Democracia Digital e Governança Eletrônica: Que lugar ocupa a educação? Natana Ester Silva Coelho 1 Resumo As tecnologias de informação (TICs) contemplam um fenômeno que têm se propagado no Brasil e em contextos internacionais. Tal fenômeno afeta a dinâmica social, influenciando de diferentes maneiras sua organização e interação. Neste contexto, surgem temas como governança eletrônica e democracia digital. Diante disso, o presente artigo pretende, através de revisão bibliográfica, discorrer sobre o tema da governança eletrônica e da democracia digital pela ótica das esferas governamentais e pela ótica da sociedade civil, conduzindo a discussão ao questionamento do papel da escola em tempos de era digital. O envolvimento político por parte da sociedade civil foi correlacionado com a garantia do acesso à informação dos cidadãos. Para ilustração do quadro atual da informatização das escolas da rede pública do município de Betim, foram utilizados dados do Sistema de Indicadores de Betim que apresentam números referentes à quantidade de escolas sem acesso a computadores com internet. Os dados mostram que houve, nos últimos três anos, crescimento na informatização das escolas do município de Betim. A revisão demonstra que esferas governamentais já têm se apropriado do meio digital, todavia, em contrapartida, a população se mostra pouco participativa nos meios de discussão e envolvimento político. Diante de tal postura política assumida, levanta-se a reflexão sobre a locação da educação enquanto instituição formadora de cidadãos, nos meios digitais, situando a escola como meio promissor para a garantia do acesso à informação e informatização , e contributivo para a disseminação de ações democráticas por parte do Estado. Palavras-chave: Democracia Digital. Governança Eletrônica. Educação. Introdução Em tempos de informatização e globalização em âmbitos que atingem esferas de abrangência internacional, há de se pensar nos impactos e influências das novas tecnologias na vida e cotidiano das sociedades em geral. De acordo com Ianni, citada por Rover (2006, p. 89), a informática transforma radicalmente os processos de t rabalho e produç ão, bem como as formas de sociabilidade. Indivíduos e coletividades se movem e se reproduzem cada vez mais através das técnicas e proc edimentos informáticos, mediados em âmbito local, nacional, regional e mundial. A produção, distribuição, troca e consumo dos mais diversos bens como a educação e a saúde, o esporte e a religião, a política e o governo estão passando por esse processo de mediação tecnológica. 1 Acadêmica do curso de Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, unidade de Betim. O desenvolvimento das sociedades da informação altera a dinâmica das relações, bem como os modos de pensar, agir, se comunicar. Dentro deste contexto, emergem questões como governança eletrônica e democracia digital. Através de portais eletrônicos, esferas governamentais têm utilizado do recurso tecnológico para interação e comunicação com internautas, sejam eles cidadãos, fornecedores, empresas, ou outros setores da sociedade. Os portais governamentais servem como ferramenta para compartilhamento e exposição de informações que se referem aos propósitos, identidade e ações dos governos em questão. (PINHO; IGLESIAS; SOUZA, 2006). Neste sentido, falamos de Governo Eletrônico, com pouca participação efetiva e decisória da população geral. Citando Filho e Carneiro, Sampaio (2009, p.128) sugere o termo Governança Eletrônica, mais abrangente, que implica na gestão social preocupada em “melhor atingir suas metas e interesses, sendo a participação civil uma das possibilidades de se realizar uma renovação dentro do aparato estatal e uma rearticulação entre Estado e sociedade”. A discussão da Governança Eletrônica é suscetível para a inclusão de temas como democracia deliberativa e participação cidadã. O presente artigo tem por objetivo inicial analisar as possibilidades da participação cidadã nos meios digitais, no que tange ao envolvimento político e democrático da sociedade civil em interação com o Estado. Para o prosseguimento da reflexão acerca da informatização da população, este artigo cumpre seu segundo objetivo utilizando-se do Sistema de Indicadores Online de Betim2 para ilustração do processo de informatização das escolas públicas no município. Através da revisão da literatura, foi possível detectar dois pontos importantes para a discussão do tema