UFPE | CTG 27, 28 e 29 de outubro de 2009 XVII Congresso de Iniciação Científica I Congresso de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação ESTUDO COMPARATIVO DA RUGOSIDADE SUPERFICIAL DE RESINAS COMPOSTAS EMPREGADAS PARA RESTAURAR PREPAROS CAVITÁRIOS CLASSE V EM DENTES POSTERIORES Roberta Maria Souto Dornelas Ribeiro de Vasconcellos1; Lúcia Carneiro de Souza Beatrice2 1 Estudante do Curso de Odontologia- CCS – UFPE; E-mail: [email protected], 2 Docente/pesquisador do Depto de Prótese e Cirurgia Buco-Facial – CCS – UFPE. E-mail: [email protected]. Sumário: Realizou-se um estudo in vitro no qual foi avaliada a rugosidade superficial de duas marcas comerciais de Resina composta (Filtek Supreme XT – 3M ESPE, G1; Ice – SDI, G2) antes e após acabamento e polimento. Foram confeccionados 20 corpos de prova de cada marca comercial, através de uma matriz de latão composta por duas partes rosqueáveis, com um orifício central de 10 mm de diâmetro e 2 mm de profundidade, e paredes circundantes de aproximadamente 8° para facilitar a remoção da amostra. Das vinte amostras, dez foram acabadas e polidas (subgrupos S2); as que não receberam acabamento e polimento (tira de matriz) foram os grupos controle (subgrupos S1). Os espécimes foram acabados com pontas diamantadas de granulação extra fina e polidas com discos sof-lex de granulação média, fina e superfina + pasta de polimento. A análise rugosimétrica foi feita através de um rugosímetro digital e os resultados analisados estatisticamente através da análise de variância (ANOVA). Foram obtidos os seguintes resultados: antes e após acabamento e polimento, a Filtek Supreme XT apresentou menor rugosidade que a Ice. Sendo assim, concluímos que essa resina pode ser utilizada para possíveis comparações entre materiais restauradores diretos utilizados em cavidades classe V em dentes posteriores. Palavras–chave: acabamento dentário; polimento dentário; propriedades de superfície; resinas compostas INTRODUÇÃO Segundo Reis, et al. (2003) apesar do avanço tecnológico dos materiais restauradores, existem algumas propriedades que necessitam de aperfeiçoamento, dentre elas, a rugosidade superficial, que associada ao acabamento e polimento indevido das restaurações pode provocar excessivo acúmulo de placa, irritação gengival, desenvolvimento da doença periodontal, suscetibilidade à pigmentação, aumento nas taxas de desgastes, cáries recorrentes e comprometimento no aspecto final da restauração, portanto, o acabamento e o polimento são importantes fases das restaurações, fundamentais na estética e na longevidade das mesmas. Por estarem próximas à gengiva ou até subgengival, as cavidades classe V requerem um material restaurador que apresente baixa rugosidade superficial, para que minimize o acúmulo da placa bacteriana. A superfície de uma restauração deve ficar a mais lisa possível, a fim de dificultar a fixação da placa bacteriana. As rugosidades são lesivas não por si só, mas pela placa que acumula. Entre os materiais empregados estão o amálgama de prata, a resina composta e o cimento de ionômero de vidro. Desde 1963, com a introdução das resinas compostas na odontologia por Bowen, esse material tem sido intensamente utilizado, principalmente em função de 12 UFPE | CTG 27, 28 e 29 de outubro de 2009 XVII Congresso de Iniciação Científica I Congresso de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação suas propriedades estéticas. As primeiras resinas compostas com um conteúdo inorgânico de macroparticulas possuíam ainda vários inconvenientes como a rugosidade da superfície, a alteração de cor e o desgaste. No final da década de 70 e princípios de 80, surgiram as primeiras resinas compostas híbridas com uma boa estabilidade de cor, uma aceitável resistência ao desgaste e capazes de proporcionar uma superfície razoavelmente polida. Ainda na década de 70 surgiram as primeiras resinas compostas microparticuladas. Na década de 80 verificou-se o aparecimento de resinas compostas microparticuladas e microhíbridas, o