Centro Universitário de Volta Redonda - Ano VIII - Edição Especial - Junho/2013 Multidisciplinar CADERNOS UniFOA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA ISSN 1809-9475 CADERNOS UniFOA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - MEMAT Junho/2013 FOA EXPEDIENTE FOA Presidente Dauro Peixoto Aragão UniFOA Reitora Claudia Yamada Utagawa Vice-Presidente Jairo Conde Jogaib Pró-reitor Acadêmico Dimitri Ramos Alves Diretor Administrativo - Financeiro Iram Natividade Pinto Pró-reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Katia Mika Nishimura Diretor de Relações Institucionais José Tarcísio Cavaliere Superintendente Executivo Eduardo Guimarães Prado Cadernos UniFOA Editora Executiva Flávia Lages de Castro Superintendência Geral José Ivo de Souza Editora Científica Daniella Regina Mulinari Comitê Editorial André Resende de Senna Denise Celeste Godoy de Andrade Rodrigues Vitor Barletta Machado Conselho Editorial ad hoc Adriano Arnóbio José da Silva e Silva André Marques dos Santos Carolina Tavares Schumann Claudinei dos Santos Douglas Mansur da Silva Fábio Aguiar Alves João Paulo Rodrigues Luiz Augusto Fernandes Rodrigues Priscila Filgueiras Duarte Renato Teixeira da Silva Tamara Nunes de Lima Camara Tatiana Gomes Martins Conselho Editorial Agamêmnom Rocha de Souza Ana Carolina Callegario Pereira André Barbosa Vargas Carlos Alberto Sanches Pereira Carlos Roberto Xavier Danielle Pereira Cintra de Senna Dimitri Ramos Alves Élcio Nogueira Érica Leonor Romão Erika Fraga Rodrigues Ivanete da Rosa da Silva de Oliveira Júlio César de Almeida Nobre Júlio César Soares Aragão Katia Mika Nishimura Leonardo Mello de Sousa Marcello Silva e Santos Marcelo Alves de Lima Margareth Lopes Galvão Saron Maria Aparecida Rocha Gouvêa Maria Auxiliadora Motta Barreto Maria Carolina dos Santos Freitas Mauro César Tavares de Souza Michelle Lopes Ribeiro Guimarães Monica Santos Barison Otávio Barreiros Mithidieri Paulo Roberto de Amoretty Ricardo de Freitas Cabral Rodolfo Liberato Noronha Ronaldo Figueiró Portella Pereira Sabrina Guimarães Silva Sandy Sampaio Videira Sérgio Elias Vieira Cury Sinara Borborema Gabriel Walter Luiz Moraes Sampaio da Fonseca Revisão de Língua Portuguesa e Inglesa Marcel Álvaro de Amorim Editor de Layout Laert dos Santos Andrade Estagiários Editora FOA Lucas de Brito / Matheus Menezes Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA Campus Três Poços Av. Paulo Erlei Alves Abrantes, nº 1325 Três Poços, Volta Redonda /RJ CEP 27240-560 Tel.: (24) 3340-8400 - FAX: 3340-8404 www.unifoa.edu.br Versão On-line da Revista Cadernos UniFOA www.unifoa.edu.br/cadernos Submissões www.unifoa.edu.br/cadernos/ojs FICHA CATALOGRÁFICA Bibliotecária Gabriela Leite Ferreira - CRB 7/RJ - 5521 C122 Cadernos UniFOA : Edição especial do curso de Mestrado Profissional em Materiais / Centro Universitário de Volta Redonda. - ano IV, (junho 2013). - Volta Redonda : FOA, 2013. ISSN 1809-9475 1. Publicação periódica. 2. Ciências exatas e tecnológicas – Periódicos. I. Fundação Oswaldo Aranha. II. Título. CDD - 050 SUMÁRIO EDITORIAL�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 9 Análise das propriedades de ferramenta de corte cerâmicas de nitreto de silicio (Si3N4) usando diferentes aditivos........11 Joaquim Lopes Pereira, Jose Vitor Candido de Souza, Olivério Macedo Moreira Silva e Emerson Augusto Raymundo. Avaliação do envelhecimento ambiental e das propriedades mecânicas dos compósitos de polipropileno/bagaço de canade-açúcar ............................................................................................................................................................................19 Rayane Lima de Moura Paiva e Daniella Regina Mulinari. Efeito do duplo envelhecimento nas propriedades da liga Ti-10Mo-20Nb........................................................................29 José Vicente de Paiva Panaíno, Jadir Lemos, Raphael Alexander Ribeiro, Emanuel Santos Jr e Sinara Borborema Gabriel. Implementação passo a passo dos critérios de falhas em flexão em compósitos PPS/Fibras de Carbono através do Programa ANSYS..........................................................................................................................................................................35 Eder José Siqueira, Roberto de Oliveira Magnago, Fernando de Azevedo Silva e Edson Botelho Cochieri. Influência na polimerização de aglomerante para as indústrias metalúrgicas da produção de alumínio............................43 Linowesley Teixeira Valentim, Rosinei Batista Ribeiro e Bianca Siqueira Martins Domingos. Estudo da Sinterabilidade de cerâmicas dentárias de ZrO2(Y2O3)-Biovidro usando dilatometria......................................51 Luiz de Araujo Bicalho, Claudinei dos Santos, Miguel Ribeiro Justino Barboza, Kurt Strecker, Alexandre Fernandes Habibe e Roberto de Oliveira Magnago. Modelagem Matemática e Investigação Experimental da Evolução das Tensões na Soldagem de Aço............................59 Horácio Guimarães Delgado Junior, Carlos Roberto Xavier, José Adilson de Castro, Marcos Flávio Campos, Alexandre Alvarenga Palmeira e Alexandre Fernandes Habibe. Nanocompósito de matriz polimérica termoplástica de polietileno de alta densidade com adição de nanocargas com expansão térmica baixa de Al2Mo3O12 ...................................................................................................................................67 Alexandre R. Soares, José R.M. d’Almeida, Bojan Marinkovic. União de Chapas na Indústria Automobilística Pelo Processo de Clinching Versus Processo de Solda Ponto..................87 Leandro Dias Machado, Charles Satlher Teixeira, Thawara Medina Celli Paes, Horácio Guimarães Delgado Junior, Alexandre Alvarenga Palmeira e Roberto de Oliveira Magnago. LIST OF CONTRIBUTIONS EDITORIAL�������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 9 Analysis of the properties of silicon nitride based ceramic (Si3N4) cutting tool using different addictive.........................11 Joaquim Lopes Pereira, Jose Vitor Candido de Souza, Olivério Macedo Moreira Silva, Emerson Augusto Raymundo. Evaluation of the environmental aging and mechanical properties of the polypropylene/sugarcane bagasse composites....19 Rayane Lima de Moura Paiva e Daniella Regina Mulinari. Effect of double aging in the Properties of Ti-10Mo-20Nb Alloy.......................................................................................29 José Vicente de Paiva Panaíno, Jadir Lemos, Raphael Alexander Ribeiro, Emanuel Santos Jr e Sinara Borborema Gabriel. Implementation of the Criteria for failure in bending PPS Composites/Carbon Fiber by ANSYS Program..................... 35 Eder José Siqueira, Roberto de Oliveira Magnago, Fernando de Azevedo Silva e Edson Botelho Cochieri. Influences the polymerization of the binder for metallurgical industries of aluminum production....................................43 Linowesley Teixeira Valentim, Rosinei Batista Ribeiro e Bianca Siqueira Martins Domingos. Investigation of the sinterability of ZrO2(Y2O3)-bioglass dental ceramics by dilatometry.................................................51 Luiz de Araujo Bicalho, Claudinei dos Santos, Miguel Ribeiro Justino Barboza, Kurt Strecker, Alexandre Fernandes Habibe e Roberto de Oliveira Magnago. Mathematical modeling and experimental investigation of the stress evolution at the steel welding................................59 Horácio Guimarães Delgado Junior, Carlos Roberto Xavier, José Adilson de Castro, Marcos Flávio Campos, Alexandre Alvarenga Palmeira e Alexandre Fernandes Habibe. Nanocomposite of thermoplastic polymeric matrix of high density polyethylene with addition of nanofiller with low thermal expansion of Al2Mo3O12 the steel welding....................................................................................................................67 Alexandre R. Soares, José R.M. d’Almeida e Bojan Marinkovic. Union of sheet metal in the automotive industry for clinching process versus spot welding.............................................87 Leandro Dias Machado, Charles Satlher Teixeira, Thawara Medina Celli Paes, Horácio Guimarães Delgado Junior, Alexandre Alvarenga Palmeira e Roberto de Oliveira Magnago. 9 Editorial ApresentoaquartaediçãoespecialdaRevistaCadernosUniFOAdoMestradoProfissional em Materiais (MeMat), no intuito de divulgar os resultados das pesquisas realizadas em nossa instituição à comunidade. Ediçãoqueapresentanovetrabalhosnasmaisdiversasáreaselinhasdepesquisacientífica ligadas ao estudo de materiais. OprogramadepósgraduaçãoprofissionaldoUniFOApassou/passaporsuagrandeprimeira avaliação junto aos órgãos responsáveis após o término de seu primeiro triênio. Programaconsolidadoeavaliado,mostra-sefirmenaescaladaparaobjetivosmaiores. Assim, agradeço a todos os pesquisadores docentes e discentes do MeMat do UniFOA e de outras instituições que contribuíram com seu conhecimento para esta edição. Agradeço também a todos que direta e indiretamente fazem desta revista um importante meiodedivulgaçãocientíficadenossocentrouniversitário. Boa leitura a todos! Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Roberto de Oliveira Magnago Prof.doMestradoProfissionalemMateriais. 11 Análise das propriedades de ferramenta de corte ceramicas de nitreto de silicio (Si3N4) usando diferentes aditivos Analysis of the properties of silicon nitride based ceramic (Si3N4) cutting tool using different addictive Si3N4 Diferentes aditivos Propriedades físicas e mecânicas Aplicações tribológicas 1 Resumo: A busca incessante por novos materiais faz parte do desenvolvimento científico e tecnológico das indústrias no país. Entretanto entre as classes dos materiais, os cerâmicos vêm apresentando importantes evoluções do ponto de vista cientifico e tecnológico, com destaque para as cerâmicas de predominância covalente, as quais possui importante aplicações, onde resistência a abrasão e dureza são solicitadas. Entre os materiais covalentes, os autores têm desenvolvido diversos trabalhos de pesquisas em busca de melhorias de w e redução de custo. Porem à produção de cerâmica a base de nitreto de silício (Si3N4) com custo reduzido somente é possível se for utilizado métodos e aditivos diferentes. O objetivo desse trabalho é desenvolvimento de composições a base de nitreto de silício (Si3N4) utilizando diferentes aditivos tais como: Y2O3, CeO2, Al2O3, e CTR2O3 em quantidades variadas. Para o desenvolvimento das cerâmicas, as misturas dos pós foram homogeneizadas, secadas, compactadas e sinterizadas utilizando o processo de sinterização normal a 1850 oC, por 1h, com taxa de aquecimento de 25 oC/min. As caracterizações foram realizadas em função da densidade relativa pelo método de Arqhimedes, perda de massa pela medida antes e após sinterização, analise das fases por difração de raios–X, microestrutura por microscópico eletrônico de varredura (MEV), e dureza e tenacidade à fratura pelo método de indentação. Os resultados obtidos mostraram densidade relativa de 97 a 98, microdureza Vickers de 17 a 19 GPa, tenacidade a fratura de 5,6 a 6,8 MPa.m1/2. As diferentes fases foram obtidas em função dos tipos de aditivos utilizados. Os resultados obtidos são promissores para aplicações tribológicas. UNIFOA - Av. Lucas Evangelistas, 862, Volta Redonda, CEP. 27215-530, Brasil. 2 FATEC - Rod. Vereador Abel Fabrício Dias, 4010, Pindamonhangaba, CEP. 12445-010, Brasil. 3 CTA - Centro Técnico Aeroespacial Cadernos UniFOA Palavra-chave: Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Joaquim Lopes Pereira1 Jose Vitor Candido de Souza1,2 Olivério Macedo Moreira Silva3 Emerson Augusto Raymundo1 Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 12 Abstract: The constant search for new materials is part of the scientific and technological development of the industries. Ceramic been presenting important developments in terms of scientific and technological development, highlighting the predominance of covalent ceramics, which has important applications where abrasion resistance and hardness are required. Between covalent materials, several research papers in search of property improvements and cost reduction. However the production of ceramics of silicon nitride (Si3N4) with a reduced cost is possible only if used methods and different additives. The aim of this work is the development of compositions based on silicon nitride (Si3N4) using different additives such as Y2O3, CeO2, Al2O3 , and CTR2O3 in varying amounts. For the development of ceramics, the mixtures were homogenized, dried, compacted and sintered using the sintering process of 1850°C for 1 hour, with a heating rate of 25°C/min. The characterizations were performed as a function of relative density by Archimedes method, the mass loss measured before and after sintering, phase analysis by X-ray diffraction, microstructure by scanning electron microscopy (SEM), and hardness and fracture toughness indentation method. The results showed relative density 97-98, Vickers hardness 17-19 GPa, fracture toughness from 5.6 to 6.8 MPa.m1/2. The different phases were obtained depending on the types of additives used. The obtained results are promising for tribological applications. 1. Introdução Em geral as cerâmicas a base de alumina, nitreto de silício, nitreto cúbico de boro, e outras com características covalentes apresentam melhor estabilidade em altas temperaturas, e superior resistência ao desgaste, comparada a materiais como, metal duro e aço rápido [1]. Essas propriedades são devido às ligações atômicas fortes formadas durante o processo de fabricação dessas cerâmicas. Ao mesmo tempo em que essas ligações promovem importantes propriedades tribológicas, também pode levar a instáveis propriedades mecânicas, que são responsáveis pelas fraturas durante as suas aplicações. O comportamento frágil dessas cerâmicas são um dos principais fatores responsáveis por sua restrição na aplicação como ferramenta de corte [2]. A partir de 1980, considerável avanços têm sido alcançados em cerâmicas à base de alumina, nitreto de silício e nitreto silício reforçado com SiC [3]. Entretanto aplicações específicasdessesmateriaiscomoferramen- Keywords: Si3N4 Mechanical Properties Characterizations Machining Tools tas de corte ainda demandam um ajuste de suas propriedades, além da relação homem/ maquina/material. Atualmente a utilização dessas cerâmicas como ferramentas de corte, são resultados de importantes avanços científicos e tecnológicos alcançados através de pesquisas e desenvolvimento realizados [4]. Essas pesquisas têm promovido melhorias de propriedades físicas e mecânicas através do controle microestrutural, que em conjunto com a sensibilidade da operação, desenvolvimento de novas geometrias, sistema de lubrificaçãoeoutras,têmlevadoessasferramentas a apresentarem importantes avanços nos processos de usinagem de diversas ligas. O objetivo desse trabalho é o desenvolvimento de composições a base de nitreto de silício utilizando diferentes aditivos, e avaliar as propriedades físicas e mecânicas. Espera-se que os resultados obtidos nesse trabalho possam levar ao sucesso desses materiais como ferramenta de corte no processo de manufatura de componentes das indústrias automobilísticas e aeronáuticas. Tabela 1. Mostra as composições das ferramentas Composição (wt.%) α-Si3N4 Al2O3 Y2O3 A 78,50 12,50 9,00 B 78,50 12,50 C 78,50 12,50 CTR2O3 CeO2 9,00 9,00 Análise química do concentrado de terras raras oxide (CTR2O3) [9] Y2O3 Yb2O3 Er2O3 Dy2O3 HO2O3 Tm2O3 Outros 44% 17% 14% 10% 3% 3% 9% Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 As composições a base de Si3N4 foram preparadas utilizando materiais de alta pureza. As composiçõesforamdesenvolvidasusandopósαSi3N4(GradeM11,H.C.Starck),α-Al2O3 (Grade A16SG, Alcoa Chemicals, USA), Y2O3 (Grade C-Fine, H.C. Starck), CeO2 (Grade C-Fine, H.C. Starck) e CTR2O3 (concentrado de terras raras) produzido pela DEMAR-FAENQUIL (EELUSP), conforme Tabela 1. As composições foram pesadas e as misturas dos pós foram moídas e homogeneizadas em um moinho planetário com esferas de alumina, por 4 horas, via úmido utilizandoálcooletílico.Apósamoagemverificoua perda de massa das esferas e do copo do moinho, para uma total segurança de não contaminação. Os resultados indicam que contaminação é <0.2%. Em seguida os pós foram secados em uma estufa a 100 °C por 24 horas e peneirado em malhas de 100 mesh (0,15mm). Os corpos a verde foram prensados uniaxialmente em uma matriz metálica na forma quadrada de 16,36mm x 16,36mm x 7,5mm com carga de 80 MPa, seguida de prensagem isostaticamente com carga de 300 MPa/2min. Os corpos a verde foram acomodados em um cadinhodegrafite,dentrodeumamisturade70% de BN e 30 % de Si3N4. Os corpos a verde foram sinterizados na temperatura de 1850 °C for 1h, em atmosfera de nitrogênio sobre a pressão de 0.1MPa e taxa de resfriamento de 25 °C/min. Após a sinterização as cerâmicas a base de nitreto de silício foram submetidas análises das fases por difração deraios–XusandoradiaçãoCu-Kα.Aanálisede densidade relativa das amostras foram realizadas utilizando o principio de Archimedes, e as propriedades mecânicas foram realizadas com uso do método de indentação Vickers. Após análise das propriedades, as ferramentas foram submetidas ao processoderetifica(lapidação)paraobtençãodas geometriasfinaldeacordocomanorma1832. Nos processos de usinagem vários mecanismos podem levar as ferramentas ao desgaste. Os desgastes por abrasão são predominantes quando ocorre, deslizamento na interface ferramenta/cavaco [5, 6]. Isso ocorre devido à fraca adesão entre a ferramenta e o material da peça, que durante o processo de usinagem facilita o movimento constante de cavacos sobre a superfície da ferramenta promovendo desgaste abrasivo, devido à interação mecânica entre os materiais [5]. Os desgastes por cratera são causados pela ocorrência de tensões localizadas que leva à deformação plástica deumafinacamadadoscavacosadjacentea interface ferramenta/cavaco conhecida como zonadefluência[7].Nosdesgastesdecrateraosmecanismossãoinfluenciadospelaalta temperatura na interface ferramenta/cavaco, o que causa dissolução e consequente difusão do material da ferramenta dentro do material do cavaco, isso promove rapidamente a formação de cratera na superfície de saída da ferramenta [8]. Em recente trabalho Souza, (2008), observou que no processo de usinagem do ferro fundido vermicular usando ferramentas cerâmicas de α-SiAlON, o desgaste de cratera foi predominante. Entretanto com o passar do tempo ocorre à fratura de partes da ferramenta. Isso é dependente das velocidades de corte utilizada, que pode causar altas concentrações de tensões e temperaturas localizadas em uma pequena região da ferramenta. As tensões e as temperaturas localizadas em uma pequena região levam a transformação das fases intergranular da ferramenta, que consequentemente levam formação de micro-trincas nessa região, as quais podem levar a ferramenta a sofrer falhacatastrófica,emfunçãodotempo[8]. 13 Cadernos UniFOA 2. Procedimentos Experimentais 1.1. Mecanismos de desgaste em ferramentas cerâmicas 14 3. Resultados e Discussões Os resultados obtidos são discutidos em função das propriedades físicas e mecânicas, os quais mostraram diferentes valores em função dos diferentes tipos de aditivos utilizados. Entretanto os resultados apresentam importantes avanços no desenvolvimento de novos materiais cerâmicos. 3.1. Densidades Relativas, Perda de Massa e Retração Linear A densidade relativa, perda de massa e retração linear das amostras sinterizadas são mostradas e discutidas tomando como base os diferentes aditivos utilizados, conforme Tabela 1. A perda de massa é um fenômeno que ocorre durante a sinterização, e esta diretamente relacionada com a volatilização dos óxidos durante a sinterização. A diferença de perda de massa entre as composições analisadas estão relacionada com a formação de SiO e AlO volátil cuja formação é favorecida pela presença de O2, mesmo com o uso de atmosfera nitrogênio com pressão de 0.1 MPa [10]. De acordo com recentes estudos,aretraçãolinear,densificaçãoeaperda de massa iniciam-se em torno da temperatura de 1250 °C, e vai aumentando sua proporção em função do tempo e da temperatura de sinterização, fazendo uma sequencia de três estágios. Na temperatura de 1250 °C começa a ocorrer o rearranjo das partículas, posteriormente em 1750 °C acontece o segundo estagio, onde a partir desse e somado ao patamar, a retração linear, perda de massa e densidade relativa ocorre de maneira mais atuante. Em função das temperaturas serem pontual para cada composição, a amostra C, que possui a presença de Y2O3, adensificaçãoa 1850 °C foi a mais baixa, devido à menor concentração de liquido existente, o que reduziu a totaltransformaçãodoα-Si3N4 [11]. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Tabela 2. Mostra os valores de densidade relativa, perda de massa e retração linear das cerâmicas. Composição (wt.%) Densidade relativa (%) Retração linear (%) Perda de massa (%) A B C 98,40 ± 0,18 97,94 ± 0,25 97,21 ± 0,43 16,34 ± 0,34 15,96 ± 0,23 15,38 ± 0,18 2,80 ± 0,22 3,75 ± 0,35 4,48 ± 0,41 Os resultados mostrados na Tabela 2 ocorrem em função do tipo de aditivos utilizados que para sinterização. Possivelmente esses aditivos formam menor quantidade de fase liquida nas temperaturas de 1750 a 1850 °C, e conforme o tempo de patamar (1h) pode não ocorrer uma densificação total. Assim podemos concluir que os líquidos formados apresentam baixa viscosidade promovendo rápida densificação.Nessascondiçõesvárioselementos vão sendo volatilizados principalmente, em função dos elementos como: Yb2O3, Er2O3, Dy2O3, HO2O3, Tm2O3 e CeO2. Na temperatura de 1850 °C a composição que apresentou maior quantidade de Y2O3 mostrou maior presençadafaseα-SiAlONemelhordensificação. Isso também explica a baixa densidade das cerâmicas em função da baixa viscosidade e das características volátil dos aditivos quando utilizados na sinterização por fase liquida. Nessas condições os rearranjos, solução e precipitação são prejudicadas e dessa maneira aparecem os poros nos materiais prejudicando as propriedades mecânicas dos mesmos. 3.2. Análises das Fases Presentes nas Cerâmicas Sinterizadas Os resultados de difração de raios-X mostrando na Figura 1 mostram as fases obtidas em função dos tipos de aditivos utilizados. As cerâmicas que foram aditivadas com Y2O3 (Fig. 1a) mostrou predominância da fase α-SiAlON, enquanto que as amostras com CTR2O3 (Fig. 1b) e CeO2 (Fig.1c)mostrarampredominânciadafaseβ-Si3N4. Entretanto as cerâmicas com adição de CeO2 mostraramquealémdafaseβ-Si3N4, presença da fase α-Si3N4. Isso pode ter ocorrido em função da alta temperatura que promoveu a volatilização de materiaisenãohouvetemposuficienteparaatransformação de fases. Esses resultados mostraram que o Y2O3 promoveu uma melhor estabilização da fase α-SiAlON.Essecomportamentotemsidoexplicado em recente literatura, Kurama, (2002). 15 Figura 1 – Difratogramas de raios-X das cerâmicas: (a) Y2O3, (b) CTR2O3, (c) CeO2. Figura 2 – Microestruturas das cerâmicas: de Si3N4 Sinterizadas (a) Y2O3, (b) CTR2O3, (c) CeO2. 3.4. Dureza e Tenacidade à Fratura das Cerâmicas Os valores de tenacidade à fratura e dureza das cerâmicas são mostrados na Tabela. 