VIVIANE SAYEGH GOMES LOPES
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL NA ADOLESCÊNCIA:
APRESENTAÇÃO CLÍNICA, HÁBITOS ALIMENTARES
E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Tese apresentada ao Curso de Pós Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do Título de Mestre em
Medicina
São Paulo
2009
Livros Grátis
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VIVIANE SAYEGH GOMES LOPES
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL NA ADOLESCÊNCIA:
APRESENTAÇÃO CLÍNICA, HÁBITOS ALIMENTARES
E PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA
Tese apresentada ao Curso de Pós Graduação da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de
São Paulo para obtenção do Título de Mestre em
Medicina.
Área de concentração: Pediatria
Orientador: Prof. Dr. Mauro Toporovski
Co-Orientadora: Profa. Dra. Veronica Coates
São Paulo
2009
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da
Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Lopes, Viviane Sayegh Gomes
Constipação intestinal na adolescência: apresentação clínica,
hábitos alimentares e estilo de vida./Viviane Sayegh Gomes
Lopes. São Paulo, 2009.
Tese de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Medicina.
Área de Concentração: Pediatria
Orientador: Mauro Toporovski
Co-Orientador: Veronica Coates
1. Constipação intestinal 2. Hábitos alimentares 3. Estilo de
vida 4. Adolescente
BC-FCMSCSP/04-09
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, José e Isabelle, exemplos de força, fé e determinação.
Vocês são meu porto seguro, meu equilíbrio, o motivo de eu seguir em frente e não
desistir. Obrigada por seu apoio e presença constantes, sem vocês minha vida não
seria completa.
AGRADECIMENTOS
“All you can do is your best and let God take care of the rest.”
(Michael Vanderwoud)
Aos adolescentes e seus responsáveis que participaram deste estudo, pela sua
paciência e cooperação.
À minha irmã Alessandra e meu cunhado Fabiano, obrigada por me apoiarem
sempre.
Ao Professor Doutor Mauro S. Toporovski, pela paciente orientação e confiança no
meu trabalho, suas atitudes e conhecimento contribuiram para meu crescimento
pessoal e profissional.
À Professora Doutora Veronica Coates, por sua confiança para o ingresso neste
trabalho.
Às professoras da cadeira de adolescência, obrigada pela sua ajuda e suporte nesta
minha jornada.
Ao meu tio Antônio Panaro, pelo tempo despendido com carinho e afinco me
ajudando num momento de dúvida.
Às amigas Daniela e Alessandra, pela amizade, paciência e carinho, principalmente
nas horas mais difíceis .
À amiga Josie, sem os seus conhecimentos e disponibilidade tudo seria muito mais
dificil.
À amiga Cláudia, obrigada por compartilhar suas experiências.
À Senhora Ana Bracht, pela ajuda nas finalizações necessárias.
À Senhora Creusa Dalbo, seus conhecimentos foram fundamentais para este estudo.
Aos funcionários da biblioteca da FCMSCSP, pela ajuda na realização das pesquisas
necessárias para o desenvolvimento deste trabalho.
Aos funcionários da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo, em especial à Rose e Sônia, pela paciência e apoio a este trabalho.
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, pela oportunidade
de realizar e concretizar este estudo.
À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, responsável pela minha
especialização .
À CAPES, pelo apoio financeiro.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................
1
2. OBJETIVOS ................................................................................
5
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS .....................................................
7
4. RESULTADOS ............................................................................
11
5. DISCUSSÃO ................................................................................
23
6. CONCLUSÕES ...........................................................................
28
7. ANEXOS ......................................................................................
30
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................
36
FONTES CONSULTADAS .......................................................
41
RESUMO .....................................................................................
43
ABSTRACT .................................................................................
45
APÊNDICE ..................................................................................
47
1. INTRODUÇÃO
“Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudá-lo a
encontrar por si mesmo.” (Galileu Galilei)
2
A constipação intestinal crônica funcional é uma patologia frequente na
Gastroenterologia Pediátrica, responsável, na literatura internacional, por cerca de 10 a 25%
das consultas nos ambulatórios especializados (Molnar et al, 1983; Taitz et al, 1986; Di
Lorenzo, 2000). No Brasil, estudos realizados mostraram que 40% das crianças de escolas
primárias em Porto Alegre apresentavam constipação crônica funcional (Zaslavsky et al,
1988), 17,5% dos menores de 10 anos em Recife (Motta, Silva, 1998), 28% dos escolares de
8 a 10 anos no Rio de Janeiro (Sant´Anna, Calçado, 1999) e 28,8% dos escolares de 6 a 16
anos, na cidade de Botucatu (Maffei et al, 1997). A grande maioria dos trabalhos sobre
constipação intestinal realizados no mundo enfocam a população infantil ou adulta, existindo
poucos trabalhos com adolescentes, como um estudo realizado em São José dos Campos,
especificamente com adolescentes entre 9 e 18 anos, que concluiu que a prevalência de
constipação intestinal ficou em 22,3%, sendo mais frequente no sexo feminino em 27,4%
(Oliveira et al, 2006).
Existem vários critérios para definição da constipação intestinal em crianças e
adolescentes, dentre eles o mais seguido é o critério de Roma III, definido pela presença de
pelo menos dois dos seguintes parâmetros: frequência evacuatória de duas vezes ou menos
por semana, ao menos um episódio de incontinência fecal por semana, história de
comportamento de retenção das fezes, história de evacuações dolorosas ou endurecidas,
presença de grande massa fecal no reto, história de fezes que obstruem o vaso sanitário.
Esses sinais e sintomas devem estar presentes por, no mínimo, um mês em lactentes e préescolares e dois meses em crianças e adolescentes de quatro a dezoito anos (Rasquin et al,
2006; Hyman et al, 2006).
A fisiopatologia da constipação é complexa e de etiologia multifatorial. Dentre os
fatores etiológicos destacam-se as práticas alimentares, círculo vicioso de evacuação
dolorosa gerando comportamento de retenção fecal, distúrbios da motilidade intestinal e
fatores constitucionais e hereditários (Loening-Baucke, 1993a; 1993b; Maffei et al, 1994).
3
As manifestações clínicas consideradas como complicações da constipação
intestinal crônica funcional são: dor abdominal recorrente, vômitos, sangue nas fezes,
infecções urinárias de repetição, retenção urinária, enurese, escapes fecais (Maffei et al,
1994).
