PGCA Pós-Graduação em Ciência Ambiental UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS GERAIS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ANÁLISE GEOAMBIENTAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA AMBIENTAL INTERAÇÕES ENTRE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS E ESPÉCIES NATIVAS: CALITRIQUÍDEOS NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS, RJ. DANIEL GOMES PEREIRA Niterói Fevereiro 2006 II DANIEL GOMES PEREIRA INTERAÇÕES ENTRE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS E ESPÉCIES NATIVAS: CALITRIQUÍDEOS NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS, RJ. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Orientação: Prof.a Dra. Maria Elaine Araújo de Oliveira Co-orientação: Prof. Dr. Carlos Ramón Ruiz-Miranda Niterói Fevereiro 2006 III DANIEL GOMES PEREIRA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre. Aprovada em fevereiro de 2006. BANCA EXAMINADORA ................................................................................................................................... Prof.a Dra. Maria Elaine Araújo de Oliveira Universidade Federal Fluminense ................................................................................................................................... Prof. Dr. Carlos Ramón Ruiz-Miranda Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro ................................................................................................................................... Prof. Dr. Joel de Araújo Universidade Federal Fluminense ................................................................................................................................... Prof. Dr. Alcides Pissinatti Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente Niterói Fevereiro 2006 IV AGRADECIMENTOS A Deus Pai, Autor e Princípio da Vida, que enviou Seu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, para nos salvar; por providenciar condições materiais e espirituais para concluir esse mestrado, depois de tanto esforço, e por derramar Seu Espírito Santo para me iluminar e santificar nessa nova estrada que se abre na minha vida. À Virgem Maria, por todo o cuidado maternal, especialmente ao longo desses dois últimos anos. À minha esposa, por suportar todas as minhas ausências, durante os trabalhos de campo, por me receber de volta todas as vezes, por me incentivar sempre a estudar e por me ajudar, com todo o amor e carinho, a dirigir nossa família. Às minhas filhas, os maiores presentes que Deus me deu, por transformarem completamente a minha vida, me concedendo o dom da paternidade. Aos meus pais, por terem me ajudado e incentivado meus estudos durante todos esses anos para que eu pudesse chegar até aqui, e vá ainda mais longe. Aos meus amigos, principalmente os do grupo de oração e da futura comunidade, por toda a força e intercessão nesses anos de amizade. Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da UFF, e a todos os professores com quem tive a oportunidade de aprender e conviver. À minha orientadora, Prof.a Dra. Maria Elaine Araújo de Oliveira, por ter acreditado no meu trabalho e por toda a orientação, demonstrada especialmente nesses momentos finais da redação do mestrado. V Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Carlos Ramón Ruiz-Miranda, pelo apoio desde o início das nossas conversas, e por contribuições preciosas para a realização desse trabalho. Ao Prof. Dr. Joel de Araújo, membro da banca examinadora, pela sua boa vontade e contribuição na melhoria desse trabalho. Ao Prof. Dr. Alcides Pissinatti, conhecedor há alguns anos do meu interesse pela primatologia, por todas as conversas que já tivemos e pela sua disponibilidade em aceitar participar da banca, contribuindo para o meu aprendizado. Aos colegas da turma de 2004 do PPGCA, pelos trabalhos desenvolvidos juntos e pelos momentos de descontração, mas também de reflexão sobre nosso curso, nosso futuro e nossa atuação como uma contribuição para a melhoria da sociedade. Ao IBAMA, pelo privilégio e oportunidade de realizar meu trabalho em uma das Unidades de Conservação mais importantes do país. Ao Chefe do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Ernesto Barros Viveiros de Castro, pela autorização concedida para que eu pudesse realizar a pesquisa, e por todo o apoio oferecido no decorrer da mesma; e à Cecilia Cronemberger de Faria, responsável pela área de projetos do Parque, pelo parecer favorável à aprovação do projeto e pelo apoio oferecido durante todo o tempo de execução do trabalho. Ao Sr. David Miller, pelo apoio durante as entrevistas com os moradores do entorno do Parque, pelo conhecimento e orientação das principais ruas a serem percorridas, além de informações sobre o histórico do bairro. Ao Prof. Dr. Fabiano de Melo, pela concessão da sua gravação com a vocalização de Callithrix aurita, utilizada durante esse trabalho. VI Ao Departamento de Zootecnia e Desenvolvimento Agro-Sócio-Ambiental Sustentável, da Faculdade de Veterinária da UFF, na pessoa do Chefe de Departamento, José Mário Franqueira, e demais colegas, pela liberação e apoio no decorrer do meu curso de mestrado. Ao grupo de estudos Anfisbenia, pela amizade e pelas longas discussões realizadas na Faculdade de Veterinária da UFF (ou em qualquer outro lugar), enfocando diversos aspectos relacionados à biologia e medicina de animais selvagens. Às estagiárias da Faculdade de Veterinária da UFF – Natasha, Patricia e Suzana - por aceitarem voluntariamente me acompanhar nessa empreitada, e por me ajudarem na condução do trabalho, além da parte prática, com longas discussões sobre a direção do mesmo, durante as noites na Casa do Pesquisador. A todos que, de maneira direta ou indireta, ajudaram (ou atrapalharam) o desenvolvimento do trabalho, contribuindo para que eu concluísse mais essa etapa da minha formação profissional. VII SUMÁRIO Lista de Tabelas................................................................................................. VIII Lista de Figuras.................................................................................................. IX RESUMO........................................................................................................... XI ABSTRACT........................................................................................................ XII 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 13 2. OBJETIVOS.................................................................................................... 26 3. ÁREA DE ESTUDO......................................................................................... 27 4. METODOLOGIA.............................................................................................. 30 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 34 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.......................................................... 51 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 53 ANEXOS.............................................................................................................. 73 VIII LISTA DE TABELAS Tabela 1: Total de campanhas realizadas no PARNA-SO em 2005................... 37 Tabela 2: Registro dos pontos de observação com auxílio de GPS.................... 38 IX LISTA DE FIGURAS Figura 1: Callithrix jacchus.................................................................................... 19 Figura 2: Callithrix penicillata no Parque Nacional da Serra dos Órgãos..............19 Figura 3: Distribuição geográfica do gênero Callithrix, evidenciando a introdução de C. jacchus e C. penicillata na região Sudeste do Brasil.................................................................................. 20 Figura 4: Leontopithecus rosalia.......................................................................... 21 Figura 5: Callithrix aurita...................................................................................... 21 Figura 6: Área de distribuição geográfica de C. aurita e outros calitriquídeos na região Sudeste do Brasil............................................ 23 Figura 7: Mapa de localização do PARNA-SO.................................................... 28 Figura 8: Imagem de satélite do PARNA-SO....................................................... 29 Figura 9: Folder com mapa de localização do PARNA-SO................................. 31 Figura 10: Casa do Pesquisador, PARNA-SO.................................................... 32 Figura 11: Tempo de moradia na propriedade do entorno do PARNA-SO................................................................. 34 Figura 12: Freqüência de avistamento de primatas no entorno do PARNA-SO................................................................. 35 Figura 13: Quantidade de indivíduos por grupo no entorno do PARNA-SO................................................................. 35 Figura 14: Callithrix aurita adulto observado no PARNA-SO............................... 39 Figura 15: C. aurita e indivíduo híbrido observado no PARNA-SO..................... 39 Figura 16: Indivíduo híbrido em Callithrix observado no PARNA-SO.................. 40 Figura 17: Indivíduo híbrido observado no PARNA-SO, no mês de junho.................................................................................. 40 Figura 18: C. penicillata observado no PARNA-SO............................................. 41 Figura 19: C. aurita no PARNA-SO...................................................................... 43 Figura 20: C. penicillata no PARNA-SO............................................................... 43 Figura 21: Indivíduo híbrido observado no PARNA-SO....................................... 44 Figura 22: Indivíduo híbrido observado no PARNA-SO, no mês de julho................................................................................... 44 Figura 23: C. penicillata no PARNA-SO............................................................... 46 X Figura 24: C. penicillata na estrada do PARNA-SO............................................. 46 Figura 25: C. penicillata observado no PARNA-SO, no mês de agosto.............. 47 XI RESUMO O manejo de fauna pode ser definido como a manipulação das populações de animais selvagens, os habitats e suas interações, com o intuito de atingir um objetivo de gerenciamento de populações. A introdução de espécies animais exóticas fora da sua área natural e as conseqüências da permanência desses invasores no novo ambiente tem sido cada vez mais estudada, no sentido de avaliar seus possíveis impactos. Duas espécies de primatas, Callithrix jacchus (sagüi-de-tufos-brancos) e C. penicillata (sagüi-de-tufos-pretos), que ocorrem respectivamente na Caatinga / Mata Atlântica do Nordeste e no Cerrado brasileiro, foram introduzidas há vários anos em outras regiões de Mata Atlântica, se estabelecendo e ocupando a área de outras espécies nativas de calitriquídeos, como C. aurita (sagüi-da-serra-escuro), espécie ameaçada de extinção. A associação entre primatas nativos e exóticos é pouco estudada, podendo resultar em competição por recursos e troca de parasitas, o que constitui uma ameaça à conservação da espécie nativa. O valor das Unidades de Conservação como fonte de pesquisa é reconhecido há muito tempo. No entanto, a implementação e o efetivo manejo dessas Unidades constituem um enorme desafio. Este estudo tem como objetivo contribuir para a conservação de espécies nativas de primatas em Unidades de Conservação. Através da observação da ocorrência de espécies de calitriquídeos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNA-SO) e da avaliação da percepção ambiental dos moradores do entorno do Parque, objetivase propor estratégias de manejo para a conservação de C. aurita. Combinando-se a evidente raridade e baixa densidade populacional de C. aurita com a grande capacidade generalista e competitiva de C. penicillata quanto ao habitat, recursos alimentares e introdução gênica, pode-se considerar a invasão biológica de C. penicillata como um fator importante para a redução das populações de C. aurita no PARNA-SO. Estratégias de manejo devem considerar: a existência de populações de C. aurita livres da invasão biológica de