EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SUGESTÕES PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO NO ÂMBITO DA DÉCADA DAS NAÇÕES UNIDAS Mário Freitas Departamento de Metodologias de Educação, Instituto de Educação e Psicologia Universidade do Minho, Braga, Portugal [email protected] Após uma brevíssima contextualização teórica acerca dos conceitos de Desenvolvimento Sustentável (DS) e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), discutir-se-ão as relações entre esta perspectiva educativa e outros tipos de abordagem educativa, nomeadamente, Educação Ambiental (EA), mas também, Educação para o Consumo (ECo), Educação para a Cidadania (ECi) e Educação para a Saúde (ES). Serão sugeridos e debatidos alguns dos eixos centrais que poderão/deverão presidir à implementação da EDS, num contexto transfronteiriço Galiza-Norte de Portugal, nomeadamente, no que se refere à reorientação curricular, à organização da vida e governo das escolas e a iniciativas em contextos não escolares. 1. INTRODUÇÃO Vivemos num mundo complexo, globalizado ou a caminho da globalização que, contudo, e mesmo segundo a opinião de alguns dos que mais nela acreditaram (Stiglitz, 2002), pode ter um efeito devastador em muitos países (nomeadamente, países em desenvolvimento) e, em especial, nos pobres. O mundo actual encontra-se abalado por uma profunda crise que, sendo global, se manifesta de forma inter-relacionada em vários domínios. Vimos assistindo, entre outros aspectos, ao progressivo esgotamento dos recursos, a dificuldades em gerir os resíduos, a profundas e desadequadas alterações climáticas e à drástica redução drástica da biodiversidade, a que se associam, no que toca à componente ambiental humana, a degradação do património histórico, a perda de diversidade cultural, a degradação de certas componentes da qualidade de vida, etc. Segundo os dados constantes do Millenium Ecosystem Assessment Synthesis Report (Sarukhán & Whyte, 2005), “aproximadamente 60% (15 em 24) dos serviços ambientais examinados durante o Millenium Ecosystem Assessment estão a ser degradados ou usados de forma insustentável” (p. 16), sendo claro que “as mudanças introduzidas nos ecossistemas estão a aumentar, em conformidade, as alterações não lineares nos ecossistemas (incluindo a aceleração de abruptas e potencialmente irreversíveis mudanças) com consequências imprevisíveis no bem estar humano” (pp. 16-17). À ruptura do modelo keynesiano de economia capitalista, que gerou alguma prosperidade económica e alguma estabilidade social nalguns países (Capra, 2002), sucederam-se as redes do capitalismo global que impuseram ao mundo um conjunto de regras económicas mais ou menos comuns (Capra, 2002), assentes em/dominadas por, redes financeiras globais de elevado grau de complexidade, que não sabemos sequer, exactamente, como funcionam (Hutton & Giddens, 1473 2000, citados por Capra, 2002). O “abismo entre ricos e pobres aumentou significativamente, tanto a nível internacional quanto dentro de cada pais” (Capra, 2002) e, de acordo com dados das Nações Unidas, a diferença do rendimento per capita entre o Norte e o Sul triplicou, entre 1960 e 19931. Assim, segundo Stiglitz (2002), “a globalização é contestada em todo o mundo” (p. 298), “os burocratas internacionais, os símbolos sem rosto da ordem económica internacional, estão debaixo de fogo em toda a parte” (p. 39) e reclamam-se mudanças profundas. A “ascensão do capitalismo global tem sido, pois, acompanhada por uma desigualdade e uma polarização social crescentes” (Castells, 1998, citado por Capra, 2002, p. 155). À concentração urbana e ao desmoronamento da vida rural associa-se uma fenomenologia da exclusão social que gerou guetos habitacionais, associados a um crescente número de “sem tecto”. Trata-se de “um novo segmento miserável da humanidade, constituído por “pessoas que não têm onde morar nem o que comer, e que na sua maior parte não sabem ler nem escrever; que se dedicam a trabalhos temporários, trocam de emprego” e, muitas vezes (…) passam por crises múltiplas de fome, doença, toxicodependência, promiscuidade, criminalidade, prisão, etc. (Capra, 2002, p. 156). Os fluxos migratórios desordenados, os conflitos étnicos, raciais e/ou religiosos, a continuação da discriminação feminina, a marginalidade de diversos tipos, etc., são outros sinais deste crise. Por outro lado, “as redes de comunicação que moldaram a nova economia” estão intimamente ligadas a “redes globais de notícias, artes, ciências, diversões e outras expressões culturais” (Capra 2002, p. 163) que vão mudando a nossa cultura, com consequências ao nível das crenças, valores e regras de conduta, criando um novo mundo (Castells, 1996, citado por Capra, 2002). Quando os sons e as imagens se combinam com o texto verbal, sob a forma de “hipertextos”, se confundem os níveis de realidade (por exemplo, transmissões de julgamentos em directo, como se duma novela se tratasse, e reportagens de conflitos armadas, como se fossem filmes de acção) ou se subvertem as intencionalidades (grandes acontecimentos