3. Tabela 3. Dureza e tenacidade à fratura das cerâmicas sinterizadas. Propriedades mecânicas Composição Dureza (GPa) Tenacidade à fratura (MPa.m1/2) A 19, 07 ± 0,15 5,60 ± 0,21 B 18,58 ± 0,14 5,89 ± 0,23 C 17,20 ± 0,25 6,80 ± 0,34 Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 As microestruturas das cerâmicas sinterizadas são mostradas na Figura 2. Analizando os resultados podemos observar microestruturas com grãos alongados para as amostras B e C, característica da fase β-Si3N4. Entretanto na amostra C, podemos observar que microestrutura apresenta-se de maneira grosseira com misto de grãos muitos grandes e alguns pequenas, com características de vazios entre os arranjos de grãos. Na microestrutura da amostra A é possível observar uma microestrutura de arranjo de grãos mais denso, onde as regiões que apresenta menor quantidade de grãos por área pode ser em função do arranchamento durante a preparação da amostra. De uma maneira geral nas Fig. 2a e 2b mostram uma tendência de microestrutura com menos incidência de falhas microestruturais, mesmo apresentando diferentes percentuais de fases existentes em cada uma. Isso pode ser em função da quantidade de oxido de itrio existente em cada composição, conforme Tab.1. Entretanto a amostra que não recebeu adição de Y2O3 apresenta uma microestrutura totalmente irregular devido a possíveldistribuiçãodosaditivos,oqueinfluencia na formação da fase liquida e como consequêncianadensificaçãodaceramica. Cadernos UniFOA 3.3. Análises das Microestruturas das Cerâmicas Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 16 Nessa tabela poder ser observado que o uso dos aditivos Al2O3/Y2O3 e Al2O3/CTR2O3 apresentaram importantes valores de microdureza Vickers e tenacidade a fratura, devido apresençadafaseα-SiAlON/β-Si3N4 e as fases remanescentes. Na amostra aditivada com Al2O3/CeO2 podemos observar um maior valor de tenacidade a fratura, porém o valor de microdureza pode ser considerado baixo para cerâmicas a base de Si3N4. As cerâmicas a base de Si3N4 tem como característica aumento da tenacidade à fratura com aumento da fase β-Si3N4 devido à razão de aspectos apresentados pelos grãos. Na amostra aditivada com Al2O3/CeO2 um outro fator pode ter contribuído para aumento da tenacidade a fratura é a presençadafaseα-Si3N4 e possíveis porosidades existentes. Os valores das propriedades mecânicas obtidas podem ser considerados satisfatórios para diversas aplicações tribológicas, incluído o uso como ferramentas de corte, mas faz necessárioconhecerasespecificaçõesdosmateriais a ser usinado e suas mudanças durante o processo de usinagem. Os resultados de propriedades mecânicas obtidas nesse trabalho estão de acordo com [12, 13 e 14]. 4. Conclusões Os resultados obtidos nesse trabalho mostraadiversificaçãodeproprieddaesobtidasem função dos diferentes aditivos utilizados. Como resultados podem observar que o CTR2O3 apresenta propriedades promissoras para substituição do Y2O3 como aditivos. Entretanto para cada tipo de aditivos se faz necessários estudos mais aprofundados dos parâmetros de sinterizações. Isso também é possível para o uso de CeO2 como aditivos. Dotado de conhecimentos específicos para as aplicações das cerâmicas desenvolvidas nesse trabalho é possível utilizalas em diversos meios. [2] DINIZ, A.E.; MARCONDES, F.C. e COPPINI, N.L. Tecnologia da Usinagem dos Materiais (5th ed.), Artliber Editora, São Paulo (2006) (in Portuguese). [3] SOUZA, J.V.C., et al., Development of α-SiAlON-SiC ceramic composites by liquid phase sintering. International Journal of Refractory Metals and Hard Materials, v. 25, p. 77-81, 2007. [4] NARUTAKI, N.; YAMANE, Y. e Okushima,K.; Tool wear and cutting temperature of CBN tool in machining of hardened steels, Ann. CIRP 28 (1) (1979), pp. 23–28. [5] TRENT, E.M. J. Iron Steel Inst. 201 (1963), p. 847. [6] SUH, N.P.; Tribophysics, Prentice-Hall, Englewood-Cliffs, NJ (1986). [7] TRENT, E.M.; Wear 128 (1988), p. 29. [8] SOUZA, J.V.C., et al.; Estudo dos tipos e mecanismos de desgastes na usinagem do ferro fundido vermicular (CGI) usando ferramenta de corte a base de Si3N4, Anais 52 ° CBC (2008) [9] RIBEIRO, S.; Estudo comparativo das propriedades do nitreto de silício sinterizado com óxido de ítrio/óxido de silício e concentrado de óxidos de ítrio e terras raras/óxido de silício. Faculdade de Engenharia Química de LorenaFAENQUIL, PhD thesis. 1997. p. 194 [10] JOHNSTON, M.W. and Little, J.A.; Degradation of oxidized SiC–Si3N4 in molten aluminium. J. Mater. Sci. 25 (1990), pp. 5284–5290. [11] KURAMA, S.; HERRMANN, M. and MANDA, H.; The effect of processing conditions, amount of additives and composition on the microstructures and mechanicalpropertiesofα-SiAlONceramics, Journal of the European Ceramic Society , Volume 22, January 2002, pp 109-119. 5. Referencias [1] SANDVIK, Modern Metal Cutting (1st edn.), Sandvik Coromant Technical Editorial Department, Tofters Tryckeri, Sweden (1994). [12] STRECKER, K., et al.; Substitution by a rare earth oxide mixtures ats sintering additive of Si3N4 ceramics. Mater. Lett. 45 (2000), pp. 39–42. [13] RIBEIRO, S.; STRECKER, K., VERNILLI, Jr F; Estudo comparativo da oxidação do nitreto de silício sinterizado com óxidos de ítrio e de terras raras, in: L. Guerra Rosa (Ed.), Encontro Nacional da Sociedade Portuguesa de Materiais 8, Materiais’97, vol. 2, Marinha Grande, Portugal, Anais, Sociedade Portuguesa de Materiais, Aveiro, 1997, pp. 133–141. 17 Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 [14] RIBEIRO, S.; VERNILLI, Jr F; STRECKER, K.; Microestrutura e fases presentes em Si3N4 aditivado com Y2O3/SiO2 ou concentrado misto de terras raras (RE2O3)/ SiO2. Cerâm. ABC 44 285/286 (1998), p. 43. 19 Avaliação do envelhecimento ambiental e das propriedades mecânicas dos compósitos de polipropileno/bagaço de cana-de-açúcar Evaluation of the environmental aging and mechanical properties of the polypropylene/sugarcane bagasse composites Rayane Lima de Moura Paiva1 Daniella Regina Mulinari1,2 Fibras Naturais Propriedades Mecânicas Envelhecimento Ambiental Abstract: Polypropylene (PP) reinforced with fibers from sugarcane bagasse composites in different proportions were prepared. Also environmental aging was conducted for the composites and their mechanical properties determined. The results showed that chemical treatment caused changes in color and chemical composition of the fibers, removing impurities and amorphous constituents such as lignin and hemicellulose, techniques of FTIR, X-ray diffraction and scanning electron microscopy confirmed these data. Also, it was observed that addition of natural fiber in PP matrix provided an improvement in the mechanical properties materials. The weathering test revealed a slight mass gain after 75 days, but it was clear that the inclusion of fibers has a higher mass gain compared to pure PP. Centro Universitário de Volta Redonda/UniFOA.1 Universidade do Estado do Rio de Janeiro.2 Keywords: Polypropylene Natural Fibers Mechanical Properties Environmental Aging Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Polipropileno Resumo: Compósitos de polipropileno (PP) reforçados com fibras proveniente dobagaçodecana-de-açúcarmodificadas,emdiferentesproporçõesforam preparados. Também foi realizado envelhecimento ambiental nos compósitos e determinado suas propriedades mecânicas. Os resultados obtidos revelaram que o tratamento químico provocou alteração na coloração e na composição química das fibras, removendo impurezas e constituintes amorfos como lignina e hemicelulose, as técnicas de FTIR, difratometriadeRaiosXemicroscopiaeletrônicadevarreduraconfirmaramessesdados.Alémdisso,observou-seaadiçãodefibrasnaturais na matriz PP proporcionou uma melhora nas propriedades mecânicas dos materiais. O teste do intemperismo revelou um leve ganho de massa após75dias,masficouclaroqueainserçãodefibrasapresentamaior ganho de massa quando comparado ao PP puro. Cadernos UniFOA Palavra-chave: Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 20 1. Introdução Atualmente, a necessidade de desenvolver e comercializar materiais compósitos reforçadoscomfibrasvegetaistemcrescido,devido a questões relacionadas ao impacto ambiental e ao desenvolvimento sustentável. Desse modo, as empresas passaram a investir na busca de novas tecnologias para o uso desses materiais e a considerar também a variável ambiental em suas estratégias de produção (ALVES et al., 2010; MULINARI et al., 2010). No Brasil, mesmo com a grande disponibilidadedefibrasederesíduosagroindustriais ainda não se tem ampla utilização ou aplicação destes. Apesar do interesse nesta área ter aumentado,porenquanto,predominamasfibras devidroeasfibrassintéticas,principalmente, as derivadas de petróleo (BENINI, 2011). E um fator importante que favorece o emprego de fibras vegetais como insumo renovável é a crescente perspectiva de economia de energia por meio da redução de peso dos componentes, bem como os aspectos ligados à recuperação das matérias-primas e reaproveitamentodosmateriaisnofinaldociclodevida do (IBRAHIM et al., 2010; MIGNEAULT et al., 2009; XU et al., 2008). No entanto, estes materiais podem sofrer degradação com o tempo e apresentar algumas características indesejáveis. A principal limitação para aplicação dos materiais poliméricos em muitas situações é decorrente da baixa sensibilidade dos polímeros orgânicos à alta temperatura. Acima da temperatura de transição vítrea, o polímero começa apresentar variações dimensionais e se exposto por longos períodos ao calor desencadeia-se lentamente o processo termooxidativo com alterações de cor, perda de massa, despolimerização e consequente redução de propriedades físicas do material. A sensibilidade dos polímeros à temperatura depende da estrutura e tipo de ligação química presentes na cadeia polimérica (CANEVAROLLO, 2002; JIANG et al., 2012). O controle da degradação térmica é de fundamental importância durante o processamento do polímero, embora possa acontecer em outras fases do ciclo de vida do material, desdeasuasínteseatéoseuusofinal.Durante o processamento de polímeros com baixa estabilidade térmica, a ação do calor e do cisalha- mento intenso torna obrigatório o uso de estabilizantestérmicosespecíficos,compatíveis com o mecanismo de degradação térmica do polímero a ser protegido. De maneira geral os principais tipos de degradação de polímeros estão relacionados à degradação térmica ou exposição do polímero ao intemperismo (ação combinada luz UV, calor e umidade). Além disso, as fibras vegetais também podem sofrer degradação devido a agentes biológicos, meios ácidos e alcalinos, absorção de umidade, radiação ultravioleta e temperatura.Oscomponenteslignocelulósicosdasfibras vegetais respondem de diferentes formas aos meios citados. O processo de degradação fotoquímica por luz ultravioleta (UV), por exemplo ocorre quando as fibras são expostas a ambientes externos. A degradação ocorre inicialmente na lignina, que é responsável pelamudançadecordafibra.Emcomparação a lignina, a celulose é muito menos suscetível a degradação UV, em contrapartida a hemicelulose e a celulose são mais suscetíveis a altas temperaturas (RODRIGUES, 2007). Desta forma, é importante avaliar a estabilidade desses materiais, ou mesmo avaliar a eficiênciadedeterminadoscomponentesdeuma formulação. Esta avaliação pode ser realizada por meio de ensaios que simulem as condições de uso as quais ele estaria exposto durante a sua vida útil. Esses ensaios podem ser feitos em estações de exposição ambiental (envelhecimento ambiental) ou em laboratório (envelhecimento acelerado) (DEL CARPIO, 2009). Nos ensaios de envelhecimento ambiental (natural) o compósito é exposto ás condições ambientais próximas da real condição de uso do material (RODRIGUES, 2007), portanto é importante conhecer detalhadamente as condições geográficas e climáticas do local,poisaluzsolarsofreinfluênciadevidoà época do ano, latitude, altitude, hora do dia, ângulo de exposição, composição da atmosfera sofre influência dos poluentes, umidade e frequência da chuva e sua intensidade. A grande vantagem deste ensaio é justamente a proximidade com a real condição de uso do material. Por outro lado, o ensaio é lento e exige longo tempo de exposição para que os fatores de degradação possam agir no material (RODRIGUES, 2007). As amostras podem se preparadascomofilmes,corposdeprovapara Para a confecção do compósito foram utilizadasfibrasprovenientesdobagaçodecana-de-açúcarepolipropileno.Afibradobagaço de cana-de-açúcar utilizada nesse trabalho foi fornecida pela Edras Ecossistemas, localizada em Cosmópolis – SP. O procedimento realizadoparaotratamentodafibrafoiaimersãodasfibrasdebagaçodecana-de-açúcarem uma solução de NaOH à 10% m/v durante 1 hora e em temperatura ambiente, após esse tempo,asfibrasforamlavadasexaustivamente com água destilada até atingir o pH da água destilada e secas em estufa a 80 ºC (Figura 1). (a) (b) Figura1.ImersãodasfibrasemsoluçãodeNaOH(a)eLavagem com água destilada (b). O polipropileno (PP) utilizado neste trabalho foi fornecido pela BRASKEN. O PP utilizado é indicado para peças injetadas que possui excelente resistência mecânica e ao calor e alta resistência ao impacto. Paraavaliaroefeitodamodificaçãonas fibrasforamrealizadasanálisespormeiodas técnicas de Difratometria de Raios X (DRX), Microscopia eletrônica de varredura (MEV) e Espectroscopia de infravermelho (FTIR). Os difratogramas de Raios X das fibrasdobagaçoinnaturaemodificadasforam obtidos para determinar o tipo de estrutura física, ou seja, os parâmetros de redes e os espaçamentos interplanares da rede cristalina do material, permitindo identificá-lo mediante comparação com estruturas cristalinas já conhecidas, determinando se o material é amorfo ou cristalino. Para obter os difratogramas, foi utilizado um difratômetro de Raios X da Shimadzu XDR-6000, disponível no Departamento de Engenharia de Materiais da EEL/USP,comfontederadiaçãoCuKα,voltagem de 40 kV, corrente de 40 mA, varredura 0,05(2θ/5s)paravaloresde2θentre10e70º. As micrografias foram obtidas em um microscópio eletrônico de varredura JEOL JSM5310, disponível no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE em São José dos Campos, operando de 15 a 20 kV, usando elétrons secundários, com o intuito de obter informações quanto à morfologia e composição dasfibras.Asamostrasforamfixadasemum suporte com auxílio de uma fita de carbono dupla face e submetidas ao recobrimento metálico com ouro. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 2. Experimental 21 Cadernos UniFOA ensaiosmecânicosepeçasnoformatofinalde uso. A análise de sua degradação pode ser feita através da avaliação visual, medição de cor de superfície, avaliação das propriedades mecânicas e avaliação de alterações estruturais por métodos espectrométricos. Os ensaios de envelhecimento acelerado possuem a vantagem da rapidez, fornecendo dados sobre o provável desempenho do material ao longo da sua vida útil. Nestes ensaios, são simuladas as condições de exposição do material, porém com intensidades elevadas, de modo a acelerar o processo de degradação. Apesar da vantagem da rapidez, pode fornecer resultados imprecisos, em função de mecanismos paralelos ocorridos nas amostras (RODRIGUES, 2007). Nesse trabalho foi realizada a avaliação de compósitos poliméricos de polipropileno reforçadoscomfibrasdebagaçodecanapor envelhecimento acelerado, bem como a avaliação das propriedades mecânicas. 22 Comopropósitodeavaliaramodificação realizadanasfibrasapósotratamentoalcalino eidentificarasvibraçõeseestiramentosdasligações efetivas dos materiais foi feita uma análise de espectroscopia de infravermelho. Uma mistura de KBr (300 mg) e cerca de 1,5 mg de amostra foi macerada em gral e pistilo de ágata. As pastilhas foram obtidas no pastilhador utilizando uma pressão de 10 kgf.cm-2 sob vácuo durante 5 min, em seguida foi efetuada a varredura numa faixa espectral de 4000 a 400 cm-1 com 64 scans. As análises foram realizadas um espectrofotômetro Spectrun GX Perkin Elmer, disponível no Departamento de Bioquímica da Escola de Engenharia de Lorena/USP. Os compósitos (5-30% em massa de reforço) foram obtidos em um homogeneizador para plásticos. Inicialmente o reforço e a matriz foram secos em estufas a 50 ºC por cerca de 2 h. Após mistura entre reforço e matriz no homogeneizador “Dryser”, o material foi moído em moinho granulador e novamente seco em estufa a 50 ºC por 2 h, injetado para obtençãodoscorposdeprovaflexão.Oscorpos de prova foram obtidos utilizando o mesmo procedimento, para efeito de comparação com diferentesproporçõesdefibrascomorelacionados na Tabela 1. Amostra Tipodefibrareforçada Quantidade de PP (% m/m) Quantidade de reforço (% m/m) CB5% Fibramodificada 95 5 CB10% Fibramodificada 90 10 CB20% Fibramodificada 80 20 CB30% Fibramodificada 70 30 Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Tabela1.DescriçãodoscompósitosdePPreforçadoscomdiferentesproporçõesdefibras Os ensaios de flexão foram realizados em um equipamento da marca EMIC. Foram analisados cinco corpos de prova, com dimensões de acordo com a norma ASTM D 790 – 03 com 13 mm de largura, 130 mm de comprimento e 6 mm de espessura. As propriedades mecânicasderesistênciaàflexãoemódulode elasticidadeemflexãoforamavaliadas. No teste de intemperismo ambiental foi observada a biodegradação do compósito, a partir da análise do percentual de perda de massa e da mudança na coloração das amostras. As amostras foram pesadas semanalmente e submetidas á exposição aos fenômenos ambientais durante 75 dias na cidade de Volta RedondanoBairroSantaCruz,nofinaldeste ciclo estas foram pesadas novamente, o que possibilitou a avaliação do percentual de perda de massa das mesmas. A Figura 2 evidencia como os corpos de provas foram estudados. Figura 2. Suporte para exposição dos corpos de prova. 3. Resultados A modificação química das fibras provenientes do bagaço de cana de açúcar foi realizada afimdemelhoraraadesãoentreasfibrasematriz e, consequentemente, melhorar as propriedadesmecânicasdoscompósitos.Asmicrografias (a) (b) (c) (d) Figura3.MEVdasfibrasdebagaçodecanainnatura:(a)500X;(b)1000X;(c)5000X;(d)20000X. Asmicrografiasdasfibrasdebagaçode cana in natura apresentaram uma superfície lisa, com uma camada de cera e homogênea quando comparadaàsfibrasmodificadas(Figura4).As micrografiasdasfibrasdebagaçodecanamodificadasapresentaram-seagrupadasempaco- tescomváriosfeixesdefibras.Alémdisso,foi possível observar a presença de “pits” dispostos ao longo de toda a parede celular. Os “pits” servem para o crescimento e manutenção da planta que é transportar água e nutrientes ao longo das várias células até as raízes e folhas. 23 Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 sentaram características diferentes. A Figura 3 mostraasmicrografiasdasfibrasdebagaçode cana in natura obtidas em diferentes ampliações. Cadernos UniFOA obtidas por MEV permitiram avaliar os aspectos morfológicosdasfibras.Assuperfíciesdasfibras debagaçodecanainnaturaemodificadasapre- 24 (a) (b) (c) (d) Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura4MEVdasfibrasdebagaçodecanamodificadas:(a)500X;(b)1000X;(c)5000X;(d)20000X. Amodificaçãorealizadanasfibrascausou a remoção de extrativos e da camada cerosa, promovendo uma maior rugosidade à superfície das fibras. As ceras e graxas que envolvemasfibrasdiminuemaadesãoentrea matriz e o reforço, por isso sua remoção é de fundamental importância para o aumento das propriedades mecânicas dos compósitos. Um maior aumento das fibras permitiu observar umamaiorrugosidadeapósamodificaçãoda fibra,devidoàsolubilizaçãodecompostosem meio alcalino, aumentando a área de superfície efetiva para contato com a matriz polimérica. OsdifratogramasdeRaiosXdasfibras apresentaram um comportamento semelhante e mostraram características de materiais semicristalinos, com picos intensos (Figura 5). Figura5.DifratogramasdeRaiosXdasfibrasdebagaçodecana Esses picos foram bem definidos, em média, 16º e 22,3º, os quais correspondem aos planos cristalográficos (101) e (002). Analisando os difratogramas separadamente, observa-se,paraafibrainnaturapicosdedi- fração2θem15,9ºe22,2ºeparaasfibrasmodificadas,picosdedifraçãoem16,3ºe22,4º, ou seja, praticamente os mesmos picos para ambos os difratogramas. Figura 6. Espectros na região do infravermelho (400 – 4000 cm-1) dasfibrasdebagaço Os espectros obtidos na região do infravermelhodasfibrasdebagaçodecana(Figura 6)possibilitaramobservaramodificaçãoquímicadasuperfíciedasfibrasquandocomparadasàsfibrasinnatura. A análise comparativa dos espectros de FTIRdasfibrasmostracaracterísticasrelevantes,quantoàmodificação,taiscomo:diminuição das absorções na região de 3300 cm-1, referente ao estiramento da hidroxila (O-H) e na região de 2885 cm-1, referente ao estiramento simétrico da ligação C-H presente em polissacarídeos; e diminuição da absorção na região de 1732 cm-1, referente ao estiramento da ligação C=O presentes em xilanas. Destaforma,ficaevidenteeuamodificaçãorealizadanasfibrasinfluenciaránaspropriedades mecânicas. Oestudodaresistênciaàflexãodoscompósitos foi importante, pois permitiu avaliar o comportamento do material de resistir à força de dobramento aplicada perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. A força de tensão induzidapelacargadeflexãoéumacombinação de forças de compressão e tensão. As propriedadesdeflexãodoscompósitosforaminfluenciadas pela quantidade de reforço inserida na matriz. A Tabela 2 apresenta os valores do limitederesistênciaàflexãodoscompósitos. 25 PP CB5% CB10% CB20% CB30% Resistência à Flexão (MPa) Módulo de Elasticidade (MPa) 50,9 ± 0,4 60,6 ±1,1 57,1 ± 1,5 55,4 ± 2,5 53,7 ± 5,1 1069 ± 35,0 1480,0 ± 71,6 1532,0 ± 85,1 1703,0 ± 158,3 1821,0 ± 299,7 Analisando-se as propriedades mecânicasemflexãodoPPpurofoiobservadovalor inferior quando comparado aos compósitos. Ao se inserir fibras na matriz houve um aumento na resistência e no módulo, atingindo até 70% de aumento (CB30%) quando comparado ao PP puro. A inserção de fibras na matriz mostrou queoscompósitosficarammaisrígidos,deixando evidente que o tratamento realizado nas fibras influenciou nas propriedades mecânicas. A Figura 7 evidencia a rigidez em função dos materiais. Figura7.Módulodeelasticidadeemflexãodosmateriais. Dessa forma, foi observado que o tratamento dado às fibras foi adequado e causou uma melhora nas propriedades mecânicas. Os dados da Tabela 3 evidenciam os testes de intemperismo realizado no polímero PP. Cadernos UniFOA Propriedades Amostras Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Tabela2.Valoresdolimitederesistênciaàflexão 26 Tabela 3. Resultados obtidos do teste de intemperismo do PP puro. Analisando-se os resultados notou-se que em 75 dias não foi possível observar perda de massa, houve um leve ganho de massa devido à absorção de água. As Tabelas 4 a 7 mostram resultados obtidos dos testes de intemperismo realizado nos compósitos. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Tabela 4. Resultados obtidos do teste de intemperismo dos compósitos CB5%. Tabela 5. Resultados obtidos do teste de intemperismo dos compósitos CB10%. Tabela 6. Resultados obtidos do teste de intemperismo dos compósitos CB20%. 