proposto, que serão tratados a seguir: a) o envolvimento e interesse das esferas estatais na implementação de portais, sites e fóruns de Governança Eletrônica; b) o envolvimento e interesse da sociedade civil no exercício de participação política. Governança Eletrônica pela ótica do Estado A disseminação da era da cultura da informática tem se desenvolvido de tal maneira que grande parte da sociedade atualmente encontra-se, de alguma maneira, 2 Disponível em: <http://nossabetim.org.br/indicadores/> conectada. Seja pelos aparelhos celulares, notebooks, ipads ou computadores de mesa. Uma vez conectada, o acesso ao mundo da tecnologia eletrônica passa a representar uma rede de comunicação interligada pelas interações e relações sociais da população (ROVER, 2006). Sendo cenário para uma das ramificações dos dinâmicos modos de organização e interação social, é compreensível a integração das esferas e ações governamentais no meio tecnológico. No Brasil, os setores governamentais representativos de variadas categorias hierárquicas adotam a ferramenta do portal eletrônico disponibilizado na internet para o acesso livre dos cidadãos. Estes portais são nomeados e-gov ou governo eletrônico, e se manifestam através da informatização de suas ações e comunicação com o público externo (PINHO; IGLESIAS; SOUZA, 2006). . De acordo com Sampaio (2009, p.130), sustentando o pensamento de Filho et. al., o caráter dos portais eletrônicos atuais é marcado pelo “predomínio de sites governamentais focados na entrega de serviços públicos aos cidadãos, que ainda não exibem nem ambientes informativos densos, nem efetivas ferramentas de participação popular”. Esta modalidade de ação governamental caracterizaria o termo Governo Eletrônico já explicitado anteriormente, que se apresenta como ferramenta superficialmente informativa que obstem a participação e interação deliberativa do cidadão. Neste ponto, cabe dar luz à proposta da Governança Eletrônica, destacando a oportunidade real de utilização do meio digital para a manifestação da interação política de cunho deliberativo entre governantes e população. A Governança Eletrônica pode ser entendida como extensão ou continuação da moção oferecida pelo Governo Eletrônico. Além de possuir natureza informativa, a Governança Eletrônica compreende a possibilidade e espaço para a expressão de opinião e até mesmo decisão da sociedade civil em temas e assuntos que são de seu interesse (SAMPAIO, 2009). Existindo o espaço para a participação deliberativa dos cidadãos, tal modo de governança viabiliza a manifestação do poder executivo no meio digital de maneira mais democrática. Em 2001 foi criado em Porto Alegre um orçamento participativo eletrônico que permitia o acompanhamento do cidadão das obras que estavam sendo realizadas pelo município, além de ceder espaço para a inclusão de sugestões e expressão de demandas da população. Após avaliação dos técnicos competentes da prefeitura, as demandas e sugestões populares eram reencaminhadas aos destinatários com as alterações necessárias. As demandas aprovadas eram incluídas e discutidas nas assembleias de orçamento participativo presencial, e, em função disto, em todo o processo é fomentado e incentivado por parte da prefeitura à importância e imprescindibilidade da participação do cidadão nas etapas presenciais (SAMPAIO, 2009). Atualmente o orçamento participativo eletrônico de Porto Alegre apenas se aproxima da proposta de governança eletrônica uma vez que existe como complementação do orçamento participativo presencial, já que grande parte das demandas da população (mais de 70%) não chega às assembleias presenciais por motivos de não enquadramento ao padrão exigido pela prefeitura (SAMPAIO, 2009). Em Belo Horizonte, o orçamento participativo digital foi implementado no ano de 2008 e garantia o direito de voto direto da população nas obras que seriam realizadas pela prefeitura. Para facilitar a votação das obras foram criados postos de votação presencial por toda a cidade, além da possibilidade de votação gratuita via telefone. Nabuco, Macedo e Ferreira (2009, p.152) afirmam que “a experiência do OP Digital [em Belo Horizonte] aponta para as múltiplas possibilidades na busca do consenso, incluindo definitivamente a informática a serviço da cidadania e da democratização da ação pública”. Deste modo, pode-se considerar a governança eletrônica como dispositivo possível de efetivação que muito contribui para a democratização do