Alguns autores constataram que as crianças com constipação funcional ingeriam
uma menor quantidade de fibras alimentares quando comparadas com as crianças saudáveis
(Maffei et al, 1994; Vitolo et al, 1998; Morais et al, 1999; Roma et al, 1999).
A adolescência, definida como o período entre 10 e 19 anos segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), é considerada de risco para adoção de práticas alimentares que
propiciam alta densidade energética e insuficiência de determinados nutrientes na dieta,
dentre os quais a fibra alimentar (Harnack et al, 1999; Niklas et al, 2000; Kant, 2003). Esta é
derivada da parede celular dos vegetais e atualmente inclui os polissacarídeos e
oligossacarídeos distintos do amido e a lignina, resistente à ação das enzimas digestivas. A
American Association of Cereal Chemists definiu, em 2000, como sendo fibra alimentar “a
parte comestível de vegetais ou carboidratos análogos resistentes à digestão e à absorção no
intestino delgado humano, com fermentação parcial ou completa no cólon”. A principal açào
das fibras vegetais é o de exercer um efeito laxante, porém podem igualmente contribuir para
a redução da glicose e/ou colesterol sanguíneo (Camire et al, 2001). É classificada de acordo
com a sua solubilidade na água em solúvel e insolúvel (Giovanini et al, 1996). A fibra
solúvel corresponde à matriz da fibra e compreende basicamente a celulose, lignina e
algumas hemiceluloses .
A dieta rica em fibras alimentares resulta em aumento da freqüência de evacuações,
fezes com maior volume, além de determinar diminuição no tempo de trânsito colônico
(Birkett et al, 1997; Camire et al, 2001). Essas modificações ocorrem devido a diversos
fatores como: alteração da microbiota colônica, maior retenção de água fecal (Food and
Nutrition Board, 2000; Camire et al, 2001), quantidade variável de fibra alimentar não
degradada (Council on Sicentific Affaires, 1989) e da fermentação da fibra alimentar
(Camire et al, 2001).
A Fundação Americana de Saúde estima que o consumo de fibra alimentar seja
calculado através da fórmula: idade (em anos) + 5g/dia em crianças e 20 gramas/dia em
adolescentes (Williams et al, 1995). Essas cifras são difíceis de serem atingidas com a dieta
4
habitual das crianças e adolescentes. Outros fatores relacionados aos hábitos diários e
constipação intestinal são a ingestão de líquidos e a prática de atividade física. A importância
deste estudo com adolescentes é analisar os hábitos no que se refere à dieta, ingestão de
líquidos e atividade física já que existem poucos trabalhos específicos com esta faixa etária.
5
2. OBJETIVOS
“Os grandes espíritos têm metas. Os outros, apenas desejos.”
(Washington Irving)
6
Os objetivos desta pesquisa são:
- comparar os adolescentes com e sem constipação no que se refere a:
a ) história familiar de constipação;
b ) hábitos alimentares;
c ) ingestão diária de líquidos;
d ) prática de atividades físicas;
7
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS
“Saber como se faz uma coisa é fácil; dificil é fazê-la.”
(Ditado Popular)
8
Local e população do estudo
O estudo foi desenvolvido nos ambulatórios de Gastroenterologia Pediátrica e de
Adolescentes da Santa Casa de São Paulo, avaliando 80 pacientes que foram separados em
dois grupos de 40 cada, segundo a presença ou ausência de constipação crônica intestinal
para posterior comparação.
Os responsáveis pelos participantes foram devidamente informados e assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo I)
Critérios de inclusão:
- Idade do paciente entre 10 e 18 anos incompletos;
- constipação intestinal crônica funcional há, no mínimo, 2 meses.
Critérios de exclusão:
- Adolescentes com anormalidades anatômicas do sistema digestório;
- Adolescentes portadores de doenças metabólicas, neurológicas e síndromes
genéticas;
- Uso recente de medicamentos que atuem na motilidade intestinal (mínimo de três
meses, sem medicação);
- Responsáveis não alfabetizados.
Metodologia do estudo
Foi aplicado um questionário aos adolescentes e seus responsáveis, aprovado pelo
Comitê de Ética e Pesquisa da Santa Casa de São Paulo (Apêndice I), composto por 15
9
perguntas gerais para avaliação do escore clínico de constipação (Anexo II) e caracterização
das fezes segundo a Escala de Bristol (Anexo III) (Riegler, 2001) e 9 perguntas sobre hábito
alimentar, ingestão de líquidos e atividade física (Anexo IV). Realizado exame físico geral,
avaliação do estadiamento puberal de Tanner (Tanner, 1962; Marshall, Tanner, 1984) e
medidas antropométricas com aferição do peso e estatura dos pacientes, que ficavam
descalços e em roupa íntima, seguindo as orientações de Gibson (1990). O peso foi aferido
em balança do tipo “plataforma” (Filizola, São Paulo, SP), previamente calibrada, com
capacidade para 150kg e sensibilidade de 10g. A estatura foi aferida em antropômetro de fita
métrica não distensível fixada na parede, com esquadro de madeira móvel colocado sobre o
topo da cabeça para se obter um ângulo reto. Após a obtenção das medidas de peso e altura
foi calculado o Indice de Massa Corpórea (IMC) utilizando-se a fórmula de peso dividido
pela altura ao quadrado (Rolland-Cachera et al, 1982).
Análise estatística
Inicialmente todas as variáveis foram analisadas descritivamente. Para as variáveis
quantitativas esta análise foi feita através da observação dos valores mínimos e máximos, e
do cálculo de médias, desvios-padrão e mediana. Para as variáveis qualitativas calculou-se
freqüências absolutas e relativas.
Para a comparação de médias de dois grupos foi utilizado o teste t de Student
(Rosner, 1986). Quando a suposição de normalidade foi rejeitada, foi utilizado o teste nãoparamétrico de Mann-Whitney (Rosner, 1986).
Para se testar a homogeneidade entre as proporções foi utilizado o teste quiquadrado
ou o teste exato de Fisher (Rosner, 1986) (quando ocorreram freqüências
esperadas menores de 5).
Foi utilizado o software SPSS 15. for windows para a realização dos cálculos.
O nível de significância utilizado para os testes foi de 5%.
10
Tipo de estudo:
Estudo descritivo e comparativo do tipo caso controle.
