RECit do dia-a-dia N°2 RECit au Quotidien n°18, traduzido por Sandra Dias Loguercio. Novembro 2006 Que tipo de serviço cívico pode impulsionar a educação cidadã? Por Didier Minot RECit participa desde fevereiro passado de um coletivo de associações que pedem que o serviço cívico se dirija a todos os jovens de uma faixa etária com ambições maiores do que somente a resposta ao problema da violência urbana. Observa-se hoje em dia uma ruptura na transmissão da cidadania e dos valores da democracia. Esse fenômeno extremamente grave não se deve ao acaso, mas à ação construída, organizada, daqueles que querem transformar o homem em um consumidor individualista, dócil e movido por seu interesse próprio. Toda a ação publicitária testemunha isso. Mas a escola, a mídia e a comunicação política, lamentavelmente, assimilaram em grande parte essa concepção das relações humanas. É muito bom, portanto, que todos os candidatos proponham hoje restaurar um serviço cívico para os jovens. Isso não implica, no entanto, que se ocupem de educação cidadã. É por isso que é fundamental que as associações tenham posto na mesa algumas questões e objetivos que, assim esperamos, não poderão mais ser eludidos. RECit está trabalhando ativamente nesse sentido. Que tipo de serviço cívico pode impulsionara educação cidadã? p1 Esclarecer os objetivos p2 Que tipo de serviço cívico seria coerente com esses objetivos? p2 Um serviço cívico territorializado: o papel central das coletividades locais e da educação popularp2 Desenvolver o lado da cidadania da ação local p3 Chamada para contribuições p2 Contactos p3 1 Esclarecer os objetivos Para nós, o serviço cívico deve permitir a jovens de 18 a 22 anos que participem concretamente em missões de fraternidade, de solidariedade e que trabalhem a serviço do bem comum. Ele pode contribuir para reforçar o contrato social que organiza nossa vida em sociedade e a unidade da nação, favorecendo os vínculos entre cidadãos de territórios, origens, culturas e condições sociais diferentes. Isso supõe, todavia, momentos de vida compartilhados, encontros, reflexão, enfim, ações comuns. Esse momento dado à coletividade é o outro lado dos direitos garantidos pela República a cada um dos cidadãos. Deve, assim, destinar-se ao conjunto de uma faixa etária, rapazes e moças, mas que solicite a responsabilidade e as capacidades de cada um, e preferencialmente não como uma obrigação imposta. Trata-se de um tempo de educação cidadã dos jovens de todos os meios, pois todos os meios têm necessidade de formação da auto-estima e da estima dos outros, de restauração de valores de gratuidade, solidariedade e abertura na consciência coletiva do país. Que tipo de serviço cívico seria coerente com esses objetivos? A experiência mostra que não basta atribuir tarefas particulares aos jovens para que, como em um passe de mágica, esse momento se torne um tempo de educação cidadã. Três condições devem ser respeitadas para que os objetivos anunciados se tornem uma realidade: - um ano antes do serviço cívico, é necessário um período de preparação de alguns dias com os jovens para lhes fazer descobrir a riqueza e a diversidade das ações de caráter cidadão, solidário, respeitoso dos direitos, a fim de que eles consigam identificar suas escolhas de funções com conhecimento de causa. - uma vida em conjunto é necessária durante toda a duração do serviço cívico para que este seja realmente um período de mistura social e de aprendizagem do “viver junto”. Esses grupos não devem constituir casernas com várias centenas de indivíduos, mas grupos de tamanho humano, com 25 a 40 pessoas, como mostra toda a experiência da educação popular. - finalmente, os jovens deverão ser acompanhados ao longo desse percurso, com a preocupação também de prolongar esse acompanhamento, no caso daqueles que assim desejarem, após o período obrigatório. Um serviço cívico territorializado: o papel central das coletividades locais e da educação popular Isso leva a propor um serviço cívico territorializado, com um apoio ativo das coletividades no nível dos territórios vizinhos (comunidade, bairro, território rural, etc.). Aconselhamos equipes de 8 a 10 jovens (de origens geográficas e sociais diferentes), agrupados em 3 ou 4 nas casas do serviço cívico, distribuídos em territórios vizinhos. Se são estimados 600.000 jovens por ano integrando o serviço cívico, um período de seis meses daria 300.000 jovens cada semestre, ou seja, de 8.000 a 10.000 casas de serviço cívico submersas no coração dos territórios, com um dispositivo de tipo animador-professor de casa. A presença ativa de 25 a 40 jovens em uma pequena comunidade ou em um bairro representa uma capacidade considerável de resposta a necessidades não dispendiosas, através de projetos voltados ao vínculo social, a serviços de interesse geral, de solidariedade e de fraternidade no dia-a-dia. Dessa forma, contribuir-se-ia para restaurar perspectivas de bem comum e de responsabilidade individual e coletiva dos jovens e de toda a população. No entanto, o serviço cívico deve permanecer um projeto de competência nacional, o que implica que a remuneração dos jovens seja garantida pelo Estado, bem como os encargos de investimento necessários para o estabelecimento das casas de serviço cívico. O sustento das coletividades deveria ser essencialmente uma ajuda para a habitação, a organização e um apoio logístico para o pessoal responsável pelos trabalhos. 2 Desenvolver o lado da cidadania da ação local Nessa ótica, é possível detectar em um território um conjunto de tarefas não dispendiosas capazes de serem realizadas por jovens do serviço cívico. Os serviços cívicos realizados podem ter então uma coerência e contribuir para a estruturação de um lado cidadão nos projetos de território. Além disso, o serviço cívico deve constituir um período marcante em um percurso de cidadania ao longo da vida, que deveria poder também comportar períodos de serviço voluntário, especialmente em situações de mudanças de orientação profissional ou no início do período de aposentadoria. As casas de serviço cívico podem então se tornar novas casas do cidadão, favorecendo uma educação cidadã ao longo da vida de formas apropriadas. Chamada para contribuições Essas propostas foram discutidas no encontro inter-associações, realizado em 4 de outubro. Elas parecem constituir uma boa base de trabalho, pois resultaram de uma série de questões concretas e de base. Você encontrará um documento mais detalhado explicando as questões propostas no seguinte site: htttp://recit.net/article.php3?id_article=816 Essas propostas deverão ser apresentadas em um debate que será organizado no Salão da Educação, no próximo 19 de novembro, no final da manhã. Trata-se de um debate organizado por La Vie, para o qual serão convidados representantes dos cinco principais partidos políticos (PC, OS, Verts, UDF, UMP) e, assim esperamos, das federações eleitas. Para preparar esse debate, pensamos em organizar um dia de trabalho com todos os membros do RECit e das redes que se interessam por essa questão, a fim de que a proposta apresentada reflita o máximo possível um ponto de vista compartilhado por todos aqueles engajados em uma educação emancipadora. A data mais propícia parece ser 8 de novembro, devendo-se dispor de uma grande sala e de salas menores para o trabalho de elaboração. Anote a data desde já, em seguida a confirmaremos. Até lá, suas críticas, opiniões, proposições e comentários são bem-vindos, podendo enviá-los a [email protected]. Obrigado àqueles e àquelas que já enviaram emails. Algo para partilhar? Cada um pode participar na redação deste boletin do RECit, com fotos, artigos,etc. Contactar a Julie ([email protected]) Para mais informações, contactar a Julie na França: Julie Banzet, 06 67 05 58 95, [email protected] RECit, 15 av Robert Fleury, 78220 VIROFLAY 3