espaço digital já utilizado pelos governos. Sampaio (2009) destaca três elementos essenciais para a manifestação da governança eletrônica desejável: vontade política por parte do Estado; disponibilização de ferramentas online de qualidade para o acesso e participação da população que estimulem o monitoramento das obras e discussões políticas; e que tais ferramentas representem efeitos reais e perceptíveis pelo cidadão no sistema político. A governança eletrônica depende então do envolvimento de dois atores imprescindíveis para sua efetividade: um Estado responsivo, transparente e aberto à participação popular e uma sociedade civil participativa e propositiva que se dedica a monitorar e exercer seu direito de controle social. (PINHO; IGLESIAS; SOUZA, 2006). Governança eletrônica pela ótica da sociedade civil Conforme foi discutido, o sentido desejável de governança eletrônica poderá obter o êxito de seus objetivos desde que represente a interação de dois eixos fundamentais da sociedade: Estado e cidadãos. Ainda que o fenômeno da governança se apresente como promissor, é preciso envolvimento político. Parafraseando Sampaio (2009, p.128), “a internet não foi criada para promover cidadania”, ainda que se apresente como um meio para que ela ocorra. É importante ressaltar dois aspectos do envolvimento político da sociedade civil no meio digital: vontade e interesse político e acesso à informação (e informatização). Para a efetividade da interação proposta pela governança eletrônica, faz-se necessária a apropriação do direito de participar, discutir, decidir por parte da sociedade civil. As informações prestadas pelas esferas estatais são de interesse geral da população, por isto cabe a esta inserir-se no meio digital, fazendo-se cumprir, na ação, o exercício do controle social. (FREY e REZENDE apud SAMPAIO, 2009). O que acontece na prática da disseminação do tema da política no meio digital é uma repetição do modo de funcionamento da política tradicional: “as discussões políticas online, embora permitam ampla participação, são dominadas por uns poucos do mesmo modo que as discussões políticas em geral” (GOMES, 2005, p.221). Esse é o grande desafio apresentado pela prática da democracia digital, que, na verdade, configura-se como um desafio que se origina muito antes do meio digital. O envolvimento político dos cidadãos requer, antes de tudo, apropriação de seu direito de participar. A internet apresenta-se como meio valioso e vasto para o envolvimento e participação política dos cidadãos. Além das inúmeras possibilidades de participação, apresenta-se como ambiente aberto e de fácil acesso, ferramenta economicamente viável, uma vez que dispensa a necessidade de locomoção, sendo inexistente a presença de mediações e/ou obstáculos institucionais para seu funcionamento (GOMES, 2005). Para garantir o usufruto pleno das inúmeras possibilidades de democracia digital via internet, além do engajamento das duas partes envolvidas, a população precisa estar politicamente capacitada e interessada. Parte-se do pressuposto que o primeiro passo para o desenvolvimento e construção de consciência política dos cidadãos é a garantia, por parte do Estado, de acesso a informação e informatização. A disposição de meios de acesso à informação e informatização configura-se como ação governamental democrática por se apresentar como investimento no direito da sociedade civil de exercer controle social. Para a prática do controle social, é necessário que os cidadãos tenham acesso à informação sobre a gestão e as políticas públicas, participem de canais de debate público, interfiram em todas as fases da política pública, sendo de fato ouvidos em suas propostas e que disponham de mecanismos para apurar e punir irregularidades quando necessário (SERAFIM, 2008, p.02). Serafim (2008) aponta ainda que um dos desafios encontrados pela efetivação do controle social é a falta de acesso à informação e descomprometimento do poder público. Frey, citado por Sampaio (2009) afirma que é impossível falar de governança eletrônica se a população não dispuser de espaços disponíveis para acesso e treinamento para sua participação posterior. Por isso é imprescindível destacar aqui o papel das esferas estatais no investimento de formação política da população. Tais desafios não devem se apresentar como impedimentos para o investimento na governança eletrônica e utilização da internet como meio democrático para participação cidadã. Assim como aponta Sampaio (2009, p.140), “as ações não precisam ser sequenciais. Elas podem ser simultâneas, ou seja, investimento em educação, estrutura básica, e em governança eletrônica”. A esta altura, adentramos no terceiro tópico a ser tratado. Para ilustração do investimento em ações que promovam o acesso à informação e educação, bem como para fomentar a utilização do meio digital como ferramenta de participação e monitoramento popular, serão apresentados dados que elucidam o aumento da informatização de escolas da rede pública do município de Betim (MG), obtidos pelo Sistema de Indicadores Online. 