REBRIP – Rede Brasileira pela Integração dos Povos Participação social nos BRICS – Proposta de criação do Fórum da Sociedade Civil dos BRICS Brasília, 25 de maio de 2015. A REBRIP – Rede Brasileira Pela Integração dos Povos – acompanha e incide sobre a política externa brasileira desde 2001. Trata-se de coletivo integrado por dezenas de organizações e movimentos sociais da sociedade civil nacional. A Rede possui inserção regional e internacional, pois faz parte de diferentes redes latinoamericanas e globais. A defesa da participação social nos processos de negociação da política externa brasileira, em âmbito nacional ou internacional, nos espaços multilaterais, plurilaterais, formais ou informais, tem sido bandeira histórica da Rede. A proposta de criação do Conselho Nacional de Política Externa; a incidência para institucionalizar o diálogo crítico no MERCOSUL, na UNASUL, incluindo o Banco do Sul, e mais recentemente na CELAC; a mobilização da sociedade no que se refere às negociações de comércio e de clima são algumas das iniciativas lideradas pela REBRIP nestes últimos 15 anos. Entendemos que a participação social, além de constituir-se em prerrogativa constitucional de nosso país, contribui para o aperfeiçoamento da democracia, pois se trata de mecanismo que assegura a participação popular, o controle social e a gestão democrática da política pública, assegurando a predominância do interesse público. Seu adequado funcionamento requer o respeito a alguns princípios basilares como os da autonomia das organizações partícipes; de acesso tempestivo à informação de qualidade; de diversidade e pluralidade da sociedade civil representada; de representatividade das organizações e movimentos; e de financiamento público da participação uma vez que só ele garante a presença equânime dos diversos setores da sociedade civil, e não apenas daqueles que podem se autofinanciar. Neste contexto, a REBRIP defende a criação do Fórum da Sociedade Civil dos BRICS, composto por organizações da sociedade civil dos cinco membros do Bloco. Entendemos que os BRICS vêm sinalizando positivamente sua intenção de abertura progressiva a partir de iniciativas, tais como, o Fórum Acadêmico e o Fórum Empresarial. Note-se, ainda, que na véspera da VI Cúpula, ocorrida em Fortaleza, Brasil, em julho de 2014, o Sherpa brasileiro promoveu encontro com relevantes redes Rua Caetano Pinto, 575 – Brás. CEP: 03041-000. São Paulo/SP. 1 de organizações e movimentos sociais de cada um dos países. Tal encontro foi franco e informativo e a seleção dos participantes não sofreu qualquer interferência do governo brasileiro. No entanto avaliamos que tais iniciativas ainda são insuficientes, pois nem as organizações da sociedade civil do campo democrático e popular, nem o movimento sindical possuem voz nos debates promovidos pelo Bloco. Tais ausências resultam numa profunda desigualdade daqueles e daquelas que têm acesso às discussões, propostas e acordos estabelecidos entre os cinco países integrantes dos BRICS, deixando de fora os que são mais afetados pelas suas decisões. De modo a compensar este profundo desequilíbrio, sugerimos a criação do Fórum a partir dos princípios elencados anteriormente: autonomia tanto da indicação das organizações e movimentos participes como da sua atuação; acesso tempestivo à informação de qualidade; representatividade das organizações e movimentos sociais partícipes; e, financiamento público para seu funcionamento. Manifestamos também o nosso apoio às reivindicações do movimento sindical dos países BRICS pela criação de um Fórum Sindical oficial que promova o diálogo social com o já instalado Fórum Empresarial. Ainda que o BRICS se constitua em espaço informal com as decisões adotadas por consenso, entendemos que as demandas, propostas e ponderações oriundas da sociedade civil deveriam ser formalmente analisadas e avaliadas pelos governos do Bloco e suas posições publicizadas. Estamos convencidos de que hoje – ao nos aproximarmos da VII Cúpula Presidencial dos BRICS –, a instalação de um mecanismo de participação social democrático, representativo e participativo pode ser mais uma linha de avanço efetivo do Bloco e que contribuirá muito para uma maior legitimidade e efetividade da atuação dos BRICS, não somente em seus países, mas, também, nos cenários regional e internacional. Rua Caetano Pinto, 575 – Brás. CEP: 03041-000. São Paulo/SP. 2