Agência O Globo 127/2013 A agenda do Brasil na Copa Pedro Trengrouse Laignier de Souza* O povo brasileiro quer participar da Copa ativamente e não simplesmente assistir aos jogos como se fosse em outro país. O Brasil é o país do futebol e da biodiversidade e não pode perder a oportunidade de aproveitar a Copa como ferramenta para suas ações ambientais e instrumento eficaz para o desenvolvimento do futebol brasileiro, que hoje já contribui significativamente para o arranjo produtivo nacional e pode – se melhor administrado – gerar ainda mais empregos, renda e alegria para o Brasil 86 CAPA A agenda da Federação Internacional de Futebol (Fifa) na Copa do Mundo não é necessariamente a mesma do Brasil. Sediar o maior evento de futebol mundial é um grande desafio, que não pode se resumir apenas ao atendimento das exigências da Fifa e a intervenções em infraestrutura de estádios, transportes, rede hoteleira, segurança pública e, é claro, numa seleção de jogadores altamente competitiva. As manifestações populares que aconteceram no Brasil durante a Copa das Confederações aumentaram ainda mais a importância de uma agenda brasileira que aproveite a Copa do Mundo em defesa dos interesses nacionais. Embora pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) apontem que 70% dos brasileiros querem a Copa do Mundo no país e apenas 5% das pessoas que foram às ruas protestar disseram ser contra os gastos públicos com a Copa, é nítido que governo, Fifa e patrocinadores ficaram assustados. O maior sinal disso é de que não houve sequer uma campanha publicitária festejando o enorme sucesso que foi a Copa das Confederações. Todos emudeceram diante dessas manifestações, que evidenciaram fragilidades de um evento privado, que depende fundamentalmente de investimento público, e até agora não consolidou iniciativas capazes de transcender a agenda da Fifa e concretizar seu enorme potencial de transformação social e mobilização popular. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil é de R$ 4,4 trilhões e todos os investimentos previstos na Matriz de Responsabilidades da Copa – que congrega as obras que o governo julga relevantes para o evento – estão na ordem de R$ 25 bilhões, destinados às mais diversas intervenções em áreas prioritárias de infraestrutura e serviços, como, por exemplo, aeroportos, mobilidade urbana, segurança, turismo, saúde e telecomunicações. Diante destes números, é evidente que não houve nenhum contingenciamento no orçamento público noutras áreas em razão da Copa. O Programa de Aceleração do Crescimento II (PAC 2), por exemplo, investiu R$ 557,4 bilhões em infraestrutura até junho deste ano e, embora ainda aquém dos padrões recomendados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os recursos aplicados em educação e saúde quase triplicaram nos últimos 10 anos, com os investimentos em políticas sociais chegando a R$ 656 bilhões em 2012. A rigor, no que diz respeito à Copa, essenciais mesmo são os estádios, cujos custos totais estão em R$ 7 bilhões, divididos em R$ 3,7 bilhões financiados pelo BNDES; R$ 2,7 bilhões a cargo dos governos locais; e R$ 612 milhões em investimentos privados. São nove estádios públicos e três privados e, ainda assim, considerando que os financiamentos do BNDES devem ser pagos pela operação privada das arenas, os investimentos públicos diretos representam menos de 40% do total. E mais, não é verdade que estejam mais caros que nas últimas Copas. O estádio mais caro do Brasil (Mané Garrincha, em Brasília) custou pelo menos três vezes menos que Wembley e, segundo estudo de uma Organização Não-Governamental (ONG) dinamarquesa, os custos médios por assento no Brasil estão no mesmo patamar de USD 5 mil que Japão, Coreia e África do Sul, pelo menos 20% menores do que Green Point e Sapporo Dome, por exemplo. Os novos estádios serão muito mais utilizados pelo futebol brasileiro que pela Fifa. Conforme dados coletados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2009, para subsidiar a atuação da Secretaria Nacional do Futebol do Ministério do Esporte, o futebol movimentava, à época, R$ 11 bilhões/ano e gerava 370 mil empregos no Brasil, mas poderia mo- 87 127/2013 Divulgação Arena-Estádio de Wembley, em Londres, onde foram investidos cerca de US$ 1,5 bilhão vimentar R$ 62 bilhões/ano e gerar 02 milhões de empregos, principalmente com esta modernização dos estádios e os ajustes significativos no calendário, gestão e governança dos clubes. O BNDES é, atualmente, o maior banco de desenvolvimento do mundo, superando inclusive o Banco Mundial em volume de operações. Desde 2008, quando as sedes da Copa do