Comparabilidade dos grupos:
Para o controle de fatores de confundimento os grupos foram pareados por idade,
sexo, IMC, peso, altura e Tanner.
11
4. RESULTADOS
“A vida está cheia de desafios
que, se aproveitados de forma criativa,
transformam-se em oportunidades.”(Maxwell Maltz)
12
Características gerais da amostra
Foram avaliados 80 (oitenta) pacientes com idade entre 10 e 18 anos incompletos,
que foram divididos em dois grupos, de 40 (quarenta) cada, segundo a presença ou ausência
de constipação intestinal . Os critérios utilizados para a separação dos grupos foram baseados
na classificação de Roma III .
A média de idade observada entre os grupos foi de 13,20 anos para o grupo sem
constipação e de 13,25 anos para o grupo com constipação. Em relação às variáveis
antropométricas de peso, altura e IMC temos o peso variando de 33 a 84 quilos (kg), com
média de 48,01kg para os sem constipação e de 25,1 a 93,1kg, com média de 47,71 kg para
os com constipação; altura de 1,35 a 1,79 metros (m) para o primeiro grupo e de 1,33 a
1,83m para o segundo grupo, sendo a média das alturas de 1,54 m igual para os dois grupos.
Quanto ao IMC observou-se uma média de 20,11 para o grupo sem constipação e de 19,98
para o grupo com constipação (Tab. 1).
13
TABELA 1: Valores de média, desvio-padrão, mínimo, máximo e mediana das variáveis
antropométricas mensuradas nos adolescentes, segundo o grupo de
constipação.
Variável
Sem (n=40)
Constipação
Com (n=40)
Idade
Média + dp
13,20
+
2,02
13,25
+
2,36
(anos)
(min; max)
(10,00
;
17,00)
(10,00
;
17,00)
Mediana
IMC
13,00
20,11
+
3,28
19,98
+
3,55
(min; max)
(14,47
;
31,31)
(14,19
;
32,60)
19,69
Média + dp
48,01
+
11,21
47,71
+
11,18
(quilo)
(min; max)
(33,00
;
84,20)
(25,10
;
93,10)
46,50
Média + dp
1,54
+
0,10
1,54
+
0,10
(metros)
(min; max)
(1,35
;
1,79)
(1,33
;
1,83)
1,55
0,907
48,15
Altura
Mediana
0,869
19,95
Peso
Mediana
0,919
13,00
Média + dp
Mediana
p*
0,938
1,55
(*) nível descritivo de probabilidade do teste t de Student.
IMC = índice de massa corporal
dp = desvio padrão
No que se refere à classificação de Tanner observada nos pacientes, ao exame
físico, 47,5% (19 pacientes) sem constipação apresentaram Tanner 5 em relação a 40% (16
pacientes) com constipação (Tab. 2).
14
TABELA 2: Frequências absolutas e relativas da classificação de Tanner, segundo o grupo
de constipação.
Constipação
Tanner
Sem
Com
n
%
n
%
1
4
10,0
2
5,0
2
6
15,0
12
30,0
3
5
12,5
5
12,5
4
6
15,0
5
12,5
5
19
47,5
16
40,0
Total
40
100
40
100
p*
0,555
(*) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
Em relação ao sexo, os grupos dividiram-se segundo a tabela 3.
TABELA 3: Frequências absolutas e relativas do sexo, segundo o grupo de constipação.
Constipação
Sexo
Sem
Com
n
%
n
%
p*
Feminino
23
57,5
17
42,5
0,180
Masculino
17
42,5
23
57,5
Total
40
100
40
100
(*) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
Manifestações clínicas da constipação intestinal encontradas na amostra:
Nos pacientes constipados, observou-se uma duração média da constipação de 6,79
anos com uma frequência evacuatória média de uma vez a cada seis dias (dp = ± 4,48 ),
sendo a última evacuação há 2,43 dias em média. Nos pacientes não constipados a
frequência evacuatória média foi de uma vez a cada 1,23 dias (dp = ± 0,42 ), sendo a última
há menos de um dia em média.
15
Segundo a consistência das fezes, 20 pacientes com constipação (50%)
apresentaram-nas sob a forma de “bananas” com rachos profundos, seguidos de 15 (37,5%)
sob a forma de pelotas e nove (22,5%) sob a forma de “bananas” com rachos superficiais,
apenas um (2,5%) paciente apresentou a consistência de “bananas” lisas enquanto que 28
pacientes sem constipação (70%) apresentaram esta forma das fezes, seguidos por oito
(20%) sob a forma de massa e quatro (10%) de “bananas” com rachos superficiais. Somente
um paciente (2,5%) deste segundo grupo apresentou fezes sob a forma de pelotas e um
(2,5%) de “bananas” com rachos profundo, isto demonstrado na tabela 04.
TABELA 4: Frequências absolutas e relativas da consistência das fezes, segundo o grupo de
constipação.
Constipação
Presença da
Característica
Sem (n=40)
n
%
Com (n=40)
n
%
Pelotas
1
2,5
15
37,5
< 0,001
Bananas c/rp
1
2,5
20
50,0
< 0,001
Bananas c/rs
4
10,0
9
22,5
0,130
Bananas lisas
28
70,0
1
2,5
< 0,001
Massa
8
20,0
0
0,0
0,006
Liquidas
0
0,0
0
0,0
-
p*
(*) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
Rp = rachos profundos
Rs= rachos superficiais
Dos sintomas gerais considerados, nenhum paciente dos dois grupos apresentou
vômito e apenas um paciente constipado (2,5%) relatou sentir ânsia. Em relação à plenitude
pós-prandial, 35% dos constipados referiram sua presença contra 7,5% dos não constipados
(p < 0,003); flatulência apareceu em 70% dos indivíduos do primeiro grupo e em 15% do
segundo grupo (p < 0,001) e dor abdominal em 87,5% dos constipados contra 37,5% do
grupo controle (p < 0,001) (Tab. 5).
16
TABELA 5: Frequências absolutas e relativas dos sintomas gerais, segundo o grupo de
constipação.
