AVALIAÇÃO DE TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS EM PAVIMENTOS INTERTRAVADOS DE BLOCOS DE CONCRETO. Rodrigo Menegaz Müller TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: __________________________________________________ Profª Laura Maria Goretti da Motta, D.Sc. __________________________________________________ Prof. Jacques de Medina, L.D. __________________________________________________ Profª. Lídia da Conceição Domingues Shehata, Ph.D. __________________________________________________ Prof. Fernando José Pugliero Gonçalves, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL JUNHO DE 2005 MÜLLER; RODRIGO MENEGAZ Avaliação de Transmissão de Esforços em Pavimentos Intertravados de Blocos de Concreto. [Rio de Janeiro] 2005 XXI, 234 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc., Engenharia Civil, 2005) Tese – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1.Pavimentos Intertravados 2.Transmissão de Esforços 3. Avaliação de Pavimentos 4. Peças Pré-moldadas I. COPPE/UFRJ II. Título (série). Aos meus pais, Clarence e Rosângela, meu irmão Gustavo, minha irmã Clarissa, por todo o incentivo e apoio que me deram, durante estes dois anos longe de vocês, para a realização deste trabalho. ii AGRADECIMENTOS Agradeço: • À “Prô”. Laura Maria Goretti da Motta por todos seus ensinamentos acadêmicos, sua dedicação diária para a realização desta tese e de minha formação profissional e pessoal, pelos seus ensinamentos de humildade, carinho e, principalmente, de amizade. Nunca me esquecerei da recepção calorosa no primeiro dia de aula e, a partir deste dia, comecei a admirá-la ainda mais. Obrigado por tudo; • Aos meus pais Clarence e Rosângela, pela vida a mim dada, pelo grande carinho e amizade dedicada a este filho durante todos estes anos. Sem vocês não seria esta pessoa que hoje sou. O exemplo de vida que me deram espero levar para sempre; • Aos meus irmãos Gustavo e minha irmã Clarissa, pelo carinho que temos, pelos momentos de amizade e por tudo aquilo que vivemos juntos durante todo os anos de convivência diária; • .À minha namorada Bianca, que convive em minha vida por incríveis e inimagináveis cinco anos, obrigado por esperar estes dois anos e suportar minha ausência do seu lado; • Ao colega, irmão, sócio e amigo Marcos Antônio Fritzen, pela amizade nestes dois anos de convivência diária, pelos momentos de discussão e reflexão sobre os mais variados assuntos. Ainda bem que além de gaúcho, você é gremista, pois se não fosse assim nossa convivência seria impossível depois do rebaixamento do “timão”; • À minha “família” no Rio de Janeiro: Vitor Hugo Biasuz, a que me atrevo a chamar de “pai carioca” apesar de gaúcho, “Lora”, Vitor, Paulinho e Nessa, por terem me aceitado em sua casa por tanto tempo, sem vocês não teria tido carinho iii familiar e, com certeza, não teria conseguido suportar a distância, vocês estão guardados em meu coração para sempre; • À empresa HOLCIM S.A, que proporcionou a utilização do trecho experimental de pavimentos intertravados, construído junto a sua sede de Cantagalo – RJ, para a realização de grande parte desta tese e pelo apoio financeiro dado. Um agradecimento especial aos seus funcionários que estavam sempre dispostos a colaborar com a execução dos ensaios, especialmente aos Eng. Eduardo, que muitas vezes abriu mão de seu tempo de trabalho para ajudar com a pesquisa, e ao Eng. Luis Otávio, que iniciou os estudos referentes a Pavimento Intertravados na COPPE/UFRJ e idealizou grandes idéias para a continuidade dos trabalhos realizados. Aos funcionários de Cantagalo, especialmente: Nelson, Davi, Amarildo e Sérgio; • À ABCP que contribuiu financeiramente para a realização dos ensaios realizados no painel experimental, principalmente ao Eng. Eduardo D’Ávilla, que se tornou um grande amigo, apesar de colorado; • Aos funcionários s laboratoristas do Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ, principalmente aos amigos Bororo, pelas conversas e reflexões sobre historia e outros assuntos pertinentes e não pertinentes, não se esqueça: “a mesa é minha e deixo como quiser”, Max, nossa mão de obra mais preciosa, França, Álvaro, Ricardo, Sérgio, Maurão, Carlinhos, Eduardo, Ana Maria, Neide, Salviano, “Baixinho”, entre outros; • Aos novos e grandes amigos formados no convívio diário nos laboratórios: Leonardo, Mariluce, Raphael, Marcelinho, Alex, Rosane, Tatiana, Fernando, Cinconegui, Fabrício, Chico, Sidclei, Nicolle, Beatriz, Roberto, Chico, Joelson, e todos que por falta de uma boa memória tenha me esquecido. • Aos Professores da Universidade de Passo Fundo, que me passaram as noções básicas sobre as atribuições de um engenheiro e ensinaram a conviver neste iv meio, principalmente aos Professores Antonio Thomé, Vera, Mário, Adalberto Pandolfo, Gilnei e Moacir • Aos Professores da pós-graduação, Paulo Santa Maria, nosso eterno mestre Prof. Dirceu Veloso, Francisco Lopes, Ian Martins, Francisco Casanova, Márcio Almeida, Willy Lacerda, Maurício Erlich, pelos conhecimentos passados sobre esta grande área da Eng. Civil, • Ao Prof, Jacques de Medina, nosso grande mestre da pavimentação, pelas conversas nos corredores e as “aulas” particulares dadas nas viagens e nas caronas até o Leblon; • Ao Prof. Fernando Pugliero Gonçalves, que me passou os primeiros ensinamentos da engenharia rodoviária, profissão tão honrosa e necessária a nosso país, e pela sua presença honrosa em minha banca examinadora; • À Profa. Lídia Shehata, por tê-la como membro de minha banca examinadora; • Ao CNPQ, pela bolsa de estudos que possibilitou minha estada no Rio de Janeiro para a realização do Mestrado. v Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) AVALIAÇÃO DE TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS EM PAVIMENTOS INTERTRAVADOS DE BLOCOS DE CONCRETO. Rodrigo Menegaz Müller Junho/2005 Orientadora: Laura Maria Goretti da Motta Programa: Engenharia Civil Este trabalho tem como objetivo principal avaliar as tensões transmitidas da camada de revestimento de pavimentos intertravados de peças pré-moldadas de concreto (PPC) para a camada de base, em um painel experimental, com a utilização de células de carga, bem como a medição de deslocamentos da superfície do pavimento com a utilização de LVDT. Para tanto foram utilizadas as dependências do Setor de Modelos Físicos do Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ, onde foram realizadas trinta e duas variações de estruturas do conjunto colchão de areia/PPCs, nas quais variaram-se a espessura dos blocos (40, 60, 80 e 100mm), a espessura do colchão de areia (50 e 75mm sem compactação), o modelo de assentamento (espinha de peixe, trama e linear) e o formato das peças (retangular e dentada). Realizaram-se, ainda, ensaios de transmissão de esforços da camada de revestimento de PPCs de um trecho experimental, de pavimentos intertravados, para o meio da camada de colchão de areia e para o topo da camada de base cimentada. Esse trecho experimental está localizado no acesso à fábrica de cimentos da HOLCIM S.A., localizado no município de Cantagalo - RJ, o qual foi dividido em quatro subtrechos em que variaram-se a espessura das peças de concreto (40, 60, 80 e 100mm). Acompanhou-se, também, o desempenho nos dois primeiros anos de utilização desse pavimento, por meio de ensaios de resistência à derrapagem, com o Pêndulo Britânico, de permeabilidade e ensaios de deflexões com a viga Benkelman convencional e a eletrônica; adotaram-se alguns procedimentos para a execução destes ensaios. As tensões transmitidas para a camada de base e as deformações devido a carregamentos aplicados no revestimento nos experimentos executados no trecho e no painel experimental foram comparadas com análise numérica utilizando-se o programa FEPAVE2. Foi comprovado que a modelagem de pavimentos intertravados pede ser realizada através de métodos utilizados para análise de tensões em pavimentos flexíveis e que os módulos das camadas de PPC variam com o arranjo e com a espessura das peças. vi Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.) EVALUATION OF LOAD SPREADING IN INTERLOCKING CONCRETE BLOCKS PAVEMENTS Rodrigo Menegaz Müller June/2005 Advisor: Laura Maria Goretti da Motta Department: Civil Engineering The mair purpose of this dissertation is to evaluate the stress speeding from the loaded surface of interlocking precast concrete block pavements (“PPC” in Portuguese) to the granular base layer in a laboratory experimental panel using load cells, also measured surface displacement using LVDT. In the area of Physical Modeling of the COPPE/UFRJ’s Geotecnical Laboratory, studies contemplated thirty-two combinations of concrete blocks thickness (40, 60, 80 and 100mm) and sand mattress (50 and 75mm non compacted). Also varied the seating (fish spire, weared and linear) and the block geometry (plain rectangular blocks and tooth-like side blocks). Field loading tests were made to observe spreading down of efforts in an experimental block pavement, from the seating mattress to the tops of cemented base layer. This experimental panel at the entrance of a Portland cement plant (HOLCIM, Cantagalo City in State of Rio de Janeiro) was divided into four sections of different block thickness (40, 60,80 and 100mm). Measured surface friction using the British Pendulum and made deflectometry user conventional Benkelman bean and with an electronic bean. Stresses and displacement distribution measured in both laboratory panels a field sections were compared with calculated values determined using FEPAVE2 computer program. Is was shown that modeling of interlocked concrete blocks pavements is possible though stress analyses used for flexible pavements, and that deformability module of PPC layer vary with block laying pattern and block thickness. vii ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E BREVE HISTÓRICO DOS PAVIMENTOS INTERTRAVADOS.............................................................................. 7 2.1 O PAVIMENTO ................................................................................................... 7 2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PAVIMENTOS .................................................................... 8 2.3 BREVE HISTÓRICO DOS PAVIMENTOS INTERTRAVADOS................................... 11 2.4 ESTRUTURA TÍPICA DE UM PAVIMENTO DE PPC.............................................. 18 2.4.1 Camada de Revestimento de PPC .............................................................. 20 2.4.1.1 Arranjos ou Modelos de Assentamento das PPC ............................... 20 2.4.1.2 Formato das PPC ................................................................................ 21 2.4.1.3 Espessura das PPC.............................................................................. 24 2.4.2 Influência do Colchão de Areia .................................................................. 25 2.4.2.1 Granulometria do Colchão de Areia................................................... 26 2.4.2.2 Ensaios de Durabilidade da Areia ...................................................... 29 2.5 CARACTERÍSTICAS DE INTERTRAVAMENTO DE UM PAVIMENTO DE PPC ......... 33 2.6 CRITÉRIOS DE ACEITAÇÃO DOS BLOCOS DE CONCRETO PARA PAVIMENTAÇÃO .. ........................................................................................................................ 35 2.7 3 UTILIZAÇÃO DE PAVIMENTOS INTERTRAVADOS EM RODOVIAS ....................... 41 INSTRUMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS.............................. 45 3.1 INSTRUMENTAÇÃO DE PAVIMENTOS ............................................................... 45 3.1.1 Identificação dos Pontos de Instalação das Células.................................... 47 3.1.2 Instrumentação em Estruturas de Pavimentos ............................................ 49 3.2 AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS .......................................................................... 52 3.2.1 Avaliação Estrutural ................................................................................... 53 3.2.1.1 Ensaios Destrutivos ............................................................................ 54 3.2.1.2 Ensaios Não Destrutivos..................................................................... 57 3.2.2 Avaliação Funcional ................................................................................... 67 3.2.2.1 Irregularidade ..................................................................................... 67 3.2.2.2 Avaliação da Resistência à Derrapagem ............................................ 70 3.2.2.3 Permeabilidade ou Drenabilidade de Pavimentos .............................. 76 viii 4 COMENTÁRIOS SOBRE A CONSTRUÇÃO DO TRECHO E DO PAINEL EXPERIMENTAL ................................................................................ 84 CONSTRUÇÃO DO TRECHO EXPERIMENTAL .................................................... 84 4.1 4.1.1 4.2 Dimensionamento do Trecho Experimental ............................................... 85 5 PAINEL DE SOLOS REFORÇADOS ...................................................................... 87 4.2.1 Estrutura do Painel de Solos Reforçados.................................................... 88 4.2.2 Sistema de Aplicação do Carregamento..................................................... 88 4.2.3 Areia de Quartzo......................................................................................... 91 MÉTODOS E MATERIAIS................................................................................... 93 5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 93 5.2 CALIBRAÇÃO DAS CÉLULAS DE CARGA ........................................................... 94 5.2.1 Resultados Obtidos da Calibração das Células de Carga ........................... 96 5.2.1.1 Teste Realizado no Setor de Modelos Físicos .................................. 101 5.2.1.2 Teste realizado com o cilindro de CBR............................................ 102 5.2.2 Calibração do LVDT ................................................................................ 103 5.3 AQUISIÇÃO DE DADOS PROVENIENTES DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS NA PESQUISA................................................................................................................... 104 5.4 EXPERIMENTOS REALIZADOS NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS ..................... 106 5.4.1 Aplicação do Carregamento ..................................................................... 106 5.4.2 Instalação das Células de Carga ............................................................... 107 5.4.3 Montagem do Pavimento Intertravado ..................................................... 108 5.4.4 Os Blocos de Concreto Utilizados nos Ensaios Realizados no Setor de Modelos Físicos.................................................................................................... 112 5.4.4.1 Ensaios de Compressão Axial .......................................................... 113 5.4.4.2 Ensaios de Desgaste ......................................................................... 114 5.4.4.3 Ensaios de Pêndulo Britânico ........................................................... 120 5.4.5 A Areia Utilizada no Colchão e no Rejunte dos Ensaios Realizados no Setor de Modelos Físicos...................................................................................... 121 5.4.6 Transmissão de esforços da superfície do pavimento de PPC para a camada de base123 5.4.7 Determinação dos Deslocamentos Verticais e Horizontais...................... 123 5.4.8 Determinação do esforço de compressão entre os blocos ........................ 125 5.4.9 Ensaio de Permeabilidade Realizados no Painel Experimental................ 127 ix 6 ANÁLISE DE RESULTADOS DO PAINEL EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 130 ANÁLISE DA TENSÃO VERTICAL .................................................................... 130 6.1 6.1.1 Influência da Compactação na Transmissão de Esforços......................... 150 6.1.2 Influência da Espessura das Juntas na Transmissão de Esforços ............. 156 6.1.3 Análise das tensões verticais transmitidas com o carregamento aplicado no colchão de areia .................................................................................................... 161 6.2 ANÁLISE DA TENSÃO HORIZONTAL ............................................................... 162 6.3 ANÁLISE DOS DADOS DE DESLOCAMENTO VERTICAL ................................... 163 6.3.1 Influência da Compactação na Deformação Vertical ............................... 174 6.3.2 Influência da Espessura das Juntas na Deformação Vertical ................... 181 6.3.3 Análise das deformações verticais com o carregamento aplicado no colchão de areia.................................................................................................................. 184 6.4 ANÁLISE NUMÉRICA ...................................................................................... 185 6.4.1 7 Considerações Finais da Análise Numérica ............................................. 190 ANÁLISE DE RESULTADOS DO TRECHO EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 192 7.1 AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DO TRECHO EXPERIMENTAL DE CANTAGALO 192 7.1.1 Ensaios Deflectométricos Realizados no Trecho Experimental............... 192 7.1.2 Ensaios de Resistência à Derrapagem Realizados no Trecho Experimental.. .................................................................................................................. 195 7.1.3 Ensaios de Permeabilidade Realizados no Trecho Experimental............. 199 7.1.4 Ensaios Realizados na Areia Utilizada no Trecho Experimental ............. 200 7.1.5 Considerações Finais Sobre a Avaliação do Trecho Experimental.......... 202 7.2 ANÁLISE DA TRANSMISSÃO DE TENSÕES NO TRECHO EXPERIMENTAL .......... 203 7.2.1 Instalação das Células de Carga ............................................................... 203 7.2.2 Análise dos Dados do Trecho Experimental de Cantagalo - RJ............... 207 7.2.2.1 7.3 ANÁLISE NUMÉRICA ...................................................................................... 210 7.3.1 8 Leitura das Cargas Através dos Sensores ......................................... 207 Considerações Finais da Análise Numérica ............................................. 215 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .................................................................................................................... 218 x ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 2.1 – CARGAS APLICADAS EM UM PAVIMENTO (SANTANA, 1993A) ................... 8 FIGURA 2.2 – SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA DE UM PAVIMENTO FLEXÍVEL (MARQUES, 2002)......................................................................................................................... 9 FIGURA 2.3 – SEÇÃO TRANSVERSAL TÍPICA DE UM PAVIMENTO RÍGIDO (MARQUES, 2002)....................................................................................................................... 10 FIGURA 2.4 – VILA ÁPIA EM ROMA (MADRI, 2004)....................................................... 13 FIGURA 2.5 – PAVIMENTO DE BLOCOS DE ARGILA NA CIDADE DE RIO BRANCO – ACRE (NASCIMENTO, 2005) ......................................................................................... 14 FIGURA 2.6 - PAVIMENTO DE PÉ-DE-MOLEQUE SITUADO EM SÃO JOÃO DEL REI ............. 16 FIGURA 2.7 - RUA DE PAVIMENTO DE PÉ-DE-MOLEQUE LOCALIZADA NA CIDADE DE PARATY – RJ ........................................................................................................... 16 FIGURA 2.8 – ESTRUTURA TÍPICA DE UM PAVIMENTO DE PPC (HALLACK, 1998)......... 19 FIGURA 2.9 – PRINCIPAIS TIPOS DE ASSENTAMENTO DAS PPC (HALLACK, 1998)......... 21 FIGURA 2.10 - EFEITO DO ARRANJO DE ASSENTAMENTO DAS PEÇAS DE CONCRETO NO DESEMPENHO DO PAVIMENTO SOB SOLICITAÇÃO DO TRÁFEGO (SHACKEL, 1990). 22 FIGURA 2.11 – EFEITO DO ARRANJO E FORMATO DAS PPC NA DEFORMAÇÃO SOBRE A AÇÃO DO NÚMERO DE SOLICITAÇÕES (SHACKEL, 1990) ....................................... 23 FIGURA 2.12 - EFEITO DA ESPESSURA DAS PEÇAS DE CONCRETO NO DESEMPENHO DO PAVIMENTO SOB SOLICITAÇÃO DO TRÁFEGO (SHACKEL, 1990) ............................ 25 FIGURA 2.13 – EFEITO DA ESPESSURA DA CAMADA DE AREIA DE ASSENTAMENTO NO DESEMPENHO DO PAVIMENTO (SHACKEL, 1990) .................................................. 26 FIGURA 2.14 – TIPOS DE INTERTRAVAMENTO: VERTICAL, ROTACIONAL E HORIZONTAL (ICPI, 2002A).......................................................................................................... 35 FIGURA 2.15 - MOVIMENTO DE GIRAÇÃO DAS PPC (HALLACK, 1998) ......................... 36 FIGURA 2.16 – DIAGRAMA DA DOSAGEM ELABORADA POR CRUZ (2003) EM FUNÇÃO DOS MATERIAIS E DA VIBROPRENSA UTILIZADA .............................................................. 39 FIGURA 2.17 – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ENCONTRADOS POR CRUZ (2003) ................................................................................................... 40 FIGURA 2.18 – RODOVIA DE PPC EM QWA-QWA, ÁFRICA DO SUL (MADRI, 2004) ....... 44 FIGURA 2.19 – RODOVIA CONSTRUÍDA COM PPC NA COSTA RICA (MADRI, 2004)........ 44 FIGURA 2.20 – RODOVIA CONSTRUÍDA COM PPC NA COLÔMBIA (MADRI, 2004) .......... 44 xi FIGURA 3.1 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE ZONA DE TRAÇÃO ABAIXO DA CAMADA DE ............................................................................................................................ 48 FIGURA 3.2 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES NO INTERIOR DE UM PAVIMENTO INTERTRAVADO (HALLACK, 1998)................................................................................................. 49 FIGURA 3.3 – DEFORMAÇÕES ELÁSTICAS ENCONTRADAS POR WELLNER & GLEITZ (1996) PARA PAVIMENTOS INTERTRAVADOS ............................................................ 51 FIGURA 3.4 – DEFORMAÇÕES ELÁSTICAS NO CENTRO DE APLICAÇÃO DO CARREGAMENTO (WELLNER & GLEITZ, 1996).............................................................................. 52 FIGURA 3.5 – ESQUEMA DA VIGA BENKELMAN (DNER, 1994) ....................................... 60 FIGURA 3.6 – ESQUEMA DO SISTEMA DE REFERÊNCIA NA VIGA E NO CAMINHÃO (DNER, 1994)....................................................................................................................... 61 FIGURA 3.7 – BACIAS DE DEFLEXÃO MEDIDAS NO PAVIMENTO COM PMF E COM BLOCOS VAZADOS (MALYSZ, 2004) ................................................................................... 64 FIGURA 3.8 – VALORES DE COEFICIENTES DE ATRITO DINÂMICO EM PAVIMENTOS INTERTRAVADOS (ITO ET AL, 2000) ........................................................................ 75 FIGURA 3.9 – PERMEÂMETROS UTILIZADOS NA PESQUISA DE COOLLEY (1999)............ 79 FIGURA 3.10 – “CONSTANT WATER LEVEL TYPE PERMEABILITY TESTER” (KARASAWA & SUDA, 1996) ...................................................................................................... 79 FIGURA 3.11 - GERADOR DE CHUVA ARTIFICIAL (JAMES & VON LANGSDORFF, 2003) ................................................................................................................................ 80 FIGURA 3.12 – EXECUÇÃO DOS PAVIMENTOS INTERTRAVADOS DRENANTES ................... 81 FIGURA 3.13 – PERMEABILIDADE DE PAVIMENTOS DE BLOCOS DE CONCRETO EM VÁRIAS IDADES (ITO ET AL. 2000) ....................................................................................... 82 FIGURA 4.1 – TRECHO EXPERIMENTAL DE PAVIMENTO INTERTRAVADO LOGO APÓS A CONSTRUÇÃO DO MESMO (CRUZ, 2003) ................................................................. 85 FIGURA 4.2– REPRESENTAÇÃO DA MONTAGEM DO MURO DO PAINEL DE SOLOS REFORÇADOS (BARBOSA JUNIOR, 2003) ............................................................ 89 FIGURA 4.3– REPRESENTAÇÃO DO PAINEL DE CONTROLE PNEUMÁTICO DEPOIS DE MELHORADO (BARBOSA JUNIOR, 2003)............................................................. 90 FIGURA 4.4 - CURVA GRANULOMÉTRICA DO SOLO UTILIZADO NO PAINEL DE MODELOS FÍSICOS (SARAMAGO, 2002) ................................................................................ 91 FIGURA 5.1 – REPRESENTAÇÃO DE UMA DAS CÉLULAS DE CARGA UTILIZADA PARA OS ENSAIOS DE TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS ................................................................. 95 xii FIGURA 5.2– EXEMPLO DE CICLOS DE ACRÉSCIMO DE CARGA DURANTE A CALIBRAÇÃO DA CÉLULA DE CARGA 10549 UTILIZADA NO ESTUDO FIGURA 5.3– EXEMPLO ................................................... 97 DE CICLOS DE DECRÉSCIMO DE CARGA DURANTE A CALIBRAÇÃO DA CÉLULA DE CARGA 10549 UTILIZADA NESTE ESTUDO ......................................... 97 FIGURA 5.4– EXEMPLO DOS CICLOS DE CARGA E DESCARGA OBSERVADOS PARA A CÉLULA O N 10549.................................................................................................................. 98 FIGURA 5.5– EXEMPLO DA CURVA MÉDIA DOS CICLOS DE CARREGAMENTO E DESCARREGAMENTO PARA A CONVERSÃO DAS LEITURAS DE MV PARA KG PARA A O CÉLULA N 10549 .................................................................................................... 98 FIGURA 5.6– EXEMPLO DA DISPERSÃO DOS RESULTADOS DO CARREGAMENTO DA CÉLULA O N 10549.................................................................................................................. 99 FIGURA 5.7– ASPECTO DAS CÉLULAS DE CARGA APÓS A SUA RETIRADA DO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 100 FIGURA 5.8– CÉLULA DE CARGA 10549, QUANDO SUBMETIDA AO TESTE DE CARGA DISTRIBUÍDA REALIZADO NO PAINEL DE SOLOS REFORÇADOS ................................ 101 FIGURA 5.9 – TESTE REALIZADO NO CILINDRO CBR NA CÉLULA DE CARGA 10818 ....... 102 FIGURA 5.10– ESQUEMA DA COLOCAÇÃO DOS SENSORES NOS TESTES REALIZADOS COM AS CÉLULAS DE CARGA NO INTERIOR DOS SOLOS ........................................................ 103 FIGURA 5.11 – LVDT UTILIZADO NA PESQUISA ............................................................. 103 FIGURA 5.12– VALORES MÉDIOS DA DEFORMAÇÃO MEDIDOS COM O LVDT ................. 104 FIGURA 5.13– TELA DO PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE SINAIS PROVENIENTES DOS INSTRUMENTOS ...................................................................................................... 105 FIGURA 5.14– EQUIPAMENTOS UTILIZADOS PARA COLETA DE SINAIS DOS INSTRUMENTOS UTILIZADOS ........................................................................................................... 106 FIGURA 5.15– VISTA DO SISTEMA DE APLICAÇÃO DO CARREGAMENTO NAS SISTEMA DE REAÇÃO NOS ARRANJOS REALIZADOS NO PPC E DO PAINEL DE MODELOS FÍSICOS .............................................................................................................................. 107 FIGURA 5.16– EXEMPLO DA INSTALAÇÃO DAS CÉLULAS DE CARGA NO PAINEL EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 108 FIGURA 5.17– ASPECTOS DA MONTAGEM DOS ARRANJOS TESTADOS NO PAINEL EXPERIMENTAL ..................................................................................................... 110 FIGURA 5.18– ASPECTOS DA FASE DE COMPACTAÇÃO E SELAGEM DAS JUNTAS ............. 111 FIGURA 5.19– PAINEL DE SOLOS REFORÇADOS APÓS TODAS AS ETAPAS CONSTRUTIVAS 112 FIGURA 5.20– BLOCOS DE CONCRETO UTILIZADOS NESTA PESQUISA ............................. 113 xiii FIGURA 5.21 - MÁQUINA DE DESGASTE AMSLER-LAFFON DO IME (CRUZ, 2003) ....... 115 FIGURA 5.22- RELAÇÃO ENTRE A RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO E À ABRASÃO OBTIDA POR CRUZ (2003) ........................................................................................................ 117 FIGURA 5.23 – SUPERFÍCIE DE DOIS BLOCOS UTILIZADOS NOS ENSAIOS DO PAINEL EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 118 FIGURA 5.24 – VALORES DE DESGASTE DOS BLOCOS APÓS A ATUAÇÃO DA PLACA VIBRATÓRIA E CARREGAMENTO COM MACACO HIDRÁULICO.................................. 119 FIGURA 5.25 – ENSAIO DE PÊNDULO BRITÂNICO REALIZADO EM PEÇAS INDIVIDUAIS ... 120 FIGURA 5.26 – MEDIDOR DE DESLOCAMENTOS CAM (MODIFICADO DE VILCHEZ, 2002). .............................................................................................................................. 124 FIGURA 5.27 – ENSAIOS DE DESLOCAMENTO REALIZADOS ........................................... 125 FIGURA 5.28 – ETAPAS DO ENSAIO PARA A DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS DE COMPRESSÃO ENTRE OS BLOCOS DE UM PAVIMENTO INTERTRAVADO .................... 126 FIGURA 5.29 – ENSAIO DE PERMEABILIDADE REALIZADO NO PAINEL EXPERIMENTAL ... 128 FIGURA 6.1– PRESSÕES LIDAS NA BASE DOS ARRANJOS DAS PPCS DE ESPESSURA 40MM .............................................................................................................................. 134 FIGURA 6.2- PRESSÕES LIDAS NA BASE DAS PPCS COM ESPESSURA DE 60MM .............. 135 FIGURA 6.3- PRESSÕES LIDAS NAS PPCS COM ESPESSURA DE 80MM ............................ 136 FIGURA 6.4- PRESSÕES LIDAS BASE DOS ARRANJOS COM PPCS DE ESPESSURA DE 100MM .............................................................................................................................. 138 FIGURA 6.5– PRESSÕES LIDAS COM O MODELO DE ASSENTAMENTO ESPINHA DE PEIXE .. 139 FIGURA 6.6– PRESSÕES LIDAS NO MODELO DE ASSENTAMENTO TRAMA ...................... 141 FIGURA 6.7– PRESSÕES LIDAS NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR ...................... 142 FIGURA 6.8– PRESSÕES LIDAS COM COLCHÃO DE AREIA DE 50MM ............................... 143 FIGURA 6.9– PRESSÕES LIDAS COM COLCHÃO DE AREIA DE 75MM ............................... 146 FIGURA 6.10– PRESSÕES LIDAS NAS PEÇAS DE FORMATO DENTADA ............................ 147 FIGURA 6.11– PRESSÕES LIDAS NAS PEÇAS DE FORMATO RETANGULAR ...................... 149 FIGURA 6.12– INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO NA TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS NOS BLOCOS DE 60MM COM MODELO DE ASSENTAMENTO FILEIRA OU LINEAR .............. 153 FIGURA 6.13- INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO NA TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS NOS BLOCOS DE 80MM COM MODELO DE ASSENTAMENTO FILEIRA OU LINEAR .............. 154 FIGURA 6.14- INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO NA TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS NOS BLOCOS DE 80MM COM MODELO DE ASSENTAMENTO ESPINHA DE PEIXE ................ 155 xiv FIGURA 6.15– ASPECTOS DO PAVIMENTO INTERTRAVADO COM A UTILIZAÇÃO DE JUNTAS DE 5MM.................................................................................................................. 157 FIGURA 6.16– DESLOCAMENTO UTILIZAÇÃO DE JUNTAS DE DAS PEÇAS DO PAVIMENTO INTERTRAVADO COM A 5MM, APÓS A REALIZAÇÃO DE TODAS AS ETAPAS DE COMPACTAÇÃO ...................................................................................................... 157 FIGURA 6.17– COMPARAÇÃO JUNTAS DE 2MM E DA TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS COM ESPESSURAS DE 5MM COM PEÇAS DE 80MM DENTADAS NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR ........................................................................................ 159 FIGURA 6.18– COMPARAÇÃO JUNTAS DE 2MM E 5MM DA TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS COM ESPESSURAS DE COM PEÇAS DE 80MM RETANGULARES NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR ........................................................................................ 160 FIGURA 6.19– ANÁLISE DO DESLOCAMENTO VERTICAL, NO ARRANJO ESPINHA DE PEIXE COM PEÇAS DENTADAS FIGURA 6.20– ANÁLISE .......................................................................................... 168 DO DESLOCAMENTO VERTICAL, NO MODELO DE ASSENTAMENTO TRAMA COM PEÇAS DENTADAS .............................................................................. 169 FIGURA 6.21- ANÁLISE DO DESLOCAMENTO VERTICAL, NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR, OU ............................................................................................................ 170 FIGURA 6.22- ANÁLISE DO DESLOCAMENTO VERTICAL, NO MODELO DE ASSENTAMENTO FILEIRA COM PEÇAS RETANGULARES ..................................................................... 171 FIGURA 6.23- ANÁLISE DO DESLOCAMENTO VERTICAL NO MODELO DE ASSENTAMENTO TRAMA COM ........................................................................................................... 172 FIGURA 6.24- ANÁLISE DO DESLOCAMENTO VERTICAL NO MODELO DE ASSENTAMENTO ESPINHA DE PEIXE COM PEÇAS RETANGULARES ..................................................... 173 FIGURA 6.25– INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO NOS DESLOCAMENTOS COM A UTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE 60MM, NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR ............................. 178 FIGURA 6.26– INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO NO DESLOCAMENTO COM A UTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE 80MM, NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR .................................. 179 FIGURA 6.27– INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO NOS DESLOCAMENTOS COM A UTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE 80MM, NO MODELO DE ASSENTAMENTO ESPINHA DE PEIXE ............ 180 FIGURA 6.28– INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO E DA ESPESSURA DAS JUNTAS NOS DESLOCAMENTOS, COM UTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE 80MM DE FORMATO DENTADA, NO ARRANJO LINEAR .............................................................................................. 183 xv FIGURA 6.29– INFLUÊNCIA DA COMPACTAÇÃO E DA ESPESSURA DAS JUNTAS NOS DESLOCAMENTOS, COM UTILIZAÇÃO DE BLOCOS DE 80MM, FORMATO RETANGULAR, NO LINEAR ............................................................................................................. 183 FIGURA 6.30 – DESLOCAMENTOS ENCONTRADOS COM O CARREGAMENTO APLICADO DIRETAMENTE SOBRE O COLCHÃO DE AREIA .......................................................... 185 FIGURA 7.1– BACIAS DE DEFLEXÃO DETERMINADAS COM A VIGA BENKELMAN ELETRÔNICA .......................................................................................................... 195 FIGURA 7.2– ENSAIO DE RESISTÊNCIA À DERRAPAGEM REALIZADO NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 197 FIGURA 7.3– CURVAS GRANULOMÉTRICAS DA AREIA UTILIZADA NO TRECHO EXPERIMENTAL E DA AREIA RETIRADA DO COLCHÃO APÓS UM ANO DE UTILIZAÇÃO DO TRECHO ............................................................................................................ 201 FIGURA 7.4– EXEMPLO DO TRÁFEGO DE CAMINHÕES DO TRECHO EXPERIMENTAL......... 203 FIGURA 7.5– PASSOS PARA A COLOCAÇÃO DAS CÉLULAS DE CARGA NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 205 FIGURA 7.6 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO TRECHO EXPERIMENTAL, DEPOIS DE INSTALADAS AS CÉLULAS DE CARGA...................................................................... 206 FIGURA 7.7- CARGAS LIDAS PELOS SENSORES NO COLCHÃO DE AREIA DO TRECHO EXPERIMENTAL DE CANTAGALO SOB CARGA DE CAMINHÃO TOCO ........................ 208 FIGURA 7.8- CARGAS LIDAS PELOS SENSORES NA INTERFACE DA BASE COM O COLCHÃO DE AREIA DO TRECHO EXPERIMENTAL DE CANTAGALO SOB CARGA DE CAMINHÃO TOCO .............................................................................................................................. 209 xvi ÍNDICE DE TABELAS TABELA 2.1 – RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS DA GRANULOMETRIA DA AREIA A SER UTILIZADA NO COLCHÃO DE AREIA EM ALGUNS PAÍSES (CRUZ, 2003).................... 28 TABELA 2.2 – ESPECIFICAÇÕES GRANULOMÉTRICAS PARA OS MATERIAIS A SEREM UTILIZADOS NO REJUNTAMENTO DAS PEÇAS DO REVESTIMENTO (HALLACK, 1998) ................................................................................................................................ 28 TABELA 2.3 – GRANULOMETRIA DA AREIA A SER UTILIZADA NO COLCHÃO (CARVALHO, 1998)....................................................................................................................... 29 TABELA 2.4 - LIMITES ACEITÁVEIS DA AREIA APÓS O ENSAIO DE DURABILIDADE LILLEY AND DOWSON (KNAPTON, 1997).......................................................................... 30 TABELA 2.5 – COEFICIENTES DE STUDENT, PARA UM NÍVEL DE SEGURANÇA DE 80% A SER USADO NO CALCULO DA RESISTÊNCIA CARACTERÍSTICA DAS PPC (ABNT, 1987A) 38 TABELA 3.1 – LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE LEITURA DE DEFLEXÃO (DNER, 1994B) .. 62 TABELA 3.2 – PARÂMETROS CALCULADOS A PARTIR DAS BACIAS DE DEFLEXÃO (MALYSZ, 2004) ................................................................................................... 64 TABELA 3.3 – FAIXAS IRI DE CLASSIFICAÇÃO DE IRREGULARIDADE COM BASE NO (SOUZA ET AL 2002).............................................................................................. 70 TABELA 3.4 – VALORES MÍNIMOS SUGERIDOS DA RESISTÊNCIA À DERRAPAGEM MEDIDO COM O PÊNDULO BRITÂNICO (PEREIRA, 1998) ..................................................... 73 TABELA 3.5 – VALORES RECOMENDADOS A RESISTÊNCIA À DERRAPAGEM MEDIDOS COM O PÊNDULO BRITÂNICO (CRUZ, 2003) ...................................................................... 73 TABELA 3.6 – CLASSIFICAÇÃO DOS ALGUNS TIPOS DE PAVIMENTOS DE ACORDO COM O VALOR DE ATRITO DO PAVIMENTO MOLHADO MEDIDOS COM O “µ-METER” (MAC LEMAN, 1980 APUD ARAÚJO, 1994) ................................................................... 74 TABELA 3.7 - RESULTADOS DA RESISTÊNCIA À DERRAPAGEM EM PPCS, MEDIDOS COM O PÊNDULO BRITÂNICO (CRUZ, 2003) ....................................................................... 75 TABELA 3.8 – VALORES TÍPICOS DE COEFICIENTES DE PERMEABILIDADE DE ALGUNS TIPOS DE SOLOS (PINTO, 2002) ........................................................................................ 77 TABELA 3.9 – CATEGORIAS DE PAVIMENTOS INTERTRAVADOS CONFORME A PERMEABILIDADE .................................................................................................... 83 TABELA 4.1 - VARIÁVEIS DE ENTRADA EXPERIMENTAL PELO PROGRAMA DA PARA ABCP, DIMENSIONAMENTO DO PAINEL UTILIZANDO O MÉTODO DA CCA (CRUZ, 2003) ......................................................................................................... 86 xvii TABELA 4.2- VARIÁVEIS DE SAÍDA DO DIMENSIONAMENTO DO PAINEL EXPERIMENTAL PELO PROGRAMA DA ABCP (CRUZ, 2003)............................................................. 86 TABELA 4.3 - ESPESSURAS DAS CAMADAS DO PAVIMENTO DO TRECHO EXPERIMENTAL .. 87 TABELA 5.1– VARIAÇÕES DE ENSAIOS REALIZADOS NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS .... 93 TABELA 5.2– EXEMPLOS DOS CICLOS DE CARREGAMENTO E DESCARREGAMENTO DA O CARGA E AS LEITURAS OBTIDAS PELO SENSOR N 10549, BEM COMO A DISPERSÃO DOS DADOS OBTIDOS ....................................................................................................... 96 TABELA 5.3– CONSTANTES DE CALIBRAÇÃO DAS CÉLULAS DE CARGA EM LABORATÓRIO .............................................................................................................................. 100 TABELA 5.4- EXEMPLOS DOS CICLOS DE DEFORMAÇÃO E AS LEITURAS OBTIDAS PELO LVDT ................................................................................................................... 104 TABELA 5.5– VALORES DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO SIMPLES DOS BLOCOS DE CONCRETO APÓS A EXECUÇÃO DOS ENSAIOS NO PAINEL EXPERIMENTAL ............... 114 TABELA 5.6 – VALORES DE DESGASTE EM PPCS COM DIFERENTES RESISTÊNCIAS À COMPRESSÃO (MODIFICADO DE CRUZ, 2003) ....................................................... 116 TABELA 5.7 – RESULTADOS DOS ENSAIOS DE PÊNDULO BRITÂNICO REALIZADOS NAS PEÇAS INDIVIDUAIS UTILIZADAS NO PAINEL EXPERIMENTAL .................................. 121 TABELA 5.8 – GRANULOMETRIA DA AREIA UTILIZADA PARA O COLCHÃO E PARA O REJUNTE NOS EXPERIMENTOS REALIZADOS NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS ........ 122 TABELA 5.9 – RESULTADO DO ENSAIO DE DEGRADAÇÃO PARA A AREIA UTILIZADA NOS ENSAIOS REALIZADOS NO PAINEL EXPERIMENTAL .................................................. 122 TABELA 5.10 – VALORES DE COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE ENCONTRADOS NO PAINEL EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 129 TABELA 5.11 – VALORES DE COEFICIENTE DE PERMEABILIDADE PARA A AREIA UTILIZADA NO COLCHÃO DO PAINEL EXPERIMENTAL ............................................................... 129 TABELA 6.1– COMPARAÇÕES REALIZADAS ENTRE OS ENSAIOS DE TRANSMISSÃO DE ESFORÇOS .............................................................................................................. 131 TABELA 6.2 - TENSÕES 2 6KGF/CM TRANSMITIDAS DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO CARREGADO COM PARA AS CÉLULAS DE CARGA INSTALADAS NA INTERFACE DA BASE COM O COLCHÃO DE AREIA ............................................................................................... 133 TABELA 6.3– AVALIAÇÃO DAS TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPC DE 60MM, COM COLCHÃO DE AREIA DE 75MM E NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR, OU FILEIRA, PARA OS PONTOS DE ANÁLISE NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS .......................................................................................................... 151 xviii TABELA 6.4– AVALIAÇÃO DAS TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPC DE 80MM, COM COLCHÃO DE AREIA DE 75MM E NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR, OU FILEIRA, PARA OS PONTOS DE ANÁLISE NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS .......................................................................................................... 151 TABELA 6.5– AVALIAÇÃO DAS TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPC DE 80MM, COM COLCHÃO DE AREIA DE 75MM E NO MODELO DE ASSENTAMENTO ESPINHA DE PEIXE, PARA OS PONTOS DE ANÁLISE NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS .......................................................................................................... 152 TABELA 6.6– AVALIAÇÃO DAS TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPC DE 80MM, COM COLCHÃO DE AREIA DE 75MM E NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR, PARA OS PONTOS DE ANÁLISE NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES COM A UTILIZAÇÃO DE JUNTAS DE 5MM ................................................................................................ 158 TABELA 6.7- AVALIAÇÃO DAS TENSÕES TRANSMITIDAS COM O CARREGAMENTO APLICADO DIRETAMENTE SOBRE O COLCHÃO DE AREIA .......................................................... 162 TABELA 6.8– TENSÕES HORIZONTAIS (KGF/CM2) TRANSMITIDAS ENTRE PEÇAS JUSTAPOSTAS COM COLCHÃO DE AREIA DE 50MM .................................................. 163 TABELA 6.9 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS DA PLACA METÁLICA EM PPCS COM FORMATO DENTADO NO ARRANJO ESPINHA DE PEIXE ............................................................. 164 TABELA 6.10 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS DA PLACA METÁLICA EM PPCS COM FORMATO DENTADO NO ARRANJO TRAMA .............................................................. 165 TABELA 6.11 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS DA PLACA METÁLICA EM PPCS COM FORMATO DENTADO NO ARRANJO LINEAR (FILEIRA).............................................. 165 TABELA 6.12– DESLOCAMENTO VERTICAIS DA PLACA METÁLICA EM PPC COM FORMATO RETANGULAR NO ARRANJO ESPINHA DE PEIXE ....................................................... 166 TABELA 6.13– DESLOCAMENTO VERTICAIS DA PLACA METÁLICA EM PPC COM FORMATO RETANGULAR NO ARRANJO TRAMA ........................................................................ 166 TABELA 6.14– DESLOCAMENTO VERTICAIS DA PLACA METÁLICA EM PPC COM FORMATO RETANGULAR NO ARRANJO LINEAR (FILEIRA) ........................................................ 167 TABELA 6.15- AVALIAÇÃO AREIA DE 75MM DO DESLOCAMENTO DE PPC DE 60MM, COM COLCHÃO DE E NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR, OU FILEIRA, NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS ............................................................ 