Mundo no Brasil foram anunciadas, o BNDES desembolsou no total mais de R$ 700 bilhões em financiamentos diversos. Trocando em miúdos, o investimento nos estádios representa muito pouco diante dos grandes números do banco, que poderia ousar bem mais para promover o desenvolvimento do futebol brasileiro enquanto atividade econômica relevante para o arranjo produtivo nacional e para a identidade cultural brasileira. Um estudo da FGV mostra que a Copa pode quintuplicar o total de aportes no evento. Além dos recursos previstos na Matriz, a competição deve injetar R$ 112,79 bilhões na economia brasileira, movimentando o total de R$ 142,39 bilhões adicionais entre 2010 e 2014, com a geração de 3,63 milhões de empregos/ano e R$ 63,48 bilhões de renda para a população. Ainda assim, é preciso enxergar o evento na perspectiva global da economia brasileira. A maioria das obras relacionadas à Copa é realmente essencial para melhorar a infraestrutura do país. O Brasil é o país do futebol e já precisava de melhores estádios para desenvolver seu pleno poten- 88 O estádio mais caro do Brasil custou pelo menos três vezes menos que Wembley e, segundo estudo de uma ONG dinamarquesa, os custos médios por assento no Brasil estão no mesmo patamar de USD 5 mil que Japão, Coreia e África do Sul, pelo menos 20% menores do que Green Point e Sapporo Dome, por exemplo cial de geração de emprego e renda. O maior legado da Copa do Mundo para o Brasil seria mesmo uma profunda transformação no futebol brasileiro. Não seria razoável colocar problemas nacionais crônicos na conta da Fifa. Por outro lado, também não é razoável deixar que a Fifa se aproveite da boa vontade brasileira sem que contribua decisivamente para a solução de problemas que estejam ao seu alcance. O país do futebol Com dimensões continentais, economia pujante e organizador da próxima Copa do Mundo, o Brasil tem vocação para ser o laboratório da excelência no futebol mundial. A Fifa, a Confederação Brasileira de Futebol e o governo precisam estar sintonizados para promover iniciativas fundamentais ao desenvolvimento do futebol brasileiro, aproveitando esse momento especial da Copa. A gestão anterior da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) encontrou a entidade completamente falida, a seleção brasileira desacreditada, um calendário totalmente desorganizado e o Clube dos 13 – União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro CAPA – pronto para assumir a gestão das suas competições país, com um custo de oportunidade em torno de com o sucesso da Copa União em 1987. R$ 600 milhões/ano e 25 mil empregos na economia Desde então, a seleção brasileira ganhou o maior brasileira. número de títulos de sua história, as finanças da Enquanto isso, os grandes clubes do país sofrem CBF se estabilizaram com receitas consideráveis e com o excesso de jogos que os impede de competir o Campeonato Brasileiro, que até 2002 nunca havia com clubes europeus, não raro culpando campeosido disputado dois anos seguidos com o mesmo fornatos estaduais que, em muitos casos, são mais lumato, se consolidou e já comemora crativos que competições da Confe10 anos de sucesso, contando hoje deração Sul-Americana de Futebol com quatro divisões. (Conmebol). O Brasil tem 783 Esta nova gestão da CBF enconA agenda do século passado clubes de futebol e tra, portanto, um quadro totalmentrouxe a Copa do Mundo para o te diferente da anterior e precisa Brasil, com a CBF rica e os clubes apenas 100 possuem estabelecer uma nova agenda para pobres. É inadmissível pensar que atividade o ano o futebol brasileiro, assumindo sua Fifa, o governo e a CBF não aproresponsabilidade como catalisadora veitem todo esforço para organizar inteiro. Em média, de transformações estruturais, proa Copa do Mundo no Brasil de moos 683 clubes que movendo um verdadeiro choque de do que possam enfrentar juntos os gestão, individual e coletivo, prindesafios do futebol brasileiro no séformam a base cipalmente agora que os clubes se culo XXI, que são muito maiores e da pirâmide do encontram enfraquecidos política e começam por otimizar o calendário, financeiramente. fortalecer os clubes e campeonatos futebol brasileiro A dissolução do Clube dos 13 estaduais, modernizando a gestão e jogam apenas 4,5 aumenta ainda mais a responsabilia governança do futebol brasileiro. dade da CBF, que passa a ser a únimeses/ano. Esta ca entidade capaz de liderar com O país da biodiversidade atrofia impede o legitimidade as discussões coletivas sobre calendário, Timemania, carÉ evidente que preparar e sediar desenvolvimento ga tributária, Lei de Incentivo ao uma Copa do