Cosme. O apresentador da Batalha da Difusora, era o coordenador da CUFAMA , conhecido como Billy.
“Se amanhã uma guerra estourar sei que lado vou estar” dizia em uma
das músicas o MV Bill pré-global. Mas a guerra estourou no Haiti, nos morros
do Rio de Janeiros, nas periferias brasileiras, o governo Lula criou a Força de
Segurança Nacional paralelo a invasão do Haiti, e de que lado MV Bill ficou?
Do mesmo lado que o mestiço Domingo Jorge Velho – o assassino de Zumbi ficou quando a revolta negra estourava nas senzalas resultando em
construções de quilombos. Claro que a CUFA não vai pegar em armas para
assassinar os pretos com fazia os capitães do mato, ela apenas legitima os
assassinos de nossa gente. Quando lançou o vídeo Falcões Menino do
Trafico, que não mostra que são os grandes traficantes, a Globo elogiou e
anunciou: comprem! Comprem! E logo em seguida lançou uma infinidade de
programas que apresenta ela, a Globo, salvando vidas de crianças pobres e
pretas, divulgando artistas pobres e pretos, a exemplo do programa Central da
Periferia, enquanto por outro lado detonava com a política de cotas e exigia
que os governos diminuíssem seus gastos sociais. MV Bill legitima a Globo e
as forças imperialistas como única via de salvação dos favelados, quando são
eles na verdade os responsáveis pelas condições de existência das favelas
que cresce assustadoramente em todo o mundo. MV Bill e a CUFA “tá junto e
misturado” com a burguesia, então não serve pra favela!
De nosso lado, estamos dispostos a cooperar com qualquer iniciativa de
solidariedade ao povo haitiano, dês de que ela respeite a sua luta, a sua autodeterminação. Não aceitamos amentira de que as tropas brasileiras lá estão
para controlar a desenfreada violência das gangues marginais locais. Para isso
basta entendermos que todo individuo ou grupo que luta contra uma classe
dominante está sujeito a esses rótulos desqualificantes como no caso das
FARC - taxada de quadrilha de traficantes – ou mesmo nossos heróis e
heroínas que deram suas vidas lutando contra a ditadura civil-militar brasileira,
mas que as autoridades e as grandes corporações de comunicação à eles se
referiam como assaltantes, seqüestradores e terroristas.
Nós pensamos no Haiti e defendemos que zelar pelo Haiti é, também,
através da nossa arte, gritarmos pela retirada das tropas brasileiras daquele
país. E por esse manifesto, convidamos grupos, posses, crews, organizações,
B. Boys/Girls, graffiteiros/as, MCs e DJs para, juntos, construirmos uma
campanha de mobilização para exigir do governo brasileiro a desocupação do
Haiti, retirando já o seu exército de lá.
Resistência Cangaço Urbano (CE), Coletivo de Hip Hop
LUTARMADA (RJ), Movimento Hip Hop Organizado do
Maranhão Quilombo Urbano (MA), Cartel do RAP (PR),
Liberdade e Revolução (SP), Ministério das Favelas (MA),
Atividade Interna (PI)
Após uma revolta escrava ocorrida no final do século XVIII, o povo preto
haitiano, escravizado pelo colonizador frances e seus descendentes,
conseguiu libertar-se. Os brancos que sobreviveram a essa rebelião foram
obrigados a fugir para a França que, em 1804, reconheceu a independência
daquele país.
O exemplo de uma nação emancipada em decorrência de uma rebelião
da classe subalterna não poderia se espalhar pelo resto da América, que ainda
vivia sob o sistema escravista. Dês de então, esse pequeno país da América
Central é vítima de ataques constantes, velados ou declarados, dos países
imperialistas, principalmente dos EUA, até os dias atuais.
Com uma população vivendo na miséria, o povo do Haiti se revoltou em
defesa de sua sobrevivência, foi às ruas em grandes protestos, saques,
fazendo até greves gerais. No início de 2004, aconteceu uma intervenção do
governo dos Estados Unidos, forçando o então presidente (Aristide) a
renunciar e deixar o país. O fato de o governo Lula estar interessado em
ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU fez com que
estivesse pronto a atender qualquer pedido daquela organização. E se
aproveitando disso, a ONU pediu para que o Brasil enviasse tropas para
sufocar a revolta popular.