27 4. Conclusões Com a análise dos resultados obtidos neste trabalho foi possível avaliar o efeito do tratamentoquímicodemercerizaçãonasfibras de bagaço de cana sobre as propriedades dos compósitos, bem como seu estudo quanto ao envelhecimento ambiental. Quanto à caracterização das fibras foi possível chegar às seguintes conclusões: • o tratamento químico provocou alteração na coloração, na composição química e na estabilidadetérmicadasfibras,removendo impurezas e constituintes amorfos como lignina e hemicelulose; Cadernos UniFOA Analisando-se os resultados foi observado que houve maior ganho de massa dos compósitos quando comparado aos PP puro. Isso ocorre devido à inserção de fibras, pois os materiais lignocelulósicos mudam as suas dimensões quando absorvem umidade, porque a parede celular destes materiais possui grupos hidroxila que interagem com água por meio de ligações de hidrogênio. Noentanto,aquantidadedefibrainseridanamatriznãoinfluenciounaabsorção,pois esperava-se que quanto maior a inserção de fibrasmaiorseriaoganhodemassa.Também não foi notado modificação na cor dos compósitos. Desta forma, fica evidente que seria necessário um maior tempo de análise para observar alterações na cor e no peso. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Tabela 7. Resultados obtidos do teste de intemperismo dos compósitos CB30%. 28 • os resultados de FTIR apresentam diferençassignificativasentreasfibrasinnaturae mercerizadas; • os resultados de Difratometria de Raios X não apresentaramdiferençassignificativas; • os resultados de Microscopia Eletrônica de Varredura evidenciaram diferenças significas quantoàmorfologiadasfibrasapósotratamento. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Quanto à caracterização e obtenção dos compósitos as principais conclusões foram: • o processo de obtenção utilizado na fabricação dos compósitos foi adequado; • o uso da moldagem por injeção foi interessante, pois tornou o processo rápido e reprodutível fazendo com que seja perfeitamente viável o uso deste material em escala industrial; • comaadiçãodefibrasnaturaisnoPPobtevese um material com até 30% menos polímero e com propriedades mecânicas viáveis para determinadas aplicações do PP; • aadiçãode30%fibrasdebagaçodecana mercerizadas na matriz PP proporcionou o maioraumentorigideznoensaiodeflexão quando comparado ao PP puro; • o teste do intemperismo revelou um leve ganhodemassaapós75dias,masficouclaro queainserçãodefibrasapresentamaiorganho de massa quando comparado ao PP puro. Destaforma,ficaevidentequeotratamentorealizadonasuperfíciedasfibrasfoieficaze euoteordefibrasinseridosnamatrizPPalterara significativamenteaspropriedadesmecânicas. 5. Referências Bibliográficas ALVES, C.; FERRÃO, P.M. C.; SILVA, A. J.; REIS, L. G.; FREITAS, M.; RODRIGUES, L. B.; ALVES, D. E. Ecodesign of automotive components making use of natural jute fiber composites. Journal of Cleaner Production, v.18, p.313-327, 2010. BENINI, K. C. C. C. Desenvolvimento e caracterização de compósitos poliméricos reforçados com fibras lignocelulósicas:HIPS/ fibradacascadococoverdeebagaçodecana de açúcar. 2011. 125f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Universidade Estadual Paulista, 2011. CARNEVAROLLO, S.V. ”Ciencias dos polímeros: um texto básico para tecnólogos e engenheiros”, SP, Arttliber Edtora, (2002). DEL CARPIO, D. C. F. Degradação físicoquímica do PVC causada por derivados do petróleo. 2009. 25f. 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Para um material ser utilizado como implante ortopédico é necessário um balanço entre alta resistência e baixo módulo de elasticidade, porém estudos mostram que não é trivial obter simultaneamente baixo módulo de elasticidade e alta resistência nas ligas de Ti. Várias microestruturas podem ser obtidas por diferentes tratamentos de envelhecimento os quais influenciam várias propriedades das ligas e, portanto um satisfatório tratamento de envelhecimento poderá resultar num melhor balanço entre baixo módulo de elasticidade e alta resistência. Há vários tratamentos de envelhecimento que podem ser realizados em uma liga β metaestável. Um destes é o duplo envelhecimento. Realiza-se um envelhecimento em uma temperaturaemtornode250ºCquefavoreçaaprecipitaçãodafaseω(isotérmica) e um subsequente envelhecimento numa temperatura maior para aprecipitaçãodefaseα.Ofocodesteenvelhecimentoéobterumaprecipitaçãodefaseαmaisfinaeuniforme.Destaforma,oobjetivodeste trabalho foi estudar o efeito do duplo envelhecimento nas propriedades da liga Ti-10Mo-20Nb. A liga foi processada termomecanicamente e passou por um duplo envelhecimento que consistiu primeiramente num envelhecimento na temperatura de 300ºC por 10 min, 45 min e 3 h e um subsequente envelhecimento na temperatura de 500 ºC por 24 h. Como resultado foi observado que no envelhecimento de 300°C/10min500°C/ 24h, houve um decréscimo da dureza e do módulo de elasticidadequesugerequeapequenaprecipitaçãodafaseωnoprévioenvelhecimentonãofoisuficienteparaqueafaseαnucleassedemaneirafinae homogênea. 1 Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA 2 Universidade Federal do Rio de Janeiro – COPPE/UFRJ - Rio de Janeiro Cadernos UniFOA Palavras-chave: Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 José Vicente de Paiva Panaíno 1 Jadir Lemos1 Raphael Alexander Ribeiro1 Emanuel Santos Jr2 Sinara Borborema Gabriel2 30 Abstract: b metastableTi alloys have been widely studied for use in biomedical devices because they have a advantages over other Ti alloys. Materials to be used as orthopedic implants require a balance of high strength and low modulus. Studies have shown that it is not trivial to achieve both low modulus and high strength in Ti alloys. Several microstructures maybeobtainedbyvariousagingtreatmentswhichinfluencevarious properties of the alloys, and therefore a satisfactory treatment of aging may result in a better balance between low modulus and high strength. There are several aging treatments that may be performed in ametastableβalloy.Oneofthemisthedoubleaging,whichconsists of two processes. Aging is carried out at a temperature around 250°C, whichfavorstheprecipitationofωphase(isothermal)andasubsequent agingatahighertemperaturefortheprecipitationofαphase.Thefocus ofthisagingprocessistoobtainaprecipitationofαphasemorethin and uniform. Of this form, the objective of this study was to study the effect of double aging on the properties of the Ti-10Nb-20Mo alloy. This was thermomechanically processed and passed through a double agingconsistingfirstagingatatemperatureof300°Cfor10min,45min and 3 hours and a subsequent aging at a temperature of 500°C for 24 h. As a result it was observed that aging at temperature of 300°C for 10 min and a subsequent aging at a temperature of 500°C for 24 h, carried adecreaseinhardnessandelasticmodulussuggestingthatthelowω phase precipitation (previous aging) was not enough for the α phase nucleation so thin and homogeneous. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 1. Introdução Titânio (Ti) e suas ligas são amplamente usadas como implantes ortopédicos por apresentarem boa resistência à corrosão, biocompatibilidade, maior resistência e menor módulo de elasticidade que outros biomateriais metálicos tais como aço inoxidável e ligas a base de Co-Cr (Zhou 2008). A liga de Ti mais utilizada em aplicações ortopédicas é a Ti6Al-4V. Embora esta liga apresente um menor módulo de elasticidade quando comparada com o aço inoxidável e as ligas de Co-Cr, esse valor (110 - 120 GPa) é alto comparado ao do tecido ósseo (~10 - 40 GPa). A diferença entre o módulo do metal e do tecido ósseo pode resultar em reabsorção óssea e eventual falha do implante (Ando et al, 2008, Majumdar et al., 2008). Além disso, estudos desta particular liga têm mostrado que a liberação de pequenas quantidades dos elementos V e Al no corpo humano podem induzir efeitos citotóxicos e desordens neurológicas, respectivamente (Cremasco et al, 2008; Raabe et al, 2007; Vadiraj, 2007). Consideráveis esforços têm sido feitos para explorar novas ligas de Ti visando aplicações ortopédicas que reúna as seguintes pro- keywords: Ti alloys Properties Double Aging priedades: baixo módulo de elasticidade, excelente resistência mecânica, boa resistência à corrosão, fácil conformabilidade e ausência de elementos tóxicos. Vários trabalhos na literatura vêm desenvolvendo ligas do tipo b compostas de elementos não tóxicos como Nb, Ta, Mo, Zr e Sn (Matsumoto et al., 2008, Hon et al., 2003, Zhou et al., 2005, Zhou, 2008) Nessa classe, as ligas na condição b metaestável estão ganhando aceitação para aplicação em dispositivos biomédicos por apresentarem um balanço de vantagens em relação às outras ligas de Ti, tais como alta relação resistência / densidade, excelente resistência à fadiga e resistência à propagação de trinca e, além disso, tendem a apresentar o menor módulo dentre todos os tipos de ligas. A superioridade das ligas de Ti-b (metaestável) é mais pronunciada na condição tratada e envelhecida, na qual o tamanho de grão b, fração volumétrica, morfologia, tamanho e espaçamento dos precipitados (Matsumoto et al., 2007) controlam os níveis de resistência. Já o módulo de elasticidade é uma medida de rigidez do material determinado pelas forças de ligação entre os átomos. Já que essas forças não podem variar sem que ocorram mudanças básicas na natureza do material, o módulo 2. Procedimento Experimental A liga Ti-10Mo-20Nb foi forjada a frio até 80% de redução em área, respectivamente. Em seguida passou por um duplo envelhecimento que consistiu em dois processos. Realizou-se um envelhecimento na temperatura de 300 °C por 10 min, 45 min e 3h (Mansur 3. Resultados e Discussão A Figura 1 mostra o padrão de DRX da liga Ti-10Mo-20Nb após duplo envelhecimentoa300°C/3h-500°C/24h.Verificou-sea presençadereflexõesdafaseαnamatrizβ.O 31 Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 etal.,2012)paraaprecipitaçãodafaseω(isotérmica) e um subseqüente envelhecimento na temperatura de 500 °C por 24 h para a precipitaçãodefaseαdeacordocomestudosrealizados por Gabriel (2008). As análises de fases da liga nas diferentes condições na forma polida foram realizadas por difração de raios-X (DRX) usando uma Shimadzu modelo DRX 6000 nas seguintes condições: radiação CuKa (l = 1,5418 Å) com monocromador de grafite, tensão de 40 kV, corrente de 30 mA, varredura (2q) de 30 a 90 graus, passo angular de 0,05 º e tempo de contagemde5sporponto.Asfasesforamidentificadas através da comparação com difratograma simulado. As simulações foram realizadas através do programa Powdercell (Kraus & Nolze, 1996) inserindodadosdasfasesβeα(Villars& Calvert, 1991), como grupo espacial, parâmetros de rede e posições atômicas. Para as análises utilizando microscopia eletrônica de varredura (MEV), as amostras foram embutidas à frio em resina e lixadas utilizando-se lixas de carbeto de silício na seqüência de 180 a 2400. Após o lixamento, estas passaram por um polimento com alumina (1μm). Na segunda etapa do polimento utilizou-se uma suspensão de polimento composta por 260 ml de OP-S, 40 ml de H2O2, 1 ml de HNO3 e 0,5 ml de HF. O pano de polimento foi o OP-CHEM (Struers). Em seguida passaram por um ataque químico para revelar a microestrutura, utilizando-se uma solução Kroll (6 ml de HNO3, 3 ml de HF e 100 ml de H2O). A microdureza da liga nas diferentes condições (polidas) foi medida utilizando um equipamento Micromet 2004, Buehler, com uma carga de 200 gf durante 30 s. Os valores de microdureza representam a média de 10 medidas. O valor do módulo de elasticidade da liga foi obtido usando a técnica de indentação instrumentada usando um nanoindentador MTS. Cada valor do módulo representa a média de 27 medidas. Cadernos UniFOA de elasticidade pode ser afetado pela adição de elementos de liga, tratamentos térmicos e mecânicos (Zhou, 2008). Em um material, diferentes fases têm diferentes valores de módulo de elasticidade e, portanto o módulo de elasticidade de uma liga multifásica é principalmente determinado pelo módulo de elasticidade de cada fase (varia com a composição química) e suas frações volumétricas. (Majumdar et al., 2008, Zhou, 2008). Várias microestruturas podem ser obtidas por diferentes tratamentos de envelhecimento os quaisinfluenciamváriaspropriedadesdasligas e, portanto um satisfatório tratamento de envelhecimento poderá resultar num melhor balanço entre baixo módulo de elasticidade e alta resistência (Zhou et al., 2004). Há vários tratamentos de envelhecimento que podem ser realizados em uma liga β metaestável. Há o envelhecimento direto onde o material é envelhecido diretamente sem um tratamento de solubilização. Normalmente é feitoapósdeformaçãoplásticaAfaseβpode sedecomporemumafaseαmaishomogênea, cuja homogeneidade e tamanho dos precipitados dependem da quantidade de trabalho a frio, química da liga, temperatura e tempo. Além disso, tem-se o chamado duplo envelhecimento que consiste em dois processos. Realiza-se um envelhecimento em uma temperatura em torno de 250 ºC que favoreça a precipitação da fase ω (isotérmica) e um subsequente envelhecimento numa temperatura maior para a precipitaçãodefaseα.Normalmenteestetipo de envelhecimento é feito em sistemas onde a faseωprecipitanaformadepartículaselipsoidais. O foco deste envelhecimento é obter uma precipitaçãodefaseαmaisfinaeuniforme. Deste modo, o objetivo deste trabalho foiestudaroefeitodafaseωnaprecipitação da fase α durante o envelhecimento nas propriedades da liga Ti-10Mo-20Nb. 32 mesmo foi observado para as outras condições de envelhecimento. Além disso, não foi observadovariaçãodafraçãovolumétricadafaseα nas diferentes condições. Módulo (GPa) Condição (envelhecimento) Microdureza (HV) 300°C/10 min500°C/24h 310,1 ± 8,2 322,1 ± 4,5 100,5 ± 1,7 117,5 ± 1,8 327,4 ± 8,9 118,6 ±1,9 300°C/3h500°C/24h 300°C/3h500°C/24h Tabela 1- Dureza da liga Ti-10-Mo-20Nb em diferentes condições de envelhecimento. Figura 1 – Difratograma da liga Ti-10Mo-20Nb após duplo envelhecimento a 300°C/3h - 500°C/24h. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 A Figura 2 mostra a imagem obtida por MEV da liga Ti-10Mo-20Nb após duplo envelhecimento a 300°C/3h - 500°C/24h. Não foi possívelvisualizarapresençadafaseα(detectadaporDRX)namicrografiadaligadevidoao pequeno tamanho dos precipitados. Sugere-se que a precipitação desta tenha ocorrido de formafinaehomogênea.Omesmofoiobservado para as outras condições de envelhecimento. De acordo com os resultados obtidos e com os estudos realizados por Mansur et al. (2012) que mostraram que o aumento do tempo de envelhecimento a 300°C acarretou noaumentodafraçãovolumétricadafaseω, pode-se concluir que a variação da fração volumétrica da fase ω (envelhecimento prévio) não acarretou numa variação da dureza e do módulo de elasticidade (após o duplo envelhecimento) nas condições de 300°C/45 min- 500 °C/ 24h e 300°C/3 h- 500 °C/ 24h, porém no envelhecimento de 300°C/10 min- 500 °C/ 24h, houve um decréscimo da dureza e do módulo de elasticidade que pode ter sido acarretadopelocoalescimentodosprecipitadosα , que está de acordo com o valor encontrado para a liga na condição envelhecida diretamente a 500 °C/ 24h (Gabriel, 2008). Isto sugerequeapequenaprecipitaçãodafaseωno prévioenvelhecimento(10min)nãofoisuficienteparaqueafaseαnucleassedemaneira finaehomogênea. 4. Conclusão Figura2–MicrografiaobtidaporMEVdaligaTi-10Mo-20Nb após duplo envelhecimento a 300°C/3h - 500°C/24h Os valores médios (com os desvios-padrão da dureza e do módulo de elasticidade para a liga Ti-10Mo-20Nb na condição forjada, pré-envelhecida após forjamento na temperatura de 300°C por 10 min, 45 min e 3 h seguido de resfriamento em água e envelhecimento a 500°C por 24h são mostrados na Tabela 1. Observou-se que não houve uma variação significativa na dureza e no módulo de elasticidade da liga no envelhecimento de 300°C/45 min- 500°C/24h e 300°C/3 h- 500°C/24h. De acordo com os resultados obtidos foi observado que o duplo envelhecimento (precipitação da fase α) não acarretou numa variação da dureza e do módulo de elasticidade (após o duplo envelhecimento) nas condições de 300°C/45min- 500°C/24h e 300°C/3 h- 500°C/24h, porém no envelhecimento de 300°C/10min- 500°C/24h, houve um decréscimo da dureza e do módulo de elasticidade. Isto sugere que a pequena precipitação da fase ωnoprévioenvelhecimento(10min)nãofoi suficienteparaqueafaseαnucleassedemaneirafinaehomogênea. 6. Referências MATSUMOTO, H., CHIBA, A., HANADA, S., Anisotropy of Young’s modulus and tensile propertiesincoldrolledα’martensiteTi-V-Sn alloys, Materials Science and Engineering A, v. 486, p. 503-510, 2008. ANDO, T., NAKASHIMA, K., TSUCHIYAMA, T., et al., Materials Science and Engineering A, Microstructure and mechanical properties of a high nitrogen titanium alloy, v. 486 p. 228-234, 2008. RAABE, D., SANDER, B., FRIÁK, M., et al., Theory-guidedbotton-updesignofβ-titanium alloysasbiomaterialsbasedonfirstprinciples calculations: Theory and experiments Acta Materialia, v. 55, p. 4475-4487, 2007. CREMASCO, A., OSÓRIO, W. H., FREIRE, C. M. A., et al., Electrochemical corrosion behavior of a Ti-35Nb alloy for medical prostheses, Electrochimica Acta, v. 53, p. 4867-4874, 2008. 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Influência da fase ω na dureza das ligas Ti10Mo-20Nb E Ti-12Mo-13Nb, Cadernos UniFOA, (Impresso), v. 20, pp. 27-32. 33 VILLARS, P.; CALVERT, L.D. Pearson’s Handbook of Crystallographic Data for Intermetallic phases, 2º ed., ASM International, Materials Park, four vol, 1991. ZHOU, Y. L., NIINOMI, M., Microstructures and mechanical properties of Ti-50mass%Ta alloy for biomedical applications, Journal of Alloys and Compounds, v. 466 , p. 535-542, 2008. ZHOU, Y. L., NIINOMI, M., AKAHORI, T., Decomposition of martensite a’’ during aging treatments and resulting mechanical properties of Ti-Ta alloys, Materials Science and Engineering A, v. 384 p. 92-101, 2004. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Os autores agradecem ao Departamento de Engenharia de Materiais da Escola de Engenharia de Lorena (EEL/USP), a Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao Núcleo de Pesquisa do UniFOA, a FAPERJ e ao CNPq pelo desenvolvimento deste trabalho. MATSUMOTO, H., WATANABE, S., HANADA, S., Microstructures and mechanicalpropertiesofmetastableβTiNbSn alloys cold rolled and heat treated, Journal of Alloys Compounds, v.439, p. 146-155, 2007. Cadernos UniFOA 5. Agradecimentos 35 Implementação passo a passo dos critérios de falhas em flexão em compósitos PPS/Fibras de Carbono através do Programa ANSYS Implementation of the Criteria for failure in bending PPS Composites/Carbon Fiber by ANSYS Program Compósitos, Critérios de Falhas, Modelamento pelo ANSYS. Resumo: O constante desenvolvimento dos materiais aliado à necessidade de se obter componentes estruturais de alto desempenho como materiais alternativos na indústria aeronáutica, bem como considerando a aplicabilidade atual dos compósitos estruturais, previsões de falha da estrutura e análise das cargas máximas que as mesmas podem suportar se tornam tópicosfundamentaisdepesquisascomafinalidadedegarantiadaconfiabilidadequantoaoempregodosmesmosemdiversasáreas.Considerando que o compósito termoplástico do tipo PPS/C - Poli (sulfeto defenileno)reforçadocomfibrasdecarbonoestásurgindocomouma alternativa a compósitos poliméricos termorrígidos e que ainda há escassez na literatura atual de dados relativos à previsão de falhas, este trabalho se detém na analise bidimensional do comportamento mecânico docompósitoPPS/Csobcarregamentoestáticolinearemflexãodetrês pontos e em tração. Foram analisados através deste trabalho os critérios de falha de máxima tensão, critérios polinomiais dos índices de força e das relações inversas dos índices de força de Tsai-Wu, de Hill e de Hoffman.Porfim,foramcomparadososresultadosobtidosatravésdo modelo computacional com os resultados experimentais, com o objetivo de analisar, avaliar e validar a simulação numérica como complementação dos ensaios experimentais. Abstract: The constant development of materials together with the need to achieve high performance structural components such as alternative materials in the aerospace industry as well as considering the applicability of current composite structural predictions of failure of the structure and analysis of the maximum loads that can withstand the same become fundamental research topics in order to guarantee reliability in the use of these in various areas. Whereas the thermoplastic composite type PPS/C - Poly (phenylene sulfide) reinforced with carbon fibers is emerging as an alternative to thermoset polymer composites and there are still shortages in the current literature data on the prediction of failure, this study holds in two-dimensional analysis of the mechanical behavior of the composite PPS/C under static load linear threepoint bending and traction. Were analyzed through this study, the failure criteria of maximum tension, polynomial criteria indices of strength and inverse relationships of power indices Tsai-Wu, Hill and Hoffman. Finally, we compared the results obtained from the computer model with experimental results, in order to analyze, evaluate and validate the numerical simulation as a complement of laboratory tests. 1 UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda 2 Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá - Unesp - Universidade Estadual Paulista 3 UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro Keywords: Composites, Failure Criteria, Modeling by ANSYS. Cadernos UniFOA Palavra-chave: Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Eder José Siqueira1 Roberto de Oliveira Magnago1,3 Fernando de Azevedo Silva2 Edson Botelho Cochieri2 36 1. Introdução Com o desenvolvimento da indústria aeroespacial surgiram os compósitos de plásticoreforçadoscomfibrasdealtaresistência. Devido a esse impulso, a variedade de materiais atualmente disponíveis para utilização em engenharia é extraordinariamente grande, atendendo aplicações específicas. Inseridos nesse contexto, os materiais compósitos avançados representam um caso de particular relevância dentro dos materiais de engenharia não convencionais, especialmente para aplicações estruturais aeronáuticas. Este trabalho se detém a avaliar e validar alguns critérios de falhas contidos no aplicativo computacional ANSYS e implementar através das tensões obtidas pela simulação numérica mais dois critérios de falhas que são os critérios de Hill e de Hoffman para efeito comparativo. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 2. Critérios de falhas em materiais compósitos ortotrópi-cos Dentre os critérios de previsão inicial de falhas analisados neste trabalho, destacam-se: • Critério fenomenológico da Máxima Tensão; • Critério polinomial de Hill; • Critério polinomial dos índices de forças de Tsai-Wu; • Critério polinomial das relações inversas dos índices de forças de Tsai-Wu; • Critério polinomial de Hoffman. saios de ultra-som e microscopia óptica, com aprincipalfinalidadedegarantiraqualidade das mesmas na realização dos ensaios experimentais. 4. Ensaios Mecânicos Para o desenvolvimento deste trabalho, ensaiosdetração,cisalhamentoIosipescueflexão em três pontos foram realizados com base nas normas ASTM-D3039/D3039 M-00, ASTM-D5379 e DIN-EN-2562, respectivamente. 5. Implementação dos modelos numéricos em elementos finitos com ANSYS A simulação numérica foi pré-processada, processada e pós-processada pelo aplicativo computacional ANSYS, sendo que os dados experimentais foram tomados como referência para avaliar as tensões de resistência do material PPS/C em flexão e tração na simulação numérica, com o principal objetivo de validar a sua utilização na análise de falha de materiais compósitos. O procedimento passo a passo para realizaçãodasimulaçãonuméricaemflexãode três pontos é destacado a seguir: Primeiramentedefine-seotítulodaanálise com os seguintes passos: Utility Menu → File → Change Title →Ok, conforme apresentado na Figura 1. 