que melhorou consideravelmente a polibilidade destes materiais. Recentemente, foram lançadas no mercado odontológico as resinas de nanopartículas, mesmo assim, as resinas compostas ainda apresentam uma rugosidade superficial que induz ao acúmulo de placa bacteriana, pigmentos, entre outros, daí a importância de um excelente acabamento e polimento. Sendo assim, o presente estudo visa investigar entre duas diferentes marcas comerciais de resinas compostas com tecnologia nanomérica, qual delas apresenta melhor comportamento superficial em dois tempos clínicos distintos: antes e após acabamento e polimento. MATERIAIS E MÉTODOS Foram utilizadas duas marcas comerciais de Resina composta, totalizando dois grupos, estando descritos na Tabela 1. Foram preparadas vinte amostras de cada marca comercial selecionada, manipuladas de acordo com as recomendações dos fabricantes. Grupos Material G1 Resina Composta Nome comercial Filtek Supreme XT Fabricante 3M ESPE (St. Paul - MN - U.S.A.) Subgrupos **S1 ***S2 Resina SDI S1 ICE Composta (Bayswater - Victoria - Austrália) S2 Tabela 1 – Grupos e subgrupos, materiais, nomes comerciais e fabricantes. **S1 - antes do acabamento e polimento***S2 - após acabamento e polimento Para a confecção dos corpos de prova foi utilizada uma matriz de latão composta por duas partes rosqueáveis, apresentando na parte central um orifício com 10 mm de diâmetro por 2 mm de profundidade, de acordo com as normas da ADA, e paredes circundantes de aproximadamente 8°, para facilitar a remoção das amostras após o tempo de presa. As amostras foram removidas da matriz utilizando-se um dispositivo de alumínio. Após o preenchimento da matriz com uma espátula os espécimes foram nivelados com uma placa de vidro de 10 mm de espessura, pressionada sobre a matriz com uma prensa de pressão controlada; estando uma tira de matriz de poliéster interposta. Os espécimes foram ativados na matriz com um aparelho fotopolimerizador com intensidade de luz superior a 400 mW/cm2. O tempo de fotoativação foi o recomendado pelos fabricantes. Em seguida, a matriz foi aberta e uma fotoativação adicional foi realizada. Após a confecção, as espessuras dos corpos-de-prova foram aferidos com paquímetro e, em seguida, colocadas em uma estufa biológica a 37ºC até o momento da realização da análise rugosimétrica. Dos vinte espécimes de cada marca comercial, só dez foram acabados e polidos (S2); os que não receberam acabamento e polimento foram os grupos controle (S1), uma vez que a maior parte dos estudos existentes na literatura afirma que o melhor acabamento e polimento é aquele obtido com a tira de matriz de poliéster para os materiais estéticos. O acabamento e polimento foram realizados com pontas diamantadas 4138 FF (KG G2 UFPE | CTG 27, 28 e 29 de outubro de 2009 XVII Congresso de Iniciação Científica I Congresso de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação SORENSEN - Barueri – SP – Brasil) e seqüencialmente com discos de acabamento Sof-lex (3M ESPE - St. Paul - MN - U.S.A.) de granulação média, fina e super fina e pasta para polimento de compósitos Diamond excel (FGM - Joinville – SC – Brasil) para os subgrupos G1S2 e G2S2. Após a confecção dos corpos-de-prova foi realizada a leitura da rugosidade superficial de cada uma delas; para os corpos de prova dos subgrupos controle, G1S1, G2S1, 24 horas após o término das restaurações, e para os corpos de prova dos subgrupos G1S2, G2S2 imediatamente após o acabamento e polimento; utilizando-se, para tal, o rugosímetro digital modelo Mitutoyo SJ-400 (Tokyo, Japan). Para cada subgrupo, foram realizadas 3 leituras para cada corpo-de-prova, totalizando trinta medidas para cada subgrupo. Terminadas as medições os resultados foram analisados estatisticamente utilizando-se a análise de variância (ANOVA), com este teste pretendemos testar duas hipóteses: Ho:µ1 = µ2 (não existe diferença significativa entre as médias dos subgrupos) e H1: µ1 µ2 (existe diferença significativa entre as médias dos subgrupos), para