175 TABELA 6.16- AVALIAÇÃO AREIA DE 75MM DO DESLOCAMENTO DE PPC DE 80MM, COM COLCHÃO DE E NO MODELO DE ASSENTAMENTO LINEAR, OU FILEIRA, NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS ............................................................ 176 xix TABELA 6.17- AVALIAÇÃO AREIA DE 75MM DO DESLOCAMENTO DE PPC DE 80MM, COM COLCHÃO DE E NO MODELO DE ASSENTAMENTO ESPINHA DE PEIXE NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS ............................................................ 177 TABELA 6.18- AVALIAÇÃO AREIA DE 75MM DO DESLOCAMENTO DE PPC DE 80MM, COM COLCHÃO DE E NO MODELO DE ASSENTAMENTO FILEIRA, OU LINEAR, COM DIFERENTES ESPESSURAS DE JUNTA, NAS DIFERENTES COMPACTAÇÕES REALIZADAS .............................................................................................................................. 182 TABELA 6.19- AVALIAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS COM O CARREGAMENTO APLICADO DIRETAMENTE SOBRE O COLCHÃO DE AREIA .......................................................... 184 TABELA 6.20 - TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPCS DE 100MM, LIDAS 2 NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS E AS ANALISADAS PELO FEPAV2 (KGF/CM TABELA 6.21 - TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPCS DE 80MM, LIDAS 2 NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS E AS ANALISADAS PELO FEPAV2 (KGF/CM TABELA 6.22 - TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPCS DE 2 DE ) ..... 189 40MM, LIDAS 2 NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS E AS ANALISADAS PELO FEPAV2 (KGF/CM TABELA 7.1– DEFLEXÕES ) ..... 188 60MM, LIDAS NO SETOR DE MODELOS FÍSICOS E AS ANALISADAS PELO FEPAV2 (KGF/CM TABELA 6.23 - TENSÕES TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE PPCS ) ..... 188 ) ..... 189 MÁXIMAS OBTIDAS NOS ENSAIOS REALIZADOS NAS PRIMEIRAS AVALIAÇÕES NO MÊS DE ABRIL DE 2004 ................................................................ 194 TABELA 7.2– DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS RELACIONADOS À VIGA BENKELMAN 194 TABELA 7.3 – ENSAIOS REALIZADOS COM O PÊNDULO BRITÂNICO NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 198 TABELA 7.4– GRANULOMETRIA DA AREIA UTILIZADA PARA O COLCHÃO DO TRECHO EXPERIMENTAL APÓS UM ANO DE UTILIZAÇÃO DO PAVIMENTO .............................. 201 TABELA 7.5– RESULTADO DO ENSAIO DE DEGRADAÇÃO PARA A AREIA UTILIZADA NO TRECHO EXPERIMENTAL DE CANTAGALO .............................................................. 202 TABELA 7.6 - LOCAIS DE INSTALAÇÃO DAS CÉLULAS DE CARGA NO TRECHO EXPERIMENTAL DE CANTAGALO ............................................................................ 204 TABELA 7.7 – VALORES DE TENSÃO (KGF/CM2) TRANSMITIDAS PELO CAMINHÃO PARA AS CÉLULAS DE CARGA INSTALADAS NO TRECHO EXPERIMENTAL .............................. 210 TABELA 7.8 – TENSÃO VERTICAL ADMISSÍVEL NO SUBLEITO EM FUNÇÃO DO MÓDULO RESILIENTE DO MATERIAL E DO NÚMERO N (MOTTA, 1991) ................................ 213 xx TABELA 7.9 – TENSÕES ANALISADOS PELO TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE FEPAV2 PPCS DE 100MM E OS VALORES DE TENSÕES ADMISSÍVEIS NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 213 TABELA 7.10 – TENSÕES ANALISADOS PELO TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE FEPAV2E PPCS DE 80MM OS VALORES DE TENSÕES ADMISSÍVEIS NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 214 TABELA 7.11 – TENSÕES ANALISADOS PELO TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE FEPAV2E PPCS DE 60MM OS VALORES DE TENSÕES ADMISSÍVEIS NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 214 TABELA 7.12 – TENSÕES ANALISADOS PELO TRANSMITIDAS PELO REVESTIMENTO DE FEPAV2 PPCS DE 40MM E OS VALORES DE TENSÕES ADMISSÍVEIS NO TRECHO EXPERIMENTAL ...................................................................................................... 215 xxi 1 INTRODUÇÃO Segundo dados da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (GEIPOT, 2000) o Brasil possui uma rede de 160.000km de malha rodoviária pavimentada para um total de 1.559.941km de estradas não pavimentadas, apresentando uma densidade de rodovias pavimentadas por área territorial de 0,0187km/km2 muito aquém das necessidades do país. Cerca de 92% da malha rodoviária não pavimentada encontra-se sob responsabilidade do poder público municipal e atende à maior parte do escoamento da produção agrícola e industrial de pequeno porte, que às vezes são inviabilizadas devido a precariedade do sistema de transporte. Com base neste panorama, deve-se realizar uma reflexão sobre novas técnicas de pavimentação a serem utilizadas no meio rodoviário e urbano. Uma das opções é o pavimento de peças pré-moldadas de concreto (que doravante será designado por PPC), hoje denominado pavimento intertravado, em referência ao principal mecanismo de atuação para a garantia do desempenho adequado dos mesmos. Pavimentos, como o intertravado, que necessitam de mão de obra não especializada para a confecção de sua estrutura e, principalmente, da sua camada de revestimento, devem começar a ser vistos com outros olhos pelos órgãos públicos, responsáveis pela pavimentação de vias. Além de proporcionarem melhorias estéticas, técnicas e de redução de custos para os transportes, em vias não pavimentadas, geram a utilização intensa de mão de obra local, proporcionando um aumento da receita familiar com a geração de novos empregos. Para MADRI (2004), a construção de pavimentos intertravados pode vir a gerar empregos medidos em torno de um dia-homem/m2 de via. A industrialização dos blocos de concreto para a pavimentação, com a aquisição de equipamentos de grande produtividade e elevado grau de precisão dimensional e estrutural, registra grande crescimento nas últimas décadas. De acordo com SMITH (2003), nos Estados Unidos, a cada cinco anos dobra-se a quantidade, em metros quadrados, de aplicação desta técnica e projetava que para o ano de 2005 seriam utilizados mais de 60 milhões de metros quadrados. Segundo CRUZ (2003), na cidade 1 do Rio de Janeiro já foram assentados mais de um.milhão de metros quadrados de peças pré-moldadas de concreto. Registra-se ainda um crescimento, no Brasil, de 35% da utilização de pavimentos intertravados entre os anos de 2002 e 2003 e de mais de 66% entre os anos de 2003 e 2004. O estado do Rio de Janeiro registrou um crescimento, da utilização de PPC, em torno de 41% no ano de 2003. À medida que este tipo de pavimento deixou de ser uma opção somente arquitetônica e preferencialmente usada para calçadas e praças, foi necessário o desenvolvimento de métodos de dimensionamento. Estes métodos são empíricos e baseados em métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis. Atualmente há tendência mundial da utilização de métodos mecanísticos que admitem que o modelo de comportamento seja mais de pavimento flexível do que rígido (CRUZ & MOTTA, 2003). Nos Estados Unidos, a NCA (National Concrete Masonry Associaion), realizou uma adaptação do método de dimensionamento de pavimentos flexíveis da AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials) para a utilização em pavimentos intertravados. Na Inglaterra um processo semelhante foi implementado (CRUZ, 2003). SHACKEL (1990) descreve o método LOCKPAVE de dimensionamento mecanístico de pavimentos intertravados, tanto para meios rodoviários quanto para áreas industriais. Diversos estudos estão sendo realizados com o intuito do aperfeiçoamento de métodos de dimensionamentos que simulam o revestimento como uma camada elástica linear, baseados em constatações de que um pavimento intertravado possui diferentes mecanismos de distribuição de esforços e considerando-se que os pavimentos de peças de concreto são menos sensíveis a sobrecargas do que os pavimentos flexíveis. HALLACK (1998) relata que a grande dificuldade de dimensionamento ou de verificação estrutural de pavimentos intertravados é a determinação do valor do módulo de elasticidade do revestimento composto pelo colchão de areia e pelas peças de concreto. Os valores obtidos em estudos realizados com simuladores de tráfego ou com medições in situ apresentaram grandes dispersões. CRUZ (2003) relata que a maioria dos métodos utilizados para o dimensionamento de pavimentos intertravados se baseiam nos seguintes critérios: 2 • O pavimento intertravado é tratado como um pavimento flexível, passando a empregar métodos de cálculo de tensões originalmente desenvolvidos para pavimentos asfálticos; • Utiliza-se uma relação linear para representar o comportamento tensãodeformação dos materiais das camadas e do subleito, inclusive admitindo que a camada composta pelas PPCs e colchão de areia trabalha como uma camada equivalente ao revestimento asfáltico composto de concreto betuminoso quanto ao valor de módulo de resiliência; • Admite-se que a existência das juntas entre as peças pré-moldadas dispensa a consideração de tensões de tração quando se realiza o dimensionamento, ou seja, a analogia com o revestimento asfáltico de uma camada contínua só é valida na modelagem numérica da distribuição de tensões, mas o comportamento real desta camada está longe de ser contínuo; • As juntas funcionam como descontinuidades para as tensões de tração, ou seja, não transmitem esforços de tração entre peças e as pequena dimensões das peças em relação à área de contato das cargas não leva ao desenvolvimento de flexão na própria peça; • Considera-se que a utilização de base estabilizada com cimento é quase uma imposição da maioria das considerações de carga; • Considera-se a espessura e a forma das peças fixas em muitos dos métodos de dimensionamento. O entendimento do comportamento tensão x deformação de um sistema em camadas tem sido facilitado com a realização de instrumentações de seções de pavimentos, que se tornam de grande importância para o acompanhamento do desempenho de estruturas de pavimentos ao longo de sua vida útil. Para tanto muitas pesquisas vêem sendo realizadas em diversos países para avaliar o comportamento de diferentes estruturas de pavimentos a partir de instrumentações em pistas experimentais. O foco principal é a interpretação da degradação evolutiva dos pavimentos, em termos dos processos principais de degradação que comumente condicionam o término de sua vida de serviço (GONÇALVES, 2002). 3 Para contribuir no entendimento do comportamento e da modelagem dos pavimentos de PPC, esta tese tem como objetivo investigar o comportamento de estruturas de pavimentos intertravados em relação à transmissão de esforços e de deslocamentos da superfície, que é composta por peças de concreto, pela instrumentação de um trecho experimental e de um painel experimental de laboratório. A investigação das tensões transmitidas e dos deslocamentos devidos à aplicação de carregamentos na superfície de um pavimento intertravado foi realizada a partir da instrumentação de trinta e dois diferentes experimentos realizados no painel experimental do Setor de Modelos Físicos da COPPE/UFRJ. Nestes ensaios variaram-se a espessura dos blocos e do colchão de areia, bem como o modelo de assentamento e o formato dos blocos. Em continuidade às primeiras investigações acerca do desempenho da estrutura de um trecho experimental, sob carga pesada que foram feitas por CRUZ (2003), no presente trabalho são mostradas medidas do comportamento estrutural e funcional dos dois primeiros anos de utilização do mesmo. Portanto, esta pesquisa tem como objetivo geral a avaliação da transmissão de esforços e dos deslocamentos decorrentes da aplicação de carregamentos no revestimento de pavimentos intertravados, e a comparação entre as diferentes estruturas construídas tanto no painel quanto no trecho experimental. Para atingir este objetivo foram realizadas as seguintes atividades: • Avaliação, analise e quantificação das tensões transmitidas da camada de revestimento de PPCs para a camada de base do painel experimental; • Avaliação, analise e quantificação dos deslocamentos devido às cargas aplicadas ao pavimento intertravado montado no painel experimental; • Comparar as diferentes estruturas montadas no painel experimental, quanto à transmissão de esforços e deslocamentos; • Instrumentação do trecho experimental de pavimentos intertravados, para avaliar as tensões transmitidas pelas diferentes espessuras de peças para o colchão de 4 areia e para a camada de base cimentada com a aplicação de carregamentos dinâmicos; • Avaliação do desempenho dos dois primeiros anos de utilização do trecho experimental. Esta tese foi estruturada nos seguintes capítulos: Capítulo 1: Introdução Procurou-se apresentar a contextualização desta pesquisa e o objetivo da mesma. Capítulo 2: Revisão Bibliográfica e Breve Histórico dos Pavimentos Intertravados Faz-se um breve histórico da evolução dos pavimentos intertravados e uma revisão bibliográfica, no sentido de inserir o presente trabalho no estado atual de desenvolvimento das pesquisas envolvendo este tipo de pavimento. Abordam-se os princípios fundamentais do conceito estrutural do pavimento, tipos e formas das peças e recomendações de materiais a serem utilizados. Capítulo 3: Instrumentação e Avaliação de Pavimentos Apresenta-se uma abordagem sobre a instrumentação de camadas de pavimentos, procedimentos para a realização de avaliações dos equipamentos utilizados e breves relatos sobre a experiência brasileira nestes estudos. São descritas ainda técnicas de avaliações estruturais e funcionais de pavimentos e alguns resultados da literatura de pavimentos intertravados. Capítulo 4: Construção do Trecho e do Painel Experimental Apresentam-se às características dos materiais utilizados, as configurações geométricas e o processo construtivo do painel e do trecho experimental. Capítulo 5: Métodos e Materiais 5 Apresentam-se as características dos equipamentos utilizados para a instrumentação do painel e do trecho experimental, bem como os procedimentos adotados para a calibração dos instrumentos utilizados nos experimentos de transmissão de esforços e de deslocamentos. Discutem-se, também, os experimentos realizados para a determinação da transmissão dos esforços e dos deslocamentos medidos no painel experimental. Capítulo 6: Apresentação e Análise de Resultados do Painel Experimental São apresentados e discutidos os resultados registrados durante os testes realizados a partir da instrumentação do painel experimental. Fazem-se avaliações das distribuições dos esforços e dos deslocamentos gerados pelos carregamentos impostos à superfície de peças pré-moldadas e apresenta-se uma análise numérica com o programa computacional FEPAV2 para cálculo de tensões e deformações em estruturas de pavimentos. Capítulo 7: Apresentação e Análise de Resultados do Trecho Experimental São discutidos os resultados dos ensaios realizados para a avaliação estrutural e funcional do trecho experimental. Apresentam-se os resultados da transmissão dos esforços medidos com as células de carga instaladas nas camadas de colchão de areia e na interface do colchão de areia com a base cimentada e realiza-se uma análise numérica com o programa computacional FEPAV2 para cálculo de tensões e deformações em estruturas de pavimentos. Capítulo 8: Conclusões e sugestões para futuras pesquisas São apresentados os principais resultados obtidos na presente tese e dadas sugestões para o desenvolvimento de futuras pesquisas. 6 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E BREVE HISTÓRICO DOS PAVIMENTOS INTERTRAVADOS. 2.1 O Pavimento Pode-se afirmar que em obras de engenharia civil, como construções de rodovias, aeroportos, ruas, entre outras, a superestrutura é constituída por um sistema de camadas de espessuras finitas, assentadas sobre o terreno de fundação, considerado um semiespaço infinito e designado sub-leito, sendo esta superestrutura o pavimento. O pavimento é uma estrutura construída sobre a superfície do leito, após os serviços de terraplanagem, por meio de camadas de vários materiais de diferentes características de resistência e deformabilidade, cuja principal função é fornecer segurança e conforto ao usuário (SOUZA, 1980; SANTANA, 1993a). As principais funções de um pavimento, segundo a NBR-7207 (ABNT, 1992), são: • Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais provenientes do tráfego; • Melhorar as condições de rolamento quanto a comodidade e segurança; • Resistir aos esforços horizontais tornando mais durável possível a superfície de rolamento. Quando um pavimento é solicitado por uma carga de veículo Q, que se desloca sobre o revestimento com uma velocidade V, fica sujeito a uma tensão normal na direção vertical σo (de compressão) e uma tensão cisalhante na direção horizontal τ0 (de cisalhamento), conforme mostra a Figura 2.1. As variadas camadas componentes da estrutura do pavimento possuem a função de diluir a tensão vertical aplicada na superfície para que o subleito receba uma parcela muito inferior desta tensão vertical. A tensão horizontal aplicada na superfície exige que o revestimento possua uma coesão mínima para suportar a parcela do esforço de cisalhamento (SANTANA, 1993a). 7 Figura 2.1 – Cargas aplicadas em um pavimento (SANTANA, 1993a) 2.2 Classificação dos Pavimentos Tradicionalmente, por simplificação, pode-se classificar a estrutura dos pavimentos em: • Pavimentos Flexíveis; • Pavimentos Rígidos; • Pavimentos Semi-Rígidos (Semi-Flexíveis); Pavimentos Flexíveis: São pavimentos constituídos por camadas que trabalham muito pouco à tração, quando comparadas às dos pavimentos rígidos (MARQUES, 2002). Todas as camadas sofrem deformações elásticas significativas, sob um carregamento aplicado, e a carga é distribuída em parcelas equivalentes entre suas camadas (PINTO & PREUSSLER, 2002). 8 Normalmente são formados por um revestimento betuminoso sobre camadas puramente granulares. Nesta categoria se incluem os pavimentos de blocos de concreto instalados no revestimento. A capacidade de suporte é estabelecida em função das características de distribuição de cargas por um sistema de camadas superpostas. Um exemplo de uma seção típica de um pavimento flexível é apresentado na Figura 2.2. Segundo SHACKEL (1990), os pavimentos intertravados constituídos de blocos de concreto podem ser considerados pavimentos flexíveis, devido às suas características, que se assemelham às dos pavimentos asfálticos, tais como de distribuição de cargas, de deflexão, entre outras. Escala em m (desenho esquemático sem escala) Figura 2.2 – Seção transversal típica de um pavimento flexível (MARQUES, 2002) 9 Pavimentos Rígidos: Pode-se definir um pavimento rígido como sendo aquele que apresenta uma camada de revestimento com uma rigidez muito superior à das camadas inferiores, a qual absorve praticamente todas as tensões provenientes da passagem do tráfego. Segundo RODRIGUES (1995a), a placa de concreto de cimento portland é o principal componente estrutural, aliviando as tensões nas camadas subjacentes devido à sua elevada rigidez à flexão, quando são geradas tensões e deformações de tração na placa, responsáveis pelos trincamentos por fadiga após um certo número de repetições de carga. São pavimentos poucos deformáveis, a determinação de sua espessura é feita em relação à resistência a tração do concreto e são feitas considerações em relação à fadiga, coeficiente de reação do subleito e cargas aplicadas. Um exemplo de uma seção característica de um pavimento de concreto pode ser visto na Figura 2.3. (desenho esquemático sem escala) Figura 2.3 – Seção transversal típica de um pavimento rígido (MARQUES, 2002) Pavimento Semi-rígido ou Semiflexível: Pode ser considerado uma situação intermediária entre os pavimentos rígidos e flexíveis. É o caso dos pavimentos constituídos, nas camadas de base e ou sub-base, por misturas de solo-cimento, solo-cal, solo-betume entre outras, que venham a apresentar uma razoável resistência à tração (MARQUES, 2002; PINTO & PREUSSLER, 2002). 10 Segundo MEDINA (1997), perdeu o sentido a definição das camadas quanto às suas funções específicas e distintas umas das outras, à medida que se passou a analisar o pavimento como um sistema de camadas e calcular as tensões e deformações do conjunto. Porém, pode-se afirmar que não existe um determinado tipo de pavimento que seja considerado melhor solução técnica e econômica em todas as situações. Em um projeto, é recomendável analisar-se todas as alternativas tecnicamente possíveis de seções de pavimentos, deixando a escolha final para as análises econômicas e de viabilidade operacional (RODRIGUES, 1995a). 2.3 Breve Histórico dos Pavimentos Intertravados Sendo este um trabalho sobre pavimentos intertravados, em que a camada de revestimento é constituída por peças pré-moldadas de concreto, torna-se relevante um breve relato histórico sobre o desenvolvimento desta técnica de pavimentação. Esta é uma técnica moderna que resulta de uma evolução de procedimentos dos quais encontram-se relatos de 25 séculos atrás, com a colocação de pedras justapostas em seu estado natural. O que se relata a seguir é baseado nos estudos apresentados por CRUZ (2003), PREGO (2001), KNAPTON (1996) e SHACKEL (1990). Estes autores apresentam, em seus respectivos trabalhos, uma abordagem histórica descrevendo a evolução desta técnica de pavimentação através dos séculos. A invenção da roda ocorreu na Mesopotâmia, há mais de 5.000 anos e gerou a necessidade da utilização de materiais mais resistentes para a construção de estradas, devido ao aumento da carga transportada por estas. Uma das mais antigas de que ainda se encontram vestígios está na Grécia, que foi revestida com pedra e construída, provavelmente, a 1.500 anos antes de Cristo. Os primeiros caminhos utilizados com fins de transporte de pessoas e cargas entre as vilas e as colônias são creditados aos povos Etruscos (800 a 350 a.C). Estes povos 11 visavam vencer distâncias e tinham a preocupação de garantir conforto e resistência, através de uma superfície mais plana possível, e da utilização de materiais disponíveis e conhecidos na época. No revestimento destes caminhos, eram utilizadas pedras de mão juntamente com um material mais fino para o preenchimento das juntas entre as pedras. Os Romanos herdaram vários dos conhecimentos sobre a construção de caminhos dos Etruscos. Com a necessidade de construir ligações entre todo o Império Romano e principalmente permitir um rápido deslocamento das tropas militares, os caminhos Romanos foram construídos de diversas formas, de acordo com a importância, expectativa de utilização, disponibilidade de material, clima e topografia. Geralmente, eram constituídos por solos arenosos misturados a pedras naturais do tipo seixo rolado, já os caminhos mais utilizados eram revestidos por pedras talhadas manualmente em forma retangular. O revestimento de pedras talhadas foi o preferido pelos Romanos, quando era exigida grande resistência ao desgaste. Porém, sua utilização dependia essencialmente da disponibilidade de materiais. Durante o período que se estendeu entra 400a.C e 200a.C, os romanos intensificaram a construção de um abrangente sistema de caminhos compreendendo uma extensão de mais de 75.000 milhas (120.700km). Vinte e nove estradas irradiavam de Roma e se conectavam a numerosas outras. Um dos exemplos clássicos deste tipo de pavimentação é a Via Ápia, que foi um dos caminhos mais importantes do Império Romano e ligava Roma ao sul da Itália, da qual ainda são encontrados vestígios em algumas partes da Europa. Iniciada pelo censor romano Appius Cláudios, ligava Roma a Brindisi, numa extensão de 584km, com o objetivo de transportar provisões, tropas e armamentos da costa do Mediterrâneo à costa Ádria. Infelizmente, um grande trecho desta histórica estrada foi recoberta por pavimentos mais modernos, sob a alegação de que sua superfície original era tão grosseira que os veículos apenas trafegavam com velocidade próxima a 16km/h (GUIMARÃES, 2002). A Figura 2.4 apresenta um dos poucos locais em que se mantiveram intactas partes da Via Ápia. 12 Figura 2.4 – Vila Ápia em Roma (MADRI, 2004) Já no século XVI, quando os espanhóis invadiram o Império Inca, seus expedicionários ficaram maravilhados com o sistema de estradas que encontraram, ao qual é creditado um total de 40.000km de estradas construídas. Estas se estendiam entre a Colômbia até o Chile e Argentina e eram apoiadas por outros dois caminhos longitudinais, o Caminho Andino e o Costeiro. Os revestimentos destes caminhos variavam entre o de pedra, para locais muito chuvosos, e o de terra batida em locais com clima seco (PREGO, 2001). Com o passar dos anos, cada vez mais os caminhos eram utilizados para fins comerciais e as composições das cargas transportadas se modificaram e começaram a exigir cada vez mais do revestimento. A natureza das peças utilizadas no revestimento variava em função da oferta dos materiais locais. O processo evolutivo das peças utilizadas no revestimento pode ser representado basicamente por quatro tipos de materiais; blocos de tijolos, pedra talhada, blocos de madeira e peças de concreto. Blocos de Tijolos de Argila Existem evidências de uso de tijolos de argila em revestimento na Mesopotâmia há 5.000 anos. Os primeiros relatos da utilização do betume em pavimentação foram desta mesma época. Neste processo, os tijolos eram aplicados sobre uma camada de betume objetivando garantir a aderência dos tijolos ao leito do terreno. Porém a durabilidade dos blocos era pequena, devido ao desgaste gerado pela ação do tráfego. Sua utilização 13 era restrita a regiões que não dispunham de outro material com maior resistência. Ao final do século XIX, apareceram os primeiros fornos para a queima da argila em altas temperaturas com isto, os tijolos de argila passaram a ser muito utilizados na Europa e na América, pois a queima da argila aumentava sua resistência mecânica. Historicamente, a cidade brasileira de Rio Branco, capital do Acre, vem utilizando o processo dos blocos de tijolos de argila nos revestimentos de pavimentos de suas ruas desde 1940. A inexistência de pedra naquela região do país, aliada à grande disponibilidade de material para a produção de tijolo cerâmico contribuiu de forma decisiva para este fato. O assentamento é feito diretamente sobre o aterro previamente preparado oferecendo uma superfície que confere segurança ao rolamento, além de oferecer resistência à infiltração de água. A matéria prima para a fabricação dos blocos de tijolos de argila, deve apresentar alto índice de resistência à compressão, para que, quando convenientemente preparada e queimada, dê origem a blocos que apresentem boa resistência à compressão e ao desgaste (FUNTAC, 1999). A Figura 2.5 apresenta um trecho de pavimento com a utilização de blocos de tijolos de argila na cidade de Rio Branco – Acre (NASCIMENTO, 2005). Figura 2.5 – Pavimento de Blocos de Argila na cidade de Rio Branco – Acre (NASCIMENTO, 2005) 14 Pedras Talhadas e Aparadas Manualmente No século XVIII, surgiam os primeiros modelos de assentamento de pedras talhadas em fileiras ou tipo espinha de peixe. Naquela época já existia grande preocupação em manter as juntas estreitas entre as peças, exigindo grandes esforços para homogeneizar as dimensões das peças. As espessuras variavam entre 90 e 180mm. No século XX, foi instituída a prática de selar as juntas com argamassa de cimento ou com mistura de asfalto e areia. No Brasil, este tipo de revestimento é usualmente conhecido como pavimento de paralelepípedos ou paralelos e pé-de-moleque. Nos pavimentos de paralelepípedos, as peças possuem dimensões aproximadas de 120mm de largura, 200mm de comprimento e 200mm de altura. Este tipo de pavimento é muito utilizado nos dias de hoje nas cidades do interior do país e áreas como baias de ônibus das grandes cidades. O seu assentamento é realizado sobre uma espessa camada de areia e as juntas entre peças possuem dimensões de até 20mm. A utilização do revestimento pé-de-moleque é mais antiga que o paralelo, foi trazida pelos portugueses para o Brasil a partir de 1600. As pedras têm formatos irregulares e dimensões de até 50 cm e são arrumadas sobre o terreno natural. Exemplos de aplicação dos pavimentos de pedras pé-de-moleque podem se vistos em cidades históricas do Rio de Janeiro, como Paraty, e de Minas Gerais, como Tiradentes. Nas Figuras 2.6 e 2.7 estão representados estes tipos de pavimento instalado nos caminhos entre Paraty-RJ e as cidades mineiras e na área urbana da cidade de Paraty, no chamado “Caminho do Ouro”. Os portugueses construíram este pavimento para facilitar o transporte do ouro que era explorado nas cidades mineiras de Tiradentes, São João Del Rei e Ouro Preto e trazido até a cidade de Paraty no Rio de Janeiro para embarque nos navios que o levavam a Portugal. 15 Figura 2.6 - Pavimento de pé-de-moleque situado em São João Del Rei Figura 2.7 - Rua de pavimento de pé-de-moleque localizada na Cidade de Paraty – RJ 16 Blocos de Madeira No início do século XIX, os revestimentos de peças de madeira eram utilizados com o objetivo de diminuir o nível de ruído, principalmente onde o tráfego era composto de carruagens equipadas com rodas de ferro. Os blocos de madeiras tinham, em média, dimensões entre 125mm e 250mm de comprimento e 75 e 100mm de largura. As peças eram envolvidas por uma camada de mastique betuminoso onde se colocavam pequenos grãos de pedra para auxiliar sua ancoragem à base do pavimento. Embora os pisos de madeira reduzissem o barulho durante a passagem do tráfego, tornavam-se escorregadios quando molhados. Com o aparecimento do automóvel dotado de pneus de borracha, este tipo de revestimento foi definitivamente abandonado (CRUZ, 2003). Peças Pré-moldadas de Concreto (PPC) Passar dos tipos de soluções descritas anteriormente para as PPC parece ser uma evolução natural. As primeiras PPCs foram fabricadas no final do século XIX e algumas patentes foram registradas antes da primeira Guerra Mundial. Rapidamente foi reconhecido que as PPC forneciam melhor uniformidade que as peças aparadas e obviamente não necessitavam re-aparamento antes do assentamento final como acontecia com as pedras naturais. Os primeiros avanços no desenvolvimento da utilização da pavimentação com PPC ocorreram na Holanda e Alemanha no período de reconstrução destes países após a Segunda Guerra Mundial. A partir de 1950, houve uma evolução dos modelos de fôrmas existentes para a sua fabricação. Primeiramente as peças imitavam os tijolos e pedras aparadas da época, objetivando obter sua substituição gradual. Nesta fase, as únicas vantagens de utilização eram os custos mais baixos e a homogeneidade dimensional. Passado este período, foi incorporado um maior refinamento nas formas das peças, disponibilizando outros modelos, como as de formatos dentados principalmente. O conceito de intertravamento e melhor controle de espessuras das juntas começava a ser 17 implantados. Benefícios práticos para o assentamento das peças eram facilmente detectados, permitindo a utilização correta de mão de obra pouco especializada. Por fim, o desenvolvimento da pavimentação de PPC permitiu relacionar a escolha da forma geométrica com o desempenho do pavimento. No final da década de 1970, proliferaram os sistemas de fabricação de PPC em todo o mundo e pelo menos 200 tipos de formas e diversos tipos de equipamentos de fabricação eram comercializados. No início da década de 1980, a produção anual já ultrapassava 45 milhões de metros quadrados, sendo 66% deste total aplicado em vias de tráfego urbano. A indústria mundial de fabricação de PPC, no final da década de 1990 chegou à impressionante marca de produção de 100m² por segundo durante os dias úteis de trabalho (SMITH, 2003). Desde a década de 1980, com a disponibilidade de equipamentos de grande produtividade, a indústria de pavimentos intertravados de concreto vem crescendo em grandes proporções em todo o mundo. O que era um material utilizado apenas em áreas para proporcionar melhores efeitos arquitetônicos ou paisagísticos, começou a dar lugar a um material versátil que possibilita a harmonização com qualquer tipo de ambiente, inclusive o rodoviário e o industrial, tanto esteticamente quanto estruturalmente. Nos Estados Unidos, a cada cinco anos dobra-se a quantidade, em metros quadrados, de pavimentos que aplicam esta técnica, e projeta-se que em 2005 serão utilizados mais de 60 milhões de metros quadrados nesse país (SMITH, 2003). 2.4 Estrutura Típica de um Pavimento de PPC A estrutura típica de um pavimento formada pelas camadas constituintes de um pavimento de PPC está mostrada na Figura 2.8. A camada de rolamento é formada por PPCs que compõem um revestimento de grande durabilidade e resistência, assentadas sobre uma camada delgada de areia. Esta revestimento deve ser capaz de suportar as cargas e as tensões provocadas pelo tráfego protegendo a camada de base do desgaste por abrasão e a mantendo com baixos níveis de umidade permitindo melhor estabilidade do material constituinte (HALLACK, 1998; ABCP, 1999). 18 Figura 2.8 – Estrutura típica de um pavimento de PPC (HALLACK, 1998) A camada de base recebe as tensões distribuídas pela camada de revestimento. Sua principal função é a de resistir e distribuir os esforços ao subleito, evitando assim as deformações permanentes e a conseqüente deterioração do pavimento. Os estudos realizados por KNAPTON (1976) demonstram que a camada de base deve ser uma camada pouco permeável, ou impermeável, para evitar a penetração da água e a prematura deterioração do subleito. SHACKEL (1990) admite que o dimensionamento poderá requerer, ainda, uma camada de sub-base, suplementar à base, executada diretamente sobre o leito regularizado ou sobre o reforço de subleito dependendo da magnitude das cargas geradas pelo tráfego e das características mecânicas e dos módulos de elasticidade da base e do leito. Então, pode-se dizer que as camadas constituintes da estrutura de um pavimento intertravado possuem a função de distribuir a tensão normal vertical aplicada na superfície, de tal maneira que o subleito receba uma parcela muito inferior desta tensão, o que caracteriza um pavimento flexível. 19 Alguns outros materiais começam a ser empregados no projeto e na execução de pavimentos de PPC, como os geotêxteis. Eles possuem a finalidade de proteger as camadas inferiores da infiltração de água, evitar o bombeamento de finos e conter a fuga de materiais em áreas próximas às contenções laterais, tais como: meio-fios, drenos, caixas de serventia, etc. (CRUZ, 2003). As espessuras das camadas constituintes do Pavimento Intertravado, como nos pavimentos asfálticos, irão depender das seguintes características (ABCP, 1999): • Intensidade do tráfego que circulará sobre o pavimento; • Características do terreno de fundação; • Qualidade dos materiais constituintes das demais camadas. 2.4.1 Camada de Revestimento de PPC A camada de revestimento composta por PPC é a superfície de desgaste e cumpre, ainda, uma importante função estrutural. Ela estabelece a condição de rolamento (conforto ao usuário), durabilidade do pavimento e contribui decisivamente para a função estrutural do pavimento (distribuição de tensões) por meio de suas características de intertravamento, além de suportar as tensões cisalhantes superficiais de contato das rodas dos veículos. A capacidade de distribuição dos esforços da camada de revestimento depende essencialmente de sua espessura, formato e arranjo. Pode-se dizer que a resistência à compressão individual das peças possui pouca influência neste aspecto (HALLACK, 1998). 2.4.1.1 Arranjos ou Modelos de Assentamento das PPC O tipo de arranjo tem influência tanto na aparência estética quanto no desempenho do pavimento, pois ambos são afetados significativamente conforme a escolha do tipo de assentamento. Porém não existe um consenso entre os pesquisadores sobre a interferência do tipo de arranjo em sua durabilidade. A Figura 2.9 apresenta os principais tipos de arranjo existentes (HALLACK, 1998). 20 SHACKEL (1990) relata que os pavimentos com arranjo do tipo “espinha-de-peixe” possuem melhores níveis de desempenho, apresentando menores valores de deformação permanente associados ao tráfego, enquanto observaram-se maiores deformações permanentes em pavimentos com modelos de assentamento do tipo fileira, principalmente quando o assentamento for paralelo ao sentido do tráfego. A Figura 2.10 ilustra o efeito do tipo de assentamento no desempenho dos pavimentos de PPC, obtido na pesquisa relatada na referência citada. O Boletim Técnico da ICPI no 4 (ICPI, 2002b) recomenda a utilização do arranjo do tipo “espinha-de-peixe” em áreas de tráfego veicular. Figura 2.9 – Principais tipos de assentamento das PPC (HALLACK, 1998) 2.4.1.2 Formato das PPC Diversos estudos vêm demonstrando que as PPC de lados segmentados possuem melhor comportamento do que aquelas que apresentam lados retos ou suavemente curvados. As peças segmentadas apresentam menores deformações na trilha de roda e menores deformações horizontais (ondulações) (SHACKEL, 1990). A Figura 2.11 apresenta valores de deformação horizontal para alguns tipos ou formatos de peças. 21 Figura 2.10 - Efeito do arranjo de assentamento das peças de concreto no desempenho do pavimento sob solicitação do tráfego (SHACKEL, 1990) Não existe consenso entre os pesquisadores sobre qual o melhor formato da PPC. De um lado, SHACKEL (1990) aponta que as peças segmentadas proporcionam melhor distribuição dos esforços devido a um melhor intertravamento proporcionado pelo desenho da peça. De outro lado, KNAPTON & COOK (1992) e ABCP (1999) afirmam que o formato das PPC não exerce uma significativa influência no desempenho e no mecanismo funcional dos pavimentos. Assim, conclui-se que, no estágio atual de conhecimento torna-se impossível tomar algum partido, e que o único requisito recomendado com relação ao formato das peças é que ele seja capaz de permitir o assentamento em combinação bidirecional. A Figura 2.12 apresenta os formatos típicos das PPC mais atuais (HALLACK, 1998). 22 Figura 2.11 – Efeito do arranjo e formato das PPC na deformação sobre a ação do número de solicitações (SHACKEL, 1990) 23 Figura 2.12 – Formatos típicos das PPC (HALLACK, 1998) 2.4.1.3 Espessura das PPC KNAPTON (1976) relata que as espessuras das peças não são significativas no comportamento estrutural e funcional dos pavimentos. No entanto, com a evolução dos estudos, SHACKEL (1990) demonstra que um aumento na espessura das peças, dentro de um intervalo de 60mm a 100mm, é benéfico ao desempenho do pavimento. Mostra que ensaios efetuados com o Simulador de Veículos Pesados, na África do Sul, indicaram que as deformações permanentes no pavimento eram consideravelmente menores com peças pré-moldadas de concreto de 80mm do que com as peças de 60mm, num mesmo nível de solicitação. O teste com PPC de 100mm mostrou deformações permanentes inferiores e uma variação muito acentuada em relação às peças de 80mm, conforme mostra a Figura 2.13. 24 Figura 2.12 - Efeito da espessura das peças de concreto no desempenho do pavimento sob solicitação do tráfego (SHACKEL, 1990) 2.4.2 Influência do Colchão de Areia O principal objetivo do colchão de areia é de servir de base para o assentamento das PPC. Também, espera-se que ele venha a proporcionar uma superfície regular onde se possa colocar as peças e acomodar suas eventuais tolerâncias dimensionais (CRUZ, 2003). A camada de areia, ainda, destina-se a ser uma barreira para impedir que eventuais trincas surgidas na camada de base, quando cimentada, venham surgir na camada de revestimento. Ela também atua como fonte de preenchimento das partes mais baixas das juntas. Ressalta-se que a espessura e a qualidade da areia utilizada influi diretamente no desempenho final do pavimento. O comportamento estrutural está diretamente ligado à espessura da camada, bem como à granulometria e ao índice de forma dos grãos. 25 A Figura 2.13 (SHACKEL, 1990) mostra a deformação permanente em pavimentos de PPC com diferentes espessuras da camada de areia. Nela pode-se observar que, para espessuras de colchão de areia entre 40 e 70mm, as deformações são pequenas e muito parecidas e, para uma espessura de 100mm, o valor da deformação permanente quadruplica em relação à espessura de 70mm. Figura 2.13 – Efeito da espessura da camada de areia de assentamento no desempenho do pavimento (SHACKEL, 1990) 2.4.2.1 Características do Colchão de Areia É consenso entre alguns autores (SHACKEL, 1990; BEATY, 1996; YAGINUMA et al, 2000) que a forma dos grãos de areia usada no colchão de assentamento interfere diretamente no comportamento e na deformação do pavimento intertravado, sendo que as partículas angulares possuem maior coeficiente de atrito, o que vem a provocar melhor distribuição dos esforços. 26 Uma característica que influencia negativamente o desempenho do colchão é a presença de silte e argila na areia. Trabalhos, como o de YAGINUMA et al (2000), confirmam que a presença de partículas com diâmetro abaixo de 75µm provoca perda de rejuntamento e desnível entre as peças, além de acarretar um endurecimento (“Hardening”) excessivo nesta camada. Para se evitar a presença deste material deve-se realizar uma lavagem da areia com água e evitar o contato desta com o solo (ABCP, 1999). BEATY (1996) relata que em países como Inglaterra, Austrália, Canadá e Estados Unidos é comum especificar agregados com dimensão máxima de 5mm e material passante na peneira nº 200 (75µm) igual ou inferior a 3,0%, e, em locais de tráfego pesado, não admitir nenhum material passante na peneira de nº 200. No Brasil é recomendado o peneiramento com malhas de 10mm de abertura com o objetivo de retirar os grãos de maior dimensão, tornando-a mais fofa (ABCP, 1999). Grande parte dos pesquisadores consideram que os defeitos prematuros do pavimento intertravado estão direta ou indiretamente relacionados com a qualidade ou má execução do colchão de areia e rejuntamento das PPC. A Tabela 2.1 (CRUZ, 2003) apresenta as recomendações técnicas utilizadas em alguns países para as areias das camadas de assentamento e rejuntamento das PPC. Relata-se que nos Estados Unidos e no Canadá as especificações não fazem referência à forma dos grãos da areia utilizada, apesar de ser recomendada a utilização de grãos angulares ou pontiagudos por vários pesquisadores e institutos técnicos desses países. As especificações granulométricas para os materiais a serem utilizados no rejuntamento das peças são mostradas na Tabela 2.2 (HALLACK, 1998). No Brasil, segundo CARVALHO (1998), recomenda-se que a areia utilizada no colchão apresente no máximo 5% de silte e argila (em massa) e no máximo 10% de material retido na peneira de 4,8mm e recomenda-se que a areia a ser utilizada deve se enquadrar na faixa granulométrica apresentada na Tabela 2.3 (ABCP, 1999). 27 Tabela 2.1 – Recomendações técnicas da granulometria da areia a ser utilizada no colchão de areia em alguns países (CRUZ, 2003) Granulometria a ser utilizada no colchão de areia Peneiras Austrália Inglaterra África do Sul (mm) U.S.A Canadá % passante 9,52 100 100 100 100 100 4,75 95 a 100 90 a 100 90 a 100 95 a 100 95 a 100 2,36 80 a 100 75 a 100 75 a 100 85 a 100 80 a 100 1,18 50 a 85 55 a 90 55 a 90 50 a 85 50 a 90 0,60 25 a 60 35 a 59 35 a 70 25 a 60 25 a 65 0,30 10 a 30 8 a 30 8 a 35 10 a 30 10 a 35 0,150 5 a 15 0 a 10 1 a 10 2 a 10 2 a 10 0,075 0 0a3 0a3 0 0 Tabela 2.2 – Especificações granulométricas para os materiais a serem utilizados no rejuntamento das peças do revestimento (HALLACK, 1998) Granulometria Para Rejuntamento das PPC Peneiras (mm) Areia Areia Natural Artificial Canadá Austrália África do Sul % passante 4,75 100 100 100 100 100 2,36 95 a 100 95 a 100 95 a 100 100 100 1,18 70 a 100 70 a 100 90 a 100 90 a 100 90 a 100 0,60 40 a 75 40 a 100 35 a 80 60 a 100 60 a 100 0,30 10 a 35 20 a 40 15 a 50 30 a 60 30 a 60 0,150 2 a 15 10 a 25 2 a 15 15 a 30 15 a 30 0,075 0a1 0a1 0 5 a 10 5 a 10 28 Tabela 2.3 – Granulometria da areia a ser utilizada no colchão (CARVALHO, 1998) Abertura da % passante Peneira (mm) em massa 9,5 100 4,8 95 a 100 1,2 50 a 85 0,6 25 a 60 0,3 10 a 30 0,15 5 a 15 0,075 0 a 10 Nos pavimentos de PPC que recebem tráfego pesado, alguns pesquisadores recomendam considerar, nas especificações do projeto, a realização de ensaios de degradação ou durabilidade das areias que serão utilizadas no colchão e no rejuntamento. Alguns destes ensaios são comentados a seguir. 