3. Materiais e Métodos Figura 1 – Barra do menu utilidades. Neste trabalho foi estudado um compósito estrutural polimérico com matriz termoplástica PPS - Poli(Sulfeto de Fenileno) reforçado com tecidos de fibras de carbono (configuração5HS–“satin weave”), fornecido pela empresa holandesa Ten Cate Advanced Composites.Oconteúdovolumétricodefibras foi de 60% avaliado pelo método de digestão ácida, (DE FARIA, 2008). Os laminados estudadosapresentamconfiguração[0º/90º]3s, e conseqüentemente, apresentam uma espessura nominal de 1,86 mm. As amostras deste laminado foram devidamente analisadas por en- Após esta etapa inicia-se a construção geométrica do laminado, definindo inicialmente os pontos chaves: Preprocessor → Modeling → Create → Keypoints → In Active CS →Ok, conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 – Criação dos pontos chaves que delimitam geometricamente o laminado. Criando os pontos chaves que delimitam geometricamente o laminado, o aplicativo computacional gera os pontos de contorno do laminado, conforme demonstrado através na Figura 3. Passando o laminado a obter a forma plana, conforme apresentado na Figura 7. 37 Figura 7 – Criação das áreas do laminado compósito. Figura 3 – Criação dos pontos chaves que delimitam a geometria do laminado compósito em estudo. Logo após esta etapa, criam-se as linhas entreospontoschavescomafinalidadededelimitar geometricamente o corpo em análise, seguindo os seguintes passos: Preprocessor → Modeling → Create → Lines → Lines → Strainght Line →Ok, conforme representado na Figura 4. Após a criação das áreas faz-se necessário efetuar a colagem das mesmas, utilizando o comando: Preprocessor → Operate → Booleans → Glue → Áreas → Ok, conforme representado pela Figura 8. Geometricamente o laminado se apresenta, conforme representado na Figura 5 a seguir. Figura 5 – Criação de linhas de ligação entre os pontos chaves para delimitação geométrica do laminado compósito. Define-se a seguir as áreas entre as linhas, considerando que o estudo foi realizado no estado plano de tensão (EPT) basta criar geometricamente um elemento de área para realizar o estudo, ou seja: Preprocessor → Create → Áreas → Arbitrary → By Lines →Ok, conforme apresentado pela Figura 6. Figura 6 – Criação das áreas para formação do laminado plano. Figura9-Definiçãodotipodeelemento. Define-seapartirdaíalgunsdetalhesdo elemento adotado, que no caso deste trabalho foi indicado, por exemplo: o número máximo de lâminas contidas no laminado (seis lâminas), a alteração da constante K5 que defineastensõesedeformaçõesnolaminado e a alteração da constante K8 que indicava aonde o carregamento será efetuado no laminado, ou seja: Preprocessor → Element Type → Options → Shell99 element type options → Ok → Close, conforme apresentado na Figura 10. Cadernos UniFOA Figura 4 – Criação das linhas interligando os pontos chaves. Define-se a seguir, o tipo de elemento adequado ao estudo, que no caso deste trabalho, o elemento adotado foi o elemento Shell99 por ser um elemento ortotrópico e linear em função da análise proposta. O processo para a escolha do elemento foi: Preprocessor → Element Types → Add/Edit/Delete → Add → Library of Element Types → Shell → Linear-Layer 99 → Ok, conforme representado pela Figura 9. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura 8 – Colagem das áreas. Material Models → Structural → Linear → Elastic → Ortotropic → Close, conforme representado pelas Figuras 15 e 16. 38 Figura 10 – Dados opcionais do elemento em estudo. Após a escolha do tipo de elemento, se insereasconstantesreaisquedefinem:asimetriadolaminado,asdisposiçõesdasfibrasno laminado em termos de ângulos e a espessura de cada lâmina, sendo que o processo segue os seguintes passos: Preprocessor → Real Constants → Add/Edit/Delete → Add → Element Type for Real Constants → Ok; Real Constants Set Number 1 for Shell99 → Ok → Close, conforme apresentado nas Figuras 11 a 14. Figura15–Definiçãodotipodematerialparaanálise. Figura 16 – Introdução das constantes de engenharia do material. A seguir são introduzidas as tensões de resistência do material para as análises dos critérios de falhas Xt , Xe , Yt , Ye e S , para o EPT, seguindo os seguintes passos: Preprocessor → Material Props → Failure Criteria → Add/Edit → Ok, conforme representadas pelas Figuras 17 e 18. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura11–Definiçãodasconstantesreais. Figura 17 – Escolha do material a ser adicionado o critério de falha. Figura12–Definiçãodaconstanterealparaomaterialem análise. Figura 13 – Indicação da quantidade de lâminas e simetrias do laminado. Figura14–Definiçãodomaterial,ângulodasfibraseespessura das lâminas. Aseguirdefine-seotipodematerialseguindo os passos: Preprocessor → Material Props → Material Models, sendo que neste processo o ANSYS automaticamente solicita a introdução das constantes de engenharia Ex , Ey , vxy , e Gxy relativas ao material em estudo e a partir daí define-se a análise do estudo, que para este trabalho foi definida como: Preprocessor → Material Props → Figura 18 – Introdução com as tensões de resistência à tração, compressão e ao cisalhamento do compósito. Define-se a seguir a malha do elemento, sendo que para este trabalho, foi definida manualmente e adotado uma malha quadrada de 1 mm de dimensões. Para tanto foi seguido os passos: Preprocessor → Meshing → Size Controls → Manual Size → Áreas → All Áreas → Ok, conforme apresentado na Figura 19. Figura 19 – Indicação das dimensões do elemento a ser discretizado. E Preprocessor → Meshing → Mesh → Áreas Free → Pick all, conforme apresentado na Figura 20. 39 Figura 23 – Comando para restringir o movimento. Figura 20 – Indicação das áreas a serem discretizadas. Partindo para a fase de solução do problema em estudo, o tipo de análise do problema édefinido,queparaestetrabalhofoiadotada uma análise estática. Os passos são: Processor → Analysis Type → New Analysis → Static → Ok, conforme representado na Figura 22. Para a inclusão do valor do carregamento no centro do laminado, a força média de ruptura obtida na fase dos ensaios experimentais foi transformada em uma tensão e aplicada conforme ensaio realizado, em uma área de 10 mm2 do centro do laminado e para tanto foi adotado o seguinte passo na simulação: Processor → Define Loads → Apply → Structural → Pressure → On Áreas → Ok, conforme apresentado nas Figuras 25 e 26. Figura 25 – Comando para aplicar tensão (pressão). Figura22–Definiçãodotipodeanáliseparacarregamento. Nesta etapa se define a restrição do movimento e o tipo de carregamento, sendo que para a restrição do movimento foi restringido o movimento de deslocamento do laminado nos apoios em direção ao eixo Y, seguindo o passo: Processor → Define Loads → Apply → Structural → Displecement → On lines → Ok, conforme apresentado na Figura 23 e 24. Figura 26 – Implementação do carregamento (tensão) no laminado. Após esta etapa o aplicativo computacional gera a figura com restrição no movimento e indicação do carregamento, conforme demonstrado pela Figura 27. Figura 27 – Restrição do movimento e carregamento do laminado. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura21–Discretizaçãodolaminadoemflexãodetrêspontos. Figura 24 – Caixa comando para indicação da restrição do movimento. Cadernos UniFOA Para o ensaio de flexão em três pontos o laminado ficou discretizado conforme demonstrado na Figura 21. 40 Após a inclusão da tensão, deve ser requerido ao aplicativo computacional a apresentação da solução do problema, seguindo o passo: Processor → Solution → Solver → Current LS → Ok → Close, conforme representado na Figura 28. Figura 28 – Solver do aplicativo computacional ANSYS. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 A partir desta etapa passamos ao Pósprocessador, onde as soluções do problema são plotadas, sendo que para obter tais recursos devem-se seguir os seguintes passos: General Postproc → Plot results → Contour Plot → Nodal Solution, conforme representado na Figura 29. Através deste comando pode-se optarpelarepresentaçãográficadastensões,deformações, deslocamentos e critérios de falhas em relação aos nós do elemento. Figura29–Comandorelativoasobtençãográficadassoluçõesnodais. Pelo comando General Postproc → List Results → Nodal Solution, conforme apresentado na Figura 30, pode-se obter a listagem dos dados que representam os valores calculados relativos às reações do laminado em relação ao carregamento informado. Esta listagem representa as tensões nodais, deformações nodais, deslocamentos nodais e índices de falhas, sendo que no caso do aplicativo ANSYS para este trabalho foi analisado os critérios de falhas de máxima tensão, índices de forças de Tsai-Wu e das relações inversas dos índices de força de Tsai-Wu. Figura 30 – Comando para obter a listagem de valores relativos à solução do problema. 6. Conclusões Concluiu-se com este trabalho que o emprego da simulação numérica no ANSYS é válido, pois apresentou resultados numéricos aproximados dos resultados experimentais, e considerando também que com tais análises o projetista pode com garantia e segurança avaliar as respostas dos materiais compósitos estruturais sob carregamento estático linear no que diz respeito à previsão inicial de falha, dentro de uma análise que envolve os principais critérios de previsão inicial de falha, que são os critérios de máxima tensão, de índices de forças de Tsai-Wu e das relações inversas dos índices de forças de Tsai-Wu, critérios estes amplamente indicados pelas literaturas afins. O emprego da simulação numérica além de proporcionar a garantia e segurança dos resultados, possibilita a realização de uma análise ágil e menos dispendiosa, sem a necessidade de envolvimento de mão de obra qualificadaparapreparoeexecuçãodasamostras e da análise experimental, como também sem a necessidade da aquisição de material para este fim, de posse somente das propriedades elásticas do compósito e suas resistências à ruptura fornecidas pela literatura. A simulação numérica, pode ser empregada para efeito de redução de custo e otimização no projeto de determinada estrutura. 7. Referencial Bibliográfico ANSYS 10 SOFTWARE. The Finite Element Method, and Shell99 Materials Properties. CHEONG Ng, Y. Deriving Lamina Properties from Laminate Properties using Classical Lamination Theory and Failure Criteria. Journal of Composite Materials Vol. 39 no. 1295, 2005. COSTA, G. G. 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João Pessoa/PB, 2002. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 DeTERESA, S. J.; LARSEN, G. J. Reduction in the Number of Independent Parameters for the TSAI-WU Tensor Polynomial Theory of Strength for Composite Materials. Journal of Composite Materials vol. 37 no. 1769, 2003. PAEPEGEM, W. V.; DEGRIEK, J. Calculation of Damage-Dependent Directional Failure Índices from the TSAI-WU Static Failure Criterion. Available online www. sciencedirect.com. Elsevier ScienceDirect Composites Science and Technology. Vol. 63 p. 305-310, 2003. Cadernos UniFOA DE FARIA, M. C. M. Avaliação do Efeito Higrotérmico nas Propriedades Mecânicas de Compósitos PPS/Fibras Contínuas. Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica. UNESP – Universidade Paulista, Guaratinguetá/SP, 2008. 43 Influência na polimerização de aglomerante para as indústrias metalúrgicas da produção de alumínio Influences the polymerization of the binder for metallurgical industries of aluminum production Linowesley Teixeira Valentim1 Rosinei Batista Ribeiro 2 Bianca Siqueira Martins Domingos3 Alcatrão Piche Ponto de amolecimento Abstract: The coal tar is composed of chemicals residues. Through the distillation process is obtained pitch electrolyte, it is used to manufacture anode electrodes of the coke particles and their production must meet strict specifications for the manufacturing of aluminum, which is produced by electrolytic reduction of alumina. We analyzed several samples of tar, the unpolymerized and the collected after the polymerization (the polymerized). to find out the influence of polymerization in the softening point. Analysis of the processed samples show an increase of the property of softening point of up to 83.7% gain in the process 1 Discente do Mestrado em Materiais - UniFOA 2 DocentedoMestradoProfissionalemMateriais/MEMAT–UniFOA 3 Bolsista categoria ATNM – CNPq - FATEC Keywords: Polymerization Tar Pitch Softening Point Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Polimerização Resumo: O alcatrão do carvão mineral é constituído de resíduos de substâncias químicas, através do processo de destilação é obtido o piche eletrolítico, o mesmo é utilizado para a fabricação de eletrodos anodo das partículas decoque,suaproduçãotemqueatenderespecificaçõesrígidasparaas indústrias de alumínio, o qual é produzido através da redução eletrolítica da alumina. Foram analisadas diversas amostras de piche, os não polimerizados e os coletados após o processo de polimerização (os polimerizados),paradescobrirainfluênciadapolimerizaçãonopontode amolecimento. Análises das amostras processadas apontam um aumento da propriedade do ponto de amolecimento de até 83,7% de ganho no processo. Cadernos UniFOA Palavra chave: Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 44 1. Introdução O objetivo deste trabalho é a analise da influênciadapolimerizaçãodeelementoaglomerante como processo regularizador de tal propriedade para melhorar a qualidade do produto em questão. De acordo com Albras e estudos de VASSEM, o piche eletrolítico, obtido a partir da destilação de alcatrão do carvão mineral, é utilizado na fabricação de eletrodos anodos como elemento aglomerante das partículas de coque1, 2. Oprodutotemqueatenderàespecificações rígidas para indústria de alumínio, pois necessita de determinadas propriedades específicasparaoprocessoeletrolíticodaalumina1,2. Conforme ABAL são necessários 117 g de piche para produção de 1000 g de alumínio, através da redução eletrolítica da alumina3. Segundo (Callister, 2007) as ligas de alumínio são utilizadas como matérias de engenharia para indústria de transporte, inclusive aeronáuticos e aeroespaciais. Demonstrando assim os diversos usos e a importância do material alumínio3, 4. A refinaria de alcatrão é uma fábrica onde as frações de alcatrão são separadas por meio de destilação fracionada, da mesma formaemqueocorrenasrefinariasdepetróleo. As frações do alcatrão são partes de uma mistura de substâncias e hidrocarbonetos com pontos de ebulição muito próximos, obtido pelo processo de fracionamento do alcatrão. As principais frações do alcatrão, assim como do petróleo, são hidrocarbonetos, parafínicos, naftênicos, e aromáticos2,11. Devido o carbono ser um elemento químico com a característica de formar cadeias ligando-se entre si de diversas formas, os materiais carbonosos possuem uma característica própria que pode dar origem a enorme quantidade de variação de substâncias, alterando sua estrutura mediante certos processos, facilitando a fabricação de diversos materiais de interessestecnológicosecientíficos.5,6,12 Os polímeros adquirem determinadas propriedades físicas relacionadas com suas estruturas moleculares, dependendo do nível ou do tipo de polimerização os quais os monômeros foram submetidos. As propriedades físicas dos polímeros tais como maciez, resistência ao rasgo, ponto de amolecimento (PA), entre outras se alteram duranteamodificaçãodaestruturamolecular na formação do polímero, ou seja, no processo de formação das cadeias dentro de um reator polimerizador.2,4,13 A força de interação entre as moléculas é maior quanto maiores forem as moléculas, por isso, de acordo com o tamanho das moléculas, as propriedades dos polímeros tal como o ponto de amolecimento pode aumentar ou diminuir de acordo com o aumento ou diminuição das cadeias carbônicas devido ao processo de polimerização. 13 Existem várias substâncias caracterizadas como materiais carbonosos, entre estas estão o piche, os quais possuem ampla aplicabilidade industrial, sendo aproveitados como elementos aglomerantes, impregnantes ou ligantes na produção de componentes sólidos com propriedades grafíticas e alto teor de carbono. Existem muitas dúvidas em relação à estrutura dos piches, apesar da sua antiga e grandeutilização,taisquestõesrefletemodesenvolvimento de processos de preparação específicosquetornamaspropriedadesdopiche adequadas a certos tipos de aplicação como produtofinal.7,13 O resultado da pirólise de material orgânico é o piche, o qual também pode ser obtido por meio da destilação do alcatrão. Tal solução constitui-se de uma mistura de numerosos e complexos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e compostos heterocíclicos. O piche possui ponto de ebulição bem específico e apresenta-se sólido a temperatura ambiente. Apósafusão,opichesesolidificasemcristalização quando resfriado. 8,13. Na produção de alumínio e na indústria de grafite, tem-se usado o piche de alcatrão como elemento aglomerante, ligante, para fabricação de eletrodos anodos 9. A polimerização térmica é um dos estudos fundamentais dos compostos aromáticos puros, onde o material aromático é reestruturado e convertido em componentes poliméricos e oligômeros. Alguns grupos constituintes no anel aromático, assim como o hidrogênio se perdem durante a polimerização. 2 A corrida de metal é a operação onde o alumínio líquido decanta ao fundo do forno e é drenado periodicamente 1, 3,10. 45 2. Materiais e Métodos As análises do ponto de amolecimento das amostras de piche foram realizadas por meio de um analisador de ponto de amolecimento e gotejamento da marca Mettler Toledo modelo FP90 configurado para determinar o ponto de amolecimento de materiais poliméricos. As análises foram realizadas em vinte amostras de piche, coletadas e analisadas em uma quantidade de duas amostras por dia. Foram utilizados em cada ensaio dois tipos de amostras, onde um tipo de modelo de prova não era polimerizado, não foi processado no reator polimerizador, e o outro tipo de amostra foi coletada após o processo. Para as amostras não polimerizadas, coletadas antes do reator foi programada uma taxa de variação de temperatura de 2ºC por minuto em intervalo das temperaturas de 45ºC até 100ºC, visando obter o momento exato do amolecimento da solução não polimerizada. Para as amostras polimerizadas, coletadas após a reação foi determinada a taxa de variação de temperatura de 2ºC por minuto, num intervalo entre as temperaturas de 100ºC até 130ºC e o resultado foi o registro da temperatura em que ocorreu o amolecimento da solução polimerizada. A Microscopia Eletrônica de Varredura foi realizada no Departamento de Engenharia de Materiais - Escola de Engenharia de Lorena, utilizando um microscópio tipo VP1450 – Leo, visando caracterizar a morfologia do piche polimerizado e não polimerizado. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 2Al2O3+3C→4Al+3CO2 Por isso, a propriedade do ponto de amolecimento do piche, a qual é regularizada no reator polimerizador por meio do nível de polimerização, constituem-se de fundamental importância para a qualidade do elemento aglomerante e dos eletrodos anodos como produtofinal10. Portanto, o objetivo desse trabalho foi analisar diversas soluções de piche não polimerizadasepolimerizadasverificandosuainfluêncianopontodeamolecimentoedeterminando a qualidade do elemento aglomerante, via microscopia Eletrônica de Varredura. Cadernos UniFOA O processo conhecido como redução da alumina é utilizado para a produção de alumínio primário e é um processo eletrolítico 1, 3,10. Somente no Brasil são produzidos 1,5 milhões de toneladas por ano de alumínio enquanto a produção mundial gira em torno de 23,4 milhões por ano, sua utilização vai de produção de panela até a produção de aeronaves 1, 10. O alumínio não é encontrado em seu estado puro, apesar de ser o 3º metal mais abundante na terra, pode ser encontrada na forma de óxido de alumínio, que é uma cerâmica chamada de alumina a qual é encontrada na natureza misturada em minério chamado de bauxita que contem 52% de alumina 1, 10. Pelo processo Bayer é separado o óxido de alumínio da bauxita e constitui o 1º passo na produção de alumínio 1,3,10. Na próxima etapa, chamada de produção eletrolítica de alumínio, o mesmo é dissolvido em criolita, fundida a cerca de 960º C, pois a criolita permite a redução do ponto de ebulição da alumina pura que é de 2054º C para 960º C permitindo que a eletrólise aconteça nessa temperatura mais baixa 3,10. O forno de produção de alumínio também chamado de cuba eletrolítica possui consumo de energia bastante elevado entre 6 a 36 MWh por dia e por forno, utilizando uma corrente elétrica de 60 a 350 KA, equivalente ao consumo de 700 a 4000 casas 10. Há dois tipos de fornos para a produção de alumínio: Soderberg e o anodo pré-cozido. Na produção de anodo pré-cozido o piche é utilizado como elemento aglomerante e sua escolha se deve ao elevado índice de carbono em sua estrutura polimérica 10. Nas cubas eletrolíticas, uma alta corrente elétrica passa através do material fundido, o qual ainda contém alumina e criolita. No catodo a eletrólise reduz os íons de alumínio em domínio metálico, o dióxido de carbono em forma de gás é formado no eletrodo anodo através da oxidação do carbono, como na reação química descrito a seguir: Tabela 1 - Processo de Polimerização em amostras não processadas e processadas 46 Par de amostras PA amostra não processada (ºC) PA amostra processada (ºC) 1º 68,5 111,8 2º 69,1 109,3 3º 70,3 110,1 4º 70,2 107,7 5º 68,5 111,0 6º 71,2 109,5 7º 72,3 108,4 8º 68,4 109,0 9º 59,7 108,9 10º 59,4 109,1 Figura 1 – Microscópio Eletrônica de Varredura - MEV 3. Resultados e Discussão Os valores da temperatura referente ao ponto de amolecimento (PA), obtidos por meio experimental, a partir das amostras de piche aglomerante, coletadas no processo de polimerização, encontram-se na tabela 1. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 A Figura 2 apresenta resultados comparativos das análises da temperatura de amolecimento em amostras não processadas e processadas no reator polimerizador. Figura 2 – Comparação das temperaturas de amolecimento Análise dos dados na Tabela 1 e comparados na Figura 2, mostram as diferenças dos valores do ponto de amolecimento, causados pela reação de polimerização e reestruturação das mo- léculas por meio da formação de cadeias carbônicas. Portanto, o aumento da temperatura referente ao ponto de amolecimento, calculados com base nas amostras, está descritas na Tabela 2. Tabela 2 - Aumento de temperatura referente ao Ponto de Amolecimento Par de amostras Aumento da temperatura do PA (ºC) 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 43,3 40,2 39,8 37,5 42,5 38,3 36,1 40,6 49,2 49,7 47 Verifica-sequeemtodososparesdeamostrasocorreramumaumentonatemperaturadoponto deamolecimento,devidoaocrescimentodasmoléculaseintensificaçãodaforçaintermolecular.O aumento percentual da temperatura referente ao ponto de amolecimento, calculados com base nas amostras, estão descritas na Tabela 3. Tabela 3 – Cálculo do aumento percentual de temperatura em relação ao Ponto de Amolecimento. Par de amostras Percentual de aumento do PA(%) 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 63,2 58,2 56,6 53,4 62,0 53,8 49,9 59,4 82,4 83,7 Cadernos UniFOA Figura 3 – Resultados dos cálculos do aumento da Temperatura de amolecimento Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 A Figura 3 visualiza-se os resultados das análises da temperatura em relação ao calculo do aumento do ponto de amolecimento. 