Crise global faz BC rever para baixo financiamento externo
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Crise global faz BC rever para
baixo financiamento externo
Entrada de recursos por empréstimos deve cair de US$ 47 bi para US$ 100 milhões
Gabriela Valente
Flávia Pierry
BRASÍLIA — O agravamento da crise econômica global fez o Banco Central (BC) revisar suas projeções para as
contas externas em 2012. No novo quadro traçado pela autarquia, a partir do resultado das contas de maio, o
comércio exterior perderá ainda mais força, as filiais de multinacionais vão remeter menos lucro para o exterior e o
turista brasileiro reduzirá seus gastos lá fora. O dado mais preocupante refere-se ao financiamento externo. O BC
prevê que Brasil terminará 2012 com apenas US$ 100 milhões em empréstimos de médio e longo prazos. No ano
passado, o país registrou uma entrada líquida de US$ 47 bilhões por meio dessas linhas de crédito.
Em maio, com o dólar alto, as despesas de turistas brasileiros no exterior ficarão abaixo do previsto, embora tenham
registrado alta de 9,7% em relação ao mesmo mês de 2011. No mês passado, os brasileiros deixaram US$ 1,8
bilhão lá fora, praticamente o mesmo valor do mês anterior. Para o ano, a previsão do BC é um gasto líquido de US$
13 bilhões, 19,2% abaixo dos US$ 15,5 bilhões estimados antes do agravamento da crise, já descontados todas as
despesas de estrangeiros no Brasil. O valor também é menor que os US$ 14,7 bilhões gastos em 2011.
Previsão de remessas de lucro caiu US$ 10 bilhões
Em relação ao financiamento externo, nem mesmo na crise de 2009 o desempenho foi tão ruim. No auge da crise há
três anos, o país ainda recebeu US$ 6,7 bilhões. Naquela época, a estratégia da equipe econômica foi usar as
reservas internacionais para criar linhas de empréstimos às empresas que não conseguiam mais financiamentos no
exterior.
— O governo já pode retirar todas essas barreiras que colocou, porque o mundo está parado lá fora — disse o
ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, ao se referir à taxação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)
sobre a entrada de capital.
Pela nova projeção do BC, o saldo da balança comercial em 2012 passou de US$ 21 bilhões para US$ 18 bilhões
por causa das exportações mais fracas.
Outro dado que evidencia o pessimismo do BC é a expectativa de remessas de lucros e dividendos ao exterior. A
previsão caiu de US$ 38 bilhões para US$ 28 bilhões. A autarquia também reviu para baixo a estimativa de déficit
nas contas externas, de US$ 68 bilhões para US$ 56 bilhões. A revisão reflete o desaquecimento da economia, pois
devem cair despesas que pressionam as contas, como aluguel de equipamentos no exterior, importações de
insumos, pagamentos de frete e outros gastos comuns a uma economia em expansão. No ano, esse déficit chegou a
US$ 21 bilhões, ajudado pelo desempenho negativo de US$ 3,5 bilhões no mês passado.
Mas, a autoridade monetária não mudou a projeção de US$ 50 bilhões em Investimento Estrangeiro Direto (IED),
capital considerado de melhor qualidade.
— A nossa estimativa para investimento estrangeiro direto não foi alterada, porque o que temos observado nos
fluxos é consistente com essa estimativa — disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Túlio
Maciel.
Investimento de longo prazo, porém, pode crescer
Ele destacou que o IED reflete decisões de longo prazo das empresas e poderá até aumentar, mesmo com o quadro
atual, já que as perspectivas para o Brasil são boas. No entanto, a autarquia decidiu ser mais conservadora e
permanecer com esse número por causa da crise. Só em maio, o Brasil atraiu US$ 3,7 bilhões. No ano, já soma US$
23,3 bilhões em IED. E a previsão para o mês que vem é que entrem mais US$ 4,8 bilhões.
— Com o dólar mais valorizado, fica mais caro remeter lucros e mais barato investir no país. E esse dinheiro tem
coberto o déficit das contas externas. Em relação a isso estamos muito bem — analisou Freitas.
URL: http://glo.bo/Lo44G0
Notícia publicada em 22/06/12 - 22h30 Atualizada em 22/06/12 - 21h04 Impressa em 27/06/12 - 15h35
27/06/2012 15:35
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