2.4.2.2 Ensaios de Durabilidade da Areia a) Ensaio de Durabilidade Lilley and Dowson Este ensaio é o mais utilizado e especificado internacionalmente. Foi desenvolvido na Inglaterra como resultado da colaboração conjunta da “Cement and Concrete Association” e uma das maiores produtoras de PPC daquele país. Foi desenvolvido especificamente para aplicações na camada de colchão de areia utilizado nos pavimentos intertravados (KNAPTON, 1997). A metodologia deste ensaio inclui os seguintes passos (CRUZ, 2003): 1. Coletar uma amostra representativa de areia de aproximadamente 5kg; 2. Homogeneizar a amostra convenientemente; 3. Utilizando um quarteador, separar 1200 gramas da amostra principal; 4. Secar a amostra em estufa, a temperatura constante de 100 – 105ºC, por um período de 24 horas; 29 5. Da amostra seca, quartear novamente 3 sub-amostras de 200g; 6. Realizar o ensaio de granulometria com as 3 sub-amostras; 7. Após o ensaio de granulometria, remisturar as 3 amostras, colocando-as em um jarro de porcelana ou material inerte e resistente, juntamente com uma esfera de aço com 25mm de diâmetro e com uma massa de 135 ± 3g; 8. O jarro é devidamente tampado e colocado em movimento giratório com uma rotação de 50rpm durante 6 horas (aproximadamente 18.000 revoluções); 9. As amostras são removidas cuidadosamente da jarra de porcelana e um novo ensaio de granulometria é executado; 10. A média dos 3 valores obtidos na porcentagem passante em cada peneira é registrada; 11. A diferença aritmética encontrada entre as duas percentagens passantes de cada peneira antes e depois do ensaio é denominado o valor da degradação da areia. Os limites mínimo e máximo recomendados para os resultados do ensaio de durabilidade Lilley and Dowson são reproduzidos na Tabela 2.4, conforme KNAPTON (1997). Tabela 2.4 - Limites aceitáveis da areia após o ensaio de durabilidade Lilley and Dowson (KNAPTON, 1997) Peneiras (% passante) N° 200 (0,075mm) N° 100 (0,150mm) Nº 50 (0,300mm) Variação da % passante % passante máxima da areia antes e depois do antes e depois do ensaio. ensaio 2 2 5 15 5 35 30 b) Ensaio de Degradação Micro-Deval O ensaio de degradação Micro-Deval foi originalmente desenvolvido na França para agregado graúdo. Foi adaptado pelo Ministério do Transporte de Ontário, Canadá, para avaliação da qualidade do agregado miúdo para concreto e asfalto, como substituto do ensaio de sanidade a sulfatos (CRUZ, 2003). As etapas da realização deste ensaio são (CRUZ, 2003): 1. Preparar uma amostra representativa de agregado fino, com granulometria passando na peneira 4,75mm; 2. Utilizando um quarteador, separar 2 amostras com 700g; 3. Lavar com água corrente as amostras selecionadas, sobre uma peneira 0,075mm, desprezando as partículas passantes nesta peneira; 4. Secar as amostras em estufa à temperatura constante de 100 – 105ºC até a constância de massa; 5. Da amostra que contém 700g, separar 500g, saturando-a em água por 24 ± 4 horas, eliminando o excesso de água; 6. Colocar a amostra saturada em um recipiente cilíndrico de aço inoxidável de capacidade de 5 litros, com 750ml de água; 7. Uma carga de bolas de aço inoxidável, com diâmetro de 9,5 ± 0,5mm e com massa total de 1250 ± 5g, é colocada no interior do cilindro que é fechado adequadamente; 8. O cilindro é posto em rotação com 100 ± 5rpm por 15 minutos ± 10 segundos; 9. Remover as bolas de aço através de lavagem nas peneiras de 6,7mm e proceder granulometria por lavagem na peneira 0,075mm do material ensaiado; 10. O material retido é seco em estufa até atingir massa constante; 11. O resultado do ensaio é calculado como a perda de massa, expressa como a percentagem da massa inicial (Massa seca após o teste/Massa seca antes do teste*100), com precisão de 0,1%. c) Ensaio de Degradação por Atrito Modificado O ensaio de atrito para determinação da resistência ao desgaste por atrito está normalizado na Inglaterra desde 1960 e na norma Americana ASTM D2-1698 desde 31 1972. Este ensaio continua sendo utilizado até hoje na Inglaterra em lastro de ferrovia para o material passante na peneira de 50mm e retido na peneira de 37,5mm, tendo sido adaptado para o colchão de areia dos pavimentos intertravados, reduzindo o volume do cilindro de atrito e mudando a malha das peneiras para 10 vezes menor (CRUZ, 2003). Os procedimentos deste ensaio são (CRUZ, 2003): 1. Preparar 3 amostras de areia com 500g (passando nas peneiras de 5mm); 2. Cada amostra é colocada junto com a mesma massa de água em um cilindro de aço inoxidável de 150mm de altura com 100mm de diâmetro; 3. Os cilindros são montados em um eixo inclinado a 30°, com rotação sobre o seu próprio eixo, e colocado em rotação de 30 a 33rpm por 10.000 revoluções; 4. O desgaste acontece com o próprio movimento dos grãos uns sobre os outros e, como o cilindro encontra-se inclinado, os grãos das amostras se movimentam em toda a extensão do cilindro; 5. A amostra é seca e nova granulometria é realizada em algumas peneiras (entre a 4,75mm até a 0,075mm) e verificada a diferença de massa da amostra antes e depois do ensaio; 6. O resultado é a quantidade de material passante na peneira 0,075mm. d) Ensaio de Degradação por Viscosidade Seca O ensaio de Viscosidade Seca serve para avaliar a qualidade da areia através da forma de seus grãos. MORI & KARASAHARA (2000) e YAGINUMA et al (2000) utilizaram este ensaio correlacionando o tempo de escoamento da areia em um funil padrão com a forma de seus grãos. Quanto mais angular é a forma dos grãos maior é o tempo de escoamento (CRUZ, 2003). A metodologia de execução deste ensaio é a seguinte (CRUZ, 2003): 1. Preliminarmente, é realizada uma granulometria com as peneiras 0,6mm e 0,3mm; 2. Separar o material retido na peneira 0,3mm até obter uma massa de 500g ou 680cm³; 3. A amostra preparada é colocada no funil com capacidade suficiente para armazenar 500g de amostra. O bico do funil deverá ter diâmetro de 10mm; 32 4. Utilizando um cronômetro, mede-se o tempo de escoamento de toda a amostra; 5. O tempo de escoamento, expresso em segundos, é a viscosidade. e) Ensaio de Degradação por Trituração O ensaio de Trituração é um ensaio complementar que segue a mesma linha do ensaio de Impacto. Também é indicado por MORI & KARASAHARA (2000), e seu resultado é referido à porcentagem de areia passante na peneira de 0,075mm após a trituração (CRUZ, 2003). O ensaio de trituração é realizado no cilindro do ensaio de CBR de 150mm de diâmetro, que é preenchido com areia com umidade natural até 1/3 de sua altura. Utilizando um soquete de compactação de 4,5kg e 45cm de altura de queda, aplicam-se 67 golpes por camada na amostra moldada no cilindro. Após a aplicação dos golpes, efetua-se a granulometria por lavagem na peneira 0,075mm. O resultado é expresso como o percentual passante na peneira 0,075mm antes e depois do ensaio ou como o percentual passante antes e depois em cada peneira. 2.5 Características de Intertravamento de um Pavimento de PPC Pode-se definir intertravamento como sendo a característica que o pavimento de peças pré-moldadas de concreto tem de resistir aos esforços de deslocamentos individuais das peças, sendo estes verticais, horizontais, de rotação e giração em torno das peças vizinhas (HALLACK, 1998). Segundo SHACKEL (1990), KNAPTON & ALGIN (1996), HALLACK (1998), e ICPI (2002a), o pavimento de PPC deve ter quatro tipos de intertravamento (horizontal, vertical, rotacional e de giração), que atuem simultaneamente ao longo de sua vida de serviço e estão descritos a seguir. Para alcançar o travamento adequado indispensável ao seu desempenho, os pavimentos de peças pré-moldadas de concreto necessitam de algum tipo de contenção lateral, comumente meios-fios. Um bom travamento confere às peças de concreto a capacidade de transmitir as cargas superficiais aplicadas em pequenas áreas, para áreas mais 33 extensas nas camadas de base, mantendo as tensões no subleito dentro de limites admissíveis (HALLACK, 1998). A propriedade de distribuição das cargas vai melhorando com o tempo de utilização do pavimento. Chega-se progressivamente a um estado de travamento total chamado intertravamento, a camada de rolamento vai adquirindo maior rigidez, e as peças prémoldadas de concreto deixam de constituir uma mera camada de rolamento e transformam-se numa camada estrutural. Intertravamento Horizontal É a capacidade que as peças adquirem de não se deslocarem horizontalmente em relação às vizinhas. Está diretamente relacionado com o formato e arranjo de assentamento das PPC sobre a camada de areia. Contribui na distribuição dos esforços de cisalhamento horizontal principalmente em áreas de aceleração e frenagem. Pode-se dizer que as juntas são as principais responsáveis pelo intertravamento horizontal, quando convenientemente preenchidas com material adequado. A Figura 2.14 (c) representa um esquema do intertravamento horizontal (ICPI, 2002a). Intertravamento Vertical É a capacidade que as peças adquirem de não se moverem verticalmente em relação às vizinhas. É conseguido através dos esforços de cisalhamento absorvidos pelo rejuntamento entre as peças e a capacidade estrutural das camadas inferiores do pavimento. Os desenhos de peças que melhor impedem este tipo de movimento são as de encaixes reentrantes, pois quando é aplicado um carregamento vertical o contato macho-fêmea distribui os esforços para as peças vizinhas. A Figura 2.14 (a) representa um esquema do intertravamento vertical (ICPI, 2002a). Intertravamento Rotacional É a capacidade que as peças adquirem de não girar em torno de seu próprio eixo vertical. Pode ser melhorado aumentando a espessura das peças e o conseqüente confinamento oferecido pelas peças vizinhas. Esse movimento pode ser provocado pela 34 freqüência e o tipo do tráfego, principalmente em áreas de frenagem, aceleração e em curvas onde existe um aumento da tensão radial provocada pelo arrasto dos pneus. A Figura 2.14 (b) representa esquematicamente o intertravamento rotacional (ICPI, 2002a). (a) (b) (c) Figura 2.14 – Tipos de intertravamento: vertical, rotacional e horizontal (ICPI, 2002a) Intertravamento de Giração É a capacidade que os blocos adquirem de não girarem em torno de seu próprio eixo horizontal, isto é, eventualmente, uma ou mais peças poderão girar, ainda que mantendo a planicidade da superfície do pavimento, conforme mostra a Figura 2.15 (HALLACK, 1998). Este fenômeno é de rara ocorrência e pode ser evitado com um bom confinamento lateral da camada e das peças pré-moldadas, construindo-se as juntas entre as peças com larguras adequadas (2,5 - 3mm) e mantendo-as preenchidas com material de rejuntamento. 2.6 Critérios de Aceitação dos Blocos de Concreto para Pavimentação Como já dito anteriormente, os blocos de concreto colocados justapostos irão formar a camada de revestimento ou de rolamento dos pavimentos intertravados, e estes blocos 35 devem passar por alguns ensaios para o controle de qualidade dos mesmos. A normas brasileiras para os blocos de concreto destinados à pavimentação são a NBR 9781 (ABNT, 1987b)– “Peças de concreto para pavimentação. Especificação” e a NBR 9780 (ABNT, 1987a) – “Peças de concreto para pavimentação. Determinação da resistência à Compressão”. Figura 2.15 - Movimento de giração das PPC (HALLACK, 1998) As variações nas peças, mesmo quando moldadas em um mesmo equipamento, com o mesmo processo de cura, estocagem e transporte podem ocorrer tanto nas dimensões quanto na superfície, nas arestas, nas quinas e em suas resistências. Primeiramente, realiza-se inspeção visual das PPC, que objetiva a identificação de peças com defeitos que possam vir a prejudicar o assentamento, o desempenho estrutural ou a estética do pavimento. A variação entre as dimensões fornecidas pelo fabricante e as reais não devem ultrapassar as seguintes valores (ABREU & KATTAR, 2000): • 3mm no comprimento e na largura; • 5mm na espessura; • Além disso, os cantos vivos (bordas, quinas e chanfros) não devem apresentar defeitos ou perdas de material e nem rebarbas. 36 As características mecânicas dos blocos deverão ser verificadas em laboratório, de maneira que atendam às normas brasileiras. Segundo a NBR 9781 (ABNT, 1987b), deve-se ter: • Resistência à compressão característica maior ou igual a 35MPa, para solicitação de veículos comerciais de linha; • Resistência à compressão característica maior ou igual a 50MPa, quando houver tráfego de veículos especiais ou solicitações capazes de produzir acentuados efeitos de abrasão. Deve-se destacar que os diferentes requisitos de resistência que as PPC devem atender em diversos países dependem também das condições climáticas. Em países de climas frios, como o Canadá, a resistência dos blocos deve ser muito alta para resistir ao congelamento da água no inverno; em outros onde não existe a problemática do congelamento, a resistência pode ser menor, apenas para resistir ao desgaste à abrasão provocada pela passagem das cargas de tráfego. Os blocos podem ser avaliados quanto à sua resistência por diversos ensaios como: compressão, flexotração, tração indireta e outros, conforme relatado em CRUZ (2003). Para a aceitação dos lotes, todas as peças devem ser separadas em lotes constituídos a critério do comprador e submetidos ao controle de aceitação, satisfazendo às seguintes condições conforme NBR 9781 (ABNT, 1987b): • O lote deve ser formado por peças com as mesmas características, produzidas sob as mesmas condições e os mesmos materiais; • O lote deve ser formado por no máximo 1600m2 de pavimento a ser executado; • A amostra deve ter no mínimo 6 peças, para lotes de até 300m2, e uma peça adicional para cada 50m2 suplementar, até o máximo de 32 blocos. O ensaio de resistência deve ser executado de acordo com a NBR 9780 (ABNT, 1987a). O valor característico da resistência à compressão, admitindo que esta grandeza tenha uma à distribuição normal, pode ser estimado pela seguinte expressão: fpk = fp – t.s 37 onde: • Fpk = resistência característica à compressão; • fp = resistência média das peças ensaiadas; • s = desvio padrão da amostra • em MPa; fpi = resistência individual das peças ensaiadas; n = número de peças ensaiadas na amostra; t = coeficiente de Student, fornecido na Tabela 2.5 de acordo com o tamanho da amostra. Tabela 2.5 – Coeficientes de Student, para um nível de segurança de 80% a ser usado no cálculo da resistência característica das PPC (ABNT, 1987a) n t n t 6 0,92 18 0,863 7 0,906 20 0,861 8 0,896 22 0,859 9 0,889 24 0,858 10 0,883 26 0,856 12 0,876 28 0,855 14 0,870 30 0,854 16 0,866 32 0,842 CRUZ (2003) relacionou a resistência à compressão das PPCs a algumas variáveis relacionadas ao tipo de materiais utilizados, como mostra a Figura 2.16, e ao tipo de cura recomendado. O objetivo foi de determinar uma metodologia de dosagem para a fabricação de blocos de concreto para pavimentação e avaliar o desempenho das PPC, fabricadas segundo a metodologia proposta, dentro dos critérios estabelecidos pela normas brasileiras e européias. O método de dosagem proposto está detalhado em CRUZ (2003). Os tipos de cura utilizados na pesquisa de CRUZ (2003) foram: 38 • TIPO A - Imediatamente após a moldagem das PPC, as mesmas foram acondicionadas em câmara fechada com ciclos de aspersão de água contínua, por período de 24 horas. Após este período, as PPC foram levadas para ambiente natural; • TIPO B - Imediatamente após a moldagem das PPC, as mesmas foram acondicionadas em câmara fechada com ciclos de aspersão de água contínua, por período de 24 horas. Após este período as peças foram transferidas para paletes, foi aspergida água sobre todo o lote de PPC e, finalmente, as peças foram envolvidas por um plástico preto, impedindo a evaporação de água diretamente para o ambiente, e protegendo as PPC do ataque de vento e sol. As amostras ficaram neste ambiente até sete dias. Após este período, foram levadas para ambiente natural; • TIPO C - Imediatamente após a moldagem das PPC, estas foram transportadas diretamente para o estoque, sem preocupação de qualquer tipo de cura. Figura 2.16 – Diagrama da dosagem elaborada por CRUZ (2003) em função dos materiais e da vibroprensa utilizada 39 Dentre os inúmeros resultados alcançados por CRUZ (2003) podem-se destacar os listados na Figura 2.17. Figura 2.17 – Resultados dos ensaios de resistência à compressão encontrados por CRUZ (2003) CRUZ (2003) relata as seguintes conclusões de seus estudos sobre a resistência à compressão simples, obtidas de ensaios realizados de acordo com a NBR 9780, (ABNT, 1987a) das peças de concreto confeccionadas: A resistência da peça não é função direta do consumo de cimento, como nos concretos plásticos; As peças que foram armazenadas em câmara de cura por 24 horas e após este período recolhidas à área de estoque (cura TIPO A) apresentaram os maiores resultados, seguidos, com pequena diferença, pelas peças que após as 24 horas na câmara de cura ficaram acondicionadas sete dias em ambiente coberto com lona preta (cura TIPO B). As PPC que não sofreram nenhum tipo de cura tiveram valores de resistência, em média, 20% menores que as que tiveram cura; 40 A relação existente entre o MFC (Módulo de Finura do Concreto) e a umidade do concreto fresco e a resistência à compressão. Analisando os resultados de mesma umidade variando o MFC, os resultados de resistência são menores quando é fixada uma umidade abaixo da considerada ótima e aumentado o MFC, porém quando se aumenta o MFC em conjunto com a umidade um novo ponto de compacidade é determinado, influenciando positivamente na resistência à compressão. Para os traços de mesmo MFC, aumentando o percentual de umidade de 5,0 para 7,0%, observa-se, em geral, um aumento de resistência, particularmente para maiores valores de consumo de cimento; Os resultados comprovaram que a umidade influi na resistência à compressão para uma mesma energia de vibração e granulometria do traço; Para os dois tipos de vibroprensas utilizados, notou-se que ocorreu uma variação de resistência à compressão de 25 a 50%. 2.7 Utilização de Pavimentos Intertravados em Rodovias São apresentadas a seguir informações de obras recentes que mostram a utilização de pavimentos intertravados em rodovias, não em vias urbanas já bastante conhecidas em nosso meio, mas aquelas que ligam pontos fora das cidades e possuem características próprias de tráfego comercial, tanto no volume quanto no tipo. O pavimento intertravado de PPC vem se desenvolvendo a tal ponto que se pode afirmar não existir um nicho sequer da engenharia de pavimentos que não tenha sido permeado por este tipo de revestimento: calçadas, ruas, caminhos, pisos industriais, portos, aeroportos e em rodovias, por todos os lugares do mundo em maior ou menor quantidade (MADRI, 2004). MADRI (2004) relata que, a partir dos anos 1990, a África do Sul iniciou um extenso programa de construção de rodovias com PPC que foram financiadas pelo BSDA – Banco de Desenvolvimento do Sul da África. Entre diversas obras, destacam-se: • Rodovia Principal 127, Boston – Impedele, em Kwazulu Natal, com 12km de extensão; • Rodovia em Bnabela, Warmbaths, com 14km; 41 • Nova rodovia em Wadela; • Nova rodovia em projeto no norte do país com mais de 20km de extensão. Dentre estas, cabe ressaltar a estrada que liga várias cidades ao centro industrial de Phuthditijhaba, em Qwa-Qwa, cerca de 300km ao sul de Johannesburgo. A estrada, em formato de “T”, possui dois trechos com extensão total de 10,9km e largura de 8m. Esta obra foi executada inteiramente com pavimento intertravado e foi concebida a partir de uma proposta alternativa ao projeto original que previa pavimento de concreto asfáltico. Na fase de projeto, o pavimento intertravado custava cerca de 13% a mais que a opção mais barata em concreto asfáltico, porém foi possível reduzir o custo no desenvolvimento do projeto e da obra. O projeto oferecia, também, uma alta geração de empregos, maior durabilidade e a possibilidade de produção dos blocos ao longo da rodovia, por meio de fabricantes locais. Passados 8,5 anos da finalização da obra, o pavimento não apresentava afundamentos ou vazios. A espessura não se reduzira e o conforto ao rolamento continuava excelente. A Figura 2.18 mostra o aspecto de dois trechos da estrada em Qwa-Qwa (MADRID, 2004). Na América do Sul, alguns países vêm se destacando na construção de rodovias com a utilização de PPC no revestimento de pavimentos, como a Costa Rica e a Colômbia. As rodovias com pavimento intertravado na Costa Rica merecem atenção pela área de implementação e pelo papel de suporte ao projeto de Eco-desenvolvimento de Papagayo, na província de Guanacaste, no meio da Floresta Tropical Semi-úmida costarriquenha. Seu revestimento é composto por PPC de 80mm de espessura, retangulares com três formatos diferentes: 100mm x 100mm, 100mm x 200mm e 200mm x 200mm, em um padrão aparentemente aleatório, variando do espinha-depeixe ao formato de fileiras. O revestimento está assente sobre uma camada de 600mm de espessura de base granular e 40mm de colchão de areia. A Figura 2.19 apresenta aspectos deste pavimento. No inicio de 2004, na Colômbia, foi concluída a construção de 680m de uma estrada na montanha, na parte alta de Envigado, cidade a sudeste de Medelin. A estrada tem largura de 7m e foi executada com PPC de 80mm de espessura, assentes sobre uma base granular de 360mm e um colchão de areia de 40mm. O formato das PPC foi o 42 retangular de 200mm x 200mm, montadas em um padrão espinha-de-peixe. A Figura 2.20 mostra dois trechos deste pavimento. A virtude principal de se construir estradas com pavimentos intertravados reside na possibilidade de ter, pelo menos durante as obras, um uso intensivo de mão-de-obra, algo em torno de um dia-homem/m2 de via. Adicionalmente, ganha-se a capacitação de pessoas para este trabalho e a possibilidade de melhorar a renda das comunidades em vários serviços. Ganha-se, também, qualidade de vida, com o estímulo para uma sensação de orgulho e participação da comunidade, além, é claro, da melhoria da própria estrada. Para a engenharia, os pavimentos de blocos são de fácil execução e exigem pouca manutenção, que pode ser feita pela própria comunidade local, sem a necessidade de equipamentos sofisticados. E as rodovias podem ser projetadas para qualquer nível de tráfego (desde muito leve até muito pesado), usando o mesmo tipo de revestimento: blocos, camada de areia para assentamento e areia de rejuntamento. Todos os insumos são de produção nacional, com grande vida útil e recicláveis, caso necessário. São países em desenvolvimento os que lideram o uso de pavimentos intertravados em estradas: Nicarágua, Costa Rica, Colômbia e, muito possivelmente, o Brasil, dado o interesse do Estado de São Paulo em construir uma via com mais de 40km nas reservas ecológicas localizadas na região Sul do Estado, que seria a mais longa rodovia construída com esta tecnologia no mundo. O mais importante não é ressaltar que o pavimento de blocos de concreto pode ser usado em estradas, mas sim que a técnica pode ser ajustada para qualquer esquema de engenharia, organização e trabalho (MADRI, 2004). 43 Figura 2.18 – Rodovia de PPC em Qwa-Qwa, África do Sul (MADRI, 2004) Figura 2.19 – Rodovia construída com PPC na Costa Rica (MADRI, 2004) Figura 2.20 – Rodovia construída com PPC na Colômbia (MADRI, 2004) 44 3 INSTRUMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS 3.1 Instrumentação de Pavimentos Segundo WERNECK (1996), os termos instrumentos e instrumentação podem ser definidos da seguinte maneira: • Instrumento: é geralmente um equipamento eletrônico que manipula sinais elétricos que representam grandezas físicas, normalmente possuem uma entrada de leitura de dados, a interface entre o meio e o instrumento, o processamento do sinal e uma saída de dados. A variável física a ser medida pode ser, por exemplo: temperatura, pressão, carga, etc. Os instrumentos medem, controlam, atuam, monitoram, transferem ou registram informações úteis relativas a eventos naturais ou tecnológicos. Por instrumentos podemos entender desde voltímetros até analisadores digitais de espectro, de computadores até robôs; • Instrumentação: pode ser definida como um conjunto de técnicas para o projeto de desenvolvimento e construção de equipamentos eletrônicos. Diversos estudos (VAN DEUSEM et al, 1992; SILVA, 2001; GONÇALVES, 2002) vêem destacando a importância da instrumentação como elemento auxiliar na interpretação do desempenho de estruturas de pavimentos. Pode-se destacar que, atualmente, existem diversos tipos de instrumentos disponíveis para serem instalados em estruturas de pavimentos. Estes equipamentos permitem a determinação de parâmetros tais como: tensão e deformação horizontal, tensão e deformação vertical, afundamentos na superfície do pavimento, sucção, temperatura e pluviometria. Entretanto, alguns autores apontam dificuldades para a determinação de medidas confiáveis de tensão vertical e horizontal no interior das camadas que constituem o pavimento. Estas dificuldades devem-se aos seguintes aspectos (Hadala, 1967; Hvorslev, 1976; Dunnicliff, 1998 apud GONÇALVES 2002): • Relação existente entre a rigidez da célula instalada e a rigidez relativa do material constituinte da camada; • Uso de técnicas inadequadas de instalação dos equipamentos. 45 Pode-se dizer que a instalação de instrumentos para o registro de dados da distribuição de cargas ou tensões pode ser realizado durante ou após o período de construção do trecho. Os locais mais comuns para as instalações são: no fundo da camada de rolamento e no topo do subleito. Um aspecto importante de ser observado na escolha dos sensores a serem utilizados para instrumentar estruturas de pavimentos, é que sua instalação no interior das camadas da estrutura pode vir a distorcer a distribuição de tensões e de deformações esperadas. Tentando evitar isto, é necessário que o sensor tenha, na medida do possível, as características de rigidez do material da camada (GONÇALVES, 2002). Para a escolha dos equipamentos a serem utilizados, deve-se levar em conta o seu desempenho, com base em determinadas características do instrumento aceitas universalmente. Estas características são utilizadas para caracterizar tais instrumentos, de um modo geral, e possibilitar a comparação entre suas performances. As características mais comuns dos equipamentos são: (WERNECK, 1996): • Faixa: ou range (do inglês), representa todos os níveis de amplitudes do sinal de entrada nos quais se supõe que o instrumento opere; • Resolução: é o menor incremento do sinal de entrada que é sensível ou pode ser medido pelo instrumento; • Sensibilidade: é a função de transferência do equipamento, isto é, a relação entre o estimulo de entrada e o sinal de saída por ele produzido; • Linearidade: quando se mede com o instrumento um valor padrão conhecido que varia de maneira conhecida, se o instrumento for perfeito ou ocorrer um erro desprezível, a “curva” obtida é uma reta; no entanto, como sempre ocorre um erro, a curva obtida “foge” em alguns pontos da “curva” ideal (reta). A distância máxima observada entre uma medida feita pelo instrumento e o valor padrão dividido pela faixa e multiplicada por 100 fornece a linearidade (%); • Histerese: se o estímulo de entrada, que existe em um instrumento, crescer até um determinado ponto o instrumento irá acusar um certo valor, mas se o estimulo começar de um ponto mais elevado e decrescer até o mesmo valor anterior, o equipamento poderá acusar um valor diferente daquele acusado anteriormente. Pode ocorrer histerese por diversas razões, como, por exemplo: 46 atrito mecânico dos ponteiros de um instrumento de medida, resposta de freqüência, inércia molecular, etc; • Exatidão ou erro: é a diferença absoluta entre o valor real e o valor medido pelo instrumento. Pode ser dada em porcentagem ou em partes por milhão (PPM) quando este valor for muito pequeno; • Precisão ou repetibilidade: é a capacidade de se obter um mesmo valor em diversas medidas; pode ser dada pelo desvio padrão das medidas efetuadas de um mesmo valor ou pelo maior erro em qualquer medida; • Estabilidade: é a capacidade de um instrumento voltar a situação de regime permanente (steady state) depois de receber um sinal transitório, como um degrau ou um pulso, por exemplo. Depende principalmente do ganho de representação e da freqüência da ressonância do sistema. VAN DEUSEN et al (1992) sugerem, ainda, alguns outros fatores a serem considerados para a seleção de instrumentos a serem utilizados em pistas experimentais, que são eles: 3.1.1 • Durabilidade; • Resistência Mecânica; • Configuração Geométrica; • Vida de Fadiga; • Locais de Instalação. Identificação dos Pontos de Instalação das Células Para a identificação dos pontos de instalação, deve-se ter claro onde se localizam os pontos críticos de tensões. Faz-se necessário inicialmente a identificação da estrutura do pavimento a ser instrumentada. Para pavimentos flexíveis (como são considerados os pavimentos intertravados), a distribuição das tensões geradas pela passagem das cargas do trafego se dá de modo que as camadas de revestimento e de base aliviem as tensões normais verticais de compressão no subleito por meio de absorção de tensões horizontais e verticais. 47 Devido à ocorrência de tensões de tração no limite inferior da camada de revestimento flexível, o que no caso dos pavimentos asfálticos proporciona seu rompimento por fadiga e nos pavimentos intertravados o deslocamento do colchão de areia e das peças de PPC quando não se tem uma boa contenção lateral, nestes locais são encontradas as tensões críticas provenientes da passagem do tráfego. Na Figura 3.1 é representada esquematicamente a zona de tração abaixo da camada de revestimento, enquanto na Figura 3.2 está o esquema de distribuição de tensões na estrutura de um pavimento intertravado (HALLACK, 1998). Segundo HUANG (1993), a verificação das tensões verticais de compressão são necessárias para o controle das deformações permanentes, devido ao fato das deformações plásticas serem proporcionais às deformações elásticas nos materiais de pavimentação. Figura 3.1 – Representação esquemática de zona de tração abaixo da camada de revestimento (MEDINA, 1997) 48 CARGA DA RODA CARGA SOBRE AS PEÇAS C A R G A SO BR E A BA SE C A R G A S O B R E O S U B L E IT O Figura 3.2 – Distribuição de tensões no interior de um pavimento intertravado (HALLACK, 1998) 3.1.2 Instrumentação em Estruturas de Pavimentos A finalidade principal da instrumentação em estruturas de pavimentos in situ é a obtenção de subsídios que possibilitem uma explicação racional do desempenho oferecida ao longo de sua vida de serviço (GONÇALVES, 2002). Para SHACKEL (1990), devido à simplicidade e aos baixos custos muitas, organizações vêem conduzindo ensaios de distribuição de tensões em pavimentos intertravados utilizando discos rígidos para a aplicação do carregamento no revestimento. Estes estudos possuem pouca correlação com o desempenho dos pavimentos sob a ação do tráfego. Entretanto, tornam-se úteis quando são utilizados para medir a equivalência estrutural entre pavimentos com diferentes estruturas e também para verificar a distribuição de tensões normais verticais e cisalhantes horizontais. 49 SANTANA (1993b) e SHACKEL (1990) citam os estudos realizados por KNAPTON (1976), onde realizou-se um estudo laboratorial no chamado “Poço de Prova”, no qual, foram ensaiadas PPCs de seis formatos diferentes, assentadas sobre uma camada de colchão de areia de 6cm (após compactação 5cm) espalhada sobre uma placa de concreto armado. Os blocos foram montados sob o arranjo espinha de peixe e linear. Na placa de concreto foram dispostas vinte e seis células de carga para determinar as tensões normais verticais transmitidas pelo conjunto PPCs/colchão de areia, devido a um carregamento na superfície sobre placa rígida (diâmetro da placa rígida de 25cm). O Poço de Prova possuía 4m2 de área superficial. CLARK (1981) estendeu este trabalho, analisando também os efeitos do carregamento em uma camada de base. WELLNER & GLEITZ (1996) estudaram as deformações permanentes e elásticas da superfície de pavimentos intertravados com o auxílio de LVDTs (“Linear Variable Diferencial Transducer”), posicionados a distâncias fixas do centro de aplicação do carregamento. Neste experimento, foram medidas as deformações elásticas, após uma série de repetições de ciclos de carregamentos dinâmicos, (10.000, 125.000, 500.000 e 1.000.000 de ciclos). Foram testados três tipos de blocos (retangular, dentado e uma peça especial dentada em formato de “L”) de 80mm de espessura. Alguns resultados encontrados por WELLNER & GLEITZ (1996) podem ser observados na Figura 3.3 e Figura 3.4. A experiência brasileira em instrumentação ainda é pequena, merecendo ênfase os seguintes experimentos: o trecho experimental construído em 1976, em Santa Catarina, na BR101, na localidade de Nova Brasília, município de Imbituba (PINTO et al., 1977); a instrumentação do painel de pavimento flexível, construído na COPPE/UFRJ em 1979 (MOTTA, 1979); a Pista Experimental Circular do IPR/DNER instrumentada em 1993 para a pesquisa de concreto rolado (DNER,1993); a construção e instrumentação de uma pista experimental com 9,8m de comprimento por 3m de largura no campus da USP na cidade de São Paulo, para estudar o comportamento de placas de WTUD (“Whitetopping Ultra Delgado”) quando submetidas ao efeito do empenamento térmico (PEREIRA et al., 2000). 50 SILVA (2001) descreve a instrumentação, realizada em 1998, da Pista Circular Experimental do IPR/DNER com seis extensômetros e duas células de carga, para a pesquisa de whitetopping – WT. Relata ainda que em outubro de 2000 foram instalados onze termopares nessa pista para monitorar a temperatura das placas de whitetopping . GONÇALVES (2002) relata a instrumentação de seis Pistas Experimentais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul para estudar o desempenho de misturas asfálticas convencionais e modificadas com polímeros, nas quais foram instalados medidores de tensões e deformações em toda a estrutura dos pavimentos pesquisados. As cargas de tráfego eram aplicadas pelo Simulador de Tráfego UFRGS-DAER, onde variaram-se os níveis, as formas de carregamento e a pressão de inflação dos pneus. Distância do Centro de Aplicação do Carregamento (cm) 0 0 0 15 30 75 75 50 0,05 Deformação Elástica (mm) 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 1000000 500000 125000 10000 Figura 3.3 – Deformações elásticas encontradas por WELLNER & GLEITZ (1996) para pavimentos intertravados 51 Nº de Ciclos Deformação Elástica (mm) no Centro de Aplicação do Carregamento 0 1.000 50.000 125.000 0 250.000 1.000.000 1.000.000 500.000 1 2 3 4 5 6 7 8 Retangular Dentada Especial "L" Figura 3.4 – Deformações elásticas no centro de aplicação do carregamento (WELLNER & GLEITZ, 1996) 3.2 Avaliação de Pavimentos A avaliação de pavimentos destina-se ao levantamento de informações e parâmetros, que irão permitir uma tomada de decisões relativas ao que fazer com o pavimento avaliado (RODRIGUES, 1995a). A avaliação visará, portanto, a determinação dos seguintes parâmetros: • Determinar as necessidades atuais e futuras de manutenção dos pavimentos ao longo da rede viária; • Estimar a vida restante dos pavimentos; • Calcular o custo operacional dos veículos; • Determinar índices de condição ou aptidão dos pavimentos, que possam vir a ser úteis para efeito de priorização em obras de restauração. Para o DNER (1983), a medição das características do pavimento e a avaliação dos dados obtidos têm três principais objetivos: 52 • Verificar se a função pretendida ou o desempenho esperado está sendo alcançado; • Fornecer informações para o planejamento da restauração do pavimento existente; • Fornecer informações para melhorar a tecnologia de projeto, construção e manutenção. A avaliação de pavimentos constitui-se nas seguintes categorias: • Avaliação da Condição Estrutural • Avaliação da Condição Funcional 3.2.1 Avaliação Estrutural A avaliação da condição estrutural de um pavimento implica em avaliar sua capacidade de resistir aos esforços e a deterioração provocada pela passagem das cargas de tráfego. Pode-se dizer que, para uma adequada análise desta condição, é necessária a obtenção dos seguintes elementos (GONÇALVES, 1999): • Parâmetros que descrevam a deformabilidade elástica ou viscoelástica dos materiais das camadas, para a obtenção das tensões e deformações induzidas pelas cargas de tráfego nas estruturas dos pavimentos; • Parâmetros que descrevam a resistência dos materiais ao acúmulo de deformações plásticas sob cargas repetidas, os quais são funções da natureza do material, de suas condições de umidade e densidade, entre outras; • Integridade das camadas asfálticas e cimentadas. Em um sentido mais amplo, a avaliação estrutural de um pavimento consiste no cálculo das respostas da estrutura à passagem das cargas de tráfego, na forma de tensões, deformações e deflexões nos pontos críticos da estrutura, de modo que se possa avaliar sua capacidade de resistir aos mecanismos de degradação provocada pela ação repetida das cargas de tráfego (RODRIGUES, 1995b). A avaliação estrutural de pavimentos, nos últimos anos, tem merecido uma atenção especial dos engenheiros rodoviários, pois uma correta determinação da condição estrutural é de grande e fundamental importância para a aplicação de métodos 53 mecanísticos-empíricos de projeto de pavimentos novos ou de reforços. Os procedimentos mecanísticos, nos quais o pavimento é tratado como uma estrutura dividida em camadas de comportamento elástico ou visco-elástico, permite cálculos das tensões e deformações geradas pela passagem das cargas de tráfego, cujos valores podem ser correlacionados com o desempenho destes pavimentos. Para a obtenção destes parâmetros pode-se lançar mão de duas alternativas complementares entre si para a obtenção de dados que irão permitir a realização da análise tensão versus deformação: • Avaliação Estrutural por Ensaios Destrutivos; • Avaliação Estrutural por Ensaios Não Destrutivos. 3.2.1.1 Ensaios Destrutivos Pode-se dizer que as avaliações estruturais por ensaios destrutivos consistem na abertura de poços de sondagem para a identificação da natureza e da espessura das camadas do pavimento, bem como a coleta de amostras dos materiais constituintes das mesmas, para futuros ensaios laboratoriais. Inclui-se em ensaios destrutivos a determinação em laboratório de índices de caracterização (CBR, LL, LP), propriedades físicas (granulometria, densidade, umidade, entre outros) ou propriedades fundamentais aos procedimentos mecanísticos (módulo de resiliência, resistência à tração ou a compressão, fadiga e deformação permanente sob cargas repetidas). Entretanto, pode-se dizer que as propriedades citadas anteriormente, medidas em laboratório, não refletem, de maneira total, o desempenho do material no campo somando-se ainda, que os métodos de laboratório não representam com exatidão as mudanças das características mecânicas dos materiais sob a ação de cargas combinadas com o clima, que ocorre no campo com o passar do tempo (MACÊDO, 1996). Ensaio Triaxial Sob Cargas Repetidas 54 Nos últimos anos, ensaios triaxiais sob cargas repetidas – ou ensaios triaxiais dinâmicos, vêem sendo amplamente utilizados para a investigação do comportamento de materiais granulares e finos, para a utilização em camadas inferiores do pavimento. As deformações resilientes são deformações elásticas, no sentido de que são recuperáveis, entretanto, não variam necessariamente de modo linear com as tensões aplicadas e dependem de vários fatores que não são considerados no conceito convencional de elasticidade (DNER, 1996). Os ensaios triaxiais dinâmicos são compostos, basicamente, por duas fases. A primeira fase, chamada de fase de condicionamento, tem por objetivo reduzir a influência das deformações plásticas permanentes que ocorrem nos primeiros estágios e reduzir ao máximo o efeito da história das tensões no valor do módulo de resiliência. Pode ser descrito como uma seqüência de carregamentos dinâmicos que permite ao material uma condição de pré-adensamento (FERREIRA, 2002). Na segunda fase do ensaio, são obtidos os valores de MR. Para cada par de tensões σd e σ3 aplicadas, é realizada a medição da deformação resiliente. Então, é calculado o módulo de resiliência, obtendose, por regressão linear, os valores de k1, k2 e k3 dos modelos correspondentes ao comportamento resiliente adotado. No Brasil, a partir do convênio entre a COPPE/UFRJ e o IPR, no ano de 1977, iniciouse a realização de ensaios dinâmicos que permitiram quantificar o módulo de resiliência de materiais utilizados em pavimentos. Nesta época, o equipamento montado era semelhante ao desenvolvido na Universidade de Berkeley, onde se ensaiavam amostras de 5cm de diâmetro e de 10cm de altura. Atualmente, pode-se ensaiar corpos de prova de 10cm x 20cm e de 15cm x 30cm no Laboratório de Geotecnia da COPPE. O avanço computacional das últimas décadas proporcionou a automação deste ensaio e uma redução significativa dos erros laboratoriais; no caso da COPPE, a automação foi elaborada por VIANNA (2002). Os ensaios triaxiais dinâmicos são cada vez mais utilizados no Brasil e no mundo para a caracterização mecânica dos materiais empregados em projetos rodoviários. 55 Para a realização do ensaio, aplica-se uma tensão desvio (σd) e uma horizontal (σ3) e medem-se as deformações específicas verticais recuperáveis (εr). Segundo MACÊDO (1996), pode-se dizer que primeiramente, ocorre uma compressão volumétrica devido à aplicação de uma pressão confinante (σ3). A aplicação da tensão desvio (σd) resulta em uma redução da altura do corpo de prova. Parte desta redução, no descarregamento, é recuperada – deformação elástica ou resiliente, e parte é absorvida pela amostra –deformação plástica. O módulo de resiliência (MR), que é uma estimativa do módulo secante de Young, porém dinâmico, é determinado pela seguinte relação: MR = σd / εr Onde: • MR = módulo de resiliência; • σd = tensão desvio aplicada ciclicamente; • εr = deformação específica axial recuperável. Como o MR não é linear com o estado de tensões, utilizam-se modelos para expressar a relação do MR com as tensões confinantes e desvio. Um modelo genérico para qualquer tipo de solo é o chamado de Modelo Composto, que foi proposto por MACÊDO (1996). O Modelo Composto é expresso por: MR = k1 . σ3 k2 . σd k3 Onde: • k1, k2 e k3= parâmetros de resiliência determinados em ensaios triaxiais; • σ3 = tensão de confinamento; • σd = tensão desvio axial. 56 3.2.1.2 Ensaios Não Destrutivos A avaliação estrutural por ensaios não destrutivos (NDT) consiste na realização de provas de carga “insitu” para a medida de parâmetros de resposta da estrutura às cargas de roda em movimento. As respostas medidas são as deflexões (deslocamentos verticais de superfície) cuja medida é obtida de maneira simples e confiável, razão pela qual a totalidade dos equipamentos utilizados para a realização de ensaios não destrutivos são deflectômetros (GONÇALVES, 1999). Os ensaios NDT provocam menores interrupções no tráfego, fornecendo assim maior flexibilidade para a avaliação quantitativa da condição do pavimento em qualquer estágio de sua vida de serviço e possibilita o retorno no mesmo ponto a cada avaliação. Dentre as principais vantagens da utilização deste ensaio pode-se citar (MACÊDO, 1996): • Determinação dos módulos das camadas do pavimento, que possibilitam realizar melhor julgamento acerca da integridade estrutural das camadas de um pavimento; • Formação de uma base de dados para os métodos mecanísticos de projeto de reforço estrutural do pavimento; • Formação de uma base de dados para a utilização em Sistemas de Gerência de Pavimentos; • Mede-se a resposta real do pavimento ao carregamento aplicado, sem submeter os materiais aos distúrbios causados pela retirada de amostras. WITCZAK (1989) agrupou o histórico dos ensaios deflectométricos em três fases de sua evolução, úteis a diferentes níveis de exigência de um projeto de engenharia. Com o reconhecimento destas fases distintas, passa-se a evitar interpretações errôneas sobre o comportamento das camadas constituintes da estrutura de um pavimento em situações específicas, onde se torna inevitável o uso de tecnologias limitadas. Estas fases, de acordo com a referência acima citada, são: 57 1a FASE: Relação deflexão máxima x Vida dos pavimentos Nesta fase, media-se apenas a deflexão máxima obtida sob a condição de cargas conhecidas e através de um critério de ruptura empírico se estimava a vida restante do pavimento. 