INSTITUTO DE CIÊNCIAS DE SAÚDE CIAP/FUNORTE PEDRO HENRIQUE PERUFFO MONTEIRO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES - RONDÔNIA. Ariquemes 2013 1 PEDRO HENRIQUE PERUFFO MONTEIRO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES - RONDÔNIA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Programa de Especialização em Análises Clínicas do ICS – FUNORTE NÚCLEO CACOAL, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista em Análises Clínicas. ORIENTADOR: Prof. Me. Plínio Marinho de Carvalho Júnior Ariquemes 2013 2 PEDRO HENRIQUE PERUFFO MONTEIRO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES - RONDÔNIA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentada ao Programa de Especialização em Análises Clínicas do ICS – FUNORTE NÚCLEO CACOAL, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista em Análises Clínicas. BANCA EXAMINADORA ____________________/___/2013 Prof. Me. Plínio Marinho de Carvalho Júnior CIAP – Funorte ____________________/___/2013 Profaª Dra. Sônia V. P. M. M. Fernandes CIAP- Funorte ____________________/___/2013 Prof. Esp. Paulo H. M. Valente. CIAP - Funorte 3 RESUMO A hanseníase é considerada um problema de saúde pública nos países subdesenvolvidos e seu plano de eliminação está entre os programas de relevância no Brasil. Para analisar a situação epidemiológica da hanseníase em Ariquemes, estado de Rondônia, foi realizado um estudo documental, descritivo e quantitativo com o objetivo de determinar a evolução da prevalência durante o período de 2006 a 2012, relacionando-a com as variáveis formas multibacilar e paucibacilar. Os dados foram obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN, do Ministério da Saúde. A maior prevalência da doença na forma paucibacilar foi detectada no ano de 2006 (14,38 casos/10.000 habitantes) e a menor em 2011 (3,2 casos/10.000 habitantes), indicando uma redução da prevalência ao longo do período. Na forma multibacilar, foi detectada maior prevalência em 2010 (7,19 casos/10.000 habitantes) e menor prevalência em 2012 (2,65 casos/10.000 habitantes). Apesar da diminuição da prevalência da hanseníase nos últimos anos, o município de Ariquemes ainda apresenta patamares elevados desta doença, tornando-se necessário manter o acompanhamento dos indicadores epidemiológicos e suas inter-relações, oferecendo assistência aos familiares dos portadores para obter um diagnóstico precoce, uma vez que a infecção é de fácil diagnóstico e a terapêutica se mostra eficaz quando tratada precocemente. Palavras-chave: Hanseníase. Prevalência. Epidemiologia. ABSTRACT The leprosy is considered a public health problem in countries underdeveloped and its elimination plan is among the programs of relevance in Brasil. To analyze the epidemiological situation of leprosy in Ariquemes-RO, was made a documental study, descriptive and quantitative in order to determine the evolution of prevalence during the period 2006-2012, relating it to the variables multibacillary and paucibacillary forms. Data were obtained from the Information System for Notifiable Diseases - SINAN, the Ministry of Health. The highest prevalence of the disease in the paucibacillary was detected in 2006 (14.38 cases/10000 population) and lowest in 2011 (3.2 cases/10000 inhabitants), indicating a reduction in prevalence over the period. In multibacillary, higher prevalence was detected in 2010 (7.19 cases/10000 inhabitants) and a lower prevalence in 2012 (2.65 cases/10000 inhabitants).Despite of the decline in prevalence of the leprosy in recent years, the municipality of Ariquemes still has high levels of this disease, becoming necessary keep track of epidemiological indicators and their interrelations, offering assistance for families of patients to obtain a earlier diagnosis, whereas the infection is easily diagnosed and the therapeutic show effective when treated prematurely. Key-words: Leprosy. Prevalence. Epidemiology. 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------- 01 2. OBJETIVOS--------------------------------------------------------------------02 3. METODOLOGIA--------------------------------------------------------------03 4. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO----------------------------------04 5. RESULTADOS E DISCUÇÕES--------------------------------------------07 6. CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------08 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS-------------------------------------09 5 1. INTRODUÇÃO A hanseniase é uma doença infecto-contagiosa de caráter crônico causada pelo Mycobacterium leprae, que possui predileção para a pele e nervos periféricos (MELÃO et al, 2011). Mesmo com os avanços no tratamento, a hanseníase ainda é um importante problema de saúde pública no País, com taxas de prevalência acima de 1/10.000 habitantes (PENA et al, 2011). Quando não diagnosticada e tratada precocemente, a hanseníase pode evoluir com diferentes tipos e graus de incapacidades físicas. De modo geral, a hanseníase se distribui geograficamente de forma irregular, os fatores que associam a distribuição espacial com a doença se agrupam em naturais e sociais. As principais áreas endêmicas no mundo são as de clima tropical, elevadas temperaturas e precipitações pluviométricas. Também as condições socioeconômicas e movimentos migratórios configuram-se como fator de risco. No Brasil, devido a grande variação do coeficiente de prevalência da hanseníase nas diversas regiões do país, a situação epidemiológica é considerada heterogênea. No ano de 2005 o Brasil apresentou taxa de prevalência de 1,48 casos/10.000 habitantes. Nesse mesmo ano, as regiões norte e centro-oeste demonstraram as maiores taxas, onde a região norte atingiu a taxa de 4,02 casos/10.000 habitantes e a região centro-oeste 3,30 casos/10.000 habitantes. Nas regiões mais desenvolvidas do país como Sul e Sudeste, as taxas atingiram 0,53 e 0,60 casos/ 10.000 habitantes, respectivamente, acompanhadas pela região nordeste com 2,14 casos/10.000 habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006). 6 1.1. OBJETIVOS Este estudo tem como objetivo descrever o perfil epidemiológico da hanseníase no município de Ariquemes no período de 2006 - 2012. 7 1.2. METODOLOGIA Para analisar a situação epidemiológica da hanseníase em Ariquemes, estado de Rondônia, foi realizado um estudo documental, descritivo e quantitativo com o objetivo de determinar a evolução da prevalência durante o período de 2006 a 2012, relacionando-a com suas formas clínicas: paucibacilar e multibacilar. Os dados foram obtidos a partir do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN, do Ministério da Saúde. 8 2 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que tem como agente etiológico uma bactéria de morfologia bacilar denominada Mycobacterium leprae. Ela afeta predominantemente a pele, as vias aéreas superiores, o sistema nervoso periférico e os olhos (TRABULSI & ALTERTHUM, 2008). A transmissão da hanseníase é inter-humana e ocorre predominantemente através do trato respiratório superior de pacientes multibacilares. Os fatores genéticos, ambientais, o estado nutricional, a vacinação contra o Bacillus Calmette Guérin (BCG) e a imunidade estão envolvidos na susceptibilidade em adquirir a doença (MENDONÇA, 2008). De modo geral, a hanseníase se distribui geograficamente de forma irregular, os fatores que associam a distribuição espacial com a doença se agrupam em naturais e sociais. As principais áreas endêmicas no mundo são as de clima tropical, elevadas temperaturas e precipitações pluviométricas. Também as condições socioeconômicas e movimentos migratórios configuram-se como fator de risco (MAGALHÃES & ROJAS, 2007). A hanseníase representa uma das doenças infecciosas com a maior carga na população mundial. Apesar dos esforços dos programas de controle, o Brasil se apresenta como o segundo país em número de casos novos notificados, sendo responsável por quase 93% dos casos nas Américas. Uma das ações centrais para o controle da hanseníase é o diagnóstico precoce dos casos, com início oportuno do tratamento específico, e a abordagem sistemática e qualificada de seus contatos familiares. (ALENCAR et al, 2012). Sabe-se que o Mycobacterium leprae é considerado de baixa patogenicidade, pois apenas uma pequena parcela dos indivíduos supostamente infectados desenvolve a moléstia (BEERS, 1996). Além disso, não se sabe ao certo se, em algum momento entre o contato com o bacilo e a enfermidade, o indivíduo assintomático se torna “bacilífero” e participa da cadeia de transmissão da hanseníase (MÔNICA, 2012.) A introdução dos regimes de poliquimioterapia no Brasil em 1990 levou a uma redução de até 75% na taxa de prevalências da hanseníase. O esquema PQT foi proposto 9 pela OMS para evitar a seleção de cepas resistentes a drogas, após a monotropia com dapsona (DDS) ter sido utilizada por muitas décadas e de terem sido identificados vários casos de resistência à dapsona na fase pós-tratamento. (PENA et al, 2009). O Ministério da Saúde tem como objetivo alcançar taxa de prevalência de menos de 1 caso/10.000 habitantes, visando a erradicação da hanseníase como problema de saúde pública no Brasil. Apesar de todo o empenho para sua eliminação, o país ainda continua sendo o segundo em número de casos e o primeiro em taxa de prevalência no mundo (FAÇANHA et al., 2006). O Brasil apresentou coeficiente de 2,10 casos por 10.000 habitantes em 2007. As regiões norte, nordeste e centro-oeste persistem como áreas endêmicas. Na Região Sul, Estado de Santa Catarina, especificamente, atingiu a meta de eliminação. Porém, não sabemos a real incidência de cada município, além dos casos ainda não diagnosticados (MELÃO et al, 2011). O Ministério da Saúde, por intermédio da então denominada Coordenação Geral de Hanseníase e Doenças em Eliminação (CGHDE), nos últimos anos tem dado seu apoio a estados e municípios em agregados (clusters) altamente endêmicos da hanseníase. Esses clusters foram definidos por análise espacial com base nos dados de notificação compulsória que compõem o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), com o objetivo de qualificar as ações de controle no país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008). Esse sistema informatizado de vigilância permite a tabulação e o mapeamento de casos, tendo o município como unidade espacial de análise no nível nacional. Podese analisar os casos de hanseníase de acordo com o seu município de residência e o município onde o caso foi de fato diagnosticado e notificado, estabelecendo-se possíveis modelos explicativos de diferentes naturezas para os fluxos/diferenças observados. Nessa perspectiva, dados de fluxo são definidos como dados que captam o movimento entre origens e destinos. Podem consistir em informações sobre migrações populacionais, encaminhamentos de pacientes para hospitais, disseminação de uma doença, bem como outras situações que se enquadrem com as características do local de origem e de destino (SIABRY, 2007) 10 O estado de Rondônia, nos anos de 1990 a 2008, apresentou um coeficiente de casos que oscilou entre 13,41/10.000 habitantes em 1996 e 72,64/100.000 habitantes em 2008, apresentando classificação “hiperendêmica”, segundo parâmetros oficiais, muito acima da encontrada no Brasil. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Os indicadores epidemiológicos de hanseníase como a prevalência são ferramentas para medir a magnitude do problema de hanseníase e o progresso alcançado na consecução dos objetivos do Programa de Controle da Hanseníase (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2005). Portanto, isso ressalta a importância de análises críticas da situação epidemiológica em áreas em que pressupostamente foi identificado sucesso da integração das ações de controle na atenção básica (CAMPOS et al., 2005). 11 3. RESULTADOS E DISCUÇÕES Pode observar-se que houve uma redução progressiva da incidência de hanseníase no período de 2006 a 2012 na região de Ariquemes-RO, principalmente da forma paucibacilar. Porém, no ano de 2012, essa região ainda encontra-se com níveis de hanseníase acima da meta do Ministério da Saúde, que é de menos de 1 caso por 10.000 habitantes. Figura 1: Casos de hanseníase por período – SINAN 2013. Em uma visão geral mostrada pela análise dos dados descritivos do município, observou-se uma evolução bastante favorável e otimista do quadro epidemiológico ao longo dos seis anos estudados. As ações de combate à hanseníase, realizadas na região, refletiram-se em mudanças importantes do cenário endêmico e detecção mais precoce dos casos. A medida que se obtém mais casos multibacilares podemos pensar que o diagnóstico está ocorrendo tardiamente por meio de uma população pouco informada sobre a doença, um sistema de atendimento primário e epidemiológico ineficiente que perpetua o foco de transmissão. (MELÃO et al, 2011). 12 4. CONCLUSÃO Os resultados obtidos demonstraram que mesmo o município de AriquemesRO fazendo parte da região com uma das maiores taxas de prevalência de hanseníase do Brasil, houve significativa redução da prevalência da doença ao longo do período estudado, entretanto, sua prevalência continua classificada como alto segundo o Ministério da Saúde. A meta de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública, de menos de um caso por 10 mil habitantes, foi definida pela OMS e seguida pelo Ministério da Saúde. Ressalta-se, desse modo, a importância do combate a essa doença causadora de grandes sofrimentos físicos e sociais. Outras metas que têm colaborado para a redução da endemia no país são a descentralização estendida a todas as unidades de saúde, para o diagnóstico precoce e o menor risco de desenvolvimento de incapacidades físicas, assim como a informação, educação e comunicação sobre a hanseníase, para tornar o indivíduo capaz de se autoproteger, identificando os sinais e sintomas da doença precocemente. Sabe-se, porém, que algumas regiões mantêm altas taxas de prevalência e detecção, chamadas regiões prioritárias pelo Ministério de Saúde. Essas localidades possuem estruturas próprias que mantêm o bacilo circulante. Novas análises que possam identificar essas áreas e características dessas estruturas podem permitir um combate mais efetivo. 13 REFERÊNCIAS ALENCAR et al. Diagnóstico da hanseníase fora do município de residência: uma abordagem espacial, 2001 a 2009. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(9):16851698, set, 2012. CAMPOS, S. S. L. et al. 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