Constipação
Sintoma
Sem
Com
n
%
n
%
p*
Vômito
0
0,0
0
0,0
-
Ânsia
0
0,0
1
2,5
1,000(2)
Dor abdominal
15
37,5
35
87,5
<0,001(1)
Plenitude pós-prandial
3
7,5
14
35,0
0,003(1)
Flatulência
6
15,0
28
70,0
<0,001(1)
(1) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
(2) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
Foram analisadas, também, manifestações clínicas características da constipação
intestinal nos dois grupos sendo que no grupo sem constipação apenas dez pacientes (25%)
relataram força para evacuar esporadicamente sendo o restante dos fatores analisados
ausentes. Dentre os constipados, 37 pacientes (92,5%) relataram força para evacuar e 30
deles (75%) dor durante o ato evacuatório, também 30 pacientes (75%) apresentaram
comportamento de retenção, 20 (50%) escape fecal, 21 (53,9%) massa palpável, 12 ( 30%)
sangramento nas fezes e nove (23,1%) fissuras ao exame físico, todas as variáveis com
p<0,001 (Tab. 6).
TABELA 6 Frequências absolutas e relativas dos sinais e sintomas, segundo o grupo de
constipação.
Sinal/Sintoma
Constipação
Sem (n=40)
Com (n=40)
n
%
n
%
p
Dor
0
0,0
30
75,0
<0,001(1)
Força
10
25,0
37
92,5
<0,001(1)
Sangue
0
0,0
12
30,0
<0,001(1)
Escape
0
0,0
20
50,0
<0,001(1)
Fissuras
0
0,0
9
23,1
<0,001(2)
Retenção
0
0,0
30
75,0
<0,001(1)
Massa palpável
0
0,0
21
53,9
<0,001(2)
(1) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
(2) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
17
Antecedentes familiares
Quanto aos antecedentes familiares de constipação, foram observados que 24
pacientes constipados (61,5%) apresentaram história familiar positiva para esta entidade
contra 11 (27,5%) dos pacientes não constipados (p<0,002), um paciente constipado não
respondeu a este item por ser adotado e não saber o histórico familiar (Tab. 07). Dos
pacientes com história familiar positiva para constipação, observou-se, nos dois grupos, uma
predominância de mães constipadas em relação ao grau de parentesco. (Tab. 8)
TABELA 7: Frequências absolutas e relativas de antecedentes familiares, segundo o grupo
de constipação.
Constipação
Sem
Com#
n
%
n
%
p*
0,002
Antecedentes
Não
29
72,5
15
38,5
Familiares
Sim
11
27,5
24
61,5
(*) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
#: um (2,5%) paciente do grupo Com constipação não respondeu a este item por ser adotado
TABELA 8: Frequências absolutas e relativas da incidência familiar de constipação segundo
o grau de parentesco.
Constipação
Grau de
Parentesco
Sem
Com
N
%
n
%
Irmãos
2
18,2
5
20,8
Mãe
7
63,6
16
66,7
Mãe/irmãos
0
0,0
1
4,2
Pai
2
18,2
2
8,3
Total
11
100,0
24
100,0
p*
0,819
( * )nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
18
Hábitos alimentares e ingestão de líquidos
Com relação aos hábitos alimentares dos adolescentes estudados, o questionário
abordou o consumo de vegetais folhosos, legumes, leguminosas, frutas, com as freqüências
aproximadas de seus consumos e também açúcares como balas, chocolates e doces em geral
e frituras.
Na tabela 9, estão demonstrados os dados referentes ao hábito alimentar dos grupos
constipados e não constipados, onde destaca-se um maior número de pacientes deste
segundo grupo (37 pacientes) consumindo vegetais folhosos em relação ao primeiro grupo
(23 pacientes), com significância estatística desta variável de p<0,001. Nos demais alimentos
questionados, legumes, leguminosas, frutas, açúcares e frituras não houve diferenças
estatisticamente significativas quanto ao seu consumo entre os grupos.
TABELA 9: Frequências absolutas e relativas do hábito alimentar, segundo o grupo de
constipação.
Constipação
Sem
Ingestão de
Com
n
%
n
%
p*
Vegetais Folhosos
37
92,5
23
57,5
< 0,001(1)
Legumes
34
85,0
31
77,5
0,390(1)
Leguminosas
35
87,5
33
82,5
0,531(1)
Frutas
38
95,0
39
97,5
1,000(2)
Açucares
40
100,0
40
100,0
1,000(2)
Frituras
38
95,0
38
95,0
1,000(2)
(1) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
(2) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
As frequências de consumo dos vegetais folhosos, legumes, leguminosas e frutas
estão, respectivamente, representadas nas tabelas 10, 11, 12 e 13. Destaca-se que, apesar do
número de adolescentes dos dois grupos que consumiam legumes e leguminosas não ter
apresentado diferença estatística, a frequência do uso destes dois alimentos variou entre eles,
sendo que o grupo sem constipação apresentou 13 adolescentes (38,2%) consumindo cinco
vezes ou mais por semana contra três dos constipados (9,7%), no que se refere aos legumes
19
e em relação às leguminosas, também 13 (37,1%) do primeiro grupo, contra quatro (12,1%)
do segundo grupo com esta mesma frequência.
TABELA 10: Frequências absolutas e relativas a frequência do consumo de vegetais
folhosos, segundo o grupo de constipação.
Constipação
Sem
Frequência de consumo
Com
n
%
n
%
5 vezes/semana ou mais
17
45,9
7
30,4
4 vezes/semana
2
5,4
2
8,7
3 vezes/semana
5
13,5
4
17,4
2 vezes/semana
6
16,2
4
17,4
1 vez/semana
6
16,2
5
21,7
2 vezes/ mês
1
2,7
1
4,3
Total
37
100,0
23
100,0
p*
0,864
(*) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
TABELA 11: Frequências absolutas e relativas do consumo de legumes, segundo o grupo
de constipação.
Constipação
Sem
Frequência de consumo
Com
n
%
n
%
5 vezes/semana ou mais
13
38,2
3
9,7
4 vezes/semana
1
2,9
0
0,0
3 vezes/semana
9
26,5
4
12,9
2 vezes/semana
5
14,7
14
45,2
1 vez/semana
4
11,8
9
29,0
3 vezes/ mês
1
2,9
0
0,0
2 vezes/ mês
1
2,9
0
0,0
1 vez/ mês
0
0,0
1
3,2
Total
34
100,0
31
100,0
p*
0,002
(*) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
20
TABELA 12: Frequências absolutas e relativas do consumo de leguminosas, segundo o
grupo de constipação.