2a FASE: Curvas múltiplas de deflexão x Vida dos pavimentos Nesta fase, reconheceu-se que, embora a deflexão máxima sob a atuação de uma determinada carga representasse a condição estrutural de um pavimento, em alguns casos não conseguia explicar o comportamento global da estrutura. Foi detectado que, em certos casos, altas deflexões eram medidas em locais com um bom conceito de serventia e, em outros locais, em que o pavimento apresentava baixas condições de serventia, as deflexões obtidas eram menores. Com isto, tornou-se necessária a definição de outros parâmetros que, em conjunto com a deflexão máxima, fornecessem informações mais adequadas acerca do estado estrutural do pavimento. Dentre as características desta fase, pode-se apontar as seguintes: • O reconhecimento de que os pavimentos rompem-se por mais de um mecanismo de ruptura: fadiga do revestimento asfáltico e deformação plástica da camada de subleito; • Uso da deflexão máxima (D0) e do raio de curvatura (RC) como indicadores da capacidade estrutural do pavimento. 3a FASE: Análise das bacias de deflexão Esta é a fase atual, que se caracteriza não apenas pela obtenção da bacia de deflexão, mas também pela utilização de teorias que visam a avaliação do comportamento mecânico dos materiais “insitu”, a chamada retroanálise das bacias de deflexões. Sobre as vantagens e limitações dos ensaios deflectométricos pode-se destacar entre as suas diversas aplicações, associadas a equipamentos modernos e a técnicas apropriadas (WITCZAK, 1989): 58 • Delineamento e análise das seções homogêneas, levando em consideração a distribuição estatística das propriedades em campo; • Variabilidade e confiabilidade no projeto; • Efeitos sazonais e anuais devido ao ambiente; • O papel das deflexões nos Sistemas de Gerência de Pavimentos; • Controle de qualidade no campo, comparando os módulos obtidos para as camadas com os requeridos em projeto; • Usos especializados em pavimentos rígidos, como, por exemplo, no estudo da eficiência da transferência de cargas nas juntas de placas de concreto. Além destas, pode-se destacar que os ensaios deflectométricos são relativamente baratos, permitindo que sejam ensaiados muitos mais pontos sem maiores conseqüências para a normalidade do tráfego (MACÊDO, 1996). Dentre os equipamentos desenvolvidos para a medida de deflexões dois se destacam a Viga Benkelman e o FWD, que serão descritos a seguir. Viga Benkelman A viga Benkelman (vB) pode ser descrita como um equipamento simples e barato utilizado para determinar as deflexões de um pavimento. Foi desenvolvida, na década de 1950, na WASHO Road Test, pelo engenheiro A. C. Benkelman e seu uso, desde então, tem sido crescente e de grande importância para trabalhos, pesquisas e projetos de reforços de pavimentos em todo o mundo (HAAS et al, 1994). Sua utilização, no Brasil, de forma sistemática para a avaliação estrutural de pavimentos flexíveis, pode ser considerada uma prática estabelecida desde a década de 1960. Segundo MACÊDO (1996) os primeiros trabalhos publicados sobre o assunto devem-se a Aratangy1, Lobo Carneiro2,3 e Parreira4. 1. ARATANGY,N. J., (1962). “Medidas de Deformações dos Pavimentos” 3a RAP’v, ABPV, Rio de Janeiro/RJ. 2. LOBO CARNEIRO, F. B., (1963). “Viga Benkelman, Instrumento Auxiliar ao Engenheiro de Concervaçao”. 6aRAP’v 3. LOBO CARNEIRO, F. B., (1965). “ ”Record No 128 HRB 4. PARREIRA, O. A., (1969).”Determinação das Características Estruturais de Pavimentos a partir da Linha de influência Obtida em Ensaios de Cargas com Pneus”. Tese de Especialista, LNEC. 59 A viga Benkelman foi desenvolvida com a finalidade de medir-se a Deflexão Máxima (D0) e, posteriormente, o Raio de Curvatura (RC). Estes, porém, são os únicos parâmetros confiáveis que podem ser medidos com a mesma. Como estes dados são insuficientes para o cálculo dos módulos de resiliência das camadas devem ser coletadas amostras de alguns, ou de todos, os materiais das camadas constituintes para a determinação de seus respectivos módulos em laboratório (DNER, 1996). Ao contar com esta complementação, pode-se dizer que os resultados encontrados, com a viga Benkelman, são tão confiáveis quanto os determinados com o auxílio do Falling Weith Defletometer (FWD) em uma avaliação estrutural (RODRIGUES, 1995). A viga Benkelman é considerada um deflectômetro quase-estático, isto é, as cargas aplicadas ao pavimento movem-se a baixas velocidades (da ordem de 3km/h) e as cargas são em verdadeiras grandezas aplicadas em eixos de caminhões (DNER, 1996). A viga Benkelman é formada por um conjunto de sustentação em que se articula uma haste metálica interfixa, dividindo a barra em duas partes proporcionais, cujos comprimentos a e b seguem as relações de 2/1, 3/1 ou 4/1, como o indicado na Figura 3.5 Figura 3.5 – Esquema da viga Benkelman (DNER, 1994) A extremidade do braço maior contém a ponta de prova. Na extremidade de braço menor é fixado um extensômetro com precisão de centésimos de milímetro (10-2mm) e, 60 com a finalidade de evitar eventuais inibições do ponteiro do extensômetro, é colocado um pequeno vibrador no mesmo (DNER, 1994). As medições são feitas inserindo a ponta de prova entre as rodas de um caminhão com 8,2tf de carga no eixo traseiro, simetricamente distribuídas em relação às rodas. Posicionado o caminhão e ajustada a viga, são feitas as leituras nos pontos préestabelecidos, quando se quer medir toda a bacia de deflexão. A Figura 3.6 mostra, de maneira esquemática, o sistema de referência da viga e do caminhão (DNER, 1994). Figura 3.6 – Esquema do sistema de referência na viga e no caminhão (DNER, 1994) Para a determinação da bacia de deformação por intermédio da viga Benkelman, as estações devem ser convenientemente marcadas e estar localizadas nas trilhas de rodas, de maneira que as rodas traseiras do veículo mantenha-se a uma distância fixada da borda do revestimento, de acordo com a Tabela 3.1. Segundo ROCHA FILHO e RODRIGUES (1996), este ensaio pode ser feito de duas formas: • Com o caminhão sendo deslocado à frente, a baixa velocidade constante e, ao passar sobre cada ponto pré-determinado, é feita a leitura, método conhecido como Creep Speed Normal Deflection; 61 • Com o caminhão se deslocando e parando em cada ponto de medição, método conhecido como Creep Speed Rebound Deflection (método mais utilizado no Brasil). Tabela 3.1 – Localização dos pontos de leitura de deflexão (DNER, 1994b) Largura da Faixa Distância à Borda do de Tráfego (m) Revestimento (m) 2,70 0,45 3,00 0,60 3,30 0,75 3,50 ou mais 0,90 ROCHA FILHO e RODRIGUES (1996) fazem os seguintes comentários em relação à avaliação estrutural feita com a viga Benkelman tradicional: • Apresentam elevada dispersão nas deflexões medidas; • A dispersão aumenta quanto mais distante do ponto de aplicação da carga a medição for feita; • A dispersão das leituras é um pouco menor quando realizadas com o caminhão parando em cada ponto; • A precisão dos resultados é função de vários fatores, como: habilidade do motorista; condições mecânicas do veículo (embreagem e freios); experiência, habilidade e coordenação da equipe responsável pelas leituras. Porém, a partir da automação das leituras da viga Benkelman, é possível melhorar muito a confiabilidade das medidas. A viga Benkelman automatizada é operada segundo o mesmo princípio da viga Benkelman comum. A diferença consiste no fato que a viga automatiza mede e grava automaticamente as deflexões ponto a ponto enquanto o operador dirige o veículo de teste (HAAS et. al., 1994). CERATTI et. al. (2000) usaram um equipamento automatizado que permite que sejam feitas leituras de deflexão a cada 5cm, desde o ponto de aplicação do carregamento até quando não há mais influência do próprio, o que possibilita a obtenção de uma bacia deflectométrica mais acurada. 62 Desde 1969, é utilizada no LNEC de Lisboa a viga Benkelman automatizada, para o levantamento das bacias de deflexão (MEDINA et al, 1994). No Brasil, passou-se a contar com a viga Benkelman automatizada somente a partir de 1999, portanto com 30 anos de atraso. Dentre as principais vantagens deste equipamento, destacam-se: • A sensibilidade das medições, uma vez que a viga Benkelman automatizada utiliza em geral sensores do tipo LVDT; • Obtenção mais precisa da bacia deflectométrica; • Registro automático das deflexões e da distância radial em relação ao ponto de aplicação do carregamento. São exemplos deste tipo de equipamento: • O Defletógrafo Lacroix, desenvolvido na França; • O British Pavement Deflection, desenvolvido no Reino Unido, segundo o mesmo princípio do Defletógrafo Lacroix; • O California Traveling Deflectometer, desenvolvido no Estados Unidos; • Os Defletógrafos Digital Solotest e SIGEO, desenvolvidos no Brasil. MALYSZ (2004) construiu um trecho experimental de pavimento intertravado de blocos de concreto vazados, para comparação de desempenho com um pavimento asfáltico permeável de PMF (pré-misturado a frio). Em sua pesquisa, realizou uma campanha de ensaios deflectométricos com a viga eletrônica de ambas as estruturas, compostas por uma base de 30cm de brita permeável envolta em uma manta de geotextil impermeável. Os resultados das avaliações realizadas por MALYSZ (2004) podem ser observadas na Tabela 3.2 e na Figura 3.7. MALYSZ (2004) relata uma sensível melhoria na condição estrutural do pavimento, que as deflexões máximas (D0) diminuíram após quatro meses de uso, e os raios de curvatura aumentaram, nota-se também que as deflexões no blocos de concreto vazados foram menores que no pavimento com PMF e aponta que estes resultados resultam de um bom intertravamento entre os blocos. 63 Tabela 3.2 – Parâmetros calculados a partir das bacias de deflexão (MALYSZ, 2004) Data do Levantamento PMF D0 σ (10-2mm) (10-2mm) Blocos Vazados Rc D0 σ Rc (m) (10-2mm) (10-2mm) (m) 8/10/2003 250 37 19 201 37 30 11/02/2004 187 40 40 167 20 58 Bacias de deflexão medidas no pavimento de PMF Bacias de deflexão medidas nos blocos vazados Figura 3.7 – Bacias de deflexão medidas no pavimento com PMF e com blocos vazados (MALYSZ, 2004) 64 FWD Os equipamentos de carregamento por impulso geralmente transmitem o esforço ao pavimento através de um conjunto de pesos que caem sobre uma placa de carga. Estes equipamentos são tipicamente conhecidos como Falling Weight Deflectometer (FWD) (HAAS et al, 1994). Os equipamentos tipo FWD simulam o efeito da passagem de uma roda em movimento sobre o pavimento. Tal simulação é feita por meio da queda de um conjunto de massas, de uma determinada altura, sobre um sistema de amortecedores capazes de transmitir ao pavimento um pulso de carga com formato aproximadamente igual a uma senóide. A força de pico imposta ao pavimento pode ser determinada através da seguinte expressão: F = (2.m.g.h.k.)1/2 Onde: • F é a força de pico; • m é a massa que cai; • g é a aceleração da gravidade; • h é a altura de queda; • k é a constante de mola do sistema amortecedor. Esta equação acima é obtida igualando-se a energia potencial da massa antes de sua queda ao trabalho desenvolvido pelos amortecedores após a queda (CARDOSO, 1995). O carregamento é transmitido ao pavimento através de uma placa de 30cm de diâmetro. A carga é medida através de uma célula de carga e aplicada durante de 25 a 30ms, tempo correspondente ao da passagem de um veículo com velocidade de 60 a 80km/h. Na realidade, o FWD aplica pulsos de carga no pavimento em forma de ondas, que se propagam no interior da estrutura a velocidades finitas e são registradas em diferentes instantes pelos sensores. As deflexões são medidas através de sete sensores: geofones, 65 no caso do FWD da marca Dynatest e LVDTs, no caso do FWD da marca KUAB. Estes sensores estão dispostos da seguinte forma: um no centro da placa e os outros em distâncias pré-estabelecidas, ao longo de uma barra metálica de até 4,5m de comprimento (CARDOSO, 1995). As deflexões são medidas e armazenadas em um computador, que está ligado ao FWD através de um cabo. Simultaneamente, são registrados os valores de temperatura da superfície do revestimento e do ar, a força aplicada ao pavimento e a distância percorrida. No Brasil, existem dois modelos de deflectômetros de impacto FWD: o Dynatest versão norte-americana e o KUAB, sueco, sendo hoje nove equipamentos em uso. As principais diferenças entre os dois tipos de deflectômetro de impacto existentes no país são em relação à placa de aplicação do carregamento e ao número de elementos usados para simular a ação do tráfego. Enquanto o modelo da Dynatest possui uma placa rígida e um conjunto de massas, o modelo KUAB possui placa segmentada em 4 (quatro) partes unidas por êmbolos e dois conjuntos de massa. HACHIYA & TAKAHASHI (1998) utilizaram o FWD para determinar as deflexões em duas séries de pavimentos intertravados experimentais: na primeira série com pavimentos intertravados novos e na segunda com pavimentos de blocos de concreto destinados a reabilitação. Desta forma, o planejamento e a implementação iriam utilizar métodos de pavimentos flexíveis para projetar os pavimentos intertravados; e finalmente desenvolver métodos e procedimentos para projetos de pavimentos intertravados. KARASAWA et al. (2000) relatam que o problema da ruptura nos blocos de concreto dos pavimentos intertravados está intimamente ligado aos efeitos causados pelas altas deflexões da superfície e das juntas entre os blocos. Pode-se dizer, também, que as deflexões diminuem substancialmente após um ano de utilização do pavimento, período este, necessário para a estabilização da movimentação do colchão de areia e das juntas entre os blocos (HATA & YAGINUMA, 1992). 66 3.2.2 Avaliação Funcional A avaliação funcional se correlaciona com o conforto ao rolamento do pavimento e engloba o conceito dos usuários quanto ao nível de serviço fornecido pelo pavimento, bem como se correlaciona com estimativas quanto a custos operacionais dos veículos. Normalmente, pode ser composta por uma avaliação subjetiva, quando é atribuída uma nota de 0 a 5 às condições gerais da via, e por uma avaliação objetiva, que pode ser exemplificada pela medida da irregularidade longitudinal. Alguns outros componentes de uma avaliação funcional são os indicadores de segurança de uma determinada via. A resistência à derrapagem em pista molhada pode ser medida por alguns dos inúmeros equipamentos que os engenheiros tem à disposição. O perfil transversal da via pode ser medido por perfilômetros transversais, que permitem a medida de afundamentos de trilha de roda os quais influem diretamente no potencial de ocorrência de hidroplanagem. 3.2.2.1 Irregularidade Pode-se conceituar irregularidade longitudinal, ou simplesmente irregularidade de um pavimento, como sendo um conjunto de desvios da superfície em relação a um plano de referência ou ao greide de projeto. Desvios estes que podem afetar a qualidade do rolamento, a dinâmica dos veículos e a ação dinâmica das cargas sobre a via. Em outras palavras, a irregularidade longitudinal é a diferença entre cotas reais e teóricas do perfil longitudinal de uma via (SOUZA et al., 2002). As irregularidades podem ter origem em problemas no processo construtivo, assim como no uso do pavimento após a execução, resultando do tráfego e do clima. A irregularidade pode influir na interação da superfície dos pavimentos com os veículos que utilizam uma determinada via, gerando efeitos sobre os veículos, sobre os passageiros e motorista e sobre a carga transportada. A importância da determinação da irregularidade longitudinal na percepção do conforto dos usuários começou a ser pesquisada desde 1960. Alguns estudos demonstraram que 95% da avaliação relativa à serventia dos pavimentos da AASHO estava ligada 67 exclusivamente à irregularidade do perfil. O conhecimento da irregularidade de uma via tem correlação com a qualidade ao rolamento, bem como com vários componentes dos custos operacionais dos veículos. Portanto, a determinação da irregularidade pode ser considerada como uma boa medida da serventia do pavimento (PINTO e PREUSSLER, 2002). Diversos países já utilizam índices de serventia baseados exclusivamente em medições de irregularidade. A sua importância têm sido também reconhecida como forma de controle de execução de pavimentos novos. Entre as diversas utilizações das medições das irregularidades longitudinais podem ser destacadas as seguintes: • Parâmetros utilizados na avaliação de pavimentos como subsídio ao diagnóstico da situação existente; • Definição de soluções de restauração ou manutenção de pavimentos; • Auxílio ao cálculo de custos de operações de veículos; • Controle na qualidade de execução de pavimentos novos; • Auxílio às decisões de Sistemas de Gerência de Pavimentos; • Atualização de modelos de previsão de desempenho; • Estimativa da vida de serventia de uma via. Medição da Irregularidade Longitudinal A medição da irregularidade pode se dar em diversas escalas padronizadas, na dependência do equipamento de medição. No Brasil, a escala padrão de medição é o chamado QI (“Coeficiente de Irregularidade” - ou “Índice Quarto de Carro”), reconhecido internacionalmente a partir do uso do perfilômetro dinâmico de superfície, simplesmente chamado de GMR. O modelo quarto de carro é um sistema formado por uma massa, uma roda, um amortecedor e uma mola. A resposta à irregularidade pode ser obtida pela simulação de movimentos no quarto de carro, e é aceita como medida padrão da irregularidade expressa em contagens por quilômetro (cont./km). 68 Os dados de QI utilizados na Pesquisa de Inter-relacionamento de Custos Rodoviários (PICR), obtidos de 1975 a 1981, foram feitos basicamente com o auxílio de equipamentos tipo resposta. Os equipamentos utilizados foram o Perfilômetro Dinâmico e o Maysmeter, que se baseiam na reação do equipamento às condições de superfície da via (PINTO e PREUSSLER, 2002). Como resultados de uma pesquisa internacional de medição de irregularidades longitudinais, realizada em Brasília no ano de 1982, foi estabelecida a escala IRI (“Internacional Roughness Index”). O IRI é considerado uma escala de referência transferível para todos os sistemas de medição. O IRI pode ser definido a partir de um perfil levantado por nível e mira ou um equipamento similar, realizado em trilhas de rodas, com a finalidade de simular os deslocamentos verticais induzidos dos deslocamentos de um quarto de carro. Este índice é expresso pela relação entre os movimentos acumulados pela suspensão do veículo e a distância percorrida por ele, a unidade do IRI é metros por quilometro (m/km). Os conceitos de QI e IRI são bastante similares e, na prática, eles são altamente correlacionados. Uma expressão aproximada entre QI e IRI á dada por: QI(cont/km) = 13 IRI(m/km) No Brasil, no que diz respeito às estradas pavimentadas, os valores de IRI são classificados em faixas de qualidade, desde 1m/km, para estradas excelentes, até valores superiores a 5m/Km, para vias muito ruins. Porém, existem diferentes classificações quanto aos valores limites destinados a avaliar um determinado pavimento a partir da irregularidade longitudinal, conforme mostrado na Tabela 3.3 (SOUZA et al., 2002). 69 Tabela 3.3 – Faixas de classificação de irregularidade com base no IRI (SOUZA et al 2002) Brasil E.U.A Excelente 1,0-1,9 Bom Regular 1,9-2,7 Bom Bom 2,7-3,5 Regular Ruim 3,5-4,6 Péssimo >4,6 3.2.2.2 Muito Ruim 0-0,95 Espanha Excelente >2,7 Regular Não Desejável Uruguai Muito 0-1,5 0,95-1,5 Aceitável 1,5-2,5 1,5-2,7 Chile Bom Bom 0-3,0 2,5-4,0 Regular 3,0-4,0 >4,0 Ruim >4,0 Bom 0-3,2 3,2-3,9 Regular 4,0-4,6 Ruim >4,6 Avaliação da Resistência à Derrapagem A resistência à derrapagem entre as superfícies de um pneu e do revestimento de um pavimento é uma grandeza que afeta diretamente a segurança do usuário, tendo em vista que é o principal fator que contribui para a parada do veículo durante a frenagem, ou em sua permanência na trajetória em curvas horizontais. Outro fator de grande importância na interação do pneu/pavimento é a presença de água, que forma uma película que vem a “lubrificar” o contato. Uma superfície resistente à derrapagem deve ter uma macrotextura suficientemente rugosa com partículas facilmente visíveis, e uma microtextura áspera com bordas pontiagudas para serem polidas pelos pneus. É muito importante o tipo de textura da superfície do pavimento na resistência à derrapagem. A variação do coeficiente de atrito longitudinal de rolamento é função da velocidade. As superfícies ásperas em uma escala microscópica apresentam um alto coeficiente de atrito a baixas velocidades (50km/h) e uma superfície polida tem baixo coeficiente de atrito com a mesma velocidade. E a queda do coeficiente de atrito com o aumento da velocidade decorre da ausência de macrotextura suficiente (PEREIRA, 1998). Segundo PEREIRA (1998), muitas variáveis podem contribuir para a resistência à derrapagem. Elas incluem o coeficiente de atrito, microtextura e macrotextura do revestimento, variáveis de construção, características de drenagem da superfície, 70 volume de tráfego, meio ambiente, geometria da estrada, carga e velocidade do veículo, profundidade das ranhuras e pressão dos pneus, experiência do motorista e densidade das curvas. Quando os pneus se deslocam sobre uma pista molhada devido à presença de uma lâmina de água, na área de contato pneu/pavimento desenvolvem-se pressões hidrodinâmicas. Estas pressões, em função da velocidade e da textura superficial oferecida pela pista, podem atingir valores tais que tendem a levantar os pneus sobre uma onda que se desenvolvem à sua frente. Se a carga aplicada aos pneus pelo peso do veículo for menor que a resultante vertical direcionada para cima proveniente das pressões hidrodinâmicas e os pneus deslizarem sem manter contato com o pavimento e sem controle direcional, ocorre o fenômeno da hidroplanagem. São conhecidos três tipos de hidroplanagem (APS et al., 2003): • Hidroplanagem Dinâmica; • Hidroplanagem Viscosa; • Hidroplanagem de reversão da borracha do pneu ou por desvulcanização. Medidas uniformes, seguras e acuradas devem ser obtidas para avaliar a resistência à derrapagem de uma via e compará-la a um valor mínimo de segurança. No entanto, a resistência à derrapagem de um pavimento não pode ser considerada como sendo a única responsável pelas características gerais de segurança do tráfego, isto é, devem ser encaradas como a capacidade do revestimento contribuir para o atrito entre o pneu/pavimento, sob condições molhadas. Pode-se citar diversos tipos de equipamentos para determinar o coeficiente de atrito entre o pneu e o pavimento; entre eles: • Skidometer – BV-11 Skid Trailler; • Mark 2 Saab Friction Tester (SFT); • Veículo de Frenagem Diagonal (Braked Vehicle – DBV); • M 6800 – Ranway Friction Tester (RFT); • Medidor de Valor µ (µ-meter); • Pêndulo Britânico. 71 No Brasil, a avaliação de atrito é mais usual nas pistas de aeroportos do que em rodovias ou vias urbanas. No caso dos aeroportos, a experiência brasileira é significativa e se utilizam diversos equipamentos. Porém, a experiência em vias urbanas é escassa, sendo que o equipamento mais comumente utilizado é o Pêndulo Britânico (utilizado para avaliação do atrito nesta pesquisa), devido a baixos custos, facilidade de transporte e manuseio simples (PEREIRA, 1998). Pêndulo Britânico O Pêndulo Britânico é um equipamento portátil, que foi desenvolvido para proporcionar ao engenheiro rodoviário uma rotina de avaliação da resistência a derrapagem em superfícies úmidas. O aparelho mede a resistência ao atrito entre a tira de borracha (montada no final do braço do pêndulo) e a superfície da via simulando um veículo a 50km/h. PEREIRA (1998) apresenta valores mínimos de atrito sugeridos para alguns locais, conforme apresentado na Tabela 3.4. Na Tabela 3.5 (CRUZ, 2003) apresenta os valores de resistência à derrapagem medidos com o Pêndulo Britânico para pavimentos intertravados. O ensaio permite apreciar um aspecto das qualidades de aderência de uma superfície rodoviária molhada, por atrito a baixa velocidade, de um patim de borracha sobre esta superfície. O objetivo do ensaio é medir um coeficiente de atrito que é, por definição, a média dividida por cem de um certo número de leituras efetuadas no mostrador do aparelho (ABPv, 1999). A velocidade admissível de uma pista pode variar de 50km/h até 130km/h. Assim, os valores de resistência à derrapagem a 50km/h, não podem traduzir sozinhos o desempenho a altas velocidades. A queda da resistência ao atrito com o aumento da velocidade em pistas úmidas depende da textura da superfície e é consideravelmente menor em pistas rugosas do que em lisas. Se esse ensaio for usado em pistas de altas velocidades, é necessário um critério adicional indicando a textura (PEREIRA, 1998). Segundo ARAÚJO (1994), o valor de atrito medido com o “µ-meter” pode variar de 0,77 para CPA (camada porosa de atrito), conforme apresentado na Tabela 3.6. 72 Tabela 3.4 – Valores mínimos sugeridos da resistência à derrapagem medido com o Pêndulo Britânico (PEREIRA, 1998) Categoria Valor Mínimo Tipo de Local (superfície molhada) Locais difíceis tais como: (i) Pistas circulares; (ii) Curvas com raio maior que 1,5m em qualquer A via; 0,65 (iii) Rampas, 1:20 ou inclinações com mais de 100m de comprimento; (iv) Acesso para tráfego leve em qualquer via. Rodovias nacionais e rodovias classe 1 e vias B urbanas de tráfego intenso (mais de 2.000 0,55 veículos/dia C Todos os demais locais 0,45 Tabela 3.5 – Valores recomendados a resistência à derrapagem medidos com o Pêndulo Britânico (CRUZ, 2003) Valor BPN Categoria > 0,65 Muito Bom 0,30 – 0, 65 Bom 0,25 – 0,34 Regular < 0,24 Insatisfatório 73 Tabela 3.6 – Classificação de alguns tipos de pavimentos de acordo com o valor de atrito do pavimento molhado medidos com o “µ-meter” (MAC LEMAN, 1980 apud ARAÚJO, 1994) Tipo de Pavimento Valor de Atrito no Pavimento Molhado Camada Porosa da Atrito 0,77 Concreto Asfáltico de Textura Fechada, Estriado 0,75 Concreto Asfáltico de Textura Aberta 0,74 Concreto Cimento Estriado 0,74 Concreto Asfáltico de Textura Aberta, Estriado 0,73 Concreto Asfáltico Novo, Estriado 0,73 Lama Asfáltica 0,70 Concreto Cimento Acabado com Escova de Aço 0,68 Concreto Cimento Acabado com Pente de Aço 0,68 Concreto Cimento com Textura Aberta 0,66 Concreto Asfáltico com Textura Fechada 0,66 Concreto Asfáltico Novo 0,62 CRUZ (2003) escolheu 2 traços para cada módulo de finura do concreto (MFC) para confecção de PPC que foram submetidas ao ensaio de Pêndulo Britânico. Para cada traço, foram realizados ensaios considerando a superfície da PPC na Via Seca, sem a presença de água, e em Via Úmida, com presença de água corrente. Foram realizadas cinco determinações em cada PPC ensaiada, e fez-se a média dos valores medidos. A Tabela 3.7 apresenta os resultados obtidos por CRUZ (2003). 74 Tabela 3.7 - Resultados da resistência à derrapagem em PPCs, medidas com o pêndulo britânico (CRUZ, 2003) Identificação Pêndulo Britânico (BPN) MFC = 2,8 + ou – 0,2 MFC 5,0% Umidade do Concreto (%) MFC = 3,0 + ou – 0,2 7,0% Consumo de Cimento 7,0% 420 (kg/m3) Índice BPN 5,0% Via seca 0,83 0,83 0,85 0,79 Via úmida 0,74 0,74 0,76 0,72 ITO et al. (2000) determinaram o coeficiente de atrito dinâmico para um pavimento intertravado com velocidades variando de 20 a 80km/h, neste artigo não tendo sido descrito o equipamento utilizado. Os coeficientes de atrito foram determinados em três períodos: o primeiro após a construção, o segundo seis meses após a liberação ao tráfego e o terceiro um ano após a liberação ao tráfego, objetivando realizar uma comparação entre os resultados obtidos e determinar um possível polimento das peças pela passagem dos veículos. A Figura 3.8 apresenta os valores de coeficiente de atrito dinâmico encontrados por ITO et al. (2000). 0,7 Coeficiente de Atrito Dinâmico 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Velocidade (km/h) Após 12 meses Após 6 meses Após a Construção Figura 3.8 – Valores de coeficientes de atrito dinâmico em pavimentos intertravados (ITO et al, 2000) 75 3.2.2.3 Permeabilidade ou Drenabilidade de Pavimentos A permeabilidade pode ser descrita como a capacidade de um meio poroso em permitir a passagem de um líquido qualquer (água, óleo, etc). No caso de pavimentos, o meio poroso a ser considerado pode se referir apenas à camada de revestimento ou a uma das camadas constituintes (base, sub-base, etc.), chamada de camada drenante, ou ao pavimento como um todo, onde toda a estrutura do pavimento tem por objetivo escoar a água da superfície podendo ser chamado de pavimento drenante (MOTTA, 2005). Experimentalmente, Darcy, em 1850, verificou como os diversos fatores influenciavam a vazão da água e, baseado em seus experimentos, estabeleceu a teoria da permeabilidade para os solos. O fluxo de água é proporcional ao gradiente hidráulico e à área de uma amostra (PINTO, 2002): Q = k.i.A onde: • Q = vazão; • A = área do permeâmetro; • i = gradiente hidráulico, que é a relação entre a carga que se dissipa na percolação (h) e a distância ao longo da qual a carga de água se dissipa (L). A Lei de Darcy pode ser escrita na seguinte forma: Q = k.A.h/L O gradiente hidráulico pode ser definido como a perda de carga por comprimento. A perda de carga aumenta linearmente com a velocidade da água, uma vez que esta seja transmitida por um fluxo laminar. Quando o fluxo da água torna-se turbulento, a relação entre a perda de carga e a velocidade comporta-se de maneira não-linear. Assim, na condição turbulenta do fluxo da água, a lei de Darcy, não é válida (COOLEY, 1999). 76 Dois ensaios distintos são usados para medir a permeabilidade da Lei de Darcy: o de permeâmetro de carga constante e o de permeâmetro de carga variável. O ensaio de carga constante é aplicável a materiais com coeficiente de permeabilidade relativamente baixos, como as argilas, enquanto o ensaio de carga variável é recomendado para materiais com coeficiente de permeabilidade mais elevados (COOLEY, 1999; PINTO, 2002). A Tabela 3.8 mostra valores típicos de coeficientes de permeabilidade de alguns tipos de solos (PINTO, 2002). Tabela 3.8 – Valores típicos de coeficientes de permeabilidade de alguns tipos de solos (PINTO, 2002) Tipo de Solos Coeficientes de Permeabilidade (cm/s) Argilas <10-9 Siltes 10-6 a 10-9 Areia argilosas 10-7 Areias finas 10-5 Areias médias 10-4 Segundo COOLLEY (1999) e BROWN et al. (2004), diversos fatores foram identificados e podem afetar a drenabilidade de pavimentos asfálticos. Entre eles, os mais importantes são: • Distribuição granulométrica e formato dos agregados; • Composição molecular do ligante asfáltico; • Vazios de ar no interior das camadas; • Grau de saturação; • Tipo de fluxo; • Temperatura. COOLEY (1999) apresenta a descrição de quatro tipos de permeâmetros testados em seções experimentais de pavimentos nos Estados Unidos. Os testes realizados tiveram como objetivo avaliar os quatro tipos de permeâmetros para se encontrar um que melhor correlacione com os ensaios de laboratório, tenha boa repetibilidade e seja de manuseio simples. Os permeâmetros utilizados na pesquisa estão apresentados na 77 Figura 3.9 (COOLEY, 1999). O permeâmetro que obteve os melhores resultados na avaliação pretendida foi o Permeâmetro 3. O Permeâmetro 1, embora de fácil manuseio do equipamento, não mostrou boa correlação com ensaios de laboratório. QVIST & KIRK (1996) desenvolveram um tipo de permeâmetro para determinar a infiltração da água em pavimentos de blocos de concreto, na Dinamarca. O permeâmetro consiste em um tanque, na parte superior, para o armazenamento da água, sustentado por um tripé, para o nivelamento, tendo no contato entre o equipamento e a superfície do pavimento um cilindro plástico. O cilindro e o tanque estão conectados por duas pipetas; a primeira é utilizada para levar a água do tanque até o cilindro e a segunda é utilizada como uma torneira, que é acionada para começar e encerrar o ensaio. A seção do cilindro, em contato com o pavimento, possui uma área de 0,07m2. IMAI et al. (2003); KARASAWA & SUDA (1996); e SHACKEL et al. (1996) utilizaram em seus trabalhos o “Constant Water Lavel Type Permeability Tester” (CWLTPT) para medir a drenabilidade de algumas estruturas de pavimentos intertravados. Este equipamento mede a permeabilidade de toda a estrutura de um pavimento permeável, por meio de uma carga de água constante em sua superfície, partindo do principio que a água penetra em toda sua estrutura pela superfície. O CWLTPT está apresentado na Figura 3.10 (KARASAWA & SUDA, 1996). Outro ensaio para determinar a permeabilidade e a infiltração da água em pavimentos é o chamado Gerador de Chuva Artificial (“Artificial Rain Generation”), mostrado na Figura 3.11 (JAMES & von LANGSDORFF, 2003). Neste ensaio, pode-se, além de medir a permeabilidade de toda a estrutura do pavimento, determinar a vazão que escoa pela superfície do pavimento. O ensaio, como diz seu nome, simula uma chuva padrão, para um determinado caso de projeto, sobre a superfície de um pavimento (JAMES & von LANGSDORFF, 2003; KARASAWA & SUDA, 1996). 78 Permeâmetro 1 Permeâmetro 2 Permeâmetro 3 Permeâmetro 4 Figura 3.9 – Permeâmetros utilizados na pesquisa de COOLLEY (1999) Figura 3.10 – “Constant Water Level Type Permeability Tester” (KARASAWA & SUDA, 1996) 79 Figura 3.11 - Gerador de Chuva Artificial (JAMES & von LANGSDORFF, 2003) LEENDERS (1988) relata que a infiltração de água pelas juntas dos pavimentos de PPC pode atingir até, aproximadamente, 45% da infiltração anual. HADE e SMITH (1988) sugerem que, em área de tráfego de veículos, a infiltração é menor que em área de tráfego de pedestres. Isto pode ser causado pela sucção da passagem dos pneus dos veículos pelas juntas. MALYSZ et al. (2003) utilizaram blocos vazados preenchidos com areia para controle do escoamento superficial de águas pluviais em localidades urbanas em Porto Alegre. A Figura 3.12 (a) apresenta a construção do pavimento com blocos vazados desta experiência. KNAPTON & COOK (2000) descrevem uma solução de pavimentos permeáveis de blocos de concreto para o porto de Santos, Brasil, que cobria uma área de 132.000m2 para depósito de contêineres. Foram utilizados blocos de concreto com 80mm e com juntas de 6mm entre eles. A permeabilidade do colchão de areia foi determinada tendo a capacidade de escoar uma chuva de 36mm/h. Outra experiência brasileira utilizando pavimentos permeáveis de blocos de concreto está sendo realizada no Porto de Itajaí, em Santa Catarina. A permeabilidade do pavimento, como no caso anterior, é realizada pelas juntas de 6mm entre as peças e pela camada de regularização das PPC, bem como o material de preenchimento das juntas que não é areia, mas um pedrisco lavado com 80 dimensão máxima entre 3mm e 6mm. A Figura 3.12 (b) mostra a montagem deste pavimento drenante (REVISTA PRISMA, 2005). (a) Blocos vazados (b) Por juntas de 6mm MALYSZ et al. (2003) REVISTA PRISMA (2005) Figura 3.12 – Execução dos pavimentos intertravados drenantes ITO et al. (2000) determinaram a permeabilidade de um pavimento intertravado, realizando a comparação de sua permeabilidade em três datas distintas de utilização de uma via e de uma calçada de pedestres. À primeira medição foi realizada logo após a construção, a segunda 6 meses após a liberação ao tráfego e a terceira um ano após a liberação ao tráfego. A Figura 3.13 mostra os resultados de permeabilidade encontrados. MADRID (2005) e MADRID et al. (2003) relatam que os pavimentos intertravados jovens tendem a permanecer úmidos por um período de tempo mais longo que os pavimentos velhos. Esta constatação leva à hipótese de que, com o passar do tempo, as juntas vão selando devido a fenômenos físicos e a presença de finos nas juntas. Foi realizado um estudo, totalizando vinte e quatro ensaios de permeabilidade em quatorze trechos em idades de utilização entre zero e vinte e seis anos. Neste estudo, (MADRID, 2005) chegou às seguintes conclusões: • Existe uma excelente relação entre a idade do pavimento de blocos de concreto e a taxa de infiltração de água. A taxa de infiltração decresce exponencialmente com a idade do pavimento, independentemente da espessura dos blocos e da composição e da granulometria da areia de rejunte; • A influência da largura das juntas é mais importante do que a inclinação do pavimento; 81 • Não é lógico considerar os pavimentos intertravados fundamentalmente permeáveis, pois qualquer valor de infiltração é alterado rapidamente com o passar dos anos, chegando a atingir 50% da infiltração inicial nos primeiros cinco anos de utilização. 1400 Permeabilidade (mm/12seg) 1200 1000 800 600 400 200 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Tempo (meses) Trilha de roda Fora da trilha de roda Calçadas Figura 3.13 – Permeabilidade de pavimentos de Blocos de Concreto em várias idades (ITO et al. 2000) IMAI et al. (2003) relacionaram algumas categorias de pavimentos intertravados conforme a permeabilidade, medida por permeâmetros, variando o coeficiente de permeabilidade, medidos em ruas, rodovias e calçadas de pedestres. As categorias relacionadas pelos autores estão descritas na Tabela 3.9. 82 Tabela 3.9 – Categorias de pavimentos intertravados conforme a permeabilidade Categorias A B C D E F G H Coeficiente de Permeabilidade (10-2 cm/s) Média 5,2 6,9 8,8 27,3 28,1 36,1 45,7 53,5 Máximo 5,9 7,9 9,5 34,6 32,8 37,8 46,9 54,3 Mínimo 4,7 5,6 8,1 16,7 20,7 34,3 44,2 52,6 Mediana 5,1 6,9 9,1 29,5 29,0 36,4 45,7 53,6 83 4 CONSTRUÇÃO DO TRECHO E DO PAINEL EXPERIMENTAL 4.1 Construção do Trecho Experimental Na pesquisa de mestrado do Engenheiro Luis Otávio Maia da Cruz, foi dimensionado e construído um trecho experimental de PPC, que é objeto de estudo na presente tese. Faz-se aqui um breve relato sobre os estudos efetuados por CRUZ (2003). Com a intenção de verificar o desempenho de um pavimento intertravado sob reais condições de tráfego, foi construído um trecho experimental no acesso à fabrica de cimento da Holcim S. A, localizada no município de Cantagalo, interior do estado do Rio de Janeiro, distante aproximadamente 185km da cidade do Rio de Janeiro. Segundo CRUZ (2003), a fábrica tem capacidade de produção mensal de cimentos em torno de 50.000 toneladas, podendo chegar nos próximos cinco anos a 70.000 toneladas. Além da saída de produtos industrializados, a empresa recebe uma grande quantidade de insumos necessários à fabricação de cimentos (escória de alto forno, gesso natural, minério de ferro, areia, entre outros). Numa avaliação superficial, calcula-se que, aproximadamente, 25.000 toneladas de insumos são recebidos mensalmente na fábrica. Para o recebimento e a expedição destes produtos é utilizado exclusivamente o transporte rodoviário. O trecho experimental foi construído no acesso de veículos pesados, com área de construção, de forma trapezoidal, com aproximadamente 135m2, distribuída em uma largura variável de 12 a 15 metros e com comprimento de 10 metros no sentido do tráfego. O trecho foi dividido em quatro segmentos de 2,50 metros, em cada um dos quais foram assentadas as peças de formato dentado (de 16 faces) com espessuras 100, 80, 60 ou 40mm. Apesar do dimensionamento recomendar peças com no mínimo 100mm, os blocos de menor dimensão foram instalados a fim de observar seu comportamento sob cargas de tráfego pesado. A Figura 4.1 apresenta o trecho experimental após sua conclusão. 84 Figura 4.1 – Trecho experimental de pavimento intertravado logo após a construção do mesmo (CRUZ, 2003) 4.1.1 Dimensionamento do Trecho Experimental Para o dimensionamento do pavimento do trecho experimental, foi utilizado o programa de computador disponibilizado pela ABCP, compilado a partir do método desenvolvido pela CCA (Concrete and Cement Association). No método da CCA, o número N calculado se refere a solicitações do eixo padrão de 80kN (8,2tf), segundo os fatores de equivalência dos estudos de Lilley e Walker, conforme informação do próprio programa. O método se aplica para um número N, de projeto de 104 a 108. Além do método da CCA, a ABCP também disponibiliza os métodos de dimensionamento da PCA (Portland Cement Association) e ICPI (Interlocking Concrete Pavement Institute). As Tabelas 4.1 e 4.2 referem-se, respectivamente, às variáveis de entrada e saída do programa disponibilizado pela ABCP compilado a partir dos métodos da CCA. 85 Tabela 4.1 - Variáveis de entrada para dimensionamento do painel experimental pelo programa da ABCP, utilizando o método da CCA (CRUZ, 2003) Dados de Entrada ISC do Subleito 5% Utilização do Pavimento (dias/ano) 300 Período de Projeto (anos) 20 Composição do Tráfego Informado Características dos Eixos Tipos de Veículos Número de Tipo de Eixo Solicitações 1 2 3 Carga por Eixo (tf) 10 Simples 6,0 10 Simples de Roda Dupla 10,0 70 Simples 6,0 70 Tandem Duplo 17,0 70 Simples 6,0 70 Simples de Roda Dupla 10,0 70 Tandem Triplo 30,0 Tabela 4.2- Variáveis de saída do dimensionamento do painel experimental pelo programa da ABCP (CRUZ, 2003) Variáveis de Saída do Programa de Dimensionamento da CCA Número N (conforme critério da CCA) 1,4x107 Expectativa da vida do pavimento 20 anos Espessura da sub-base granular 26cm Espessura da base cimentada 10cm O método recomenda a utilização de PPC de espessura de 100mm. O método não especifica a espessura do colchão de areia. As espessuras sugeridas pelo método da CCA foram substituídas por uma espessura de 15cm de camada de base granular tratada com cimento e 20cm de camada de sub-base 86 para o sub-trecho de 100mm de espessura da PPC e, assim, estabelecido o nível do pavimento. Nos sub-trechos adjacentes, com espessura de peças de 80mm, 60mm e 40mm, a camada de base foi acrescida de 2cm, 4cm e 6cm respectivamente. A Tabela 4.3 mostra as camadas do trecho experimental. Tabela 4.3 - Espessuras das camadas do pavimento do trecho experimental Estrutura das Camadas do Pavimento do Trecho Experimental Camadas (cm) Perfil dos Subtrechos 1 2 3 4 10,0 8,0 6,0 4,0 5,0 5,0 5,0 5,0 Base (BGTC) 15 17 19 21 Sub-base 20 20 20 20 PPC Revestimento Colchão de Areia Subleito Semi-infinito O trecho foi construído entre os dias 23/01/2003 e 26/01/2003, estando, portanto, em operação há dois anos. Nos capítulos a seguir serão apresentados os estudos realizados no trecho experimental pelo autor do presente trabalho. 4.2 Painel de Solos Reforçados SARAMAGO (2002) construiu um painel experimental para estudar a influência da compactação de muros de solos reforçados e nele monitorou as tensões desenvolvidas ao longo dos reforços, os deslocamentos internos e das faces do muro. Este painel está localizado no interior do Setor de Modelos Físicos, denominado Prédio Willy Alvarenga Lacerda, nas dependências do Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ, e foi utilizado no presente estudo para a observação da transmissão de esforços e deslocamentos em PPC, conforme é detalhado nos capítulos que se seguem. 87 4.2.1 Estrutura do Painel de Solos Reforçados A estrutura da caixa para ensaios de modelos reduzidos de solos reforçados possui as seguintes dimensões: 2m de largura, 3m de comprimento e 1,5m de altura e está descrita por SARAMAGO (2002). As laterais da caixa são em concreto armado com faces revestidas por placas de polietileno de peso molecular ultra-alto denominado UHMW 1900. Além do UHMW, as faces laterais e de fundo receberam uma fina camada de graxa de silicone que foi recoberta por uma lona plástica. Este procedimento teve o objetivo de minimizar o efeito do atrito entre o solo e as faces do modelo de forma a se aproximar de um estado plano de deformações. A fim de se evitar danos mecânicos sobre a lona plástica, esta foi recoberta por um geotêxtil tecido. No estudo de contenção de taludes, pode-se dizer que o modelo físico representa uma porção de um muro real, permitindo a modelagem do comportamento de um muro de até, aproximadamente, 7m de altura. A Figura 4.2 representa a montagem do painel de solos reforçados (SARAMAGO, 2002; BARBOSA JUNIOR, 2003). 