ENSINANDO
ATRAVÉS
DE
JOGOS
PARA
DINAMIZAR
O
CONHECIMENTO: UMA AÇÃO EDUCATIVA EM SAÚDE SOBRE
HANSENÍASE
Luciana Alves Medeiros¹; Rita de Kássia Palheta Cordeiro¹; Nirlando Igor Fróes
Miranda¹; Joana Maria Miranda Tenório¹; Daiane de Souza Fernandes²
¹Acadêmico (a) de Enfermagem; ²Mestranda em Enfermagem
[email protected]
Universidade Federal do Pará (UFPA).
Introdução: A hanseníase, também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa
crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, um parasito
intracelular que apresenta afinidade por células cutâneas e por células dos nervos
periféricos. Afeta primordialmente a pele, mas pode afetar também os olhos, os nervos
periféricos e, eventualmente, outros órgãos. Para o seu controle são fundamentais o
diagnóstico e o tratamento o mais precocemente possível, para evitar o aparecimento de
sequelas e diminuir o tempo de exposição de contatos domiciliares (BRASIL, 2007).
Por se tratar de uma doença antiga, a hanseníase carrega consigo estigmais sociais e
preconceitos, principalmente pela falta de informação sobre a doença. Na história da
humanidade, provavelmente nenhuma doença gerou estigma social tão intenso quanto à
Hanseníase, sempre associada a conceitos tais como: pecado, impureza e punição
(TALHARI et al., 2006). Ainda hoje encontramos pessoas que acreditam ser necessário
o isolamento do convívio social de uma pessoa diagnosticada com a doença e que o
aparecimento de deformações que dela podem recorrer seja inevitável. Assim, ações
educativas sobre a doença são de total importância para esclarecimento e desconstrução
de preconceitos. É de extrema importância para o exercício da ação pedagógica que o
enfermeiro-educador reflita e voluntariamente construa o seu conceito de educação.
Este lhe dará os subsídios para construir o seu modelo pedagógico e o seu perfil de
educador (GUIMARÃES, 2005). O presente trabalho visa demonstrar uma metodologia
de ensino que envolva o usuário no processo de aprendizagem de forma criativa e
estimulante, fazendo com que ele busque o conhecimento por vontade própria e acima
de tudo construa suas próprias estruturas intelectuais. A educação em saúde passa a ser
um instrumento de construção da participação popular nos serviços de saúde, ao mesmo
tempo, de aprofundamento da intervenção da ciência na vida cotidiana das famílias e na
sociedade (VASCONCELOS, 2001). Apresentamos o jogo como um componente
metodológico através do qual o enfermeiro pode conhecer a realidade do grupo,
trocando informações, conhecendo a visão de cada um sobre a hanseníase e podendo
esclarecer dúvidas e mitos sobre a doença. Quando os objetivos da educação em saúde
são entendidos, formar-se-ão indivíduos conscientes capazes de se responsabilizar pela
sua própria saúde e intervir no ambiente que gere manutenção da sua saúde (SOUSA et
al., 2008). Este método é um importante recurso para o desenvolvimento de habilidades
do pensamento como: imaginação, interpretação, tomada de decisão, criatividade,
levantamento de hipóteses a novas situações que acontecem quando jogamos,
estimulando assim, as habilidades e construção do conhecimento. Objetivo: Trocar
informações com o usuário, estimulando-o a participar de forma direta do jogo
proposto, para que tenha oportunidade de expor seus conhecimentos a respeito da
hanseníase e assim esclarecer dúvidas e mitos sobre a doença. Descrição da
experiência: Nossa pesquisa se fundamentou na aplicação desse jogo, em usuários da
UBS Guamá, localizada na cidade de Belém, PA, na qual pode-se analisar o uso de
jogos pedagógicos como métodos alternativos de ensino, uma prática pedagógica
reflexiva, fundamentando ações que possibilitem a construção de conhecimento em
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
ambientes lúdicos. Os usuários foram bem receptivos e quando viram que se tratava de
um jogo de perguntas e respostas se sentiram entusiasmados a participarem e se
divertiram bastante com as alternativas que tinham uma dosagem de humor e
descontração. Utilizou-se de materiais de baixo custo como cartolinas, figuras,
desenhos, pincéis atômicos e cola para a montagem do jogo que junto com a explanação
do assunto teve duração de 30 minutos. O jogo foi composto de 6 perguntas, sendo que
cada pergunta tinha até 4 alternativas. As perguntas questionavam: o que é Hanseníase,
modo de transmissão, agente causador, sinais e sintomas, e tratamento. O jogo
apresentou linguagem clara e objetiva. E foi bem aceito pelos usuários. Resultados:
Nossa pesquisa conseguiu obter resultados significativos. Em pouco tempo foi possível
notar e ver a animação dos usuários que se sentiram estimulados a responder as
perguntas e participar da discussão a respeito da Hanseníase. Foi observado que muitos
estavam por dentro do assunto e por mais que algumas alternativas causassem dúvida, a
maioria respondia corretamente e com firmeza. Também observamos como as crenças,
mitos e religiosidade interferem no modo como a doença é vista e como os preconceitos
ainda persistem no meio social. Conclusão: Conclui-se que, para que os usuários não se
tornem sujeitos passivos no desenvolvimento da atividade educativa, o uso de jogos é
uma maneira eficaz de trocar informações com os mesmos, dinamizando o
conhecimento de forma estimulante e divertida. Os usuários a partir da dinâmica
demonstraram compreender a causa, sintomas, tratamento e prevenção da doença;
também demonstraram compreensão sobre o que é verdade e o que é mito em relação à
hanseníase. Podemos concluir que boa parte do conhecimento pode ser repassada
através de brincadeiras e jogos, em atividades predominantemente lúdicas. Todavia, a
atividade lúdica, na busca de novos conhecimentos, exige uma ação ativa, indagadora,
reflexiva, criativa, que estimule a socialização em total oposição à submissão, irreflexão
e condicionamento da pedagogia dominadora, ainda muito presente nas ações
educativas. Portanto o uso desta proposta aqui apresentada é excelente alternativa para a
educação em saúde, pois se podem obter resultados significativos na questão da
aquisição do conhecimento, estimulando a criatividade, a crítica e a imaginação.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Vigilância em saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase,
malária, tracoma e tuberculose. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 196p. Serie A.
Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica, 21.
GUIMARÃES, Gilberto de Lima. O perfil do enfermeiro-educador para o ensino de
graduação. Esc. Anna Nery R Enfermagem. Rio de Janeiro, v.9, n. 2, p. 255-260, ago.
2005.
SOUSA, Leilane Barbosa et al. Educação, cultura e participação popular:
abordagem no contexto da educação em saúde. Rev enferm UERJ 2008; 16(1):10712.
TALHARI, Sinésio. et al. Hanseníase. Manaus: Gráfica Tropical; 2006.
VASCONCELOS, Eymard Mourão. Educação popular e a atenção à saúde da
família. HUCITEC; São Paulo - 2001.
Anais do III Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará - 12 a 14 de
novembro de 2014. ISSN 2359-084X.
Download

Uma ação educativa em saúde sobre hanseníase