48 A Figura 4 mostra os resultados das análises da temperatura, em relação ao calculo do percentual de aumento do ponto de amolecimento das amostras processadas. Figura 4 – Percentual de aumento da temperatura de amolecimento Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Os resultados apontam o aumento percentual do ponto de amolecimento perfazendo a variação de 49,9% - 83,7%, devido ao nível de interação entre as cadeias carbônicas que ocorrem em diferentes níveis de polimerização dos hidrocarbonetos primários, os quais compõem o piche de alcatrão da hulha. a) b) Figura 5 (a) e (b) – Amostra de piche não polimerizada e polimerizada Nas Figuras 5(a) e (b) apresentam a Miscroscopia Eletrônica de Varredura utilizando o modo operacional tipo eletrons secundário para caracterizar a morfologia do piche não polimerizado e polimerizado. O piche não polimerizado (como recebido) apresenta uma microestrutura desordenada em forma de veias, vales e poros rugosos. O material quando polimerizado a 360 ºC visualiza-se uma superficielisaedebaixadensidadedeporos, conforme a Figura 5(b). 4. Conclusão Foram analisados os pontos de amolecimento em amostras não polimerizadas de componente aglomerante para fabricação de eletrodos anodos, usada na eletrólise da alumina para produção de alumínio, as quais os resultados foram comparados com análise de amostras que sofreram reação de polimerização,comoobjetivodeverificarainfluênciada formação de cadeias carbônicas na temperatura de amolecimento da substância. Constatou- se em todos os ensaios que o ponto de amolecimento aumentou consideravelmente, provando que a polimerização do picheéumprocessoeficazpararegularizara propriedade da temperatura de amolecimento doaglomerante,afimdeatenderasnecessidades próprias dos fabricantes de alumínio. ALBRAS – Aluminio Brasileiro S.A. O alumínio: Matéria Prima. Disponível em: <http://www.albras.net/materiaPrima.html>. Acesso em: 15/03/2012 às 15:17h. FITZER, E.; KOCHLING, K.H.; BOEHM H.P. and MARSH, H. Recommended Terminology for the Description of Carbonas a Solid. Pure and Applied Chemistry, v. 3, n. 67, p. 473-506, 1995. International Union of Pure Applied Chemistry. VASSEM, G. L. S. Pirólise do pireno sob pressão com nitrogênio em temperaturas moderadas. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências Físicas) – Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rio de Janeiro, 2008. BRAGA, C. P.; DUTRA, C. H. M. C., DEPINE, L. C.; ANDRADE, C. T. Estudo Reológico de piches de petróleo durante a pirólise. IV Congresso Brasileiro de Carbono. Rio de Janeiro, 2007. Comissão Técnica ABAL – Associação Brasileira do Alumínio. Obtenção do Alumínio. Fundamentos e Aplicações do Alumínio. Editora ABAL. Pág 8. Ivo. M. V.L; Martins. C. P. Técnicas e tecnologias de controle de fornos de redução de alumínio primário – uma visão geral. InTech ISSN 2177-8906, v. 126, p 3845, 2011. FREITAS, J. C. C. Estudo de Materiais carbonosos obtidos por decomposição térmica de precursores orgânicos através de ressonância magnética nuclear de alta resolução em conjunção com outras técnicas experimentais. 2000. 173 f. Tese (Doutorado em Física) - Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rio de Janeiro, 2000. BRUICE, P, Y. Química Orgânica v. 1, 4ª ed. São Paulo: Prentice- Hall, 2006 MARSH, H.; HEINTZ, E. A.; RODRÍGUEZREINOSO, F,. Introdution to Carbon Technologies. Alicante : Universidade de Alicante, 1997. Szkio. A.; Cohen U. V. Fundamentos do Refino de Petróleo: Tecnologia e Economia, 2° Edição, Editora Interciência, 2007. Ferrari, P.E.;Rezende, M. C. Carbono Polimérico: Processamento e Aplicação. Polímeros:Ciência e Tecnologia, 1998. Canevaorolo S. V. Ciência dos Polímeros: um texto básico para técnicos e engenheiros. 2° Edição, Editora Artliber, 2006. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 CALLISTER Jr., W. D. Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução, 7° Edição, Editora John Wiley & Sons, Inc., 2007. 49 Cadernos UniFOA 5. Referências Bibliográficas 51 Estudo da Sinterabilidade de cerâmicas dentárias de ZrO2(Y2O3)-Biovidro usando dilatometria. Investigation of the sinterability of ZrO2(Y2O3)-bioglass dental ceramics by dilatometry Dilatometria, Comportamento de sinterização, Compósito ZrO2biovidro. Resumo: O objetivo deste trabalho é estudar por análise dilatométrica à sinterização por fase líquida da cerâmica ZrO2 utilizando biovidro como aditivo. Pós de ZrO2 estabilizados com Y2O3 foram misturados com 3%, 5% e 10% em peso de biovidro com a composição baseada no sistema 3CaOP2O5-MgO-SiO2. As amostras foram preparadas por prensagem uniaxial a frio sob 80 MPa e a densidade relativa à verde foi determinada. O comportamento de sinterização nas diferentes temperaturas foi estudado medindo a retração linear das amostras num dilatômetro. As velocidades de aquecimento e resfriamento usados neste estudo foram de 10ºC/min. A temperatura máxima de sinterização foi de 1300ºC com um tempo de retenção isotérmica de 120min. Os resultados de retração e das taxas de retração associadas a temperatura de sinterização ou de tempo foram relacionados com a quantidade de biovidro na amostra. As amostras sinterizadas foram caracterizados por sua densidade relativa e pelaanálisedeDifracçãodeRaios-X.Asmicrografiasindicammicroestruturas semelhantes. Um aumento da quantidade de biovidro leva a aumento da fase monoclínica de ZrO2. Os resultados da dilatometria indicam uma redução da temperatura quando o máximo de retração ocorre, em função do aumento da quantidade de biovidro. Além disso, o uso da fase líquida reduz a temperatura máxima de sinterização de 1447ºC para 1250ºC – 1280ºC. 1 Universidade de São Paulo - Escola de Engenharia de Lorena, USP - EEL 2 Universidade Federal de São João Del Rei, UERJ - FAT 3 4 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Tecnologia, UERJ CentroUniversitáriodeVoltaRedonda,MestradoProfissionalemMateriais,UniFOA Cadernos UniFOA Palavra chave: Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Luiz de Araujo Bicalho1 Claudinei dos Santos3,4 Miguel Ribeiro Justino Barboza1 Kurt Strecker2 Alexandre Fernandes Habibe3,4 Roberto de Oliveira Magnago3,4 52 Abstract: The objective of this work is to study by dilatometry, the liquid phase sintering of ZrO2 ceramics using bioglass as sintering additive. Y2O3stabilized ZrO2 powders were mixed with 3, 5 and 10 wt% of bioglass with the composition based on 3CaOP2O5-MgO-SiO2 system. Specimens were prepared by cold uniaxial pressing under 80MPa and the green relative density was determined. The sintering behavior was studied by measuring the linear shrinkage of samples in a dilatometer in relation to the temperature. The heating and cooling rates used in this study were 10ºC/min and the maximum sintering temperatures was 1300ºC with a 120 min isothermal holding time. The results of the shrinkage and shrinkage rates in regard of the sintering temperature and time were related to the amount of bioglass added. The sintered samples were characterized by X-ray diffraction analysis and their relative density. SEM micrographs indicates similar microstructure, and an increase of bioglass content leads to increasing of monoclinic ZrO2 phase content. The dilatometry results indicate a reduction of the temperature where a maximum shrinkage rate occurs, as function of bioglass increasing. Furthermore, the use of liquid phase reduces the maximum sintering temperature of 1447oC to 1250-1280oC. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 1. Introduction The uses of dense ZrO2 based ceramics is proposed in dentistry because of the excellent biocompatibility, high hardness and wear resistance, besides their high mechanical strength and fracture toughness [1]. Pure ZrO2 cannot be used manufacturing parts without the addition of stabilizers, such as Y2O3. Actually, yttria-stabilized ZrO2 ceramics (Y-TZP) is frequently used as a substitute material for metals and alumina ceramic in structuralapplications,beingalsoinertbodyfluids, besides its higher strength, fracture toughness and lower elastic modulus [2-3]. The high fracture toughness of Y-TZP is due to the phase transformation toughening mechanism produced by stress induced tetragonal to monoclinic (t-m), designed martensitic phase transformation of the ZrO2 grains, accompanied by a volume increase of 3-6% [1,4]. The martensitic (t-m) transformation causes compressive stresses ahead of the crack tip,thusdifficultcrackpropagationandresulting in an increase of the fracture toughness. These ZrO2 ceramics are produced by solid-state sintering at temperatures in the order of 1500ºC. Recently, the liquid-phase sintering of ZrO2 ceramics has been investigated [5-7], reducing the sintering temperatures to 1250ºC Keywords: Dilatometry, Sintering behavior, ZrO2-bioglass composite. - 1300ºC. The decrease of the mechanical strength caused by the secondary intergranular glassy phase is partially compensated by residual stresses generated between the ZrO2matrix and the intergranular phase. Thus, lower sintering temperatures may be used to densify ZrO2 ceramics maintaining satisfactory mechanical properties, with hardness of 900 to 1000HV, fracture toughness between 5 to 6 MPa.m1/2 and bending strength near to 400MPa [6]. In order to optimize the amount of bioglass added and the sintering conditions of these materials, dilatometric studies can e conducted. The instantaneous shrinkage must be determined, and the shrinkage rates permits the development of improved sintering cycles, favoring the obtaining of refined microstructureandhighdensificationoftheseceramics. This work investigates the liquid phase sintering of Y-TZP with additions of a bioglass by dilatometric studies aiming the optimization of the sintering parameters. 2. Experimental Procedure As starting powders, yttria-stabilized tetragonal, 3mol% ZrO2 -Y2O3 powder containing binder (ProtMat® Materiais Avançados - Brazil), Ca(H2PO4)2 H2O and CaCO3, (SYNTH®-Brazil), high purity SiO2 (99.9%) (Fluka®-Germany), and MgO (VETEC®Brazil), have been used. 53 2.1. Bioglass Preparation Powder mixtures of 3Y-TZP mixtures containing 0, 3, 5 and 10wt% bioglass were prepared by attrition milling of the ZrO2 and bioglass powder for 2h at 1000rpm, using alcohol as vehicle. After milling the powder mixtures was dried in a rotary evaporator and in a drying oven at 100ºC for 24h. After drying the powder mixtures were deagglomerated by sieving in a sequence of sieves with apertures of425,125,63and32μm.Rectangulargreen bodies of 5x5x15mm were prepared by cold uniaxial pressing under 80MPa for 60s. In order to investigate the sintering behavior of the samples, dilatometric studies have been conducted at a maximum sintering temperature of 1300ºC, using heating rate of 10ºC/min with an isothermal holding time of 2h in air, using a Netzsch-DIL 402 PC dilatometer. As a result the linear shrinkage and shrinkage rate as a function of temperature and time have been obtained. 2.3. Characterization Phase analysis has been performed by X-ray diffraction. The volumetric content of the monoclinic phase, Vm, has been calculated by the integrated peak intensity of the monoclinic peaks, (111)M and (111) , and the tetragonal peak, (101)T , accorM ding to the equations (1) and (2) [10-11]: (1) 3. Results and Discussion 3.1. Compaction The relative green density of the compacted specimen in regard to the amount of bioglass added is shown in Figure 1. Figure 1: Relative green density of samples in regard of amount of bioglass added. A slight decrease of the green density can be noted as the amount of bioglass increases. This is attributed to the increasing of the number of irregular shaped bioglass particles [12], in comparison with the spherical shaped ZrO2 particles, see Figure 2. However, as the difference in the green density of the specimen Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 2.2. Sintering Behavior With: (111)M,2Ө=28º,,2Ө=31.2ºand, 2Ө=30º,representtheintegratedpeakintensities due the X-ray diffraction on the planes and of the monoclinic crystal structure and on the plane of the tetragonal crystal structure. Thespecificmasswasdeterminedbytheimmersion method, using Archimedes’ principle. The relative density was calculated as the ratiobetweenthespecificmassandthetheoretical specific mass of each composition. The microstructure were observed in a scanning electron microscope, LEO 1450VP. Polished surfaces were thermal etched at 1300ºC-15min, with heating temperature of 30ºC/min, and grain size average was measured. Cadernos UniFOA A bioglass with closed composition of 52.75wt%-3CaOP2O5, 30wt.% SiO2 and 17.25wt.% MgO, has been prepared. This bioglass was studied by Oliveira et al [8-9] and presents high bioactivity. The Ca(H2PO4)2H2O, CaCO3, SiO2 and MgO powders were mixed in a planetary mill for 1h. The bioglass was obtained by melting of the powders at 1550ºC for 2h and a rapid quench in water. The glass wascrushedandsievedina32μmsieve. 54 is less than 1%, its effect on the sinterability has not been considered on the sintering dilatometry results. [a] [b] Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figure 2: Morphology of the particles: [a] Bioglass; [b] ZrO2(Y2O3) 3.2. Dilatometry Figure 3 shows the shrinkage and shrinkage rates of the samples with 0, 3, 5 and 10 wt% of bioglass additions as a function of the temperature and of the time during the isothermal holding time. [b] [a] [c] In regard of the dilatometric diagrams the analysis is divides in three regions: The first region up to 600ºC. The most significantvariationstalkingplaceinthisregion around 450 ºC. The observed shrinkage occurring at this temperature is attributed to the burn-out of organic binder from the ZrO2(Y2O3) powder. A second region up to the isothermal holding time at 1300ºC. As can be seen shrinkage increases, and a maximum shrinkage rate can be observed. Figure 4 presents the temperatures of the maximum shrinkage rates and also the percentages of the shrinkage at these temperatures. Figure 5: Shrinkage during isothermal walking treatment at 1300ºC. Figure 4: Effect of the amount of bioglass added on the temperature of the maximum shrinkage rates. It can noted that the temperature of the maximum shrinkage rate decreases with increasing amount of bioglass added, Thus increasing the amount of liquid phase by adding more bioglass, the temperature of sintering may be lowedandstillhighdensificationmayresult. The samples of pure ZrO2(Y2O3), without bioglass addition, show a distinct behavior, because sintering occurs by solid-state sintering with different sintering mechanisms acting [13]. Sample without addition of bioglass do not reach the maximum shrinkage rate at tem- The results presented above may be represented by the shrinkage gain as a function of the isothermal holding time. In this case, only ceramics containing bioglass addition were studied. These results are presented in Figure 6. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figure 3: Shrinkage and shrinkage rates: [a] 0% ; [b] 3% ; [c] 5% and [d] 10% bioglass. 55 Cadernos UniFOA [d] peratures below 1300ºC. The temperature of the maximum shrinkage rate has been determined in other works and is near to 1400ºC. Therefore, isothermal treatments are necessary to achieve total densification at 1300ºC. The temperatures of the maximum shrinkage rates for the samples containing 3, 5 and 10wt% bioglass were 1283ºC, 1267ºC and 1253ºC, respectively. The third region of the sintering analysis considers the isothermal holding at 1300ºC. From Figure 4, it can be seen that samples with higher amounts of bioglass additions achieved a higher shrinkages up the maximum sintering temperature of 1300ºC. From this moment on, as can be seen from Figure 5, shrinkage of the bioglass containing samples continues during the isothermal time, but leveling off hand as complete densification is reached. On the other hand the solid-state ZrO2 samples continue to shrink even after 2h isothermal time. ted; indicating the bioglass added maintained its amorphous state. Figure 8 presents analysis of % martensitic transformation and relative density as function of bioglass content. 56 Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figure 6: Shrinkage gain during isothermal treatment as function of the amount of bioglass added. It is evident that samples with 3 wt% bioglass addition show higher gains of shrinkage during the isothermal treatment. After 10 minutes of isothermal treatment the gain in shrinkage is about 60%, while longer holding times up to 120 min lead to shrinkage gains higher than 85%. The densification of samples containing 5 and 10 wt% bioglass is less pronounced during the isothermal sintering at 1300 ºC because; both 5% and 10%, present high shrinkage during heating. Even so, a shrinkage gain of 20% and 10% is observed for samples with 5 and 10% bioglass, respectively, after 120 min. The high levels of shrinkage observed for the samples containing bioglassindicatesthatahighdensificationhas been achieved; On the other hand it is also evident that the pure ZrO2 samples did not densify completely under the sintering conditions of 1300 ºC-2h employed. It is important to consider that all dilatometric analysis was realized at high temperatures, no considering the cooling which the samples are submitted after sintering. XRD patterns of the sintered samples are presented in Figure 7. Figure 8: Relative density (T – Tetragonal ZrO2 ; M – Monoclinic ZrO2 , as well as the amount of monoclinic-ZrO2 phase in regard to the amount of bioglass. An increase of the m-ZrO2 phase is observed with increasing amounts of bioglass added. Apparently the “t–m” phase transformation occurred during cooling and may have been triggered by stresses caused by the thermal mismatch of the ZrO2 matrix and the intergranular bioglass phase. This may also be the reason for the porosity as indicated by the decreasing relative density for the samples containing 3, 5 and 10% bioglass. Figure 9 presents SEM micrographs after sintered samples, indicating ZrO2 grain size average near 0.4-0.5µm, in different compositions. It is an advantage of the sintering at low temperatures.Theobtainingofrefinedmicrostructure possibilities the improvement of the mechanical properties of these ceramics, mainly bending strength and fracture toughness. [a] Figure 7: XRD patterns of the sintered samples. t The X-ray diffraction patterns reveal only t- and m-ZrO2 as crystalline phases present. No secondary crystalline phases have been detec- Acknowledgement The authors would like to thank FAPESP andFAPERJforfinancialsupport. 57 5. References [b] STEVENS, R., An introduction to zirconia: Zirconia and zirconia ceramics. 2nd Ed Twickenham: Magnesium elektrum, 1986, (Magnesium Elektron Publications, n113). De AZA, A.H., CHEVALIER, J., FANTOZZI, G. et al. Crack growth resistance of alumina, zirconia and zirconia toughened alumina ceramics for joint prostheses. Biomaterials, 23, p. 937-945, 2002. 4. Conclusions The results obtained in this work indicate that it is possible to sinter ZrO2 ceramics to high final densities with limited amounts of bioglass as additives at a temperature of 1300ºC. On the other hand, pure ZrO2(Y2O3) could not be sufficiently densified under the same conditions. The maximum shrinkage rates depend on the amount of bioglass and are lower for higher glass amounts. Maximum shrinkage rates occurred at 1253ºC, 1267ºC and 1283ºC for the samples containing 10, 5 and 3% bioglass, respectively. In all cases where bioglass has been used as additive, an isothermal treatment at a sintering temperature of 1300ºC has been necessary in order to achievehighfinaldensities. Due to stresses generated by the thermal mismatch of the ZrO2 matrix and the secondary amorphous bioglass phase, part of the ZrO2 transforms into the monoclinic phase during cooling, which may cause a slight decreaseinthefinaldensity. STEVENS, R., Zirconia: second phase particle transformation toughening of ceramics. Trans Brit Ceram Soc, 80, p 81-85, 1981. SANTOS, C. SOUZA, R.C. ALMEIDA, N. ALMEIDA, F.A. SILVA, R.R.F. FERNANDES, Toughened ZrO2 ceramics sintered with a La2O3-rich glass as additive, journal of materials processing technology 200 (2008) 126–132. HABIBE, A.F., MAEDA, L.D., SOUZA, R.C., BARBOZA, M.J.R., DAGUANO, J.K.M.F., ROGERO, S.O., SANTOS, C., Effect of bioglass additions on the sintering of Y-TZP bioceramics Original Research Article. Materials Science and Engineering: C, 29, Issue 6, 1 2009, P. 1959-1964. OLIVEIRA, J.M.; FERNANDES, M.H.; CORREIA, R.N.” Development of a New Glass Ceramic in the System MgO-3CaO. P2O5-SiO2”. Bioceramics, v. 5, p. 7-14, 1997. OLIVEIRA, J. M., CORREIA, R. N., FERNANDES, M. H., “Effects of Si speciation on the in vitro bioactivity of glasses”, Biomaterial 23, 2002. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figure 9: SEM micrographs of the ZrO2-bioglass ceramics sintered at 13000C: [a] 3% of bioglass; [b] 5% of bioglass; [c] 10% of bioglass. Cadernos UniFOA [c] NONO, M.C.A., Cerâmicas à base de zircônia tetragonal policristalina do sistema CeO2ZrO2 (Ce-TZP), S.J.Campos-SP, ITA-CTA, 1990, Tese de doutorado 58 GARVIE, R.C., NICHOLSON, P.S., J. Am. Ceram. Soc. 55 (1972) 303–305. TORAYA, H., YOSHIMURA, M., SOMIYA, S., J. Am. Ceram. Soc. 67 (1984), 119–121. HUANG, A. W. , SOUZA, R. C. SANTOS, C. FERNANDES, M. H., SILVA, R. F. F., Estudo de sinterização de Al2O3 utilizando vidro do sistema 3CaO.P2O5-SiO2-MgO como aditivo, Congresso Brasileiro de Cerâmica, Florianópolis-SC, 2008. