar seu organismo.
A estes movimentos, associa-se uma torção da bacia do cavaleiro da ordem de oito
graus para cada lado. Considerando a posição do cavaleiro sentado, com uma perna de cada
lado do animal, a combinação da inflexão da coluna do cavalo com o abaixamento da anca do
mesmo lado faz com que o quadril do cavaleiro acompanhe a torção provocada pela linha das
ancas. Em cada passo é executado um movimento de rotação do quadril para cada lado.
Esta a grande vantagem da utilização do cavalo. O praticante é incapaz de gerar os
movimentos por si só. Neste caso, o cavalo gera os movimentos e os transmite ao cavaleiro, e
desencadeia o seu mecanismo de resposta. A repetição do movimento, sua simetria, ritmo e
cadência fazem com que essas respostas surjam de maneira bastante rápida.
Considerando que um cavalo executa aproximadamente de 50 a 60 passos por
minuto, podemos fazer um cálculo tendo como base 60 passos por minuto a fim de facilitar o
raciocínio e possibilitar melhor entendimento. Em 30 minutos de deslocamento ao passo,
teremos 1.800 passos. Como cada passo produz duas oscilações completas em cada
50
movimento. Deixo à imaginação de cada um a quantidade de movimentos que um cavaleiro
pratica em um simples passeio de meia hora. Apesar da pouca tensão muscular solicitada nesta
andadura, a quantidade de repetições torna o exercício bastante intenso. Daí, não ser
recomendado que uma sessão de equoterapia dure mais de 30 minutos. Qualquer pessoa que já
teve a oportunidade de dar um simples passeio a cavalo, conhece bem a sensação de cansaço e
dormência muscular que sente ao descer do cavalo (apear).
Quando o cavalo começa a mover-se e a pelve do cavaleiro a mover-se com uma
inclinação posterior, haverá um realinhamento do tronco sobre a pelve, a cabeça mover-se-á
com uma suave flexão e os olhos tenderão a ficar na horizontal. Esta é uma posição funcional
que leva o cavaleiro a se adaptar aos movimentos do cavalo e interagir com o ambiente.
21 OS EXERCÍCIOS BÁSICOS NA EQUOTERAPIA.
Guiar o cavalo por uma linha longa e reta é o objetivo inicial do tratamento. Isto
provocará no cavaleiro, movimentos de flexão e extensão. Isto facilita o controle de tronco e
os movimentos da pelve para frente e para trás ao acompanhar os movimentos do cavalo, com
transições entre impulsos fortes e fracos, alongando e encurtando o passo do cavalo. Para um
muito bom controle de flexão/extensão do cavaleiro, a transição entre o andar-parar-andar do
cavalo é muita empregada.
Os movimentos no plano frontal auxiliam para as flexões laterais do cavaleiro. Serve
para ele alongar e encurtar a sua musculatura do tronco. As atividades de encurtar e alongar o
passo do cavalo servem para os deslocamentos do peso do cavaleiro montado. Ao guiar o
cavalo em curva, haverá um aumento nos movimentos de rotação da sua pelve. Estes
movimentos do cavalo facilitarão as flexões laterais da pelve e do tronco do cavaleiro. Se o
cavalo andar em círculo, o cavaleiro inclinar-se-á para o lado externo da curva por causa do
impulso da força centrifuga aplicada nele. Ele experimenta um deslocamento do peso para fora
da linha média, que o faz alongar o tronco desse lado e contraí-lo do outro lado. O
deslocamento do peso do cavaleiro auxilia o cavalo a andar ao passo por facilitar-lhe os
movimentos de trocas de patas. É o mesmo que acontece com o cavaleiro ao andar a pé.
Curvas suaves podem ser combinadas com mudanças de direção do cavalo para
incrementar a alteração do peso do cavaleiro através da linha média (lombo do cavalo) e
51
provocar flexões laterais de um lado para outro. Quanto menor e mais fechada a curva
provocará mais movimentos do cavaleiro, porque o componente rotacional do movimento do
cavalo tornar-se-á maior. Os movimentos rotacionais na pelve e no tronco do cavaleiro podem
ser incrementados com os movimentos laterais do cavalo. O cavalo movimenta-se para frente
com distintos movimentos em diagonal (à direita e à esquerda) ao andar ao passo
principalmente e as suas flexões laterais são percebidas como rotacionais pelo cavaleiro,
porque a anca do cavalo e os quadris do cavaleiro formam um ângulo de 9O graus entre essas
estruturas.
O cavalo deve ser conduzido ora com passos largos, ora com passos curtos, e com
alterações de velocidade, porque isso proporcionará ao cavaleiro, necessidades de controle de
tronco e equilíbrio na direção anterior e posterior. Em todos estes movimentos durante a
sessão de Equoterapia, o cavaleiro é ativamente, estimulado e reage com retificações na
postura automaticamente e inconscientemente. O cavaleiro, apesar de ter uma participação
nessas atividades de forma inconsciente, nada impede que o instrutor reforce informações e
solicitações para correções volitivas ou cognitivas sobre como montar bem. O cavaleiro passa
a prever, a antecipar e a seguir mecanismos de ajustes na postura a cavalo.
Assim, a chave para se entender os efeitos dos três componentes dos movimentos do
cavalo ao passo é necessário compreender-se o valor deles sobre o cavaleiro. A aceleração /
desaceleração dos movimentos do cavalo influenciam inclinações anteriores e posteriores da
pelve e do tronco do cavaleiro. Quando o cavalo realiza a fase acelerada do movimento do
passo (levantando e movendo membro posterior para frente), a pelve e o tronco do cavaleiro se
deslocam, inclinando-se para trás e quando o cavalo firma o membro posterior no solo na fase
de desaceleração, o cavaleiro inclina a pelve e o tronco para frente. No momento em que o
cavalo realiza um movimento de rotação da anca ao trocar os membros posteriores, o cavaleiro
realiza um movimento de flexão lateral da pelve. O terceiro movimento componente do passo
ocorre quando o cavalo realiza a fase de elevação e deslocamento para frente do membro
posterior, o que provoca uma flexão do seu tronco. Este movimento produz rotação do tronco
e da pelve do cavaleiro.