C. penicillata; a remoção de todos os indivíduos C. penicillata e dos híbridos da área; a apresentação de C. aurita à população (conscientização ambiental); e o combate às espécies exóticas invasoras. XII ABSTRACT Wildlife management can be defined as the manipulation of populations of wild animals, the its habitats and interactions, with the purpose of getting to a determined population management objective. The introduction of exotic animal species and the consequences of the permanence of these invaders in the new environment is increasingly being studied in order to evaluate the possible impacts. Two species of primates, Callithrix jacchus (common marmoset) and C. penicillata (black pincelled marmoset) which occur respectively at Caatinga / Atlantic forest of Norwest and Brazilian Cerrado, were introduced many years ago in other regions of Atlantic forest, settling and occupying the area of other native species of callitrichids, such as C. aurita (buffy tufted ear marmoset), a species threatened of extinction. The association between native and exotic primates is little studied and could generate competition for resources and permutation of parasites, which constitute a threat to the preservation of native species. The value of the Preservation Units as research resource has been recognized for a long time. The implementation and effective handling of Preservation Units constitute an enormous challenge. The objective of this study was to contribute to the preservation of native primate species in Preservation Units. Through the observation of occurrence of native and exotic species of primates at National Park of Serra dos Órgãos (PARNA-SO) and the evaluation of the environmental perception of the residents around the PARNA-SO, it is desired to proposing management strategies for the preservation of C. aurita. Combining the evident rarity and low population density of C. aurita with the great competitive and generalist capacity of C. penicillata in habitat needs, food resources and genetic introduction, it is possible to consider the biologic invasion of C. penicillata as an important factor for dynamics of C. aurita populations at PARNA-SO. Management strategies include: verification of other populations of C. aurita free from biologic invasion of C. penicillata; removal of all C. penicillata individuals and hybrids; presentation of C. aurita to the population (environmental consciousness-raising); combat the exotic invader species. P 436 Pereira, Daniel Gomes Interações entre espécies exóticas invasoras e espécies nativas: calitriquídeos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, RJ. / Daniel Gomes Pereira. – Niterói: s. n., 2006. 74 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) – Universidade Federal Fluminense, 2006. 1. Calitriquídeos. 2. Primatas. 3. Bioinvasão. 4. Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ). I. Título. CDD 599.920981.53 13 1. INTRODUÇÃO O manejo de fauna é um ramo das ciências biológicas pesquisado há anos em várias regiões de diferentes países (Mourão, 1992; Redford, 1992; Taber, 1992; Bodmer, 1995; Jorgenson, 1995; Ojasti, 1995; Rozo, 1997; Solis e Ortiz, 1997; Bucher, 1999; Giraudo e Abramson, 1999; Deem et al., 2001; Pantier et al., 2001; Oliveira et al., 2004; Peixoto et al., 2004), podendo ser definido como a manipulação das populações de animais selvagens, seus habitats e as interações entre ambos, com o intuito de atingir um objetivo de gerenciamento de populações (Valladares-Padua, 1995). O manejo de fauna pode ser considerado como uma interferência humana direta ou indireta, de forma ocasional ou sistemática, sobre indivíduos ou populações de uma ou várias espécies, visando à manutenção, recuperação ou à modificação do seu estado atual em um determinado ambiente, podendo ser efetuado com animais em vida livre, em cativeiro ou em semicativeiro (Magnusson, 1992; Néo, 1992; Santos, 1997; Leal, 2001; Morsello, 2001; Cavalcanti, 2003; Valladares-Padua et al., 2003). O manejo constitui um componente importante dos programas voltados para a conservação da vida animal em Unidades de Conservação, que precisam envolver pesquisas integradas para o conhecimento e monitoramento da biodiversidade (Câmara e Coimbra-Filho, 2000; Câmara, 2001; Capobianco et al., 2001; Morsello, 2001; Primack e Rodrigues, 2001; Cavalcanti, 2003; Cullen Jr. e Rudran, 2003; Jacob e Rudran, 2003; Mangini e Nicola, 2003; Perez-Sweeney et al., 2003; ValladaresPadua et al., 2003), fazendo com que as Unidades de Conservação correspondam aos objetivos de sua criação (Morsello, 2001; Pires, 2001; Pough et al., 2003; Terborgh, 2003). A introdução de espécies animais exóticas fora da sua distribuição geográfica natural e as conseqüências da permanência desses invasores no novo ambiente tem sido cada vez mais estudada, no sentido de avaliar os possíveis impactos decorrentes dessa prática (Affonso et al., 1999; Carlton, 1999; Morais e Lessa, 1999; Bergallo et al., 2000; MMA, 2000a; Ruiz-Miranda et al., 2000; Morsello, 2001; Primack e Rodrigues, 2001; Aguirre et al., 2002; Jaksic et al., 2002; Ziller, 2002; Cavalcanti, 2003; Ricklefs, 2003; Butler et al., 2004; Delibes et 14 al., 2004; Hickman Jr. et al., 2004; Moura, 2004; Ramos et al., 2004; Cruz et al., 2005; Pereira, 2005; Romais et al., 2005). A área de distribuição de muitas espécies é limitada por barreiras climáticas e ambientais à sua dispersão. Como resultado de tal isolamento geográfico, os padrões de evolução têm ocorrido de modo diverso; o homem alterou rapidamente esse padrão, desde os tempos pré-industriais, diminuindo o isolamento geográfico natural e transportando, deliberada ou acidentalmente, um grande número de espécies animais e vegetais, favorecendo a invasão ou introdução de espécies exóticas (Primack e Rodrigues, 2001). Por espécie exótica (não-nativa, não-autóctone) se entende a espécie ou subespécie que ocorre fora de sua área natural (passada ou atual) e de dispersão potencial (que não poderia ocupar sem uma introdução direta ou indireta, provocada pelo homem) (UICN, 2000; Oliveira, 2005). Por espécie exótica invasora se entende a espécie ou subespécie que, uma vez introduzida a partir de outros ambientes, se estabelece em um ecossistema ou habitat, natural ou seminatural; é um agente de mudança que ameaça a diversidade biológica nativa (UICN, 2000; Ziller, 2002). Segundo Ziller (2002), existem características que sensibilizam os ambientes à invasão, ou que explicam a sua susceptibilidade. As principais são: Fuga de limitações bióticas - Espécies exóticas introduzidas têm a potencial vantagem de estarem livres de seus habituais competidores, predadores e parasitas. Isto significa que as espécies introduzidas sobrevivem e se estabelecem não por possuir características extraordinárias e sim por terem sido colocadas num ambiente onde possuem vantagens competitivas. Riqueza de espécies da comunidade - Reforça a suposição de que a resistência de uma comunidade à invasão aumenta com o número de espécies presentes, pressupondo que quanto maior a riqueza, maior a estabilidade. Quanto maior a riqueza, menor a probabilidade de haver espaço para espécies introduzidas, dado que os recursos do sistema estão sendo utilizados mais integralmente. Perturbações no meio antes ou no momento da introdução – As perturbações no ambiente potencializam a dispersão e o estabelecimento de invasoras, especialmente após a redução da diversidade original por extinção de 15 espécies ou superexploração. A recorrência de perturbações ao meio aumenta a suscetibilidade das comunidades à invasão. Vários são os casos de extinção de espécies nativas, mudanças na estrutura das comunidades, substituição dos papéis ecossistêmicos e, até mesmo, alterações na estrutura física de ecossistemas, como conseqüência da introdução de espécies exóticas invasoras (Morsello, 2001; Ziller, 2002; Ricklefs, 2003; Hickman Jr. et al., 2004). Essas espécies introduzidas podem se tornar muito mais disseminadas e numerosas em seus novos habitats do que suas populações naturais na origem (Ricklefs, 2003), representando, portanto, uma ameaça para as comunidades e para a biodiversidade do planeta, pela possibilidade de homonegeização da biota terrestre (Morsello, 2001; Ziller, 2002; Ricklefs, 2003). A introdução de espécies em locais fora de sua distribuição natural é uma preocupação importante na conservação de espécies nativas entre as que apresentam risco de extinção, aproximadamente 18% são ameaçadas por espécies invasoras (Morsello, 2001; Pough et al., 2003), constituindo-se na segunda maior causa de perda de biodiversidade em todo o mundo (Pough et al., 2003; Ramos et al., 2004; Ziller, 2005). Pela situação em que se encontram diversas áreas invadidas e a falta de políticas de prevenção ao problema, a invasão de espécies exóticas está sendo equiparada a mudanças climáticas e à ocupação do solo como um dos mais importantes agentes de mudança global por causa antrópica (Ziller, 2002). Embora a grande maioria das espécies exóticas não se estabeleça nos lugares em que foi introduzida (porque o novo ambiente geralmente não é adequado às suas necessidades), uma certa porcentagem consegue se instalar e crescer às custas de espécies nativas (Primack e Rodrigues, 2001). As espécies exóticas podem deslocar as espécies nativas através de competição por limitação de recursos, ou por transmissão de enfermidades; podem ser predadoras das espécies nativas e levá-las à extinção, ou alterar o seu habitat de tal modo que muitas destas espécies não conseguem subsistir (Primack e Rodrigues, 2001; Ricklefs, 2003; Ramos et al., 2004). Uma das razões para que algumas espécies exóticas tenham tanta facilidade para invadir e dominar novos habitats, deslocando as espécies nativas, é a ausência de predadores naturais, doenças e parasitas no novo ambiente (Primack e Rodrigues, 2001). 16 Os alcances e custos das invasões biológicas são globais e enormes, em termos ecológicos e econômicos. Espécies exóticas invasoras são encontradas em todos os grupos taxonômicos, que virtualmente têm invadido e afetado a biota nativa de cada tipo de ecossistema sobre a Terra. O custo ecológico se constitui na perda irreparável de espécies e ecossistemas nativos. Aos custos ecológicos, são somados os custos econômicos diretos, da ordem de bilhões de dólares por ano (UICN, 2000). A ação humana pode criar condições ambientais não usuais, às quais as espécies exóticas podem se adaptar mais rapidamente do que as nativas. As concentrações mais altas de espécies exóticas são freqüentemente encontradas em habitats que foram, em grande parte, alterados por ação antrópica; adaptadas ao ambiente criado ou alterado pelo homem, ampliam facilmente sua área de ocorrência. Uma classe especial de espécies exóticas é formada por aquelas que possuem parentes próximos na biota nativa invadida. Quando há cruzamento entre essas espécies, genótipos únicos podem ser eliminados das populações locais e limites taxonômicos, que eram outrora claros, podem se confundir (Primack e Rodrigues, 2001). Após muitos esforços em procurar as características que melhor distinguem uma espécie como boa invasora e uma comunidade como “invasível”, os trabalhos atuais têm tentado concentrar-se nas interações entre invasor e comunidade-alvo. Ainda não se pode prever com confiança o resultado que terá a ocorrência de introdução de certa espécie, muito embora já possam ser feitas predições fortes e abrangentes que, no entanto, necessitam de maior esforço de pesquisa. A complexidade da interação entre espécie e comunidade é a razão central dessa dificuldade de predição (Morsello, 2001). A Convenção sobre Diversidade Biológica, a qual o Brasil é signatário, estabelece que se deve impedir a introdução, bem como controlar ou erradicar espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies (MMA, 2000a; Moura, 2004). Há dois focos quando se objetiva o controle de espécies exóticas: um é voltado a uma espécie em particular que se mostra um problema como invasor, e o outro (mais adequado a espécies vegetais) é voltar a ação a toda uma área em função da densidade de ocupação de diferentes espécies invasoras (Ziller, 2002). Quando se detecta uma espécie exótica invasora 17 potencial ou atual, ou