Tento empreender ou manter o emprego atual?
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23/10/2013 - 00:00
Tento empreender ou manter o emprego atual?
Por Karin Parodi - responde
Trabalho há 12 anos na área de TI de um banco e cada vez mais vejo que a organização aposta apenas nos profissionais
jovens e descarta os mais experientes. Já não tenho expectativas de subir na empresa mesmo sendo formado em ciências
da computação e administração e de ser muito focado. Estou no topo de meu atual cargo e acredito que só sobrevivi no
banco até hoje porque tenho alta performance. No entanto, consigo isso em troca de muito estresse no dia a dia. Tenho
vontade de investir em uma startup própria em TI, mas falta desenvolver uma ideia e um projeto com mais clareza, mesmo
porque sei que vou trabalhar mais e não vou ter retorno tão cedo. O que faço?
Analista de sistemas sênior, 48 anos
Resposta:
Há muitos anos assessoro pessoas em questões profissionais e um ponto comum é a insatisfação com momentos de
carreira - algo totalmente compreensível e saudável. Afinal, colocar nossa carreira no piloto automático é um grande erro.
Considero, assim, muito positivo você se sentir infeliz com o 'status quo' e querer dar uma virada.
Você tem 48 anos de idade, 12 de empresa, e ocupa uma posição técnica sênior em um segmento de mercado em que essa
área é de extrema importância. Focou sua carreira na especialização técnica, obtendo excelentes resultados e alta
performance. Mas não vê perspectivas de crescimento.
Como se cresce a partir desse ponto? Ocupando posições de liderança, o que requer começar a fazer a gestão de um
pequeno time para depois assumir equipes de maior envergadura e complexidade. Ocorre que, no 'pipeline' da liderança,
você se encontra no estágio de contribuição individual - quando 100% da sua contribuição vem do próprio trabalho.
Faltou em sua carreira, até agora, o que se chama de ruptura, que é transcender a contribuição individual e ser líder de
uma equipe pequena, onde 50% de seu trabalho seja decorrente do próprio esforço e 50% do esforço da equipe. Nas
rupturas, abandonam-se muitos hábitos e atividades e se desenvolvem competências básicas de liderança como delegação,
orientação, acompanhamento e feedback.
Por que, em 12 anos, você não fez essa ruptura? Por escolha pessoal? Inércia? Falta de oportunidade? É fundamental
entender isso antes de dar o próximo passo. Você quer mesmo dar esse próximo passo? Sempre leve em conta como o
mercado o percebe hoje e como enxerga seu potencial futuro.
Em fases de maturidade pessoal e profissional como a sua, e com a insatisfação saudável que vem sentido, vejo algumas
opções. Aqui, sugiro quatro, sem hierarquizá-las, para ajudá-lo na reflexão:
A primeira é buscar internamente uma posição de liderança de uma equipe pequena, preparando-se antes para isso. Isso
significa buscar seu autodesenvolvimento com foco no novo objetivo. Não há uma receita, mas é essencial manter uma
rede de relacionamentos, reforçando contatos com colegas de faculdade, de sua empresa, de fornecedores e de clientes. É
importante também fazer cursos relativos a negócios e liderança e buscar fluência em outro idioma. Antes, vale a pena ter
uma conversa franca com seu gestor e compartilhar seus planos. Se o feedback for bom, invista; se não, pense em
caminhos alternativos.
A segunda opção é buscar uma nova posição no mercado em uma empresa menor, que valorize suas competências e o veja
como um profissional diferenciado, com bagagem e potencial. Nesse caso, o desenvolvimento em liderança também é
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23/10/2013 10:22
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A terceira alternativa é se manter na posição técnica, mas em outra empresa, onde esse perfil seja um dos principais
elementos do sucesso do negócio - como uma empresa de desenvolvimento de sistemas.
Por fim, você pode montar sua startup de TI, como já imaginou. Porém, essa alternativa demanda outro tipo de lição de
casa, além do autodesenvolvimento em liderança: refletir se você tem realmente o perfil de empreendedor. Empreender
não é fácil, principalmente se não há fôlego financeiro. Significa querer correr riscos calculados, ser paciente, conseguir
lidar com os altos e baixos do negócio, liderar um time, ter controle emocional e trabalhar muito. Há muitos prazeres
também, é claro, mas estou fazendo um alerta que muitos não levam em conta.
Não tenha medo deste momento, nem se sinta só. Todos temos "prazo de validade" no mundo corporativo e passamos por
isso. Algumas perdas são inevitáveis, porém alguns ganhos também o são.
Karin Parodi é fundadora e sócio-diretora da Career Center e presidente da Arbora Global
Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo
corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não do Valor Econômico. O jornal não se
responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer
natureza em decorrência do uso dessas informações. As perguntas devem ser enviadas para:
E-mail: [email protected]
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