desportivos transformados em paradas comerciais), torna-se cada vez mais difícil distinguir o real do virtual. Na sociedade em rede “a geração de novos conhecimentos, a produtividade económica, o poder político e militar e os meios de comunicação de massa estão ligados e redes globais de informação e riqueza” (Capra, 2002, p. 159, com base em Castells, 1996). Assim, a crise é, também, política. Sujeitos às dinâmicas complexas das redes financeiras globais, os governos já 1 “(…) os vinte por cento mais ricos são donos de oitenta e cinco por cento da riqueza mundial, ao passo que os vinte por cento mais pobres (que representam oitenta por cento da população mundial) são donos e apenas 1,4 por cento” e “só os bens das três pessoas mais ricas do mundo já superam o Produto Nacional bruto de todos os países menos desenvolvidos, com os seus 600 milhões habitantes”. (Capra, 2002, p. 155). 1474 não são, muitas vezes, capazes de garantir o que, anteriormente, os estados de bem-estar social garantiam. Os estados nacionais perdem autoridade com a emergência de novas formas de organização politica que Castells apelida de estado em rede (network state)2. Mas também as organizações económicas criminosas estão organizadas em rede e utilizam as redes globais de comunicação. Os pontos de interligação destas vários tipos de rede são de difícil detecção e escapam ao controlo politico democrático. As redes do terrorismo, alimentadas de forma complexa, por factores culturais, ideológicos, religiosos e económicos, entre outros, escapam também, em larga medida, ao controlo democrático e: se, por um lado, geram vagas de terror, com fortes repercussões individuais, sociais e económicas; por outro lado, servem de justificação para acções armadas que, por sua vez, geram novas formas de terror e/ou instabilidade sócio-política, em ciclos de complexa retro-alimentação. Em vários pontos do globo vão eclodindo conflitos e alguns assumem proporções de catástrofe; ocorrem novos genocídios; aumentam os refugiados. 2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EDUCAÇÃO Já noutro momento (Freitas, no prelo) se chamou à atenção para uma certa ambiguidade dos termos desenvolvimento3 e sustentável4. Para além disso, haverá ainda que referir os diferentes significados dos termos anglo-saxónico, castelhano, português e francês5 (Bifani, 1999). Por fim, não se deve ainda esquecer que ao conjugar os dois termos, se gera um novo significado que não pode ser reduzido à simples justaposição do significado de cada um dos termos. A significação pós-colonial de conceito de desenvolvimento assenta, largamente, no ideal de crescimento económico contínuo, o que é bem visível na definição de Perroux (1969), citado por Moreno (2002, p. 24): “combinação das mudanças mentais e sociais duma população que a tornam apta para fazer crescer, cumulativa e duravelmente, o seu produto real e global”. Esta estreita relação entre desenvolvimento e crescimento reforçou-se, provavelmente, na crise dos anos 30, durante a qual “o mundo capitalista se confrontou com um desequilíbrio entre capacidade produtiva e procura efectiva” e saiu da crise com base numa politica de crescimento económico (Bifani, 1999, p.68) e “o aumento da quantidade de bens disponíveis transformou-se no fim último do desenvolvimento” (Bifani, 1999, p. 67). Cedo, contudo, se começou a tornar 2 De que a comunidade europeia é exemplo de referência. “Descobrir o que estava envolvido [envolver vem do latim involvere], protegido por um invólucro”, “desenrolar (…) estender”, “tirar o invólucro descobrir destapar. desembuçar” (Machado, 1991, p. 422). 4 “O que se pode sustentar” [do latim sustentare], “segurar por baixo”, “suportar”, mas também, “suster”, “conservar”, “guardar”, “manter com firmeza” e, ainda, “criar”, “permitir o crescimento de” (Machado, 1991, p. 196). 5 Sustainable development, Desarrollo sostenible, Desenvolvimento Sustentável (por vezes Sustentado), Développement durable, respectivamente. 3 1475 evidente que a teoria do crescimento económico contínuo era incapaz de resolver os problemas do mundo actual, até porque “o remédio para a crise dos anos 30 é uma das causas das profundas contradições que caracterizam a sociedade e o padrão de desenvolvimento actual” (Bifani, 1997, p.68). Conceber o desenvolvimento de novas formas começou, pois, a tornar-se inevitável. 