seja, quando a prevenção não tiver obtido êxito, os passos estratégicos de manejo para mitigar os impactos adversos incluem a erradicação, a contenção e o controle (UICN, 2000). O propósito da erradicação é remover completamente a espécie exótica invasora (UICN, 2000), o que não implica necessariamente em extermínio, mas sim em uma remoção dos animais (como medida emergencial) ou em realização de experimentos (por exemplo, esterilização química) (Oliveira, 2005). O controle procura reduzir, em longo prazo, a abundância e/ou a densidade da espécie exótica invasora; um caso especial de controle é a contenção, cuja finalidade é limitar a dispersão da espécie exótica invasora, contendo a mesma dentro de limites geográficos definidos (UICN, 2000). Uma melhor informação e educação em todos os setores da sociedade sobre as espécies exóticas invasoras é fundamental para reduzir os riscos de introduções não-intencionais ou não-autorizadas e para estabelecer mecanismos de avaliação para autorização das introduções intencionais propostas. O controle e a erradicação de espécies exóticas invasoras têm mais possibilidade de êxito se forem apoiados por comunidades locais, setores e/ou grupos apropriados (UICN, 2000). O manejo de populações de espécies exóticas invasoras não abrange apenas a dimensão técnico-científica da questão, mas também aspectos éticos, sociais e legais que precisam ser considerados (Oliveira, 2005). O desenvolvimento de uma forte consciência sobre a necessidade de conservação da biodiversidade no Brasil teve seu início com os primatas (Mittermeier et al., 2005a). A partir das pesquisas com primatas dos gêneros Leontopithecus e Brachyteles, nas décadas de 60 e 70, respectivamente, mais notadamente Leontopithecus rosalia (mico-leão-dourado) e Brachyteles hypoxanthus (muriqui), usados como espécies-bandeira, foram desenvolvidos diversos programas de conservação e criadas inúmeras Unidades de Conservação, além do incentivo à intensificação e melhoria de manejo onde essas espécies ocorrem (Mittermeier et al., 2005a). A maioria das populações de primatas da Mata Atlântica está restrita a pequenos fragmentos; populações naturais, particularmente de sagüis, são ameaçadas por introduções de sagüis invasores (Costa et al., 2005). Estes foram - e estão sendo - introduzidos em numerosas áreas de Mata Atlântica, onde estão hibridizando (através de 18 cruzamentos interespecíficos) com espécies locais nativas ou ainda ocupando área das mesmas (Coimbra-Filho et al., 1993, apud Costa et al., 2005). Duas espécies de primatas, Callithrix jacchus (Linnaeus, 1758) - o sagüide-tufos-brancos (Figura 1) - e Callithrix penicillata (E. Geoffroy, 1812) - o sagüide-tufos-pretos (Figura 2) – que ocorrem respectivamente na Caatinga / Mata Atlântica do Nordeste e no Cerrado brasileiro (Stevenson e Rylands, 1988; Auricchio, 1995), foram introduzidas há vários anos em outras regiões de Mata Atlântica, particularmente no Sudeste do Brasil, se estabelecendo e ocupando a área de outras espécies nativas de calitriquídeos (Figura 3) (Stevenson e Rylands, 1988; Rylands, 1994a,b; Auricchio, 1995; Brandão e Develey, 1998; Cerqueira et al., 1998; Affonso et al.,1999; Ruiz-Miranda et al., 2000). Leontopithecus rosalia (Linnaeus, 1766) - o mico-leão-dourado (Figura 4), e Callithrix aurita (E. Geoffroy in Humboldt, 1812) - o sagüi-da-serra-escuro (Figura 5), ambas as espécies nativas da Mata Atlântica, encontram-se ameaçadas de extinção (Coimbra-Filho et al., 1983; Rylands, 1994a,b; Auricchio, 1995; Fonseca et al., 1996; Cerqueira et al., 1998; Brandão, 1999; Bergallo et al., 2000; Martins e Setz, 2000; Giovanini, 2002; Cunha, 2003; Rylands e Chiarello, 2003; Cunha, 2004a,b). 19 Figura 1 - Callithrix jacchus. Foto: Lílian Diniz, 1997. Fonte: Primatas em cativeiro – manejo e problemas veterinários (Diniz, 1997). Figura 2 – Callithrix penicillata no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 2005. 20 Figura 3 – Distribuição geográfica do gênero Callithrix, evidenciando a introdução de C. jacchus e C. penicillata na região Sudeste do Brasil. Fonte: www.icb.ufmg.br/~primatas/home_callithrix_map.htm 21 Figura 4 – Leontopithecus rosalia. Foto: Glória Jafet, 2003. Figura 5 – Callithrix aurita. Foto: Russel Mittermeier, 1994. Fonte: Livro vermelho dos mamíferos brasileiros ameaçados de extinção (Fonseca et al., 1994). 22 A espécie Callithrix aurita, endêmica das regiões de floresta de altitude da Mata Atlântica do Sudeste do Brasil (Coimbra-Filho et al., 1983; Stevenson e Rylands, 1988; Rylands, 1994b; Auricchio, 1995; Fonseca et al., 1996; Mendes, 1997b; Grelle e Cerqueira, 1999; Melo, 1999; Carrol, 2002; Rylands e Chiarello, 2003), ocorre nos estados de Minas Gerais (Martins, 1998; Cosenza e Melo, 1998; Martins e Setz, 2000; Melo et al., 2005; Tabacow et al., 2005), São Paulo (Coutinho, 1996; Brandão e Develey, 1998; Brandão, 1999; Corrêa et al., 1999; Oliveira et al., 1999a,b) e Rio de Janeiro (Cerqueira et al., 1998; Bergallo et al., 2000; SEMADS, 2001; Cunha, 2003, 2004a,b; Geise et al., 2004) (Figura 6). Pouco se sabe sobre o comportamento social ou a biologia reprodutiva da espécie em estado selvagem (Coutinho, 1996; Carrol, 2002). Os critérios que enquadram C. aurita como espécie ameaçada de extinção são diversos, sendo os mais relevantes: destruição do habitat, incapacidade de adaptação a florestas secundárias degradadas, declínio populacional, distribuição restrita, introdução de espécies exóticas invasoras (Rylands, 1994b; Mendes, 1997a; Brandão e Develey, 1998; Melo, 1999; Bergallo et al., 2000; SEMADS, 2001; Cunha, 2003; Rylands e Chiarello, 2003; Cunha, 2004a,b; Hilton-Taylor et al., 2004; Costa et al., 2005). Segundo Terborgh (1985, apud Auricchio, 1995), a associação mista é uma estratégia utilizada por espécies de primatas para formar territórios diferentes daqueles originais de cada espécie, defendendo-os de outros grupos de formação semelhante. É considerado um processo pelo qual as espécies buscam um equilíbrio ótimo entre proteção contra predadores e eficiência de alimentação. Esta associação entre espécies de primatas simpátricos (espécies similares, que ocupam a mesma área, ou cujas áreas coincidem em boa parte) e com habitats similares tem sido documentada na floresta amazônica, com aparentes benefícios mútuos (Auricchio, 1995; Boubli, 2002; Lopes e Rehg, 2003). Entretanto, a associação entre primatas nativos e exóticos é pouco estudada, podendo resultar, dentre outras coisas, em competição por recursos e troca de parasitas entre as duas espécies (Auricchio, 1995; Affonso et al., 1999; Ruiz-Miranda et al., 2000; Aiello e Mays, 2001; Ruiz-Miranda et al., 2006), o que constitui uma ameaça à conservação da espécie nativa (Morsello, 2001; Primack e Rodrigues, 2001; Ricklefs, 2003). Brandão e Develey (1998) relatam a potencial ameaça da 23 introdução de C. jacchus em áreas onde ocorre C. aurita, sugerindo que a sobreposição de nichos (conjunto de necessidades básicas à manutenção da espécie no habitat) pode ser prejudicial à permanência e/ou ao restabelecimento das populações da espécie nativa. Outras razões ainda merecem ser avaliadas, a fim de que ocorra uma melhor compreensão das alterações decorrentes da invasão biológica de C. jacchus e/ou C. penicillata em áreas de ocorrência de C. aurita, tais como: simpatria; pressão de caça; plasticidade comportamental (estratégia de exploração de diferentes recursos de alimento, o que permite às espécies utilizar os mais diversos ambientes, alterando o padrão de uso do espaço e o tamanho da área de vida); transmissão de parasitas; taxas reprodutivas; hibridação; substituição dos papéis ecossistêmicos, não necessariamente rompendo as funções ecossistêmicas da espécie nativa (embora os efeitos da introdução sejam de difícil predição) (Coimbra-Filho et al., 1983; Mendes, 1997a; Passamani et al., 1997; Affonso et al., 1999; Melo, 1999; Morais e Lessa, 1999; Valença et al., 1999; Bergallo et al., 2000; Ruiz-Miranda et al., 2000; Farias, 2002; Castro, 2003; Ricklefs, 2003; Brumana e Brandão, 2005). Figura 6 - Área de distribuição geográfica de C. aurita e outros calitriquídeos na região sudeste do Brasil, segundo MENDES (1997b). 24 Callithrix jacchus e C. penicillata são espécies extremamente generalistas e competitivas quanto ao habitat e seus recursos alimentares (Coimbra-Filho, 1972; Rizzini e Coimbra-Filho, 1981; Auricchio, 1995; Bergallo et al., 2000; Miranda e Faria, 2001; Vilela e Faria, 2002; Castro, 2003; Vilela e Faria, 2004), apresentando um alto potencial de dispersão (seja natural ou artificial – conseqüência do tráfico ilegal), reprodução e hibridação (Coimbra-Filho, 1972; Coimbra-Filho et al., 1983; Mendes, 1997a; Passamani et al., 1997; Cerqueira et al., 1998; Guerra et al., 1998; Melo, 1999; Morais e Lessa, 1999; Ruiz-Miranda et al., 2000; Farias, 2002; Castro, 2003; Cunha, 2003; Andreoli et al., 2004; Cunha, 2004a,b; Geise et al., 2004; Padrone, 2004; Araújo et al., 2005; Bezerra et al., 2005; Brumana e Brandão, 2005; Gianezzi et al., 2005; Mendes e Melo, 2005; Morais Jr., 2005; Passos et al., 2005; Pereira et al., 2005; Ruiz-Miranda, 2005; Santos et al., 2005). Vários trabalhos relatam a importância epidemiológica dessas espécies quanto à transmissão e manutenção de parasitas, em áreas de ocorrência natural ou não (Diniz, 1997; Cruz e Pissinatti, 1999; Valença et al., 1999; Almeida et al., 2001; Coutinho et al., 2005). Estas espécies já interagem ecologicamente (interação influenciada pela semelhança entre os nichos da espécie nativa e da espécie exótica) com L. rosalia em fragmentos de Mata Atlântica no Rio de Janeiro (Affonso et al., 1999; Valença et al., 1999; Lima et al., 2005). O valor das Unidades de Conservação como fonte de pesquisa é reconhecido há muito tempo pela comunidade científica, principalmente pelo fato de que essas áreas representam exemplos de ecossistemas com razoável integridade ecológica e funcionalidade, além de propiciar estudos a longo prazo, devido à sua proteção legal (Morsello, 2001). No entanto, a implementação e o efetivo manejo das Unidades de Conservação constituem um enorme desafio (Silva, 2005). Unidades como o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), localizadas na proximidade de centros urbanos importantes (Rio de Janeiro e área metropolitana), freqüentemente atraem mais visitantes e, sendo mais acessíveis, servem melhor aos propósitos de educação do público sobre o valor e a necessidade de conservação da natureza. Biologicamente, essas Unidades de Conservação são importantes por protegerem ecossistemas raros e/ou por estarem localizadas em regiões de alta taxa de endemismos. Em contrapartida, 25 encontram-se mais sujeitas a desequilíbrios físicos e biológicos e, por isso, requerem um monitoramento mais intensivo e intervenções de manejo mais freqüentes (Terborgh, 2003). 26 2. OBJETIVOS O presente estudo foi realizado visando fornecer subsídios como fundamentação para a implementação de um manejo efetivo em Unidades de Conservação. Tem como objetivos específicos (1) contribuir para a conservação de espécies nativas de primatas em Unidades de Conservação, (2) observando se há associação entre espécies exóticas invasoras e espécies nativas em seu ambiente natural. Através da (3) observação da ocorrência de espécies nativas e exóticas de primatas no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e da (4) avaliação da percepção ambiental dos moradores do entorno do Parque quanto à presença e à diferenciação dos calitriquídeos citados, objetiva-se (5) verificar a vulnerabilidade de C. aurita no PARNA-SO, (6) propondo estratégias de manejo para a conservação dessa espécie nativa. 