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 GERMAN, R.M. Sintering Theory and Practice, John Wiley & Sons, (1996) 550.p. 59 Modelagem Matemática e Investigação Experimental da Evolução das Tensões na Soldagem de Aço Mathematical modeling and experimental investigation of the stress evolution at the steel welding Horácio Guimarães Delgado Junior¹ Carlos Roberto Xavier² José Adilson de Castro³ Marcos Flávio Campos³ Alexandre Alvarenga Palmeira¹ Alexandre Fernandes Habibe¹ Modelamento matemático Distribuição de temperatura Análise de tensões Plasticidade Abstract: After the welding of the steels is common to observe some kind of deformation and stress states may be consequently associated independently of the process used. This paper presents the results of the evolution of stresses during the welding of steels obtained by the finite volume method by implementing the transient thermo-mechanicalmetallurgical model where its geometric properties are physical and metallurgical dependent. The model includes changes of the elastic modulus and yield stress with temperature and the phase transformations. The Goldak’s double ellipsoid model for welding heat distribution was used to calculate the distribution of volumetric density of heat flow at the weld pool vicinity. The effective stress is calculated by the Von Mises yield criterion. The experimentals results of the residual stress and metallurgical transformation were analyzed by the Barkhausen noise and the residual strain measurements were obtained by the ASAME (automated strain analysis and measurement environment) ¹ UniFOA e Universidade do Estado Rio de Janeiro 2 Petrobras e UniFOA 3 Universidade Federal Fluminense-Polo Universitário de Volta Redonda Keywords: Welding; Numerical Predictions; Temperature distribution; Stress analysis; Plasticity; Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Soldagem Resumo: O objetivo deste trabalho é estudar por análise dilatométrica à sinterização após a soldagem dos aços é comum observar deformações das quais podem ser associadas a estados de tensões independentemente do processo utilizado. Este artigo apresenta os resultados da evolução das tensões duranteasoldagemdeaçosobtidospelométododosvolumesfinitoscom a implementação do modelo transiente termo-mecânico-metalúrgico com a consideração da interdependência entre as propriedades geométricas, física e metalúrgica. O modelo inclui variações do módulo de elasticidade, do limite de elasticidade ambos dependendo da temperatura e ainda das transformações de fase. Para a distribuição do calor na região da solda foi utilizado o modelo de Goldak. A tensão efetiva é calculada pelo critério de escoamento de Von Mises. Os resultados experimentais das tensões residuais foram analisados através do ruído Barkhausen e as medições de deformação residual foram obtidos por meio do ASAME. Cadernos UniFOA Palavra chave: Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 60 1. Introduction Welding process applies to several process of fabrication of metallic structures, ships, pipelines, spaceships, nuclear reactors, and pressure vessels. However, a common problem associated with welding is the residual stresses and permanent deformations introduced in this procedure. The highly localized transienttemperaturefieldintheweldingprocesses causes non uniform thermal expansion and contraction, resulting in residual stresses and distortion in the welded structures. Hightensile residual stresses in regions near the weld may promote brittle fracture, fatigue and stress corrosion cracking. Therefore, control and accurate evaluation of weld residual stresses and distortion is an important task in welding manufacturing. Some experimental techniques are used in order to measure residual stresses from metals welding such as hole drilling and x-ray methods. However, some experimental methods disadvantages can be mentioned such as elevated costs requiring special equipment and trained personnel for its application beyond the fact that to obtain a complete map of residual stresses distribution in a typical application is practically impossible in such a way. Therefore, due to the complexity involved in the measurement of residual stresses, there has been an increasing use of numerical simulation procedures for estimating the residual stresses during welding. In this work, a coupled thermostructural 3D modelthatapplythefinitevolumemethodand the adaptive meshes technique for the addition offillermaterialintheweldpoolwasdeveloped and implemented in a computational code based on FORTRAN programming language aiming the analysis of stresses evolution during the steel welding. 2. Welding Modeling 2.1. Thermo-Elasto-Plastic Modeling (Tep) The behaviour of TEP[3] material is governed by the following conservation equations: •Equation of thermal energy balance, ∂ ( ρ c pT ) + div ρ c p v T = div k ( grad (T ) ) + S ∂t () (1) •Equation of momentum balance of Cauchy’sfirstlawofmotion, ∂ ∂ui ρ ∂t ∂t ∂σ ij fi + div [ ρ vui ] =+ ∂x j (2) •Equation of moment of momentum balance or Cauchy’s second law of motion, σ ij = σ ji (3) In the above equations, tis time, xj Cartesian spatial coordinates, v velocity, ρ density, cp specificheat,Ttemperature, qjheatflux,ui displacement, σij stress tensor, ST heat source and fi body force. Constitutive Relations Equations (l)-(3) make an open system consisting of 7 equations with 16 unknowns (T, ui, qj, σj). In order to close that system, the following constitutive relations are used: •Fourierlaw,whichlinkstheheatfluxwith spatial gradient of temperature, included in equation (1). qj = k ∂T ∂x j (4) where k is thermal conductivity and •the relation between the TEP stresses and strains 61 d d 3Gσ ij σ kl d ε kl 2 µ ε λδ ε 3 λ 2 µ αδ dσ= d + d − + T − T − ( ) ( ) ij ij ij kk ij r ` σ 2 H + 1 3G where ε ij = 1 ∂ui ∂u j + 2 ∂x j ∂xi (6) is the strain tensor, tic modulus, T, is the reference temperature, which corresponds to a thermally undeformed state, and δij Tis the Kronecker delta. Lame’s constants are related to the more commonly used elastic modulus E and Poisson’s ratio ν by the following relationships: λ= 1 σ= σ ij − δ ijσ kk 3 d ij (7) is the deviator stress tensor, (5) νE µ= G= (1 +ν )(1 − 2ν ) E ν (1 +ν ) (9) In the case of elastic conditions, the expression within the brackets { } vanishes, and the constitutive relation (5) reduces to the Duhamel-Neumann form of Hooke’s law. 1 3 2 σ = σ ijd σ ijd 2 Mathematical Model (8) By combining (l)-(5), the following equa- ∂δ u ∂ i + div ρ c p v ∂t = ∂x j () ∂δ ui µ ∂x j where δT and δui are temperature and displacement increments, respectively. These equations make a closed system of four equations with four unknowns (δT, δui). Since the material physical properties (c, k, μ, λ, α) are in general functions of temperature, the equations (10) are non-linear and coupled, even in the thermo-elastic case. In the case where the part of the heat energy source term coming from the thermo-elastic cooling/ heating due to the elastic volume change (3λ + 2μ)αTr(∂εk /∂t) can be neglected (1/3α)(∂εk / ∂t) (∂T/ ∂t), the heat energy equation is decoupled from the momentum equations and can be solved independently. However, in order to solve momentumequations,thetemperaturefieldhastobe known. In order to complete a mathematical ∂ div k ( grad (T ) ) + S ρ c pT ) + div ρ c p v T = ( ∂t (10) ∂ + ∂x j (11) () ∂δ u j µ ∂xi ∂ + ∂xi ∂δ uk µ ∂xk model, initial and boundary conditions are to be provided. The initial condition temperature and displacements in the whole solution domain at the initial instant of time have to be given. Boundary conditions can be either of Dirichlet or Von Neuman type, i.e. temperatureand/orheatfluxanddisplacementsand/or forces(surfacetractions)havetobespecified at all boundaries. 2.2. Thermal Boundary Condition a) The energy added to the plate was calculated by the product of current through the welding voltage obtained from the experimental procedure. The Goldak’s double ellipsoid model for welding heat distribution was used Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 ∂ ∂δ ui ρ ∂t ∂t tions can be obtained: Cadernos UniFOA is the effective stress (in the case of Von Mises yield criterion), µ and λ are Lame’s constants, (α is the thermal expansion coefficient,G=µ shear modulus, H’ is the plas- 62 a) Temperature: 25ºC on all sides of the plate; b) Concentration: corresponding to the chemical composition of steel. of generalized coordinates (not orthogonal), whichallowedtorepresentaccuratelythefinal geometry of the welded plate. The solution of the discretized equations was obtained through line by line method described in Patankar [1] and based on the tri-diagonal algorithm. The solution of the equations was performed in a coupled way represent the interactions of temperaturefieldsandphasetransformationin addition to considering the nonlinearities of the properties of steels as a function of temperature and phases present. 2.4. Modeling the Kinetics of Phase Transformation 3. Results to calculate the distribution of volumetric densityofheatflowattheweldpoolvicinity. b) We adopted a global coefficient for the entire board, which involved the loss of heat by convection and radiation, whose estimated value was 150 W/m2K. 2.3. Initial Condition In this work we used an extended model of Avrami kinetic law proposed by Reti et al. [8] in order to predict the formation of ferrite, pearlite and bainite during continuous cooling after austenitizing steel hipoeutetóides low-alloy, Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 dyi dB t m = (1 − y1 − y2 ,......, yn ) i dt dt i = 1, 2,...., n 3.1. Numerical Results The Figure (1) present the overview of the finitevolumemeshusedforsimulated. (12) where • y1 , y2 ,......, yn Match the volume fraction of phases; • mIstheAvramicoefficient; • Bi = Bi(T) Are parameters characterizing the rates of nucleation and growth processes (obtained from the TTT curves) which are redefined to take into account also the effect of austenite grain size in the transformations. Already the formation of martensite was regarded as dependent solely on temperature, according to the Koistinen-Marburger equation [6] f = 1 − exp ( −0, 011( M s − T ) ) T ≤ M s (13) which f corresponds to the volume fraction of martensite formed and corresponds to the temperature at the beginning of its transformation (obtained from the TTT curve). 2.5. Numerical Solution The numerical simulation was based on the finite volume method using the technique of adaptive meshes with the purpose of tracking the formation of the weld bead. The finitevolumemethodwasadaptedtoasystem Figure 1. Finite volume mesh. Toward X specimen has 60 mm wide and were divided into 32 volumes of varying sizesbeingmorerefinedinthevicinityofthe weld bead - the region of greatest interest. Toward Y body of evidence has 200 mm in length were divided into 100 volumes of equal size. Finally toward Z body of evidence has 5.0 mm thick which were divided into 17 equal volumes. This chapter will present the results expressed in units of the international system (SI), obtained from numerical simulation for the evolution of temperature, stress (S) and their respective components additive thermal (STH), elastic (SE) and plastic (SP), equivalent Von Misses (SigmaBarra) and the values of the deformations (E). Figure 5. Distribution of Temperature for Steel AISI 1020 after 450s. 63 Figure 2. Distribution of Temperature for Steel AISI 4340 after 15s. Figure 6. S22 for the steel AISI 1020 after 450s. Figure 3. Section STH1 for AISI 4340 Steel after 15s. Figure 8. micrograph for the steel AISI 4340 after welding: martensite (200x) 4. Experimental Results Table 1 shows the chemical composition of steels tested. Table 1. Chemical analysis of steel (weight %). AÇO C Mn P S Si Cr Ni Mo AISI-4340 0,39 0,69 0,015 0,011 0,26 0,78 2,08 0,25 AISI-1020 0,19 0,70 0,013 0,012 0,28 - - - This section will present the results of hysteresis curves and analysis of the envelope Barkhausen[4]. Cadernos UniFOA Figure 4. Section STH2 for AISI 4340 Steel after 15s. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figure 7. Numerical simulation results for the steel AISI 4340 after welding: martensite. 64 Figure 9. Barkhausen: transverse hysteresis after welding for steels AISI4340 and AISI1020. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figure 10. Barkhausen envelope after welding for steels AISI4340 and AISI 1020. Comparing the deformations measured in the ASAME and the numerically simulated after welding can be observed that the residual strains are very small. The deformations in the ASAME measures are limited to precision tool for marking the grid. Figure 11. Deformation E22 after welding measures with the ASAME and numerical simulate. Figure 12. Deformation E11 after welding measures with the ASAME and numerical simulate. 2 - Comparing the simulation results for the AISI 4340 and AISI 1020 is observed that thephasetransformationdidnotinfluencethe values of the stresses and deformations. 3 - The temperature gradient caused by the depositionoffillermetaliswhomostinfluencesthe deformation gradients and consequently the evolutionofstressfieldsanddeformations.Certainly hence the appearance of residual stresses in the region of onset of cooling after welding. 4 - The results indicate that the welding process can be analyzed by means of Barkhausen signals.Themostsignificantchangesoccurred for the display of AISI 4340 steel, which is a high hardenability. Therefore, this material is expected in the region of the weld (HAZ) a larger amount of martensite in carbon steel, as revealed by the simulation. 5 - If the carbon steel AISI1020, changes in both the hysteresis curve as the envelope of the Barkhausen signal can be more directly attributed to residual stresses. 65 7-Theresultsindicatethat,becauseitisdifficult to separate the effects due to microstructural phase changes (martensite formation) of the effects of residual stresses proper, the method barkhaseun is primarily a tool for qualitative analysis, and analyzed for the case use of the model provides a quantitative prediction. 8 - In the cases tested computationally and experimentally the residual strains observed were very small. 9 - Comparing the residual stresses obtained by numerical methods with those obtained from the analysis barkhaseun both show the same qualitative interpretation. 6. Acknowledgements Professor R. Linilson Padovese, Associate Professor of Mechanical Engineering Department of USP and Dr. Freddy E. Franco, for their support in carrying out measures magnetic Barkhausen. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 1 - The proposed model shows good agreement with experimental results, allowing to predict how the stress state during the welding process of steel since the beginning of the depositionoffillermetaltothefinalcooling. 6 - The conclusion is that the analyzing Barkhausen and hysteresis curves reflect the microstructural changes and changes in residual stresses that occurred in the welding process, and that these techniques are useful for pointing out the difference in the process of welding of different materials, in this case, carbon steel and AISI1020 AISI4340. Cadernos UniFOA 5. Conclusions 66 7. References [1] S. V. Patankar, Numerical Heat Transfer and Fluid Flow, McGraw-Hill, New York, (1984), 90. [2] K.C. Karki and S. V. Patankar: Numerical Heat Transfer, 14 (1988), 295. [3] Demirdzic, I. and Martinovic, D., Finite volume method for thermo-elasto-plastic stress analysis, Computer Methods in Applied Mechanics and Engineering, 109, 331-349, North-Holland (1993) [4] BARKHAUSEN, H.,Two with help of new repeating rediscovered appearances by H Barkhausen - The silence during unmagnetising of iron. Physikalische Zeitschrift, v. 20, p. 401-403, 1919. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 [5] GOLDAK J.; CHAKRAVARTI, A.; BIBBY, M. A New Finite Element Model for Welding Heat Sources Model. Metallurgical Transactions B, v. 15B, p. 299-305, Jun. 1984. [6] PATANKAR, S. V. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. McGraw-Hill. USA, 1979. [7] MELAAEN, M. C. Calculation of Fluid Flows with Staggered and Nonstaggered Curvilinear Nonortogonal Grids – The Theory. Numerical Heat Transfer, Part B, v. 21, p. 1-19, 1992. [8] RETI, T., FRIED, Z., FELDE, I., Computer Simulation of Steel Quenching Process Using a Multi-Phase Transformation Model, Computational Materials Science, Vol.22, 2001, p. 261-278. 67 Nanocompósito de matriz polimérica termoplástica de polietileno de alta densidade com adição de nanocargas com expansão térmica baixa de Al2Mo3O12 Nanocomposite of thermoplastic polymeric matrix of high density polyethylene with addition of nanofiller with low thermal expansion of Al2Mo3O12the steel welding Nanocompósito, nanocargas, PEAD, Al2Mo3O12, viniltrimetoxisilano (VTMS). Resumo: A presente pesquisa busca desenvolver e caracterizar nanocompósitos especiais sob o aspecto térmico prioritariamente, a redução da expansão térmica positiva dos nanocompósitos e a não ocorrência de degradações das propriedades térmicas e mecânicas. Foi desenvolvido um nanocompósito com matriz termoplástica, PEAD e o Al2Mo3O12 nanométrico, que foi funcionalizado com viniltrimetoxisilano (VTMS) - C5H12O3Si, visando uma maior coesividade matriz-reforços. Tais nanocompósitos foram produzidos por extrusão/injeção e testados sob condições térmicas e mecânicas delineadas para cada propriedade. Foram registradas durante os ensaios, as dimensões típicas da escala nonométrica para as nanocargas de Al2Mo3O12 com uma distribuição bimodal, a presença de VTMS e de seus elementos nas nanocargas funcionalizadas e respectivos nanocompósitos, não houveram degradações das propriedades térmicas e mecânicas, na verdade tivemos algumas melhorias, com aumentos de 3 a 5,5% nas tensões de escoamento, reduções da deformação específicade5a23%,aumentosnosmódulosdeYoungde5,5a10,5% e foram avaliadas também suas ductilidades. Os nanocompósitos não funcionalizados e funcionalizados apresentaram comportamento térmicoestáveleasreduçõesdoscoeficientesdeexpansãotérmicaficaramda ordem de 7 a 46,3%, valores estes que consolidaram nossos objetivos. 1 Programa de Mestrado em Materiais, UNIFOA, Volta Redonda – RJ, Brasil. 2 Departamento de Engenharia de Materiais, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ 3 Universidade Federal Fluminense-Polo Universitário de Volta Redonda Cadernos UniFOA Palavra chave: Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Alexandre R. Soares1 José R.M. d’Almeida2 Bojan Marinkovic1,2 Lidija Mancic3 68 Abstract: This research seeks to develop and characterize special nanocomposites under the thermal aspect priority, reducing the positive thermal expansion of the nanocomposites and the nonoccurrence of degradation of thermal and mechanical properties. We developed a matrix nanocomposite thermoplastic, HDPE and Al2Mo3O12 nanometer, which were functionalized with viniltrimetoxisilano (VTMS) - C5H12O3Si for the greater cohesiveness matrix-reinforcement. Such nanocomposites were produced by extrusion / injection and tested under thermal and mechanical conditions outlined for each property. Were recorded during the tests, the typical dimensions of the scale nanometric for nanofiller of Al2Mo3O12 with a bimodal distribution, the presence of VTMS and its elements and their functionalized nanofiller in the nanocomposites, there were no degradation of thermal and mechanical properties, in fact we had some improvements, with increases from 3 to 5.5% in the yield stress, reductions in specific deformation 5-23%, increases the Young modules from 5.5 to 10.5% and were also evaluated their ductilities. The non-functionalized and functionalized nanocomposites showed stable thermal behavior and reductions in thermal expansion coefficients were of the order 7 to 46.3%, values which have consolidated our goals. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 1. Introdução Materiaiscomcoeficientesdeexpansão térmica negativos ou baixos, perto de zero, estão sendo estudados ao longo de nossa história recente, contudo o fenômeno e estudo da expansão térmica negativa e/ou baixa já é conhecida e documentada há muito tempo, segundo Liu,Wang e Shang [1] Guillaume descreveu tal fenômeno para o composto Fe65Ni35 há mais de um século. Lind demonstrou que entre as décadas de 60 e 90 tais materiais tiveram pesquisas pontuais, como nos trabalhos de Graham et al. [2,3] sobre ZrW2O8 e Martinek e Hummel [2,4] sobre expansão térmica linear de tungstatos. A partir da década de 90 o número de trabalhos começou a crescer vultuosamente. Atualmente tais materiais estão sendo testados onde existem exigências para aplicações especiais ou incomuns, em aplicações altamente funcionais que podem apresentar incompatibilidades de expansão térmica entre constituintes, causando dano mecânico e desvios de posicionamento de peças, como em dispositivos eletrônicos, ópticos e para altas temperaturas [5], Este estudo aborda um dos compostos estudado por Evans, Mary e Sleight [6] Al2Mo3O12. Esse composto cerâmico na ocasião não foi esmiuçado sob o aspecto térmi- Keywords: Nanocomposite, nanofillers, HDPE, Al2Mo3O12, vinyltrimethoxysilane (VTMS). co pelos autores, também não foi registrado sua obtenção na forma nanométrica e nem foram utilizados como reforços de compósitos. O presente estudo tem por premissa que esses materiais sejam produzidos em escala nanométrica e sejam testados em laboratórios visando sobretudo a sua aplicação como nanocargas em compósitos, formando nanocompósitos com a intenção de que haja uma maior interação e integração matrizes-reforços. Para os propósitos e fundamentos elencados mostra-se importante os estudos realizados por Tyagi, Achary e Mathews [7], onde ocoeficientedeexpansãotérmicanegativodo composto Al2Mo3O12(αℓ= -2,83 x 10-6 ºC-1) foi medido para uma amostra maciça. Prisco et al. [8] testaram o mesmo composto na forma nanométrica e micrométrica, obtendo coeficientes de expansão térmica positivos muito baixos para amostras maciças obtidas a partir dopónanométrico(αℓ= 0,9 x 10-6 ºC-1) e coeficientesdeexpansãotérmicanegativosparaa formamicrométricamaciçacomovalorde(αℓ = -2,2 x 10-6 ºC-1) para temperaturas de ensaio entre 200ºC e 620ºC e um valor ainda mais negativo(αℓ= -35 x 10-6 ºC-1) para temperaturas de 620ºC a 700ºC. Miller [9] reportou os coeficientes de expansão térmica do Al2Mo3O12 iguala(αℓ=9,51x10-6 ºC-1) para o intervalo de temperaturas de -123 ºC a 177ºC para o siste- uma melhoria da propriedade de expansão térmica (redução de expansão térmica) sem que haja degradação das outras propriedades térmicas e mecânicas. 69 2. Materiais e Métodos 2.1. Nanocargas de Al2Mo3O12 2.2. Funcionalização das nanocargas As nanocargas foram submetidas a 13 operações dentro do processo de funcionalização, os processos são vistos na Figura 1. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 As nanocargas de Al2Mo3O12 funcionalizadas com C5H12O3Si e não funcionalizadas foram produzidos utilizando-se o pó nanométrico obtido pelo método de co-precipitação conforme procedimento adotado por Prisco et al. [8], uma vez que nossas atividades foram realizadas em sistema de cooperação acadêmica. A quantidade de nanocargas de Al2Mo3O12 utilizadas durante a fabricação do nanocompósito (5,25 gramas) foi definida pelo seu percentual (0,5%,1%,2%,3% e 4%) efetivo em cada nanocompósito, com nanocompósitos não funcionalizados ( totalizando 2,100g de Al2Mo3O12 e 117,90g de PEAD) e os nanocompósitos funcionalizados ( totalizando 3,150g de Al2Mo3O12 e 176,85g de PEAD). Cadernos UniFOA macristalinomonoclínicoe(αℓ=2,39x10-6 ºC-1) para o intervalo de temperaturas de 250 ºC a 650 ºC e a estrutura ortorrômbica. Na concepção de compósitos e nanocompósitos existem poucos trabalhos com esse tipo de aplicação, como o de Tani et al. [10] onde foram observadososcoeficientesdeexpansãotérmicado compósito resina fenólica/ZrW2O8 que foram reduzidos de (46x10-6 ºC-1) para (14x10-6 ºC-1), 34% de redução (0 a 52% de ZrW2O8). Chu et al. [11] observaram o nanocompósito Epóxi/ ZrW2O8 (ZrW2O8 com 100nm-20µm), que apresentou redução de (45.5x10-6 ºC-1) (epóxi puro) para (17.6x10-6 ºC-1) ou seja, 38,68% de reduçãodoscoeficientesdeexpansãotérmica (40% de ZrW2O8). No presente estudo e análises experimentais a intenção é a aplicação de nanomateriais com coeficientes de expansão térmica negativos ou baixos do composto Al2Mo3O12 em uma matriz termoplástica de polietileno de alta densidade para formar nanocompósitos especiais sob o aspecto térmico prioritariamente, formando nanocompósitos com os coeficientes de expansão térmica positivos reduzidoscomonafilosofiadostrabalhosacima. Os nanopós de Al2Mo3O12 foram também funcionalizados com Viniltrimetoxisilano VTMS (C5H12O3Si) para comparação da melhoria ou não das propriedades de adesão em relação aos nanomateriais não funcionalizados. Assim nossa investigação com os nanocompósitos primará exatamente por alcançar Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 70 Figura 1 – Processo de funcionalização das nanocargas de Al2Mo3O12 2.3. Polietileno de Alta Densidade - PEAD 2.4. Viniltrimetoxisilano O polietileno de alta densidade - PEAD, resina IA59U3 [12], usado no processamento dos nanocompósitos foi adquirido da empresa Braskem. Trata-se de um homopolímero de distribuição de massa molecular estreita que foi produzido por processo em solução contendo aditivos antioxidantes e estabilizantes à luz, destina-se principalmente a moldagem por injeção. Sua especificação técnica comercial prescreve algumas propriedades termomecânicas importantes e seus limites, como a temperatura máxima de processamento, 160º e 230ºC, o índicedefluidezde7,3g/10min,densidadede 0,960 g/cm3, tensão de escoamento máxima de 28 MPa e de ruptura de 25 MPa. O silano para a funcionalização das nanocargas de Al2Mo3O12, viniltrimetoxisilano (VTMS) - 100ML 98%, é um silano desenvolvido para utilizaçãoemoleolefinasespecificamente,foiadquirido da Evonik Industries filial Brasil que representa a Aldrich Chemistry, código CAS 2768-02-7, também chamado de trimetoxivinilsilano ou eteniltrimetoxisilano, possui a fórmula química C5H12O3Si e massa molecular de 148,23 g/l. Seu estado físico é líquido, possui cor amarelo claro, ponto de ebulição inicial em 123ºC, temperatura de ignição em 28ºC e temperatura de autoignição em 235ºC. Sua densidade é de 0,968 g/cm3 a 25ºC, e é bom notar que sua densidade é praticamente idêntica a do PEAD (0.96 g/cm3) e viscosidade é de 0,6 cSt [13]. 