Dicas para você trabalhar o livro Menino brinca de boneca? com seus alunos Caro professor, Este link do site foi elaborado especialmente para você, com o objetivo de lhe dar dicas importantes para o seu trabalho com os alunos a partir do livro Menino brinca de boneca?. Sei que é um tema que lida com valores e, por isso, surgem opiniões diversas. Mas o conhecimento se constrói a partir dos diferentes saberes, sempre respeitando o que os seus alunos – e seus pais – pensam sobre tal questão. Afinal, a verdade absoluta é relativa. A falta de conhecimento mais profundo na área, ou mesmo a insegurança sobre a metodologia mais adequada para abordar este ou aquele assunto, traz uma dificuldade para o professor trabalhar este tema com seus alunos. Por isso, tivemos a ideia deste site: auxiliar você com conteúdo, metodologia e reflexões para o seu trabalho em sala de aula. São dificuldades pessoais e, em alguns casos, falta de conhecimento mais profundo na área ou mesmo insegurança quanto à metodologia mais adequada para abordar este ou aquele assunto. Por isso, tivemos a ideia deste site: auxiliar você com conteúdo, metodologia e reflexões para o seu trabalho em sala de aula. Os próprios alunos, no dia a dia, fornecem elementos substanciais para a discussão do assunto e isso deve ser considerado. Procure integrar o trabalho às disciplinas curriculares e atividades diárias. Os pais também não podem ficar fora desse trabalho. A parceria com eles é fundamental! Começo de conversa O livro Menino brinca de boneca? pode lhe trazer ótimas contribuições para o trabalho sobre sexualidade com a criançada, principalmente aquelas diretamente relacionadas ao papel do homem e da mulher, questionando o machismo e a obrigatoriedade de os afazeres domésticos pertencerem às mulheres. O livro discute preconceitos, estereótipos sexuais e a forma como a sociedade vem construindo o comportamento: com vantagens e privilégios para o menino (homem), em detrimento da menina (mulher). É isso que o livro propõe: trabalhar o gênero com as crianças dos 3º e 4º anos. Ou de outros anos, o que vai depender de você. O mais adequado é você trabalhar o livro por partes, respeitando o tempo de cada turma, procurando estimular as crianças a ler, discutir e colocar suas dúvidas. O trabalho não deve entrar em atrito com a educação dada pelos pais em casa. Temas apresentados Educação “diferenciada” para meninos e meninas (Como se dá a criação de meninos e meninas); diferença entre homens e mulheres; Emoções e brincadeiras de meninos e meninas (brincadeiras e jogos que meninos e meninas brincam ou deixam de brincar por preconceito e/ou discriminação) e a discussão de gênero com pai e mãe; atividades domésticas de homens e mulheres e afazeres próprios para os filhos , sem o estereótipo de que menino não pode arrumar a cama nem a menina mexer com ferramentas. Objetivos O aluno deverá ser capaz de... • Reconhecer as diferenças de criação de meninos e meninas; • Valorizar a importância de uma educação mais igualitária, sem vantagens e/ou privilégios para um e outro, em casa ou na escola; • jogam por preconceito ou discriminação; • a convivência entre eles. Antes das atividades, vamos ver o que pode ser feito fora da sala de aula? Não se prenda somente ao que acontece na sala de aula. No pátio da escola, na saída ou entrada e na Identificar quais são as brincadeiras e os jogos que meninos e meninas não brincam ou não Compreender o comportamento de meninos e meninas e como fazer para mudá-lo, melhorando hora do recreio, você terá muitas situações em que poderá intervir. É bastante comum que, no pátio da escola, antes de tocar o sinal de entrada, cada professor forme com seus alunos uma fila de meninos e outra de meninas , para irem para a sala. Você já pode começar a questionar essa prática: por que não formar filas mistas? Por que essa divisão de sexos? Temos que apresentar a igualdade entre meninos e meninas, no cotidiano, na convivência entre eles. E se os professores, coordenação ou direção da escola alegarem que é porque a molecada, no caso os garotos, é mais bagunceira e empurra as meninas, esse é um bom motivo para levar a discussão para a sala de aula, onde você pode aproveitar e falar da relação de igualdade entre meninos e meninas, sem vantagens e/ou privilégios para um ou outro; da convivência entre eles, respeitando o jeito de cada um, e de outros pontos que venham a surgir da discussão. Jogos e /ou brincadeiras de competição entre meninos e meninas É muito mais saudável construir as duplas ou equipes com crianças de ambos os sexos, sem a ideia antiga de “guerra dos sexos”. Nessas atividades é muito mais importante verificar a habilidade, criatividade e raciocínio do que o famoso “quem sabe mais, o homem ou a mulher?” Você pode, até, construir as regras das brincadeiras coletivamente, com os próprios alunos dizendo “o que pode” e “o que não pode”. Procure identificar