Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário Ferramentas para Produção de Vídeo Coordenadora Marilia Mello Pisani Autores Clara Guimarães Érica Jorge Lilian Menezes Marilia Mello Pisani Ronaldo Tedesco Taís Vargas 1 PACC – Programa Anual de Capacitação Continuada Coordenadora: Sílvia Dotta Curso: Produção de vídeo em EAD, Pisani, M. (Coord.), Guimarães, C., Jorge, E., Menezes, L., Tedesco, R., Vargas, T., é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição NãoComercial 3.0. Não Adaptada. Permissões além do escopo dessa licença podem estar disponíveis em http://uab.ufabc.edu.br. PACC Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário Pensando elementos do cenário A imagem é a instância intermediária entre o sensível e o inteligível. Olgária Matos, 1991 Perspectivas e a importância das imagens A primeira coisa ao pronunciarmos a palavra cenário é pensarmos em cena. Porém, vamos alterar brevemente este fluxo natural e pensar na palavra perspectiva. Todo filme, cenas de novela, vídeos educativos, de alguma maneira, baseiam-se no conceito de perspectiva, o qual é rico de significações. Segundo Gadotti (2000) perspectiva vem do latim tardio “perspectivus” e é derivada de dois verbos: perspecto (olhar até o fim, examinar atentamente) e 2 perspício (olhar através, ver bem, olhar atentamente, examinar com cuidado, reconhecer claramente). Em uma cena, portanto, o conceito de perspectiva auxilia que o vídeo ganhe maior apreensão, que as ideias vinculadas sejam mais bem assimiladas. Adotamos aqui o conceito não pela ótica física, mas pela filosófica, entendendo perspectiva como uma antecipação qualquer do futuro (Abbagnano, 1998). Pensar em cenário é, enfim, pensar em antecipar e aprimorar um olhar sobre uma cena futura, a qual não se faz apenas por um texto escrito ou por um áudio, mas por imagens. O cenário neste ponto de vista não é meramente um adendo, ao contrário, ele será responsável por fazer com que as ideias do seu vídeo sejam potencializadas, já que as imagens, vinculadas a um escopo artístico, afastam-se de uma racionalidade comum e permitem a apreensão da realidade por outras formas que não as impostas por um pensamento lógico formal. Cabe ressaltar que as “imagens PACC não reproduzem o real, elas representam ou o Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário reapresentam” (Novaes, 2008, p. 456). É importante que você pense nisso ao planejar o cenário para seu vídeo, todos os elementos devem estar em perfeito arranjo para construir um contexto favorável à percepção da ideia vinculada. Muitas vezes, uma mensagem é veiculada apenas com uma imagem ou por um conjunto delas, o que aumenta a responsabilidade pela escolha dos elementos do cenário. Outro dado que reforça este argumento é o fato de que as imagens têm um caráter paradoxal: por um lado estão eternamente ligadas ao seu referente concreto, por outro, são passíveis de inúmeras “leituras”, dependendo de quem é o receptor (Novaes, 2008, p. 457). Elementos do cenário Uma vez pontuada a importância das imagens, podemos apresentar para você como toda esta história começou... A cenografia 3 nasceu com a sociedade grega a qual criou um gênero específico, o teatro, como forma de contar histórias e representar sua cosmogonia. Exemplos clássicos são as tragédias gregas, narradas, contadas e reinterpretadas até os dias atuais. O termo cenário etimologicamente é proveniente da língua grega e remete à palavra “skenographia”, skené, cena e graphein, escrever, desenhar, pintar, colorir (Mantovani, 1993). É o arsenal concreto que cria um conjunto harmonioso para um contexto em uma cena. O estudo sobre os cenários são bastante densos e, em sua maioria, apresentam a vinculação destes com o momento histórico-artístico de determinada sociedade. É o caso do renascimento, romantismo, barroco, realismo entre outros. Em cada um desses marcos histórico o cenário ganhava características específicas, ora com mais ou menos elementos, mais ou menos iluminação. Entretanto, falar em cenografia atualmente é abarcar um campo de estudos vasto e que não é o foco desta PACC Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário unidade. A intenção aqui é que você saiba os instrumentais fundamentais para sua construção cenográfica! A cenografia é um ramo de atuação técnico e artístico que visa o planejamento e desenvolvimento de instalação de cenários para múltiplos gêneros, teatrais, circenses, programas televisivos, cinemas, entre