2.1. Génese e evolução do conceito de Desenvolvimento Sustentável De acordo com vários autores (Jiménez Herrero, 1997; Bifani, 1999; Freitas, 2000 e 2004b), a génese do conceito de Desenvolvimento Sustentável (DS) está relacionada com os trabalhos preparatórios da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Humano de 1972 (Bifani, 1999; Freitas, 2000 a e b) e com o conceito premonitório de “ecodesenvolvimento”, introduzido por Sach, em 1973 (Jiménez Herrero, 1997). Para Caride & Meira, (2004) trata-se já do início de um confronto (entre duas perspectivas de percepção do “ambiental”), ocorrido durante a preparação da Conferência de Estocolmo6, que chegou a ameaçar a sua realização e acabou por ser superado com o reconhecimento (Relatório Founex7) de que o conceito de “meio ambiente” deveria incluir aspectos relacionados com o desenvolvimento humano (injustiça social, distribuição da riqueza, fome, paz, desamamento, direitos humanos, etc.): a) uma perspectiva conservacionista e reducionista (defendida, principalmente pelos países “desenvolvidos”), que Caride & Meira, (2004), de acordo com outros autores por si citados, designam por tendência “ambientalista”; b) uma perspectiva alternativa (defendida, em grande parte, por países do chamado Terceiro Mundo), mais integradora, que os mesmos autores designam por tendência “ecologista”. Apesar de alguns autores considerarem que (Bifani, 1999, Fien & Tilbury, 2002) consideram que o termo Desenvolvimento Sustentável já é explicitamente consagrado na Estratégia Mundial de Conservação da Natureza, em 1980, segundo a generalidade dos autores citados é com o Relatório Bruntland que se vive um momento decisivo da institucionalização do conceito de DS. Assentando em pressupostos de uma ética ambiental ligada a um novo antropocentrismo generoso e compreensivo para com as outras espécies e o meio abiótico (que, como tal, parece querer distanciar-se do antropocentrismo clássico, de raiz baiconiana), o Relatório Bruntland apresenta uma definição de DS assente no princípio da inter-geracionalidade: desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. A pressão economicista é, contudo, já bem visível 6 Reuniões preparatórias de Nova Iorque (1970), Genebra (1971) e Founex (1971). Este relatório constitui, segundo Bifani (1999), a primeira vez que um documento oficial mundial relaciona, directamente, ambiente e desenvolvimento. 7 1476 (Freitas, 2000) tanto no relatório8, como noutras declarações politicas relevantes. E mesmo se alguns (Mayor, 1999, p. 11) consideram que o Relatório Bruntland “representa um importante avanço conceptual, colocando o desenvolvimento no seu mais amplo âmbito ambiental e intergeracional”, a definição por ele veiculada (eventualmente a mais conhecida) contém contradições e é bem provável que “tenha sido escolhida exactamente porque era ambígua” (Fien & Tilbury, 2002, p.2). Os anos 90 foram marcados por esforços de síntese e/ou superação de contradições, bem visíveis, por exemplo, nos informes sobre o Desenvolvimento Humano (DH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 19909 e 199210 e nas conclusões da Conferência sobre a Saúde e Ambiente em Desenvolvimento Humano Sustentável11. A Cimeira da Terra (Rio de Janeiro, 1992) corresponde, de certa forma, a uma elaboração mais profunda e amadurecida do conceito, que se materializa nos 40 capítulos da Agenda 21. A evolução do conceito de DS não pode, pois, ser vista como uma evolução linear de umas para outras noções, com completo desaparecimento das anteriores12, sendo de assinalar a coexistência de diferentes tipos de definições (Jiménez Herrero, 1997; Bifani, 1999; Fien & Tilbury, 2002; Freitas, 2004 a e b). Fien & Tilbury (2002, p.2), com base na opinião de outros autores, consideram que “a maioria das definições podem ser categorizadas em dois grupos: os que priorizam o ‘crescimento económico sustentável’ e os que dão preferência ao ‘desenvolvimento humano sustentável’.”, e defendem a necessidade de construir uma terceira via que supere estas duas posições fortemente entrincheiradas — a do desenvolvimento comunitário [local] sustentável. Por último, haverá ainda que referir uma certa banalização dos termos “sustentável” e “sustentabilidade” que, entretanto, se vem verificando. Políticos, empresários, jornalistas, gestores e o cidadão comum integraram os citados termos na linguagem diária, de forma instrumental e avulso, com pretensões de legitimação de um discurso, de uma proposta, de uma alternativa, em diversos contextos e com diversos propósitos. Tal facto é explicitamente reconhecido por muitos autores e instituições, podendo citar-se, a título de exemplo, o Relatório da Comissão de Auditoria da Sessão 2004-05, da Câmara dos Comuns, publicado em 5 de Abril 8 Reconhecendo limites para o princípio da intergeracionalidade, o Relatório afirma que “o imperativo mais urgente das próximas décadas é acelerar o crescimento económico”. 9 Define DH como “processo mediante o qual se oferece às pessoas maiores oportunidades, entre as quais, uma vida prolongada e saudável, a educação e o acesso aos recursos necessários para ter um nível de vida decente (…) a liberdade política, a garantia dos direitos humanos e o respeito a si mesmo (…)” 10 Que “promove a integração da abordagem do desenvolvimento humano e da sustentabilidade ambiental com a proposta original de um “Desenvolvimento Humano Sustentável” (Jiménez Herrero, 1997, p. 73). 11 Que define o desenvolvimento humano sustentável como “um processo que melhora o destino dos seres humanos (…) que é holístico, integrado e integrador dos elementos que conformam a totalidade ambiental (…) no qual os elementos e as partes só podem ser avaliados significativamente na sua relação com o todo (…)”. 