Estes movimentos do cavalo produzem no tronco e pelve do cavaleiro: rotação
anterior da pelve, deslocamento para frente e flexão lateral, quando os membros do cavalo
agem diretamente sobre ele ao se deslocarem.
52
22 EVOLUÇÃO DO PRATICANTE.
O quadro a seguir expõe uma situação real retirada de um centro de Equoterapia
funcional e de acordo com as normas estabelecidas pela Associação Nacional de Equoterapia.
A situação retrata os praticantes no início do tratamento.
Aspectos
Praticante A
Afetivo/ Social
Percepto/ Motor
Saúde
Síndrome de
Lateralidade não
Deficiência visual
isolamento, de
definida, prejuízo no grave.
suicídio e timidez.
esquema sensóriomotor.
Apatia.
Lentidão de
Distúrbios
movimentos,
cardiovasculares,
concentração
herança genética
deficitária.
patogênica.
Inexpressividade
Atraso motor
Privação alimentar
verbal voluntária.
relevante, equilíbrio
na primeira infância.
Praticante B
Praticante C
comprometido.
Praticante D
Agressividade,
Baixa capacidade de
irritabilidade, auto-
atenção e
estima muito baixa,
concentração.
Saudável.
hiperatividade.
Praticante E
Comunicação verbal Equilíbrio e
Herança genética
pouco expressiva.
coordenação motora
patogênica, traços de
deficitária, reduzida
idiotismo.
capacidade de
compreensão.
Quadro 1 – Praticantes da Equoterapia no início do tratamento.
Fonte – Centro Básico de Equoterapia General Carracho/ ANDE-BRASIL-2000.
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Situação do praticante um ano após o processo.
Aspectos
Praticante A
Afetivo/ Social
Percepto/ Motor
Saúde
Superação da
Ganhos
Minimizada por
síndrome de
significativos no
intervenção
isolamento, de
desenvolvimento
cirúrgica.
suicídio e da timidez. grafo-perceptomotor.
Praticante B
A apatia se
Ganhos muito
Minimização dos
transformou em
significativos na
distúrbios
alegria de viver.
atenção e na
cardiovasculares.
concentração.
Praticante C
Boa comunicação
Ganhos
verbal.
significativos no
Saudável.
equilíbrio e na
motricidade.
Praticante D
Ganhos muito
Ótimo nível de
relevantes na auto-
concentração e de
estima.
atenção.
Saudável.
Agressividade e
irritabilidade
diminuídas.
Comunicação verbal Ganhos no equilíbrio Gula moderada.
Praticante E
melhorada.
e na coordenação
motora.
Quadro 2 – Praticantes da Equoterapia um ano após o tratamento.
Fonte – Centro Básico de Equoterapia General Carracho/ ANDE-BRASIL-2000.
54
23 CONCLUSÃO.
A esperança de uma vida normal esta nas patas de um cavalo para muitas pessoas
portadoras de deficiência físicas e mensais. O aumento da procura pela Equoterapia está
motivando o aparecimento de centros gratuitos.
A Equoterapia é aplicada através de programas e de uma equipe interdisciplinar que
alem de usar o lado profissional com o praticante, proporciona conforto para as novas
experiências que iram ao encontro com o praticante. A equipe torna-se uma segunda família,
motiva o praticante em sua cavalgada para novos desafios.
A Equoterapia, de um ponto de vista não técnico, contribui de forma prazerosa na
aplicação de exercícios que aumentam a coordenação motora, agilidade, flexibilidade e ritmo,
sem expor o praticante a situações conflitantes e de baixa credibilidade. Desenvolve a
sensibilidade física e psíquica na medida que exige a constante percepção frente aos estimula
nervosos presentes em cada passo dado pelo cavalo e seu cavaleiro. Todas as contribuições
aliadas ao contato com o exterior, a natureza e o instinto de liberdade resultam num maior
equilíbrio entre o praticante e suas dificuldades, que antes do tratamento eram quase
intransponíveis.
A confiança obtida na Equoterapia permite avançar e acelerar processos e
potencialidades daqueles casos antes vistos como sem solução ou lesão permanente. Casos que
muitas vezes a medicina em sua forma tradicional ainda questionava e avaliava a real
possibilidade de melhora.
Este é um tratamento que já fornece em tempo real a integração social do praticante,
que permanece todo o tempo cercado por sua equipe e pela docilidade e leveza de um animal
que por séculos ajuda o homem em sua incessante busca pelo novo e melhor, tornando o
deficiente mais presente nos conflitos de seu dia-a-dia e mais capaz para enfrentar situações
que para ele antes eram extremas.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Associação Nacional de Equoterapia/ANDE-BRASIL, I Congresso Brasileiro de
Equoterapia, Coletânea de trabalhos, 1ª Parte - Fundamentos e Palestras, Brasília, 18 a 20
de novembro de 1999.
BRASIL. ANDE-BRASIL. Revista da Associação Nacional de Equoterapia. Ano II – nº 2.
Brasília, julho de 1999.
[1]
e
[2]
BRASIL.
Manual
dos
Centros
de
Equoterapia.
http://www.equoterapia.com.br. Acesso em: 25 ago 2002.
Disponível
em:
Download

A Equitação Terapêutica - Escola de Equitação do Exército