22/9/2014
Por que Paulo Roberto Costa decidiu abrir o jogo - ÉPOCA | Tempo
Por que Paulo Roberto Costa
decidiu abrir o jogo
No camburão, o ex-diretor da Petrobras avisou o doleiro Youssef que não resistiria. Como
foi o caminho até lá
MARCELO ROCHA
22/09/2014 07h00 - Atualizado em 22/09/2014 13h41
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RELUTANTE
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Ele não queria entrar no esquema de delação
premiada (Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Ao deixar o prédio da Justiça Federal no Paraná, após uma audiência de testemunhas
convocadas para ser ouvidas no caso da Operação Lava Jato, em julho, Paulo Roberto Costa e
o doleiro Alberto Youssef, ex-parceiros de negócios e colegas de cela, aproveitaram a viagem de
camburão até a Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba para conversar. Paulo
Roberto comentou com Beto, apelido de Youssef, que estava propenso a fazer um acordo de
delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Ele tentara, sem êxito, suspender a
ação penal contra ele no Supremo Tribunal Federal(STF). Dias depois, na cela em que dividiam
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na cadeia, Paulo Roberto voltou a comentar com Youssef que realmente buscaria o acordo.
Youssef desejou apenas boa sorte ao amigo. Desde o dia 29 de agosto, Paulo Roberto tem
revelado a procuradores da República e delegados da PF detalhes do esquema de corrupção que
desviou milhões de reais dos cofres da maior estatal do país.
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(Fotos: reprodução[slopes] (2), Willem Oldenburg/shipspotting, Clelio Tomaz e Dave Fehling/Stateimpact Texas)
Uma semana antes, a PF e uma força-tarefa do MPF vasculharam casas e escritórios das filhas e
dos genros de Paulo Roberto. Os investigadores buscavam mais provas depois de uma devassa
no sigilo fiscal das empresas dele, de seus familiares e laranjas. Como ÉPOCA revelou, o
principal deles era Marcelo Barboza Daniel. Os documentos descobriram 18 empresas de
consultoria, que receberam R$ 17 milhões de 13 empreiteiras. O objetivo da operação na rua era
fazer Paulo Roberto falar. Deu certo. Enquanto Paulo Roberto fala, em sua cela Youssef espera.
A exemplo da família de Paulo Roberto, a de Youssef quer que ele colabore com as investigações
em troca de algum benefício.
>> Laranja de diretor da Petrobras recebeu R$17 milhões de 16 fornecedoras da estatal
Por enquanto, Youssef e seu advogado, Antonio Basto, preferem aguardar. Apostam que a
colaboração de Paulo Roberto exigirá informações que só Youssef poderá dar. Sua estratégia é
tornar-se necessário, para negociar um acordo. Basto teme a possibilidade de vazamento de
alguns pontos da delação, como aconteceu com Paulo Roberto. “(As autoridades) Falharam”,
afirma. “A colaboração processual deveria estar totalmente protegida pelo sigilo. O réu ficou
completamente exposto com o vazamento dessas informações.” A estratégia de defesa de muitas
empreiteiras passa pela tentativa de invalidar a delação de Paulo Roberto por causa do
vazamento. Os procuradores ainda relutam também em aceitar Youssef como colaborador. Ele
fez uma delação premiada em 2004, quando foi preso pelo envolvimento no caso Banestado, mas
descumpriu o trato. Entregou apenas informações que não o comprometiam e, pior, voltou à
atividade anterior.