12 Numa publicação do Instituto do Ambiente de 2000 (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável), apesar de se reconhecer a existência de outras definições, cita-se como noção eventualmente mais aceite a do Relatório Bruntland. 1477 de 2005de 2005: “Temos reservas acerca do uso inapropriado e, obviamente, o uso exagerado do termo sustentabilidade” (H.C., 1005). De qualquer forma, as designações “sustentável” e “sustentabilidade” estão sempre carregadas de valor, pois “servem interesses sócio-económicos particulares” (Fien & Tilbury, 2002) e filiam-se em diferentes perspectivas teóricas. Considerando que os conceitos de “desenvolvimento sustentável” e “desenvolvimento humano sustentável” se inscrevem no debate entre ambientalismo e ecologismo, ocorrido na preparação da Conferencia de Estocolmo, Caride & Meira (2004) consideram que ele está também presente na história da Educação Ambiental (EA), e na polémica das “concepções e práticas que se promovem para contrapor a educação ambiental à educação ecológica ou, mais recentemente, quando se está a deslocar o conceito de educação ambiental pelo de educação para o desenvolvimento sustentável [EDS] ou outros termos associados” (Caride & Meira, 2004, p. 90). 2.2. Educação para o Desenvolvimento Sustentável e outras abordagens educativas A ideia de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS) começou a ser explorada a partir do momento em que o DS foi assumido como meta global na Assembleia Geral das Nações Unidas de 1987 (Hopkins & McKeown, 2002). Contudo, como o assinalam outros autores (Fien & Tilbury, 2002) a ideia de EDS já está de certa forma presente na Estratégia Mundial de Conservação da Natureza, se bem que ainda “amarrada” ao termo Educação Ambiental (EA). O conceito de EDS (tal como o de DS) foi maturando entre 87 e 92 e tomou forma mais precisa no capítulo 36 “Promoting Education, Public Awareness and Training” da Agenda 21, aprovada na Cimeira da Terra (Rio de Janeiro, 1992), sob a designação “educação para o ambiente e o desenvolvimento”, o que parece marcar, o “nascimento” da EDS, na “barriga de aluguer” da EA (Freitas, 2004 a). Depois de 1992, a designação EDS evoluiu em sede de diversas reuniões e meetings internacionais e foi mantendo com a EA relações operacionais, de complementaridade, se bem que muitas vezes envoltas de alguma polémica quanto a áreas de abrangência mútua, maior ou menor bondade de cada uma das designações, intencionalidade das propostas de cada uma das perspectivas, etc. Na Cimeira de Joanesburgo, a EDS é realçada como importante premissa na construção do DS. As Nações Unidas proclamam a Década das NU para a EDS (2005-2014), são produzidos, no contexto internacional e europeu, documentos estratégicos e a UNESCO é designada agência responsável pela sua implementação. Diversos países (nomeadamente, europeus) elaboraram já documentos estratégias de âmbito nacional. Um das aspectos mais discutidos tem sido o que respeita às relações entre EDS e EA (e, por extensão, com outras abordagens educativas, nomeadamente, a educação para o consumo e 1478 a educação para a cidadania). Já noutros momentos se analisou a argumentação que, neste âmbito, tem sido usada (Freitas, 2004 a e b), sendo neste contexto totalmente impossível (por falta de espaço) reeditar essa análise. Sempre lembraremos, contudo, que as raízes desta polémica nos remetem para a projecção prática dos modelos ambientalista e ecologista no terreno educativo possível através da análise comparada do Capítulo 36 da Agenda 21 “A promoção da educação, a consciencialização pública e a formação”, aprovada na Cimeira do Rio (como representante da visão ambientalista) e do “Tratado sobre educação ambiental para uma sociedade sustentável e para a responsabilização global”, aprovado no Fórum Internacional de ONG celebrado simultaneamente (como representante da versão ecologista) (Caride & Meira, 2004, p. 74). Porém, o que torna tudo mais confuso (e, em nossa opinião, algo contraditório) é que a versão que Caride & Meira (2004) consideram representante da visão ambientalista terá evoluído para a designação “Educação para o Desenvolvimento Sustentável” e a visão que os citados autores consideram representante da visão ecologista continuará a reclamar a designação “Educação Ambiental”. Cai, assim, por terra um dos principais argumentos evocados pelos que mais firmemente se opõem á designação EDS: uma sua eventual ambiguidade, por confronto a uma eventual não ambiguidade da designação EA. Ora, como acabamos de ver, através da citação de autores “insuspeitos”, não pode haver, assim, palavra mais ambígua que a palavra ambiental, ou mesmo a designação Educação Ambiental. A UNESCO (2004, p.16), defende que “a educação para o desenvolvimento sustentável não deve ser equiparada à educação ambiental”. Considerando que a EA é “uma disciplina bem estabelecida que incide sobre o tipo de relações que o Homem mantém com o ambiente natural, nas formas de o conservar e preservar e como utilizar equilibradamente os seus recursos” argumenta que “o desenvolvimento