Introduzindo o Programa Compreensivo para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP) PARCEIROS DE APOIO DO CAADP Agricultura e o CAADP: Uma Nova Visão para a África Se quisermos fazer com que a pobreza passe para a história em África, temos que enfrentar a fome através da melhoria da segurança alimentar e rendimento rural. A fome debilita a saúde e a capacidade das pessoas de estudar e trabalhar. Ela afugenta empresas, inteligência e energia. A fome e a malnutrição devastam crianças, atrofiando seu potencial quando adultas e tornando mais possível que a sua descendência tenha o mesmo período de ciclo de vida de privação e pobreza. Melhorando a segurança alimentar, a nutrição e rendimento das economias Africanas, maioritariamente agrárias, são as metas interligadas da solução produzida em África também conhecida como Programa Compreensivo para o Desenvolvimento da Agricultura em África (CAADP). Estabelecido como parte da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD), o CAADP foi endossado pela Assembleia da União Africana em Julho de 2003. O que é a NEPAD? Conforme o mandato da Organização da Unidade Africana, os governos da Algéria, Egipto, Nigéria, Senegal e da África do Sul tomaram a liderança em iniciar a Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) – quadro estratégico para o desenvolvimento socioeconómico pan-africano. NEPAD é uma intervenção radicalmente nova, produzida em África e encabeçada por líderes Africanos, para endereçar os principais desafios que o continente enfrenta. Isto inclui a crescente pobreza, subdesenvolvimento e a marginalização continua do continente no panorama internacional. Pelo facto de a África ser maioritariamente agrícola, o CAADP é considerado uma das subactividades mais importantes da NEPAD. por cento por ano. Este é o mínimo exigido se a África quiser alcançar o crescimento socioeconómico com base na agricultura. Para alcançar isto, estes governos concordaram em aumentar o investimento público na agricultura num mínimo de dez por cento do seu orçamento nacional – em média de quatro a cinco por cento substancialmente superior ao que investem actualmente. Até então, actualmente apenas alguns países alcançam ou superaram a meta de 10 por cento: Mali, Madagáscar, Namíbia, Níger, Chad e Etiópia. Contudo, um número de governos, incluindo a Zâmbia, Malawi, Quênia e Ruanda, já impulsionaram significativamente o seu orçamento agrícola ou então vão fazê-lo brevemente. Através do CAADP, os países Africanos estão empenhados em aumentar a produtividade agrícola no mínimo em seis Investindo mais, com mais prudência Desde os anos de 1980 e 1990, era do ajustamento estrutural, os parceiros de investimento assim como os governos investiram relativamente pouco na agricultura. Os relatórios da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) mostram que a margem total de apoio estrangeiro ao desenvolvimento da agricultura em África diminuiu de 26 por cento no final dos anos de 1980 para menos de cinco por cento em 2005. Enquanto se solicita que os parceiros de desenvolvimento aumentem o seu investimento na agricultura, é, igualmente, importante alinhar as suas escolhas de investimento com àquelas anunciadas pelos governos africanos através do processo do CAADP. Até a data, os que estão mais alinhadas com o CAADP são os programas da Comissão Europeia, Suécia, Reino Unido, Estados Unidos da América e certos programas do Banco Mundial. África em Recuperação Nem tudo é má notícia. As economias agrárias da África têm recuperado nas últimas décadas, com o aumento do produto interno bruto em média de seis por cento em cada ano. Semelhantemente, o nível de produção alimentar per capita em África aumentou com regularidade. A média dos níveis de pobreza em África, que aumentou anualmente nos anos de 1980 e 1990, actualmente reduziu em cerca de seis pontos percentuais nas últimas décadas. Ademais, a margem de pessoas malnutridas na África subsariana reduziu de 36 por cento nos meados dos anos de 1990 para 32 por cento mais recentemente. Contudo, as actuais melhorias não são suficientes Embora estas conquistas insuficientemente reportadas sejam encorajadoras, também são o resultado do ponto de partida baixo das economias Africanas devastadas por décadas de crescimento negativo e pobreza crescente. Reflectem, igualmente, o impacto das recentes ondas de demandas externas por mercadorias agrícolas básicas. Contudo, esta demanda não vai durar e é algo que África não exerce controlo. Entretanto, acima de tudo, deve se ter em conta que mesmo se estes níveis de crescimento fossem sustentados, não colocariam a África no caminho para alcançar os Objectivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM) das Nações Unidas de reduzir para metade os níveis de pobreza e o número de pessoas malnutridas até 2015. Construir a África significa desenvolver a agricultura A vasta gama de pesquisa sobre o crescimento económico e redução da pobreza mostra que a forma mais eficaz para se reduzir a pobreza de forma sustentável é aumentar a produtividade de, e retornos de, recursos de que as pessoas pobres dependem para as suas vidas. Em quase todos os países africanos, esses recursos são terra para a agricultura e trabalho e trabalho rural não agrícola. A relação entre a prevalência da pobreza e o índice do crescimento agrícola entre os países africanos está bem documentada. O facto de os países com elevados índices de crescimento agrícola apresentarem taxas baixas de pobreza não é apenas resultado de elevados rendimentos no sector agrário. As evidências sugerem que o aumento de US$1 em rendimentos agrícolas resulta num aumento de US$1.50 - US$2.50 em rendimentos rurais. Alcançando os ODMs O CAADP visa explorar e melhorar o recente crescimento para ajudar mais os países africanos no alcance ou pelo menos aproximarem os ODM através do desenvolvimento sustentável e segurança alimentar melhorada. Todas as boas notícias sobre as melhorias nas economias africanas e produção alimentar indicam que as mudanças necessárias para reduzirem significativamente a pobreza e eliminar a malnutrição estão realmente ao alcance de muitos países africanos. Portanto, a NEPAD estará a estimular os governos continentais, regionais e nacionais a implementar políticas e medidas de investimento necessários para acelerar e expandir o processo do crescimento. Recentemente, nove países alcançaram ou excederam a meta do CAADP do crescimento anual de seis por cento: Angola, Burquina Faso, República do Congo, Eritreia, Etiópia, Gâmbia, Guiné-Bissau, Nigéria e Senegal. Outros países estão próximos: Ruanda, Benin, Gana e Uganda. O Objectivo do CAADP é sustentar este crescimento e expandi-lo para o resto do continente. CAADP: Pertença de África, Liderado por África Se as actuais tendências positivas do crescimento continuarem ou acelerarem, muitos países africanos poderão alcançar os ODMs ligados à pobreza dentro de 10 anos, isto é, em apenas poucos anos depois da meta de 2015. Entretanto, não é um dado adquirido de que esses índices de crescimento podem continuar sem boas políticas, coordenação e investimento direccionado por parte de vários actores internacionais e africanos que trabalham para melhorar o nível de vida do povo do continente. A essência do CAADP é fazer mais com o dinheiro e esforços que já estão a ser despendidos em África pelos governos nacionais e doadores com vista a abordar a segurança alimentar e encorajar o crescimento económico. É sobre a criação de ligações, definição de prioridades e harmonização de metas, gastos e actividades entre vários parceiros. Os quatro pilares em que o CAADP se assenta Em 2003, sob a égide do CAADP, os governos africanos, órgão regionais, doadores, agricultores e outros intervenientes estabeleceram quatro prioridades continentais (ou o que designamos de “pilares”) para investimento e acção na agricultura, silvicultura, pesca e gestão da pecuária: A extensão das terras que estão sob gestão agrária sustentável e que possuem sistemas de controlo de sistemas de irrigação fiáveis; Aumentando o acesso ao mercado através do melhoramento das infra-estruturas rurais e das capacidades comerciais; Aumentando o fornecimento de alimentos e reduzindo a fome na região através do aumento da produtividade dos pequenos proprietários e melhorando a resposta às emergências alimentares; O melhoramento do estudo agrícola bem como de sistemas para difundir novas tecnologias adequadas e aumentando o apoio prestado para facultar os agricultores a adoptá-los. Estabelecer os objectivos do continente tem um mérito, particularmente, porque encoraja os doadores a centrarse nos assuntos identificados pelos líderes africanos, como sendo os mais importantes nos esforços visando melhorar o bem estar da humanidade. Contudo, em termos práticos, o CAADP tem maior impacto a nível regional e nacional. Impactos Nacional e Regional do CAADP Com os quatro pilares continentais como a sua base, em 2004-05, o CAADP começou a centrar os seus esforços a nível das três comunidades económicas regionais da África (CERS), que agora são “donas” do CAADP. Trata-se da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), O Mercado Comum dos Países da África Oriental e Austral (COMESA) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Cada organização realizou workshops regionais para a definição das suas prioridades com