Mundo causa, inevitapleno desse Esporte, modelos comerciais para velmente, um considerável impacto propriedades coletivas etc., compaambiental, a começar pelo aumento esporte no país, tibilizando interesses muitas vezes das emissões na atmosfera de Green com um custo de distintos como, por exemplo, os House Gases (GHG), causadores de que tocam às Federações Estaduais efeito estufa. oportunidade em e aos grandes clubes. Na Copa do Mundo de 2006, o torno de R$ 600 Aliás, cabe o registro: mesmo se Comitê Organizador, o Ministério o Clube dos 13 ainda existisse ou do Meio Ambiente da Alemanha e milhões/ano e 25 houvesse alguma Liga no Brasil, a o Programa das Nações Unidas pamil empregos na CBF ainda estaria à cabeceira, como ra o Meio Ambiente (PNUMA) esinclusive ocorre na Europa, onde tabeleceram um compromisso para economia brasileira o único membro permanente das medir o impacto ambiental gerado Ligas é a respectiva Federação Napela Copa e desenvolveram iniciacional, com direito a veto e monopólio jurisdicional tivas capazes de neutralizar o equivalente a 100 mil incontestável. toneladas de CO2. Os clubes brasileiros precisam mais do que nunEste compromisso foi batizado de Gol Verde e ca da liderança da CBF principalmente porque, além custou 1,2 bilhão de euros em iniciativas para, por dos ajustes em sua própria gestão e governança, é exemplo, promover o uso responsável da água, com fundamental repensar melhor o calendário de ativia utilização de águas pluviais e a instalação de micdades do futebol brasileiro e sul-americano. tórios secos nos estádios; o reaproveitamento e a O Brasil tem 783 clubes de futebol e apenas 100 reciclagem de materiais, com a utilização de copos possuem atividade o ano inteiro. Em media, os 683 retornáveis e coleta seletiva de lixo nos estádios; o clubes que formam a base da pirâmide do futebol transporte favorável ao meio ambiente, com o plabrasileiro jogam apenas 4,5 meses/ano. Esta atrofia nejamento do transporte público e o incentivo à utiimpede o desenvolvimento pleno desse esporte no lização de meios coletivos; o uso eficiente de energia, 89 127/2013 Divulgação O estádio Arena Amazônica tem um projeto de construção sustentável, com sistema de reaproveitamento de água, estação de tratamento de esgoto e baixo consumo de energia. E, ainda, terá vaga para 400 automóveis em estacionamento subterrâneo. com o desenvolvimento de sistemas de gerenciaA discrepância entre as 100 mil toneladas de CO2 mento; e a utilização de energia solar nos estádios. que se neutralizaram na Alemanha explica-se porA África do Sul manteve este compromisso, aproveique lá não foram consideradas emissões geradas por tando a experiência da Alemanha e viagens de avião, que correspondereforçando a mensagem: “Esporte e ram a 67% das estimativas. Meio Ambiente caminham de mãos O Brasil, assim como a África A agenda do Brasil dadas”. do Sul, está distante dos grandes na Copa deve ter Além das estratégias de mitigacentros mundiais e não possui ção e compensação dos impactos malha ferroviária ligando as sedes como uma das ambientais implementadas com – bem distantes entre si –, o que prioridades a sucesso em 2006, a África do Sul aumentará consideravelmente o tentou trabalhar programas sobre uso do transporte aéreo e, consequestão ambiental paisagismo e biodiversidade, que quentemente, a emissão de gases incluíam o treinamento de mão de causadores do efeito estufa. obra especializada com foco em práticas e processos Em 2014, o torcedor que quiser assistir a jogos em sustentáveis como, por exemplo, a compostagem da Porto Alegre e Manaus – as duas sedes mais distantes matéria orgânica proveniente da coleta seletiva dos – fará uma escala em Brasília, pois não há voo direto – estádios; o desenvolvimento de um código de rese causará mais do que o dobro de emissões de CO2 que ponsabilidade e conduta para os visitantes e toda a seria emitido por quem voasse entre as duas sedes cadeia produtiva do turismo; e a construção de um mais distantes em 2010, Cidade do Cabo e Nelspruit. EcoCentro onde seria possível demonstrar formas O custo total para neutralizar as emissões na práticas de vida sustentável. África do Sul ficaria em torno de R$ 66 milhões. Esse Segundo estudo do Comitê Organizador Local valor, que será ainda maior no Brasil, não assusta se da Copa do Mundo da África do Sul, realizado em comparado com o volume de recursos relacionados parceria com o governo da Noruega, o impacto amà Copa. A agenda do Brasil na Copa deve ter como biental da Copa de 2010 foi estimado em 2.753.250 uma das prioridades a questão ambiental. toneladas de CO2. 