>> O elo entre o mensalão e a propina da Petrobras
Paulo Roberto fez de tudo para não ter de apelar à delação. Foi justamente por medo de estar
nessa situação que tomou atitudes desesperadas quando os policiais federais chegaram a seu
apartamento no condomínio Riomar IX, na Barra da Tijuca, no final de março. Àquela altura, ele
era um próspero consultor de grandes empreiteiras com negócios com a Petrobras. Os policiais
que bateram à sua porta tinham a missão de prendê-lo como cliente do doleiro Youssef, alvo de
uma operação por lavagem de dinheiro, batizada de Lava Jato. Sem saber que era monitorado
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pela polícia, assim que soube que seria preso, Paulo Roberto correu para o telefone e ordenou
que familiares fossem a seu escritório e destruíssem computadores e documentos. Os federais
não sabiam que Paulo Roberto não era um mero cliente de Youssef. Não sabiam que ele fora um
poderoso ex-diretor de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, bancado por um consórcio
formado por PT, PMDB e PP, detentor de tantos segredos incômodos da Petrobras e de algumas
das maiores empresas do país, aquelas que movem o fluxo de caixa de campanhas eleitorais. Ao
rastrear os telefonemas dados por ele no momento de desespero, uma equipe da PF foi ao
escritório e encontrou tudo vazio. As imagens feitas por câmeras internas identificaram que duas
filhas e genros de Paulo Roberto saíram do local carregando um vasto material. Recuperados e
esmiuçados pela polícia e pelo MPF, os arquivos agora obrigam Paulo Roberto a contar às
autoridades tudo o que sabe e a incriminar políticos e seus antigos clientes, para escapar de uma
pena que pode chegar a 50 anos de cadeia.
>> Os lucrativos negócios da filha do ex-diretor da Petrobras
No ano passado, antes mesmo de Paulo Roberto ser preso ou do início de qualquer investigação
oficial ser deflagrada, ÉPOCA começou a revelar com exclusividade casos escabrosos
na Petrobras. Era o início de uma longa investigação sobre os obscuros negócios na estatal. No
primeiro caso, a Petrobras pretendia vender parte da Petrobras Argentina, uma de suas
subsidiárias no exterior, por US$ 900 milhões, um valor questionado pelo mercado. O mais
estranho era o comprador. Apesar de três concorrentes qualificados, o favorito para fechar o
negócio era Cristóbal López, um empresário do ramo de cassinos, que chegara ao ramo
petrolífero graças à ajuda do casal presidencial Néstor (morto em 2010) e Cristina Kirchner.
Meses depois, a Petrobras desistiu da venda. A motivação de negócios desse tipo ficou clara
quando o lobista João Augusto Henriques fez revelações a ÉPOCA. Numa conversa
surpreendente, ele contou como trabalhava para intermediar negócios entre grandes empresas e
a Petrobras. Ele afirmou que, dos negócios que fechava, precisava entregar comissões ao PMDB.
João Augusto disse que, se a refinaria San Lorenzo, parte do patrimônio da Petrobras Argentina,
fosse vendida ao empresário Cristóbal López, teria de entregar uma comissão de R$ 5 milhões ao
PMDB.
O mais surpreendente estava num contrato maior, que renderia dividendos ao PT. Segundo João
Augusto, a empreiteira Odebrecht deu uma contribuição equivalente a US$ 8 milhões ao caixa
dois da campanha eleitoral da então candidata Dilma Rousseff em 2010, por ter sido escolhida
para fazer um trabalho de segurança ambiental de ativos da Petrobras no exterior, por US$ 825
milhões. João Augusto afirmou também que o PMDB lucrou na operação. O partido ganhou,
segundo ele, uma comissão para encerrar a CPI da Petrobras que corria no Senado na ocasião.
Com base na reportagem de ÉPOCA, o MPF no Rio de Janeiro denunciou João Augusto, o exdiretor Jorge Zelada e um executivo da Odebrecht pelo acordo Petrobras-Odebrecht. A presidente
da estatal, Maria das Graças Foster, cortou pela metade o valor do contrato. Procurada por
ÉPOCA, a Odebrecht, por meio de nota, disse que a afirmação de João Augusto não corresponde
à verdade, que a empresa faz doações eleitorais, em respeito absoluto à legislação e que estão
publicadas nos tribunais eleitorais.