sustentável enquadra a educação ambiental, projectando-a num contexto mais alargado de factores sócio-culturais e temáticas sócio-políticas como a equidade, a pobreza, a democracia e a qualidade de vida”. Não prescindindo da nossa opinião em defesa da EDS (e, de acordo com a opinião expressa ao nível da Câmara dos Comuns, no Reino Unido, já este ano), mais que as designações interessam as intencionalidades. Assim, uma boa parte da EA pode e deve ser reorientada numa perspectiva de sustentabilidade, embora outra parte se possa manter com uma matriz mais centrada em dimensões “ambientais” mais restritas. Ao fazê-lo, poderá assumir formas de “educação para a conservação da natureza”, “educação para a defesa do património cultural”, “educação para a gestão dos resíduos”, etc. e/ou articular-se com outras dimensões educativas, como a “educação para a saúde”, “educação para o consumo”, “educação para os direitos humanos”, “educação para a paz”, “educação para a cidadania”, “educação para os valores”, etc. Poderá, assim, haver quem queira continuar a movimentar-se no seio da EA, centrando-se mais na abordagem de “clássicos” e básicos 1479 problemas ambientais e na promoção de atitudes e condutas ambientalmente comprometidas (sem se envolver, directamente, na exploração das complexas malhas das interacções económicas, sociais e politicas em que a EDS, por vocação se envolve), como poderá haver quem deseje continuar a movimentar-se, de forma mais restrita, nas outras dimensões educativas atrás citadas. De acordo com outros autores (Henderson & Tilbury, 2004), a definição teórica e prática desta nova abordagem educativa (EDS) poderá e deverá privilegiar as abordagens complexas, em rede, centradas nas interacções ambiente-sociedade-economia(-política-cultura). Ao fazê-lo (até porque, por vocação, pretende impregnar todos os actos educativos) ir-se-á encontrando, em maior ou menor grau, com todas essas diferentes abordagens educativas da realidade e, muito em particular, com a EA; da mesma forma outras dimensões educativas (e, em especial, a EA), ao alargar o seu campo de contextualização problemática, acabarão por se ir encontrando com a EDS. Talvez, um dia cheguemos ao ponto de não necessitar de adjectivar as abordagens educativas podendo falar, simplesmente, de EDUCAÇÃO… ou talvez não. 4. SUGESTÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO DA DÉCADA DAS NAÇÕES UNIDAS Embora de forma diferenciada deverão ser sempre, em todas as frentes e iniciativas, envolvidos todos os actores relevantes e estabelecidas amplas parcerias. 4.1. Educação/ensino básico e secundário 4.1.1. A acção deverá incidir tanto no domínio curricular (reorientação curricular) como ao nível das actividades educativas não curriculares (especialmente daquelas que promovem o reforço de ligação da escola à comunidade) e do funcionamento das escolas (onde a reorganização dos espaços, dos tempos e da própria gestão escolar constituiriam aspectos prioritários). 4.1.2. A intervenção a nível curricular não deverá ser pensada numa lógica aditiva, de introdução de novos conteúdos e, muito menos, de novas disciplinas no currículo, mas antes numa lógica de reorientação. Esta reorientação curricular deverá ser sugerida a todas as escolas, através de documentos estratégicos de âmbito nacional, e implementada num contexto de gestão flexível do currículo (exercido pelos órgãos de gestão pedagógica das escolas, áreas disciplinares e/ou grupos de disciplinas) que atenda e dê realce às realidades e problemas locais e contextos geo-regionais transfronteiriços. As experiências de reorientação curricular deverão ser alvo de monitorização e avaliação interna (próprias escolas e agrupamentos de escolas) e externa (ministério e sociedade civil) em ciclos temporais a definir (2/3 anos). Entre outras medidas sugerem-se: a realização de workshops anuais de troca de experiências, com posterior divulgação (base papel, placard, base informática, etc.); a instituição de prémios de destaque para abordagens particularmente criativas e com capacidade reprodutiva; o recurso à técnica do 1480 portfolio como estratégia de trabalho com os alunos e elaboração final de um portfolio de sustentabilidade da escola; a consideração desta componente educativa na avaliação global dos alunos; etc. Especificamente ao nível do ensino secundário, deverá assegurar-se que: a diferenciação disciplinar que caracteriza este nível de ensino seja compensada por um maior reforço das ligações interdisciplinares, nomeadamente nos aspectos que favoreçam interrelações relevantes para a construção de um futuro sustentável; b) o aprofundamento da vertente profissionalizante garanta possibilidades de exercício profissional habilitado, após conclusão do ensino secundário, com particular realce da educação para o empreendedorismo sustentável; a preparação para o ingresso no ensino superior inclua uma formação integrada de nível mais elevado e uma consciência mais elaborada no que se refere aos problemas mais específicos do domínio respectivo. 