Constipação
Sem
Frequência de consumo
Com
n
%
n
%
5 vezes/semana ou mais
13
37,1
4
12,1
4 vezes/semana
2
5,7
0
0,0
3 vezes/semana
8
22,9
4
12,1
2 vezes/semana
5
14,3
12
36,4
1 vez/semana
4
11,4
9
27,3
3 vezes/ mês
2
5,7
2
6,1
2 vezes/ mês
0
0,0
1
3,0
1 vez/ mês
1
2,9
1
3,0
Total
35
100,0
33
100,0
p*
0,026
(*) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
TABELA 13: Frequências absolutas e relativas do consumo de frutas, segundo o grupo de
constipação.
Constipação
Sem
Frequência de consumo
Com
n
%
n
%
5 vezes/semana ou mais
21
55,3
13
33,3
4 vezes/semana
2
5,3
0
0,0
3 vezes/semana
4
10,5
8
20,5
2 vezes/semana
5
13,2
7
17,9
1 vez/semana
5
13,2
7
17,9
3 vezes/ mês
1
2,6
1
2,6
2 vezes/ mês
0
0,0
1
2,6
1 vez/ mês
0
0,0
2
5,1
Total
38
100,0
39
100,0
p*
0,244
(*) nível descritivo de probabilidade do teste exato de Fisher
21
Foi questionado, também, sobre o consumo de água, sucos e refrigerantes. No
grupo sem constipação, foi observado um consumo de água médio de 1,31 litros por dia
(mínimo de 0,5 litros/dia e máximo de 3 litros/dia), contra 0,94 litros por dia nos constipados
(mínimo de 0,25litros/dia e máximo de 2litros/dia), com p=0,008; 0,74 litros por dia de
sucos no primeiro grupo (mínimo de 0 e máximo de 1,25 litros/dia) contra 0,24 litros por dia
no segundo grupo (mínimo de 0 e máximo de 0,75 litros/dia), p<0,001 e 0,53 litros por dia
de refrigerantes nos sem constipação (mínimo de 0 e máximo de 1,5 litros/dia) contra 0,55
litros por dia nos com constipação (mínimo de 0 e máximo de 1,0 litros/dia), p=0,753
(Tab.14).
TABELA 14: Valores de média, desvio-padrão, mínimo, máximo e mediana das variáveis
da quantia de líquidos ingeridos por dia mensuradas nos adolescentes,
segundo o grupo de constipação.
Água
Sucos
Refrigerantes
Total
Constipação
n
Média
dp
Mínimo
Máximo
Mediana
p*
Sem
40
1,31
0,65
0,50
3,00
1,25
0,008
Com
40
0,94
0,38
0,25
2,00
1,00
Sem
40
0,74
0,31
0,00
1,25
0,75
Com
40
0,24
0,23
0,00
0,75
0,25
Sem
40
0,53
0,39
0,00
1,50
0,50
Com
40
0,55
0,30
0,00
1,00
0,50
Sem
40
2,58
0,60
1,50
4,00
2,50
Com
40
1,71
0,42
1,00
2,50
1,53
< 0,001
0,753
< 0,001
(*) nível descritivo de probabilidade do teste não-paramétrico de Mann-Whitney
22
Atividade física
Com relação à prática de atividade física, o questionário abordou sua realização ou
não e o tempo aproximado. No grupo com constipação, 21 (52,5%) negaram realizar
qualquer atividade física, enquanto 19 (47,5%) admitiram realizar atividade física com uma
média de tempo de 1,59 horas (dp= ± 0,54 ). No grupo sem constipação, 14 (35%) negaram
qualquer atividade física contra 26 (65%) que relataram sua realização com um tempo médio
de 2,34 horas ( dp= ± 1,38 ) (Tab. 15).
TABELA 15: Frequências absolutas e relativas da prática de atividade física, segundo o
grupo de constipação.
Constipação
Sem
Atividade
Física
Com
n
%
n
%
p*
Não
14
35,0
21
52,5
0,115
Sim
26
65,0
19
47,5
(*) nível descritivo de probabilidade do teste qui-quadrado
23
5. DISCUSSÃO
“Se queremos progredir, não devemos repetir a história,
mas fazer uma história nova” (Gandhi)
24
O presente estudo baseou-se na comparação feita entre 40 adolescentes de 10 a 17
anos com constipação intestinal crônica funcional e 40 adolescentes na mesma faixa etária
sem a doença, segundo os critérios de Roma III.
Os grupos não apresentaram diferenças estatisticamente relevantes em relação às
variáveis de confundimento: idade, peso, altura, IMC, estadiamento puberal de Tanner e
sexo, caracterizando-se numa amostra homogênea.
A idade média da amostra de constipados foi de 13,25 anos, com uma duração
média da constipação de 6,79 anos, o que mostrou início da queixa na infância, dado
compatível com os achados da literatura como o que foi observado por Zaslavsky et al
(2004), um estudo com adolescentes entre 12 e 18 anos com constipação funcional, onde a
idade da primeira consulta foi de 14 ± 2 anos, com um início dos sintomas com 6 ± 4 anos; e
por Medeiros et al (2007), que avaliaram informações da primeira consulta de 561 pacientes
com diagnóstico de constipação crônica, distribuídos por faixa etária, e nos adolescentes
(11% da amostra) encontraram um intervalo entre o início dos sintomas e a primeira consulta
de 5,6 anos aproximadamente, com idade média na primeira consulta de 11,2 anos.
No grupo sem constipação, a frequência evacuatória ficou em torno de uma
evacuação a cada 1,23 dias, sendo a última há menos de um dia em média, já nos
constipados esta freqüência foi de uma a cada seis dias em média.
Mantendo a concordância com os dois estudos supra citados, está a análise da
consistência das fezes, que, neste estudo, nos adolescentes do grupo constipado,
apresentaram-se, em sua maioria (87,5%) ressecadas e endurecidas sob a forma de pelotas
(37,5%) e “bananas” com rachos profundos (50%), com significância estatística em relação
aos não constipados. No trabalho de Zaslavsky et al (2004), estes números giraram em torno
de 75% e no estudo de Medeiros et al (2007), 84,2% de fezes endurecidas nas amostras
estudadas.