27 3. ÁREA DE ESTUDO O Parque Nacional da Serra dos Órgãos é uma Unidade de Conservação de administração federal, tendo sido criada pelo Decreto Federal nº. 1.822, de 30 de novembro de 1939, alterado posteriormente pelo Decreto nº. 90.023, de 02 de agosto de 1984, que ampliou a área para 11.800 hectares, abrangendo parte dos municípios de Guapimirim, Magé, Petrópolis e Teresópolis (SEMADS, 2001) (Figuras 7 e 8), e inserido no hotspot Mata Atlântica (Chiarello, 1999; Ayres et al., 2005; Mittermeier et al., 2005b). É o segundo Parque Nacional mais visitado do Estado do Rio de Janeiro, oferecendo boas condições aos seus visitantes e pesquisadores, e tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas (Garcia e Filho, 2002; Rocha, 2002; Cunha, 2003; Andreoli et al., 2004; Bernardo, 2004; Cunha, 2004a, b; Macedo et al., 2004; Pereira et al., 2005) e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (MMA, 2000b). O PARNA-SO (22°52’- 22°24’ S, 45°06’- 42°69’ W) é a Unidade de Conservação mais antiga e fiscalizada da região da Serra dos Órgãos; engloba terras de cerca de 350m a mais de 2200m de altitude, ocupando quatro fisionomias vegetacionais: Floresta Ombrófila Densa Baixo Montana, Montana, Alto Montana, e Campos de Altitude (Veloso et al., 1991, apud Cunha, 2004b). O PARNA-SO segue o zoneamento estabelecido pelo Roteiro Metodológico de Planejamento de Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas (Galante et al., 2002, apud Cunha, 2004b), com as zonas (Zona de Recuperação ZR; Zona de Uso Intensivo - ZUI; Zona de Uso Extensivo - ZUE; Zona Primitiva ZP; e Zona Intangível - ZI) basicamente caracterizadas de acordo com o grau de uso / ocupação humana e com a preservação da biodiversidade. 28 Figura 7 – Mapa de localização do PARNA-SO. Fonte: www.ibama.gov.br 29 Figura 8 – Imagem de satélite do PARNA-SO. Fonte: www.cmcv.org.br 30 4. METODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido na área do Parque Nacional da Serra dos Órgãos incluída no município de Teresópolis (SEMADS, 2001), principalmente no entorno das áreas de maior uso / ocupação humana, caracterizadas como Zona de Uso Intensivo, onde está instalada praticamente toda a infra-estrutura do PARNA-SO (sede; centro de visitantes; casas do diretor, do montanhista, do pesquisador; estrada em direção à trilha da Pedra do Sino; área para recreação e demais dependências) (Figuras 9 e 10). O projeto foi encaminhado para aprovação e através do ofício nº. 18/2005 PARNA-SO, de 06/01/2005, foi obtida a licença de pesquisa. Foram realizadas quatro campanhas nos meses de abril, junho, julho e agosto de 2005 (num total de 16 dias), com o objetivo de observar co-ocorrência das populações de primatas das espécies C. aurita, C. jacchus e C. penicillata. Nesta região, Cunha (2003, 2004a, b) relatou a presença de primatas exóticos à fauna do PARNA-SO: Callithrix jacchus e C. penicillata. Foi destacada a presença, embora muito rara, do único calitriquídeo nativo da região, C. aurita (Castro, com. pess.; Cunha, 2003, 2004a,b). As observações dos grupos e indivíduos encontrados foram feitas através de registros visuais diretos. Como auxílio à observação, foi utilizado o método de “play-back” (Mendes, 1997b; Cosenza e Melo, 1998; Morais Jr. et al., 2004), que consiste em reproduzir chamadas de longa distância com o objetivo de atrair ou, no caso do presente estudo, manter os animais existentes na área amostrada, facilitando sua identificação. Para este estudo, foi utilizado um aparelho de som (“mini-system” Philips® AZ1004 CD Sound Machine, 50/60 Hz, 12 W), de uso doméstico, que reproduzia a vocalização de um indivíduo de sexo indefinido da espécie C. aurita. O método de “play-back” se mostrou bastante eficaz na manutenção dos animais avistados, por períodos relativamente longos, de até uma hora; porém, não atendeu às expectativas de atração dos animais (somente quando estes estavam muito próximos), provavelmente devido a pouca potência do aparelho e, em menor grau, à variação altitudinal da região (cerca de 200 metros entre a administração e o início da trilha da Pedra do Sino). Foram utilizados dois aparelhos de GPS (modelos Etrex-Garmin, na 2ª campanha; e 31 Eagle-Explorer, nas 3ª e 4ª campanhas), para o registro dos pontos de observação. Figura 9 - Folder com mapa de localização do PARNA-SO, 2004. 32 Figura 10 – Casa do Pesquisador, PARNA-SO. Foto: Patricia Maciel, 2005. Também foram feitas observações baseadas na evidência indireta das espécies (vocalizações), porém, sem definição das mesmas, pela impossibilidade do pesquisador de distinguir as vocalizações de cada espécie envolvida no estudo. Tanto os registros diretos quanto os indiretos foram realizados nas proximidades da estrada principal que leva à trilha da Pedra do Sino, bem como nas imediações da Casa do Pesquisador, da Casa do Montanhista, da Casa do Diretor e das Trilhas da Primavera e Mozart Catão. Foram percorridos, durante as campanhas realizadas, aproximadamente 230 km, com pouco mais de 100 horas de esforço amostral. Foi realizada ainda uma campanha em dezembro de 2005, de apenas um dia, com o objetivo de aplicar um questionário (Anexo 1) com os moradores que habitam a área de entorno do PARNA-SO, em um bairro conhecido como Granja Guarany. A aplicação do questionário tinha como objetivo averiguar a percepção ambiental dos moradores do entorno quanto à presença e à possibilidade de diferenciação das espécies de sagüis. Durante as entrevistas, o Sr. David Miller, 33 representante da Associação de Moradores e Amigos da Granja Guarany, foi o guia responsável pela localização e orientação das principais estradas a serem percorridas. Uma característica do bairro utilizado para a aplicação do questionário é de que várias residências são utilizadas para veraneio ou férias, estando fechadas durante grande parte do ano, inclusive no dia escolhido para as entrevistas. Por isso, nas ruas percorridas e visitadas, somente em 32 moradias foi possível realizar entrevistas com moradores da região, com a devida precaução de não induzir os entrevistados a qualquer tipo de resposta. Foram entrevistados proprietários adultos e crianças, além de funcionários adultos (caseiro, jardineiro, governanta). O questionário foi composto de 5 perguntas, que visaram obter informações básicas dos moradores quanto ao tempo de residência na região e ao avistamento de sagüis nas proximidades da residência do entrevistado; quando a resposta ao avistamento era positiva, questionava-se sobre o histórico de avistamento (ou seja, há quanto tempo o entrevistado observava esses animais), sobre a freqüência de avistamento e sobre o tamanho do grupo avistado. Ao final da entrevista, uma folha com fotos de primatas (Anexo 2) era apresentada ao entrevistado, com o objetivo de considerar ou não a veracidade das informações. A folha continha fotos dos primatas observados durante os trabalhos de campo deste estudo (C. aurita e C. penicillata), além de duas fotos de primatas amazônicos, a saber, Saimiri vanzolini e Saguinus bicolor. As fotos foram apresentadas como filtros adicionais, com o intuito de verificar se o entrevistado poderia reconhecer os animais avistados, testando a consistência dos relatos (Brandão e Develey, 1998; Ditt et al., 2003; Jerusalinsky et al., 2005). 34 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO As entrevistas com atores sociais que usam o entorno ou o interior de áreas protegidas permitem rápido acesso a informações qualitativas sobre a paisagem regional. Essas informações possibilitam, dentre outras coisas, o direcionamento de esforços e o fornecimento de dados sobre espécies da flora e da fauna para diagnosticar a situação de conservação local (Jerusalinsky et al., 2005). Do total dos moradores entrevistados (32) no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 21 (66%) afirmaram não ter avistado qualquer espécie de sagüi na área, e os restantes (34%) afirmaram ter avistado alguma espécie de primata. A maior parte dos entrevistados (64%) que afirmaram ter observado a ocorrência de primatas na área, através de visualização ou vocalização, estão morando na região há mais de 10 anos (Figura 11), e declararam ter avistado esses animais pelo menos nos últimos 5 anos. Entretanto, a maior parte desses entrevistados (64%) declarou que a visualização é rara, atingindo de 1 a 5 vezes por ano (Figura 12). Somente 27% dos entrevistados informou uma freqüência de avistamento semanal, em torno de 1 a 5 vezes. O número de indivíduos por grupo avistado não excedeu 7 (Figura 13), sendo que 46% dos entrevistados não observou grupos com mais de 2 indivíduos. 7 7 6 5 4 01 a 05 anos Número de entrevistados 4 06 a 10 anos 11 a 20 anos 3 2 0 1 0 1 Figura 11 – Tempo de moradia na propriedade do entorno do PARNA-SO, 2005. 35 7 7 6 5 4 01 a 05 vezes por ano 01 a 05 vezes por mês 3 Número de entrevistados 01 a 05 vezes por semana 3 2 1 1 0 1 Figura 12 – Freqüência de avistamento de primatas no entorno do PARNA-SO, 2005. 5 5 4 3 3 1 a 2 indivíduos 3 3 a 4 indivíduos Número de entrevistados 5 a 7 indivíduos 8 a 10 indivíduos 2 1 0 0 1 Figura 13 – Quantidade de indivíduos por grupo no entorno do PARNA-SO, 2005. 36 Dos 11 entrevistados que responderam com avistamento positivo, 7 afirmaram ter avistado C. penicillata (espécie exótica); 1 afirmou ter avistado C. aurita (espécie nativa); e 8 afirmaram ter avistado S. vanzolini (espécie amazônica, provavelmente confundida com Cebus nigritus – macaco-prego primata de médio porte comum na região). Durante a aplicação dos questionários, observou-se que a maior parte dos avistamentos positivos (82%) foi registrada nas áreas do entorno consideradas “altas” (região da Pedreira e parte alta da Estrada do Araquém), em residências bem próximas aos limites do PARNA-SO (algumas fazendo divisa com cercas do parque), sem qualquer evidência de barreira física significativa para o impedimento do trânsito dos sagüis, seja para dentro ou para fora dos limites do PARNA-SO. A maior parte dos entrevistados que não avistaram sagüis (86%) tem suas residências em áreas do entorno consideradas “baixas” (Alameda do Jandaia e parte baixa da Estrada do Araquém), em residências também próximas aos limites do PARNA-SO, porém, com um rio funcionando como divisa (caso da Alameda do Jandaia), podendo-se afirmar que, nessa área, o rio funciona como uma barreira geográfica ao trânsito dos sagüis para dentro ou para fora do PARNA-SO. A parte baixa da Estrada do Araquém corre paralela à Alameda do Jandaia, com residências já um pouco afastadas dos limites do Parque, razão pela qual se acredita não ter havido avistamento pelos 9 entrevistados nesse local. De modo geral, a maior parte dos entrevistados demonstrou pouco interesse e conhecimento sobre os primatas que ocorrem na região do PARNASO, em especial sobre os calitriquídeos, alvos desse estudo. O fato das campanhas terem sido realizadas durante apenas uma parte do ano (correspondente ao inverno), de acordo com a possibilidade de permanência no PARNA-SO e trabalho do pesquisador, não diminui a importância qualitativa dos dados obtidos, uma vez que Morais Jr. (2005) e Ruiz-Miranda et al. (2006) afirmam que o índice de associação entre espécies de sagüis invasores e o micoleão-dourado, na estação do inverno, é maior que 60%. Por razões similares, pode-se acreditar que, no caso desse estudo, esse índice também seja mais alto, o que auxiliou o registro dos grupos do PARNA-SO. 37 A primeira campanha (Tabela 1) constou de um reconhecimento da área de estudo, incluindo as principais trilhas usadas por visitantes, a trilha denominada Rancho Frio (aberta apenas para pesquisadores e funcionários do PARNA-SO), a estrada principal e as imediações da sede (administração, trilha do caxinguelê, portaria, centro de visitantes, etc.) (Figura 9). Foram registradas apenas observações indiretas de espécies de calitriquídeos, sem qualquer visualização, em um total de, aproximadamente, 22 km percorridos, totalizando cerca de 11 horas e 30 minutos de esforço amostral. Tabela 1 – Total de campanhas realizadas no PARNA-SO em 2005. Campanha Período Distância Esforço percorrida amostral Nº. de Nº. de observações observações diretas indiretas 1ª 21-23/04 22 km 11,5 horas 0 3 2ª 13-16/06 56 km 29,5 horas 4 4 3ª 25-29/07 64 km 30,5 horas 1 2 4ª 01-04/08 88 km 29,5 horas 2 5 Na segunda campanha, realizada em junho (Tabela 1), já de posse do aparelho de som para o “play-back” e de um aparelho de GPS para o registro dos pontos de observação (Tabela 2), foram feitas quatro observações diretas (visualização e aproximação) e quatro indiretas (vocalização). As vocalizações foram ouvidas em dias e horários diferenciados, com clara preferência pelo período da manhã, nas imediações da Casa do Pesquisador (por duas vezes) (Figura 10), nas proximidades da entrada da trilha do Rancho Frio, e próximo à ponte do Rio Paquequer. 