4.1.3. As escolas devem ser transformadas em espaços de vivência activa e cooperativa de experiências de sustentabilidade. De entre várias medidas possíveis salientam-se: a avaliação diagnóstica dos principais constrangimentos da escola como espaço de vida e construção de experiências de sustentabilidade; o desenho, pelos órgãos de gestão, de um plano para dez anos (com, pelo menos, metas intermédias de 5 anos) de transformação da escola numa “Escola Sustentável”; a realização de workshops com os vários intervenientes educativos (professores, auxiliares educativos, representantes dos alunos), com vista à identificação dos contributos, individuais e colectivos, para melhorar a sustentabilidade da escola; a instituição de prémios de destaque para iniciativas particularmente criativas e com capacidade reprodutiva; a divulgação de práticas relevantes. 4.1.4. Cada instituição educativa deve reforçar e aprofundar os seus laços com a comunidade, fazendo com que as escolas e agrupamentos escolares participem activamente na análise critica e resolução da problemas locais, utilizando as experiências de sustentabilidade comunitária como matéria educativa substantiva e que as comunidades estejam informadas e colaborem com experiências de sustentabilidade implementadas nas escolas. No ensino secundário, poderão fazer particular sentido a ligação ao tecido empresarial e á realidade produtiva local. 4.2. Ensino superior 4.2.1. Deverá pensar-se não só na reorientação dos programas disciplinares mas, também, na eventual revisão dos planos de estudo (tomando em atenção os aspectos referentes à Convenção de Bolonha). Os cursos de graduação, organizados numa lógica de “banda larga”, devem garantir formações sólidas abrangentes e integradas e o “núcleo duro” de cada um deles, deve ser claramente definido, abrindo depois possibilidades de os estudantes comporem e completarem/recomporem a sua formação com uma franja opcional alargada. Deverá rever-se 1481 os mínimos de UC/ECTs não inviabilizando a possibilidade de, quem o queira, obter complementos de formação devidamente creditada e permitindo que diversas ofertas curriculares/disciplinares possam ser frequentadas por profissionais em exercício (garantindo as formas organizacionais que viabilizem a sua frequência, tais como, horários pós-laborais, nocturnos, fim de semana, etc.). As abordagens conceptuais e metodológicas deverão ser revistas numa lógica de EDS. 4.2.2. Urge generalizar e diversificar a formação pós-graduada, impregnando-a dos princípios de EDS e atendendo à contínua necessidade de aprofundamento/reconversão dos estudos por parte de quem concluiu uma graduação. A criação de cursos de pós-graduação em que a dimensões/temáticas do DS e da EDS sejam o “núcleo duro” estruturante e a generalização do intercâmbio (pós-graduações transfronteiriças e transnacionais) são outros aspectos a considerar. 4.2.3. Embora incluída, de forma geral, na reorientação dos planos de estudo da formação graduada e pós-graduada, a formação de educadores/professores nas instituições de ensino superior e politécnico, deverá ser repensada, de forma específica, de modo a incluir (em termos de formação inicial) a aquisição de competências para promover a EDS. 4.2.4. Toda a tradição científica ocidental assenta, em grande parte, na especialização, na fragmentação do saber e em nas práticas de investigação reducionistas. Há que revolucionar os paradigmas de investigação, privilegiar equipas de investigação multidisciplinar, aumentar a capacidade de rápida e transparente partilha do saber que vai sendo criado. Tais propósitos só se concretizarão se forem alteradas algumas formas de organização institucional cristalizadas (e, de certa forma corporativas), que, privilegiando o planeamento e a ordem burocráticos se esquecem, muitas vezes, de incentivar a criatividade emergente, algo desordenada. Será, também necessário rever as normas de criação, acreditação e financiamento dos grupos e dos projectos de investigação. 4.2.5. As universidades e politécnicos deverão, progressivamente, ser reorganizadas em termos infra-estruturais, estruturais e organizacionais, por forma a se constituírem como locais de vivência activa de experiências de EDS, no seu próprio funcionamento institucional. Também nestes níveis, a promoção de uma cultura de colaboração e o estímulo à investigação/indagação das suas práticas são aspectos igualmente essenciais. De entre várias medidas possíveis salientam-se: a avaliação de diagnóstico dos principais constrangimentos dos campus e instalações de ensino superior, como espaços de formação do mais alto nível e de vida comunitária específica; desenho pelos órgãos de gestão de planos de remodelação para dez anos (com, pelo menos, metas intermédias de 5 anos), com vista à criação de campus universitários/politécnicos mais sustentáveis; realização de workshops com os vários intervenientes, com vista á identificação do que cada um pode fazer para melhorar a 1482 sustentabilidade dos campus; instituição de prémios de destaque para iniciativas particularmente criativas e com capacidade reprodutiva; divulgação de práticas relevantes. 