25
A constipação intestinal pode vir acompanhada de sintomas gerais além de sinais e
sintomas característicos desta patologia. A presença de vômitos é descrita em crianças em
uma taxa de 19% (Maffei et al, 1994 ), os adolescentes do presente estudo negaram sua
ocorrência como acontece em outros estudos com esta faixa etária e com adultos. Foi
observada uma alta incidência de fissuras (23,1%), massa palpável (53,9%), comportamento
de retenção (75%) e força para evacuar (92,5%) quando comparados com trabalhos em
crianças que descreveram taxas de presença de fissuras entre 7 e 18% e de massa palpável
em 26% (Goshima et al, 1998; Martinez-Costa et al, 2005); já em seu trabalho com
adolescentes em 2007, Medeiros relata presença de fissuras anais em 7,1% da amostra e
comportamento de retenção em 27,2% dos estudados e em adultos observou-se presença de
força à evacuação em 84,7% ( Chan et al, 2007). Em relação a escape fecal, foi relatada uma
incidência de 50% nos adolescentes constipados estudados, sendo que, na literatura,
observaram-se taxas de 31 a 45,4% em crianças (Maffei et al, 1994; 1997; Goshima et al,
1998; Martinez-Costa et al, 2005) e de 23 a 76,7% em adolescentes (Zaslavsky et al, 2004;
Medeiros et al, 2007) com a mesma patologia; sangramento nas fezes foi um sintoma
relatado em 30% da presente amostra e não tão frequente se comparado com dados na
mesma faixa etária, 54%, apresentados por Zaslavsky et al em 2004. Observaram-se achados
concordantes com os encontrados em adultos ( Johanson, Kralsten, 2007 ), no que se referiu
à dor para evacuar (75%) e flatulência (70%). Uma alta incidência de dor abdominal é
encontrada em adolescentes constipados, 73,6% ( Medeiros et al, 2007 ), e também referida
pela presente amostra em 87,5% dos casos, talvez pela baixa frequência evacuatória
apresentada, provocando maior distensão intestinal e impactação das fezes, com presença
elevada de flatulência. Um número elevado de adolescentes apresentou plenitude pósprandial (35%), que nos trabalhos, em geral, não aparece, talvez porque em crianças seja um
sintoma de difícil relato.
A etiopatogenia da constipação intestinal crônica funcional não é plenamente
conhecida, acreditando-se que fatores constitucionais, hereditários, alimentares e
psicológicos ou emocionais, associados ou não a distúrbios da motilidade intestinal, possam
estar envolvidos (Clayden, 1992; Partin et al, 1992). Na literatura, são encontradas
referências à relevância da história familiar de constipação em crianças constipadas como
ocorre tanto em Goshima et al (2004), como em Oliveira et al (2006), que descrevem leve
concordância entre a ocorrência de constipação nos pacientes dos respectivos estudos e seus
pais; já em Zaslavsky et al (2004), a história familiar de constipação foi relatada por 79%
26
dos adolescentes constipados o que se assemelha aos dados encontrados por Cota, Miranda,
(2006), e Magalhães et al (2002), em relação a adultos jovens. O presente estudo observou
uma história familiar positiva para constipação em proporção significativamente maior no
grupo de adolescentes constipados (61,5%) quando comparado com o grupo controle
(27,5%), sendo em sua maior parte constituída pelas mães em 66,7% dos casos, confirmando
que fatores hereditários podem estar associados a esta patologia.
Em relação aos fatores alimentares, é bem documentado o papel da fibra alimentar,
principalmente do tipo insolúvel, na fisiopatogenia, prevenção e tratamento da constipação
intestinal crônica funcional (American Dietetic Association, 1988; Fenn et al, 1986). Sabe-se
que vegetais folhosos, legumes, leguminosas e frutas são alimentos ricos em fibra e foram
questionados em nosso estudo, assim como a ingestão de açúcares na forma de balas,
chocolates e doces e frituras. Não foi quantificado, neste estudo, a quantidade de fibra dos
alimentos, apenas o hábito ou não de consumi-los e suas frequências aproximadas mas em
um estudo realizado com crianças por Morais et al em 1996, observou-se uma ingestão
estatisticamente inferior de fibras insolúveis, cerca dois terços menor, quando comparadas
crianças com e sem constipação.
Segundo Fisberg et al (2000), o comportamento alimentar do adolescente está
fortemente influenciado pelos hábitos de alimentação e vinculados ao grupo etário a que
pertence. Preocupações com a imagem corporal, hábitos e costumes do grupo têm
características comuns e tendem a influenciar fortemente os registros alimentares desse
grupo. Observou-se uma diferença de consumo, entre os presentes grupos, somente em
relação ao número de adolescentes que consumiam vegetais folhosos (92,5% dos não
constipados contra 57,5% dos constipados); nas demais variáveis, como legumes,
leguminosas e frutas não ocorreram diferenças estatisticamente significativas em relação ao
número de adolescentes que as consumiam. Ocorreram diferenças quanto às frequências de
consumo dos legumes e das leguminosas, nas quais os não constipados apresentaram sempre
frequências maiores, de cinco vezes ou mais por semana. Foi observado que os dois grupos
consomem, em média com frequência superior a três vezes por semana, açúcares e frituras.
Esta grande proporção vai ao encontro do achado por Santos et al (2005) e Matos, Martins
(2000).
A ingestão de líquidos também é um fator associado à constipação intestinal e
altamente recomendado, na literatura, como tratamento e prevenção desta entidade
27
(Fitzgerald, 1987; Tremaine, 1990; Clayden, 1992; Dardaine et al, 1994; Cuppari, 2003). Foi
observado, neste trabalho, que os adolescentes não constipados ingerem uma quantidade
maior de líquidos, em média 2,58 litros, contra 1,50 litros dos constipados, tendo
predominado o consumo de água e sucos, sem diferenças em relação ao consumo de
refrigerantes entre os dois grupos.
Outro fator associado à constipação intestinal é a prática de exercícios físicos, que
proporcionam movimentos no intestino grosso e mudanças hormonais que provocam efeitos
mecânicos, facilitando o peristaltismo (Dukas et al, 2003).A atividade física é responsável,
também, por melhorar o tônus muscular da musculatura pélvica e abdominal, facilitando a
expulsão do bolo fecal após esforço (Ambrogini, 2003). No estudo realizado por Dukas et al
em 2003, foi demonstrado que mulheres que praticavam atividade física diária e tinham uma
ingestão de, aproximadamente, 20 gramas de fibras, possuiam uma prevalência duas a três
vezes menor de constipação intestinal quando comparado com mulheres que não praticavam
exercícios e consumiam uma quantidade aproximada de sete gramas de fibras por dia.
