20 Terça-feira 10 de junho de 2014 Jornal do Comércio - Porto Alegre Política Editora: Paula Coutinho [email protected] Edgar Lisboa PETROBRAS [email protected] PMDB fora do governo A aliança do PMDB com o PT nas eleições de 2014 é dada como certa, mas não impede que uma crescente insatisfação tome conta do partido. Tanto que os caciques peemedebistas terão trabalho a mais na convenção do partido, hoje, para convencer os correligionários a manter a aliança. O PMDB está dividido. Ao mesmo tempo em que várias alas do partido estão insatisfeitas com a participação no governo, há uma lealdade com o vice-presidente, Michel Temer. A corrente do PMDB de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) já lançou um manifesto contra a manutenção da aliança nas eleições de 2014. Documento de ruptura O documento, assinado pelo PMDB independente, lista a participação do partido nas grandes conquistas no Brasil, mas lamenta a estagnação na economia e o aumento dos índices de violência, além de criticar a condução na política econômica. Em especial, o documento ataca o que chama de “aparelhamento da Petrobras”, a insuficiência do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no desenvolvimento da infraestrutura, a política energética do governo e a quebra do etanol. Além disso, cobra mais atenção do governo com a saúde. “A condução intervencionista e populista da economia resultou nas menores taxas de crescimento das últimas décadas: perda de confiança, juros altos, investimento baixo e famílias endividadas”, diz o documento. Outra reclamação dos peemedebistas é que o partido se sente deixado de lado no governo. “Definitivamente, o PMDB não pode e não deve concordar com esse estado de coisas. O fato é que, nos últimos anos, o partido foi preterido, desprezado e tratado como um mero apêndice do PT. E essa situação é inaceitável”. O documento foi apresentado no lançamento da pré-candidatura de Nelson Trad Filho ao governo do Mato Grosso do Sul. Entre os que assinam, os senadores Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Pedro Simon (PMDB-RS), além dos deputados federais Danilo Forte (PMDB-CE), Fábio Trad (PMDB-MS), Darcísio Perondi (PMDB), Alceu Moreira (PMDB) e Osmar Terra (PMDB). O movimento tem na sua maioria parlamentares e já conseguiu vitórias. Na convenção nacional do partido, hoje, virá na cédula de votação uma pergunta sobre a manutenção da aliança com o PT. “Não temos tempo para lançar uma nova candidatura. Mas o grupo quer passar o pensamento”, afirmou Darcísio Perondi (foto). Segundo ele, não há como saber a reação dos peemedebistas na convenção. Além disso, há um racha entre os caciques. “Os caciques já definiram. Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA) vão apoiar Dilma. O PMDB no Rio Grande do Sul e em Pernambuco não. Está tudo no meio”. ZECA RIBEIRO/AGÊNCIA CÂMARA/DIVULGAÇÃO/JC Caciques definidos Ex-diretor Paulo Roberto Costa vai depor hoje à CPI Ex-executivo da estatal nega participação em lavagem de dinheiro O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa depõe hoje à CPI da Petrobras no Senado, a partir de 10h15min. Ele deve prestar informações sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, e as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, entre outros temas. O ex-diretor da estatal foi preso em março pela Polícia Federal, na Operação Lava Jato, que investigou esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele acabou solto, dois meses depois, por uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo no início de junho, Paulo Roberto Costa assegurou que não houve superfaturamento nas obras de Abreu e Lima. Segundo ele, a Petrobras divulgou o valor da obra em US$ 2,5 bilhões, sem saber quanto a refinaria custaria de fato: “Foi conta de padeiro”, disse. O ex-executivo declarou ainda que recebeu do doleiro Alberto Youssef, em 2013, uma proposta para prestação de consultoria, pois o doleiro estava comprando GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADO/JC Repórter Brasília Vital do Rêgo divulgará pauta dos trabalhos nos próximos dias a empresa Ecoglobal, que assinaria um contrato com a Petrobras. Pelo serviço de consultoria, Paulo Roberto disse ter recebido R$ 300 mil. Além dessas informações, negou qualquer participação em lavagem de dinheiro e em envio ilegal de dinheiro ao exterior. O presidente da CPI da Petrobras, Vital do Rêgo (PMDB-PB), disse que, nos próximos dias, divulgará o calendário dos trabalhos durante o período da Copa do Mundo. A oposição, por sua vez, avisou que não vai acompanhar o depoimento de Paulo Roberto Costa no Senado, onde alega não ter número suficiente para participar das investigações. Costa também deve ser ouvido na CPI mista sobre o mesmo assunto. “Temos que ouvi-lo aqui. Nós já temos uma posição firmada de concentrar esforços na CPI mista”, disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) na semana passada. CPI Mista ouve depoimento de Graça Foster amanhã A presidente da Petrobras, Graça Foster, será ouvida pela CPI Mista da Petrobras amanhã, às 14h. Será a quarta vez que Graça Foster comparecerá ao Congresso Nacional para explicar a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, além de outras denúncias contra a estatal. A convocação da presidente da Petrobras para abrir a fase de depoimentos da CPI Mista é uma surpresa, uma vez que o relator da comissão, deputado Marco Maia (PT), afirmou, em entrevista, que a fase de depoimentos poderia começar com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, que chegou a ser preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. “Vamos analisar todas as informações, mas acho que Paulo Roberto Costa, que já está convocado pela CPI do Senado, pode ser um bom começo para a CPI Mista”, disse o relator. O presidente da CPI Mista, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), considerou que o “pontapé inicial” não poderia ser outro, senão com EXAUSTÃO - VENTILAÇÃO - REFRIGERAÇÃO ANTÔNIO CRUZ/ABR/JC VENDA DE EQUIPAMENTOS SISTEMAS DE AR CONDICIONADO CENTRAL engeté[email protected] MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA (PMOC) Rua Vilela Tavares nº 300 - São João - Porto Alegre - Fones: (51) 3342.0298 / (51) 3342.5433 Graça já havia admitido que Pasadena ‘não foi um bom negócio’ a Graça Foster. Apesar de ela já ter comparecido para apresentar explicações ao Congresso, Vital do Rêgo aposta que pode haver novidades. “A presidente deverá reiterar o seu posicionamento, até porque ela vem tomando essa posição ao longo das últimas presenças em comissões. Só que nós vamos ter um debate, e os senadores e deputados que solicitaram a presença dela acreditam que isso suscitaria, efetivamente, um novo direcionamento, porque outros deputados e senadores estão com dúvidas”, declarou. Ao depor à CPI no final de maio, Graça reafirmou que a compra da refinaria de Pasadena “não foi um bom negócio” e que hoje a estatal brasileira não o realizaria. “À luz da situação atual, os números mostram que não foi um bom negócio. Num futuro próximo, é possível que haja melhorias, mas hoje, com a decisão do refino no Brasil, com a descoberta do pré-sal e com um mercado interno crescente, não é mais prioridade. Mas, lá atrás, em 2006, foi considerado (um negócio) potencialmente bom”, afirmou Graça.