>> Um depoimento exclusivo revela o elo entre os escândalos do mensalão e da Petrobras
A prisão de Paulo Roberto, um homem que participava das entranhas de negócios suspeitos,
desencadeou uma onda de terror em Brasília. Surgiram nomes que sempre atuaram na sombra,
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(Fotos: Jonathan Campos/AGP/Folhapress, CB /D.A Press (5) Folhapress (2),Estadão conteúdo e AG Petrobras)
como os lobistas Jorge Luz, Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP, e Fernando Soares. Conhecido
como Fernando Baiano, ele foi um dos intermediários entre a diretoria de Paulo Roberto e
empresas interessadas em fazer negócios com a Petrobras. Após a prisão de Paulo Roberto,
governo e oposição começaram a se enfrentar no Congresso para abrir ou impedir uma CPI para
investigar os negócios da Petrobras. Paulo Roberto fora indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, que o chamava de “Paulinho”. Devia favores às bancadas de PP, PT e PMDB –
todos, obviamente, dispostos a evitar CPIs. O presidente do Senado, Renan Calheiros, era uma
das forças contrárias à CPI. Renan nega ser padrinho político de Sérgio Machado, presidente da
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Transpetro, cuja indicação lhe é atribuída há 11 anos. Na Transpetro, uma auditoria recente
mostrou que empresas contratadas por milhões não prestaram os serviços acordados. A
resistência à CPI contava ainda com os deputados petistas Vander Loubet, Cândido Vaccarezza e
André Vargas e do senador Fernando Collor, todos padrinhos de diretores da BR Distribuidora,
uma subsidiária da Petrobras. Os parlamentares temiam a revelação de casos como da Jaraguá,
fornecedora da Petrobras que distribuiu contribuições de campanha a deputados do PP em 2010.
Logo depois, abocanhou um contrato de R$ 200 milhões para a construção da Refinaria Abreu e
Lima, comandada por Paulo Roberto.
>> Tudo para entender o caso Petrobras
Nenhuma das duas CPIs instaladas produziu um fiapo de informações sobre a corrupção na
Petrobras. As investigações da PF, no entanto, revelam as razões para a falta de empenho dos
parlamentares. Planilhas apreendidas pela PF sugerem pagamentos da empreiteira Camargo
Corrêa (Consórcio CNCC), da Sanko-Sider, da OAS, da Galvão Engenharia, da Jaraguá e da
Odebrecht (Consórcio Conest) à MO Consultoria e à GFD Investimentos, empresas do doleiro
Alberto Youssef. Nos papéis, os pagamentos são classificados como “repasses” ou “comissão”. A
PF suspeita que seja simplesmente “propina”. A polícia identificou pelo menos R$ 31 milhões em
“pagamentos com suspeita de ilicitude”. A Odebrecht afirma que o consórcio Conest não fez
depósitos para a GFD e que todos os contratos de prestação de serviços à Petrobras estão da
acordo com as disposições legais.
Paulo Roberto e Youssef eram detalhistas e organizados, por isso a polícia conseguiu descobrir a
extensão de seus negócios. ÉPOCA revelou que, em maio de 2013, Youssef fez um relatório
sobre quatro contas secretas mantidas em conjunto com Paulo Roberto no exterior: uma no banco
UBS de Luxemburgo; outra no banco Lombard Odier, na Suíça; uma terceira no banco Itaú, não
se sabe em que país; e a última no Royal Bank of Canada, nas Ilhas Cayman. O relatório não é
exato sobre o valor acumulado nessas contas. Somando apenas o saldo de algumas delas aos
depósitos pagos naquele momento pelas empresas com negócios na Petrobras, chega-se ao total
de US$ 3,7 milhões. A conta no Itaú referia-se, segundo o relatório, à empreiteira Alusa e tinha
saldo de R$ 127.400 em agosto de 2011, quando Paulo Roberto estava na Petrobras. A Alusa
firmou contratos de R$ 3,5 bilhões com a Petrobras nos últimos anos. O maior deles, de R$ 1,5
bilhão, foi firmado em 2010. Em 2008, a Alusa fechara um contrato de R$ 966 milhões para fazer
obras na Refinaria Abreu e Lima. A conta com maior saldo – US$ 2,42 milhões – está no RBC das
Ilhas Cayman. A PF apurou que esse dinheiro é fruto de propina arrecadada entre fornecedoras
da Petrobras na obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Depois disso, a
Suíça bloqueou US$ 23 milhões em contas bancárias de Paulo Roberto no país.