3 Informatização e acesso à Internet nas escolas da rede pública de Betim O ‘Nossa Betim’ é representado por cidadãos, entidades empresariais, organizações da sociedade civil e instituições de ensino e pesquisa e caracteriza-se como movimento apartidário, autônomo e aberto à participação e envolvimento de qualquer cidadão. Dentre seus objetivos e metas, encontra -se o de incentivar o envolvimento da sociedade civil na prática de participação cidadã e controle social. (NOSSA BETIM, [2015]). 3 Disponível em: <http://nossabetim.org.br/indicadores/> Para isso, dispõe do Sistema de Indicadores de Betim, contendo um conjunto de informações sobre a população do município. São 74 indicadores no total, divididos por temas como saúde, educação e assistência social. Os dados também são divididos de acordo com as divisões regionais do município. (NOSSA BETIM, [2015]). Na modalidade de Indicadores Intraurbanos do Sistema de Indicadores de Betim, existe o item Recursos Educacionais, que apresenta dados que revelam a porcentagem de Escolas públicas sem acesso à internet para os alunos. Os dados foram baseados na disponibilidade de computadores conectados à internet para usufruto dos alunos. As informações referentes à disponibilidade dos computadores foram obtidas conforme declaração das escolas sobre o assunto ao Censo Escolar. (NOSSA BETIM, [2015]). Com base nos dados do ano de 2010, 21,51% do total de escolas públicas do município não possuíam computadores com internet para os alunos. No ano de 2011, os valores diminuíram consideravelmente: 8,51% foi a porcentagem total de escolas sem acesso à internet. Neste ano, apenas sete bairros apresentaram possuir escolas desconectadas. Em 2012, os indicadores permaneceram estáveis: 8,70% das escolas não possuíam acesso à rede de banda larga. Já em 2013, os números apresentaram leve elevação: 10,42% das escolas públicas do município encontram-se sem o recurso da internet disponível para os alunos; 13 dos 22 bairros do município não possuem nenhuma escola sem acesso à internet. Oito possuem uma escola sem o acesso à banda larga. Apenas um bairro possui duas escolas sem acesso à internet. Ainda que os valores tenham aumentado negativamente do ano de 2012 para 2013, é preciso considerar o crescimento do nível de informatização das escolas da rede pública de Betim nos últimos três anos, conforme mostra o gráfico (NOSSA BETIM, [2015]) 4: Escolas sem computadores com acesso à internet em Betim 30,00% 20,00% Porcentagem (%) de escolas sem computadores com acesso à internet 10,00% 0,00% 2010 2011 2012 2013 Fonte: Sistema de Indicadores Online de Betim (2013). 4 Disponível em: <http://nossabetim.org.br/indicadores2015/i_29_.html#> Comparando-se com os números dos 34 municípios pertencentes à região metropolitana de Belo Horizonte, Betim encontra-se em 5ª posição, apresentando a porcentagem de 10,42% de escolas sem computadores com uso de internet disponíveis para os alunos, de acordo com os últimos dados disponíveis (referentes ao ano de 2013). Brumadinho e Santa Luzia encontram-se na primeira e segunda posição, respectivamente, e não possuem nenhuma escola sem acesso à internet. A última posição (34ª) é ocupada por São Joaquim de Bicas, com 72, 73% das escolas do município sem computadores conectados com a internet (NOSSA BETIM, [2015]) 5. Posição dos Municípios no ranking comparativo do número de escolas sem acesso à internet - Região Metropoliana de Belo Horizonte 0,00% 20,00% 40,00% São Joaquim de Bicas (34ª) 72,73% Ribeirão das Neves (27ª) 40,86% Ibirité (20ª) 25,64% Sarzedo (11ª) 16,67% Betim (5ª) 10,41% 60,00% 80,00% Fonte: Sistema de Indicadores Online de Betim (2013). Com base na análise histórica dos dados da cidade nos últimos três anos, e comparando-se com as outras cidades da RMBH, pode-se considerar que Betim está progressivamente avançando