38 Tabela 2 – Registro dos pontos de observação com auxílio de GPS. Campanha Observações Coordenadas Diretas UTM Junho 1ª 7515448 Junho 2ª 7515442 Junho 3ª 7515497 Junho 4ª 7515385 Julho 1ª 7515489 Agosto 1ª 7516021 Agosto 2ª 7516031 A primeira visualização do bando de calitriquídeos, por volta das 08h40min do primeiro dia, próximo à Casa do Montanhista (Figura 9), revelou um grupo misto, formado por um único indivíduo adulto da espécie C. aurita (nativo) (Figura 14) e cinco indivíduos, sendo dois juvenis, que não correspondiam à descrição de qualquer uma das três espécies procuradas (Auricchio, 1995). Por apresentarem características de coloração e pelagem intermediárias, esses indivíduos poderiam ser híbridos. O primeiro contato com indivíduos desse bando foi através de uma dupla, formada por dois adultos, sendo um C. aurita (Figura 15); após o insucesso na tentativa de acompanhamento dos animais, utilizou-se o “play-back”. Em menos de cinco minutos, a dupla voltou para a borda da mata, acompanhada de mais quatro indivíduos (Figuras 16 e 17). Os animais permaneceram bastante ativos durante a execução do “play-back”, particularmente o adulto C. aurita, que respondeu intensamente. Durante a observação, todo o grupo cruzou várias vezes a estrada, não se incomodando, inclusive, com a passagem de carros. A observação, o registro fotográfico e a marcação do ponto de observação do grupo tiveram a duração aproximada de 35 minutos, quando o grupo adentrou na mata em direção à Casa do Montanhista. 39 Figura 14 – Callithrix aurita adulto observado no PARNA-SO, 2005. Figura 15 – C. aurita e indivíduo híbrido observado no PARNA-SO, 2005. 40 Figura 16 – Indivíduo híbrido em Callithrix observado no PARNA-SO, 2005. Figura 17 – Indivíduo híbrido observado no PARNA-SO, no mês de junho, 2005. 41 A segunda observação direta de calitriquídeos foi registrada no mesmo dia, no início da tarde (12h55min), após uma vocalização nos fundos da Casa do Pesquisador, com imediato uso do “play-back”. Inicialmente, surgiu um indivíduo adulto da espécie exótica C. penicillata (Figura 18), bastante dócil, se aproximando progressivamente do aparelho de som, respondendo intensamente ao “play-back” e tolerante à aproximação do pesquisador. Outro indivíduo apareceu mais ou menos 20 minutos depois; apresentava tufos mais claros, curtos, bastante similares aos tufos descritos para C. aurita, porém, com uma coloração de dorso mais similar à descrita para C. penicillata (cinzenta e estriada), semelhante aos animais encontrados na primeira observação, denominados híbridos. A observação, o registro fotográfico e a marcação do ponto de observação da dupla tiveram a duração aproximada de 30 minutos. Figura 18 – C. penicillata observado no PARNA-SO, 2005. A terceira observação direta foi registrada no segundo dia pela manhã, às 10h50min, após uma vocalização nas imediações da entrada da trilha do Rancho Frio, com uso imediato do “play-back”; aparentemente, a mesma dupla de animais avistados no dia anterior. Como das outras vezes, os animais se mostraram 42 bastante curiosos quanto à origem das vocalizações emitidas pelo “play-back”, vocalizando muito e tentando se aproximar do aparelho de som. A observação, o registro fotográfico e a marcação do ponto de observação da dupla tiveram a duração aproximada de 40 minutos. A quarta observação direta foi registrada no quarto dia, pela manhã, às 08h40min, próximo à ponte do Rio Paquequer (Figura 9). Foram observados dois indivíduos híbridos, sendo um adulto e um juvenil. O método do “play-back” foi utilizado para manter os animais no local. A observação, o registro fotográfico e a marcação do ponto de observação da dupla tiveram a duração aproximada de 25 minutos. Na terceira campanha (Tabela 1), realizada em julho, foram feitas uma observação direta e duas indiretas. As vocalizações foram ouvidas em dias distintos, pela manhã e à tarde, nos fundos da área da administração e próximo à entrada de cima da trilha da Primavera, respectivamente. A única observação direta foi registrada no terceiro dia, no início da tarde (13h00min), na altura da entrada da trilha Mozart Catão (Figura 9). Foi observado um grupo misto, composto por três indivíduos adultos: um da espécie C. aurita (Figura 19), um C. penicillata (Figura 20) e um híbrido (Figuras 21 e 22). O método do “play-back” foi utilizado para manter os animais no local, que permaneceram vocalizando e cruzando a estrada algumas vezes. A observação, o registro fotográfico e a marcação do ponto de observação do grupo tiveram a duração aproximada de 60 minutos. 43 Figura 19 – C. aurita no PARNA-SO. Foto: Suzana Leite, 2005. Figura 20 – C. penicillata no PARNA-SO. Foto: Suzana Leite, 2005. 44 Figura 21 – Indivíduo híbrido observado no PARNA-SO. Foto: Suzana Leite, 2005. Figura 22 – Individuo híbrido observado no PARNA-SO, no mês de julho. Foto: Suzana Leite, 2005. 45 Na quarta campanha (Tabela 1), realizada em agosto, foram feitas duas observações diretas e cinco indiretas. As vocalizações foram ouvidas em dias e horários diferenciados, pela manhã e à tarde, nas proximidades da trilha Mozart Catão, próximo à entrada de baixo da trilha da Primavera (por duas vezes), na trilha lateral à Casa do Diretor, e nas imediações da Pousada “Refúgio do Parque”, na estrada (Figura 9). A primeira observação direta foi registrada no terceiro dia, às 15h15min, na trilha lateral à Casa do Diretor (Figura 9). Foi observado um grupo misto, composto por um indivíduo adulto C. aurita e mais dois indivíduos (aparentemente, o mesmo grupo observado na terceira campanha). Não foi possível fazer o registro fotográfico, pois o grupo estava localizado a uma altura muito elevada do chão. A observação e a marcação do ponto de observação tiveram a duração aproximada de 20 minutos. A segunda observação direta foi registrada no mesmo dia, minutos após a primeira observação, próximo à entrada de baixo da trilha da Primavera (Figura 9). Foi observado um único indivíduo adulto C. penicillata (Figuras 23, 24 e 25). Extremamente dócil, o animal permaneceu bastante ativo, vocalizando muito e andando pelos galhos e bambus próximos à estrada, chegando a subir na mochila do pesquisador que estava no chão. A observação, o registro fotográfico e a marcação do ponto de observação do animal tiveram a duração aproximada de 20 minutos. 46 Figura 23 – C. penicillata no PARNA-SO, 2005. Figura 24 – C. penicillata na estrada do PARNA-SO, 2005. 47 Figura 25 – C. penicillata observado no PARNA-SO, no mês de agosto. Foto: Patricia Maciel, 2005. Em relação aos grupos mistos, foi observado que, aparentemente, o adulto C. aurita exercia uma posição de “liderança”, sendo seguido pelos demais animais quando cruzava a estrada, ou quando perdia o interesse na vocalização emitida pelo “play-back”, adentrando na floresta. Não foi possível confirmar, pelas observações no campo, o sexo desses indivíduos. Estudos de campo e de cativeiro com o gênero Callithrix têm demonstrado que os indivíduos dominantes estão invariavelmente entre os indivíduos reprodutores, embora existam diferentes relações de dominância entre estes indivíduos; em populações de C. aurita, isso também ocorre, porém, sem poder afirmar que haja hierarquia ligada ao sexo (Coutinho, 1996). Não foi observada a presença de indivíduos da espécie C. jacchus, seja em grupos puros ou mistos. Provavelmente, nessa área do PARNA-SO, pode-se corroborar a afirmação de Cunha (2004b), que relata que C. jacchus, aparentemente, só ocorre fora dos limites do Parque. 48 Não foram observados grupos puros, tanto da espécie nativa quanto da espécie exótica, à exceção do único indivíduo da espécie C. penicillata, encontrado na última campanha. Callithrix penicillata apresenta uma área de vida com tamanho variando de 3,5 a 18,5 hectares (Miranda e Faria, 2001; Castro, 2003). Possui uma dentição mais especializada para a gumivoria (alimentação baseada em goma de árvores, exsudatos) (Auricchio, 1995) do que C. aurita, que apresenta uma área de vida com tamanho que varia entre 11 e 14,4 hectares (Rylands, 1994b; Castro, 2003). Como a goma é um item básico na dieta de C. penicillata, a possibilidade de um grupo dessa espécie ocupar uma área de vida de tamanho reduzido pode ser explicada pelo fato desse recurso alimentar estar disponível o ano inteiro; logo, poucas fontes são suficientes para suprir as necessidades do grupo (Castro, 2003). A grande diferença na variação do tamanho da área de vida de C. aurita e C. penicillata indica uma maior probabilidade de sobrevivência dessa última, pela adaptação à exploração das fontes de goma, permitindo a utilização dos mais diversos ambientes. Segundo Vivo (1991, apud Auricchio, 1995) e Marroig (1995), todos os taxa do gênero Callithrix podem ser distinguidos por caracteres de pelagem e coloração, o que parece ser um padrão geral para toda a família Callitrichidae. Indivíduos híbridos podem apresentar coloração similar à dos pais, mas geralmente, exibem padrões intermediários (Mendes, 1997a). De acordo com Veracini et al (2002), espécimes híbridos apresentam padrões vocais também intermediários entre as duas espécies parentes. Coimbra-Filho et al. (1993, apud Veracini et al., 2002) afirmam que, em geral, a hibridação natural entre as diferentes formas do grupo jacchus são raras e localizadas nas bordas / limites de suas áreas geográficas naturais. Mendes (1997b) afirma que entre C. flaviceps e C. geoffroyi, existe, na natureza, um claro mecanismo de isolamento reprodutivo, provavelmente comportamental ou ecológico, já que numa mesma localidade podem ser encontrados indivíduos com fenótipo típico de cada espécie, além de híbridos. Não há verdadeiramente uma zona de intergradação, mas, aparentemente, eventos de hibridação entre duas espécies, em região de relevo bastante irregular, onde suas áreas de distribuição geográfica se encontram. 49 Ao longo dos últimos anos, vários casos de hibridação natural têm sido relatados (Coimbra-Filho, 1972; Stallings e Robinson, 1991, apud Coutinho, 1996; Coimbra-Filho et al., 1993, apud Veracini et al., 2002; Auricchio, 1995; Marroig, 1995; Mendes, 1997a,b; Passamani et al., 1997; Melo, 1999; Morais e Lessa, 1999), provavelmente relacionados com a destruição dos habitats, o que, conseqüentemente, resulta em uma aproximação das distintas áreas geográficas dessas espécies (Passamani et al., 1997). De acordo com Coimbra-Filho et al. (1993, apud Veracini et al., 2002), existem três tipos de hibridação natural. O primeiro envolve populações de espécies ecologicamente distintas, que se originam nos ecótonos e limites de suas distribuições geográficas naturais; o segundo envolve taxa ecologicamente similares e seus limites de distribuição, mas não envolve ecótonos. O terceiro tipo considera espécies ecologicamente similares, mas envolve introduções de uma ou de ambas as espécies em áreas que podem ou não ser ecótonos (como C. jacchus e C. penicillata). Existem relatos de hibridação entre C. aurita e C. penicillata nos estados de São Paulo (Mendes, 1997a) e Minas Gerais (Stallings e Robinson, 1991, apud Coutinho, 1996), aparentemente associados à interferência antrópica. Segundo Mendes (1997b), não há casos de hibridação natural entre estas espécies. Citando o exemplo do Parque Estadual do Rio Doce, no Estado de Minas Gerais (onde há confluência dos limites de distribuição de C. aurita, C. geoffroyi e C. flaviceps, além de evidência da introdução de C. penicillata), Mendes (1997b) afirma que existe uma clara tendência à hibridação entre essas espécies e acredita que, caso a população introduzida seja pequena, comparada à população nativa, a tendência é o desaparecimento do fenótipo introduzido, por seleção natural contrária aos híbridos e por queda progressiva de sua freqüência gênica na população. Por outro lado, em casos de introduções maciças e dificuldades de adaptação à nova realidade pela espécie residente, pode ocorrer um fenômeno inverso. No presente estudo, a hibridação encontrada entre as espécies C. aurita e C. penicillata no PARNA-SO, fato não documentado até o momento no Estado do Rio de Janeiro, se insere dramaticamente nessa última análise, pelo avistamento de um grupo composto por