Ao deixar a Petrobras, Paulo Roberto se tornou consultor. Planilhas apreendidas com sua filha
Arianna Costa detalhavam a contabilidade da Costa Global, sua empresa de consultoria. Paulo
Roberto chegou a ter ao menos 81 contratos com fornecedores da Petrobras. Há provas de que
ele recebeu milhões de 23 empreiteiras, na maior parte das vezes sem prestar nenhum serviço.
Para a PF, há indícios de que esses contratos eram apenas acertos de conta por favores feitos
nos tempos de Petrobras. É o caso de contratos com empreiteiras como Engevix, Iesa, Queiroz
Galvão e, num dos casos, também da Camargo Corrêa. A relação com as empreiteiras era tão
próxima, que foi a elas que a turma recorreu na hora do aperto. Em depoimento dado no dia 5 de
setembro, a ex-contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, disse à Justiça que recorreu às
empreiteiras para bancar despesas com advogados quando o chefe foi preso na Operação Lava
Jato. “Não tinha dinheiro para nada”, afirma. Segundo ela, João Procópio Prado, um dos
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acusados de fazer parte do grupo criminoso, disse que iria até a Camargo Corrêa e que ela se
encarregaria de recorrer à UTC/Constran. “O Augusto Pinheiro, da Constran, disse que ajudaria
sim, que não teria problema”, diz Meire. Ela diz que João Procópio recebeu da Camargo Corrêa a
promessa de que ajudariam a resolver o problema. “João me disse para tentarmos conseguir
algum dinheiro. Ele disse que iria até a Camargo Corrêa, para tentar alguma coisa, e me pediu
para ir até a UTC”, diz Meire. “Eu tinha contato com o Valmir e com o Augusto (Pinheiro, diretor),
da Constran, em função de alguns negócios. Eu tinha o celular dele, liguei e ele me recebeu lá na
Constran. Fui até lá para pedir R$ 500 mil, que ajudariam a pagar os advogados.” No próprio
depoimento, Meire afirma que a UTC não atendeu a seu pedido. O advogado Ricardo Berenguer,
que defende João Procópio, disse que não teve acesso ao depoimento de Meire e que não
poderia fazer comentários a respeito. A UTC informou, por meio de nota, que “ninguém da UTC ou
da Constran foi encarregado de conversar com pessoas ligadas ao senhor Alberto Youssef para
viabilizar auxílio financeiro ao grupo investigado pela Polícia Federal”. A Camargo Corrêa, por
intermédio de sua assessoria de imprensa, nega que tenha sido procurada por pessoas ligadas a
Youssef interessadas em ajuda financeira.
Na quarta-feira, dia 10, perto das 15 horas,
Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional
da Petrobras, chegou relaxado e sorridente a
sua terceira visita ao Congresso desde que os
escândalos na Petrobras começaram a pipocar.
Era como se Cerveró acreditasse que sua
atuação na compra da refinaria de Pasadena,
um negócio que rendeu um prejuízo de US$ 792
milhões, perdera importância. Agora que Paulo
Roberto, seu ex-colega da diretoria de
FAXINA
Abastecimento, começou a delatar os meandros
A presidente Dilma Rousseff. Ela diz que, em seu
e os integrantes do esquema mais amplo de
governo, houve uma limpeza na Petrobras
(Foto: João Carlos Mazella/AgÍncia JCM/Fotoarena)
corrupção na Petrobras, Pasadena parece um
assunto distante. Tanto que, ao depor na CPI
mista da Petrobras na semana passada, numa sala lotada, a primeira celeuma instalada entre os
parlamentares foi para definir em que condição Cerveró estava ali. Testemunha ou acusado? O
presidente da CPI, senador Vital do Rêgo, titubeou: “Ele está aqui como investigado... Estamos
investigando a participação dele no negócio”. O deputado tucano Carlos Sampaio, promotor de
carreira, contestou. “Se ele não está indiciado, deveria depor como testemunha. Até para ser
obrigado a falar a verdade.” Vital do Rêgo resistiu. Cerveró depôs na condição de “investigado”.