4.2.2 Sistema de Aplicação do Carregamento SARAMAGO (2002) desenvolveu bolsas de ar para aplicação da sobrecarga sobre o topo do maciço reforçado, sendo as sobrecargas aplicadas pelas bolsas de ar, que permitem que a caixa do modelo, com apenas 1,5m de altura, possa representar um trecho de um muro com até 7m de altura. As bolsas, seis no total (uma reserva), foram construídas com um PVC flexível conhecido como “manton”, possuindo dimensões de 0,5m x 2,0m. Teste realizado por SARAMAGO (2002), em uma bolsa teste, demonstrou que esta é capaz de suportar uma tensão de aproximadamente 500kPa, bem acima da tensão de trabalho que era de 100kPa. Esta tensão máxima de ensaio foi determinada de acordo com as deformações impostas pela sobrecarga na laje do prédio onde foram realizados os experimentos (Setor de Modelos Físicos). A aplicação das pressões nas bolsas pode se dar por meio de um dos dois compressores disponibilizados para o prédio de Modelos Físicos, ou ainda por um cilindro de ar 88 comprimido. Este cilindro possui uma válvula unidirecional que não permite o retorno de ar vindo dos compressores. Em caso de falta de energia elétrica, e conseqüente baixa na pressão dos reservatórios dos compressores, o cilindro de ar supre as bolsas, evitando-se a interrupção dos ensaios. Figura 4.2– Representação da montagem do muro do painel de solos reforçados (BARBOSA JUNIOR, 2003) O painel de controle pneumático desenvolvido por SARAMAGO (2002) permitia que as bolsas de ar fossem carregadas de forma independente e, para aplicação de uma mesma sobrecarga nas cinco bolsas ao mesmo tempo, era necessário que o operador do quadro abrisse as cinco válvulas no mesmo instante. Tal dificuldade acabava por interferir na magnitude das sobrecargas aplicadas em cada bolsa. BARBOSA JUNIOR (2003) aperfeiçoou o painel acrescentando uma sexta válvula que se comportava como uma válvula geral, enquanto as outras cinco permaneciam como válvulas individuais. Para aplicação de uma mesma sobrecarga nas cinco bolsas em um mesmo instante, 89 abriam-se todas as válvulas individuais, passando o sistema a ser controlado pela válvula geral. Quando se queria aplicar cargas independentes nas bolsas de ar, a válvula geral era completamente aberta, passando o sistema a ser comandado pelas válvulas individuais. Para melhor leitura das pressões aplicadas nas bolsas, foram trocados os manômetros que antes eram de 0 a 4bar (0 a 400kPa) por manômetros de 0 a 1bar (0 a 100kPa). A Figura 4.3 apresenta o painel depois de serem realizados os melhoramentos descritos. Este conjunto foi utilizado nos testes de calibração das células de carga utilizadas nesta pesquisa, conforme se detalha no item 5.2.3 do próximo capítulo. Válvula Geral Válvulas Individuais Figura 4.3– Representação do painel de controle pneumático depois de melhorado (BARBOSA JUNIOR, 2003) No caso dos experimentos realizados com as PPCs, para o presente estudo, não foram aplicadas cargas com as bolsas de ar descritas, pois com estas as cargas são aplicadas de maneira distribuída sobre a superfície do painel, e adequadas para o estudo de estabilidade de taludes e sistemas de contenção, mas não para representar o carregamento gerado pela passagem do tráfego sobre o revestimento de pavimentos, que é constituído de cargas concentradas sob rodas de veículos. Portanto, optou-se, para o 90 estudo das PPCs, pela utilização de um macaco hidráulico e uma placa circular para a aplicação da carga, como detalhado no capítulo 5. 4.2.3 Areia de Quartzo Para o desenvolvimento de seu trabalho, SARAMAGO (2002) pesquisou vários solos no sentido de descobrir qual mais se adequava às condições necessárias ao seu estudo. Dessa forma, após concluir que as jazidas naturais exploradas no Rio de Janeiro não eram utilizáveis (em virtude de não terem uma granulometria constante), o referido autor passou a pesquisar o emprego de solos fabricados. Foi escolhido um solo “fabricado” de quartzo moído. Segundo SARAMAGO (2002), esta escolha deu-se em função deste material ser inerte, puramente friccional e encontrado comercialmente em granulometrias diferentes, sendo possível, com isto, obter uma granulometria bem graduada. A Figura 4.4 apresenta a curva granulométrica do solo utilizado no painel de modelos físicos (SARAMAGO, 2002). Figura 4.4 - Curva granulométrica do solo utilizado no painel de modelos físicos (SARAMAGO, 2002) 91 Não foram realizados ensaios com este solo no presente trabalho, sendo reproduzidos os dados obtidos de ensaios realizados por SARAMAGO (2002). A areia de quartzo escolhida por SARAMAGO (2002) foi submetida à prensa triaxial, para que as dúvidas existentes quanto ao risco de ocorrer quebra dos grãos durante a compactação e os carregamentos fossem sanadas. Os resultados observados demonstraram não ocorrer anormalidade alguma. 92 5 5.1 MÉTODOS E MATERIAIS Introdução Estão descritos neste capítulo os procedimentos realizados com o objetivo de calibração das células de carga e do LVDT utilizados nas medições no trecho e no painel experimental. Para a verificação da transmissão de esforços e dos deslocamentos gerados pela aplicação de um carregamento na superfície de um pavimento intertravado, foram montadas diversas configurações de arranjo das PPC no painel experimental do setor de Modelos Físicos do Laboratório de Geotecnia da COPPE. Foram definidas as utilizações de dois formatos de peças (retangular e dentada), três modelos de assentamentos (linear, ou fileira, espinha de peixe e trama), quatro espessuras de PPC (40, 60, 80 e 100mm) e duas espessuras de colchão de areia (50 e 75mm sem compactação). Porém, devido a não fabricação de peças de 4 e 10cm de espessura no formato retangular estas não foram incluídas no estudo. As combinações de fatores realizadas no experimento estão resumidas na Tabela 5.1. As combinações, no total de 24 arranjos, permitiram observar as transmissões de esforços e deslocamentos entre as PPC mais o colchão de areia e a base de areia padrão do painel. Tabela 5.1– Variações de ensaios realizados no Setor de Modelos Físicos Espessura das PPC (cm) Dentada Formato das Peças 6 8 10 X X X X X X X X X X X X Retangular Trama Modelos de Assentamento 4 X Linear Espinha de Peixe X X X X Espessura do 5,0 X X X X Colchão de Areia 7,5 X X X X – ensaios realizados 93 Também foram realizadas algumas medições no trecho experimental de pavimento intertravado construído no acesso à fabrica de cimentos da Holcim S. A, descrito no capítulo 4. Foram realizados ensaios para a avaliação da condição estrutural e da condição funcional e ensaios de transmissão de esforços com a utilização de células de carga. Estes ensaios tiveram a finalidade de proporcionar os primeiros levantamentos do desempenho do trecho executado e são mostrados no capítulo 7. 5.2 Calibração das Células de Carga No ano de 2003 foram compradas, pela Holcim S. A, dez células de carga da empresa TRANSTEC Indústria Brasileira. Estas foram adquiridas com o objetivo de instrumentar o trecho experimental implementado por CRUZ (2003), porém as células não chegaram a tempo de serem instaladas na fase construtiva dos sub-trechos. A intenção era avaliar o comportamento do pavimento intertravado pela medição de esforços transmitidos da camada de revestimento para as demais camadas constituintes da estrutura do pavimento. As células de carga possuem a capacidade de realizar leituras de até 3.000kg. Suas dimensões são: 7,5cm de diâmetro e 5cm de altura, sendo composta por dois discos individuais que estão ligados por um pino central responsável pela transmissão do carregamento do anel superior para o anel inferior. No anel inferior estão posicionados quatro strain-gages, colados na placa metálica, e um circuito para balanceamento e offset dos strain-gages. A Figura 5 apresenta uma das células de carga, demonstrando os aspectos relacionados anteriormente. Para uma correta interpretação dos dados de tensões coletados é necessário, primeiramente, a investigação do comportamento oferecido pelas células de carga em relação a ciclos de carga e descarga, de forma que se garanta a reprodução adequada de dados reais das condições de campo. 94 Figura 5.1 – Representação de uma das células de carga utilizada para os ensaios de transmissão de esforços As dez células foram calibradas ao ar com uso de um anel dinamométrico, do laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ, com capacidade para 10.000kg, aplicandose ciclos de carregamento e descarregamento até o limite das células, ou seja, 3.000kg. Durante o ciclo de carga e descarga realizado na calibração do primeiro instrumento, foi observada a presença de histerese em vista disso, foi estabelecida a sistemática de aplicação de diversos ciclos consecutivos de carga e descarga com o objetivo de diminuir a histerese observada. Estes ciclos foram realizados em todas as células. Também foram realizadas algumas simulações para a verificação do comportamento dos instrumentos adquiridos imersos em meio sólido. Estes testes foram realizados no setor de Modelos Físicos e em um cilindro de CBR. 95 5.2.1 Resultados Obtidos da Calibração das Células de Carga Foi construída a Tabela 5.2 para observar os ciclos de carregamento e descarregamento de carga e as leituras obtidas pelos sensores, bem como a dispersão dos resultados obtidos. Durante a calibração das células foi observada, de modo geral, uma ótima repetitividade dos valores médios medidos. Para melhor visualização da repetibilidade dos ciclos de carga e descarga da carga aplicada sobre a célula, foram plotados os gráficos representados nas Figura 5.2 e 5.3, sendo que primeiro contém os ciclos de acréscimo do carregamento e o segundo os ciclos de decréscimo do carregamento. Já na Figura 5.4 são representados os três ciclos de carregamentos realizados para a calibração de uma das células, e, na Figura 5.5, a curva média dos ciclos para a conversão das leituras de mV (leituras lidas a partir das células) para kgf (valores de carga desejados). Também foi feito o gráfico de dispersão entre os resultados das pressões aplicadas e das pressões obtidas nas leituras dos sensores, representado na Figura 5.6. Os gráficos de calibração das demais células de cargas estão apresentadas no Anexo I deste trabalho. Tabela 5.2– Exemplos dos ciclos de carregamento e descarregamento da carga e as leituras obtidas pelo sensor no 10549, bem como a dispersão dos dados obtidos 96 3000,0 2500,0 Carga (kg) 2000,0 y = 250,62x - 170,17 R2 = 0,9954 1500,0 y = 250,62x - 170,17 R2 = 0,9954 1000,0 y = 250,62x - 170,17 R2 = 0,9954 500,0 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 -500,0 Leituras (mV) Carregamento 1 Carregamento 2 Carregamento 3 Figura 5.2– Exemplo de ciclos de acréscimo de carga durante a calibração da célula de carga 10549 utilizada no estudo 3500,0 3000,0 Carga (kg) 2500,0 y = -250,62x + 3046,1 R2 = 0,9954 y = -250,62x + 3046,1 R2 = 0,9954 2000,0 1500,0 y = -250,62x + 3046,1 R2 = 0,9954 1000,0 500,0 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 Leituras (mV) Descarregamento 1 Descarregamento 2 Descarregamento 3 Figura 5.3– Exemplo de ciclos de decréscimo de carga durante a calibração da célula de carga 10549 utilizada neste estudo 97 3500,0 3000,0 Carregamento (kg) 2500,0 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 0,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Leituras (mV) Carregamento 1 Carregamento 2 Carregamento 3 Figura 5.4– Exemplo dos ciclos de carga e descarga observados para a célula no 10549 3500,0 3000,0 2500,0 y = 152,59x - 196,77 R2 = 0,9999 Carga (kg) 2000,0 1500,0 1000,0 500,0 0,0 0,0000 5,0000 10,0000 15,0000 20,0000 25,0000 -500,0 Leitura (mV) Leitura Média (mV) Linear (Leitura Média (mV)) Figura 5.5– Exemplo da curva média dos ciclos de carregamento e descarregamento para a conversão das leituras de mV para kg para a célula no 10549 98 50,0000 40,0000 30,0000 20,0000 10,0000 0,0000 0 5 10 15 20 25 -10,0000 -20,0000 -30,0000 -40,0000 -50,0000 Figura 5.6– Exemplo da dispersão dos resultados do carregamento da célula no 10549 Cabe aqui fazer um comentário sobre o comportamento das células instaladas no trecho experimental de pavimentos intertravados. Todas as células, dois meses após a instalação começaram a apresentar um comportamento irregular na medida das tensões. Optou-se, então, pela abertura do pavimento e retirada das células. Constatou-se que todas as células apresentavam-se enferrujadas no anel superior e no contato entre os dois anéis que compõe as células. Devido a estes problemas os ensaios de transmissão de tensões no trecho experimental foram suspensos e os instrumentos trazidos novamente ao laboratório para limpeza e nova calibração. Na nova calibração notou-se que todas as células tiveram uma grande diferença entre a primeira e segunda calibração no anel dinamométrico. Relata-se, ainda, que as células de carga 10818 e 10822 foram danificadas neste experimento, porém a célula 10822 foi recuperada pelos técnicos do laboratório de Geotecnia da COPPE. A Figura 5.7 mostra os detalhes das células de carga após a retirada do trecho experimental. Outro comentário sobre a calibração dos instrumentos deve ser feito devido aos experimentos realizados no painel experimental, que era submetido a uma compactação dinâmica por, aproximadamente, uma hora em cada montagem do pavimento. Temia-se que algumas das células utilizadas apresentassem um comportamento não satisfatório entre a realização de ensaios consecutivos. Portanto, procedeu-se à realização de novas calibrações dos instrumentos após alguns ensaios. Foram realizadas mais duas 99 calibrações dos equipamentos em uso, que mostraram um bom comportamento quanto à aplicação de cargas dinâmicas em laboratório. A Tabela 5.3 apresenta os valores encontrados para as constantes de calibração dos instrumentos utilizados no painel e no trecho experimental. Valores estes, obtidos através da calibração das células de carga para a conversão das medidas obtidas dos instrumentos (mV) para as leituras desejadas (kg). Figura 5.7– Aspecto das células de carga após a sua retirada do trecho experimental Tabela 5.3– Constantes de calibração das células de carga em laboratório Célula de Carga 1a Calibração 2a Calibração 3a Calibração 10548 937,90 153,48 143,64 10549 962,10 147,05 152,59 146,81 10550 961,40 148,77 152,62 150,05 10815 940,00 152,38 154,44 153,01 10816 927,10 149,71 147,00 147,00 10817 967,90 180,34 10818 967,80 10821 973,10 151,64 148,03 10822 958,50 149,27 148,04 10823 978,50 159,39 154,35 147,65 153 4aCalibração 100 5.2.1.1 Teste Realizado no Setor de Modelos Físicos Foi realizada a montagem do painel de solos reforçados com 1,5m de altura da areia padrão e instaladas as 10 células de carga em locais aleatórios no interior da última camada da areia de quartzo. Foi montado o sistema de carregamento, com os colchões de ar, e o sistema de reação. Aplicavam-se carregamentos no topo de até 100kPa, em incrementos constantes e com intervalos de 10kPa. Através do equipamento de aquisição de dados, realizavam-se as leituras das células de carga. A Figura 5.10(a) representa a distribuição das células na camada de areia antes do preenchimento e da montagem do sistema de carregamento. Notou-se uma boa repetibilidade dos dados dos instrumentos instalados no painel de solos reforçados, quando submetidos às tensões provenientes dos colchões de ar, mesmo a baixos carregamentos de 10kPa (0,1kgf/cm2), a Figura 5.8 apresenta o resultado obtido de uma das células de carga instaladas no painel experimental. 2,00E-05 Leituras Provenientes da Célula de Carga (mV) 1,00E-05 0,00E+00 -1,00E-05 -2,00E-05 -3,00E-05 -4,00E-05 -5,00E-05 -6,00E-05 -7,00E-05 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 Tempo de Coleta de Dados (s) Figura 5.8– Célula de carga 10549, quando submetida ao teste de carga distribuída realizado no painel de solos reforçados 101 5.2.1.2 Teste realizado com o cilindro de CBR Para verificar o comportamento das células de carga em um meio com densidade diferente daquela da areia de quartzo, foi utilizado um cilindro de CBR com solo compactado em cujo interior foi instalado uma célula. Procedeu-se da seguinte maneira para realizar a compactação do solo e a colocação do instrumento: • Preencheu-se uma parte de um cilindro de CBR com solo argiloso e no interior do cilindro, instalou-se uma das células; • Completou-se a altura do cilindro com o mesmo solo; • Foi adotada a compactação estática, para que a compactação dinâmica não viesse a danificar o instrumento durante a compactação do solo; • Foram aplicados carregamentos na superfície do solo pela mesma prensa na qual foi realizada a calibração das células de carga, e medidas as respostas da célula. Apesar do solo estar confinado em um ambiente de pequenas dimensões, este foi apenas um teste para verificar o comportamento do equipamento em um meio sólido, não sendo considerados os efeitos resultantes das paredes do cilindro, da compactação e da fiação. As respostas verificadas neste teste mostraram um bom comportamento da célula. A Figura 5.9 apresenta a resposta da célula de carga 10818 quando submetida a carregamentos no interior do cilindro CBR. Figura 5.9 – Teste realizado no cilindro CBR na célula de carga 10818 102 A Figura 5.10(b) mostra a célula de carga sendo colocada no cilindro de CBR e a prensa utilizada para a compactação do solo. (a) Esquema do teste realizado no Setor de Modelos Físicos (b) Esquema do teste realizado no cilindro CBR Figura 5.10– Esquema da colocação dos sensores nos testes realizados com as células de carga no interior dos solos 5.2.2 Calibração do LVDT O LVDT utilizado foi da marca WH (“Wykehan Farrance”) fabricado na Inglaterra, a Figura 5.11 mostra o LVDT utilizado, este possui a capacidade de deslocamentos de 10mm, foi calibrado no Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ com um micrômetro com capacidade de medidas de 0,1mm. Notou-se uma boa repetibilidade das leituras. Para a calibração foi construída a Tabela 5.4, com os valores obtidos da leitura do LVDT, e a Figura 5.12 com os valores médios medidos das leituras. Figura 5.11 – LVDT utilizado na pesquisa 103 Tabela 5.4- Exemplos dos ciclos de deformação e as leituras obtidas pelo LVDT 10 9 8 y = 0,1894x - 0,5814 R2 = 1 Deformação (mm) 7 6 5 4 3 2 1 0 0,000 10,000 20,000 30,000 40,000 50,000 60,000 Leitura (mV) Média Linear (Média) Figura 5.12– Valores médios da deformação medidos com o LVDT 5.3 Aquisição de Dados Provenientes dos Instrumentos Utilizados na Pesquisa Para a aquisição dos sinais provenientes dos instrumentos utilizados, foi adquirido um equipamento da marca HP (“Hewlet-Packard”), chamado “Agilient 34970A” que foi responsável pela aquisição dos dados provenientes das células de carga e do LVDT. O cartão de memória do equipamento tem capacidade para adquirir os sinais de até 104 dezesseis instrumentos simultaneamente, possuindo ainda cartões de memória adicionais de até trinta e dois sinais. Os sinais captados pelo equipamento foram transferidos, após a leitura, para um computador Pentium 200Mhz, equipado com o Software “BenchLinck Data Logger”, fornecido pelo fabricante do equipamento, responsável pelo arquivamento dos sinais; podia-se acompanhar o incremento de tensões na tela do computador por meio de gráficos e tabelas que o programa disponibiliza. A Figura 5.13 apresenta uma das telas do programa. Figura 5.13– Tela do programa de aquisição de sinais provenientes dos instrumentos A alimentação dos instrumentos era feita por uma fonte estabilizada, que permitia o controle da voltagem de alimentação dos instrumentos, instantaneamente, na face da fonte. A Figura 5.14 apresenta os equipamentos utilizados para a recepção dos dados coletados dos instrumentos. 105 Figura 5.14– Equipamentos utilizados para coleta de sinais dos instrumentos utilizados O tratamento dos dados foi realizado no Software “Excel”, pois o programa “BenchLinck Data Logger” cria uma porta direta para este, ficando assim mais fácil o tratamento dos dados adquiridos dos instrumentos. 5.4 5.4.1 Experimentos Realizados no Setor de Modelos Físicos Aplicação do Carregamento Para a aplicação do carregamento na superfície do pavimento, utilizou-se um macaco hidráulico com capacidade de 10 toneladas força. Para a simulação ficar o mais próximo possível do real, colocou-se entre o macaco hidráulico e a superfície do pavimento uma placa metálica de aço com 9cm de raio e área de 254,34cm2, tentando simular o contato do pneu com o pavimento. Embora a rigidez da placa seja muito maior que a do pneu, foi escolhida a placa metálica, pois esta já estava disponível no Laboratório de Geotecnia. 106 O sistema de reação adotado foi o mesmo utilizado para os ensaios de solos reforçados, ou seja, uma viga de aço de aproximadamente 300kg presa na parte superior do local onde eram realizados o carregamento com o macaco. Com este sistema de reação, as cargas aplicadas poderiam chegar até 8 toneladas força, caso fosse necessário. A carga aplicada pelo macaco na placa era verificada através de uma célula de carga posicionada entre a placa e o macaco. A célula utilizada para a verificação do carregamento aplicado era do mesmo modelo das que foram utilizadas para o registro das tensões transmitidas. O carregamento foi levado até a carga que submeteu o pavimento a uma pressão de aproximadamente 0,56MPa (5,6kgf/cm2). Porém, devido à aplicação manual do carregamento, esta pressão, na maioria dos casos, ultrapassou a planejada chegando, em alguns ensaios, até 0,8 MPa (8kgf/cm2). A montagem do sistema de aplicação do carregamento e do sistema de reação é apresentado na Figura 5.15. Viga de Reação Macaco Hidráulico Célula de Carga Figura 5.15– Vista do sistema de aplicação do carregamento nas PPC e do sistema de reação nos arranjos realizados no Painel de Modelos Físicos 5.4.2 Instalação das Células de Carga As células de carga foram instaladas na interface do colchão de areia e da areia de quartzo, utilizada normalmente nos ensaios de solos reforçados, que nestes 107 experimentos funcionou como camada adjacente ao revestimento de blocos de concreto. Foi instalado um conjunto de três células de carga para cada uma das simulações apresentadas na Tabela 5.1. As células foram dispostas a distâncias iguais entre si, partindo do centro de aplicação do carregamento e variando 10cm de distância entre seus centros, resultando na seguinte configuração: uma célula no centro de aplicação do carregamento, uma a 10cm do centro e a terceira a 20cm do centro de aplicação do carregamento. Assim sendo, optouse por denominá-las, respectivamente, de “centro”, “10” e “20”, fazendo assim uma referência ao local onde se encontravam. Todas as células foram niveladas entre si e alinhadas em cada uma das montagens realizadas. A Figura 5.16 apresenta um exemplo de uma das etapas de colocação das células. Figura 5.16– Exemplo da instalação das células de carga no painel experimental 5.4.3 Montagem do Pavimento Intertravado Para a montagem do revestimento para os experimentos no painel, primeiramente realizou-se o nivelamento e a compactação da areia de quartzo, Figura 5.17(a), e após, para evitar a contaminação desta com a areia do colchão colocou-se uma lona plástica preta entre estas duas camadas. 108 Colocada a lona plástica, realizava-se a distribuição e o nivelamento da areia destinada ao colchão, conforme as espessuras previstas para o experimento, (Figura 5.17(b)), tomando o cuidado para esta não ser tocada após o nivelamento. Realizada esta etapa, as PPC eram assentadas conforme o modelo pré-estabelecido pela ordem dos ensaios, (Figura 5.17(c)), e a colocação das peças era sempre iniciada por um dos cantos vivos. Como descrito no capítulo 4, o painel experimental possui uma área superficial de 6m2 e devido ao grande número de montagens decidiu-se dividir a área superficial em duas e confeccionar o revestimento de PPC com os dois formatos de peças que se tinha à disposição (retangular e dentada) para cada experimento em apenas uma montagem. Com esta formação podia-se estudar a influência do formato das peças para um mesmo modelo de assentamento e espessura do colchão de areia (Figura 5.17(d)). Concluída a operação de assentamento dos blocos, o pavimento era submetido à compactação, ou vibração, com a ação de uma placa vibratória. Segundo CARVALHO (1993) a compactação deve ser realizada em duas fases descritas a seguir: • Compactação Inicial: realizada após a colocação dos blocos, possuindo como principais funções: rasar os blocos, dar inicio ao adensamento da camada de areia sob os blocos e induzir a penetração dos blocos na camada inferior, fazendo com que a areia penetre nas juntas laterais dos blocos de modo a produzir o intertravamento. Nesta, deve-se passar a placa vibratória no mínimo duas vezes em cada direção; • Compactação Final: realizada após a selagem das juntas, possuindo a função de dar firmeza ao pavimento. Deve ser realizada com o mesmo equipamento e da mesma forma da anterior, com a diferença que a placa vibratória deve ser passada no mínimo quatro vezes em cada direção. 109 (a) Compactação da Areia de (b) Distribuição e Nivelamento do Quartzo Colchão de Areia (c) Colocação das PPCs no Modelo (d) Aspecto do revestimento com os Pré-definido dois formatos de peças Figura 5.17– Aspectos da montagem dos arranjos testados no Painel Experimental Segundo CARVALHO (1993) e SHACKEL, (1990), a passagem do tráfego contribui para completar a selagem das juntas e para estabilizar as deformações permanentes. Portanto, optou-se por uma seqüência de compactação diferente da descrita acima, procurando simular também o efeito da passagem do tráfego sobre o pavimento, acrescentando uma energia maior na compactação final. A Figura 5.18 apresenta um exemplo da fase de distribuição da areia de selagem e da compactação sendo realizada. Assim, a seqüência de compactação realizada no experimento foi a seguinte: • Compactação Inicial: realizada após o assentamento dos blocos, por um período de 15 minutos, passando a placa vibratória em todas as direções e sentidos; 110 • Compactação e Selagem das Juntas: realizada em três etapas de 5 minutos, totalizando 15 minutos. Antes de cada uma das três etapas, foi distribuída sobre o pavimento a areia destinada à selagem das juntas, procurando-se, também, efetuar a passagem da placa vibratória em todas as direções e sentidos; • Compactação Final: etapa realizada em um período de 30 minutos, podendo ser dividida em duas etapas de 15 minutos, as quais destinavam-se única e exclusivamente a estabilizar as deformações permanentes e simular, ainda que em um processo não usual, a passagem do tráfego. Figura 5.18– Aspectos da fase de compactação e selagem das juntas A Figura 5.19 mostra, esquematicamente, uma seção transversal do painel de Modelos Físicos com a montagem dos arranjos para o experimento com as PPC desta pesquisa, após as etapas descritas anteriormente. 111 VIGA DE REAÇÃO 5 10 ATUADOR HIDRÁULICO CÉLULA DE CARGA PLACA METÁLICA CÉLULAS DE CARGA 130 170 10 10 REVESTIMENTO DE PPC COLCHÃO DE AREIA AREIA DE QUARTZO desenho esquemático sem escala-cotas em cm 200 Figura 5.19– Painel de solos reforçados após todas as etapas construtivas 5.4.4 Os Blocos de Concreto Utilizados nos Ensaios Realizados no Setor de Modelos Físicos Como dito anteriormente, foram utilizados dois formatos de blocos (retangular e dentado) em quatro espessuras no formato dentado (40, 60, 80 e 100mm) e duas espessuras no formato retangular (60 e 80mm). No formato retangular as peças de espessura 40mm e 100mm, segundo informações do fabricante, não são fabricadas comercialmente, portanto não foram utilizadas na presente pesquisa. A Figura 5.20 mostra um detalhe dos blocos utilizados na pesquisa. Os blocos de concreto foram doados para a pesquisa pela empresa PAVIBLOCO PréMoldados de Concreto S.A, localizada no Bairro de Santa Cruz, no município do Rio de Janeiro, que, além da produção de peças de concreto para pavimentação, fabrica blocos de concreto para a construção civil (blocos de vedação e blocos estruturais), blocos vazados (pavigrama ou eco-pave) e meios-fios. 112 Peças Retangulares Peças Dentadas Figura 5.20– Blocos de concreto utilizados nesta pesquisa Segundo a PAVIBLOCO, os blocos foram produzidos conforme as normas NBR 9780 e 9781/87, porém atendendo à resistência mínima de 25MPa de resistência à compressão. Eles foram inspecionados na chegada ao laboratório e os lotes de 3,5m2 foram aprovados quanto às suas dimensões e não se apresentavam quebrados ou com qualquer outra falha perceptível a olho nu. Foram realizados outros ensaios nas peças que não estão especificados pelas normas brasileiras: ensaio de desgaste e de resistência à derrapagem com o Pêndulo Britânico. Após os ensaios no Setor de Modelos Físicos, foram separados alguns blocos para novos ensaios de compressão e de Pêndulo Britânico. Não foram realizados ensaios de compressão nos blocos virgens. 5.4.4.1 Ensaios de Compressão Axial Foram realizados ensaios de compressão, pela empresa HOLCIM S.A, no laboratório de caracterização de materiais em sua sede no município do Rio de Janeiro, nos blocos de concreto após os experimentos no painel experimental. Deve-se ressaltar a perda de resistência de alguns blocos, o que pode ter sido ocasionado pela presença de microfissuras em seu interior, resultado da intensa compactação a que foram submetidos. Observa-se que os blocos de 60mm e 80mm apresentaram os resultados de resistência mais baixos nestes ensaios, talvez devido ao número maior de carregamentos a que estes foram submetidos, já que, durante a execução de alguns experimentos ocorreram 113 problemas com a fonte de alimentação das células e foi necessário repetir os ensaios nos arranjos com o colchão de areia de 50mm e a com utilização dos blocos de 60 e 80mm. A Tabela 5.5 apresenta o resumo dos valores de resistência à compressão dos blocos após os experimentos, estes ensaios foram realizados na empresa HOLCIM S.A. Tabela 5.5– Valores de resistência à compressão simples dos blocos de concreto após a execução dos ensaios no painel experimental Peças de Concreto (mm) Dentada Retangular 5.4.4.2 Resistência Característica - fck (MPa) 40 32,80 60 22,70 80 36,70 100 32,90 60 25,80 80 28,10 Ensaios de Desgaste Os ensaios de desgaste podem ser realizados com a máquina de desgaste Amsler-Laffon do Instituto Militar de Engenharia (IME), com o que foi relatado por CRUZ (2003). A Figura 5.21 mostra a máquina de desgaste, composta basicamente por disco horizontal de ferro fundido que gira em torno do seu eixo vertical, composta de: • Dispositivos que mantêm os corpos de prova apoiados sobre a face superior do disco, sob uma força de 334 N, e os obriga a uma velocidade angular de ¾ de volta por minuto; • Dispositivo que deixa cair sobre o disco, junto a cada corpo de prova, água e areia (partículas com dimensões compreendidas entre 0,2mm e 0,6mm) com uma vazão de 150g/minuto; • A carga abrasiva utilizada é a areia normalizada, conforme NBR 7214, de dimensão dos grãos de 0,3mm; 114 • O ensaio é realizado via seca. Após 250 voltas do disco, é feita a primeira medição, correspondendo a 250 metros de percurso, e a 500 voltas a segunda medição correspondendo a 1.000 metros de percurso. Figura 5.21 - Máquina de desgaste Amsler-Laffon do IME (CRUZ, 2003) A Tabela 5.6 apresenta alguns resultados de desgaste encontrados por CRUZ (2003) na máquina Amsler-Laffon. Os resultados expressos estão em função de perda de altura dos corpos de prova. No presente trabalho foram inseridos os valores de perda de altura em porcentagem. HUMPOLA (1996) comenta que o aspecto de cura é um dos fatores de maior influência na resistência à abrasão das PPC. Relata que é comum estabelecer relações entre a resistência à compressão e a abrasão sem, contudo, fornecer informações sobre o processo de cura utilizado. Segundo este autor, os aspectos mais importantes que influenciam a abrasão das PPC são: • Inadequada resistência à compressão; • Agregado de baixa resistência; • Processo de cura inadequado; • Período de cura insuficiente. 115 Tabela 5.6 – Valores de desgaste em PPCs com diferentes resistências à compressão (modificado de CRUZ, 2003) Resistência à Série Compressão a 28 Amostra 2C 3C 5ª 21,2 27,8 26,3 33,1 Desgaste do C.P (mm) (%) 1 2,531 0,847 33,45 2 3,924 0,251 6,40 3 2,875 1,262 43,90 1 3,614 1,084 29,99 2 4,226 0,735 17,40 3 4,062 0,448 11,03 1 4,137 0,725 17,52 2 4,104 0,622 15,15 3 4,467 1,757 39,33 1 3,907 0,636 16,28 dias (MPa) 1C Altura Desgaste Médio (%) 27,92 19,47 24,00 16,28 2 3 1 5B 29,8 4,559 0,920 20,19 20,19 2 3 1 5C 28,3 2 4,264 1,086 25,47 25,47 3 BULLEN (1992), em seu estudo de correlação de durabilidade das PPC dentro de uma produção controlada de PPC, utilizando o mesmo processo de cura, aponta apenas uma linha de tendência entre abrasão e resistência à compressão, mostrando que com o aumento da resistência à compressão há de fato uma tendência de aumento da resistência à abrasão. CRUZ (2003) ressalta em seu estudo, os resultados de resistência à compressão tiveram variação relativamente pequena entre os valores máximos e mínimos o que provocou 116 uma concentração de pontos em uma faixa de resistência entre 26,0 a 45 MPa, em média, para valores dispersos de abrasão. A Figura 5.22 mostra o gráfico que relaciona as resistências à compressão e à abrasão obtidas, (CRUZ, 2003). Ela indica baixa correlação entre estas grandezas, ao contrário do que se espera normalmente. Figura 5.22- Relação entre a resistência à compressão e à abrasão obtida por CRUZ (2003) Talvez, por este motivo justifica-se a não inclusão do ensaio de abrasão na norma brasileira, com a alegação de que o desgaste não teria relação direta com a resistência à compressão. Por este motivo, também, seria recomendável a investigação de outros ensaios que viessem, de alguma maneira, a se correlacionar com o desgaste das peças devido à passagem de cargas ou a inclusão do ensaio de abrasão nas normas brasileiras. Também foi analisado o desgaste das peças com a atuação da placa vibratória durante a compactação dos ensaios realizados no painel experimental. Para tanto, foram marcadas um total de dezoito PPC de 100mm e de 60mm (dentada e retangular), e ao final do ciclo de compactação foram retiradas seis peças e levadas para o setor de Recepção de amostras onde foram pesados e comparado o peso dos blocos antes e depois da compactação. Eram realizados os seguintes passos para determinar o desgaste dos blocos: • Foram separados, aleatoriamente, dezoito blocos, de cada formato e espessura; 117 • Destes, nove foram lavados e pesados e os outros nove eram lavados e submersos em água por 48h Após este tempo suas superfícies foram secas e pesava-se os blocos; • Todos os dezoito blocos foram instalados para a realização dos experimentos, e a cada final de ensaio foram retirados seis e levados ao laboratório, três foram lavados e pesados e três lavados e submersos em água por 48h, para após secagem das superfícies serem secados e pesados; • Foi realizada a comparação dos pesos das amostras, das peças que não foram submersas e das que foram submersas, antes e depois dos ensaios. Como eram separadas, inicialmente, dezoito peças e somente foram retiradas seis por ensaio, verificou-se-se a perda de massa por desgaste devido à placa vibratória após o final de três ensaios consecutivos. A Figura 5.23 retrata a condição de superfície de dois blocos, antes e depois dos ensaios, utilizados nos ensaios de desgaste. A Figura 5.24 apresenta os valores de desgaste com a atuação da placa vibratória para os blocos utilizados na pesquisa realizada no painel experimental. Figura 5.23 – Superfície de dois blocos utilizados nos ensaios do painel experimental 118 Figura 5.24 – Valores de desgaste dos blocos após a atuação da placa vibratória e carregamento com macaco hidráulico 119 5.4.4.3 Ensaios de Pêndulo Britânico Os ensaios de Pêndulo Britânico realizados em peças individuais tiveram o objetivo de determinar a resistência ao escorregamento das PPC utilizadas nos ensaios do painel experimental. As peças utilizadas para os ensaios não foram submetidas aos ensaios do painel experimental, portanto não possuíam a superfície desgastada. Foram realizados ensaios nos blocos, segundo descrito por CRUZ (2003). Os ensaios foram realizados com a presença de lâmina de água na superfície das peças. A Figura 5.25 mostra a execução do ensaio e a Tabela 5.7 os resultados obtidos. Figura 5.25 – Ensaio de Pêndulo Britânico realizado em peças individuais Os resultados dos ensaios realizados com o Pêndulo Britânico nas peças individuais estão acima do índice BPN considerado como muito bom recomendado por CRUZ (2003) (BPN > 0,65). As peças que tiveram os menores valores de BPN foram os blocos de 40mm de espessura, pois, devido às suas reduzidas dimensões, não comportavam a largura total do “patim” de borracha. 120 Tabela 5.7 – Resultados dos ensaios de Pêndulo Britânico realizados nas peças individuais utilizadas no painel experimental Formato das Espessura das Nº das Peças Peças PPC (mm) Ensaiadas Dentada* Dentada Dentada Retangular 5.4.5 40 60 80 80 BPN 1 0,68 2 0,68 3 0,66 1 0,77 2 0,69 3 0,75 1 0,71 2 0,70 3 0,78 1 0,73 2 0,76 3 0,70 Média BPN 0,67 0,74 0,73 0,73 Areia Utilizada no Colchão e no Rejunte dos Ensaios Realizados no Setor de Modelos Físicos Foram realizados alguns ensaios para a classificação da areia que foi utilizada no colchão e no rejunte entre os blocos do painel de pavimento intertravado do setor de Modelos Físicos. Foram realizados ensaios de granulometria e de degradação conforme descrito no capítulo 2 desta tese. A mesma areia foi utilizada na confecção do colchão e na selagem das juntas entre as peças, tomando o cuidado para que a areia fosse passada por um peneiramento na malha de 4,8mm antes de sua colocação como areia de rejunte e pela peneira de abertura 9,5mm antes de sua colocação na camada inferior das peças. As granulometrias da areia utilizada para o colchão e para o rejunte podem ser observadas na Tabela 5.8. 121 O ensaio de degradação utilizado para verificar o comportamento da areia quanto à durabilidade foi o de trituração apresentado por MORI & KARASAHARA (2000), cujo resultado foi expresso em % passante antes e depois do ensaio na peneira 0,075mm. Optou-se pela realização deste ensaio pela sua facilidade e pela disponibilidade de todos os equipamentos necessários para sua execução, o que não acontece para os outros ensaios que necessitam de materiais especiais para sua execução. Os resultados deste ensaio estão apresentados na Tabela 5.9. Tabela 5.8 – Granulometria da areia utilizada para o colchão e para o rejunte nos experimentos realizados no Setor de Modelos Físicos Colchão de Areia Abertura das Areia do Rejunte Recomendado Peneiras (mm) % Passante 9,5 100 100 100 4,8 99 95 a 100 100 1,2 80,69 50 a 85 80,69 0,6 48,05 25 a 60 48,05 0,3 16,88 10 a 30 16,88 0,15 5,01 5 a 15 5,01 0,075 1,17 0 a 10 1,17 pela ABCP % Passante Tabela 5.9 – Resultado do ensaio de degradação para a areia utilizada nos ensaios realizados no painel experimental Antes do Ensaio Após o Ensaio Diferença % Passante na Peneira % Passante na Peneira Entre os 0,075 0,075 Ensaios (%) 1 1,09 2,97 1,88 2 1,25 3,01 1,76 Amostra Comparando os resultados obtidos na análise da degradação da areia utilizada nos experimentos do painel experimental e os valores recomendados por KNAPTON (1997) 122 para os limites aceitáveis para o ensaio de degradação Lilley and Dowson,verifica-se que a areia utilizada passaria no critério de % máxima passante após o ensaio (15%) e na % máxima de diferença antes e depois do ensaio (5%), apresentadas na Tabela 2.4. 5.4.6 Transmissão de esforços da superfície do pavimento de PPC para a camada de base Primeiramente, montou-se o sistema de reação para a aplicação do carregamento e colocou-se, na seguinte ordem: a placa circular de aço, a célula de carga e o macaco hidráulico, conforme mostrado na Figura 5.9. Depois dos passos descritos, partiu-se para a realização dos ensaios propriamente ditos. As tensões foram verificadas diretamente no sistema de aquisição de dados e aplicaram-se incrementos de tensões até atingir-se aproximadamente 5,6kgf/cm2 (0,56MPa), na superfície do pavimento. No mesmo instante, foram registrados os dados das três células de cargas, instaladas na interface da areia do colchão e da areia de quartzo, nas distâncias já descritas. Os resultados destes ensaios estão apresentados no capítulo 6. 5.4.7 Determinação dos Deslocamentos Verticais e Horizontais Para a determinação dos deslocamentos entre os blocos do pavimento intertravado, foi utilizado um dispositivo tipo “Crack Activity Meter” (medidor de atividade de trincas CAM), representado na Figura 5.26, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Transportes da África do Sul, que é um medidor de deslocamentos que permite efetuar medições dos movimentos verticais e horizontais entre as paredes de uma trinca. Os movimentos são medidos por LVDTs. O primeiro LVDT instalado na posição horizontal, mede o deslocamento relativo na direção horizontal e o segundo na posição vertical mede o movimento relativo na direção vertical entre as paredes da trinca (VILCHEZ, 2002). No caso da utilização do CAM para a medição dos deslocamentos entre dois blocos justapostos os LVDTs foram posicionados sobre a placa circular, responsável pela aplicação de tensões sobre a superfície do pavimento, e o equipamento foi apoiado sobre um bloco lateral que não recebia diretamente os esforços gerados pela placa. Os 123 ensaios de deslocamento vertical e horizontal foram realizados individualmente. A Figura 5.27(a) apresenta o ensaio de deslocamento vertical sendo realizado e a Figura 5.27(b) o ensaio de deslocamento horizontal. Os ensaios de deslocamento vertical e o de deslocamento horizontal estão descritos a seguir. Figura 5.26 – Medidor de deslocamentos CAM (modificado de VILCHEZ, 2002). Deslocamento Vertical: • Monta-se o sistema de reação e de aplicação do carregamento; • Ajusta-se a placa circular de modo que um bloco lateral a esta não esteja sofrendo nenhum tipo de solicitação de superfície; • Posiciona-se o CAM, com o LVDT ajustado na posição vertical, sobre o bloco que não esteja sofrendo carregamento; • Posiciona-se o LVDT sobre a placa circular; • Aplica-se o carregamento e realizam-se as leituras. Deslocamento horizontal: • Monta-se o sistema de reação e de aplicação do carregamento; • Ajusta-se a placa circular de modo que um bloco lateral a esta não esteja sofrendo nenhum tipo de solicitação de superfície; 124 • Posiciona-se o CAM, com o LVDT ajustado na posição horizontal, sobre o bloco que não esteja sofrendo carregamento; • Posiciona-se o LVDT sobre a placa circular; • Aplica-se o carregamento e realizam-se as leituras. (a) Ensaio de Deslocamento Vertical (b) Ensaio de deslocamento horizontal Figura 5.27 – Ensaios de Deslocamento Realizados 5.4.8 Determinação do esforço de compressão entre os blocos Para a tentativa de determinação da tensão de compressão entre dois blocos, onde um era submetido a uma carga externa e outro não, foram realizados os seguintes passos: • Após a realização de todas as etapas de compactação, retirava-se um bloco do pavimento (em geral, com dificuldade, devido ao intertravamento); • Cortou-se o bloco, para o encaixe da célula de carga entre os blocos; • Recolocou-se o bloco cortado e instalava-se a célula de carga entre os dois blocos; • Preencheu-se o espaço vazio com a areia utilizada no colchão, para a acomodação da areia aplicavam-se alguns golpes manualmente com um martelo de borracha; • Montou-se o sistema de reação e de aplicação do carregamento; • Aplicou-se o carregamento e realizavam-se as leituras. A Figura 5.28 apresenta os passos para a montagem do experimento para esta medição. Os resultados destes experimentos estão apresentados no capítulo 6. 125 Figura 5.28 – Etapas do ensaio para a determinação dos esforços de compressão entre os blocos de um pavimento intertravado 126 5.4.9 Ensaio de Drenabilidade ou Permeabilidade Realizados no Painel Experimental Com o objetivo de se realizar a comparação da permeabilidade dos revestimentos criados pelas PPC de várias espessuras de pavimentos intertravados, realizaram-se algumas medições da permeabilidade no painel experimental. Foram ensaiadas as quatro espessuras de peças (40, 60, 80 e 100mm) com espessura do colchão de areia de 7,5cm. Também foi ensaiada a permeabilidade do colchão de areia após a retirada das peças. A Figura 5.29 mostra o esquema do ensaio de drenabilidade sendo realizado no painel experimental. Os ensaios foram realizados com uma proveta com capacidade de 1000ml de armazenamento de água, com área de contato entre a base da proveta e o pavimento de 31,16cm2. Apesar da recomendação da utilização de uma cola de silicone (COOLEY, 1999), para evitar a saída de água entre o contato da base da proveta e a superfície do pavimento, foi empregada uma graxa de uso automotivo do tipo GMA-2, não solúvel em água, pois assim evitou-se a espera do tempo de secagem da cola de silicone. Foram adotados os seguintes procedimentos para a realização do ensaio: • Limpou-se o local em que seria realizado o ensaio; • A graxa foi colocada em toda base da proveta, em uma espessura de aproximadamente 0,5cm; • Marcou-se o local, no pavimento, onde a proveta ficaria em contato com as juntas entre os blocos; • Foi colocada uma camada de graxa nas juntas que estivessem em contato com a base da proveta; • Colocou-se a proveta em contato com o pavimento, no local pré-estabelecido; • Na parte superior da proveta, colocou-se um peso para melhor fixação e preenchimento dos vazios entre a base da proveta e o pavimento; • Encheu-se a proveta até uma altura determinada e manteve-se a altura de água na proveta, por um minuto; • Completou-se a proveta com água; • Anotou-se o tempo que a água escoava entre duas alturas pré-definidas; • Mediram-se as alturas pré-definidas da proveta até o pavimento. 