4.2.6. A ligação das instituições de ensino superior à comunidade faz parte da sua tradição mas deverá ser repensada numa nova lógica e segundo três dimensões particulares: inter-relação com outras escolas de outros níveis de ensino; cooperação com o sector público, através da ampliação de parcerias com a administração central, seus serviços descentralizados e administração local; cooperação alargada com o sector privado e o tecido empresarial, com vista à procura colaborativa de soluções científicas e tecnológicas indispensáveis à construção de um futuro mais sustentável. 4.3. Domínios não escolares 4.3.1. A aquisição de conhecimentos, valores, e competências que permitam aos cidadãos empenhar-se na construção de um futuro sustentável exige o incremento da educação comunitária não formal e informal, veiculada por diferentes instituições, sob diferentes formas e em diferentes contextos, sempre mediatizada pelo incremento da participação pública na vida da comunidade. 4.3.2. Em Portugal, no contexto da descentralização empreendida pela administração central incubem ao poder local variadas competências, entre as quais se destaca a de participarem activamente na promoção do DS. Poderão, entre outras, realçar-se as seguintes áreas de intervenção: a) elaboração e aprovação de Agendas Locais de Desenvolvimento, como uma oportunidade soberana de promoção de EDS, através da criação de condições para uma participação alargada e crítica das populações e instituições locais em todo o processo, sendo evitar formas paternalistas do tipo “cima para baixo”, mas antes fomentando a participação nas diversas fases do processo; b) optimização dos processos de participação dos cidadãos na vida pública (nomeadamente, no que se refere aos Estudos de Impacte Ambiental e aos Planos de Ordenamento), inventando novas modalidades e linguagens (que não perdendo o rigor, sejam acessíveis à generalidade dos cidadãos), incentivando novas formas de participação menos burocratizada e corporativa, banindo discursos endoutrinadores guiados por interesses particulares e privilegiar a discussão aberta e livre dos prós e dos contras e das redes de problemáticas envolvidas em cada processo (não escondendo a eventual conflitualidade dos aspectos em apreço, mas antes fomentando a sua compreensão e superação) c) dinamização da entrada em funcionamento dos Conselhos Municipais de Educação13, os quais deverão exercer as suas competências tendo como pano de fundo a promoção de EDS e 13 Decreto-Lei nº 7/2003 de 15 de Janeiro. 1483 deliberando sobre matérias como a “coordenação do sistema educativo e articulação da politica educativa com outra políticas sociais, em particular nas áreas da saúde, da acção social e da formação e emprego”, o “acompanhamento do processo de elaboração e de actualização da carta educativa”, a “apreciação dos projectos educativas a desenvolver no município”, “medidas de desenvolvimento educativo” (tais como a “organização de actividades de complemento curricular”, a “qualificação escolar e profissional dos jovens e a promoção de ofertas de formação ao longo da vida”, “desenvolvimento do desporto escolar”, apoio a “iniciativas relevantes de carácter cultural, artístico ou desportivo, de preservação do ambiente e de educação para a cidadania”), intervenções de qualificação e requalificação dos espaços escolares; d) reestruturação dos serviços relacionados com a administração local por forma a eles próprios constituírem espaços de vivência educativa para a sustentabilidade (tanto em termos de funcionários a eles adstritos como de cidadãos que a eles recorrem), fomentando a avaliação diagnóstica da sustentabilidade desses espaços e o desenho de planos de remodelação e optimização. 4.3.4. As associações locais, clubes, cooperativas e outras instituições de actividade local deverão ser incentivadas e apoiadas a dar uma colaboração activa na promoção de EDS. Os sindicatos, ordens e outras associações profissionais e/ou de classe podem e devem desempenhar um importante papel neste domínio devendo prever-se formas de estabelecimento de parcerias diversas com tal finalidade. AS ONG (e, em particular, as ONGA) de carácter nacional e/ou local devem ser considerados parceiros importantes na promoção de EDS. O estabelecimento de parcerias alargadas que incluam estas instituições são uma dimensão a privilegiar. Os museus, jardins botânicos e zoológicos, parques de ciência, clubes, e outras instituições devem repensar a sua actividade e estabelecer parcerias que lhes permitam colaborar activamente na promoção de EDS. 4.3.5. Os órgãos de informação nacional e local devem cumprir, também, um importante papel na implementação da EDS. Combater as tendências para privilegiar as grandes notícias escandalosas e/ou as notícias centradas numa informação especulativa (orientadas para o alargamento de um público fácil) e privilegiar uma componente formativa sobre as grandes problemáticas da sustentabilidade deve ser uma das prioridades da reorientação dos órgãos de informação. Fomentar a participação de pessoas e entidades em espaços abertos à divulgação de experiências pode, também, ser um contributo para uma nova relação dos media com a construção de sustentabilidade. 