90 CAPA dores assistiu aos jogos nos estádios enquanto mais de 7 milhões de pessoas festejaram nos Fan Fests. Em Varsóvia havia a capacidade de 100 mil torcedores Ainda em 2010, a Fifa já tinha conseguido levanpor dia e em Kiev o show de encerramento foi de tar mais dinheiro para a Copa do Mundo no Brasil ninguém menos que Elton John, para 85 mil pessoas. em 2014 que para a Copa do Mundo da África, que A questão é que a Copa da Fifa não é, necessariaaconteceria naquele mesmo ano. Só em 2011, a Fifa mente, a Copa do Povo e, embora os eventos de exibiarrecadou com a Copa do Mundo no Brasil cerca de ção pública dos jogos sejam ferramentas importantíssiR$ 2 bilhões e a previsão é de que consiga mais de R$ mas para inclusão social e segurança pública na Copa, 8 bilhões no ciclo 2010-2014. indispensáveis ao controle das multidões e palcos para As principais fontes de receitas para que a Fifa a promoção da cultura nacional, a consiga tanto dinheiro com a Copa previsão da Fifa é de organizar apedo Mundo são os direitos de transnas 12 eventos gratuitos, porém cerCom o devido missão, vendidos para TVs do muncados, um em cada cidade-sede. do inteiro, e as cotas de patrocínios planejamento e o É muito pouco! Ainda mais concompradas por grandes empresas poder de mobilização siderando que no Brasil há duas multinacionais, como, por exemplo, condicionantes muito relevantes: o AmBev, Coca-Cola, Adidas, Sony, do futebol no país, os forte interesse nacional pelo futebol Hyunday, Visa, Itaú, McDonalds, e a vocação natural para eventos de eventos de exibição Seara, Oi, Johnson & Johnson etc. massa de Norte a Sul do país, coEstima-se que as TVs e os patropública dos jogos mo, por exemplo: carnaval, micacinadores ainda invistam valor seretas, São João, Reveillon, Parintins, podem ser o símbolo melhante ao que pagam à Fifa para rodeios, exposições agropecuárias, ativar suas propriedades na Copa da Copa 2014. A Rock in Rio, Alzira Brandão etc. do Mundo com publicidade, proProva disso é que a Fifa recopergunta é: Quem moções e eventos próprios. nheceu que a Fan Fest da Praia de E apesar de tudo isso, quem deve ser responsável Copacabana, que reuniu 600 mil mais coloca dinheiro na Copa do pessoas com a melhor infraestrutupor isso? Mundo de 2014 é o governo, e muira de todas, deveria ser a referência tas vezes sem considerar o custo de para 2014. oportunidade. Com o devido planejamento e o poder de mobiliSerá que este mesmo investimento em outros sezação do futebol no país, os eventos de exibição pútores traria melhores resultados? blica dos jogos podem ser o símbolo da Copa 2014. Na mesma linha do que fazem os patrocinares paA pergunta é: Quem deve ser responsável por isso? ra ativar seus direitos comerciais, será que o governo Enquanto os estádios são prioridade para a Fifa, deveria fazer algum investimento adicional para aproos eventos de exibição pública devem ser prioridade veitar ao máximo todas as oportunidades da Copa do para o poder público, que está pagando a maior parMundo com uma agenda própria diferente da Fifa? te da conta da Copa e, da mesma forma que os paComo resolver esta equação: cerca de 03 milhões trocinadores fazem, precisa investir um pouco mais de ingressos, metade destinada aos patrocinadores e para “ativar” todo esse investimento e garantir uma os demais à venda no mundo inteiro, para 200 miagenda para seus próprios interesses. lhões de brasileiros apaixonados por futebol e ansioO povo brasileiro não pode pagar a conta da Copa sos pela Copa do Mundo no Brasil? e ficar de fora da festa. Em outros países, a solução encontrada para viabilizar a participação de um número cada vez * Pedro Trengrouse é advogado, mestre em maior de pessoas nessas competições é a realização Humanities, Management and Law of Sports – FIFA de eventos de exibição pública dos jogos, aliada com Master, membro da Comissão Jurídica do Clube dos uma série de shows e outras atividades de entrete13 e consultor da ONU/PNUD a serviço do governo nimento. A Copa do Mundo da Alemanha em 2006 federal para questões legislativas do desporto, em é um ótimo exemplo disso, com cerca de 3 milhões especial relacionadas à Copa do Mundo FIFA 2014 de pessoas nos estádios e 18 milhões nos eventos de e ao futebol brasileiro. Também é membro da exibição pública organizados pelo governo. Comissão de Estudos Jurídicos do Conselho Nacional Em 2012, na Eurocopa, realizada pela União das do Esporte e coordenador acadêmico do curso FGV/ Federações Europeias de Futebol (UEFA, sigla em FIFA/CIES em Gestão, Marketing e Direito no Esporte inglês) na Ucrânia e na Polônia, 1,4 milhão de torce- O povo na Copa 91