127 Foi adotada a colocação da graxa das juntas, entre os blocos, pois, em alguns casos, somente a graxa colocada na base da proveta não conseguia penetrar nas juntas e assim a água expulsava a areia da parte superior das juntas, tendo que reiniciar o ensaio. A área de contato entre a proveta e o pavimento adotada para o cálculo da permeabilidade não era toda a área molhada, mas somente a parte pertencente às juntas, pois se considerou o bloco de concreto impermeável. Foi realizado, também, o ensaio de permeabilidade da areia do colchão em laboratório, para a verificação de sua influência na drenabilidade dos pavimentos intertravados. Para tanto, foram retiradas amostras indeformadas do colchão de areia, com auxilio de um anel de dimensões conhecidas, para se determinar a densidade da areia após compactação com a placa vibratória. A partir do valor de densidade medida tentou-se reproduzir a mesma em laboratório e realizar o ensaio de permeabilidade de carga constante. Foram realizadas aindavariações do índice de vazios da areia para se tentar correlacionar a permeabilidade encontrada no painel com a encontrada no laboratório. Figura 5.29 – Ensaio de permeabilidade realizado no painel experimental 128 Os resultados obtidos no painel experimental estão apresentadas na Tabela 5.10 e os valores de permeabilidade da areia utilizada no colchão de areia do painel estão na Tabela 5.11. Tabela 5.10 – Valores de coeficiente de permeabilidade encontrados no painel experimental Espessura da Camada Permeável (mm) Coeficiente de Permeabilidade (cm/s) PPC 40 3,43x10-1 PPC 60 5,31x10-1 PPC 80 3,50x10-1 PPC 100 1,97x10-1 Colchão de Areia de 65mm (após 1,34x10-2 compactação) (γ = 1.65) Tabela 5.11 – Valores de coeficiente de permeabilidade para a areia utilizada no colchão do painel experimental Massa Especifica Aparente Seca (g/cm3) Índice de Vazios. Coeficiente de Permeabilidade (cm/s) 1,63 0,626 2x10-2 1,67 0,586 1,35x10-2 1,70 0,559 1,03x10-2 129 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS DO PAINEL EXPERIMENTAL Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos no painel do Setor de Modelos Físicos. As observações são divididas em itens, nos quais procura-se identificar quais as melhores configurações dentre as testadas, que foram apresentadas no capítulo cinco desta tese, no que diz respeito à transmissão de tensões e deformações encontradas no painel experimental. Para a análise dos resultados encontrados no painel experimental, dividiram-se os ensaios realizados (tensão vertical e horizontal e deformação vertical) em diversas configurações, analisando-se assim, separadamente, as espessuras das PPCs, os arranjos ou modelos de assentamento, a espessura do colchão de areia e o desenho das peças correlacionando cada uma destas com as demais. Através destas comparações pretendeu-se obter, para cada uma das análises, qual configuração teria o melhor desempenho. As comparações realizadas estão apresentadas na Tabela 6.1. 6.1 Análise da Tensão Normal Vertical Para a análise da tensão normal vertical foram realizados 32 ensaios de transmissão de esforços verticais para a camada de base, com as células de carga instaladas nas posições relatadas anteriormente (“centro”, “10” e “20”). Os detalhamentos destes ensaios estão apresentados no capítulo cinco. 130 Tabela 6.1– Comparações realizadas entre os ensaios de transmissão de esforços Espessura do Modelos de Assentamento Espessura da PPC Colchão de Desenho da PPC Areia Espinha de Peixe Trama Linear 40mm 60mm 80mm 100mm 50mm 75mm Dentada Retangular Modelos de Assentamento Espinha de Peixe Ensaios Realizados Trama Linear Ensaios Ensaios Realizados Realizados Ensaios Ensaios Realizados Realizados 40mm Espessura das 60mm PPC 80mm Ensaios Realizados 100mm Espessura do 50mm Colchão de Areia 75mm Retangular Desenho das PPC Dentada Ensaios Realizados Ensaios Realizados Ensaios Realizados Ensaios Realizados Ensaios Realizados Ensaios Realizados 131 A Tabela 6.2 apresenta os valores de tensões transmitidas da superfície do pavimento intertravado, sob a pressão aplicada de 6kgf/cm2 (0,6MPa) por placa rígida de 18cm de diâmetro, para as células de carga instaladas na interface da base de areia de quartzo com o colchão de areia. A partir desta tabela, foram montadas as figuras comparativas descritas a seguir e feitas as comparações referidas na Tabela 6.1. Como descrito no capítulo cinco, a aplicação de carga com o macaco manual fez com que os valores máximos atingidos em cada experimento fossem variados. Portanto para a análise deste capítulo foi escolhida a pressão de 6kgf/cm2 (0,6MPa), que foi atingida em todos os arranjos e foi possível tomar os valores lidos numa mesma base de comparação. Foram realizados apenas dois ensaios de transmissão de esforços utilizando PPCs de 40mm de espessura, sendo ambos com peças dentadas e utilizando dois modelos de assentamento (espinha de peixe e trama), os resultados observados destes dois experimentos estão descritos a seguir. A Figura 6.1 apresenta os resultados das pressões lidas na base com PPCs de espessura de 40mm. Nas PPCs de 60mm foram realizados doze ensaios de transmissão de esforços da camada de revestimento de blocos intertravados para a camada de base, estes ensaios foram realizados variando-se o modelo de assentamento (espinha de peixe, trama e linear), o formato das peças (dentada e retangular) e espessura do colchão de areia (50 e 75mm). A Figura 6.2 apresenta as pressões lidas na base com arranjos de PPCs com espessura de 60mm. Para a determinação das tensões transmitidas nas PPCs de 80mm foram realizados doze experimentos de transmissão de esforços da camada de revestimento de peças intertravados para a camada de base, estes experimentos foram realizados variando-se o modelo de assentamento (espinha de peixe, trama e linear), o formato das peças (dentada e retangular) e espessura do colchão de areia (50 e 75mm). A Figura 6.3 apresenta as pressões lidas na base das PPCs com espessura de 80mm. 132 Tabela 6.2 - Tensões transmitidas da superfície do pavimento carregado com 6kgf/cm2 para as células de carga instaladas na interface da base com o colchão de areia 133 6 5 Pressão (kgf/cm^2) 4 3 2 1 0 Espinha de Peixe - Dentada Trama - Dentada Modelo de Assentamento e Formato da Peças Centro, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 50mm Figura 6.1– Pressões Lidas na base dos arranjos das PPCs de Espessura 40mm Comentários sobre a utilização de PPC de 40mm: • Foi observado um melhor comportamento do modelo de assentamento espinha de peixe na posição de leitura “centro”, porém na posição “10” o modelo de assentamento trama teve melhor desempenho; • O modelo de assentamento espinha de peixe transmitiu para a camada de base 83,3%, 70% e 6,7% do carregamento aplicado na superfície para as células instaladas na camada de base no centro, a 10cm e a 20cm, respectivamente, do centro da aplicação do carregamento; • O modelo de assentamento trama transmitiu para a camada de base 90%, 45% e 5% do carregamento aplicado na superfície para as células instaladas na camada de base no centro, a 10cm e a 20cm, respectivamente, do centro da aplicação do carregamento; 134 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 Espinha de Peixe Trama - Dentada - Dentada Fileira - Dentada Espinha de Peixe - Retangular Trama Retangular Fileira Retangular Modelo de Assentamento e Formato da Peças Centro, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 75mm Figura 6.2- Pressões Lidas na base das PPCs com Espessura de 60mm Comentários sobre a utilização de PPC de 60mm: • Para todos os modelos de assentamento e formato das peças, a espessura do colchão de areia que levou o melhor comportamento foi o de 50mm; • Para o formato de peças dentadas e com colchão de areia de 50mm o arranjo de assentamento que teve melhor comportamento foi o fileira, que transmitiu 60%, 13,3% e 3,3% para as células instalada nas posições “centro”, “10” e “20” respectivamente, seguido pelo de espinha de peixe (53,3%; 40% e 5%) e pelo de trama (56,7%; 40% e 6,7%); • Para o formato de bloco retangular e com colchão de areia de 75mm, observaram-se comportamentos semelhantes para o modelo de assentamento espinha de peixe 58,3%, 21,7% e 3,3%, para o modelo trama 58,3% 20% e 5% e para o modelo fileira 60% 16,75 e 5%. Em comparação com as tensões transmitidas pelo colchão de areia de 50mm, esses valores tendem a ser maiores –para o arranjo espinha de peixe 40%, 13,3% e 3,3%, para o arranjo trama 38,3% 25% e 11,7% e para o arranjo fileira 55%, 33,3% e 16,7%; 135 • Nota-se uma grande diferença nas tensões transmitidas para a camada de base a 20cm do centro de aplicação do carregamento nas PPCs retangulares com colchão de areia de 50mm nos modelos trama e fileira (11,7% e 16,7%) em relação aos outros arranjos testados; • O melhor comportamento referente à absorção de esforços das PPC de 60mm foi observado para o formato de peças dentado e modelo de assentamento trama; • O menos favorável para as PPC de 60mm foi observado nas peças de formato dentado no modelo de assentamento espinha de peixe. 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 Espinha de Peixe Trama - Dentada - Dentada Fileira - Dentada Espinha de Peixe - Retangular Trama Retangular Fileira Retangular Modelo de Assentamento e Formato da Peças Centro, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 75mm Figura 6.3- Pressões Lidas nas PPCs com Espessura de 80mm Comentários sobre a utilização de PPCs de 80mm: • As peças de 80mm de espessura tiveram, aproximadamente, o mesmo comportamento de transmissão de esforços para a camada de base, na célula de carga denominada “centro” para o formato de peça dentada nos modelos de assentamento espinha de peixe (53,3%) e linear (55%). No modelo trama (61,7%) a transmissão foi um pouco maior que as demais, com colchão de areia de 50mm, notando-se, porém, poucas diferenças para a célula “10” (28,3% 136 espinha de peixe; 20% trama e 25% linear) e para a célula “20” (10% espinha de peixe; 6,7% trama e 8,3% linear); • Com a utilização de peças retangulares, as tensões transmitidas não ocorreram de forma proporcional, tendo uma grande discrepância de resultados principalmente quando da utilização do modelo de assentamento espinha de peixe. Nos resultados destes experimentos, nota-se uma grande diferença entre a célula “centro” e a célula “10” (66,7% e 20%; respectivamente) com colchão de areia de 50mm; • O melhor comportamento das PPCs de 80mm foi com a utilização do colchão de areia de 75mm, exceto para o modelo de assentamento trama, onde com o colchão de areia de 50mm teve-se melhor desempenho; • O melhor comportamento referente à transmissão de tensões foi notado com a utilização de peças retangulares, no modelo de assentamento linear e com colchão de areia de 75mm (20%; 13,3% e 3,3%); com o colchão de areia de 50mm o melhor comportamento foi notado com a utilização do modelo de assentamento trama (25%; 5% e 3,3%). Para a análise de tensões transmitidas com a utilização de blocos de 100mm, as variáveis foram: modelo de assentamento (espinha de peixe, trama e linear), espessura do colchão de areia (50 e 75mm) e formato das peças utilizado foi apenas o dentado. As respostas obtidas a partir destes experimentos estão descritas a seguir. A Figura 6.4 representa as tensões transmitidas a partir das PPC de 100mm. 137 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 Espinha de Peixe - Dentada Trama - Dentada Fileira - Dentada Modelo de Assentamento e Formato da Peças Centro, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 75mm Figura 6.4- Pressões Lidas base dos arranjos com PPCs de espessura de 100mm Comentários sobre a utilização de PPC de 100mm: • Nos modelos de assentamento espinha de peixe e fileira o colchão de areia de 50mm levou ao melhor desempenho, tendo-se maiores tensões (20%; 11,7% e 5% -espinha de peixe; 25%; 15% e 5% -fileira), do que com colchão de areia de 75mm (28.3%; 20% e 5% -espinha de peixe; 43.3%; 21.7% e 10% -fileira); • No arranjo trama, ao contrário dos demais, houve melhor comportamento de absorção de tensões com colchão de areia de 75mm (30%) do que com colchão de areia de 50mm (35%), para a célula no centro de aplicação do carregamento, porém nas outras duas posições, “10” e “20”, o colchão de areia de 50mm absorveu maiores tensões (21.7% e 8.3% -colchão de areia de 75mm; 15% e 5% -colchão de areia de 50mm); • O melhor resultado observado entre os ensaios foi o com modelo de assentamento espinha de peixe com colchão de areia de 50mm. Foram realizados onze ensaios utilizando o modelo de assentamento espinha de peixe, sendo apenas um experimento foi realizado com PPC de 40mm, quatro com PPC de 60mm, quatro com PPC de 80mm e dois com PPC de 100mm. Variou-se, também, o 138 colchão de areia: de 50mm, para seis experimentos, e 75mm em cinco ensaios. Realizaram-se ainda variações de formato de peças, utilizando blocos retangulares em quatro ensaios e blocos dentados em outros sete. As observações resultantes destes experimentos são relatadas a seguir. A Figura 6.5 apresenta os resultados obtidos a partir dos experimentos realizados no modelo de assentamento espinha de peixe 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 40 Dentada 60 Dentada 60 Retangular 80 Dentada 80 Retangular 100 Dentada Espessura das PPC (mm) Centro, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 75mm Figura 6.5– Pressões lidas com o modelo de assentamento espinha de peixe Observações sobre a utilização do Modelo espinha de peixe: • As PPC de 40mm com colchão de areia de 50mm apresentaram os resultados menos satisfatórios como esperado devido a pequena espessura, transmitindo 83,3%; 70% e 6,7% para os três pontos de coleta de dados, juntamente com as PPC de 60mm de formato dentada e colchão de areia de 75mm, cujos resultados não foram muito diferentes dos blocos de 40mm, absorvendo 83,3%; 58,3% e 8,3%, resultados não esperados; • Os blocos de 60mm apresentaram melhor desempenho com colchão de areia de 50mm e com peças retangulares (53,3%; 40% e 5% -peças dentadas; 40%; 13,3% e 3,3% -peças retangulares), com colchão de areia de 75mm as peças retangulares tiveram, também, melhor comportamento (83,3%; 58,3% e 8,3% peças dentadas; 58,3%; 21,7% e 3,3% -peças retangulares); 139 • Nas peças de 80mm, o melhor comportamento foi verificado com a utilização de colchão de areia de 75mm e blocos retangulares (41,7%; 33,3% e 3,3% -blocos dentados; 28,3%; 13,3% e 3,3% -blocos retangulares), com a utilização de colchão de areia de 50mm as peças dentadas obtiveram um comportamento melhor que as peças retangulares (53,3%; 28,3% e 10% -blocos dentados; 66.7%; 20% e 6,7% -blocos retangulares); • O melhor desempenho das peças de 100mm foi verificado com a utilização de um colchão de areia com 50mm de espessura (20%; 11,7% e 5%), com colchão de areia de 75mm, apesar de terem um comportamento menos favorável, apresentou resultados mais favoráveis que os demais ensaios das outras peças (28,3%; 20% e 5%); Para os ensaios com modelo de assentamento trama, foram realizados onze experimentos de transmissão de esforços da camada de revestimento de blocos de concreto para a camada de base, destes apenas um foi realizado com PPC de 40mm de espessura, quatro com PPC de 60mm, quatro com PPC de 80mm e dois com PPC de 100mm, ainda realizaram-se variações com o colchão de areia, cinco experimentos com 75mm e seis com colchão de 50mm de espessura. As observações dos resultados destes ensaios estão descritas a seguir. A Figura 6.6 apresenta os valores de tensões transmitidas pelo modelo de assentamento trama. Observações sobre a utilização do Modelo de assentamento trama: • As peças de 40mm com colchão de areia de 50mm e as peças dentadas de 60mm com colchão de areia de 75mm obtiveram os resultados menos satisfatórios, transmitindo, respectivamente em cada um dos pontos selecionados, 90%; 45% e 5% -PPC de 40mm e 75%; 41,7% e 8,3% -PPC 60, pode-se ainda relatar que no ponto “10” as PPC de 60mm transmitiram menores tensões, e no ponto “20” as peças de 60mm transmitiram maiores tensões que as peças de 40mm; • Nas peças de 60mm os blocos retangulares apresentaram melhor desempenho que os blocos dentados nos pontos de medição de tensões na camada de base, assim como o colchão de areia de 50mm apresentou melhor desempenho que o colchão de 75mm; 140 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 40 Dentada 60 Dentada 60 Retangular 80 Dentada 80 Retangular 100 Dentada Espessura das PPC (mm) Centro, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 75mm Figura 6.6– Pressões Lidas no Modelo de Assentamento Trama • As peças de 80mm apresentaram um comportamento irregular, pois no formato retangular o colchão de areia de 50mm teve melhor comportamento (25%; 5% e 3%), já com a utilização de peças dentadas o melhor desempenho foi observado no colchão de areia de 75mm (26,7%; 20% e 5%); • Nas PPC de 100mm o colchão de areia de 75mm teve melhor distribuição no centro das tensões aplicadas na superfície (30% 21,7% e 8,3%), quando comparadas com o colchão de areia de 50mm (35%; 15% e 5%); apesar de se observar menores tensões nos pontos “10” e “20” no colchão de areia de 50mm a distribuição no colchão de areia de 75mm foi mais proporcional nos três pontos de leituras. No arranjo de assentamento linear, ou fileira, foram realizados dez experimentos de transmissão de tensões, estes foram divididos em quatro ensaios com PPC de 60mm, quatro com PPC de 80mm e dois com PPC de 100mm, variando-se, também, o colchão de areia de 50mm, em cinco ensaios, e 75mm, em outros cinco ensaios, com o formato das peças retangular foram quatro ensaios, e o formato dentada em cinco experimentos. 141 As respostas observadas destes ensaios estão descritas a seguir. A Figura 6.7 representa os resultados dos experimentos realizados no arranjo linear. 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 60 Dentada 60 Retangular 80 Dentada 80 Retangular 100 Dentada Espessura das PPC (mm) Centro, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 75mm Figura 6.7– Pressões Lidas no Modelo de Assentamento Linear Observações sobre a utilização do Arranjo de assentamento linear ou fileira: • Os blocos de 60mm apresentaram melhor desempenho no formato dentada do que no retangular com colchão de areia de 50mm (25%; 13,3% e 3,3% -formato dentada; 55%; 33,3% e 16,7% -formato retangular), no colchão de areia de 75mm os comportamentos dos formatos foi muito parecido para o primeiro ponto de coleta de dados, ocorrendo uma diferença muito significativa para os demais pontos (55%; 33,3% e 16,7% -colchão de 50mm; 60% 16,7% e 5% colchão de 75mm); • Nos blocos de 80mm foi observado melhor comportamento, em ambos os formatos de peças, do colchão de areia de 75mm do que o colchão de areia de 50mm; • Nos blocos de 80mm, o arranjo com peças retangulares e colchão de areia de 75mm, apresentou melhor distribuição de tensões nos três pontos (20%; 13,3% e 3,3%) apesar do colchão de areia de 50mm apresentar no ponto “10” maior absorção e nos outros pontos, “centro” e “20”, menor (41,7%; 10% e 6,7%); 142 • As PPC de 100mm, apresentaram melhor comportamento com colchão de areia de 50mm, realizando, também, uma melhor distribuição (25%; 15% e 5%), já com colchão de areia de 75mm as tensões foram maiores em todos os pontos analisados (43,3%; 21,7% e 10%); Com a utilização do colchão de areia de 50mm, foram realizados dezessete experimentos de transmissão de esforços do revestimento de blocos de concreto para a camada de base, sendo destes, onze com a utilização de peças dentadas, seis com peças retangulares, três com PPC de 100mm, seis com PPC de 80mm, seis com PPC de 60mm e dois com PPC de 40mm; ainda foram ensaiados variações do modelo de assentamento, cinco experimentos no modelo linear, seis no modelo trama e seis no arranjo espinha de peixe A Figura 6.8 apresenta os valores de pressão transmitidas do revestimento de blocos de concreto para a camada de base com a utilização de um colchão de areia de 50mm. Os resultados observados destes experimentos estão comentados a seguir. 6 4 3 2 1 100 - Linear Dentada 100 - Trama Dentada 100 - Espinha de Peixe - Dentada 80 - Linear Retangular 80 - Trama Retangular 80 - Espinha de Peixe - Retangular 80 - Linear Dentada 80 - Trama Dentada 80 - Espinha de Peixe - Dentada 60 - Linear Retangular 60 - Trama Retangular 60 - Espinha de Peixe - Retangular 60 - Linear Dentada 60 - Trama Dentada 60 - Espinha de Peixe - Dentada 40 - Trama Dentada 0 40 - Espinha de Peixe - Dentada Pressão (kgf/cm^2) 5 Espessura das PPC (mm) - Modelo de Assentamento - Formato do Bloco Centro 10 20 Figura 6.8– Pressões Lidas com Colchão de Areia de 50mm 143 Observações sobre a utilização do Colchão de areia de 50mm: • Foi observado um melhor comportamento do modelo de assentamento espinha de peixe na posição de leitura “centro”, porém na posição “10” o modelo de assentamento trama teve melhor desempenho. O modelo de assentamento espinha de peixe transmitiu para a camada de base 83,3%, 70% e 6,7% do carregamento aplicado na superfície para as células instaladas na camada de base no centro, a 10cm e a 20cm, respectivamente, do centro da aplicação do carregamento. O modelo de assentamento trama transmitiu para a camada de base 90%, 45% e 5% do carregamento aplicado na superfície para as células instaladas na camada de base no centro, a 10cm e a 20cm, respectivamente, do centro da aplicação do carregamento; • Nas PPC de 60mm no formato de peças dentadas o arranjo de assentamento que teve melhor comportamento foi o linear, que absorveu 60%, 13,3% e 3,3% para as células instalada nas posições “centro”, “10” e “20” respectivamente, seguido pelo espinha de peixe (53,3%; 40% e 5%) e pelo trama (56,7%; 40% e 6,7%); quando os experimentos foram realizados com peças retangulares, os valores observados para o arranjo espinha de peixe foram de 40%, 13,3% e 3,3%, para o arranjo trama foram de 38,3% 25% e 11,7% e para o arranjo fileira foram de 55%, 33,3% e 16,7%; • As peças de 80mm de espessura com formato dentado obtiveram, aproximadamente, o mesmo comportamento de transmissão de esforços para a camada de base, na célula de carga denominada “centro” para o formato de peça dentada nos modelos de assentamento espinha de peixe (53,3%) e linear (55%) já no modelo de assentamento trama (61,7%) a tensão transmitida foi um pouco superior, porém, notando-se algumas diferenças significativas para a célula “10” (28,3% -espinha de peixe; 25% -trama e 25% -linear) e para a célula “20” (10% -espinha de peixe; 6,7% -trama e 8,3% -linear), com a utilização de peças retangulares as tensões transmitidas não ocorreram de forma proporcional, tendo uma grande discrepância de resultados principalmente quando se tem a utilização do modelo de assentamento espinha de peixe (nos resultados destes experimentos, nota-se uma grande diferença entre os resultados de 66,7% e 20% e 6,7%), já o modelo linear (41,7%; 10% e 6,7%) e o trama (25%; 5% e 3,3%) não tiveram uma diferença tão significativa entre os pontos de coletas dos dados; 144 • Para as PPC de 100mm, o modelo de assentamento que obteve os melhores resultados foi o espinha de peixe (20%; 11,7% e 5%) seguido pelo linear (35%; 15% e 5%) e o arranjo de assentamento menos favorável foi o trama (35%; 15% e 5%), nota-se, também, que a tensão transmitida para o ponto “20” em todos os modelos de assentamento foram os mesmos; • Os resultados mais satisfatórios foram obtidos com a utilização de PPC dentadas de 100mm no formato espinha de peixe, para PPC de 80mm o modelo de assentamento trama com peças retangulares, para os blocos de 60mm o modelo de assentamento linear com peças dentadas e para PPC de 40mm o arranjo trama. Para se realizar a análise de transmissão de tensões, da camada de revestimento do pavimento intertravado para a camada de base, com a utilização de um colchão de areia de 75mm foram realizados quinze experimentos, sendo estes divididos em três ensaios com PPC de 100mm, seis com PPC de 80mm, seis com PPC de 60mm, cinco ensaios com cada um dos modelos de assentamento (espinha de peixe, trama e linear), nove ensaios com peças dentadas e sete experimentos com peças retangulares. A Figura 6.9 retrata as pressões lidas nas células de carga instaladas na base para um colchão de areia de 75mm. Foram obtidas as respostas, a partir destes experimentos, citadas a seguir. Observações sobre a utilização do Colchão de areia de 75mm: • Os resultados menos satisfatórios foram obtidos com as PPC de 60mm no formato de blocos retangular, sendo que o modelo com o menor desempenho foi o espinha de peixe (83,3%; 58,3% e 8,3%) seguido pelo trama (75%; 41,7% e 8,3%) e como melhor desempenho entre as peças dentadas o linear (58,3%; 25% e 5,8%). No formato de bloco retangular, todos os experimentos apresentaram comportamentos semelhantes -para o modelo de assentamento espinha de peixe 58,3%, 21,7% e 3,3%, para o modelo trama 58,3% 20% e 5% e para o modelo fileira 60% 16,75% e 5%; • Nas PPC de 80mm no formato dentada, conclui-se que o melhor comportamento está relacionado ao modelo de assentamento trama (26,7%; 20% e 5%) seguido pelo linear (35%; 25,25% e 8,3%) e por último o espinha de peixe que apresentou os resultados menos satisfatórios (41,7%; 33,3% e 3,3%). No 145 formato de bloco retangular, o resultado mais satisfatório foi observado para o modelo de assentamento linear (20%; 13,3% e 3,3%), que também apresentou o melhor desempenho entre todos os ensaios realizados, seguida pelo espinha de peixe (28,3%; 13,3% e 3,3%) e pelo trama (35%; 13,3% e 3,3%); 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 100 - Linear Dentada 100 - Trama Dentada 100 - Espinha de Peixe - Dentada 80 - Linear Retangular 80 - Trama Retangular 80 - Espinha de Peixe - Retangular 80 - Linear Dentada 80 - Trama Dentada 80 - Espinha de Peixe - Dentada 60 - Linear Retangular 60 - Trama Retangular 60 - Espinha de Peixe - Retangular 60 - Linear Dentada 60 - Trama Dentada 60 - Espinha de Peixe - Dentada 0 Espessura das PPC (mm) - Modelo de Assentamento - Formato do Bloco Centro 10 20 Figura 6.9– Pressões Lidas com Colchão de Areia de 75mm • Com a utilização de PPC de 100mm o resultado com melhor absorção de esforços foi o com a utilização do modelo de assentamento espinha de peixe (28,3%; 20% e 5%) seguido pelo trama (30%; 21,7% e 8,3%) e linear (43,3%; 21,7% e 10%). Para realizar-se a comparação da utilização de peças dentadas no que se refere à análise de tensões transmitidas da camada de revestimento de um pavimento intertravado para a camada de base foram realizados dezoito experimentos destes dois ensaios foram realizados com PPC de 40mm, seis com PPC de 60mm, seis com PPC de 80mm, três com PPC de 100mm, sete no modelo de assentamento espinha de peixe, sete no arranjo trama, seis no modelo de assentamento linear, onze experimentos com colchão de areia de 50mm e nove com a utilização de um colchão de areia de 75mm. Os resultados obtidos destes experimentos estão descritos a seguir. A Figura 6.10 apresenta as 146 pressões lidas nos pontos de instalação dos instrumentos com a utilização de peças dentadas. 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 100 - Linear 100 - Trama 100 - Espinha de Peixe 80 - Linear 80 - Trama 80 - Espinha de Peixe 60 - Linear 60 - Trama 60 - Espinha de Peixe 40 - Trama 40 - Espinha de Peixe 0 Espessura das PPC (mm) - Modelo de Assentamento Centro, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia de 75mm Figura 6.10– Pressões Lidas nas Peças de Formato Dentada Observações sobre a utilização de Peças dentadas: • As PPC de 40mm tiveram os resultados menos satisfatórios (83,3%; 70% e 6,7% -para o modelo de assentamento espinha de peixe e 90%; 45% e 5% -para o arranjo trama) juntamente com os ensaios realizados nas PPC de 60mm com colchão de areia de 75mm no arranjo espinha de peixe (83,3%; 58,3% e 8,3%) e no arranjo trama (75%; 41,7% e 8,3%); • Nas peças de 60mm foi observado melhor comportamento com a utilização de colchão de areia de 50mm em todos os ensaios realizados; • O melhor comportamento das peças de 60mm foi o modelo de assentamento linear com colchão de areia de 50mm (25%; 13,3% e 3,3%); • Os blocos de 80mm apresentaram comportamento mais satisfatórios com a utilização do colchão de areia de 75mm; sendo que o melhor comportamento entre estes ensaios foi o modelo trama (26,7%; 20% e 5%); 147 • Quando da utilização do colchão de areia de 50mm e blocos de 80mm de espessura obtiveram, aproximadamente, o mesmo comportamento de transmissão de esforços para a camada de base, na célula de carga denominada “centro” para o formato de peça dentada nos modelos de assentamento espinha de peixe (53,3%) e linear (55%) já no modelo de assentamento trama (55%) a pressão transmitida foi um pouco maior, porém, nota-se algumas diferenças significativas para a célula “10” (28,3% espinha de peixe; 25% trama e 25% linear) e para a célula “20” (10% espinha de peixe; 6,7% trama e 8,3% linear); • Com a utilização de PPC de 100mm, nos modelos de assentamento espinha de peixe e fileira o colchão de areia de 50mm obteve melhor desempenho transmitindo menores tensões (20%; 11,7% e 5% -espinha de peixe; 25%; 15% e 5% -fileira), do que com colchão de areia de 75mm (28.3%; 20% e 5% -espinha de peixe; 43.3%; 21,7% e 10%-fileira). No arranjo trama, ao contrário dos demais, teve melhor comportamento de transmissão de tensões com colchão de areia de 75mm (30%), do que com colchão de areia de 50mm (35%), para a célula no centro de aplicação do carregamento, porém nas outras duas, “10” e “20” o colchão de areia de 50mm absorveu mais tensões (21.7% e 8.3% colchão de areia de 75mm; 15% e 5% -colchão de areia de 50mm); Com a utilização de peças retangulares foram realizados doze ensaios de transmissão de esforços, destes foram realizados oito experimentos com PPC de 60mm, oito com PPC de 80mm, seis com colchão de areia de 50mm, seis com colchão de areia de 75mm, quatro com o modelo de assentamento espinha de peixe, quatro com o arranjo trama e quatro com arranjo de assentamento linear. A Figura 6.11 apresenta os resultados obtidos destes experimentos. Os resultados observados destes experimentos estão comentados a seguir. 148 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 0 60 - Espinha de Peixe 60 - Trama 60 - Linear 80 - Espinha de Peixe 80 - Trama 80 - Linear Espessura das PPC (mm) - Modelo de Assentamento Centro, colchão de areia 50mm 10, colchão de areia 50mm 20, colchão de areia 50mm Centro, colchão de areia 75mm 10, colchão de areia 75mm 20, colchão de areia de 75mm Figura 6.11– Pressões Lidas nas Peças de Formato Retangular Observações sobre a utilização de Peças retangulares: • Com a utilização de PPC de 60mm, pode-se notar melhor desempenho com o colchão de areia de 50mm, o modelo de assentamento trama foi o que teve o comportamento mais satisfatório seguido pelo espinha de peixe e linear, sendo que o espinha de peixe fica muito próximo ao trama; • Quando se compara as PPC de 60mm com colchão de areia de 75mm nota-se um comportamento muito próximo em todos os modelos de assentamento (para o modelo de assentamento espinha de peixe 58,3%, 21,7% e 3,3%, para o modelo trama 58,3% 20% e 5% e para o modelo fileira 60% 16,75 e 5%); • Nas PPC de 80mm as tensões transmitidas não ocorreram de forma proporcional, tendo uma grande discrepância de resultados principalmente quando se tem a utilização do modelo de assentamento espinha de peixe. Nos resultados destes experimentos, nota-se uma grande diferença entre a célula “centro” e a célula “10” (66,7% e 20%; respectivamente) com colchão de areia de 50mm; • O melhor comportamento das PPCs de 80mm, foram com a utilização do colchão de areia de 75mm, exceto para o modelo de assentamento trama, onde o colchão de areia de 50mm teve melhor desempenho; 149 • O melhor comportamento foi notado com a utilização de peças de 80mm, no modelo de assentamento linear e com colchão de areia de 75mm (20%; 13,3% e 3,3%), com o colchão de areia de 50mm o melhor comportamento foi notado com a utilização do modelo de assentamento trama (25%; 5% e 3,3%); 6.1.1 Influência da Compactação na Transmissão de Esforços Para analisar a influência da compactação, realizada nas peças de concreto do revestimento do painel experimental de pavimentos intertravados, foram realizados alguns ensaios de transmissão de esforços antes da realização das compactações e após cada uma das fases de compactação a que o pavimento foi submetido (compactação inicial, compactação e selagem das juntas e compactação final), conforme detalhado no capítulo 5. Para tanto, foram realizados vinte e quatro experimentos, para casos de blocos de 60 e 80mm de espessura e com a utilização do colchão de areia de 75mm. Os casos de peças de 100 e de 40mm, bem como a utilização do colchão de areia de 50mm, para todas as espessuras de blocos, não foram submetidos a estes experimentos. Os blocos de 80mm de espessura foram ensaiados no modelo de assentamento espinha de peixe e linear, com formato de peças retangular e dentada, já os blocos de 60mm foram ensaiados apenas no arranjo de assentamento fileira com peças dentadas e retangulares. Os experimentos referidos anteriormente estão apresentados nas Tabelas 6.3 a 6.5 e seus respectivos gráficos estão apresentados nas Figuras 6.12 a 6.14, respectivamente. 150 Tabela 6.3– Avaliação das tensões transmitidas pelo revestimento de PPC de 60mm, com colchão de areia de 75mm e modelo de assentamento linear, ou fileira, para os pontos de análise nas diferentes compactações realizadas Espessura das PPC (mm) – Formato dos Blocos – Modelo de Assentamento Posição 60mm – Dentada – Linear das Sem Comp. Células 2 Comp. Inicial Comp. e Selagem das Juntas 2 Comp. Final 2 Sem Comp. 2 Comp.Inicial 2 Comp. e Selagem das Juntas 2 Comp. Final (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm2) “centro” 3,75 4,50 4,00 3,5 4,75 5,80 3,00 3,60 “10” 2,50 3,00 2,30 1,50 0,70 1,60 1,00 1,00 “20” 0,35 0,55 0,50 0,35 0,20 0,40 0,30 0,30 de Carga 2 60mm – Retangular – Linear Tabela 6.4– Avaliação das tensões transmitidas pelo revestimento de PPC de 80mm, com colchão de areia de 75mm e modelo de assentamento linear, ou fileira, para os pontos de análise nas diferentes compactações realizadas Espessura das PPC (mm) – Formato dos Blocos – Modelo de Assentamento Posição das 80mm – Dentada – Linear 80mm – Retangular – Linear Sem Comp. Comp. Inicial Comp. e Selagem das Juntas Comp. Final Sem Comp. Comp. Inicial Comp.e Selagem das Juntas Comp. Final (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2) “centro” 3,60 4,25 2,60 2,10 3,00 1,00 1,35 1,20 “10” 3,45 0,80 1,00 1,50 1,60 0,70 0,95 0,80 “20” 1,00 0,20 0,45 0,50 0,40 0,15 0,20 0,20 Células de Carga 151 Tabela 6.5– Avaliação das tensões transmitidas pelo revestimento de PPC de 80mm, com colchão de areia de 75mm e modelo de assentamento espinha de peixe, para os pontos de análise nas diferentes compactações realizadas Espessura das PPC (mm) – Formato dos Blocos – Modelo de Assentamento Posição das Células 80mm – Dentada –Espinha de Peixe Sem Comp. Comp. Inicial 2 Comp. e Selagem das Juntas 2 Compa. Final 2 Sem Comp. 2 Comp. Inicial 2 Comp. e Selagem das Juntas 2 Comp. Final (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm2) “centro” 4,50 4,50 2,30 2,50 7,75 2,50 2,00 1,70 “10” 2,70 3,00 1,85 2,00 1,75 1,75 1,45 0,80 “20” 0,50 0,45 0,30 0,20 0,40 0,40 0,40 0,20 de Carga 2 80mm – Dentada –Espinha de Peixe 152 Peças de Formato Dentada Peças de Formato Retangular 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação 0 Experimentos de Transmissão de Esforços "centro" "10" "20" Figura 6.12– Influência da compactação na transmissão de esforços nos blocos de 60mm com modelo de assentamento fileira ou linear Observações sobre as PPC de 60mm com modelo de assentamento linear: • Neste caso, nota-se que a compactação não exerce uma significativa influência na transmissão de esforços para as peças dentadas no ponto denominado “centro” (62,50%; 75%; 66,67% e 58,33%) o mesmo comentário cabe para o ponto “20” (5,83%; 9,17%; 8,33% e 5,83%), entretanto para o ponto “10” a diferença é bem mais significativa (41,67%; 50%, 38,33% e 25%); • Nas peças de formato retangular, também observa-se que a compactação exerce uma significativa influência na transmissão de esforços. Vê-se que para o ponto “centro” a compactação apresenta maior importância que para as demais apresentando valores de transmissão de esforços, que variaram para cada etapa de compactação, de: 79,17%; 96,67%; 50% e 60%. Para o ponto denominado “10”: 12%, 26,6%; 16,6% e 16,6%, para o ponto “20”: 3,5%; 6,67%; 5% e 5%. Para todos os pontos de tomada de dados a compactação final não teve significância e ainda elevou a transmissão de esforços, em alguns casos. 153 • Pode-se comentar também, que para os dois formatos de peças (dentadas e retangular) o comportamento da transmissão de esforços ocorreu de maneira semelhante. Primeiramente, ocorreu um acréscimo de tensões com a compactação inicial, e posteriormente uma diminuição de transmissão de esforços, com as compactações posteriores. Porém, para o ponto “centro” das peças retangulares ocorreu um aumento significativo de tensões quando se realizou a compactação final. Peças de Formato Dentada Peças de Formato Retangular 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação 0 Experimentos de Transmissão de Esforços "centro" "10" "20" Figura 6.13- Influência da compactação na transmissão de esforços nos blocos de 80mm com modelo de assentamento fileira ou linear Observações sobre as PPC de 80mm com modelo de assentamento linear: • Nas peças de formato dentada observa-se que ocorreu o mesmo comportamento encontrado nas peças de 60mm com arranjo linear, ou seja com a compactação inicial ocorreu um acréscimo das tensões transmitidas no “centro” de coleta de dados, diminuindo progressivamente até a compactação final (60%; 70,8%; 43,33% e 35%). Nos pontos “10” e “20” não se verifica o mesmo efeito, as tensões diminuem significativamente com a compactação inicial e após ocorre 154 um aumento destas com as demais compactações (57,5%; 13,3%; 16,7% e 25% para o ponto “10” e 16,6% 3,3% 7,5% e 8,3% -para o ponto “20”); • Nas peças de formato retangular, a compactação inicial é a que possui maior influência para todos os pontos de coleta de dados, já as demais, não alteram significativamente os resultados, acontecendo ainda um aumento, na compactação e selagem das juntas, e novamente uma diminuição com a compactação final (50%; 16%; 22,5% e 20% -para o “centro”; 26,7%; 11,7%; 15,8% e 13,3% -para “10” e 6,7%; 2,5%; 3,3% e 3,3% - para “20”). Peças de Formato Dentada Peças de Formato Retangular 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação 0 Experimentos de Transmissão de Esforços "centro" "10" "20" Figura 6.14- Influência da compactação na transmissão de esforços nos blocos de 80mm com modelo de assentamento espinha de peixe Observações sobre as PPC de 80mm com modelo de assentamento espinha de peixe: • Com a utilização das peças de formato dentada, a compactação inicial não tem influência significativa na transmissão de esforços, porém, com a compactação e selagem das junta os esforços transmitidos diminuíram, ocorrendo um pequeno aumento na compactação final. Para o ponto de coleta de dados “20” a diminuição da transmissão dos esforços diminui progressivamente com a 155 atuação das compactações (75%; 75%; 38,3% e 41,6% -“centro”; 45%; 50%; 30,8% e 33% -“10” e 8,3%; 7,5%; 5% e 3,3% -“20”); • Nas peças de formato retangular, as tensões vão diminuindo a cada etapa de compactação, mostrando que com a utilização de peças retangulares a compactação é de fundamental importância, para os pontos “centro” e “10”, para o ponto “20” as tensões mantêm-se constantes até a compactação final, onde ocorre uma minoração destas (79,2%; 41,7%; 33,3% e 28,3% -“centro”; 29,2%; 29,2%, 24,17% e 13,3% -“10” e 6,7%; 6,7%; 6,7% e 3,3% -“20”); 6.1.2 Influência da Espessura das Juntas na Transmissão de Esforços Para verificação do comportamento da transmissão de tensões da camada de revestimento para a camada de base de um pavimento intertravado, com espessura de juntas, entre duas PPCs, variando de 2mm para 5mm, espessura utilizada para a comparação referida, foram realizados oito experimentos, verificando, ainda, a influência da compactação, nas peças de 80mm de espessura, no modelo de assentamento linear, ou fileira, e nos formatos de blocos retangular e dentada. Foram utilizados espaçadores plásticos de cerâmica para garantir a espessura proposta para a realização destes experimentos. A Figura 6.15 mostra os espaçadores colocados entre as peças para garantir o espaçamento requerido e a espessura das juntas após a colocação dos blocos. Pôde-se notar, nestes experimentos, que o intertravamento entre as peças ficou prejudicado. Notava-se claramente o deslocamento entre os blocos vizinhos, prejudicando principalmente o intertravamento rotacional, horizontal e o de giração. A Figura 6.16 mostra o deslocamento entre as PPCs. Os resultados de transmissão de esforços estão mostrados na Tabela 6.6, e as Figuras 6.17 e 6.18 apresentam as comparações realizadas entre as Tabelas 6.6 e 6.5. 156 (a) Espaçadores plásticos utilizados (b) Aspecto das juntas após a entre as peças distribuição das PPCs Figura 6.15– Aspectos do pavimento intertravado com a utilização de juntas de 5mm Figura 6.16– Deslocamento das peças do pavimento intertravado com a utilização de juntas de 5mm, após a realização de todas as etapas de compactação 157 Tabela 6.6– Avaliação das tensões transmitidas pelo revestimento de PPC de 80mm, com colchão de areia de 75mm e modelo de assentamento linear, para os pontos de análise nas diferentes compactações com a utilização de juntas de 5mm Espessura das PPC (mm) – Formato dos Blocos – Modelo de Assentamento – Com Juntas de 5mm Posição das Células 80mm – Dentada –Espinha de Peixe Sem Comp. Comp. Inicial 2 Comp. e Selagem das Juntas 2 Compa. Final 2 Sem Comp. 2 Comp. Inicial 2 Comp. e Selagem das Juntas 2 Comp. Final (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm ) (kgf/cm2) “centro” 4,50 4,50 2,30 2,50 7,75 2,50 2,00 1,70 “10” 2,70 3,00 1,85 2,00 1,75 1,75 1,45 0,80 “20” 0,50 0,45 0,30 0,20 0,40 0,40 0,40 0,20 de Carga 2 80mm – Dentada –Espinha de Peixe 158 Juntas de 5mm entre as PPC Juntas de 2mm entre as PPC 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 "centro" "10" Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação 0 "20" Figura 6.17– Comparação da transmissão de esforços com espessuras de juntas de 2mm e 5mm com peças de 80mm dentadas no modelo de assentamento linear Observações sobre as PPC de 80mm, com formato dentada, no modelo de assentamento linear: • Através deste experimento, comprova-se que o intertravamento e o espaçamento das juntas são de fundamental importância para a transmissão de esforços. Não ocorrendo o intertravamento, as tensões não são transmitidas de maneira proporcional para os pontos de análise e ocorre uma concentração de esforços no ponto abaixo do carregamento; • Nota-se, também, uma grande influência na espessura das juntas para a transmissão de esforços no ponto de coleta denominado “centro”, que está localizado na linha vertical da placa metálica abaixo das peças e do colchão de areia. Os blocos de 80mm no arranjo linear com a utilização de juntas de 5mm transmitiram para a base 100%; 95%; 66,7% e 50% dos esforços aplicados no revestimento, em cada uma das compactações realizadas, enquanto a utilização da juntas de 2mm transmitiram 60%; 70,8%; 43,33% e 35%. 