2.6. Métodos de Análises Aplicados 71 2.5. Condições operacionais da extrusão / injeção 2.6.1. Microscopia eletrônica, difração de raios -x, espectroscopia de infravermelho, aná- O estudo das amostras de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizados foram realizados com um microscópio eletrônico de transmissão JEOL, modelo JEM-2010, equipado com uma câmera CCD da Gatan, operando numa voltagem de 200 kV, as imagens das amostras de Al2Mo3O12 não funcionalizadas foram obtidas após terem sido dispersas em isopropanol com auxílio de ultrassom para reduzir o tamanho dos aglomerados e com uma gota da dispersão depositada num suporte de Cu, além disso as regiões e superfícies de fratura dos corpos de prova ensaiados por tração, amostras de nanocompósitos funcionalizados, foram realizados com um microscópio eletrônico de varredura JEOL, modelo JSM-6510L, operando no modo de elétrons secundários e com uma voltagem de aceleração de 20 kV. As caracterizações por difração de raios-x foram realizadas nas nanocargas de Al2Mo3O12 e nos nanocompósitos funcionalizados e não funcionalizados para 1% em massa de nanocargas. Na caracterização das nanocargas foi utilizado um difratômetro Siemens, modelo D5000 Kristalloflex, operando com radiaçãoCuKαa40kVe35mA,varrendo2θ na faixa de 5 a 80° a uma taxa de 0.1°/min, passo de 0.02° e tempo de aquisição de 12s, os difratogramas foram ajustados pelo método de refinamentoLeBail[14]utilizandooTOPAS [15], já as análises dos nanocompósitos foram realizadas pelo método do pó com o difratômetro Bruker D8 Advantage, operando com a radiação CuKα a 40kV e 40mA, passo de 0.02° e tempo de aquisição de 2s. A análise por Espectroscopia de Infravermelho com a Transformada de Fourier - FTIR foi realizada num equipamento Perkin Elmer, modelo Spectrum 400, com resolução Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 lises térmicas e mecânicas Cadernos UniFOA Os nanocompósitos foram fabricados através da adição de 0,025g, 0,050g, 0,100g, 0,150g e 0,200g de nanocargas de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizadas em 4,975g, 4,950g, 4,900g, 4,850g e 4,800g de PEAD, segundo o procedimento de primeiro realizar a mistura entre as nanocargas de Al2Mo3O12 e o PEAD. Tais nanocompósitos foram elaborados por processo de extrusão numa máquina microextrusora de dupla rosca co-rotante DSC Xplore, modelo 5-08-20, de capacidade máxima 5 cm3, seguido do processo de injeção numa microinjetora DSC Xplore, modelo 4-11-10, com capacidade máxima de 5.5 cm3 e equipada com um molde de aço inoxidável no formato de corpos de prova típicos de ensaios de tração. As condições operacionais da microextrusora foram dadas pelas temperaturas das três zonas de aquecimento do barril, que foramdefinidascomo170,175e180ºCparaque houvesse um gradiente de temperaturas. A velocidadederotaçãodasroscasfoidefinida em 100 RPM, a força de ejeção do material é variável, pois depende da quantidade de material passando pelo barril e da pressão exercida durante a alimentação e na saída e gira em torno de 900 -1000N. O tempo de residência do materialalimentadonobarrilfoidefinidoem 5 minutos para homogeneização e distribuição das nanocargas na matriz polimérica. Para o caso da microinjetora as condições de processamento foram dadas pelas temperaturas do material fundido necessárias na saída da haste de transferência de material, pela temperatura do molde, pelo tempo de injeção, pela pressão de injeção e pelo tempo de residência no moldeapósainjeção,queforamdefinidosem 175ºC e 80ºC, respectivamente. O tempo de injeção de 1 segundo e a pressão de injeção de 7 Bar enquanto o tempo de residência no molde após a injeção foi de 30 s. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 72 de 4 cm-1 e 16 scans e a análise foi realizada na faixa do espectro de 500-4000 cm-1, que corresponde à região do infravermelho médio. As análises térmicas foram realizadas por Termogravimetria - TGA e Calorimetria Diferencial de Varredura - DSC em um equipamento analisador térmico simultâneo, modelo STA-6000 da Perkim Elmer, na faixa de temperatura de 25 a 650°C, taxa de aquecimento de 10°C/min, atmosfera de nitrogênio com vazão do gás igual a 50 mL/mim e as amostras dos materiais ensaiados pesavam em torno de 5 mg. A análise por Termodilatometria foi realizada em um dilatômetro da NETZSCH modelo DIL 402C. Os ensaios foram realizados na faixa de 25 a 100 ºC para 4 séries de 6 amostras, totalizando 24 corpos de prova. Os corpos de prova para os ensaios dilatométricos foram extraído dos corpos de prova preparados para os ensaios mecânicos e não ensaiados, essas amostras foram cortadas em formato de sólidos prismático com as dimensões médias de (11 mm x 3,3 mm x 3,2 mm). 3. Resultados 3.1. Caracterizações das nanocargas por microscopia eletrônica de transmissão Os pós de Al2Mo3O12 nanométricos obtidos pelo método de co-precipitação foram caracterizados por Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET). Esta caracterização foi aplicada tanto ao Al2Mo3O12 que não passou pelo processo de funcionalização quanto àqueles que foram processados por esta técnica, e foram obtidas as imagens reunidas nas Figuras abaixo. Figura 4 – Caracterização dimensional do pó de Al2Mo3O12 não funcionalizados Figura 2– Corpo de prova para os ensaios termodilatométricos Os ensaios de tração foram realizados em uma máquina de ensaio universal da EMIC, modelo DL 1000, com célula de carga de 1000 kgf e velocidade de ensaio definida em 30 mm/min. As caracterizações dimensionais dos corpos de prova foram realizadas por três medições das seções úteis, largura e espessura com um paquímetro, ver Figura 3. Figura 3 – Corpo de prova para os ensaios mecânicos Figura 5 – Caracterização dimensional do pó de Al2Mo3O12 não funcionalizados e padrão de difração de elétrons de uma região. As amostras do pó não funcionalizado apresentaram um aspecto mais aglomerado com estruturas da ordem de 100nm ou menores e o padrão de difração de elétrons desta região indica uma região de pouca ordenação com cristais pequenos, já as amostras do pó que passaram pela funcionalização apresentaram as seguintes estruturas nanométricas. 73 Figura 6 – Caracterização dimensional do pó de Al2Mo3O12 funcionalizados 3.2. Caracterizações por difração de Raios-X Na Figura 7 é apresentado o difratograma experimental das nanocargas não funcionalizadas que revelaram uma distribuição bimodal tendo dimensões médias de cristais de 52nm e 5nm, respectivamente. c)refinadoparaafasecomcristaiscomdimensõesde5nm Figura 7– DRX - Caracterização do pó de Al2Mo3O12 não funcionalizados Cadernos UniFOA b)Refinadoparaafasecomcristaiscomdimensõesde52nm Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 a)Experimentalerefinado 74 Nanocompósito não funcionalizados e funcionalizados. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Para essa análise aplicou-se o método de Rietveld através de análise quantitativa do conteúdo amorfo com padrão interno (TiO2 cristalino na forma de Anatásio da Milenium), cuja análise foi realizada com o auxílio do software TOPAS 4.2. O TiO2 como padrão interno foi adicionado em 30% em peso e suas linhas de difração mais intensas aparecem em 2 theta igual a 25,35o (índice de Miller: 101), Figura 8, depois em 37,02o (103), 37,85o (004) e 38,6o (112),oqueestádeacordocomafichapdf(powderdifractionfile39-4921).Comopodemos observar na Figura 8, as linhas estreitas do padrão interno de TiO2 são facilmente distinguidas das linhas de difração relacionadas com o PEAD cristalino PDF (Powder Diffraction Files) 53-1859 apresentando linhas largas em 21,65 (110) e 24,6 (200) e sobrepostas sobre uma corcova referente ao PEAD amorfo.A estrutura cristalina utilizada no refinamento do Anatásio TiO2provémdaficha076173do banco de dados ICSD (International Crystal Structure Database) e a estrutura cristalina utilizada para o PEAD foi extraída da referência [16]. Nas Figuras 8, 9, 10 são apresentados os difratogramas das amostras do PEAD e dos nanocompósitos respectivamente. Figura 8 – DRX - Caracterização do PEAD puro Figura 9– DRX - Caracterização do nanocompósito não funcionalizado Figura 10– DRX - Caracterização do nanocompósito funcionalizado 3.3. Espectroscopia de Infravermelho Estacaracterizaçãopermiteidentificara formação de ligações covalentes que devem aparecer na região do espectro do infravermelho após a funcionalização com o VTMS das nanocargas de Al2Mo3O12, bem como outras bandas relacionadas ao VTMS. Observando a banda de absorção a 1154 cm-1 devido às vibrações de estiramento de Si-O-Si, é possível demonstrar que o processo de condensação dos silanos ocorreu e que eles estão presentes na amostra que havia passado pelo processo de funcionalização, ver Figura 11. 75 Análise termogravimétrica e Calorimetria Diferencial de Varredura Nanocargas de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizadas As nanocargas de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizadas com VTMS foram ensaiadas por TGA para verificar a quantidade de massa perdida durante o processo de degradação térmica e consequentemente tentar comprovar a segunda fase adicionada ao material. Pelográficodoensaio,asamostrasfuncionalizadas perderam 0,5% de massa a mais do que as amostras não funcionalizadas, a tem- peratura de ensaio chegou a 580oC. Esse comportamento térmico degradativo é um possível indício de que uma pequena parte do VTMS efetivamente estava presente na amostra, envolvendo as nanopartículas de Al2Mo3O12 e foram degradadas, perdidas durante a solicitação térmica do material, salientando que esses resultados não comprovam que tenha ocorrido ligações covalentes entre o VTMS e as nanopartículas de Al2Mo3O12, mas comprovam sua presença nas amostras. Na Figura 12, a curva em azul representa as nanocargas funcionalizadas e a pontilhada em verde representa as nanocargas não funcionalizadas, pelo gráfico existem evidencias que a perda de massa se deu de forma mais ampla nos nanocompósitos funcionalizados devido à presença de material adicional, VTMS. Cadernos UniFOA 3.4. Resultados e Avaliações das Análises Térmicas Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura 11 – FTIR - Nanocargas funcionalizadas e não funcionalizadas 76 Figura 12 – TGA - Nanocargas funcionalizadas e não funcionalizadas Nanocompósitos não funcionalizados e funcionalizados Tabela 3 – DSC - Propriedades dos Nanocompósitos não funcionalizados. Nas tabelas 1 e 2 abaixo estão resumidos os valores encontrados para as temperaturas de degradação térmica das amostras ensaiadas por TGA. Temperatura de fusão (ºC) Tabela 1 – TGA - Propriedades dos Nanocompósitos não funcionalizados. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Nanocompósito não funcionalizado % Al2Mo3O12 Temperatura “onset” de degradação Máxima Relativa PEAD Aumento % 0% 460,11 1,000 0,000 0,5% 464,83 1,010 1,026 1% 462,49 1,005 0,517 2% 456,39 0,992 -0,809 3% 464,83 1,010 1,026 4% 464,10 1,009 0,867 Tabela 2 – TGA - Propriedades dos Nanocompósitos funcionalizados. Nanocompósito funcionalizado % Al2Mo3O12 Temperatura “onset” de degradação Máxima Relativa - PEAD Aumento % 0% 460,11 1,000 0,000 0,5% 462,74 1,006 0,572 1% 461,82 1,004 0,372 2% 463,03 1,006 0,635 3% 460,72 1,001 0,133 4% 462,83 1,006 0,591 Nas tabelas 3 e 4 abaixo estão resumidos os valores encontrados para as temperaturas de fusão das amostras ensaiadas por DSC. Amostra Tfusão (ºC) Tfusão (ºC) relativas PEAD Aumento % 0% 140,89 1,0000 0,0000 0,5% 143,20 0,9839 1,6396 1% 140,43 1,0033 -0,3265 2% 139,68 1,0087 -0,8588 3% 142,80 0,9866 1,3557 4% 140,20 1,0049 -0,4897 Tabela 4 – DSC - Propriedades dos Nanocompósitos funcionalizados. Temperatura de fusão (ºC) Amostra Tfusão (ºC) Tfusão (ºC) relativas PEAD Aumento % 0% 140,89 1,0000 0,0000 0,5% 142,23 0,9906 0,9511 1% 141,29 0,9972 0,2839 2% 142,07 0,9917 0,8375 3% 139,24 1,0119 -1,1711 4% 140,21 1,0048 -0,4826 Outra avaliação possível com a análise de DSC é o cálculo do grau de cristalinidade dos nanocompósitos. Para isso utiliza-se uma equação que relaciona as variações entálpicas das amostras e a variação entálpica de uma amostra padrão com teoricamente 100% de cristalinidade [17]. Essa equação pode ser expressa com uma pequena correção através de regra de 3 para o % de PEAD que efetivamente está contido em cada corpo de prova e que participa dos ensaios, como: 77 (1) Nas tabelas 5 e 6 estão resumidos os valores encontrados dos graus de cristalinidade das amostras ensaiadas e relativas ao PEAD dos nanocompósitos não funcionalizados e funcionalizados. Tabela 5 – DSC - Cristalinidade dos Nanocompósitos não funcionalizados. Amostra Variaçãodeentalpia∆H(J/g) Grau de cristalinidade X (%) ∆H(J/g) relativo PEAD Para∆Ho=290J/g ∆H(J/g) Aumento % G.Crist.Relativo-∆Ho=290J/g Crist. relativa ∆Ho=290J/g Aumento % ∆Ho=290J/g 0% 206,9016 1 0,000 71,345 1,000 0 0,5% 210,2120 0,984 1,600 72,124 0,989 1,092 1% 201,6491 1,026 -4,073 68,491 1,042 -4,001 2% 200,2958 1,033 -0,671 66,650 1,070 -6,581 3% 194,4703 1,064 -2,908 62,700 1,138 -12,118 4% 181,3532 1,141 -6,745 55,969 1,275 -21,552 Tabela 6 – DSC - Cristalinidade dos Nanocompósitos funcionalizados. G.Crist.Relativo-∆Ho=290J/g Amostra ∆H(J/g) ∆H(J/g) relativo PEAD Aumento % Para∆Ho=290J/g Crist. relativa ∆Ho=290J/g Aumento % ∆Ho=290J/g 0% 206,9016 1 0,000 71,345 1,000 0 0,5% 198,9925 1,040 -3,823 68,275 1,045 -4,304 1% 189,9633 1,089 -4,537 64,522 1,106 -9,564 2% 196,5228 1,053 3,453 65,395 1,091 -8,341 3% 197,1214 1,050 0,305 63,555 1,123 -10,920 4% 195,6522 1,057 -0,745 60,382 1,182 -15,366 Análise Termodilatométrica (TD) Os registros dos ensaios termodilatométricos estão descritos e construídos abaixo para cada um dos corpos de prova das 4 séries, Figura 13. Figura 13 – TD - PEAD e Nanocompósitos não funcionalizados e funcionalizados Na Tabela 7 abaixo está resumido os valores médios encontrados para amostras ensaiadas assimcomoforamdescritosnosgráficosacimaparaosnanocompósitosdenanocargasfuncionalizadas e não funcionalizadas. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Grau de cristalinidade X (%) Cadernos UniFOA Variaçãodeentalpia∆H(J/g) 78 Tabela 7 – TD - Nanocompósitos funcionalizados e não funcionalizados. Material CET médio (x10-4 ºC-1) CET Relativo - PEAD 2,291 1 2,291 NNF NF NNF NF NNF NF 0,5% 1,476 1,983 1,552 1,155 -35,560 -13,425 1,0% 1,545 2,124 1,483 1,079 -32,569 -7,291 2,0% 1,950 1,801 1,175 1,272 -14,888 -21,371 3,0% 1,718 1,781 1,333 1,286 -24,995 -22,238 4,0% 1,588 1,230 1,442 1,862 -30,670 -46,289 3.5. Resultados e Avaliações das Propriedades Mecânicas Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 1 vos ao PEAD puro. Na Figura 14 é mostrado o gráfico das tensões de escoamento médias para os nanocompósitos funcionalizados e não funcionalizados em função do percentual de nanocargas de Al2Mo3O12 e suas respectivas comparações ao PEAD puro que está representado por 0% de Al2Mo3O12, no gráfico a abreviação NNF significa “Nanocompósitos Não Funcionalizados” e NF significa “Nanocompósitos Funcionalizados”. As análises desses resultados e suas consequentes propriedades mecânicas foram realizadas com base nos valores médios dos ensaios das 5 séries das amostras, conforme procedimento também adotado no trabalho de Chu et al. [14]. Algumas propriedades foram analisadas com base em valores relati- Cadernos UniFOA Redução % do CET PEAD Figura 14 – Tensão de Escoamento Médio por % de nanocargas de Al2Mo3O12 Para quantificar esses comportamentos devemos realizar uma análise dos aumentos e reduções percentuais das propriedades, assim abaixo está descrita a tabela 8 com os valores percentuais relativos ao PEAD puro e as com- parações com os nanocompósitos funcionalizados e não funcionalizados para as tensões de escoamento, as deformações específicas e os módulos de Young médios. Tabela 8 – Propriedades mecânicas dos nanocompósitos funcionalizados e não funcionalizados. Material PEAD Tensão de Escoamento (Mpa) Aumento % Deformação (mm/ mm) Módulo de Young (Mpa) Redução % Aumento % 22,46 22,46 - - 4,76 4,76 - - 265,664 265,664 - - NNF NF NNF NF NNF NF NNF NF NNF NF NNF NF 0,5% 23,5317 23,5954 4,7570 5,0405 4,3555 4,1676 -8,5250 -12,4711 291,8250 285,8233 9,8474 7,5883 1% 23,5332 23,6017 4,7635 5,0685 4,5052 3,8333 -5,3817 -19,4916 293,7700 280,5300 10,5795 5,5958 2% 23,1632 23,7036 3,1166 5,5221 4,4102 3,8215 -7,3762 -19,7397 291,6350 291,3433 9,7759 9,6661 3% 23,5328 23,3846 4,7621 4,1023 4,2406 3,6589 -10,9388 -23,1549 293,6050 286,5467 10,5174 7,8606 4% 23,1758 23,1803 3,1726 3,1925 4,3318 3,9708 -9,0220 -16,6050 263,1000 290,0667 -0,9651 9,1855 Abaixo nas Figuras 15 e 16 são mostrados os comportamentos médios dos módulos de Young e das deformações de acordo com o percentual das nanocargas de Al2Mo3O12. 79 A ductilidade dos nanocompósitos, ou seja, o grau de deformação que os nanocompósitos suportam sob carregamento até sua ruptura, pode ser avaliada pela razão entre as ducti- lidades dos nanocompósitos e do PEAD puro. Na Figura 17 é apresentado o comportamento de ductilidade dos nanocompósitos em relação ao PEAD puro. Figura 17 – Razão da Ductilidade entre PEAD e nanocompósitos Cadernos UniFOA Figura 16 – Deformações Médias por % de nanocargas de Al2Mo3O12 Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura 15 – Módulos de Young Médios por % de nanocargas de Al2Mo3O12 3.5.1. Avaliações das superfícies de fratura 80 Porfimasanálisesdassuperfíciesdefratura dos corpos de prova ensaiados foram realizadas através do MEV e revelaram importantes comportamentos quando das solicitações mecânicas trativas. Essas análises concentraram-se nos nanocompósitos funcionalizados para as amostras com 1% e 4% de nanocargas de Al2Mo3O12. Na Figura 18 foi demonstrada a análise por EDS do PEAD puro e da inclusão encontrada na região de rompimento do nanocompósito funcionalizado com 1% de Al2Mo3O12.OEDSconfirmou tratar-se do composto Al2Mo3O12 com dimensões por volta de 20µm, caracterizando uma inclusão de material de forma aglomerada. Figura 18 – EDS do PEAD puro e da inclusão de Al2Mo3O12 no nanocompósito com 1% de nanocarga Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Na Figura 19 é mostrada uma parte da superfície de fratura do nanocompósito com 4% de nanocargas funcionalizadas de Al2Mo3O12. Nesta superfície é possível observar um aumento gradual dos níveis de dobramentos das extremidades da ruptura e também um aumento acentuado da “aspereza” ou rugosidade do material. Figura 19 – Superfície de fratura do nanocompósito com 4% de Al2Mo3O12 São notáveis as inclusões das nanocargas nas superfícies fraturadas do PEAD. Na Figura 20 podemos observar essas inclusões de forma mais abrangente. Figura 20 – Inclusões de Al2Mo3O12 e suas interações com a matriz no nanocompósito com 4%. Na Figura 21 foi realizada a análise por EDS para 1% de nanocargas do nanocompósito funcionalizadoconfirmandoapresençadoSilíciodoVTMS. 81 Figura 21 - Inclusões menores no nanocompósito com 1% de Al2Mo3O12 Por fim na Figura 23 encontramos uma região onde houve uma grande interação entre a matriz de PEAD e as nanocargas de Al2Mo3O12 funcionalizadas no nanocompósito com 4% de Al2Mo3O12 Na figura é notável a distribuição das nanocargas numa região com aparência até mesmo de certa forma homogênea, as dimensões observadas foram bem inferiores a 10µm. Figura 23 – Distribuição de nanocargas no nanocompósito com 4% de Al2Mo3O12 Cadernos UniFOA Figura 22 – EDS de duas inclusões no nanocompósito com 4% de Al2Mo3O12 Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 NaFigura22tambémfoirealizadaaanálisedeEDSdedoispontosdessasinclusõesconfirmando a presença do Silício do VTMS (C5H12O3Si). Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 82 4. DISCUSSÃO Uma primeira avaliação que foi realizada diz respeito às caracterizações dimensionais das nanocargas de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizadas por MET e as caracterizações por difração de raios-x, onde as nanocargas não funcionalizadas apresentaram uma distribuição bimodal. No MET as nanocargas não funcionalizadas foram observadas da ordem de 100nm ou com cristais ainda menores aglomerados e as difrações de raios-x revelaram nanocargas com dimensões médias de 52 a 5 nm. As nanocargas funcionalizadas com VTMS foram observadas no MET e apresentaram dimensões da ordem de 100nm a 20nm, demonstrando também que as nanocargas ainda mantinham seu comportamento bimodal depois da funcionalização, contudo não foram observadas monocamadas de VTMS nas nanocargas. A segunda avaliação que realizamos foi através da espectroscopia de infravermelho para demonstrar as possíveis coligações nanocargas-silanos. Com essa análise foi possível ter indicações da ocorrência do processo de condensação do VTMS, uma vez que foi observada a banda de absorção a 1154 cm-1 devido às vibrações de estiramento de Si-O-Si. Outro indício da presença de VTMS nas nanocargas funcionalizadas advém da análise realizada por TGA das nanocargas de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizadas. As amostras funcionalizadas perderam 0,5% de massa a mais do que as amostras não funcionalizadas durante o ensaio, esse comportamento é um possível indício de que uma pequena parte do VTMS estava presente na amostra, envolvendo as nanopartículas de Al2Mo3O12. Nas análises por MEV e através da técnica de EDS das superfícies de fratura das amostras ensaiadas por tração foi encontrados o elemento Si para 1% e 4% de nanocargas, este elemento é originário das moléculas do silano C5H12O3Si. A terceira avaliação diz respeito às análises térmicas por TGA, DSC e TD dos nanocompósitos. A análise por TGA revelou que os nanocompósitos não funcionalizados não pioraramsignificativamenteaestabilidadetérmica em praticamente todos os percentuais de nanocargas de Al2Mo3O12, pois a variação das temperaturas de degradação dos nanocompó- sitos foram muito pequenas. Houve uma pequena degradação para 2% de nanocargas, em torno de 0,8% comparativamente ao PEAD puro. Na verdade até tivemos uma melhoria da temperatura de degradação, em torno de 1% atingindo o valor de 464,83ºC, ou seja, 4,7oC maior que a do PEAD puro para 0,5% e 3% de nanocargas. Os nanocompósitos funcionalizados não apresentaram temperaturas de degradações térmicas menores que a do PEAD, houve na verdade uma melhoria de até 0,6% para o nanocompósito com 2% em massa de Al2Mo3O12 e que atingiu a temperatura de 463,03oC, ou seja, por volta de 3oC maior que o PEAD puro. Esses resultados apresentando uma condição térmica estável para o PEAD nos nanocompósitos não funcionalizados e funcionalizados não é uma novidade em termos de avaliações no campo dos nanocompósitos com PEAD. A novidade é a estabilidade térmica alcançada com as nanocargas de Al2Mo3O12especificamenteeademonstração experimental de que as nanocargas não afetam negativamente a estabilidade térmica dos nanocompósitos e da matriz. ChrissafiseBikiaris[18]demonstraram que o PEAD é um material estável termicamente em aplicações de nanocompósitos, com variações da perda de massa <0,5% até a temperatura de 300oC, neste trabalho os autores investigaram a estabilidade térmica de nanocompósitos de PEAD com nanopartículas de Montmorilonita (PEAD/MMT), PEAD com Sílica (PEAD/SiO2) e PEAD com nanotubos de carbono de paredes múltiplas modificados quimicamente (PEAD/MWCNTs), tais nanocompósitos também apresentaram melhorias da estabilidade térmica em 0,64% (478,1oC/481,2oC), 0,60% (478,1oC/481oC) e 0,89% (478,1oC/481,4oC), respectivamente, valores inclusive com a mesma ordem de grandeza encontrados no presente estudo para alguns percentuais de nanocargas, como 2 e 4% de Al2Mo3O12 com 0,63%, 0,59% para os nanocompósitos funcionalizados e 4% de Al2Mo3O12 com 0,89% para o nanocompósito não funcionalizado. A análise por DSC revelou que a temperatura de fusão dos nanocompósitos não funcionalizadosficounointervalode139,68ºCa 143,20ºC, valores extremos para 2 e 0,5% de 83 Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 cionalizados, considerando as reduções médias de todas as amostras, alcançamos de 7 a 46,3% de redução comparativamente ao PEAD. Alguns autores já atingiram reduções dessa magnitude com outros materiais que apresentam coeficientes de expansão térmica negativa ou baixa e matrizes poliméricas, tal como Tani et al. [10] com resina fenólica/ ZrW2O8 (~34% de redução em fração volumétrica de 0 a 52% de ZrW2O8), Chu et al. [11] com epóxi/ZrW2O8 (~38,68% de redução em 40% em volume de ZrW2O8) Como os nanocompósitos de PEAD/Al2Mo3O12/C5H12O3Si não possuem equivalentes conhecidos na literatura, não temos meios de comparar diretamente os resultados obtidos, contudo podemos comparar indiretamente através dos estudos citados e avaliá-los de forma qualitativa, por exemplo, é notável que os valores alcançados pelos autores se deram quando da aplicação de uma concentração elevada de nanocargas (40%, 52% em massa), ao passo que em nosso estudo utilizamos no máximo 4% de Al2Mo3O12, ou seja, com uma baixa concentração de nanocargas conseguimos reduções dasexpansõestérmicasdeformasignificativa e possivelmente ainda não registrada. Se pensarmos em termos de desempenho e volume (relação desempenho/volume), o material desenvolvido apresenta uma superioridade que mereceatençãoemaisinvestigaçãocientífica para posteriores aplicações. De uma forma geral a redução das expansões térmicas positivas dos nanocompósitos não funcionalizados e funcionalizados foram bastante similares, mas chama a atenção o fato da maior redução ter ocorrido para os nanocompósitos funcionalizados, sugerindo uma efetiva atuação dos mecanismos de funcionalização nesta propriedade. Porfimaanálisemecânicacomparativa entre os nanocompósitos de PEAD com nanocargas de Al2Mo3O12 não funcionalizadas e funcionalizadas mostrou que os efeitos da adição dos silanos foram sentidos nas propriedades mecânicas. As tensões de escoamento médias foram maiores até 5,5% para os nanocompósitos funcionalizados em relação ao PEAD puro. As deformações foram menores nos nanocompósitos funcionalizados que atingiram a redução com o valor de até 23,15%, enquanto os módulos de Young encontrados Cadernos UniFOA nanocargas respectivamente, ao passo que o PEAD puro apresentou a temperatura de fusão de 140,89 ºC, ou seja, com 0,5% de nanocargas atingimos outra melhoria de propriedade, a temperatura de fusão aumentou em torno de 1,6% em relação ao PEAD puro. Ainda dentro das análises por DSC, as cristalinidades dos nanocompósitos não funcionalizados relativas ao PEAD foram calculadas com base nas entalpias de fusão, através dos picos entálpicos de fusão e revelaram que os nanocompósitos não funcionalizados tiveram uma redução da cristalinidade de até 21,5% para a amostra de 4% de nanocargas. A temperatura de fusão dosnanocompósitosfuncionalizadosficouno intervalo de 139,68 ºC a 142,23ºC, valores extremos para 3 e 0,5% de nanocargas respectivamente, sendo que com 0,5% de nanocargas funcionalizadas atingimos 0,95% de melhoria na temperatura de fusão. A redução de cristalinidade mais expressiva dos nanocompósitos funcionalizados ocorreu para 4% de nanocargas e atingiu 15,36%. Pelo método de DRX o PEAD apresentou o grau de cristalinidade de 79% e pelo método de DSC foi de 71,34%, valores dentro da mesma faixa de grandeza. Os nanocompósitos não funcionalizados com 1% de nanocargas apresentaram o grau de cristalinidade de 83,3% por DRX e 68,49% por DSC, valores que diferem por volta de 14%, essa diferença pode ser explicada hipoteticamente pelas condições específicas de processamento da amostra ensaiada em cada caso e/ou pela distribuiçãodenanocargasnaamostraespecífica. Os nanocompósitos funcionalizados com 1% de nanocargas apresentaram o grau de cristalinidade de 62.5% por DRX e 64,52% por DSC, praticamente idênticos visto que ainda pode haver erros instrumentais que interferiram nos cálculos por DSC e nas medidas por DRX. A análise termodilatométrica é sem dúvida a mais importante dentre as análises térmicas, pois é através dessas análises que demonstraremos as reduções das expansões térmicas positivas dos nanocompósitos, como foi descrito na 3.4. Tanto os nanocompósitos não funcionalizados quanto os funcionalizados apresentaram reduções das expansões térmicas muitosignificativas,asreduçõesforamdeaté 35,6% para os nanocompósitos não funcionalizados e de 46,3% para os nanocompósitos fun- Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 84 foram maiores que os do PEAD puro, exibindo um aumento da ordem de 5 a 10% para ambos os nanocompósitos, funcionalizados e não funcionalizados, sendo que o valor máximo de aumento foi de até 10,6% para os nanocompósitos não funcionalizados. As ductilidades de ambos nanocompósitos foram reduzidas para todos os percentuais de nanocargas, tendo maiores valores de redução os nanocompósitos funcionalizados. A análise das fraturas por MEV / EDS dos corpos de prova ensaiados por tração dos nanocompósitos funcionalizados contendo 1% e 4% de nanocargas evidenciaram a distribuição das nanocargas de Al2Mo3O12 na região de ruptura. A Figura 18, demonstrou que se trata das nanocargas de Al2Mo3O12, já a análise do corpo de prova com 4% de nanocargas funcionalizadas apresentou um aspecto mais dobrado ainda nas extremidades das superfícies das fraturas e certa asperezaourugosidadesuperficialquenãoeranítida para o corpo de prova com 1%. Nas Figuras 19 e 20 é possível observar que as nanocargas apresentaram uma maior distribuição e foram encontradas aglomerações, inclusões dispersas nas superfícies de fratura com dimensões menores que 10µm. Outra região com nanocargas distribuídas foi examinada visualmente e por EDS, Figuras 21 e 22. Nessa região foram encontrados indícios do Silício com um alto teor, um dos elementos formadores do VTMS. Na Figura 23 é possível observar uma região onde existem nanocargas com aglomerações menores que 5µm que apresentaram uma grande interação com o PEAD. O nanocompósito nessa região realmente apresentou um comportamento de alta coligação. rias dessas temperaturas para alguns percentuaisdasnanocargas,nãohouvemodificações descomunais de algumas propriedades térmicas como o ponto de fusão e entalpias, além disso, não houve ocorrências de reduções descomunais e desproporcionais das propriedades mecânicas, na verdade houve melhorias de algumas dessas propriedades. Em suma o desenvolvimento dos nanocompósitos de PEAD com nanocargas de Al2Mo3O12 virgem e funcionalizadas com C5H12O3Si foi bem sucedido e os materiais foram bem caracterizados. Tais nanocompósitos demonstraram boa capacidade de processamento e um bom rendimento termomecânico, apresentaram algumas propriedades bastante superiores ao esperado, tal fato potencializa e imprime a necessidade de um maior aprofundamento dos nanocompósitos de matrizes termoplásticas com as nanocargas de Al2Mo3O12. 5. Conclusão Hongfei Liu , Wei Zhang, Zhiping Zhang e Xiaobing Chen, Synthesis and negative thermal expansion properties of solid solutionsYb2-xLaxW3O12(0≤x≤2),Ceramic International, v.38, p. 2951–2956, 2012. Das análises, podemos concluir que as propriedades e parâmetros definidos como desejáveis para os nanocompósitos na introdução deste trabalho foram atendidas, ou seja, obtivemos uma redução da expansão térmica positiva dos nanocompósitos de forma extremamentesignificativa,nãohouveocorrências de degradações térmicas de forma abrupta e anômala, na verdade até conseguimos melho- 6. Referências Bibliográficas Zi-Kui Liu, Yi Wang, Shun-Li Shang, Origin of Negative Thermal Expansion Phenomenon in solids, Scripta Materialia, v. 65, p. 664-667, 2011. Cora Lind, Two Decades of Negative Thermal Expansion Research: Where do we Stand?, Materials, v. 5, p. 1125-1154, 2012. Graham, J., Wadsley, A. D., Weymouth, J. H., Williams, L.S., A new ternary oxide, ZrW2O8, J. Am. Ceram. 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Folha de dados do polietileno de alta de densidade, resina IA59U3, Brasken, Revisão 6, Agosto de 2012. 85 A. Le Bail, Extracting structure factors from powder diffraction data by iterating full pattern profile fitting. In: Prince,E., Taliek, JK.(Eds), Accuracy in Powder Diffraction II, Gaithersburg, MD.: Special Publication 846, 213, National Institute of Standard and Technology, 1992. B.A. GmbH, Topas - General Profile and Structure Analysis Software for Powder Diffraction Data, version 2.1, Technical Reference, user’s Manual, 2003. JHA, P. K. Structure Calculations of polyethylene crystals: A DFT approach, Chemical and Biological Engineering, Northwestern University, Evanston IL 60201, Sebastião V. Canevarolo Jr., Técnicas de Caracterização de Polímeros, Editora Artliber, 2007. CHRISSAFIS,K.; BIKIARIS,D. Can nanoparticles really enhance thermal stability of polymers? Part I: An overview on thermal decomposition of addition polymers, Thermochimica Acta, V. 523, p. 1-24, 2011. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Luciana Prates Prisco, Carl P. Romao, Fernando Rizzo, Mary Anne White e Bojan A. Marinkovic, The Effect of Microstructure on Thermal Expansion Coefficients in PowderProcessed Al2Mo3O12, Springer, Journal of Materials Science, Volume 48, Issue 7,pp. 2986-2996, 2012 Ficha de informações de segurança de produtos químicos, Viniltrimetoxisilano, Sigma Aldrich, versão 5, revisão 22-02-2011. Cadernos UniFOA A.K.Tyagi, S.N.Achary, M.D.Mathews, Phase Transition and Negative Thermal Expansion in A2(MoO4)3 System (A=Fe3+, Cr3+ and Al3+), Journal of Alloys and Coumponds, v. 339, p. 207-210, 2002. 87 União de Chapas na Indústria Automobilística Pelo Processo de Clinching Versus Processo de Solda Ponto Union of sheet metal in the automotive industry for clinching process versus spot welding Clinching, solda a ponto, Cisalhamento, Arrancamento Resumo: O presente trabalho objetiva comparar a união de chapas processo de clinching versus processo de solda ponto por resistência elétrica, onde foi realizado ensaios de resistência a arrancamento e cisalhamento de corpos de prova unidos por ambos processos. A caracterização metalograficademonstrouqueaestruturadachapa,tantodauniãoporclinching quanto por Solda a Ponto por Resistência Elétrica, apresentou variaçõessignificativassomentenaregiãopróximaaunião,conforme era esperado. A união obtida por clinching foi de 27% do valor de FAMM (Força de Arrancamento Máxima Média) da união Solda a Ponto por Resistência Elétrica. A resistência ao cisalhamento da união por clinching foi de 40% do valor da resistência ao cisalhamento da união por Solda a Ponto por Resistência Elétrica. Em ambos os ensaios a união por Solda a Ponto por Resistência Elétrica mostrou ser mais resistente garantindo assim melhor união. Abstract: This paper aims to compare the process of joining plates clinching process versus spot welding, which was performed resistance assays pullout and shear specimens joined by both processes. The metallographic characterization showed that the structure of the plate, both by the union and by clinching point for spot welding, showed significant changes only in the region close to unity, as expected. The union obtained by clinching was 27% of the union FAMM (Average Pullout Force) spot welding. The shear strength of the union by clinching was 40% of the shear strength of the union by the spot welding. In both trials the union by the spot welding proved more resistant thus ensuring better union. ¹ Fundação Osvaldo Aranha - UniFOA 2 Universidade Federal Fluminense - UFF 3 Universidade de São Paulo - EEL/USP - Lorena, São Paulo 4 Universidade do Estado Rio de Janeiro - UERJ Keywords: Clinching, Spot welding, Shear, Pullout Cadernos UniFOA Palavra chave: Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Leandro Dias Machado1 Charles Satlher Teixeira1 Thawara Medina Celli Paes2 Horácio Guimarães Delgado Junior1,2,4 Alexandre Alvarenga Palmeira3 Roberto de Oliveira Magnago1,4 88 1. Introdução A união das chapas que compõem a carroceria de um veículo é realizada através de processos de soldagem, sejam eles MIG/ MAG, TIG, resistência elétrica, etc. Dentre todos, este ultimo, resistência elétrica, possui uma grande aplicação, em função de permitir uma boa qualidade da união entre a as partes, o mesmo pode ser automatizado e/ou robotizado, além de sua simplicidade, facilidade de utilização, grande capacidade de reprodutibilidade da característica da união, e grande facilidade de reprodutibilidade. O presente trabalho procura discutir os diversos aspectos associados à utilização do processo de clinching comparando ao processo de solda ponto por resistência elétrica onde seu uso se destaca na indústria automobilística. Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 2. Processo de Soldagem por Resistência Para realizar uma solda a ponto, que é uma subclassificação de soldagem por resistência, duas chapas ou mais, são colocadas sobrepostas, sendo pressionadas por eletrodos para garantir um bom contato elétrico [1]. A Figura 1 mostra a sequência básica de um ciclo de soldagem a ponto. Sendo FE a força de soldagem e IS a corrente de soldagem. O tempo compreendido entre as fases 1 e 6 chama-se tempo de soldagem. Na etapa 1, os eletrodos iniciam o processo de descida para que as chapas sejam pressionadas. As chapas devem ser pressionadas de tal forma que ocorra um bom assentamento e evite problemas como expulsão de metal fundido da zona de solda, este processo ocorre na etapa 2. Na etapa 3, os eletrodos são mantidos sobre pressão e a corrente de soldagem é liberada, inicia-se então o processo de formação do ponto de solda. Na etapa 4, o ponto de solda já formado, a corrente de soldagem é desligada, porém os eletrodos são mantidos sobre pressão para que o ponto de soldasolidifiquesobpressão.Apósasolidificação do ponto de solda, a força de soldagem aplicada pelos eletrodos é desligada até a aber- tura total dos eletrodos, esse processo ocorre nas etapas 5 e 6 [2]. Figura 1: Soldagem por resistência elétrica Após a conclusão do ciclo de soldagem, um ponto de solda deverá ter sido formado, como mostrado na Figura 2. O ponto de solda e a região da solda devem ter algumas características. Tais como apresentar um diâmetro mínimo especificado por norma, bem como uma profundidade de penetração na área soldada. A endentação é a uma impressão deixada pelos eletrodos na chapa durante o processo de soldagem, sendo desejável que ela seja a mínima possível [3 e 4]. Figura 2: Características do ponto de solda 2.1. Processo de união de chapas por conformação - clinching Segundo a Tox® Pressotechnik [5], o processo de União de Chapas por Conformação a Frio (UCCF), também conhecido como clinching ou Ponto Tox® é o processo que utilizando dos regimes elástico/plástico de cada material, pela ação da conformação, resultará na união das chapas, por engastamento com propriedades de resistência a destacamento e cisalhamento, com repetibilidade e controle. No elemento ocorre o encruamento do material devido à deformação plástica imposta pela ferramenta. O encruamento aumenta a resis- tência do material da chapa nos locais onde o ponto é mais solicitado (não há fatores que causam concentração de tensão em torno do elemento) [6]. A Figura 3, a seguir, mostra seções transversais do elemento de junta cilíndrico realizado por este processo [7]. 89 Os ensaios experimentais de clinching e solda a ponto por resistência elétrica foram efetuados com o material Aço B53 3106 ES 0,67mm, com revestimento galvanizado. A superfície da folha é uniforme e apresenta boa capacidade de proteção. Além disso, o revestimento galvanizado é isento de chumbo, apresenta boas características anti corrosão e previne fratura na camada galvânica quando em esforço. Este material é utilizado para fabricação de elementos de carroceria de veículos automotores. Com intuito de comparar os dois processos apresentados, tomamos por base o diâmetro do ponto de união clinching determinado pela TOX® e utilizamos a medida de 6 mm para união de chapas pelo processo de soldagem por resistência elétrica. O corpo de prova utilizado nos ensaios de destacamento (arrancamento) e cisalhamento para os dois processos de união de chapas segue o mesmo padrão para os ensaios de UCCF (União de Chapas por Conformação a Frio) [5, 8 e 9], conforme lay-out apresentado na Figura 4. Foram realizados dois principais tipo de ensaios: Arrancamento (tração) e cisalhamen- to, seguindo a orientação da TOX [5], foram ensaiados 5 corpos de prova para cada tipo de processo. Os ensaios estáticos dos materiais foram realizados no laboratório do UniFoa, na máquina universal de tração EMIC DL 10000, capacidade máx. de 100 kN, na temperatura de 23ºC e velocidade de deslocamento de 5mm/ min, seguindo a recomendação de condição quase estática definida por Lin et. al. [10] e Lee et. al. [11]. Cadernos UniFOA 2.2. Procedimento Experimental Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Figura 3: Seções transversais de junta cilindrico Figura 4: Lay-out do corpo de prova 90 3. Resultados e Discussões 3.1. Análise Metalográfica Nas Figuras 5 e 6, a seguir, é apresentadaamacrografiadopontoClinching atacado com reagente de Iodo á 4 minutos, podemos observar que na formação da união, as regiões claras (D) são a estrutura sem alteração, as regiões mais escurecidas (A, B e C), onde o material sofre maiores deformações plásticas ocorre o encruamento dos grãos aumentando a dureza e a resistência da união. Figura7:MacrografiadeumpontodeSoldaporResistência Elétrica. Na micrografia do ponto de Solda por Resistência Elétrica (Figura 8), podemos observar na região de fusão do ponto (A), uma mudança do tamanho dos contornos de grãos provocados pelo aumento da temperatura e resfriamento rápido, na zona térmica afetada pelo calor (B) a mudança da estrutura do material, e na região (C) os contornos de grãos do metal de base sem alteração da estrutura do material. Figura5:Macrografiadeumpontoclinching Cadernos UniFOA Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 Namicrografia(Figura6),podemosobservar as linhas de concentração de tensões regiões encruadas (B, C), e os contornos de grãos da união (A, D) regiões sem alteração da estrutura do material. Figura8:MicrografiadeumpontodeSoldaporResistência Elétrica. 3.2. Ensaios de Arrancamento Clinching X Solda Ponto por Resistência Elétrica No ensaio de arrancamento do clinching foi utilizado uma célula de carga com capacidade de 5 kN, assim como no de Solda por Resistência, os quais apresentaram os seguintes resultados (Figura 9). Figura6:Micrografiadeumpontoclinching. Na macrografia do ponto de Solda por Resistência Elétrica atacado com reagente de Iodo á 4 minutos (Figura 7), podemos observar a região de fusão do material (a), a zona térmica afetada do ponto (b) e o metal de base (c). [a] 91 [a] [b] Figura 9: Resultados dos ensaios de arrancamento Assim como no ensaio anterior, nos ensaios de cisalhamento Clinching foram utilizados uma célula de carga com capacidade de 5kN, e no de Solda a Ponto por Resistência Elétrica uma célula de carga com capacidade de 10 kN, os quais apresentaram os seguintes resultados Figura 10. Nos resultados dos ensaios de cisalhamento Figura 10, podemos observar que a união por conformação a frio diâmetro 6mm apresenta força de cisalhamento média de 1.270N a deformações de 4,7mm, e a Solda por Resistência Elétrica do mesmo diâmetro força de ruptura média de 3.250N a deformações de 6mm. A resistência ao cisalhamento da união por clinching foi de 40% do valor da resistência ao cisalhamento da união por Solda a Ponto por Resistência Elétrica. 4. Conclusões Acaracterizaçãometalograficademonstrou que a estrutura da chapa, tanto da união por clinching quanto por Solda a Ponto por Resistência Elétrica, apresentou variações significativassomentenaregiãopróximaaunião. A união obtida por solda a ponto por resistência elétrica apresentou FAMM aproximadas de 2.900N com uma deformação de 13mm. Sendo assim a FAMM da união por clinching foi de 27% do valor de FAMM da união Solda a Ponto por Resistência Elétrica. Com relação aos resultados dos ensaios de cisalhamento a união por solda a ponto por resistência elétrica apresentou força de ruptura média de 3.250N a deformações de 6mm. A resistência ao cisalhamento da união por clinching foi de 40% do valor da resistência ao cisalhamento da união por Solda a Ponto por Resistência Elétrica. Em ambos os ensaios a união por Solda a Ponto por Resistência Elétrica mostrou ser mais resistente garantindo assim melhor união. Edição Especial do Curso de Mestrado Profissional em Materiais - Junho/2013 3.3. Ensaios de Cisalhamento Clinching X Solda a Ponto por Resistência Elétrica [b] Figura 10: Resultados dos ensaios de cisalhamento. Cadernos UniFOA Podemos observar que a união por conformação a frio diâmetro de 6 mm apresentaram Força de Arrancamento Máximo Médio (FAMM) de 700 N com uma deformação de 5mm, a união obtida por solda a ponto por resistência elétrica, com mesmo diâmetro, apresentou FAMM aproximadas de 2.900N com uma deformação de 13mm. Sendo assim a FAMM da união por clinching foi de 27% do valor de FAMM da união Solda a Ponto por Resistência Elétrica. 92 5. Referencias [1] Intermachinery Comércio Ltda. Manual de Soldagem por Resistência a Ponto. São Paulo – 2003. [2] AWS (Americam Welding Society), Welding Handbook. Vol 1 e 2. USA, 2002 [3] Agashe, S.; Zhang, H. Selection of Schedules Based on Heat Balance in Resistance Spot Welding. Welding Journal, Jul. 2003, p. 179 S – 183S. 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