O presente estudo considerou as aulas de educação física das escolas como
atividade física além de outras práticas esportivas mencionadas e encontrou que 65% dos
adolescentes sem constipação praticavam algum exercício físico contra 47,5% dos
constipados, valor que não demonstrou significância estatística .
28
6. CONCLUSÕES
“Bom mesmo é ir à luta com determinação, abraçar a vida e viver com paixão, perder
com classe e viver com ousadia. Pois o triunfo pertence a quem se atreve e a vida é
muito bela para ser insignificante” (Charles Chaplin)
29
A comparação dos fatores analisados entre os dois grupos demonstrou significância
em relação à história familiar positiva para constipação, ingestão de menor quantidade de
líquidos, menor frequência de consumo de vegetais folhosos, legumes e leguminosas, por
parte dos adolescentes constipados.
- Não foi observada diferença estatística em relação à prática de atividade física
entre os dois grupos.
30
7. ANEXOS
31
Anexo I Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu ___________________________________________________________,
autorizo
voluntariamente meu filho/a _________________________________________________,
a responder ao questionário sobre Constipação Intestinal Crônica em Adolescentes, que
tem por objetivo traçar o perfil dos adolescentes com constipação intestinal (intestino
preso) e sua relação com os grupos alimentares que come, composto de 15 questões diretas
que irão estabelecer o hábito intestinal, mais inquérito alimentar recordatório para
esclarecer o tipo de alimentação e estimar a quantidade de fibra diária, que será aplicado
durante a consulta de rotina em ambulatório, após as devidas explicações e
esclarecimentos, beneficiando, inclusive, o tratamento, já que será possível corrigir
eventuais erros.
Fui devidamente orientado sobre seu conteúdo e uso exclusivo dos resultados para esta
pesquisa, sem fins lucrativos, ficando as informações colhidas sob total sigilo. Também
fui esclarecido sobre o teor desta autorização, e me foi ressaltado que posso, a qualquer
momento, desistir de participar deste estudo sem que isso venha a causar algum prejuízo
ao tratamento de meu filho/a.
São Paulo, ___ /____ /_____
______________________________________________
Assinatura do/a responsável
______________________________________________
Assinatura da Pesquisadora
Dra. Viviane Sayegh Gomes Lopes
32
Anexo II
Questionário de Constipação Intestinal em Adolescentes
Nome:
RG:
Data:
Idade:
Telefone:
1) Você acha que tem intestino preso ou é ressecado? Sim □
Há quanto tempo:
Não □
2) Frequência evacuatória:
x/dia:
x/semana:
3) ÚItima evacuação:
4) Sente dor ao defecar? Sim □ Não □
Frequência:
Nas últimas 5 evacuações, quantas teve dor?
5) Consistência das fezes:
Frequência
Pelotas, enrugadas ou partidas: □
Duras □
Banana com rachos profundos: □
Banana com rachos superficiais: □
Banana lisa: □
Macias □
Massa: □
Líquidas: □
6) Força muito para evacuar? Sim □
Frequência:
Não □
7) Apresenta /já apresentou sangue nas fezes? Sim □
Frequência:
Não □
8) Apresenta/já apresentou algum (ns) deste(s) sintoma(s)? Sintoma(s)?
Sintoma
Frequência
□ Vômitos □ Dor abdominal □ Empachamento
□ Flatulência (gases) □ Escape fecal
9) Já realizou algum tratamento para constipação intestinal? Sim □
10) Quantidade de líquidos que ingere por dia:
copos/dia:
litros/dia:
11) Comportamento de retenção: prende as fezes?
Frequência:
Sim □
Não □
Não □
Qual:
33
12) História familiar de constipação? □ Pai
13) Antropometria:
Peso:
p( )
□ Mãe
Altura:
p(
)
□ irmãos
IMC:
p(
14) Tanner:
l5) Exame físico: Geral
Presença de fissuras: □ Sim
Massas abdominais palpáveis:
-
□ Não
□ Sim
Frequência evacuatória:
Dor para evacuar:
Sensação de evacuação incompleta:
Dor abdominal:
Tempo desespera para evacuação:
Ajuda para evacuar:
Tentativas (falhas) para evacuar em 24h
Duração da constipação:
□ Não
Nota:
Nota:
Nota:
Nota:
Nota:
Nota:
Nota:
Nota:
)
34
Anexo III
Caracterização das Fezes segundo Escala de Bristol
35
Anexo IV
Questionário de hábitos diários
1- Ingestão de folhas verdes? □ Sim
vezes/dia
vezes/semana
Quais?
□ Não
vezes/mês
2- Ingestão de legumes? □ Sim □ Não
vezes/dia
vezes/semana
vezes/mês
Quais?
3- Ingestão de frutas?
□ Sim □ Não
vezes/dia
vezes/semana
vezes/mês
Quais?
4- Ingestão de balas?
□ Sim □ Não
vezes/dia
vezes/semana
5- Ingestão de chocolates e doces?
vezes/dia
vezes/semana
□ Sim □ Não
vezes/mês
6- Ingestão de frituras?
□ Sim □ Não
vezes/dia
vezes/semana
7- Ingestão de salgados de saquinho?
vezes/dia
vezes/semana
vezes/mês
vezes/mês
□ Sim □ Não
vezes/mês
8- Ingestão de pipoca?
□ Sim □ Não
vezes/dia
vezes/semana
9- Faz alguma atividade física?
□ Sim
Qual?
vezes/semana
vezes/mês
vezes/mês
□ Não
36
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
37
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43
RESUMO
44
Lopes VSG. Constipação intestinal na adolescência: apresentação clínica, hábitos
alimentares e estilo de vida. 2008. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo.