4.3.6. Repensar toda a formação profissional, mecanismos de planificação e desenho de formação, acreditação, monitorização e avaliação da formação e financiamento. A exploração 1484 de mecanismos de formação à distancia (recurso à Internet) deve ser fortemente incentivada e compatibilizada com a formação presencial. A interligação entre a formação profissional em contexto de trabalho e a formação profissional em instituições de formação e a formação de parcerias alargadas entre centros de formação, sindicatos, ordens e outras associações profissionais é essencial. 4.3.7. No que ao mundo empresarial respeita, há exemplos de empresas onde já são evidentes preocupações de sustentabilidade e educação para a sustentabilidade. Contudo, em muitas outras, empresários e empregados sabem pouco e sentem que sabem pouco sobre esta matéria ou não conseguem entender qual a sua relevância para o sector profissional em que se inserem. A reorientação das práticas laborais no sentido da sua contribuição para construção de um futuro sustentável exige formação a diversos níveis: de decisores e gestores; de funcionários administrativos; de empregados do sector produtivo e dos serviços; dos agricultores; etc. 4.3.8. A Educação para o Empreendedorismo deverá também, ser alvo de uma reorientação logo à partida. Não faz sentido educar para o empreendedorismo sem ser no contexto de um empreendedorismo económica, social e ambientalmente sustentável, sob pena de irmos estragando com uma mão o que vamos a custo, fazendo com a outra. Não faz sentido centrar a educação para o empreendedorismo numa mera abordagem técnica da procura de competitividade, da realização marketing agressivo e/ou da procura do “negócio ideal”, rapidamente feito lucros (de valor exclusivamente individual) 4.3.9. A formação de formadores de formadores, deve ser altamente valorizada e revista, de acordo com os princípios e temáticas atrás citados. A ideia que todos podem, de alguma forma, exercer papel de formador, em certos contextos específicos deverá ser tida em devida conta e convenientemente explorada. No que à formação contínua de educadores/professores especificamente respeita, de entre várias sugestões possíveis, sugere-se a adopção de uma formação multifacetada, em cascata. Assim, seria de pensar na: a) constituição de um grupo de trabalho qualificado que desenhasse e acompanhasse a implementação de um conjunto inicial de cursos coerentes e conjugados de formação para dinamizadores/formadores, com abrangência nacional, visando formar uma rede de dinamizadores/formadores com possível actuação de apoio às escolas e agrupamentos e papel decisivo (em conjunto com pós-graduados neste domínio e outros profissionais) no desenho e implementação da formação ao nível dos Centros de Formação; b) criação de mecanismos de apoio presencial e à distância à referida rede, tornando possível que a sua acção, enquanto dinamizadores/formadores, fosse motor de seu enriquecimento progressivo e da aquisição de novas competências, a partir da consideração da sua prática reflectida; c) tradução e adaptação de programas e materiais já existentes e sua utilização/testagem na formação. 1485 4.4. Financiamento, monitorização e avaliação 4.4.1. Embora as questões de financiamento não sejam, neste caso, as questões nucleares, não será possível implementar a ENEDS sem alguma disponibilização de recursos financeiros e humanos que, contudo, na maioria dos casos, poderão corresponder a reafectações orçamentais e financiamentos cruzados: Deverão ser alvo de clara politica de financiamento, entre outros, os seguintes aspectos: formação; investigação; funcionamento de certas estruturas de coordenação e suporte. 4.4.2. A monitorização e avaliação são fundamentais em todo o processo de promoção de EDS e, em particular, de acompanhamento da Década das Nações Unidas. Torna-se, assim, fundamental: a) a identificação/construção de uma bateria hierarquizada de indicadores de nível nacional e internacional, quantitativos e qualitativos (para cuja concretização é necessária investigação) que se conformem num quadro final de índices de fácil divulgação; b) estabelecimento de metas intermédias com diferentes graus de satisfação dos indicadores; c) manutenção de formas eficazes de recolha de dados e elaboração de estatísticas; d)criação de comissões de acompanhamento/avaliação da Década (nomeadamente, uma de âmbito nacional). BIBILOGRAFIA BIFANI, Paolo. Medio Ambiente e Desarrollo Sostenible. Madrid: IEPALA Editora, 1999. BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? (2004). Brasil, Florianópolis: Letras Contemporâneas Oficina Editorial, Ltda.. CAPRA, Fritjof (2003). As Conexões Ocultas. Ciência para uma vida sustentável. 3ª Edição. São Paulo: Editorial Cultrix, 2003. CARIDE, J.A. & MEIRA, P.A. Educação Ambiental e Desenvolvimento Humano. 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