159 • Na célula de carga nos pontos “10” e “20” as tensões registradas foram menores e aconteceu um decréscimo acentuado, o que vem a comprovar que a transmissão de esforços ficou prejudicada, ocorrendo quase exclusivamente pelo colchão de areia (25%; 16,7%; 16,7% e 16,7% - “10” e 6,7%; 6,7%; 8,3% e 8,3% - “20”); • Com a utilização das juntas de 2mm a transmissão de esforços ocorre de maneira mais proporcional entre os pontos de análise para as diferentes compactações, comprovando, assim, a eficácia do intertravamento das peças de concreto do revestimento. Juntas de 5mm entre as PPC Juntas de 2mm entre as PPC 6 Pressão (kgf/cm^2) 5 4 3 2 1 "centro" "10" Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação Após a Compactação Final Após a Compactação e Selagem das Juntas Após a Compactação Inicial Sem Compactação 0 "20" Figura 6.18– Comparação da transmissão de esforços com espessuras de juntas de 2mm e 5mm com peças de 80mm retangulares no modelo de assentamento linear Observações sobre as PPC de 80mm, com formato retangular, no modelo de assentamento linear: • Através deste experimento, comprova-se, também, que o intertravamento e o espaçamento das juntas é de fundamental importância para a transmissão de esforços. Pois não ocorrendo o intertravamento, as tensões não são transmitidas 160 de maneira proporcional para os pontos de análise e ocorre uma concentração de esforços no ponto abaixo do carregamento; • Verifica-se que a espessura das juntas possui grande influência para a transmissão de esforços no ponto de coleta denominado “centro”. Os blocos de 80mm retangulares no arranjo linear com a utilização de juntas de 5mm transmitiram para a base 93,3%; 75%; 58,3% e 50% dos esforços aplicados no revestimento, em cada uma das compactações realizadas, enquanto a utilização da juntas de 2mm transmitiram 79,2%; 41,7%; 33,3% e 28,3%; • Na célula de carga nos pontos “10” e “20” as tensões registradas foram menores e aconteceu um decréscimo acentuado, o que vem a comprovar que a transmissão de esforços ficou prejudicada, ocorrendo quase exclusivamente pelo colchão de areia, não ocorrendo ainda uma variação significativa entre as compactações exercidas ao pavimento mantendo-se quase que constantes (21,7%; 21,7%; 23,33% e 21,7% - “10” e 6,7%; 6,7%; 6,7% e 5,8% - “20”); • Faz-se aqui o mesmo comentário feito anteriormente, com a utilização das juntas de 2mm a transmissão de esforços ocorre de maneira mais proporcional entre os pontos de análise para as diferentes compactações, comprovando, assim, a eficácia do intertravamento das peças de concreto do revestimento. 6.1.3 Análise das tensões verticais transmitidas com o carregamento aplicado no colchão de areia Para a análise das tensões transmitidas pelo colchão de areia para a camada de base, foi montado o experimento, conforme mostrado no capítulo 5, e após os ensaios realizados, foram retiradas as peças de concreto e realizou-se o ensaio de transmissão de tensões com o carregamento aplicado diretamente sobre o colchão de areia. A Tabela 6.7 apresenta o resultado da transmissão de esforços com o carregamento aplicado sobre o colchão de areia. Pode-se notar que a tensão aplicada sobre o colchão de areia é totalmente transmitida para a camada de base na célula “centro”, tendendo a diminuir conforme se afasta do 161 centro de aplicação do carregamento e chegando praticamente a zero quanto a leitura é realizada a 20cm do centro de aplicação do carregamento. Tabela 6.7- Avaliação das tensões transmitidas com o carregamento aplicado diretamente sobre o colchão de areia Posição de Tensão Célula de Registrada Carga (kgf/cm2) “centro” 6 “10” 4,55 “20” 0,05 Com isto, pode-se concluir que o colchão de areia não representa uma camada estrutural para alivio de esforços, destinando-se somente ao assentamento das peças, para nivelamento do revestimento e para o intertravamento dos blocos do revestimento do pavimento intertravado. 6.2 Análise da Tensão Horizontal Foram realizados alguns experimentos de transmissão de tensão horizontal entre duas peças justapostas. Porém, devido ao tamanho da célula de carga e à dificuldade para se retirar as peças após a compactação realizada, aliado a dificuldade da recolocação das peças após o corte das mesmas, mantendo a compactação e a espessura das juntas antes da realização dos ensaios, estas medidas foram suspensas. Poucos resultados foram obtidos e estão apresentados na Tabela 6.8. Não foi possível tirar conclusões satisfatórias dos ensaios realizados com o objetivo de analisar a transmissão de tensões horizontais entre as peças. Porém, no caso da continuidade desta pesquisa, deve-se tentar reproduzir estes ensaios, contudo deve-se utilizar células de carga de menor dimensão e instalá-las antes da realização das compactações, para que não seja necessário a retirada dos blocos para as leituras, e, 162 assim, não perder a compactação e nem a espessura das juntas, que são de fundamental importância para a transmissão de esforços entre as PPCs. Tabela 6.8– Tensões horizontais (kgf/cm2) transmitidas entre peças justapostas com colchão de areia de 50mm Modelo de Espessura das PPC (mm) e Formato das Peças 60 – 60 - Dentada Retangular Espinha de Peixe 0,10 0,09 Fileira, ou Linear 0,013 0,018 0,08 0,24 Trama 0,17 0,018 0,24 0,08 Assentamento 6.3 80 - Dentada 80 – Retangular Análise dos Dados de Deslocamento Vertical Para a realização da investigação do comportamento dos deslocamentos do revestimento de pavimentos intertravados, composto pelos arranjos, utilizou-se um LVDT acoplado na posição vertical do CAM (“Crack Activity Meter”), apresentado no capítulo quatro, e mediu-se o deslocamento da placa metálica em relação a um bloco lateral que não estava sujeito ao carregamento. As medições foram realizadas em cinco aplicações seguidas do carregamento na superfície do pavimento e foram determinados: • O deslocamento total após o primeiro carregamento; • O deslocamento elástico do primeiro carregamento; • O Deslocamento plástico total após o quinto carregamento; • O deslocamento elástico no quinto carregamento. Os incrementos de carregamento aplicados sobre a placa metálica foram medidos por uma célula de carga e eram levados até aproximadamente 6kgf/cm2, porém estes valores nem sempre foram mantidos devido à aplicação manual do carregamento, o que dificultou que a carga fosse exatamente a pretendida e em alguns casos esta foi ultrapassada. As Tabelas 6.9. a 6.14 apresentam os valores de deslocamento analisados no revestimento de PPC. As Figuras 6.19 a 6.24 apresentam graficamente os valores de deslocamento medidos nos experimentos realizados. 163 Tabela 6.9 – Deslocamentos verticais da placa metálica em PPCs com formato dentado no arranjo espinha de peixe Espessura das PPC (mm) Colchão de 50mm Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Colchão de 75mm Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) 0,44 0,21 0,30 0,18 0,35 0,18 0,26 0,18 0,45 0,23 0,30 0,20 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 40 0,83 0,33 0,68 0,32 60 0,57 0,23 0,43 0,25 Total (mm) 80 100 0,55 0,29 0,40 0,23 Desl. Plástico Total (mm) Desl. Elástico no 5° Carreg. (mm) 164 Espessura das PPC (mm) Tabela 6.10 – Deslocamentos verticais da placa metálica em PPCs com formato dentado no arranjo trama Colchão de 50mm Desl. Total no Desl. Elástico 40 60 80 100 Desl. Colchão de 75mm Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. Plástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) Total (mm) (mm) (mm) (mm) 0,33 0,80 0,44 0,51 0,13 0,34 0,42 0,22 0,37 0,68 0,10 0,40 0,10 0,38 0,40 0,20 0,50 0,20 0,25 0,24 0,09 0,17 Desl. Plástico Total (mm) 0,37 0,13 0,20 Desl. Elástico no 5° Carreg. (mm) 0,21 0,12 0,10 Tabela 6.11 – Deslocamentos verticais da placa metálica em PPCs com formato dentado no arranjo linear (fileira) Espessura das PPC (mm) Colchão de 50mm Desl. Total no Desl. Elástico 60 80 100 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 0,43 0,52 0,57 0,12 0,16 0,25 Desl. Plástico Total (mm) 0,47 0,45 0,49 Colchão de 75mm Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) 0,10 0,18 0,21 0,30 0,28 0,75 0,05 0,13 0,14 Desl. Plástico Total (mm) 0,29 0,25 0,70 Desl. Elástico no 5° Carreg. (mm) 0,08 0,09 0,24 165 Espessura das PPC (mm) Tabela 6.12– Deslocamento verticais da placa metálica em PPC com formato retangular no arranjo espinha de peixe Colchão de 50mm Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Colchão de 75mm Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 60 0,90 0,45 0,62 0,45 0,41 0,27 0,25 0,25 80 0,53 0,47 0,06 0,48 0,47 0,32 0,21 0,32 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) Espessura das PPC (mm) Tabela 6.13– Deslocamento verticais da placa metálica em PPC com formato retangular no arranjo trama Colchão de 50mm Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Colchão de 75mm Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 60 0,29 0,11 0,30 0,14 0,89 0,38 0,63 0,41 80 0,82 0,19 0,81 0,19 0,51 0,21 0,30 0,33 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) 166 Espessura das PPC (mm) Tabela 6.14– Deslocamento verticais da placa metálica em PPC com formato retangular no arranjo linear (fileira) Colchão de 50mm Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Colchão de 75mm Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 60 0,57 0,25 1,21 0,29 0,37 0,05 0,33 0,12 80 1,13 0,21 1,16 0,17 0,3 0,22 0,12 0,22 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) 167 0,9 0,8 0,7 Deformação (mm) 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Colchão de Areia de 75mm Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 50mm Colchão de Colchão de Areia de 75mm Areia de 50mm Areia de 75mm Areia de 75mm Areia de 50mm Areia de 50mm 40 60 80 100 Figura 6.19– Análise do deslocamento vertical, no arranjo espinha de peixe com peças dentadas Observações sobre os deslocamentos no Arranjo espinha de peixe com peças dentadas: • Com a utilização do colchão de areia de 50mm, observa-se uma diferença dos deslocamentos, tanto plásticos como elásticos, com o aumento da espessura das peças, tendo menores deslocamentos plásticos com as peças com 100mm e os maiores com as peças de 40mm. Nos deslocamentos elásticos tem-se que com o número de carregamentos aplicados, estas vão diminuindo e são menores para de peças de maior espessura; • No colchão de areia de 75mm não se observou o mesmo comportamento, sendo que os menores deslocamentos registrados estão nas peças de 80mm, nos deslocamentos plásticos e elásticos. Vê-se também uma diminuição do deslocamento elástico com o aumento do número de carregamentos. Ao contrário do que se pensava, as peças de 100mm tiveram os maiores deslocamentos registrados; 168 • Os deslocamentos elásticos diminuem com o aumento do número de carregamento impostos à superfície do pavimento em todas as espessuras de PPCs; • Quando se comparam os deslocamentos, levando em conta os dois colchões de areia utilizados, vê-se que a utilização do colchão de maior espessura conduziu a menores deslocamentos para todos os casos estudados. 0,9 0,8 0,7 Deformação (mm) 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 75mm Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 75mm Areia de 75mm Areia de 75mm 40 60 80 100 Figura 6.20– Análise do deslocamento vertical, no modelo de assentamento trama com peças dentadas Observações sobre os deslocamentos no Modelo de assentamento trama com a utilização de peças dentadas: • As peças de 60mm tiveram os maiores deslocamentos plásticos, tanto com a utilização de colchão de areia de 50mm como o de 75mm; • As PPC de 40mm obtiveram bons resultados quando comparadas com as demais espessuras, tendo deslocamentos plásticos menores que as demais espessuras de peças, tanto no primeiro quanto no último carregamento aplicado. Os 169 deslocamentos elásticos foram também menores que os demais, em ambos os casos; • Vê-se, novamente, que os deslocamentos medidos foram menores com a utilização do colchão de areia de 75mm; • Pode-se relatar, também, que os deslocamentos elásticos tendem a diminuir com o número de carregamentos impostos ao pavimento; 0,9 0,8 0,7 Deformação (mm) 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Colchão de Areia de 75mm Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 50mm Colchão de Colchão de Areia de 75mm Areia de 50mm Areia de 75mm Areia de 75mm Areia de 50mm Areia de 50mm 60 80 100 Figura 6.21- Análise do deslocamento vertical, no modelo de assentamento linear, ou fileira, com peças dentadas Observações sobre os deslocamentos no Modelo de assentamento linear com a utilização de peças dentadas: • As peças de 100mm apresentaram os maiores deslocamentos registrados em todos os experimentos realizados. Observa-se também que para o deslocamento total após o primeiro carregamento e para o deslocamento plástico após o quinto carregamento o colchão de areia de 75mm apresentou os maiores deslocamentos. O mesmo comportamento não é observado para os deslocamentos elásticos medidos, que apresentaram valores de menor grandeza 170 no primeiro carregamento para o colchão de areia de 75mm e valores maiores no quinto carregamento no colchão de 75mm; • No colchão de areia de 50mm, o deslocamento elástico tende a diminuir com o aumento do número de carregamentos aplicados. O colchão de areia de 75mm apresentou um aumento do deslocamento elástico para as peças de 60 e 100mm, ao contrario do acontecido com as peças de 80mm; 1,4 1,2 Deformação (mm) 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 50mm Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 75mm Areia de 75mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 75mm Areia de 75mm 60 80 Figura 6.22- Análise do deslocamento vertical, no modelo de assentamento fileira com peças retangulares Observações sobre os deslocamentos no Modelo de assentamento linear com a utilização de peças retangulares: • Os deslocamentos elásticos aumentaram para as peças de 60mm e diminuíram para as peças de 80mm no colchão de areia de 50mm. No colchão de areia de 75mm ocorreu ao contrário, nas peças de 60mm aumentaram os deslocamentos elásticos e manteve-se a mesma para as peças de 80mm; • Os deslocamentos plásticos, com o colchão de areia de 50mm foram superiores as encontradas com o colchão de 75mm para ambas as espessuras de peças; 171 • As peças de 80mm apresentaram menores deslocamentos plásticos para ambas as espessuras do colchão de areia; • No colchão de areia de 50mm a deformação total encontrada para a primeira aplicação do carregamento foi maior nos blocos de 80mm, com a utilização do colchão de maior espessura (75mm) as PPC de 60mm apresentaram maiores deformações totais no primeiro ciclo de carregamento; 1,4 1,2 Deformação (mm) 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Colchão de Areia de 50mm Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 75mm Colchão de Areia de 75mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 75mm Areia de 75mm 60 80 Figura 6.23- Análise do deslocamento vertical no modelo de assentamento trama com peças retangulares Observações sobre os deslocamentos no Modelo de assentamento trama com a utilização de peças retangulares: • Com a utilização do colchão de areia de 50mm, os deslocamentos encontrados foram maiores nos blocos de 80mm, com o colchão de areia de 75mm os deslocamentos são maiores em peças de 60mm; • No colchão de areia de 75mm, os deslocamentos elásticos tendem a aumentar quando se passa do primeiro para o quinto ciclo de aplicação do carregamento. 172 No colchão de areia de 50mm os deslocamentos elásticos tendem a uma estabilização para as PPC de 80mm e um aumento para as PPC de 60mm • Os deslocamentos plásticos totais no colchão de areia de 50mm, se apresentaram menores que com a utilização do colchão de 75mm; • As peças de 80mm obtiveram menores deslocamentos elásticos com a utilização do colchão de areia de 50mm, porém maiores deslocamentos plásticos e um maior deslocamento no primeiro ciclo de carregamento • As peças de 60mm menores deslocamentos elásticos e plásticos com o colchão de areia de 50mm. 1,4 1,2 Deformação (mm) 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Deformação Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Total no 1º Elástica no 1º Plástica Total, Elástica no 5º Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Carregamento, Carregamento, Colchão de Carregamento, Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 75mm Colchão de Colchão de Colchão de Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 50mm Areia de 75mm Areia de 75mm Areia de 75mm 60 80 Figura 6.24- Análise do deslocamento vertical no modelo de assentamento espinha de peixe com peças retangulares Observações sobre os deslocamentos no Modelo de assentamento espinha de peixe com a utilização de peças retangulares: • Os blocos de 80mm obtiveram melhor comportamento com a utilização do colchão de areia de 75mm, para os deslocamentos elásticos medidos tanto no último quanto no primeiro carregamento, para o deslocamento plástico total, as 173 peças de 80mm apresentaram melhor comportamento com colchão de areia de 50mm; • As peças de 60mm, ao contrário das outras análises, tiveram melhores resultados de deslocamento com o colchão de areia de 75mm, tanto para os deslocamentos elásticos quanto para o plástico e o total no primeiro carregamento; • Em ambas as espessuras do colchão de areia, as peças de 80mm tiveram menores deslocamentos plásticos totais após o quinto carregamento; 6.3.1 Influência da Compactação no Deslocamento Vertical Para analisar a influência da compactação, realizada nas peças de concreto do revestimento do painel experimental de pavimentos intertravados, foram realizados alguns ensaios de deslocamento antes da realização das compactações e após cada uma das fases de compactação que o pavimento foi submetido (compactação inicial, compactação e selagem das juntas e compactação final), conforme detalhado no capítulo cinco. Para tanto, foram realizados vinte e quatro experimentos, divididos nos blocos de 60 e 80mm de espessura e com a utilização do colchão de areia de 75mm. As peças de 100 e de 40mm, bem como a utilização do colchão de areia de 50mm, para os blocos de 40, 60, 80 e 100mm, não foram submetidos a estes experimentos. Os blocos de 80mm de espessura foram ensaiados no modelo de assentamento espinha de peixe e linear, com formato de peças retangular e dentada, já os blocos de 60mm foram ensaiados apenas no arranjo de assentamento fileira com peças dentadas e retangulares. As Tabelas 6.15 a 6.17, apresentam os valores de deslocamento da placa metálica nas diferentes compactações realizadas e as Figuras 6.24 a 6.27 apresentam os resultados destas tabelas. 174 Tabela 6.15- Avaliação do deslocamento de PPC de 60mm, com colchão de areia de 75mm e no modelo de assentamento linear, ou fileira, nas diferentes compactações realizadas Antes da Compactação Inicial Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Após a Compactação Inicial Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico Espessura (mm) – 1º Carreg. no 1º Carreg. Formato das Peças (mm) (mm) 60 - Retangular 5,9 0,24 5,9 0 1 0,41 0,99 0,21 60 - Dentada 3,14 0,36 3,53 0,32 0,56 0,29 0,30 0,31 Total (mm) Após a Compactação e Selagem das Juntas Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Total (mm) no 5° Carreg. (mm) Após a compactação Final Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 60 - Retangular 0,29 0,27 0,1 0,21 0,37 0,05 0,33 0,12 60 - Dentada 0,13 0,07 0,11 0,07 0,30 0,05 0,30 0,08 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) 175 Tabela 6.16- Avaliação do deslocamento de PPC de 80mm, com colchão de areia de 75mm e no modelo de assentamento linear, ou fileira, nas diferentes compactações realizadas Antes da Compactação Inicial Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Após a Compactação Inicial Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico Espessura (mm) – 1º Carreg. no 1º Carreg. Formato das Peças (mm) (mm) 80 - Retangular 5,46 0,78 5,05 0,59 0,44 0,33 0,19 0,32 80 - Dentada 5,01 0,6 5,81 0,35 0,70 0,20 0,66 0,17 Total (mm) Após a Compactação e Selagem das Juntas Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Total (mm) no 5° Carreg. (mm) Após a compactação Final Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 80 - Retangular 1,35 0,32 1,07 0,33 0,30 0,23 0,11 0,23 80 - Dentada 0,32 0,15 0,28 0,10 0,28 0,13 0,25 0,10 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) 176 Tabela 6.17- Avaliação do deslocamento de PPC de 80mm, com colchão de areia de 75mm e no modelo de assentamento espinha de peixe nas diferentes compactações realizadas Antes da Compactação Inicial Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Após a Compactação Inicial Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico Espessura (mm) – 1º Carreg. no 1º Carreg. Formato das Peças (mm) (mm) 80 - Retangular 7,37 0,37 7,39 0,68 1,12 0,60 0,65 0,63 80 - Dentada 2,64 0,44 2,68 0,46 0,64 0,30 0,51 0,30 Total (mm) Após a Compactação e Selagem das Juntas Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Total (mm) no 5° Carreg. (mm) Após a compactação Final Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 80 - Retangular 0,58 0,38 0,27 0,39 0,47 0,32 0,21 0,32 80 - Dentada 0,34 0,19 0,21 0,17 0,36 0,19 0,26 0,18 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) 177 Peças Retangulares Peças Dentadas 7 6 Deformação (mm) 5 4 3 2 1 0 Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Sem Compactação Após a Compactação e Selagem das Juntas Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Após a Compactação Inicial Após a Compactação Final Figura 6.25– Influência da compactação nos deslocamentos com a utilização de blocos de 60mm, no modelo de assentamento linear Blocos de 60mm no modelo de assentamento linear: • Verifica-se que a compactação inicial é de fundamental importância para a estabilização do deslocamento vertical total no primeiro carregamento e no deslocamento plástico quando da utilização peças retangulares e dentadas; • No deslocamento elástico não se verifica uma influência tão acentuada como no deslocamento plástico, devido a acomodação dos grãos da areia ocasionado pelo carregamento imposto ao pavimento; • Nos experimentos realizados após a compactação inicial, verifica-se uma grande atenuação dos deslocamentos, que, ainda, tendem a diminuir com a compactação e selagem das juntas; • Quando da compactação final, os deslocamentos elásticos tendem a diminuir, porém os deslocamentos totais e o deslocamento plástico total tendem a aumentar; 178 Peças Retangulares Peças Dentadas 7 6 Deformação (mm) 5 4 3 2 1 0 Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Sem Compactação Após a Compactação e Selagem das Juntas Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Após a Compactação Inicial Após a Compactação Final Figura 6.26– Influência da compactação no deslocamento com a utilização de blocos de 80mm, no modelo de assentamento linear Blocos de 80mm no modelo de assentamento linear: • Pode-se relatar que, como no caso anterior, a compactação inicial, submetida ao pavimento, começa a estabilizar os deslocamentos, diminuindo-as, de modo expressivo; • Nas peças retangulares, a seqüência de compactação estabelecida, estabiliza e diminui todas os deslocamentos medidos, ocorrendo uma diminuição substancial na compactação inicial e menos acentuada para cada uma das demais; • Nas peças dentadas, a compactação inicial continua sendo de vital importância para a atenuação dos deslocamentos, porém com a compactação e selagem das juntas ocorre um aumento do deslocamento total no primeiro carregamento e no deslocamento plástico total pós o quinto carregamento, voltando a diminuir após a compactação final. 179 Peças Retangulares Peças Dentadas 8 7 Deformação (mm) 6 5 4 3 2 1 0 Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Sem Compactação Após a Compactação e Selagem das Juntas Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Após a Compactação Inicial Após a Compactação Final Figura 6.27– Influência da compactação nos deslocamentos com a utilização de blocos de 80mm, no modelo de assentamento espinha de peixe Blocos de 80mm no modelo de assentamento espinha de peixe: • O deslocamento total no primeiro carregamento e o deslocamento plástico total após o quinto carregamento, nas peças dentadas, são mais influenciados pela compactação, isto é, com o aumento do número de compactações, estes vão diminuindo. O mesmo ocorre nas peças retangulares, porém, não tão significativamente; • Verifica-se o melhor comportamento das peças retangulares quando comparados os deslocamentos em todos os estágios de compactação; • Nas peças dentadas, com o aumento da compactação, os deslocamentos vão estabilizando e diminuindo progressivamente; Segundo SACKEL (1990), as deformações elásticas tendem a diminuir e estabilizar com a passagem progressiva do tráfego sob o revestimento do pavimento intertravado. Como o objetivo do maior número de compactações era estabilizar e diminuir as deformações elásticas do pavimento, procurando simular o efeito da passagem do 180 tráfego sob o pavimento, verifica-se que este objetivo foi alcançado, pois em todos os experimentos os deslocamentos medidos foram se estabilizando e diminuindo conforme implementava-se as compactações. 6.3.2 Influência da Espessura das Juntas no Deslocamento Vertical Para verificação do comportamento dos deslocamentos da placa metálica instalada sob o revestimento de um pavimento intertravado, com espessura de juntas, entre duas PPCs, variando de 2mm (tamanho recomendado) para 5mm, espessura utilizada para a comparação referida, foram realizados oito experimentos, verificando, ainda, a influência da compactação. Os experimentos foram realizados nas peças de 80mm de espessura com modelo de assentamento linear, ou fileira, e nos formatos de blocos retangular e dentada. Os comentários sobre os espaçadores utilizados e dos defeitos causados pelo espaçamento superior ao recomendado podem ser observados no item 6.1.3. A Tabela 6.10 apresenta os resultados de deformação com a variação das espessuras das juntas de 2mm e 5mm e as Figuras 6.28 e 6.29 apresentam os resultados obtidos com a variação das diferentes espessuras de juntas . 181 Tabela 6.18- Avaliação do deslocamento de PPC de 80mm, com colchão de areia de 75mm e no modelo de assentamento fileira, ou linear, com diferentes espessuras de junta, nas diferentes compactações realizadas Antes da Compactação Inicial Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Após a Compactação Inicial Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico Espessura (mm) – 1º Carreg. no 1º Carreg. Formato das Peças (mm) (mm) – Espessura das 80 – Retangular –2 Juntas (mm) 80 – Dentada - 2 5,46 0,78 5,05 0,59 0,44 0,33 0,19 0,32 5,01 0,6 5,81 0,35 0,70 0,20 0,66 0,17 80 – Retangular –5 5,81 0,00 5,81 0,00 0,63 0,32 0,45 0,34 80 – Dentada - 5 4,03 1,02 3,87 0,82 0,82 0,32 0,63 0,37 Total (mm) Após a Compactação e Selagem das Juntas Desl. Total no Desl. Elástico Desl. Plástico Total (mm) no 5° Carreg. (mm) Após a compactação Final Desl. Elástico Desl. Total no Desl. Elástico no 5° Carreg. 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) (mm) Desl. Plástico Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) (mm) 80 – Retangular –2 1,35 0,32 1,07 0,33 0,30 0,23 0,11 0,23 80 – Dentada - 2 0,32 0,15 0,28 0,10 0,28 0,13 0,25 0,10 80 – Retangular –5 0,67 0,26 0,50 0,23 0,63 0,22 0,51 0,25 80 – Dentada - 5 0,40 0,24 0,22 0,28 0,32 0,15 0,20 0,15 Total (mm) Total (mm) no 5° Carreg. (mm) 182 . Juntas de 2mm Juntas de 5mm 7 6 Deformação (mm) 5 4 3 2 1 0 Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Sem Compactação Após a Compactação e Selagem das Juntas Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Após a Compactação Inicial Após a Compactação Final Figura 6.28– Influência da compactação e da espessura das juntas nos deslocamentos, com utilização de blocos de 80mm de formato dentada, no arranjo linear . Juntas de 2mm Juntas de 5mm 7 6 Deformação (mm) 5 4 3 2 1 0 Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Sem Compactação Após a Compactação e Selagem das Juntas Deformação Total no 1º Carregamento Deformação Elástica no 1º Carregamento Deformação Plástica Total Deformação Elástica no 5º Carregamento Após a Compactação Inicial Após a Compactação Final Figura 6.29– Influência da compactação e da espessura das juntas nos deslocamentos, com utilização de blocos de 80mm, formato retangular, no linear 183 Influência da espessura das juntas nas peças de 80mm no modelo de assentamento linear e espinha de peixe: • Pode-se notar que a espessura das juntas não veio a comprometer o desempenho do pavimento intertravado nas configurações analisadas, pois apesar dos deslocamentos maiores encontrados, para ambos os casos estudados, estes não foram de grande relevância; • Na utilização de peças retangulares, verificou-se a inexistência de deslocamentos elásticos, antes da compactação, o ocorrido deve-se a acomodação da areia nos primeiros carregamentos; • Ainda deve-se relatar que os deslocamentos no pavimento com juntas de 5mm diminuem e tendem a estabilizar com as compactações exercidas. 6.3.3 Análise dos deslocamentos verticais com o carregamento aplicado no colchão de areia Para a análise das deformações do colchão de areia com a carga aplicada diretamente sobre ele, foi montado o experimento, conforme mostrado no capítulo quatro, e após os ensaios realizados, foram retiradas as peças de concreto e realizou-se o ensaio de deformação. Os resultados dos deslocamentos encontrados estão apresentados na Tabela 6.19. A Figura 6.30 apresenta os resultados da deformação sob as cargas repetidas aplicadas sobre o colchão de areia. Tabela 6.19- Avaliação dos deslocamentos com o carregamento aplicado diretamente sobre o colchão de areia Desl. Total no Desl. Elástico 1º Carreg. no 1º Carreg. (mm) 2,11 (mm) 0,72 Desl. Plástico Total (mm) 1,19 Desl. Elástico no 5° Carreg. (mm) 0,86 184 2.5 2 Deformação (mm) 1.5 1 0.5 0 0 50 100 150 200 250 -0.5 Tempo (s) Figura 6.30 – Deslocamentos encontrados com o carregamento aplicado diretamente sobre o colchão de areia Quando se aplica o carregamento diretamente sobre o colchão de areia nota-se que as deformações são superiores às encontradas quando o carregamento é aplicado sobre as peças de concreto. Os deslocamentos encontrados tendem a diminuir conforme se aumenta o número de repetições do carregamento. Isto pode ser devido a acomodação de areia do colchão, o que pode vir a confirmar, com um maior número de aplicações de ciclos, que as deformações tendem a diminuir nos primeiros anos de utilização de um pavimento intertravado, conforme os relatos de várias referências. 6.4 Análise Numérica Foi realizada uma análise numérica exploratória no intuito de verificar se seria possível obter uma comparação razoável entre as tensões medidas nos experimentos e as calculadas com a utilização de um programa de uso corrente em análise de estruturas de pavimentos flexíveis, já que a revisão bibliográfica indica ser esta a modelagem a ser aplicada na análise de pavimentos de PPCs. As tensões transmitidas do revestimento para a camada de base dos ensaios realizados no painel experimental foram comparadas 185 com as calculadas utilizando o programa de cálculo de tensões e de deformações FEPAVE2, descrito por MOTTA (1991), SILVA (1995) e MEDINA (1997). Este programa computacional é capaz de analisar o comportamento elástico não-linear dos materiais das camadas granulares e coesivas dos pavimentos. Ainda, é possível analisar a variação do módulo dos materiais ao longo da espessura da camada, o que foi utilizado para a camada de areia de apoio. Mas foram adotados módulos constantes para as camadas de colchão de areia e do revestimento de blocos de concreto que compunham o painel experimental. O FEPAVE2 é um programa na linguagem Fortran desenvolvido na Universidade de Berkeley em 1965. Ele foi doado à COPPE em 1973 e tem sido utilizado para estudos de estruturas reais e fictícias em várias teses de mestrado e doutorado, contribuindo nos cálculos necessários à Mecânica dos Pavimentos. Segundo SILVA (1995), o FEPAVE2 calcula os deslocamentos, deformações e tensões a partir da técnica de elementos finitos em estruturas de pavimentos idealizadas como assimétricas. O processo de análise envolveu variações dos módulos adotados para cada estrutura construída no painel experimental e tornou-se um processo repetitivo que foi resolvido por uma rotina computacional, na qual variavam-se o módulo da camada de revestimento, composto por PPCs, e do colchão de areia e liam-se as tensões calculada pelo programa na linha onde estava instalada a célula de carga denominada “centro” e “10” para as espessuras de blocos utilizadas, até obter uma concordância razoável entre os valores medidos e calculados. Esta análise foi realizada somente para algumas estruturas estudadas na fase experimental a titulo de investigação preliminar. Os dados de entrada do programa FEPAVE2, nestas análises, foram: • Raio da placa rígida carregada = 0,09m; • Pressão na área carregada = 6kgf/cm2; • Número de camadas = 3 (revestimento, colchão de areia e areia de quartzo); • Coeficientes de Poisson: 0,30 para o revestimento; 0,35 para as demais camadas. 186 • Foi adotado o modelo de comportamento de módulo constante para as camadas de revestimento, variando o mesmo, em função da espessura das PPCs, de 40.000 a 1.000 kgf/cm2.; • Foram utilizados valores de módulo constante para a camada de areia e iguais a 2000, 1500, 1000 e 500kgf/cm2, para as interações realizadas; • Para a camada de areia de quartzo foi utilizada a expressão de módulo em relação a σD, proposto por MEDINA (1997) para areia de duna: MR = 9512 x σD0,75 (MPa). Na análise computacional, foram estabelecidos alguns valores de módulos de resiliência para a camada de revestimento do painel experimental até uma concordância razoável entre as tensões calculadas e medidas. A Tabela 6.20 apresenta os valores de módulos de entrada do FAPEVE2 e os valores de tensão calculados pelo programa, para a verificação das tensões transmitidas pelo revestimento composto por blocos de 100mm, nas Tabela 6.21 e 6.22 estão apresentados os valores para as PPCs de 80, 60mm, respectivamente. Esses valores são aqueles que levaram à maior aproximação entre os valores de tensão calculados com o FEPAVE2 e os medidos no Setor de Modelos Físicos e os módulos de resiliência correspondentes. Os valores de Coeficiente de Poisson utilizados para calcular as tensões para as espessuras de PPCs de 100, 80 e 60mm (0,30 para o revestimento e 0,35 para as demais camadas) não foram adequados para determinar as tensões transmitidas no laboratório pelas PPCs de 40mm. Procurou-se , então, outros valores de Coeficiente de Poisson para as camadas que viessem a aproximar mais as tensões calculada das medidas transmitidas por estas peças. Os valores deste coeficientes foram: • Para a camada de revestimento: 0,30 e 0,35; • Para a camada de colchão de areia: 0,40 e 0,45; • Para a camada de areia de quartzo: 0,40. 187 Tabela 6.20 - Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 100mm, lidas no Setor de Modelos Físicos e as analisadas pelo FEPAV2 (kgf/cm2) Tensão Vertical Lida no Setor de Modelos Físicos Modelos de Assentamento Posição das Células de Carga (kgf/cm2) “centro” “10” Espinha de Peixe 1,2 0,7 Trama 2,1 0,9 Linear ou Fileira 1,5 0,9 Tensão Vertical Calculadas pelo FEPAV2 Módulos das Camadas (kgf/cm2) Tensões Calculadas (kgf/cm2) PPC Colchão de Areia “centro” “10cm” 40.000 2.000 1,14 0,72 20.000 2.000 1,54 0,89 10.000 2.000 1,90 0.99 Tabela 6.21 - Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 80mm, lidas no Setor de Modelos Físicos e as analisadas pelo FEPAV2 (kgf/cm2) Tensão Vertical Lida no Setor de Modelos Físicos Modelos de Assentamento Posição das Células de Carga (kgf/cm2) “centro” “10” Espinha de Peixe 1,7 0,8 Trama 2,1 0,9 Linear ou Fileira 1,2 0,8 Tensão Vertical Calculadas pelo FEPAV2 Módulos das Camadas (kgf/cm2) Tensões Calculadas (kgf/cm2) PPC Colchão de Areia “centro” “10cm” 50.000 2.500 1,4 0,82 15.000 500 1,67 1,01 10.000 500 1,96 1,10 188 Tabela 6.22 - Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 60mm, lidas no Setor de Modelos Físicos e as analisadas pelo FEPAV2 (kgf/cm2) Tensão Vertical Lida no Setor de Modelos Físicos Posição das Células de Carga (kgf/cm2) Modelos de Assentamento “centro” “10” Espinha de Peixe 2,4 0,8 Trama 2,3 1,5 Linear ou Fileira 3,3 2,0 Tensão Vertical Calculadas pelo FEPAV2 Módulos das Camadas (kgf/cm2) Tensões Calculadas (kgf/cm2) PPC Colchão de Areia “centro” “10cm” 25.000 2.000 2,46 1,167 30.000 2.000 2,317 1,130 7.500 1.000 3,225 1,560 Tabela 6.23 - Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 40mm, lidas no Setor de Modelos Físicos e as analisadas pelo FEPAV2 (kgf/cm2) Tensão Vertical Lida no Setor de Modelos Físicos Posição das Células de Carga (kgf/cm2) Modelos de Assentamento “centro” “10” Espinha de Peixe 5,0 4,2 Trama 5,4 2,7 Tensão Vertical Calculadas pelo FEPAV2 Módulos (kgf/cm2) e Coeficientes de Poisson Tensões Calculadas (kgf/cm2) PPC µ C. A. µ “centro” “10cm” 1.500 0,30 500 0,35 5,025 1,455 1.500 0,35 500 0,40 5,305 1,851 1.500 0,35 500 0,45 5,554 1,889 189 Apesar da utilização de valores de Coeficientes de Poisson maiores e de módulos resilientes mais baixos para as camadas de blocos de concreto de 40mm e do colchão de areia, não se conseguiu reproduzir os valores de tensões encontrados no laboratório para a célula de carga instalada na posição “10”. Na Tabela 6.23, estão apresentados os valores de tensões e de seus respectivos módulos, para as camadas de revestimento e de colchão de areia, com os valores de tensões calculadas pelo FEPAVE2 e lidas pelos instrumentos no Setor de Modelos Físicos. 6.4.1 Considerações Finais da Análise Numérica Nota-se tendência dos valores de módulos para as PPCs de diferentes espessuras diminuírem proporcionalmente com a espessura das peças, diferentemente da modelagem usual do comportamento das misturas asfálticas, onde os módulos são determinados para a mistura correspondente, não levando em conta a espessura da camada em si. Para as peças de 40mm, os valores de módulos são relativamente baixos quando comparados às outras espessuras utilizadas de PPCs, assim como os valores de Coeficiente de Poisson tiveram que ser aumentados para atingir os valores de tensão lidos pela célula de carga central. Foi analisada a influência da rigidez das paredes que compõem a estrutura do painel experimental, através da limitação da malha de elementos finitos na fronteira das paredes de concreto do painel, e notou-se que estas não influenciaram na análise da transmissão de tensões para os pontos estudados. Conclui-se que é possível modelar uma estrutura de pavimento intertravado com um programa usualmente empregado para analisar pavimentos asfálticos e que a ordem de grandeza dos módulos de resiliência da camada de PPC se aproxima da dos empregados para misturas asfálticas convencionais em alguns casos, mas tem grande influência da rigidez do sistema como um todo, rigidez esta proveniente (e variável) da espessura e arranjo das peças e também da deformabilidade das camadas inferiores. 190 Outros programas de análise de tensões de uso corrente para pavimentos asfálticos podem ser testados com os dados obtidos do painel para checar o que melhor se aplicaria a estas análises. 191 7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS DO TRECHO EXPERIMENTAL 7.1 Avaliação do Desempenho do Trecho Experimental de Cantagalo A avaliação do trecho experimental de pavimento intertravado consistiu na realização de avaliações estruturais e funcionais ao longo da via, uma vez que estas avaliações são de vital importância para a definição e a caracterização do desempenho da estrutura e da camada de rolamento do pavimento em questão. Foram realizados alguns ensaios para a avaliação do trecho experimental de pavimentos intertravados construído em Cantagalo – RJ, estes ensaios foram realizados com o objetivo de acompanhar o desempenho das diferentes estruturas que compõem os subtrechos, para futuramente se ter a evolução de avaliação dos parâmetros relacionados. Os ensaios foram realizados em duas datas distintas, defasadas de um ano, abril de 2004 e no mesmo mês do ano de 2005. Foram realizados ensaios de deflexão, utilizando a viga Benkelman convencional e a eletrônica, ensaios de resistência à derrapagem, utilizando o Pêndulo Britânico, e ensaios de drenabilidade. 7.1.1 Ensaios Deflectométricos Realizados no Trecho Experimental Os ensaios deflectométricos foram realizados com o intuito de tentar caracterizar a condição estrutural das camadas constituintes do pavimento. Em um primeiro momento, foi utilizada a viga Benkelman convencional para a medição de deflexões máximas em todos os subtrechos de PPCs. Na segunda etapa de levantamentos, foram realizados ensaios com a utilização da viga Benkelman eletrônica, que permite, além da verificação da deflexão máxima, a definição da bacia deflectométrica e dos demais dados, obtidos através destes ensaios, com maior exatidão (D0 e Rc). 192 Torna-se, mais uma vez, importante fazer alguns comentários sobre a utilização da viga Benkelman, tanto a convencional como a automatizada, em pavimentos intertravados. Descrevem-se aqui algumas considerações sobre a medida das deflexões em pavimentos, com o revestimento constituído por blocos de concreto, que são: • Primeiramente, deve-se ter muita atenção sobre a escolha do local de colocação da ponta de prova, uma vez que, se colocado sobre um bloco solto, este pode influenciar negativamente os resultados, aumentando significativamente a deflexão; • Se possível, repetir mais de uma vez o ensaio no mesmo ponto, pois a posição do conjunto de rodas do eixo pode afetar a leitura da deflexão. Devido à influência da posição dos pneus em relação aos blocos, quando o conjunto pode estar apoiado inteiramente sobre o bloco, apenas uma das rodas pode estar apoiada sobre o bloco e quando nenhuma das rodas está apoiada sobre o bloco em que está colocada a ponta de prova, este cuidado deve ser tomado principalmente em peças com espessuras de 60 e 80mm, devido às suas menores dimensões; • Não se deve colocar a ponta de prova sobre uma junta entre os blocos, pois, devido a pequena movimentação existente, o resultado do ensaio pode ser mascarado. Quando da realização destes ensaios no trecho experimental, observou-se que, quando se tinha esta situação, não se observava movimentação do extensômetro, o que acarretava a não validação do ensaio, pois se obtinha valores muito reduzidos ou iguais a zero para as deflexões; • Por último, e não menos importante, sempre que possível posicionar a ponta de prova no meio do bloco, para diminuir a influências do posicionamento da ponta de prova e dos pneus citados anteriormente. Os primeiros resultados referentes aos ensaios realizados com a viga Benkelman, efetuados em abril de 2004, estão apresentados na Tabela 7.1. 