Introdução: A constipação crônica funcional é uma patologia freqüente na
Gastroenterologia Pediátrica, responsável por 10 a 25 % das consultas em ambulatórios
especializados com taxas variando entre 17,5 e 40 % em crianças e adolescentes
brasileiros.Dentre seus fatores etiológicos destacam-se as práticas alimentares, distúrbios da
motilidade intestinal, fatores constitucionais e hereditários. A adolescência é um período
considerado de risco para adoção de práticas alimentares que propiciam alta densidade
energética e insuficiência de determinados nutrientes na dieta, dentre os quais a fibra
alimentar, importante para prevenção e tratamento da constipação intestinal. Objetivo:
Comparar os adolescentes com e sem constipação em relação aos hábitos alimentares,
ingestão de líquidos, história familiar de constipação e prática de atividade física. Casuística
e Método: Estudo descritivo e comparativo do tipo caso e controle, com aplicação de
questionário a 40 adolescentes com constipação e 40 sem constipação, entre 10 e 17 anos,
acompanhados nos ambulatórios de Gastroenterologia Pediátrica e Adolescência da Santa
Casa de São Paulo. Resultados: A amostra caracterizou-se homogênea em relação às
variáveis: peso, altura, IMC, sexo e estadiamento puberal de Tanner. Ao final do estudo, os
adolescentes constipados apresentaram fezes ressecadas em 87,5% da amostra, com presença
significativa de sinais e sintomas ligados à constipação intestinal como: dor abdominal
(87,5%), plenitude pós-prandial (35%), flatulência (70%), dor à evacuação (70%), força para
evacuar (92,5%), sangue nas fezes (30%), escape fecal (50%), fissuras (23,1%), retenção
(75%) e massa palpável (53,9%) quando comparados aos não constipados. Quanto aos
antecedentes familiares, o grupo constipado apresentou 61,5% de história de constipação, em
familiares de primeiro grau, enquanto o grupo controle apresentou 27,5%. Em relação aos
hábito alimentares e ingestão de líquidos houve diferença no número de adolescentes que
consumiam vegetais folhosos ( 92,5% sem constipação, 57,5% com constipação) e uma
maior freqüência de consumo de leguminosas e legumes de 5 vezes ou mais por semana nos
sem constipação. Este último grupo também apresentou um maior consumo de líquidos em
geral, 2,58 litros, do que os constipados, 1,50 litros. No que se refere à atividade física, não
foram observadas diferenças estatisticamente
significativas entre os dois grupos.
Conclusão: Os adolescentes constipados apresentaram história familiar positiva para
constipação intestinal em taxas estatisticamente relevantes; consumiam, em menor
porcentagem, vegetais folhosos, legumes e leguminosas, além de ingerirem menor
quantidade de líquidos em geral, quando comparados com o grupo controle. Em relação à
prática de atividades físicas, os dois grupos apresentaram freqüências semelhantes.
Palavras-chave: constipação, adolescência, hábitos alimentares, estilo de vida
45
ABSTRACT
46
Lopes VSG. Adolescence intestinal constipation: clinical presentation, dietary intake and
health style. 2008. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo.
Introduction: The chronic functional constipation is a frequent pathology in Pediatric
Gastroenterology, responsible for 10 to 25% of the consultations in specialist outpatient,
rates ranging between 17,5 and 40% in Brazilian children and adolescents. Among its
etiologic factors stand out the dietary intake, intestinal motility disorders, constitutional and
hereditary factors. The adolescence is a period of risk to food practices that offer high energy
density and inadequacy of certain nutrients in the diet, including the fiber food, important
for prevention and treatment of intestinal constipation. Objective: T o compare adolescents
with and without chronic functional constipation in relation to dietary intake, liquids, family
history of constipation and practice of physical activity. Patients and methods: Descriptive
and comparative study of the cross type, with application of questionnaire to 40 adolescents
with and 40 without constipation, between 10 and 17 years, accompanied in the outpatient
departments of Pediatric Gastroenterology and Adolescence of Santa Casa de São Paulo.
Results: The sample was characterized homogeneous regarding the variables: weight,
height, body mass, sex and puberal development (Tanner). In the end of the study, the
adolescents with constipation presented hard stools in 87,5% of the sample, with significant
presence of signs and symptoms related to this pathology, such as: abdominal pain (87,5%),
postprandial fullness (35%), flatulence (70%), pain on evacuation (70%), straining (92.5%),
anal bleeding on evacuation (30%), soiling (50%), fissure (23%), fecal retention behavior
(75%) and abdominal mass (53%) when compared to not constipated. On the family
history, adolescents with constipation presented 61.5% of this pathology history, while the
control group presented 27,5%. Regarding food intake habits and ingestion of liquids there
was difference in adolescents number who eat greens (92.5% without constipation, 57,5%
with constipation) and higher frequency consumption of leguminous and vegetables of 5
times or more per week in the group without constipation. This last group also submitted a
higher consumption of liquids in general, 2,58 liters, than constipated, 1,50 liters.
Regarding to physical activity, statistically significant differences were not found between
the two groups. Conclusions:. The adolescents with constipation presented positive family
history for this problem in statistically relevant rates; they eat, in less percentage, greens,
vegetables and leguminous, besides ingesting less quantity of liquids in general, when
compared with the control group. To physical activity, both groups have presented similar
frequencies.
Key words: constipation, adolescence, dietary intake, health style
47
APÊNDICE
48
Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa da FCMSCSP
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES HUMANOS
Rua Dr. Cesário Mota Júnior,112 Santa Cecília CEP 01277900 São Paulo -SP
PABX (li) 21767000 Ramais: 5502/5710 - Fax- 2175-7041 E-mail: [email protected]
São Paulo, 21 de outubro de 2004.
Ilmo (a). Sr.(a).
Dr(a). Viviane Sayegh Gomes Lopes
Departamento de Pediatria
O Comitê de Ética em Pesquisa da ISCMSP, reunido no dia 31/08/2005 e no
cumprimento de suas atribuições, após revisão do seu projeto de pesquisa
“Constipação intestinal em adolescente: Um estudo sobre hábitos
alimentares, ingestão de fibras e constipação intestinal.” emitiu parecer
inicial em pendência e nesta data enquadrando-o na seguinte categoria:
□ Aprovado inclusive o TCLE;
□ Com pendência modificações ou informação relevante a serem atendidas
em 80 dias (enviar as alterações em duas cópias)
□ Retirado, por não ser reapresentado no prazo determinado;
□ Não aprovado,
□ Aprovado inclusive TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ),
e encaminhado para apreciação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - MS CONEP, a qual deverá emitir parecer no prazo de 60 dias. Informamos, outrossim, que,
segundo os termos da Resolução 196/96 do Ministério da Saúde a pesquisa só
poderá ser iniciada após o recebimento do parecer de aprovação da CONEP.
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