outras situações “fora de sala” nas quais você possa dar outra leitura, de igualdade e não discriminação. Agora sim, vamos às dicas para sala de aula – Sugestões de atividades Atenção à linguagem Para começar, você pode, no dia a dia, mudar a sua linguagem e postura, como uma forma de evitar os estereótipos. E sabemos, muitas vezes, que é nas entrelinhas que esses preconceitos são passados. Em vez de... • o homem ou os homens... • os direitos do homem... • os professores do colégio... • associar a mulher a atividades ligadas ao lar, como em geral acontece nos livros didáticos... • mostrar os homens como protagonistas da História... Por que não... • ...os homens e as mulheres? • ...os seres humanos? • ...as pessoas? • ...os direitos da humanidade? • ...os professores e as professoras do colégio? • ... mostrá-la também em outras situações? Há mulheres executivas, médicas, advogadas etc. • ...ressaltar o papel feminino em cada momento histórico? Homens e mulheres têm a mesma importância na História. Páginas 8 a 15: Educação diferenciada para meninos e meninas. Utilizando-se das falas dos personagens e do texto dessas páginas, você pode trabalhar com diferentes estratégias. Teatro de Fantoches Use caixas, palitos, papel, varetas etc. Combine quem vai organizar o roteiro, retirando as falas do livro, e quem irá criar as falas e os bonecos; quem vai cuidar da movimentação de cada boneco e quem vai reproduzir a voz de cada um. Após a apresentação, abra para um debate. O mesmo teatro de fantoches, feito pelos alunos, pode ser apresentado para os pais. É uma ótima oportunidade de levar essa discussão para a família, aproximando-a do trabalho que você está realizando. Criação de livrinhos Você pode solicitar que cada aluno crie um livrinho com as temáticas dessas páginas, dentro da abordagem do que cada um considera a respeito dos tópicos abaixo: • Garotos que brincam de boneca; • Garotos que são mais sensíveis; • Garotas que jogam bola; • Garotas que são mais valentes. O trabalho pode ser feito em dupla, por um menino e uma menina, o que pode proporcionar um debate muito rico. As histórias dos livrinhos deverão ser discutidas em sala de aula, podendo até ser apresentadas pelos fantoches, minha sugestão anterior. Teatrinho Solicite aos alunos que elaborem uma peça, baseada no livro, com assuntos a serem escolhidos pelos próprios alunos. Sugira que entre os personagens haja um menino, uma menina, pai, mãe e um professor. Outra sugestão: eles poderão apresentar a peça também para os pais, com debate ao final, entre todos os presentes. Discussão em grupo Você poderá dividir a turma em grupos e apresentar as falas dessas páginas para os alunos. O grupo discute internamente e depois abre para uma discussão no “grupão”. Os subgrupos deverão ser mistos. Páginas 16 e 17: Diferença entre homens e mulheres “Mas homens e mulheres são diferentes!” (p. 16). Você pode começar colocando essa frase no quadro de giz. Depois, proponha uma atividade lúdica: solicite a presença de dois alunos, um menino e uma menina. Em seguida, coloque duas folhas de papel pardo (ou similar, em tamanho grande) no chão e, com as duas crianças deitadas, cada uma em cima de uma das folhas, peça que outro casal de alunos faça o contorno dos corpos, utilizando-se de uma caneta hidrocor ou lápis de cor, nas folhas de papel. Contornos feitos, todos sentados em círculo, comece a identificar onde se localizam os órgãos (dependendo do encaminhamento que estiver dando ao trabalho, você poderá optar entre falar apenas dos órgãos sexuais ou estender a atividade aos demais órgãos do corpo). E cada um vai desenhando, localizando o órgão e dizendo qual sua função. O livro Mamãe, como eu nasci? pode contribuir com conteúdo para a atividade. Em seguida, associando a temática, abra para discussão, na qual você pode mostrar que o fato de homens e mulheres terem corpos diferentes, podendo ser mais fortes ou frágeis, não os torna diferentes na capacidade, inteligência e oportunidade em todos os lugares. Reforce a ideia: diferença não significa desigualdade! Páginas 18 a 37: Emoções e brincadeiras de meninos e meninas Para iniciar, coloque duas colunas num quadro : O que menino pode? • Chorar? • Ser mais sensível? • Usar camisa cor de rosa? O que a menina pode? • Pular, subir em árvore? • Ser mais forte que o garoto? Depois, faça outra coluna só para meninas: O que você acha do garoto que usa brinco? (ressalte o conteúdo da p. 25) E outra só para meninos: O que você acha da garota que joga bola? Veja outras possibilidades de trabalho com essa sequência de páginas. Atividade 1 (Especificamente para as páginas 18 e 19) Divida a turma em grupos mistos, para, juntos, responderem o que é bom em ser menino e o que é bom em ser menina. Reforce a ideia de que cada um é diferente do outro e que essa diferença não ocorre necessariamente por sermos homens ou mulheres, mas sim pessoas diferentes. E