PROFESSOR, PROFISSÃO? EM BUSCA DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES ACERCA DO TRABALHO DOCENTE Autora: C ARMEN L ÚCIA SOUZA BARROS Banca examinadora: Prof. Dr. Tarso Bonilha Mazzotti (presidente e orientador); Profª Drª Margot Campos Madeira; Profª Drª Mônica de Almeida Duarte (UNIRIO) Data: 11/12/2007 RESUMO O caráter profissional da atividade docente, em nossos dias, está em questão. Para alguns autores, a condição necessária para que haja profissão é a existência de pessoas consideradas modelo ou líderes profissionais, o que não ocorreria no caso dos professores. Para verificar a pertinência da inexistência de “líderes profissionais”, em conseqüência, da profissão, realizamos um levantamento, por meio de um questionário em que solicitamos indicação do nome de um(a) professor(a) ao qual o entrevistado recorre quando tem algum problema “de ensino”. Esse questionário foi distribuído para 700 professores do Município de Queimados (Rio de Janeiro), com o retorno de 650. Houve uma dispersão muito grande nas indicações, uma vez que das 650 respostas, apenas 12 professores dos 341 indicados obtiveram mais do que 8 indicações (2,34%). Os professores indicaram outros membros da escola em que trabalham (72,57%), sendo o restante (27,43%) fora do grupo. Esta questão central compôs o eixo investigativo de nossa pesquisa: pode­se, então, dizer que não há uma profissão docente? É o que procuraremos responder por meio de uma investigação da representação social da profissão com professores das unidades escolares que apresentaram indicações de colegas de suas escolas e dos que o fizeram para fora de suas localizações. As representações sociais sendo socialmente elaboradas e compartilhadas contribuem para a construção de uma realidade comum, possibilitando a comunicação, assim como a identidade do grupo social (MOSCOVICI, 1976). Nossa hipótese é que a profissão institui­se nas relações psicossociais que ocorrem nas unidades escolares e segundo a organização dos níveis de ensino e recortes das disciplinas escolares. Os resultados sugerem que, segundo os critérios estabelecidos pela Sociologia das Profissões não existe profissão docente, ao passo que a literatura sobre o tema afirma o caráter profissional da docência. Concluímos que a literatura sobre profissão docente é constituída por representações sociais que se organizam em torno das de gênero, proletarização/precarização, vocação/sacerdócio. Além disso, a profissão está intimamente ligada ao cuidar e à maternagem, donde sua feminização, que contribui para sua caracterização como uma semi­profissão. Mais ainda, uma vez que não há uma Ciência da
Educação para a formação do professor, e sim um grande emaranhado de conceitos e teorias que não interagem entre si, a Sociologia das Profissões considera que não há a profissão docente. Palavr as­chave: Profissão docente. Sociologia das profissões. Representações sociais.
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