verificar qual a marca comercial de cada tipo de material comportou-se melhor, antes e após o acabamento e polimento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Visando observar o comportamento superficial dos dois diferentes grupos de marcas comerciais, antes e após acabamento e polimento; foram obtidas as médias dos valores de rugosidade superficial (Ra) das 30 aferições de cada marca comercial antes e após acabamento e polimento (Tabela 2), observando se houve diferença estatisticamente significante entre as mesmas antes e após o tratamento superficial. Materiais GRUPOS (S1) MÉDIAS GRUPOS (S2) MÉDIAS G1S1 0,1269 G1S2 0,175133 G2S1 0,1578 G2S2 0,253533 Tabela 2 – Médias das 30 aferições de cada marca comercial, antes e após acabamento e polimento. Legenda: SQ – soma dos quadrado; gl – graus de liberdade; MQ – média quadrada; F estatístico – variância entre os grupos; Valor - P – probabilidade; F crítico – valor crítico para F estatístico. Resinas Materiais GRUPOS SQ gl MQ F valor-P F crítico G1S1 X G1S2 0,035 1 0,034897 31,59948 5,69E-07 4,006873 Resinas G2S1 X G2S2 0,137 1 0,137473 19,82672 3,92E-05 4,006873 Tabela 3 - Resultado da análise de variância entre os subgrupos, antes e após acabamento e polimento. Foram comparadas as duas marcas comerciais, antes e após acabamento e polimento (Tabelas 4 e 5), observando qual marca comportou-se melhor e se essa diferença foi estatisticamente significante. Materiais GRUPOS SQ gl Resinas G1S1 X G2S1 0,014322 1 MQ F valor-P F crítico 0,014322 8,893317 0,0041800 4,006873 Tabela 4 – Resultado da análise de variância entre as marcas comerciais de um mesmo tipo de material, antes do acabamento e polimento. UFPE | CTG 27, 28 e 29 de outubro de 2009 XVII Congresso de Iniciação Científica I Congresso de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação Materiais GRUPOS SQ gl Resinas G1S2 X G2S2 0,092198 1 MQ F valor-P F crítico 0,092198 14,34406 0,000364 4,006873 Tabela 5 - Resultado da análise de variância entre as marcas comerciais de um mesmo tipo de material, após acabamento e polimento. Para as Resinas compostas, a rugosidade superficial aumentou após o acabamento e polimento, em concordância com diversos autores, tais como: Sarac, et al.14 (2006); Ergücü e Türkün6 (2007); Jung, Sehr e Kilmek8 (2007); Attar2 (2007), Kormaz, Attar e Aksoy9 (2008). CONCLUSÕES Com base na metodologia empregada e nos resultados obtidos, podemos concluir que a marca comercial de resina composta Filtek Supreme XT, pode ser utilizada para possíveis comparações entre materiais restauradores diretos a serem utilizados em cavidades classe V em dentes posteriores. AGRADECIMENTOS Ao auxílio financeiro do CNPq. À Daene Patrícia Tenório Salvador da Costa - Mestre em Odontologia Clínica Integrada pela Universidade Federal de Pernambuco, Brasil. REFERÊNCIAS 1. ATTAR, N. The Effect of finishing and polishing procedures on the surface roughness of composite resin materials. The Journal of Contemporary Dental Practice, United States, v.8, n.1, jan. 2007. 2. ERGÜCÜ, Z.; TÜKÜN, L. S. Surface roughness of novel resin composites polished with One-step Systems. Operative Dentistry, United States, v. 32, n. 2, p.185-192, mar. abr. 2007. 3. JUNG, M.; SEHR, K.; KLIMEK, J. Surface texture of four nanofilled and one hybrid composite after finishing. Operative Dentistry, United States, v. 32, n.1, p.45-52, jan.-fev. 2007. 4. KORKMAZ, Y.; ATTAR, N.; AKSOY, G. The influence of one-step polishing systems on the surface roughness and microhardness of nanocomposites. Operative Dentistry, United States, v.33, n.1, p.44-50, jan. - fev. 2008. 5. REIS, A. F. et al. Effects of various finishing systems on the surface roughness and staining susceptibility of packable composite resins. Dental Materials Journal, England, v.19, n.1, p.12-18, jan. 2003. 6. SARAC, D. et al. The effect of polishing techniques on the surface roughness and color change of composite resins. Journal of Prosthetic Dentistry, United States, v.96, n.1, p.33-40, jul. 2006.