base nos pilares continentais. A partir daí, os esforços do CAADP passam para o nível de mesas redondas nacionais encarregues de: Alinhar as políticas do Estado com as prioridades regionais e os quatro pilares; Explorar sinergias e discutir entraves económicos entre os países vizinhos e decidir sobre as acções adequadas em relação a esses assuntos; Identificar lacunas no financiamento dos doadores necessárias para o alcance das prioridades acordadas; Iniciar o trabalho para monitorar e avaliar o progresso do CAADP a níveis nacional, regional e continental. Essas mesas redondas nacionais, que ainda estão em curso, conduzirão a pactos nacionais entre os doadores e governos individuais que ajudarão vários países a alcançar os quatro pilares. Melhorando a comunicação Um outro objectivo principal do CAADP é a melhoria da comunicação entre os diversos parceiros que estão, em teoria, unidos pelo objectivo comum de assegurar o desenvolvimento económico mas cujos esforços não são, muitas vezes, unidos. Isto significa, por exemplo, ligar os investigadores e extensionistas agrários com funcionários seniores do ministério da agricultura de um lado e pequenos agricultores de outro lado. Significa estimular-se micro-créditos e o ministério dos transportes e parceiros de desenvolvimento fazerem o que podem para se melhorar as estradas, daí o acesso ao mercado e a insumos agrícolas. Significa melhorar a nutrição através da produção escolar em coordenação com a iniciativa global de micronutrientes e trabalhar com os ambientalistas para abordar questões sobre a biodiversidade e conservação da ‘agua com a finalidade de combater as pragas e irrigar. Na essência, o CAADP é sobre juntar diversos actores principais a níveis nacional, regional e continental para melhorar a coordenação, para a partilha do conhecimento, sucessos e fracassos, encorajar-se e promover esforços juntos e separados para o alcance das quatro prioridades do CAADP. O CAADP não é sobre o lançamento de muitos novos projectos, apesar de que haverá alguns. É mais sobre comunicar soluções de uma parte do continente a outra e tratar dos assuntos dentro e entre países que obstruem melhorias na produção agrícola, segurança alimentar e rendimentos. Isto inclui, por exemplo, a pauta aduaneira e outros entraves ao comércio agrícola dentro do continente e os constrangimentos financeiros enfrentados pelos agricultores que precisam de fertilizantes e semente para melhorarem a produtividade. Terra fértil para o melhoramento Melhorar o acesso a e acessibilidade de insumos agrícolas, particularmente fertilizantes e sementes, é um objectivo principal do CAADP. A razão disto pode ser ilustrada rapidamente considerando-se a situação dos agricultores na Zâmbia. Na Zâmbia, a pobreza e o isolamento rural, combinados com a subida de preços e a retirada dos subsídios do governo implica que os agricultores já não podem comprar e transportar fertilizantes que costumavam usar para produzir culturas de elevado valor nutricional como o milho. Por conseguinte, nos últimos anos, grande número de zambianos viraram para as culturas de subsistência como mandioca e mapira dado que são adequadas para os solos pobres da África. No entanto, estas culturas não fornecem uma dieta variada suficiente para assegurar bons níveis de nutrição. E porque não conseguem os rendimentos adequados dos agricultores, não há dinheiro para a compra de frutas e vegetais para boa nutrição. Como resultado, a proporção de crianças desnutridas física e mentalmente aumentou de 36% para 47% desde 1990 na Zâmbia. Como é que o CAADP é melhor do que os esforços passados? É legítimo perguntar se o CAADP é diferente, e como melhora, de vários esforços passados para melhorar a segurança alimentar e o crescimento económico em África. A diferença é que o CAADP foi concebido e é liderado por africanos e não promovido, senão imposto, de fora de África. Nenhuma iniciativa passada teve o nível de aceitação política e foco continental alcançados pelo CAADP. Para citar o Instituto de Estudos de Desenvolvimento baseado no Reino Unido: " O CAADP não trata de muitos assuntos, mas fornece o primeiro esforço compreensivo para abordá-los como um processo integrado. Este quadro, com objectivos e metas comuns, deverá possibilitar a partilha de lições e expansão de sucessos de forma mais efectiva do que antes." O papel de coordenação do CAADP "ajudará a assegurar a coerência e acção coordenada sobre políticas regionais importantes como o comércio, padrões de segurança de alimentos e o controlo de doenças e pragas transfronteiriças.” Para mais informações, contacte: Richard Mkandawire ([email protected]) Ou veja www.nepad.org/2005/files/caadp.php