Em 2005 a SEPPIR (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial), sob o comando da então ministra Matilde Ribeiro – aquela
que gastou R$ 171.000 do nosso dinheiro em futilidades como salão de
beleza, free-shoop, entre outras – convidou organizações de Hip Hop de
integridade negociável para preparar em conjunto a Campanha Pense no Haiti,
Zele pelo Haiti, com shows, seminários e arrecadação de material escolar. Os
grupos de Hip Hop comprometidos com a luta dos povos oprimidos
entenderam que essa campanha, assim como o jogo da seleção brasileira de
futebol, pretendia maquiar o verdadeiro caráter da invasão - chamada de Força
de Estabilização. Não vemos verdade nas intenções pacificadoras de uma
Organização das Nações Unidas que permitiu a invasão do Iraq pelos EUA, e
apesar dos apelos, se negou a enviar suas tropas para Ruanda, permitindo os
Hutus matarem 800.000 Tutsis em 100 dias (8.000 assassinatos por dia).
No momento em que uma delegação haitiana viaja o Brasil, estado por
estado, para denunciar as atrocidades cometidas pelas forças de ocupação da
ONU, lideradas pelos militares brasileiros, o rapper MV Bill apareceu no
Domingão do Faustão propagando as “benesses” da invasão militar naquele
país. A aparição super-anunciada de MV Bill no Faustão, no dia 12/07 foi
simplesmente desastrosa. MV Bill defende a ocupação militar do Haiti! Para
ele as criancinhas do Haiti ficam alegres quando vêem as tropas de ocupação!
Sabemos que MV Bill não é tolo, não é desinformado, talvez mal intencionado,
pois para a Globo ele é hoje um grande líder político. Aliás, ele muito bem
sabe quem é a Globo, aquela emissora que “mostra os pretos chibatados
pelas costas”, conforme expressa uma de suas antigas músicas. Mas os
pretos do Haiti também são pretos, são pobres, são favelados, e são
chibatados pelas costas. MV Bill negou a existência de grupos de rap no Haiti
dizendo que não os encontrou por que o país é muito pobre. Mas o rap não é a
música da favela? De certo MV Bill teve que negar o rap haitiano tal como a
Globo há muito tempo tenta ofuscar o contestador rap brasileiro. Para essa
emissora os maiores artistas do rap sempre foram Gabriel o Pensador,
Marcelo D2 e agora MV Bill. Quem não lembra que antes de MV Bill aderir a
Globo, essa emissora o perseguiu acintosamente? Disseram, no Jornal da
Globo, que o clipe “Soldado do Morro” era só “ Armas, Drogas e música mal
feita”. Mas num passe de mágica “global” MV Bill passou de “bandido musical”
ao bom menino, da boa música, parceirão da compromissada Rede Globo, via
“Criança Esperança”. Para obter esse status global MV Bill teve que se
desculpar sobre as criticas outrora feitas ao “Criança Esperança” e à própria
emissora. . Em seu Site MV Bill e CUFA também dizem-se favoráveis a
ocupação dos morros cariocas pelo BOPE com algumas ressalvas. Já há
alguns dias a Cidade de Deus, tão cantada por MV Bill, está ocupada pela PM,
que, de acordo com relatos de moradores, tem lançado mão de práticas
autoritárias como proibir que jovens circulem pela favela com cabelos pintados
de amarelo, entrarem em algumas casas e abaixarem os volumes dos
aparelhos de som, vasculharem aparelhos de MP3 para ver se encontram
algum Funk, a musica proibida pelas autoridades fluminenses. E dês de então,
nenhuma declaração do nosso “herói”, pelo menos em meios de grande
repercussão, como num Domingão do Faustão.
Tudo isso demonstra que a CUFA é hoje um braço do Estado e da
burguesia na favela. Sua parceria com organismos imperialistas como o
Consulado dos EUA e o Banco Mundial não é à toa. Eles, juntos com outras
entidades e empresas financiaram golpes e mais golpes militares na América
Latina, ao mesmo tempo em que financiavam, também, movimentos sociais
pró-imperialistas. No Maranhão a CUFA encabeçou um Encontro de Hip Hop
tirado da cartola pelo governo para se contrapor as atividades da Marcha da
Periferia organizada pelo Quilombo Urbano (ver Governo e CUFA versus 3ª
Marcha da Periferia) e na Cidade de Caxias se juntou a TV Difusora ligada ao
grupo do senador Edson Lobão para organizar uma batalha de break no
mesmo dia em que o grupo Ministério das Favelas (MINFA) realizaria a sua
tradicional batalha break, já em sua sexta edição. A batalha organizada pelo
MINFA trazia como tema “Negro Cosme” o herói da revolta da balaiada. Na
semana seguinte a essas atividades a prefeitura desta cidade mandou
confeccionar uma cartilha exaltando Duque de Caxias, assassino de Negro
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Resistência Cangaço Urbano (CE), Coletivo de Hip Hop