Valor Econômico - Os desafios do álcool combustível Hotel Renaissance - São Paulo - 16 Fev 2004 A matriz energética brasileira, o etanol e o gás natural veicular José Goldemberg Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo O setor de transportes • grande peso na matriz • dependência de um diesel de baixa qualidade (3000 ppm S, contra 10 ppm S na Europa e EUA), necessários altos investimentos no refino (US$ 3 bi) inviabiliza novas tecnologias menos poluentes em veículos • experiência acumulada com o PROÁLCOOL • boas perspectivas com os veículos flex-fuel gasolina-álcool, com o gás natural veicular (GNV) e com veículos híbridos dieselelétricos • Prós Gás natural veicular (GNV) – mais barato que o diesel • Petrobras limitará preço por 10 anos a 55% do diesel para ônibus urbanos, um enorme mercado potencial (50 mil veículos) – baixa emissão de poluentes • sem enxofre nem a fumaça preta • conversão deve ser homologada • Contras – logística e infraestrutura – conversão cara para ônibus – dependência externa e competição com excedentes de refinarias – não-renovabilidade e emissões de carbono • Prós Álcool (etanol de cana) • renovável e mais limpo que gera empregos diretos • excelente mistura carburante e insumo para biodiesel • produção e tecnologias nacionais, com enormes possibilidades no comércio internacional • PROÁLCOOL foi mais importante programa de biomassa energética já existente no mundo, em que a produtividade da cana aumentou 6x entre 1970 e 2002. Em 2003 se produziram 16 Mm3 de etanol com menos de 2% da área agrícola • Contras • percepção negativa por desabastecimento e qualidade dos empregos • emissões de particulados na queima da cana • frota dedicada obsoleta e catalisadores não adaptados Emissões médias para veículos leves novos no Brasil (gramas por quilometro) Gasolina C (1) GNV Homologado (2) GNV Não Homologado (2) Álcool (3) Limites PROCONVE (4) CO 0,43 0,38 0,80 0,74 2,00 HC 0,11 0,19 0,44 0,16 0,30 NOx 0,12 0,17 0,90 0,08 0,60 Aldeídos 0,004 0,002 0,003 0,017 0,030 Fonte: CETESB (2003). Notas: (1) para gasolina são predominantes motores 1.0 L; para álcool e GNV 1.5L - 1.8L; (2) GNV em veículos convertidos; (3) o álcool emite mais aldeídos, mas estes são muito menos tóxicos que os da gasolina; (4) Fase III, desde 1997 até 2006; as melhorias tecnológicas ocorreram principalmente nos veículos a gasolina (ex. catalisadores), mas os flex fuels tendem a crescer (40 mil unidades em 2003, projeções de 350 mil em 2004); GNV e álcool são livres de enxofre e particulados A Curva de Aprendizado do Etanol 1.000 1985 1980 1980-1985 PR = 93% 3 US$(Oct.2002) /m 1985-2002 PR = 71% 1990 2002 100 1999 10 1000 10000 100000 Ethanol Cumulative Production (thousand m3 ) 1000000 A Competitividade Internacional ( Out. / 2002 - US$ / GJ ) 100 1980 1986 1996 10 1990 2002 1993 1999 1 0 50000 100000 150000 200000 3 Ethanol Cumulative Production ( in thousand) m Ethanol cumulative production Rotterdam regular gasoline price trend (Rotterdam gasoline prices) trend (Ethanol prices) 250000 Recomendações • investir em diesel mais limpo e veículos híbridos • uso racional do gás natural (GNV para ônibus e táxis; insumo petroquímico; cocção, aquecimento de água e vapor em residências, comércio e hospitais) • conversões homologadas de gasolina para GNV • incentivo nacional ao etanol pelos flex-fuels • incentivo internacional ao uso, liberalização do comércio e difusão da tecnologia do bioetanol • pesquisas para o biodiesel e misturas ao diesel