que cada um pode ser bom em uma coisa ou outra, independentemente de ser menino ou menina. Atividade 2: (Especificamente para as páginas 26 a 29) Divida a turma em grupos e cada um representa uma cultura e seus hábitos, ou um momento histórico. Você pode pedir que os alunos se vistam como alguns personagens e ver como, ao longo das décadas, o vestuário e os hábitos de homens e mulheres foram mudando. Isso fecha o debate, reforçando o papel da cultura em todos nós. O uso do brinco pelos homens pode estar nesses exemplos, usando as ilustrações e textos disponíveis no livro. Observação: esse vestuário ou alguns apetrechos podem ser feitos de papel crepom e tintas, se alguém representar um índio. Atividade 3 (Especificamente para as páginas 36 e 37) Realize um trabalho de pesquisa. Solicite que os alunos façam as perguntas uns aos outros e depois, com o levantamento, que façam um gráfico e apresentem para a turma o que os colegas pensam . Poderão também verificar se eles têm preconceitos ou não. Aproveitando a atividade, você pode pedir que cada um leve um brinquedo com que goste de brincar em casa. Depois, coloque os brinquedos que os meninos levaram para as meninas brincarem e os das meninas para os meninos. Assim, os alunos podem ver que não deve existir um brinquedo especificamente para meninos ou para meninas e que, brincando todos juntos, a convivência e a criatividade melhoram, sem a antiga – e nada educativa – ideia de menino contra menina. Outra coisa: a atividade atenua um pouco a curiosidade, principalmente dos meninos, em brincar com as bonecas e panelinhas das meninas, muitas vezes proibidas pelos pais. Páginas 38 e 39: A discussão de gênero com pai e mãe Aproximando o trabalho que você faz na escola, peça que os alunos levem essas questões para serem respondidas por seus pais, ou por quem cuida deles. Com as respostas, faça um painel com a opinião dos pais e das mães e discuta com a turma sobre o que responderam: são mais conservadores? Mais abertos? Depois veja se os alunos pensam do mesmo jeito ou de modo diferente. Reflita que a cada geração o pensamento e os hábitos vão mudando e a sociedade vai percebendo melhor a igualdade entre homens e mulheres e, com isso, garantindo os mesmos direitos a todos. Mas ressalte, sempre, o respeito pela opinião das pessoas e das famílias. Páginas 40 a 45: Atividades domésticas de homens e mulheres Com os alunos em grupo, veja quais são as atividades domésticas que eles consideram femininas e masculinas. Proponha uma mudança. Você pode fazer um bilhetinho para os pais, dizendo que, em acordo com a turma, meninos e meninas disseram que vão fazer outras tarefas em casa além das que fazem normalmente. Meninos: lavar louça ou ajudar a mãe a enxugar a louça; arrumar a cama. Meninas: Ajudar o pai nas suas tarefas; caso tenham carro, ajudar a limpar o carro. Num primeiro momento, alguns pais podem não aceitar ou dizer que “lavar louça não é coisa de menino”. Mas explique a proposta da atividade, que estamos numa época de igualdade de direitos e que o primeiro passo deve ser dado em casa. Se alguns pais costumarem dividir as tarefas domésticas, peça que eles contem suas experiências. Trabalhando o Menino brinca de boneca? na aula de... (Transversalizando conteúdo) Língua Portuguesa A partir do texto do livro, você pode trabalhar pontuação; encontro consonantal; formação de frases; pequenos textos (que poderão virar pequenas peças de teatro, para serem representadas para a turma ou escola). Os alunos também poderão fazer entrevistas com seus pais ou responsáveis. Veja algumas sugestões de tema: • Para o pai (ou responsável) - O que você tem vontade de fazer, mas, pelo fato de ser homem, não faz porque acha que não fica bem? • Para a mãe (ou responsável) - O que você tem vontade de fazer, mas, pelo fato de ser mulher, não faz porque acha que não fica bem? Matemática - Resolução de problemas Em uma turma existem 34 alunos. Desse total, 12 são meninos. Quantas meninas existem na turma? - Gráficos Você pode fazer um gráfico a partir das questões respondidas pelos alunos, como sugerimos. Com o gráfico pronto, discuta qual é a opinião da turma sobre as questões respondidas. Ciências Trabalhe as diferenças corporais entre meninos e meninas. O livro Mamãe, como eu nasci? pode complementar tal discussão. • Complementação do trabalho Peça que os alunos façam um desenho sobre o que sentiram ao saber de tudo que leram no livro; • Proponha que escrevam uma redação sobre o que sentiram ao saber que não há problema em o menino usar brinco ou brincar de boneca nem em a menina jogar bola ou subir em árvore. • Peça que eles escrevam uma carta – ou e-mail – para um/a amigo/a, contando que meninos e meninas podem brincar juntos e que homens e mulheres têm os mesmos direitos, que diferença não significa desigualdade, como já dissemos aqui. Depois, coloque todos os trabalhos em um mural na sala de aula.