193 Tabela 7.1– Deflexões máximas obtidas nos ensaios realizados nas primeiras avaliações no mês de abril de 2004 Deflexões Máximas Obtidas nos Ensaios (x10-2mm) Espessura das PPCs 1ª. leitura 2ª. leitura 3ª. Leitura 4ª. leitura 5ª. leitura Média 40 82 82 50 34 32 56 60 52 50 36 36 30 40.8 80 60 56 40 24 22 40.4 100 42 40 36 20 20 31.6 (mm) Nos ensaios realizados na primeira avaliação estrutural, não foram medidos o raio de curvatura e as bacias de deflexão, sendo determinada apenas a deflexão máxima. Apenas nos ensaios realizados com a viga eletrônica foram determinados estes parâmetros. A Figura 7.1 mostra as bacias de deflexão encontradas nos ensaios realizados com a viga Benkelman eletrônica e na Tabela 7.2 estão apresentados os resultados referentes às avaliações realizadas em abril de 2005, um ano após a primeira avaliação. No caso das medidas efetuadas com a viga Benkelman eletrônica e a convencional, D0, RC e bacia de deflexão, vale lembrar que além das espessuras das PPC serem diferentes variou-se também a espessura da base cimentada em cada um dos sub-trechos. Tabela 7.2– Determinação dos parâmetros relacionados à viga Benkelman Subtrechos D0 (x10-2mm) D25 (x10-2mm) RC (m) PPC 40 27 19 390,7 PPC 60 48 38 312,5 PPC 80 39 24 208,3 PPC 100 24 12 260,4 194 Distância (mm) -0,1 -500 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 0 Deflexão (mm) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 PPC de 40mm PPC de 60mm PPC de 80mm PPC de 100mm Figura 7.1– Bacias de deflexão determinadas com a viga Benkelman eletrônica 7.1.2 Ensaios de Resistência à Derrapagem Realizados no Trecho Experimental Simplificadamente, o procedimento do Ensaio da ABNT (1993) consiste em: • Monta-se o equipamento do pêndulo; • Limpa-se bem a superfície do revestimento. • Molha-se abundantemente a superfície do pavimento e o “patim” do pêndulo com água; • Mede-se a temperatura sobre o pavimento; • Ajusta-se o comprimento da haste de atrito: A sapata do pêndulo deve se deslocar no mesmo sentido do tráfego e o comprimento de atrito deve se situar entre 125 e 127mm. Para isto, é necessário ajustar a haste de forma que a distância entre o ponto que a sapata toca o pavimento no movimento de ida e o ponto que ela toca na volta, medida com uma régua própria, se enquadre na faixa adequada para o comprimento do atrito; • Ajusta-se do ponto (zero): por 10 vezes libera-se a haste do pêndulo e anotam-se as variações em relação ao zero do equipamento, para posterior correção do resultado; 195 • Faz-se a correção do zero antes e depois do ensaio, obtendo-se a média das 10 leituras antes (M1) e depois (M2) do ensaio. A média de M1 e M2 é a correção média das leituras do zero (M3); • Início do ensaio: libera-se a haste do pêndulo, segurando-a ao seu retorno, e anota-se o valor indicado pelo ponteiro do medidor; • Repete-se a operação por cinco vezes sucessivamente, tomando o cuidado de molhar bem a superfície de ensaio a cada repetição. Calcula-se a média das 5 leituras (M4); • Faz-se a correção devido à temperatura (CT) através de um ábaco próprio; • O valor do coeficiente de atrito corrigido é: M4 - M3 - CT. Os ensaios de Pêndulo Britânico foram realizados nas mesmas datas dos ensaios deflectométricos, para a realização do acompanhamento do desempenho inicial da condição de atrito das peças instaladas no trecho experimental. Foram adotados os seguintes procedimentos, alguns não relatados na literatura, para a avaliação do coeficiente de atrito das peças de concreto: • Os ensaios foram realizados com a presença de uma fina lâmina de água; • Os ensaios foram realizados em todos os subtrechos, ou seja, nas peças de 40, 60, 80 e 100mm; • Adotou-se a medição do coeficiente de atrito em dois posicionamentos distintos do “patim” de borracha, quando de sua passagem pela superfície: Primeira avaliação: mediu-se o atrito, passando o “patim” apenas sobre a superfície do bloco; Segunda avaliação: mediu-se o atrito, passando o “patim” sobre dois blocos justapostos, forçando a sua passagem por uma das juntas entre as peças. • Nas peças de 40mm, o “patim” passou, em todas as leituras, por pelo menos uma junta, devido às suas dimensões, não se dando, portanto, atenção para a passagem apenas sobre o bloco. 196 Notam-se, nos ensaios realizados, diferenças entre os valores de resistência à derrapagem obtidas quando o “patim” de borracha passou apenas sobre o bloco de concreto e quando o “patim” passou por uma das juntas entre duas peças justapostas. Lembra-se, novamente, que nas peças de 40mm não se deu atenção para a passagem do “patim” apenas sobre o bloco devido as suas pequenas dimensões. A Figura 7.2 apresenta o ensaio Pêndulo Britânico sendo realizado em um dos subtrechos do trecho experimental de pavimentos intertravados. Os valores medidos da condição de atrito estão na Tabela 7.3, para as duas avaliações realizadas no trecho experimental. Figura 7.2– Ensaio de resistência à derrapagem realizado no trecho experimental 197 Tabela 7.3 – Ensaios realizados com o Pêndulo Britânico no trecho experimental Data de realização dos Espessura das PPCs (mm) 40 ensaios Abril de 2004 Abril de 2005 1ª. Avaliação 0,62 0,55 2ª. Avaliação 0,62 0,57 0,54 0,54 0,57 0,61 0,63 0,64 0,65 0,65 0,54 0,55 0,55 0,57 0,67 0,67 0,68 0,70 0,58 0,59 0,60 0,61 0,67 0,64 0,70 0,71 1ª. No Bloco Avaliação 2ª. Avaliação 60 Passando por uma junta 1ª. Avaliação 2ª. Avaliação 1ª. No Bloco Avaliação 2ª. Avaliação 80 Passando por uma junta 1ª. Avaliação 2ª. Avaliação 1ª. No Bloco Avaliação 2ª. Avaliação 100 Passando por uma junta 1ª. Avaliação 2ª. Avaliação 198 Em dois anos de utilização do trecho experimental de pavimentos intertravados, não se notou tendência para a diminuição da resistência à derrapagem, medida com o Pêndulo Britânico nos pontos ensaiados. Após este curto período de utilização do pavimento, todos os subtrechos continuam com boas condições de atrito, e tendo valores acima do mínimo recomendado de resistência à derrapagem. Vale lembrar que a recomendação mínima exigida é de BPN > 0,45 e segundo CRUZ (2003), a indicação de resistência à derrapagem para a categoria muito bom o BPN, recomendado , é > 0,65. 7.1.3 Ensaios de Permeabilidade Realizados no Trecho Experimental Os ensaios de permeabilidade foram realizados apenas no mês de abril de 2005. Os ensaios foram realizados com uma proveta com capacidade de 1000ml de armazenamento de água, com área de contato entre a base da proveta e o pavimento de 31,16cm2. Apesar da recomendação da utilização de uma cola de silicone (COOLEY, 1999), para evitar a saída de água entre o contato da base da proveta e a superfície do pavimento, foi empregada uma graxa de uso automotivo do tipo GMA-2, não solúvel em água, pois assim evitou se a esperar pelo tempo de secagem da cola de silicone. Foram adotados os mesmos procedimentos para a realização • Limpava-se o local em que seria realizado o ensaio; • A graxa era colocada em toda base da proveta, em uma espessura de aproximadamente 0,5cm; • Marcava-se o local, no pavimento, onde a proveta ficaria em contato com as juntas entre os blocos; • Era colocada uma camada de graxa nas juntas que estivessem em contato com a base da proveta; • Colocava-se a proveta em contato com o pavimento, no local pré-estabelecido; • Na parte superior da proveta, colocava-se um peso para melhor fixação e preenchimento dos vazios entre a base da proveta e o pavimento; • Enchia-se a proveta até uma altura determinada e mantinha-se, a altura de água na proveta, por um minuto; • Completava-se a proveta com água; • Anotava-se o tempo que a água escoava entre duas alturas pré-definidas; • Media-se as alturas pré-definidas da proveta até o pavimento. 199 Foi adotada a colocação da graxa das juntas, entre os blocos, pois em alguns casos somente a graxa colocada na base da proveta não conseguia penetrar nas juntas e assim a água expulsava a areia da parte superior das juntas, com isso perdia-se o ensaio. A área de contato entre a proveta e o pavimento adotada para o cálculo da permeabilidade não era toda a área molhada, mas somente a parte pertencente às juntas, pois se considerou o bloco de concreto impermeável. Deve-se relatar que não foram encontrados valores de coeficiente de permeabilidade para os ensaios realizados no trecho experimental, pois com a passagem de caminhões com cimento, alguns fragmentos de cimento ficaram depositados sobre os blocos fazendo com que as partes finas deste material penetrassem nas juntas entre os blocos e, com o passar do tempo e com a umidade provocada pela chuva, as juntas tornaram-se um material cimentado e impermeável. 7.1.4 Ensaios Realizados na Areia Utilizada no Trecho Experimental Foram realizados alguns ensaios para a classificação da areia utilizada no colchão e no rejunte entre os blocos do trecho experimental de pavimento intertravado de Cantagalo. Foram feitos ensaios de granulometria, em amostras retiradas dos subtrechos, e de degradação conforme descrito no capítulo dois desta tese. As amostras da areia proveniente do colchão foram retiradas dos subtrechos de 40, 60, 80 e 100mm, para a verificação da granulometria após um ano de utilização do pavimento em questão. A granulometria da areia estão apresentadas na Tabela 7.4, e a Figura 7.3 apresenta as curvas granulométricas dos ensaios realizados com as amostras retiradas do trecho experimental. O ensaio de degradação utilizado para verificar o comportamento da areia na durabilidade foi o ensaio de trituração apresentado por MORI & KARASAHARA (2000) e seu resultado foi expresso em % passante antes e depois do ensaio na peneira 0,075mm. Optou-se pela realização deste ensaio pela facilidade e pela presença de todos os materiais necessários para sua execução, o que não acontece para os outros ensaios que necessitam de matérias especiais para sua execução. Os resultados deste ensaio estão apresentados na Tabela 7.5. 200 Tabela 7.4– Granulometria da areia utilizada para o colchão do trecho experimental após um ano de utilização do pavimento Após um ano de utilização do Abertura pavimento Colchão de Areia das Peneiras (mm) Recomendado pela ABCP PPC de PPC de PPC de PPC de 40mm 60mm 80mm 100m %Passante % Passante 9,5 100 100 100 100 100 100 4,8 95 a 100 99 99,98 99,60 99,59 99,78 1,2 50 a 85 88 94,68 83,36 84,79 87,20 0,6 25 a 60 51 51,18 24,26 24,37 25,72 0,3 10 a 30 15 7,72 3,70 4,07 3,40 0,15 5 a 15 2 1,78 1,69 1,69 1,28 0,075 0 a 10 0 0 0 0 0 0,075 10.00 Abertura das Peneiras (mm) 0 1.00 9,5 4,8 1,2 Limite Superior (ABCP) 100 mm 0,6 0,3 0,15 10 Porcetagem Passante (%) 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Limite Inferior (ABCP) 80 mm 60 mm 40 mm Areia do colchão Figura 7.3– Curvas granulométricas da areia utilizada no trecho experimental e da areia retirada do colchão após um ano de utilização do trecho 201 Tabela 7.5– Resultados do ensaio de degradação para a areia utilizada no trecho experimental de Cantagalo Antes do Ensaio Após o Ensaio Diferença % Passante na Peneira % Passante na Peneira Entre os 0,075 0,075 Ensaios (%) 1 0,66 1,80 1,14 2 0,62 1,62 1,00 Amostra Comparando os resultados obtidos na análise da degradação da areia utilizada no trecho experimental com os valores recomendados por KNAPTON (1997) para limites aceitáveis para o ensaio de degradação Lilley and Dowson,verifica-se que a areia utilizada passaria no critério de % máxima passante após o ensaio (15%) e na % máxima de diferença antes e depois do ensaio (5%). 7.1.5 Considerações Finais Sobre a Avaliação do Trecho Experimental Após os dois primeiros anos da utilização do trecho experimental, pode-se relatar que o pavimento apresenta-se em ótimo estado, mantendo as características originais de revestimento. As deflexões máximas obtidas nos ensaios deflectométricos, apesar de terem sido realizadas com equipamentos diferentes, não apresentaram grandes variações, a resistência à derrapagem manteve os níveis iniciais e a areia utilizada para a confecção do colchão e para o rejuntamento das peças apresenta-se dentro dos níveis de degradação permitidos. O trecho apresenta alguns locais com afundamento, porém estes afundamentos foram decorrentes da retirada do revestimento e do colchão de areia para coleta de materiais e instalação e retirada das células de carga utilizadas para a medida das tensões transmitidas do revestimento para a estrutura do trecho. Também apresenta alguns blocos trincados nos mesmos locais, devido à compactação manual realizada com um martelo de borracha. O tráfego do trecho experimental de Cantagalo, segundo o critério utilizado pela CCA, para o período de projeto (20 anos) é de 1,4x107, e composto, mais comumente por 202 caminhões do tipo 2C, 3C, 4C, 2S1, 2S2, 2S3, 3S2 e 3S3, segundo classificações dos veículos rodoviários apresentado por MEDINA (1997). A Figura 7.4 apresenta exemplos de alguns caminhões que trafegam pelo trecho. Figura 7.4– Exemplo do tráfego de caminhões do trecho experimental 7.2 Análise da Transmissão de Tensões no Trecho experimental Um dos objetivos desta pesquisa consistiu na instrumentação da estrutura do trecho experimental de pavimento intertravado implementado por CRUZ (2003), para o monitoramento de respostas que, de algum modo, contribuam para a compreensão do desempenho estrutural das PPC durante o período de estudo. Para a instrumentação do trecho experimental foram utilizadas as dez células de carga descritas anteriormente. 7.2.1 Instalação das Células de Carga Como o trecho já estava em uso há mais de um ano, na época da colocação da instrumentação, o passo inicial foi a observação do local que os veículos mais utilizavam quando trafegavam pelo pavimento. A partir desta observação, foi escolhido um segmento paralelo ao meio-fio da calçada passando pelos quatro trechos de diferentes espessuras de PPC (100, 80, 60 e 40mm). Os pontos escolhidos para a instalação dos sensores estão apresentados na Tabela 7.6. Para a instalação dos instrumentos, foram retiradas parcialmente as peças de PPC do revestimento, dos quatro sub-trechos, como ilustra a Figura 7.5(a), bem como o colchão 203 de areia. Também foram realizados furos, com o auxilio de uma sonda rotativa e de uma maquita, em todos os trechos de espessuras de PPC, com o objetivo de instalar algumas células na interface entre o colchão de areia e a base cimentada. Estes furos eram de 50mm de profundidade para o assentamento das células. Tabela 7.6 - Locais de instalação das células de carga no trecho experimental de Cantagalo N° da Célula de Espessura das Carga PPC (mm) 10550 40 Interface da base com o colchão de areia 10816 40 Colchão de areia 10821 60 Interface da base com o colchão de areia 10815 60 Colchão de areia 10549 80 Interface da base com o colchão de areia 10817 80 Colchão de areia 10822 100 Interface da base com o colchão de areia 10823 100 Colchão de areia Local de Instalação Para auxiliar o nivelamento dos sensores foi utilizada uma fina camada de areia (a mesma utilizada no colchão) na parte inferior dos furos, a qual permitia uma pequena movimentação dos instrumentos utilizados para medir as tensões na interface da base cimentada com o colchão de areia. Dois exemplos dos furos utilizados estão mostrados na Figura 7.5(b), enquanto na Figura 7.5(c) mostra-se um dos furos com a célula antes da colocação do revestimento. Para evitar o rompimento dos cabos, foram utilizados dutos metálicos para a condução dos mesmos, dos locais de instalação até o local de aquisição de dados, como mostrado na Figura 7.5(d). Um desenho esquemático do posicionamento das células de carga instaladas no trecho experimental pode ser visto na Figura 7.6. Os resultados obtidos com estes instrumentos estão apresentados a seguir. Neste momento, torna-se oportuno relatar as dificuldades encontradas na retirada das PPCs do pavimento intertravado. Devido à boa execução e à utilização do pavimento por mais de um ano antes da instalação das células, o intertravamento entre as peças 204 dificultou a abertura das valas para a instalação dos sensores. A princípio, o objetivo era a colocação de alguns sensores na interface do subleito e da sub-base e na interface da sub-base e da base cimentada, porém, com problemas na sonda rotativa (queima do motor), não se conseguiu abrir furos com mais de 70 mm de profundidade na base de brita graduada tratada com cimento. (a) Retirada das PPCs do (b) Furos da colocação das células revestimento (c) Célula de carga instalada na base do pavimento (d) Dutos metálicos para a passagem da fiação Figura 7.5– Passos para a colocação das células de carga no trecho experimental 205 Figura 7.6 – Representação esquemática do trecho experimental, depois de instaladas as células de carga 206 7.2.2 Análise dos Dados do Trecho Experimental de Cantagalo - RJ No trecho experimental, construído no acesso à fábrica de cimentos da HOLCIM S.A, foi realizado o monitoramento da transmissão de esforços da camada de revestimento para a interface da camada de base (neste caso brita graduada tratada com cimento) e do colchão de areia e para a camada de colchão de areia conforme descrito anteriormente. Foram realizados, também, o acompanhamento do desempenho das diferentes estruturas que compõem o trecho experimental através de avaliações estruturais e funcionais. Os dados destes acompanhamentos estão descritos a seguir. 7.2.2.1 Leitura das Cargas Através dos Sensores Após a instalação dos sensores partiu-se para a tomada de dados a partir das células de carga. Os primeiros resultados obtidos através das leituras das células de carga no interior das seções experimentais foram sob a ação de uma carga de um caminhão do tipo Toco, com carga em seu eixo traseiro, simples de roda dupla, de 10.330kgf e com carga total de 12.020kg. A pesagem dos eixos foi realizada na balança situada na entrada da fábrica de cimentos da HOLCIM S.A, conforme artigo apresentado na 35a RAPv (MULLER & MOTTA, 2004). Como as células são de pequena dimensão, foi realizada uma marca acima do revestimento na direção da instalação das células e foi pedido ao motorista para alinhar a roda externa traseira do caminhão e passar sobre a esta linha. Devido à imprecisão deste experimento, especialmente considerando o eixo traseiro de roda dupla, é possível que tenha ocorrido a interferência das duas rodas, do eixo traseiro, na leitura das células, embora pouco provável. As leituras realizadas estão mostradas nas Figuras 7.7 e 7.8, que apresentam as cargas lidas na interface do colchão com a base cimentada e no colchão de areia, respectivamente. 207 3000 2905.29 2825.66 2500 Carga (kg) 2000 1500 1000 504.20 500 425.43 269.18 0 22 24 26 28 30 32 -500 Leitura (s) 100 mm 80 mm 60 mm 40 mm Figura 7.7- Cargas lidas pelos sensores no colchão de areia do trecho experimental de Cantagalo sob carga de caminhão toco A partir das medições realizadas com as células instaladas no colchão de areia, pode-se verificar que: • Na célula instalada no trecho de PPC de 40mm, a carga transmitida pelo eixo traseiro atuando no revestimento do pavimento ao colchão de areia foi superior a dos casos das demais PPCs, chegando a 2.905kgf; • Na mesma célula observou-se, também, o registro da passagem da roda do eixo dianteiro do caminhão toco com uma carga igual a 504kgf; • Na célula instalada no trecho de PPC de 60mm, a carga que foi transmitida pelo revestimento ao colchão de areia foi inferior à carga transmitida pelas PPC de 40mm e superior às cargas transmitidas pelas PPC de 80 e 100mm, e igual a 2.825kgf; • As cargas transmitidas pelo revestimento de peças de 40 e 60mm foram muito parecidas e muito superiores às transmitidas pelas peças de 80 e 100mm; • Na célula instalada no trecho de PPC de 80mm, a carga transmitida com a passagem do eixo traseiro pelo revestimento do pavimento ao colchão de areia foi igual a 425kgf; 208 • Na célula instalada no trecho de PPCs de 100mm, a carga transmitida pela passagem do eixo traseiro pelo revestimento do pavimento ao colchão de areia, foi igual a 269kgf; • A carga registrada na passagem da roda dianteira do caminhão nas PPC de 40mm foi superior à registrada pela passagem do eixo traseiro, do mesmo caminhão, nas PPC de 80 e 100mm. 3000 2500 2432.28 2368.14 Carga (kg) 2000 1500 1391.42 1000 753.09 748.24 500 0 22 23 24 25 26 27 28 29 60 mm 40 mm 30 31 32 -500 Leitura (s) 100 mm 80 mm Figura 7.8- Cargas lidas pelos sensores na interface da base com o colchão de areia do trecho experimental de Cantagalo sob carga de caminhão toco A partir das medições realizadas com as células instaladas na interface da base cimentada com o colchão de areia, pode-se verificar que: • Na célula instalada no subtrecho de PPC de 40mm, a carga transmitida pelo eixo traseiro atuando sobre o revestimento do pavimento ao colchão de areia foi superior relativamente às outras espessuras de PPCs, chegando a 2.432kgf; • Na mesma célula observou-se, também, o registro da passagem da roda do eixo dianteiro do caminhão toco com uma carga igual a 748kgf; • Na célula instalada no trecho de PPC de 60mm, a carga que foi transmitida pelo eixo traseiro atuando sobre revestimento ao colchão de areia foi inferior à carga 209 transmitida pelas PPCs de 40mm e superior as cargas transmitidas pelas PPCs de 80 e 100mm, e igual a 2.368kgf para o eixo traseiro do caminhão; • As cargas transmitidas pelo revestimento de peças de 40 e 60mm foram muito parecidas e superiores às transmitidas pelas peças de 80 e 100mm; • No trecho de PPC de 80mm, a carga transmitida pelo revestimento do pavimento ao colchão de areia foi igual a 1.391kgf para o eixo traseiro do caminhão; • No trecho de PPC de 100mm, a carga transmitida pelo revestimento do pavimento ao colchão de areia foi igual a 733kgf; • Diferentemente das cargas registradas no colchão de areia, a carga da roda dianteira nas PPC de 40mm foi inferior às cargas registradas referentes ao eixo traseiro nas PPC de 80 e 100mm. Analisando os valores de carga transmitida para as células de carga, definiu-se os valores de tensão através da área de superfície das células de carga. Os valores de tensão encontrados para a transmissão esforços estão apresentados na Tabela 7.7. Tabela 7.7 – Valores de tensão (kgf/cm2) transmitidas pelo caminhão para as células de carga instaladas no trecho experimental sob tensão de 7,05kgf/cm2 de roda de pneu Local de Instalação dos PPC 100mm PPC 80mm PPC 60mm PPC 40mm Colchão de Areia 0,610 0,960 6,390 6,570 Base Cimentada 1,705 3,150 5,360 3,440 Instrumentos 7.3 Análise Numérica As tensões medidas no trecho experimental foram comparadas com as tensões calculadas. Como relatado no capítulo 6, para análise numérica exploratória, realizada para a verificação das tensões transmitidas, foi utilizado o programa computacional FEPAVE2. O processo de análise envolveu várias alternativas de modelagem da estrutura construída no trecho experimental e tornou-se um processo repetitivo que foi resolvido por uma rotina computacional, na qual variavam-se o módulo da camada de revestimento, composto por PPCs, do colchão de areia e da base composta por brita 210 graduada tratada com cimento, e comparavam-se as tensões calculada pelo programa na linha onde estava instalada a célula de carga no colchão de areia e na camada superior da base cimentada, com os valores medidos em campo conforme relatado anteriormente, para as espessuras de blocos utilizadas. Os dados de entrada do programa FEPAVE2, nestas análises, foram: • Raio da área carregada = 10,8m; padrão do programa (eixo padrão); • Pressão na área carregada = 7,05kgf/cm2, devido ao carregamento do caminhão utilizado durante as medições; • Número de camadas = 5 (revestimento de PPCs, colchão de areia, base cimentada, sub-base granular e subleito); • • Coeficientes de Poisson: 0,30 para o revestimento de PPCs; 0,20 para a base cimentada; 0,45 para o colchão de areia, para a sub-base granular e para o subleito. Foi utilizado modelo de comportamento constante, para as camadas de revestimento, variando conforme a espessura de PPC, tendo sido testados valores de 600.000 a 10.000kgf/cm2; • Foram utilizados valores de módulo constante para a camada de areia e iguais a 2.000kgf/cm2, para todas as interações realizadas; • Foram utilizados valores de módulos constantes para a camada de base cimentada e iguais a 15.000 e 35.000kgf/cm2; • Para a camada de sub-base granular, foram realizados ensaios de módulo de resiliência em amostras coletadas no local estudado, e utilizado o modelo composto para a expressão do MR, igual a: • MR = 1008 x σ30,54 x σD-0,36 (MPa) Para a camada de subleito, foram realizados ensaios de módulo de resiliência em amostras coletadas no local estudado, e utilizado o modelo composto para a expressão do MR, igual a: MR = 979 x σ30,48 x σD-0,31 (MPa) Vale observar que foi realizado um ensaio triaxial dinâmico o material retirado da base cimentada, porém na modelagem optou-se por utilizar o modelo de módulo constante e 211 variável entre os valores de 15.000 e 35.000 kgf/cm2 para esta camada como tem sido a prática. Durante a rotina computacional, foram estabelecidos alguns valores de módulos de resiliência constantes para a camada de subleito do trecho experimental determinados pelo programa, o que permitiu o cálculo das tensões verticais admissíveis no subleito através do modelo de HEUKELOM & KLOMP (MOTTA, 1991) apresentada a seguir: σv adm = 0,006 x MR / 1 + 0,7 x log N Onde: σvadm é a tensão normal vertical admissível no topo do subleito, em kgf/cm2; MR é o módulo resiliente do subleito, em kgf/cm2 N é o número de aplicações do carregamento. MOTTA (1991), em sua tese de doutorado, apresenta valores de tensão normal vertical admissível no subleito, através de uma relação entre o número N e o MR do material do subleito, para a expressão de HEUKELOM & KLOMP que estão apresentados na Tabela 7.8. A partir da determinação da tensão vertical admissível no subleito pode-se verificar o dimensionamento realizado por CRUZ (2003) em função desta. A Tabela 7.9 apresenta os valores de módulos de entrada do FEPAVE2 e os valores de tensão calculados pelo programa, para a verificação das tensões transmitidas pelo revestimento composto por blocos de 100mm. Nas Tabelas 7.10; 7.11 e 7.12 estão apresentados os valores para, respectivamente, as PPCs de 80, 60 e 40mm, para as camadas de colchão de areia, base cimentada, sub-base granular e subleito. Os pontos de tensões verticais do colchão de areia e da interface do colchão de areia e da base cimentada são os pontos de instalação das células de carga. Definiu-se um módulo resiliente contante do subleito pelo FEPAVE2 o que permite comparar com os valores com as tensões da Tabela 7.8. 212 Tabela 7.8 – Tensão vertical admissível no subleito em função do módulo resiliente do material e do número N (MOTTA, 1991) Tensão Vertical no Subleito (kgf/cm2) Módulo Resiliente N = 105 N = 106 N = 107 N = 108 250 0,29 0,25 0,23 0,21 500 0,58 0,51 0,45 0,41 750 0,87 0,76 0,68 0,62 1.000 1,15 1,02 0,91 0,82 2.000 2,31 2,03 1,82 1,64 3.000 3,46 3,05 2,78 2,47 5.000 5,77 5,08 4,55 4,11 2 (kgf/cm ) Tabela 7.9 – Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 100mm analisados pelo FEPAVE2 e os valores de tensões admissíveis no trecho experimental Módulo das Camadas σv (colchão (kgf/cm2) de areia) σ v (base cimentada) σv (subbase) σv MR do (subleito) subleito (kgf/cm2) PPC C.A Base 30.000 2.000 15.000 2,562 2,286 0,959 0,580 4.170 40.000 2.000 15.000 2,291 2,041 0,885 0,551 4.270 50.000 2.000 15.000 2,065 1,859 0,834 0,526 4.340 60.000 2.000 15.000 1,903 1,716 0,790 0,510 4.430 30.000 2.000 35.00 2,793 2.535 0.882 0.518 4.420 70.000 2.000 35.000 1,966 1,806 0,718 0,451 4.700 250.000 2.000 15.00 0,891 0,814 0,453 0,321 5.050 400.000 2.000 15.000 0,662 0,611 0,357 0,261 5.050 213 Tabela 7.10 – Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 80mm analisados pelo FEPAVE2 e os valores de tensões admissíveis no trecho experimental Módulo das Camadas σv (colchão (kgf/cm2) de areia) σ v (base cimentada) σv (subbase) σv MR do (subleito) subleito (kgf/cm2) PPC C.A Base 60.000 2.000 15.000 2,931 2,823 0,804 0,395 4.610 50.000 2.000 15.000 3,172 3.026 0,834 0,413 4.730 45.000 2.000 15.000 3,269 3,152 0,855 0,428 4.910 60.000 2.000 35.000 3,261 3,167 0,715 0,352 5.010 550.000 2.000 15.000 0,947 0,910 0,352 0,203 5.050 600.000 2.000 15.000 0.901 0,867 0,337 0,210 5050 Tabela 7.11 – Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 60mm analisados pelo FEPAVE2 e os valores de tensões admissíveis no trecho experimental Módulo das Camadas σv (colchão (kgf/cm2) de areia) σ v (base cimentada) σv (subbase) σv MR do (subleito) subleito (kgf/cm2) PPC C.A Base 35.000 2.000 15.000 5,398 4,428 0,930 0,429 4.330 20.000 2.000 15.000 6,165 5,084 0,987 0,450 4.550 15.000 2.000 15.000 6,282 5,349 1,005 0,455 4.480 20.000 2.000 35.000 6,349 5,455 0,825 0,360 4.830 214 Tabela 7.12 – Tensões transmitidas pelo revestimento de PPCs de 40mm analisados pelo FEPAVE2 e os valores de tensões admissíveis no trecho experimental Módulo das Camadas σv (colchão (kgf/cm2) de areia) σ v (base cimentada) σv (subbase) σv MR do (subleito) subleito (kgf/cm2) PPC C.A Base 25.000 2.000 15.000 6,688 6,252 0,967 0,415 4.500 200.000 2.000 15.000 3,773 3,515 0,746 0,368 4.950 Os valores em negrito nas tabelas são os valores de módulos para as camadas de PPCs, de colchão de areia e da base cimentada que conduziram a valores de tensões calculadas próximas às coletadas em campo por meio das células de carga. No caso dessas estruturas de pavimentos a concordância numérica entre as tensões lidas em pontos distintos não puderam ser reproduzidas de forma satisfatória com um conjunto único de módulos. Para reproduzir as tensões medidas na base, os valores de MR das PPCs ficam muito exagerados, o que leva a crer que houve erro das leituras no campo para estes pontos. 7.3.1 Considerações Finais da Análise Numérica Pelo programa FEPAVE2, utilizado para a determinação de tensões e deformações em pavimentos flexíveis, conseguiu-se determinar módulos resilientes para as camadas de revestimento e do colchão de areia do pavimento intertravado do trecho experimental, que levaram a tensões calculadas próximas às tensões lidas nas células de carga instaladas. Nos casos das PPC de 100, 80 e 40mm, as tensões calculadas com uma mesma modelagem não foram iguais às lidas simultâneamente nos dois instrumentos instalados, havendo diferenças significativas entre estas. Isto pode ser devido a diferença de rigidez entre os materiais constituintes dos equipamentos e o material da camada de colchão de areia e pela célula de carga não ter ficado em contato com a base cimentada que a sustentaria e não a deixaria deformar em conjunto com o colchão de areia. 215 A célula de carga instalada no colchão de areia das PPCs de 60mm pode ter ficado em contato com a base cimentada, não deformando com o colchão de areia, e, devido a isto, os valores de tensões determinados com as células de carga e os calculados pelo FEPAV2 foram próximos nos dois locais medidos. Os valores de tensão admissível no topo do subleito definidos pela expressão de HEUKELON & KLOMP e calculados por MOTTA (1991) são muito superiores aos determinados a partir dos módulos encontrados na análise realizada com o FEPAVE2, o que mostra que para esta carga aplicada o pavimento estaria superdimensionado. A partir dos resultados obtidos dos valores de módulo resiliente para as camadas de PPCs, colchão de areia e base cimentada, que atribuiram valores de tensões próximas às obtidas pelas leituras das células de carga, determinaram-se os valores de deflexão máxima pelo FEPAVE2, conforme mostrado na Tabela 7.13. Pôde-se verificar que os valores de deflexão máxima, calculadas pelo FEPAVE2 e as medidas com a viga Benkelman eletrônica, para as PPCs de 60 e 80mm, estão muito próximos, o que confirma os valores de módulos adotados para as camadas. Para as demais espessuras de PPCs analisadas (40 e 100mm) os valores de deflexão calculados e os obtidos em campo foram diferentes, embora da mesma ordem de grandeza. Vale comentar que o valor medido nas PPCs de 10cm não parece coerente com os outros, embora, neste caso o colchão de areia tenha sido maior. As bacias de deflexão medidas e calculadas não tiveram boa aproximação como um todo, visto que as bacias medidas apresentaram formato peculiar de pavimento semirígido, com um patamar muito extenso de deflexões da mesma ordem de grandeza, como mostrado na Figura 7.1. É possível que a malha automática usada no FEPAVE não seja a mais adequada para aproximar os valores medidos e calculados ao longo da bacia, mas não foi feita esta checagem. Sabe-se que o FEPAVE2, que usa o método dos elemantos finitos – MEF, de forma geral tende a enrijecer muito a estrutura quando a maioria das camadas trabalha com módulos elásticos lineares, e para melhorar este aspecto seria necessário se empregar maior número de linhas e colunas na discretização da malha. Outro aspecto é que as deflexões baixaram muito entre as medidas feitas em épocas distintas, indicando que o intertravamento está cada vez maior nos subtrechos. 216 É possivel também que haja outro conjunto de módulos que aproxime mais as duas deformadas, e, até, que as bacias sejam diferentes das medidas. É necessário medir outras vezes as bacias no trecho experimental e também em outros trechos de pavimento intertravado para garantir que o formato das bacias estejam adequadamente avaliados, em estruturas com base granular e com base cimentada. Tabela 7.13 – Valores das deflexões máximas calculadas pelo FEPAVE2 e as medidas com a viga Benkelman automatizada Módulo da Camadas (kgk/cm2) PPCs PPC 40 60 80 100 C.A Deflexões Deflexões obtidas calculadas pelo com a v. B. FEPAVE2 automatizada (x10-2mm) Base 25.000 2.000 15.000 12 20.000 2.000 15.000 12 15.000 2.000 15.000 12 20.000 2.000 35.000 10 45.000 2.000 15.000 13 60.000 2.000 35.000 11 60.000 2.000 15.000 11 70.000 2.000 35.000 10 18 14 12 17 217 8 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS Apresentam-se as conclusões da pesquisa de transmissão de tensões e deslocamentos obtidos com provas de carga no Setor de Modelos Físicos do Laboratório de Geotecnia, com a instrumentação (células de carga e aquisição automática de dados) inserida na estrutura de pavimentos intertravados. Foram empregadas espessura variadas das peças de concreto (40, 60, 80 e 100mm) e do colchão de areia (50 e 75mm sem compactação), além das variações dos modelos de assentamento (espinha de peixe, trama e linear ou fileira) e do formato das peças (retangular e dentada ou 16 faces), tentando englobar a maioria das variações possíveis apresentadas na literatura. Também foram realizados estudos de transmissão de tensões, nos trechos experimentais de Cantagalo sujeito ao tráfego de caminhões. Complementarmente, realizaram-se ensaios de atrito superficial com o Pêndulo Britânico e de drenabilidade. Bacias de deflexão foram medidas no trecho experimental com a viga Benkelman. As variáveis em jogo, no caso dos experimentos realizados no setor de Modelos Físicos estão reunidas na Tabela 5.1, e no caso do trecho experimental na Tabela 4.3. Considerou-se melhor comportamento aquele que tornava o conjunto mais rígido absorvendo mais tensões pelo carregamento em relação às outras combinações. As conclusões nas condições delimitadas dos experimentos são as seguintes: 1. A utilização de células de carga, previamente calibradas, no painel de laboratório permitiu analisar a distribuição, ou transmissão, de tensões por meio de provas de carga, com até cinco ciclos de carregamento e descarregamento. È promissora a utilização do dispositivo CAM, apresentado por VILCHEZ (2002) na medição de deslocamentos verticais e horizontais nas juntas do pavimento intertravado; 2. Os ensaios de transmissão de tensões realizados no painel experimental foram de grande relevância para a medição da equivalência estrutural e para a quantificação da distribuição de tensões verticais entre as estruturas testadas na 218 presente pesquisa, foi possível comprovar que a distribuição de tenções é parecida com a que se obtém em pavimentos asfálticos; 3. Os ensaios de distribuição de tensões realizados no painel experimental de laboratório, conduziram às observações seguintes em relação à espessura dos blocos (40, 60, 80 e 100mm): a. As PPCs de 40mm apresentaram melhor comportamento com o modelo de assentamento espinha de peixe; b. As PPC de 60mm e colchão de areia de 50mm apresentaram bom comportamento para os três modelos de assentamento (espinha de peixe, trama e linear) e os dois formatos de peças (dentada e retangular) destacando-se o modelo linear e o formato dentado das peças; c. As PPCs de 80mm apresentaram melhor comportamento com o colchão de areia de 75mm, modelo de assentamento linear e o formato dentado de peças; d. As peças de 100mm apresentaram melhor comportamento com o colchão de areia de 50mm e com o modelo de assentamento espinha de peixe. 4. Os ensaios de distribuição de tensões no painel experimental, conduziram às seguintes conclusões, para a variação do modelo de assentamento (trama, espinha de peixe e linear): a. Para o modelo de assentamento espinha de peixe, o melhor resultado foi obtido com PPCs de 100mm de espessura sobre colchão de areia de 50mm; b. Para o modelo de assentamento trama, o melhor resultado foi obtido com peças de 80mm, formato retangular, sobre colchão de areia de 50mm; c. Para o arranjo de assentamento linear ou fileira o melhor resultado foi obtido com peças de 80mm, formato retangular, sobre colchão de areia de 75mm. 5. Os ensaios de distribuição de tensões no painel experimental de laboratório, conduziram às observações seguintes quanto a variação da espessura do colchão de areia (50 e 75mm): 219 a. Para o colchão de areia de 50mm, o melhor resultado observado foi com a utilização de PPCs de 100mm com arranjo de assentamento espinha de peixe; b. Para o colchão de areia de 75mm, o melhor resultado foi observado com blocos de 80mm, formato retangular, no modelo de assentamento linear. 6. Os ensaios de distribuição de tensões realizados no painel experimental de laboratório conduziram às seguintes observações quanto a variação do formato das peças (retangular e dentada): a. Para o formato dentado o melhor resultado foi obtido com a utilização de blocos de 100mm, modelo de assentamento espinha de peixe e com colchão de areia de 50mm, b. Para o formato retangular o melhor resultado foi obtido com a utilização de peças de 80mm, colchão de areia de 75mm e modelo de assentamento linear. 7. É grande a influência da compactação na estabilização das tensões medidas nas células de carga do painel de laboratório principalmente a compactação inicial aplicada após o assentamento dos blocos, por um período de 15 minutos, com a placa vibratória passando em todas as direções e sentidos. A compactação e selagem das juntas e a compactação inicial que estabilizam as deformações permanentes, também exercem influência na estabilização da distribuição das tensões transmitidas; 8. Com a variação das espessuras das juntas pode-se demonstrar a influência do intertravamento entre os blocos na transmissão dos esforços para as camadas inferiores. Quando não há o intertravamento ocorre pequena absorção das tensões aplicadas no revestimento. Espessuras de juntas fora do especificado, produzem a ocorrência de deslocamentos entre os blocos o que, além de prejudicar o intertravamento, prejudica a estética do revestimento do pavimento; 9. A camada de colchão de areia, no experimento de laboratório, não representou função estrutural de absorção de tensões sendo importante para o assentamento 220 dos blocos, para o nivelamento do revestimento e para o intertravamento entre as peças; 10. A tentativa de medições de tensões horizontais entre os blocos com células de carga não foi satisfatória, devido às dimensões das células de carga e a técnica de instalação testada; 11. As medidas de deslocamentos com o sistema CAM adaptado mostraram a estabilização gradual das deformações elásticas após cinco ciclos de carregamento e descarregamento seguidas, com redução dos deslocamentos entre as peças; apesar da aplicação de compactação intensa superior ao usual em campo a deformação plástica no primeiro carregamento foi grande, da ordem de 50 a 90% do deslocamento plástico total; 12. A seqüência de compactação realizada no painel experimental mostrou ser de grande importância para a diminuição e estabilização das deformações plásticas; 13. A espessura das juntas não influenciou de maneira significativa a análise dos deslocamentos da placa metálica instalada no revestimento do pavimento intertravado; 14. As observações feitas no trecho experimental quanto à transmissão de tensões foram as seguintes: a. No sub-trecho de PPCs de 40mm as células registraram tanto a passagem do eixo traseiro quanto a do eixo dianteiro, enquanto nos demais subtrechos só se detectou a passagem do eixo traseiro; b. A célula de carga instalada na interface do colchão de areia com a base cimentada no trecho de PPC de 40mm registrou cargas menores que a célula instalada no mesmo local só que no trecho de PPC de 60mm, tal não foi observada quando as células estavam instaladas no colchão de areia; c. O aumento da espessura das PPCs diminui as pressões transmitidas às células de carga. 221 15. A análise numérica com o programa FEPAVE2 e os dados de entrada citados no item 7.3 permitiu que se determinassem as combinações de módulos de resiliência, das camadas de PPCs, colchão de areia e base cimentada que levaram a tensões verticais calculadas do trecho experimental próximas as medidas, para as quatro espessuras de PPCs utilizadas. Os módulos das PPCs do pavimento intertravado variam amplamente nos seus valores virtuais calculados; 16. As análises computacionais realizadas permitiram boa comparação entre as tensões calculadas e as medidas nos experimentos ajudando a compreender o mecanismo de elasticidade apresentado pelas diferentes estruturas confeccionadas no painel e no trecho experimental. Comprovou-se que a rigidez da camada de base pode influenciar na rigidez, e conseqüentemente, no valor absoluto do módulo de resiliência da camada de revestimento de PPCs, o que deve ser levado em conta no momento de se adotar valores de módulos para esta camada quando se realizar o dimensionamento de um pavimento intertravado; 17. Verificou-se que os módulos elásticos das camadas de PPCs, diferentemente das misturas asfálticas, mostram influência da espessura das peças, diminuindo progressivamente com a diminuição da espessura das peças que compõe o revestimento; 18. Os testes realizados com as células de carga no painel experimental e no cilindro de CBR mostraram ser de grande importância para a verificação do comportamento destes equipamentos a baixas tensões aplicadas e da repetibilidade das leituras efetuadas; 19. As células de carga utilizadas não obtiveram um bom comportamento quando instaladas em campo devido à forte oxidação do material e às elevadas cargas aplicadas ao pavimento do trecho experimental; porém quando utilizadas no painel experimental, onde não estavam submetidas às variações de umidade e as tensões eram controladas, estas apresentaram bom comportamento. Isto demonstra a necessidade da investigação dos materiais componentes dos instrumentos a serem instalados em pistas experimentais, pois a variações 222 climáticas, principalmente de umidade, e as sobrecargas impostas a estrutura dos pavimentos pode vir a danificar estes equipamentos; 20. A avaliação da deflectometria com a viga Benkelman nos pavimentos intertravados oferece dificuldades decorrentes do posicionamento da ponta de prova e das rodas do caminhão em relação aos blocos. Este assunto requer atenção. 21. A avaliação da resistência à derrapagem pelo Pêndulo Britânico requer duas posições do “patim” em relação aos blocos- passando apenas pelo bloco e após passando entre dois blocos justapostos. Não houve variações nas medidas realizadas em épocas distintas, com intervalo de um ano entre estas; 22. O ensaio de permeabilidade não mostrou entrada de água nos sub-trechos estudados. Como explicação, pode-se atribuir à presença de partículas de cimento nas juntas dos blocos, já que transitaram caminhões com cimento na entrada da fábrica, durante dois anos,; 23. O trecho experimental de Cantagalo mantém-se nem bom estado; apenas defeitos localizados são observados, onde foram instalados os equipamentos; Como sugestões para as pesquisas futuras são apresentadas: 1. Projetar e executar um sistema de carregamento móvel para o painel de laboratório; usar ar comprimido; roda de movimento vaivém para os mesmos experimentos; 2. Medir-se a tensão de compressão entre dois blocos justapostos com a utilização de células de carga de menores dimensões, instaladas entre as peças no momento da confecção do pavimento; 3. Variar a resistência dos blocos de concreto para os mesmos experimentos realizados e comparar os valores de transmissão de esforços, para a verificação da influência da resistência das peças de concreto na transmissão de esforços; 223 4. Analisar a capacidade estrutural de pavimentos intertravados, de diferentes estruturas, com ensaios deflectométricos, seguindo os procedimentos propostos na presente pesquisa, utilizando os valores de módulos retroanálisados, do conjunto colchão de areia/PPCs, para avaliar os métodos de dimensionamento existentes; 5. Estudar os modelos de durabilidade de areia relatados nesta tese, indicando um a ser normatizado em nosso país; 6. Estudar a permeabilidade do conjunto PPCs/colchão de areia, com a utilização de geradores artificiais de chuva e com o permeâmetro, em pavimentos já construídos, para verificar a influência da espessura das juntas e do material que compõe o rejunte e o colchão de areia, como também verificar a influência da idade do pavimento na mesma; 7. Medições de deflexão com FWD e com a viga Benkelman automatizada, avaliando qual o melhor equipamento a ser utilizado em pavimentos intertravados para a avaliação estrutural; 8. Utilizar o Simulador de Tráfego Móvel para a verificação da transmissão de tensões e de deformações, bem como realizar curvas de desempenho para vários trechos com diferentes estruturas de PPCs. 224 Referências Bibliográficas ABCP (1999) “ET-27. Pavimentação com peças pré-moldadas de concreto”. 4a Edição. São Paulo – SP. 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