C. aurita e híbridos, com evidente predominância desses últimos; de outro composto por C. aurita, C. 50 penicillata e híbrido; e pelo fato de C. penicillata ter sido avistado em dupla ou isolado, o que sugere introduções mais ou menos recentes e, principalmente, recorrentes. Estudos de hibridação de espécies de Callithrix em cativeiro (Coimbra-Filho et al., 1983; Coimbra-Filho et al., 1993, apud Veracini et al., 2002), com aspirações zootécnicas, visaram à obtenção de formas domésticas de sagüis para utilização na pesquisa científica, de modo a conseguir linhagens adaptáveis às condições artificiais dos biotérios. Estes estudos confirmaram não só a fertilidade interespecífica entre as cinco espécies utilizadas nos experimentos (C. jacchus, C. penicillata, C. geoffroyi, C. aurita e C. flaviceps), demonstrando que os híbridos de todas essas espécies são geneticamente férteis, mas também que sua descendência é bem mais vigorosa que a das espécies maternas. Combinando-se a suposta raridade e baixa densidade populacional de C. aurita (Rylands, 1994b; Coutinho, 1996; Cosenza e Melo, 1998) com a grande capacidade generalista e competitiva de C. penicillata quanto ao habitat e recursos alimentares (Rizzini e Coimbra-Filho, 1981; Stevenson e Rylands, 1988; Auricchio, 1995; Mendes, 1997a,b; Passamani et al., 1997; Guerra et al., 1998; Morais e Lessa, 1999; Bergallo et al., 2000; Miranda e Faria, 2001; Vilela e Faria, 2002; Cunha, 2003 - 2004a,b; Geise et al., 2004; Vilela e Faria, 2004; Araújo et al., 2005; Mendes e Melo, 2005; Morais Jr., 2005; Oliveira, 2005; Passos et al., 2005; Pereira et al., 2005; Santos et al., 2005), pode-se considerar a invasão biológica de C. penicillata como um fator importante para a redução das populações de C. aurita no PARNA-SO, fazendo com que, pela combinação de diversos fatores, C. aurita possa ser considerada a espécie de primata mais ameaçada do PARNA-SO. 51 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES De acordo com a Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Rylands e Chiarello, 2003), C. aurita é considerado o primata menos ameaçado da família Callitrichidae, sendo classificado como “vulnerável”. Com base nos dados obtidos por este estudo, pode-se afirmar que, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, essa espécie está seguramente em um estágio muito mais crítico de risco de extinção, principalmente pelo processo de invasão e instalação da espécie exótica C. penicillata. Infelizmente, este processo pode ser lento para a escala temporal humana, dificultando seu monitoramento e compreensão. Para salvar espécies ameaçadas de extinção como C. aurita, dois objetivos principais precisam ser alcançados: (A) redução das ameaças e (B) recuperação de sua viabilidade populacional. Para a conservação de espécies que tenham suas populações reduzidas, pesquisas sobre a situação das mesmas na natureza e a formulação de um programa de manejo específico devem ter prioridade. Quanto aos calitriquídeos que estão ocorrendo no PARNA-SO, algumas recomendações são importantes para o futuro. Primeiramente, é fundamental que (1) se incentivem pesquisas para o registro de outras populações de C. aurita em área de distribuição livre da invasão biológica de C. penicillata. Com o objetivo de mitigar os impactos da invasão biológica, é imperativo que se proceda a (2) um manejo adequado e racional dos grupos encontrados, realizando a remoção de todos os indivíduos de C. penicillata, além dos híbridos que venham a ser encontrados, e que formam grupos com indivíduos da espécie C. aurita. (3) Para os indivíduos de C. aurita que venham a ser encontrados isolados no grupo de híbridos, pode-se proceder ao encaminhamento para criação e reprodução em cativeiro, com o objetivo de realizar estudos controlados sobre a espécie, além de reforçar a colônia de C. aurita, mantendo os níveis de variabilidade genética em um patamar desejado. Quando essa alternativa não for possível, pode-se priorizar (4) a translocação (e conseqüente monitoramento) desses indivíduos isolados para áreas onde ocorra ao menos uma população de C. aurita, esperando que haja uma aproximação e posterior integração ao grupo ou, até mesmo, a 52 formação de um novo grupo, formado pelo indivíduo translocado e monitorado, e por outros indivíduos que venham a se afastar do grupo original. Pelo alto grau de desconhecimento das espécies de primatas que ocorrem no PARNA-SO, inferido através das entrevistas realizadas neste estudo, é importante que se apresentem os primatas nativos da região para a população, demonstrando o seu valor como patrimônio natural. No caso de C. aurita, pode-se ressaltar a endemicidade da espécie, fazendo com que a população tenha orgulho de morar em um município (ou de visitar um parque) onde exista uma espécie endêmica e rara. Através de campanhas realizadas nas áreas de entorno do PARNA-SO que tenham ocupação humana, pode-se recomendar aos moradores que não soltem nem alimentem espécies de sagüis invasores, ajudando a evitar novas introduções e o estabelecimento dos sagüis já introduzidos. O combate às espécies exóticas invasoras deve, portanto, ter a finalidade de reduzir riscos de introduções não-intencionais ou não-autorizadas, contribuindo, inclusive, para a diminuição do tráfico ilegal de animais. O controle e a erradicação de espécies exóticas invasoras terão mais possibilidades de êxito se forem apoiados por comunidades locais, setores e/ou grupos apropriados. 53 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFFONSO, A. G., RUIZ-MIRANDA, C. R., BECK, B. Interação ecológica entre micos-leões dourados reintroduzidos e micos-estrela introduzidos em fragmentos de Mata Atlântica, RJ – resultados preliminares. Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. Pp. 69-70. (1999) AGUIRRE, A. A., OSTFELD, R. S., TABOR, G. M., HOUSE, C., PEARL, M. C. (eds.) Conservation medicine: ecological health in practice. Oxford University Press. 407 p. (2002) AIELLO, S. E., MAYS, A. (eds.) Manual Merck de Veterinária. Tradução: Paulo Marcos Agria de Oliveira. 8ª Edição – São Paulo: Roca. (2001) ALMEIDA, M. F., MASSAD, E., AGUIAR, E. A. C., MARTORELLI, L. F. A., JOPPERT A. M. S. Neutralizing antirabies antibodies in urban terrestrial wildlife in Brazil. Journal of Wildlife Diseases 37 (2): 394-398. (2001) ANDREOLI, G., CASTRO, M. R., LIMA, L. Levantamento da macrofauna em trânsito no Parque Nacional da Serra dos Órgãos – PARNA/SO. CD-ROM Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 01 e 02 de dezembro de 2004. IBAMA / MMA: Parque Nacional da Serra dos Órgãos. (2004) ARAÚJO, R. M., SABATINI, V., RUIZ-MIRANDA, C. R. Análise bioacústica da vocalização de longa distância de sagüis (Callithrix jacchus e Callithrix penicillata) sob efeitos da fragmentação florestal. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 73. (2005) AURICCHIO, P. Primatas do Brasil. São Paulo: Terra Brasilis. 168 p. (1995) 54 AYRES, J. M., FONSECA, G. A. B., RYLANDS, A. B., QUEIROZ, H. L., PINTO, L. P., MASTERSON, D., CAVALCANTI, R. B. Os corredores ecológicos das florestas tropicais do Brasil. Abordagens inovadoras para conservação da biodiversidade do Brasil. Sociedade Civil Mamirauá, Belém – PA. 256 p. (2005) BERGALLO, H. G., GEISE, L., BONVICINO, C. R., CERQUEIRA, R., D’ANDREA, P. S., ESBERÁRD, C. E., FERNANDEZ, F. A. S., GRELLE, C. E., PERACCHI, A., SICILIANO, S., VAZ, S. M. Mamíferos. In: Bergallo, H. G., Rocha, C. F. D., Alves, M. A. S., Van Sluys, M. A fauna ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EdUERJ. 168 p. (2000) BERNARDO, C. A eficácia da lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – lei 9.985 / 2000: o caso do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PGCA) – Universidade Federal Fluminense (UFF). 153 p. (2004) BEZERRA, A. R. G. F., PELLES, J. E., TOSTES, J. M., BORGES, R. C., SANTOS, R. A. L. Análises preliminares das principais espécies de primatas encaminhadas aos Centros de Triagem de Animais Silvestres. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 47. (2005) BODMER, R. E. Manejo de fauna silvestre com las comunidades locales em la reserva comunal Tamhiyacu-Tahuayo. Resúmenes presentados para el II Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Iquitos – Peru, 5 a 10 de mayo de 1995. (1995) BOUBLI, J. P. Western extension of the range of bearded sakis: a possible new taxon of Chiropotes sympatric with Cacajao in the Pico da Neblina National Park. Neotropical Primates, 10 (1): 1-17. (2002) 55 BRANDÃO, L. D. Distribuição altitudinal e ambiente preferencial de Callithrix aurita Humboldt, 1812 (Primates: Callitrichidae) na Estação Ecológica de Bananal, Serra da Bocaina, São Paulo. Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. Pp. 61-62. (1999) BRANDÃO, L. D., DEVELEY, P. F. Distribution and Conservation of the Buffy Tufted-Ear Marmoset, Callithrix aurita, in Lowland Coastal Atlantic Forest, Southeast Brazil. Neotropical Primates, 6 (3): 86-88. (1998) BRUMANA, R., BRANDÃO, R. S. Padrão de atividade e comportamento social de indivíduos híbridos de Callithrix (Primates: Callitrichidae) em cativeiro, Santa Teresa, ES. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 79. (2005) BUCHER, E. H. Inserción del manejo de vida silvestre em la planificación regional y el manejo ecossistemico: prioridades y problemas. Resúmenes presentados para el IV Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Asunción – Paraguay, 4 al 8 de octubre de 1999. (1999) BUTLER, J. R. A., TOIT, J. T. DU, BINGHAM, J. Free-ranging domestic dogs (Canis familiaris) as predators and prey in rural Zimbabwe: threats of competition and disease to large wild carnivores. Biological Conservation, 115: 369-378. (2004) CÂMARA, I. G. Megabiodiversidade Brasil. Rio de Janeiro: Sextante. 206 p. (2001) CÂMARA, I. G., COIMBRA-FILHO, A. F. Proposta para uma política de conservação ambiental para o Estado do Rio de Janeiro. In: Bergallo, H. G., 56 Rocha, C. F. D., Alves, M. A. S., Van Sluys, M. A fauna ameaçada de extinção do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: EdUERJ. 168 p. (2000) CAPOBIANCO, J. P. R., VERÍSSIMO, A., MOREIRA, A., SAWYER, D., SANTOS, I., PINTO, L. P. (org.). Biodiversidade na Amazônia brasileira: avaliação e ações prioritárias para a conservação, uso sustentável e repartição de benefícios. - São Paulo: Estação Liberdade: Instituto Socioambiental. 540 p. (2001) CARLTON, J. T. A journal of biological invasions – Editorial. Biological Invasions, 1: 1. (1999) CARROL, J. B. (Ed.). Guia de Maneio da EAZA para Calitricídeos. Tradução: Patrícia Vilarinho Amaral – Zoo de Lisboa. EAZA / Bristol Zoo Gardens. 137 p. (2002) CASTRO, C. S. S. Tamanho da área de vida e padrão de uso do espaço em grupos de sagüis, Callithrix jacchus (Linnaeus) (Primates, Callitrichidae). Revista Brasileira de Zoologia 20 (I): 91-96. (2003) CAVALCANTI, S. M. C. Manejo e controle de danos causados por espécies da fauna. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) CERQUEIRA, R., MARROIG, G., PINDER, L. Marmosets and lions-tamarins distribution (Callitrichidae, Primates) in Rio de Janeiro State, South-eastern Brazil. Mammalia, t. 62, nº 2: 213-226. (1998) CHIARELLO, A. G. Effects of fragmentation of the Atlantic forest on mammal communities in south-eastern Brazil. Biological Conservation 89: 71-82. (1999) 57 COIMBRA-FILHO, A. F. Aspectos inéditos do comportamento de sagüis do gênero Callithrix (Callitrichidae, Primates). Revista Brasileira de Biologia 32 (4): 505-512. (1972) COIMBRA-FILHO, A. F., VALLADARES-PADUA, C. B., SILVA, R. R.; PISSINATTI, A., FISCHER, L. R. B. A ciência primatológica e o Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ). Symp. de Primatología, 9-15 oct., Arequipa – Peru, p. 259-270. (1983) CORRÊA, H. K. M., COUTINHO, P. E. G., FERRARI, S. F. Diferenças interanuais na ecologia alimentar de saguis-da-serra (Callithrix aurita e Callithrix flaviceps). Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. P.71. (1999) COSENZA, B. A. P., MELO, F. R. Primates of the Serra do Brigadeiro State Park, Minas Gerais, Brazil. Neotropical Primates 6(1): 18-20. (1998) COSTA, L. P., LEITE, Y. L. R., MENDES, S. L., DITCHFIELD, A. D. Conservação de mamíferos no Brasil. Megadiversidade, 1 (1): 103-112. (2005) COUTINHO, J. F. V., LIMA, I. D., SILVA, A. M. T., BONFIM, W. M., BARROS, V. L. R. S., VASCONCELLOS, P. F. C., HÔFER, E., ARAÚJO, G. B., MUNIZ, J. A. P. C., SOUZA, M. F. Investigação etiológica de uma grande epizootia em sagüis (Callithrix jacchus) numa área indene para febre amarela. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 92. (2005) COUTINHO, P. E. G. Comportamento reprodutivo de um grupo de Callithrix aurita (Platyrrhini, Primates) no Parque Estadual Serra do Mar, núcleo Cunha, São Paulo, Brasil. Dissertação de Mestrado – Universidade Federal do Pará / Museu Paraense Emílio Goeldi / Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Belém, 83 p. (1996) 58 CRUZ, F., DONLAN, C. J., CAMPBELL, K., CARRION, V. Conservation action in the Galàpagos: feral pig (Sus scrofa) eradication from Santiago Islands. Biological Conservation, 121: 473-478. (2005) CRUZ, J. B., PISSINATTI, A. Herpes simplex em Callithrix penicillata (Geoffroyi, 1812) (Primates: Callitrichidae). Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. P. 55. (1999) CULLEN JR., L., RUDRAN, R. Transectos lineares na estimativa de densidade de mamíferos e aves de médio e grande porte. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) CUNHA, A. A. Primates in the Serra dos Órgãos National Park: new records. Neotropical Primates, 11 (1), 49-51. (2003) CUNHA, A. A. Additional records of primates in the Serra dos Órgãos National Park. Neotropical Primates (News) 12 (1): 30-31. (2004)a CUNHA, A. A. Mudanças históricas e ameaças atuais à comunidade de grandes vertebrados da Serra dos Órgãos. CD-ROM Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 01 e 02 de dezembro de 2004. IBAMA / MMA: Parque Nacional da Serra dos Órgãos. (2004)b DEEM, S. L., KARESH, W. B., WEISMAN, W., UHART, M. M. La salud de la vida Silvestre en la conservación: tratando temas de America Latina. Resúmenes presentados para el V Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonia y Latinoamérica - Criterios de Sostenibilidad. Cartagena Colombia, 10 al 14 de septiembre de 2001. (2001) 59 DELIBES, M., CLAVERO, M., PRENDA, J., BLÁSQUEZ, M. C. FERRERAS, P. Potencial impact of an exotic mammal on rocky intertidal communities of northwestern Spain. Biological Invasions, 6: 213-219. (2004) DINIZ, L. S. M. Primatas em Cativeiro: Manejo e problemas veterinários: enfoque para espécies neotropicais. São Paulo: Ícone. 196 p. (1997) DITT, E. H., MANTOVANI, W., VALLADARES-PADUA, C. B., BASSI, C. Entrevistas e aplicação de questionários em trabalhos de conservação. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) FARIAS, J. K. N. P. Revisão bibliográfica das estratégias reprodutivas do Callithrix jacchus. Monografia – Especialização em Psicobiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. (2002) FONSECA, G. A. B., HERRMANN, G., LEITE, Y. L. R., MITTERMEIER, R. A., RYLANDS, A., PATTON, J. L. Lista Anotada dos Mamíferos do Brasil. Occasional Papers in Conservation Biology, 4: 1-38. Conservation Internacional, Washington, DC & Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte. (1996) FONSECA, G. A. B., RYLANDS, A., B., COSTA, C. M. R., MACHADO, R. B., LEITE, Y. L. R. Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 479 p. (1994) GARCIA, V. L. A., FILHO, J. M. A. Muriquis no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Neotropical Primates 10 (2): 97. (2002) GEISE, L., PEREIRA, L. G., BOSSI, D. E. P., BERGALLO, H. G. Pattern of elevational distribution and richness of non volant mammals in Itatiaia National Park and its surroundings, in southeastern Brazil. Brazilian Journal of Biology, 64 (3B): 599-612. (2004) 60 GIANEZZI, J., NETO, D. G., SANTIAGO, M. E. B. A ocorrência de sagüis de tufo branco (Callithrix jacchus) na região de Bauru (SP) e seus impactos sobre o ambiente e o homem. I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Exóticas Invasoras. Brasília, DF, Brasil. 04 a 07 de outubro de 2005. (2005) GIOVANINI, D. (org.). Animais Silvestres: vida à venda. Brasília: Dupligráfica. 260 p. (2002) GIRAUDO, A. R. & ABRAMSON, R. R. Usos de la fauna silvestre por pobladores rurales em la selva Paranaense de Misiones (Argentina). Resúmenes presentados para el IV Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Asunción – Paraguay, 4 al 8 de octubre de 1999. (1999) GRELLE, C. E. V., CERQUEIRA, R. Limites climáticos, vegetacionais e de altitude das distribuições geográficas de Callithrix aurita, Callithrix flaviceps, Callithrix geoffroyi e Callithrix kuhlii (Primates: Callitrichidae). Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. P. 77. (1999) GUERRA, R. F., TAKASE, E., SANTOS, C. V. Cross-fostering between two species of marmosets (Callithrix jacchus and Callithrix penicillata). Revista Brasileira de Biologia, 58 (3): 665-669. (1998) HICKMAN JR., C. P., ROBERTS, L. S., LARSON, A. Princípios integrados de zoologia. 11ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 846 p. (2004) HILTON-TAYLOR, C., RYLANDS, A. B., AGUIAR, J. M. 2003 IUCN Red List – Neotropical Primates. Neotropical Primates (News) 12 (1): 33-35. (2004) JACOB, A. A., RUDRAN, R. Radiotelemetria em estudos populacionais. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em 61 Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) JAKSIC, F. M., IRIARTE, J. A., JIMÉNEZ, J. E., MARTINEZ, D. R. Invaders without frontiers: cross-border invasions of exotic mammals. Biological Invasions 4: 157-173. (2002) JERUSALINSKY, L., OLIVEIRA, M. M., FERREIRA, J. G. Entrevistas para levantamento de dados em pesquisas para conservação de primatas. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 114. (2005) JORGENSON, J. P. Cambio em los patrones de la caceria de subsistencia atraves de mejoramientos socio-economicos – el ejemplo de los cazadores mayas em México. Resúmenes presentados para el II Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Iquitos – Peru, 5 a 10 de mayo de 1995. (1995) LEAL, R. P. Considerações sobre manejo de fauna. In: Bager, A. (org.) Anais do 1º Simpósio de Áreas Protegidas - Pesquisa e desenvolvimento sócioeconômico. Pelotas, 2-4 de outubro de 2001. Pelotas: Educat. (2001) LIMA, C. A. S., RUIZ-MIRANDA, C. R., COELHO, A. S., FARIA, G. V., MORAIS, M. M., BECK, B. B. Interações ecológicas entre micos-leões dourados (Leontopithecus rosalia) e saguis de tufo branco (Callithrix jacchus) e tufo preto (Callithrix penicillata) em fragmentos de Mata Atlântica. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 119. (2005) 62 LOPES, M. A. O. A., REHG, J. A. Observations of Callimico goeldi with Saguinus imperator in the Serra do Divisor National Park, Acre, Brazil. Neotropical Primates (Short articles) 11 (3): 181-183. (2003) MACEDO, J., ALMEIDA, P., BERENGUER, É., ANTUNES, V. Z., VIEIRA, M. V. Relações comunidade-entorno em um Parque Nacional: analisando o condomínio Garrafão no PARNA/SO. CD-ROM Encontro de Pesquisadores do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 01 e 02 de dezembro de 2004. IBAMA / MMA: Parque Nacional da Serra dos Órgãos. (2004) MAGNUSSON, W., E. Política do manejo da vida silvestre no Brasil. Resúmenes presentados para el I Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Belém – Brasil, 2 a 5 de fevereiro de 1992. (1992) MANGINI, P. R., NICOLA, P. A. Captura e marcação de animais silvestres. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) MARROIG, G. Espécies ou subespécies em Callithrix? Neotropical Primates 3 (1): 10-13. (1995) MARTINS, M. M. Feeding ecology of Callithrix aurita in a forest fragment of Minas Gerais. Neotropical Primates (News) 6 (4): 125-126. (1998) MARTINS, M. M., SETZ, E. Z. F. Diet of buffy-tufted-eared marmosets (Callithrix aurita) in a forest fragment in South-eastern Brazil. International Journal of Primatology 21 (3): 467-476. (2000) MELO, F. R. Caracterização molecular de Callithrix aurita, C. flaviceps, C. geoffroyi e de seus prováveis híbridos (Primates, Callithrichinae). 63 Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento – Universidade Federal de Viçosa. 62 p. (1999) MELO, F. R., COSENZA, B. A. P., FERRAZ, D. S., SOUZA, S. L. F., NERY, M. S., ROCHA, M. J. R. Declínio de uma população de Brachyteles hypoxanthus (Atelidae: Primates) na Fazenda Esmeralda, Rio Casca, Minas Gerais. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 126. (2005) MENDES, C. L. S., MELO, F. R. Novos registros do sagui-da-serra (Callithrix flaviceps) nos municípios de Manhuaçu, Manhumirim e Simonésia, Minas Gerais. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 128. (2005) MENDES, S. L. Hybridization in free-ranging Callithrix flaviceps and the taxonomy of the Atlantic Forest marmosets. Neotropical Primates 5(1): 6-8. (1997)a MENDES, S. L. Padrões biogeográficos e vocais em Callithrix do grupo jacchus (Primates, Callitrichidae). Tese de doutorado. Instituto de Biologia – Universidade Estadual de Campinas. 156 p. (1997)b MIRANDA, G. H. B., FARIA, D. S. Ecological aspects of black-pincelled marmoset (Callithrix penicillata) in the Cerradão and dense Cerrado of the Brazilian Central Plateau. Brazilian Journal of Biology, 61 (3): 397-404. (2001) MITTERMEIER, R. A., FONSECA, G. A. B., RYLANDS, A. B., BRANDON, K. Uma breve história da conservação Megadiversidade, 1 (1): 14-21. (2005)a da biodiversidade no Brasil. 64 MITTERMEIER, R. A., GIL, P. R., HOFFMANN, M., PILGRIM, J., BROOKS, T., MITTERMEIER, C. G., LAMOUREX, J., FONSECA, G. A. B. Hotspots revisited. Earth’s biologically richest and most endangered terrestrial ecorregions. CEMEX, Agrupación Sierra Madre. (2005)b MITTERMEIER, R. A., RYLANDS, A. B., COIMBRA-FILHO, A. F. Systematics: species and subspecies – an update. In: Mittermeier, R. A., Rylands, A. B., Coimbra-Filho, A. F., Fonseca, G. A. B. (Eds.) Ecology and Behavior of Neotropical Primates – Volume 2. World Wildlife Fund, Washington, D.C. Littera Maciel Ltda, 612 p. (1988) MMA (Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal). A Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB. Série Biodiversidade nº 1. Brasília – DF, Brasil. 30 p. (2000)a MMA (Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal). Lei nº 9.985 – Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Brasília – DF, Brasil. (2000)b MORAIS Jr., M. M. Sagüis do gênero Callithrix: espécies invasoras no norte do Estado do Rio de Janeiro. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 57. (2005) MORAIS Jr., M. M., ARAÚJO, R. M., RUIZ-MIRANDA, C. R. Avaliação do método de play-back utilizado no censo de mico-leão-dourado na natureza. Resumos do XXV Congresso Brasileiro de Zoologia, Brasília / DF. (2004) MORAIS Jr., M. M., LESSA, G. Tamanho, composição e território de um grupo social de possíveis híbridos de Callithrix (Primates: Callitrichidae) em Viçosa - MG. Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. Pp. 63-64. (1999) 65 MORSELLO, C. Áreas protegidas públicas e privadas: seleção e manejo. São Paulo: Annablume: Fapesp. 344 p. (2001) MOURA, R. C. G. A difícil definição de fauna exótica na legislação brasileira. 8º Congresso Internacional de Direito Ambiental – Fauna, Políticas Públicas e Instrumentos Legais. São Paulo / SP – 31 de maio a 03 de junho. (2004) MOURÃO, G. Pesquisa em manejo de fauna no Pantanal. Resúmenes presentados para el I Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Belém – Brasil, 2 a 5 de fevereiro de 1992. (1992) NÉO, F. A. Política da vida silvestre no Brasil. Resúmenes presentados para el I Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Belém – Brasil, 2 a 5 de fevereiro de 1992. (1992) OJASTI, J. Uso y conservación de fauna silvestre em la Amazonía Venezolana. Resúmenes presentados para el II Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Iquitos – Peru, 5 a 10 de mayo de 1995. (1995) OLIVEIRA, M. E. A., PEREIRA, D. G., VIVAS, D., SILVA, V. V., OLIVEIRA, L. F. B. Linking landscape features to mammal populations viability: the fragmented Atlantic forest, Rio de Janeiro, Brazil. Resúmenes presentados para el VI Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Iquitos – Peru, 5 al 10 de septiembre de 2004. (2004) OLIVEIRA, M. F., MENEZES, A. C., NASCIMENTO, M. I. Ocorrência de sagüisda-serra-escuros (Callithrix aurita) em áreas de florestas implantadas no alto Tietê e Vale do Paraíba – SP. Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. P. 75. (1999)a OLIVEIRA, M. F., NISHIE, M. J., MANZATTI, L. Reintrodução e monitoramento de um sagüi-da-serra-escuro (Callithrix aurita) na Serra do Itapety, Mogi das 66 Cruzes – SP. Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, ES, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. P. 47. (1999)b OLIVEIRA, M. M. Manejo de espécies invasoras: os diversos aspectos envolvidos. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 58. (2005) PADRONE, J. M. B. O comércio ilegal de animais silvestres: avaliação da questão ambiental no Estado do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PGCA) – Universidade Federal Fluminense (UFF). 114 p. (2004) PANTIER, M., NOSS, A., PAINTER, L., WALLACE, R. El manejo comunitario de fauna em Bolivia: critérios de sostenibilidad. Resúmenes presentados para el V Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Cartagena – Colombia, 10 al 14 de septiembre de 2001. (2001) PASSAMANI, M., AGUIAR, L. M. S., MACHADO, R. B., FIGUEIREDO, E. Hybridization between Callithrix geoffroyi and Callithrix penicillata in southeastern Minas Gerais, Brazil. Neotropical Primates 5(1): 9-10. (1997) PASSOS, F. C., MIRANDA, J. M. D., AGUIAR, L. M., LUDWIG, G., BERNARDI, I. P., MORO-RIOS, R. F. Distribuição e ocorrência de primatas no Estado do Paraná. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 146. (2005) PEIXOTO, S. S., PEREIRA, D. G., FARIAS, J. K. P., COUTO, M. N. C., PADRONE, J. M. B., OLIVEIRA, M. E. A. Avifauna silvestre no Rio de Janeiro, Brasil: espécies raras e generalistas na sustentação do comércio ilegal. Resúmenes presentados para el VI Congreso Internacional sobre Manejo de 67 Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Iquitos – Peru, 5 al 10 de septiembre de 2004. (2004) PEREIRA, D. G. Impactos de espécies exóticas invasoras sobre espécies nativas. I Jornada de Palestras em Comemoração à Semana do Meio Ambiente na Faculdade de Veterinária da UFF. Niterói, RJ – 01 a 03 de junho de 2005. (2005) PEREIRA, D. G., OLIVEIRA, M. E. A., RUIZ-MIRANDA, C. R., MACIEL, P. O. Impactos de espécies exóticas invasoras sobre espécies nativas: o caso dos calitriquídeos no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, RJ. I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Exóticas Invasoras. Brasília, DF, Brasil. 04 a 07 de outubro de 2005. (2005) PEREZ-SWEENEY, B. M., RODRIGUES, F. P., MELNICK, D. J. Metodologias moleculares utilizadas em genética da conservação. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) PIRES, J. S. R. Planos de manejo de unidades de conservação de proteção integral: aspectos conceituais e metodológicos. In: Bager, A. (org.) Anais do 1º Simpósio de Áreas Protegidas - Pesquisa e desenvolvimento sócio-econômico. Pelotas, 2-4 de outubro de 2001. Pelotas: Educat. (2001) POUGH, F. H., JANIS, C. M., HEISER, J. B. A vida dos vertebrados. 3ª Edição. Coord. Editorial: Ana Maria de Souza. São Paulo: Atheneu Editora. (2003) PRIMACK, R. B., RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: E. Rodrigues. 328 p. (2001) RAMOS, L. A., ROSÁRIO, D. A. P., MARCHESAN, A. M. M. A proteção à fauna e à biodiversidade: o princípio da prevenção e os possíveis efeitos nocivos 68 decorrentes da introdução e criação de tilápias e bagre-do-canal (catfish). 8º Congresso Internacional de Direito Ambiental – Fauna, Políticas Públicas e Instrumentos Legais. São Paulo / SP – 31 de maio a 03 de junho. (2004) REDFORD, K. H. Hunting in neotropical forests: a subsidy from nature. Resúmenes presentados para el I Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Belém – Brasil, 2 a 5 de fevereiro de 1992. (1992) RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. 5ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 503 p. (2003) RIZZINI, C. T., COIMBRA-FILHO, A. F. Lesões produzidas pelo sagüi, Callithrix p. penicillata (E. Geoffroy, 1812) em árvores do Cerrado (Callitrichidae, Primates). Revista Brasileira de Biologia 41 (3): 579-583. (1981) ROCHA, L. G. M. Os Parques Nacionais do Brasil e a Questão Fundiária: o caso do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PGCA) – Universidade Federal Fluminense (UFF). 190 p. (2002) ROMAIS, D. K., NETO, J. G., ZENNI, R. D., RIBEIRO, R. C., ZILLER, S. R. Resultados preliminares do informe nacional de espécies exóticas invasoras. I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Exóticas Invasoras. Brasília, DF, Brasil. 04 a 07 de outubro de 2005. (2005) ROZO, C. C. La caza, actividad que refleja cambio sociales: caso de San martin de Amacayacu, Amazonia, Colombia. Resúmenes presentados para el III Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Santa Cruz – Bolivia, 3 a 7 de diciembre de 1997. (1997) RUIZ-MIRANDA, C. R. Primatas invasores: oportunidade ou problema? Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a 69 Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 58. (2005) RUIZ-MIRANDA, C. R., AFFONSO, A. G., MARTINS, A., BECK, B. Distribuição do sagüi (Callithrix jacchus) nas áreas de ocorrência do mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) no Estado do Rio de Janeiro. Neotropical Primates, 8 (3): 98-101. (2000) RUIZ-MIRANDA, C. R., AFFONSO, A. G., MORAIS, M. M., VERONA, C. E., MARTINS, A., BECK, B. Behavioral and ecological interactions between reintroduced golden lion tamarins (Leontopithecus rosalia Linnaeus, 1766) and introduced marmosets (Callithrix spp Linnaeus, 1758) in Brazil’s Atlantic Coast Forest fragments. Brazilian Archives of Biology and technology, 49 (1): 99-109. (2006) RYLANDS, A. B. Mico-leão-dourado. In: Fonseca, G. A. B., Rylands, A. B., Costa, C. M. R., Machado, R. B., Leite, Y. L. R. (eds.). Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 479 p. (1994)a RYLANDS, A. B. Sagüi-da-serra-escuro. In: Fonseca, G. A. B., Rylands, A. B., Costa, C. M. R., Machado, R. B., Leite, Y. L. R. (eds.). Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção. Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas. 479 p. (1994)b RYLANDS, A. B., CHIARELLO, A. G. Official List of Brazilian Fauna Threatened with Extinction – 2003. Neotropical Primates 11 (1): 43-49. (2003) SANTOS, C. V., LUZ, K. P., SANT’ANNA, F. S. As três espécies de primatas do gênero Callithrix (Callithrix jacchus, Callithrix penicillata e Callithrix geoffroyi) introduzidos na ilha de Santa Catarina – SC: a importância da pesquisa na implantação do manejo. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens 70 Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 59. (2005) SANTOS, P. Um plano de manejo para a fauna silvestre de Mamirauá, Brasil. Resúmenes presentados para el III Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonia y Latinoamerica. Santa Cruz, Bolivia. 3 al 7 de Diciembre de 1997. (1997) SEMADS (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro). Atlas das Unidades de Conservação da Natureza do Estado do Rio de Janeiro. Vários Autores. São Paulo: Metalivros. 48 p. (2001) SILVA, M. O programa brasileiro de unidades de conservação. Megadiversidade, 1 (1): 22-26. (2005) SOLIS, V. & ORTIZ, N. Evaluación de los proyectos de manejo comunitario de vida silvestre – America Centraly Republica Dominicana: resultados preliminares del inventarios de proyectos de manejo comunitario de vida silvestre em la región. Resúmenes presentados para el III Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Santa Cruz – Bolivia, 3 a 7 de diciembre de 1997. (1997) STEVENSON, M. F., RYLANDS, A. B. The marmosets, genus Callithrix. In: Mittermeier, R. A., Rylands, A. B., Coimbra-Filho, A. F., Fonseca, G. A. B. (Eds.) Ecology and Behavior of Neotropical Primates – Volume 2. World Wildlife Fund, Washington, D.C. Littera Maciel Ltda, 612 p. (1988) TABACOW, F. P., SANTOS, R. R., MENDES, S. L. Novas localidades de ocorrência de sagüi-da-serra (Callithrix flaviceps) em fragmentos florestais do Estado de Minas gerais. Livro de Resumos do XI Congresso Brasileiro de Primatologia: Desafios para a Conservação em Paisagens Fragmentadas. Porto Alegre, RS, Brasil. 13 a 18 de fevereiro de 2005. P. 169. (2005) 71 TABER, A. B. Conservation and management of peccaries in the Paraguayan Gran Chaco. Resúmenes presentados para el I Congreso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre en la Amazonía y Latinoamérica. Belém – Brasil, 2 a 5 de fevereiro de 1992. (1992) TERBORGH, J. A Arca de Noé ou porque precisamos de parques. Natureza & Conservação – Revista Brasileira de Conservação da Natureza (ISSN 16790073).Vol. 1, nº 2 - pp. 09 a 15. 88 p. (2003) UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Guias para la prevención de perdidas de diversidad biológica ocasionadas por especies exóticas invasoras. 51ra Sésion del Consejo, Febrero del 2000, Gland, Suíça. (2000). Disponível em: http://www.iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/invasivesEng.htm. Acesso em 06/10/2004. VALENÇA, M. M., OLIVEIRA, J. B., MONTEIRO DA CRUZ, M. A. O. Infecção natural por Trypanosoma sp em Callithrix jacchus de vida livre. Livro de Resumos do IX Congresso Brasileiro de Primatologia, Santa Teresa, Espírito Santo, Brasil. 25 a 30 de julho de 1999. P. 56. (1999) VALLADARES-PADUA, C. B. Manejo de Fauna. Brasília. 65 p. (1995) VALLADARES-PADUA, C. B., MARTINS, C. S., RUDRAN, R. Manejo integrado de espécies ameaçadas. In: Cullen Jr., L., Rudran, R., Valladares-Padua, C. (org.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação e Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Ed. da UFPR; Fundação O Boticário de Proteção à Natureza. 667 p. (2003) VERACINI, C., GALLENI, L., FORTI, M. The concept of species and the foundations of biology, a case study: the Callithrix jacchus Group (Primates – Platyrrhini). Rivista di Biologia / Biology Forum 95: 75-100. (2002) 72 VILELA, S. L., FARIA, D. S. Dieta do Callithrix penicillata (Primate, Callitrichidae) em áreas de cerrado no Distrito Federal, Brasil. Neotropical Primates, 10 (1): 17-20. (2002) VILELA, S. L., FARIA, D. S. Seazonality of the activity pattern of Callithrix penicillata (Primates, Callitrichidae) in the Cerrado (scrub savanna vegetation). Brazilian Journal of Biology, 64 (2): 363-370. (2004) ZILLER, S. R. A estepe gramíneo-lenhosa no segundo planalto do Paraná: diagnóstico ambiental com enfoque à contaminação biológica. Tese de doutorado. Universidade Federal do Paraná. 177 p. (2002) ZILLER, S. R. A ciência das invasões biológicas – conceitos. I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Exóticas Invasoras. Brasília, DF, Brasil. 04 a 07 de outubro de 2005. (2005) 73 ANEXOS Anexo 1: Modelo do questionário aplicado aos moradores do entorno do PARNA-SO. PGCA Pós-Graduação em Ciência Ambiental INTERAÇÕES ENTRE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS E ESPÉCIES NATIVAS: CALITRIQUÍDEOS NO PARQUE NACIONAL DA SERRA DOS ÓRGÃOS, RJ. Questionário: Data:____/____/_____ Nome:________________________________________________________ Idade:_______ Profissão / Ocupação:_______________________________________ 1) Há quanto tempo o (a) senhor (a) possui / mora na propriedade ? 01 a 05 anos (1) 06 a 10 anos (2) 11 a 20 anos (3) 2) O (a) senhor (a) já avistou micos / saguis nas proximidades da sua residência ? SIM ( ) NÃO ( ) 3) Se sim, há quanto tempo ? ( HISTÓRICO ) 01 a 05 anos (1) 06 a 10 anos (2) 11 a 20 anos (3) 4) Quantas vezes ( FREQUÊNCIA DE AVISTAMENTO ) ? 01 a 05 vezes / ano (1) 01 a 05 vezes / mês (2) 01 a 05 vezes / semana (3) 5) Quantos indivíduos ( TAMANHO DO GRUPO ) ? 1a2( ) 3a4( ) 5a7( ) 8 a 10 ( ) 6) Identificação / confirmação de características físicas para auxílio na identificação de calitriquídeos que ocorrem no PARNA-SO (fotos dos animais, em anexo): a) Callithrix aurita: Presença de tufos auriculares de cor branca ou bege; coloração geral do corpo castanho-avermelhado escuro, às vezes todo negro; cauda negra com finos anéis brancos (estriada); mancha branca característica na fronte. b) C. penicillata: Presença de tufos auriculares longos e negros, em forma de pincel; coloração geral do corpo acinzentado-escuro com reflexos castanhos e pretos, em faixas transversais; cauda anelada na mesma cor do corpo. 74 Anexo 2: Folha com fotos de sagüis apresentada ao final do questionário.