outros. Segundo Cardoso (2009) a cenografia é uma parte importante da cena, pois retrata o momento histórico (tempo época que a cena está sendo contada), o local (espaço) e ainda é possível identificar a personalidade dos personagens envolvidos. Você pode elaborar um cenário que represente uma paisagem geográfica, uma paisagem social (praça pública, sala de aula, laboratório) ou ainda uma paisagem subjetiva, que demonstre o espaço da condição humana, alegrias, tristezas, sofrimentos, etc. Os cenários não são apenas construídos fisicamente. Com as 4 novas tecnologias é possível a elaboração de cenários virtuais, responsáveis por caracterizar e dar o arranjo do contexto da cena sem o custo de elementos concretos, espaço, iluminação etc. Ao planejar o seu vídeo, você poderá optar por escolher um cenário material ou um virtual, na dependência das suas condições e do seu objetivo. Se você optar pelo cenário físico é preciso que tenha a clareza dos elementos essenciais para sua confecção: Espaço físico com objetos que ilustrem a cena.- Iluminação Áudio Personagens Já o cenário virtual, ainda que pareça bem complexo, pode ser planejado e desenvolvido por pessoas com conhecimentos básicos de vídeo até as que já possuem maior contato e usabilidade técnica. Há PACC Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário algumas técnicas simples e eficazes que podem ser utilizadas, como por exemplo, o recurso do Chroma key que será apresentado a seguir. O uso do Chroma Key Atualmente é muito comum a utilização de cenários virtuais, principalmente a técnica de Chroma Key. Chroma key ou Keying é uma técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem sobre outra através do anulamento de uma cor padrão, como, por exemplo, o verde ou o azul. É uma técnica de processamento de imagens cujo objetivo é eliminar o fundo de uma imagem para isolar as personagens ou objetos de interesse que, posteriormente, são combinados com outra imagem de fundo. O efeito ou técnica Chroma Key é utilizado em vídeos em que se deseja substituir o fundo por 5 algum outro vídeo ou foto. Você já deve ter visto nos telejornais quando vão anunciar a previsão do tempo: atrás da pessoa que apresenta há um mapa do local. Tecnicamente funciona da seguinte forma: colocamos uma cor de fundo que, em seguida, com recursos de softwares de pós-produção indicamos a cor a ser removida, fazendo um recorte no assunto que estamos gravando. Ao gravar uma cena no Chroma Key certifique-se que seu assunto/ objeto/ pessoa não esteja com nenhuma cor do fundo ou mesma pigm ou mesma pigmentação do seu Chroma. Por exemplo, gravar um apresentador no Chroma azul e ele estar utilizando calça jeans. Nesse caso, partes da calça serão removidas pelo software. A melhor solução seria o apresentador mudar de figurino ou utilizar o fundo verde. Atenção! PACC Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário Lembre-se que a parte técnica exige um conhecimento específico, mas seu vídeo não dependerá única e exclusivamente dele. Ao contrário, os principais elementos são criatividade e imaginação! Segundo Meneses (2000) a palavra imaginação vem do mesmo radical de “luz” e o filósofo Aristóteles deu o primeiro indício desta relação: ... a imaginação pode definir-se: um movimento produzido pela sensação em ato. E uma vez que a vista é o sentido por excelência, a imaginação (em gr."phantasia") tirou seu nome de "luz" (em gr. phaos), pois sem luz é impossível ver-se. (Aristóteles, Tratado Sobre a Alma, III, 429a) Utilize sua imaginação e abuse em cenários criativos! 6 Referências bibliográficas ABBAGNANO, Nicolau. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998. CARDOSO, João Batista Freitas. Cenário televisivo: linguagens múltiplas fragmentadas. São Paulo: Annablume; Fapesp, 2009. GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo: São Paulo em Perspectiva. v.14, n.2, p.3-11, 2000. MANTOVANI, Anna. Cenografia. São Paulo: Ed. Ática, 1993. (Série Princípios). MENESES, Adélia Bezerra de. O sonho e a literatura: mundo grego. Psicol. USP, São Paulo, v. 11, n. 2, 2000 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- PACC Módulo 2. Ferramentas para Produção de Vídeo Aula 8. Pensando elementos do cenário 65642000000200012&lng=en&nrm=iso>. on 03 May 2013. access http://dx.doi.org/10.1590/S0103- 65642000000200012. NOVAES, Sylvia Caiuby. Imagem, magia e imaginação: desafios ao texto antropológico. Mana [online]. 2008, vol.14, n.2, pp. 455-475. ISSN 0104-9313. 7 PACC