O relator da CPI, o deputado petista Marco Maia, fez perguntas por mais de uma hora. Quando a
palavra finalmente foi passada aos deputados e senadores, um jogo de bate-assopra se iniciou.
Um a um, os inquiridores primeiro criticavam Cerveró por seu papel num escândalo que
representa muito dos desmandos na estatal. Em seguida, os mesmos parlamentares passavam a
acarinhar Cerveró e a tentar seduzi-lo a entregar maracutaias que tivesse presenciado. O
deputado Fernando Francischini, do Solidariedade, disse: “Vossa Senhoria deixará que sua
cabeça seja colocada em uma bandeja? Vossa Senhoria deveria fazer uma delação premiada”.
Cerveró seguia impassível, de queixo erguido. Depois, foi a vez de Carlos Sampaio: “Podemos
fazer uma sessão reservada, secreta, para que Vossa Senhoria fique à vontade para nos contar o
que sabe”. Cerveró mal se mexia. Foram três horas de depoimento. Nenhuma informação nova
veio à tona. O que pairava na sala era apenas a sensação de que ainda há muito a desvendar. A
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presidente Dilma Rousseff afirma ter feito uma limpeza na estatal e diz que “se houve sangria, ela
já foi estancada”.
Todas as empresas envolvidas negam relações irregulares com Youssef e Paulo Roberto. A
Sanko-Sider diz ter contratado a Costa Global, de Paulo Roberto, e as empresas de Youssef para
trabalhos técnicos e de representação comercial – e nega irregularidades. Não foi possível
encontrar representantes da Jaraguá Equipamentos, que está em recuperação judicial. A empresa
já afirmara que os depósitos para a MO, de Youssef, se referem a um contrato para realizar
consultoria comercial na licitação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A Iesa afirma ter
pagado R$ 300 mil à Costa Global, de Paulo Roberto. “Foram realizadas diversas reuniões com a
Costa Global e com empresa de engenharia conceitual e identificados potenciais parceiros
fornecedores de tecnologia para o fornecimento de minirrefinarias modulares”, diz a Iesa. O
Consórcio CNCC (Camargo Corrêa e CNEC) afirma que não tem nenhum relacionamento com as
empresas de Paulo Roberto e Youssef. A Odebrecht nega também ter feito contrato com o lobista
João Augusto. Sobre a auditoria interna, a Transpetro afirma que “recebeu as denúncias em
questão e as encaminhou para apuração” e que “as não conformidades encontradas foram
devidamente sanadas e seis colaboradores foram afastados da Companhia”. Em nota, a Mendes
Júnior afirma que seus contratos são feitos de acordo com as normas legais e que é prestadora
de serviços de engenharia da Petrobras desde os anos 1970. Diz ainda que faz doações para
campanhas eleitorais segundo a legislação vigente.
O ministro Edison Lobão confirma que teve uma audiência com Paulo Roberto. O senador
Fernando Collor não se manifestou sobre o lobista Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP. O senador
Romero Jucá nega ter colaborado para enterrar a CPI da Petrobras em 2009. Os deputados Mário
Negromonte e João Pizzolatti não foram encontrados. O deputado Cândido Vaccarezza afirma
que é amigo do diretor da BR Distribuidora Andurte de Barros e, com outros deputados, o indicou
para o cargo. Vaccarezza nega “peremptoriamente ter recebido recursos” de Paulo Roberto
Costa. Em nota, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, disse que nunca participou de
nenhum esquema de corrupção nem solicitou “ao ex-diretor da Petrobras recursos de qualquer
natureza”. “Tomarei todas as medidas cabíveis para resguardar minha honra e minha dignidade”,
diz Roseana. A advogada de Paulo Roberto Costa, Beatriz Catta Preta, foi procurada, mas não
respondeu. O lobista Fernando Baiano não foi encontrado. Pedro Paulo Leoni Ramos preferiu não
se manifestar.
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