no processo de informatização total das escolas da rede pública do município. Sua posição no ranking da RMBH é positiva (5ª de 34), e os dados dos últimos três anos apontam para progresso na implementação de internet nas escolas públicas. Com exceção do ano de 2013, os indicadores sofreram decréscimo ou se manteram estáveis. A informatização das escolas da rede pública é um investimento na garantia do direito de acesso à informação dos cidadãos, configurando-se assim como ação democrática e inclusiva. Considerando a influência das tecnologias de informação na 5 Disponível em: <http://nossabetim.org.br/indicadores2015/i_29_.html# > sociedade contemporânea, tal ação representa importante passo para a construção e disseminação de projetos de governança eletrônica de cunho deliberativo. Observando o fenômeno da informatização de escolas da rede pública que se encontra em desenvolvimento no município de Betim e em todo o país, é possível pensar no ambiente escolar como meio básico de difusão ao acesso à informação em uma perspectiva que englobe todos alunos da rede pública, garantindo à escola a conjuntura de um espaço semeador de democracia e cidadania. Partindo deste princípio, a educação situa-se como meio substancial para o que se pode denominar a introdução à formação política e cidadã da população. Moreno e Nespoli (2005, p. 125) afirmam que entre os pesquis adores da área já se discute a importância da "alfabetização tecnológica" como responsabili dade da escola e parte da resposta às questões ligadas à cidadania. Essa alfabetização não se restringe a um curso de informática, mas ao aprender a ler o mundo por meio dessa nova mídia. Nesse sentido, a informática deveria estar inserida em atividades es senciais do ambiente escolar, tais como aprender a ler, escrever, c ompreender textos, entender gráficos, contar, desenvolver noç ões espaciais, etc Considerações Finais Pensar em governança eletrônica e democracia digital envolvem questões amplas que perpassam a esfera do controle social, participação cidadã, envolvimento de esferas governamentais e políticas públicas. A proposta deste artigo foi a de analisar um tema que emerge, muitas vezes, das ciências sociais e políticas, pelo viés da pedagogia, lançando luz, especificamente, à política pública da educação. A revisão da literatura mostrou que em tempos da era da informação a dinâmica da sociedade caminha e se organiza de modo a acompanhar esse processo. As esferas governamentais têm se apropriado, gradativamente, do espaço digital para implementação de seus portais eletrônicos. Experiências de Orçamento Participativo em estados brasileiros mostraram ser possível o envolvimento com a população em uma proposta que se apresenta como governança eletrônica deliberativa. Por outro lado, a participação cidadã muitas vezes encontra obstáculos como falta de envolvimento político efetivo ou escassez no acesso à informação. Neste ponto, a escola emerge então como meio propício e promissor na viabilização do acesso à informação. Com essa reflexão, não se pretende afirmar que a informatização das escolas é a solução para a baixa participação política dos cidadãos. O que se pretende, pelo contrário, é fomentar o espaço escolar como ambiente primordial e básico para a formação de cidadãos críticos e politicamente ativos, sendo as novas tecnologias de informação ferramentas que podem auxiliar e otimizar o processo de “formação cidadã” dos alunos. Parte-se do pressuposto que a garantia do direito de acesso à informação, além de se configurar como investimento em ações inclusivas por parte do Estado, é o primeiro passo para que se torne possível o desenvolvimento de novas formas de refletir e pensar o mundo, de ser pensante, de ser ativo, e de se posicionar frente ao mundo. Referências GOMES, A democracia digital e o problema da participaç ão civil na decisão política. In: Revi sta Fronteiras – e studos midiáticos, vol. VII, n. 3, p. 214-222, set./dez., 2005. NABUCO, Ana Luiza; FERREIRA, Ana Lucia; FE RRE IRA, Rodrigo Nunes. A experiência do Orçamento Participativo Digital em Belo Horizonte: O Uso das Novas Tecnologias no Fortalecimento da Democracia Participativa. In: Informática Pública, ano 11, p. 139-155, 2009. PINHO, José Antônio Gomes; IGLES IAS, Diego Moura; SOUZA, Ana Carolina Pereira de. Portais de Governo Eletrônico de Estados no Brasil: muita tecnologia e pouca democracia. 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