Senhor Secretário de Estado Minhas Senhoras e Meus Senhores, Não ! Não vamos falar de futebol profissional – de que aliás gostamos muito – nem de outras actividades com o mesmo estatuto. Vamos falar-lhes apenas de modalidades amadoras e sobretudo das suas especificidades e desafios. Desde logo no seu enquadramento financeiro com a sua lógica muito própria. É que aqui a lógica para a elaboração do orçamento (peça fundamental da gestão e início da responsabilização dos dirigentes) não poderá ser outra que não seja a de partir das receitas para determinar os custos. Subverter este princípio é condenar o futuro das modalidades o que sempre arrastará consigo um enorme cortejo de esperanças defraudadas. Certamente que num país de recursos tão escassos como o nosso, não poderia esperar-se que o orçamento das modalidades amadoras atingisse valores significativos. Mas aquilo que pode parecer-nos lógico não passa duma falácia porque sem JOVENS de corpo e menta sã não construiremos nunca um país culto e próspero. As modalidades amadoras do Sporting Clube de Braga: Natação Atletismo Futebol/ formação Voleibol Futsal Bilhar Basquetebol vivem sobretudo dos recursos gerados pelos patrocinadores, por donativos e pelo contrato-programa celebrado com a Câmara Municipal de Braga. Embora representem a generosidade de muita gente, empenho e criatividade de tantos dirigentes, esses meios são sempre restritos e sofridos, e tornam praticamente impossível a divulgação do verdadeiro valor, interesse e dimensão destas actividades. E aqui surge o eterno problema da pescadinha de rabo na boca: Porque não há meios para divulgar as actividades elas são de dimensão muito limitada não criando a apetência dos investidores em publicidade geradora de patrocínios. E porque são de dimensão reduzida, não se gera a apetência dos investidores em publicidade condenando estas actividades a viver com patrocínios que muitas vezes mais não são do que verdadeiros donativos. Diríamos mesmo que não atingem a expressão que merecem todos aqueles que pretendem praticar uma modalidade desportiva e daqueles que todos nós Governantes, Pais, e Dirigentes Desportivos gostaríamos de chamar para o caminho saudável do desporto, em contraponto com outros caminhos que desejaríamos muito não ver trilhados porque desfazedores da personalidade e obstáculo à criação de uma mentalidade mais aberta, mais sã , mais responsável perante a sociedade, quiçá o alicerce da criação de mentalidades de liderança e empreendedorismo... E é talvez aqui que se coloca o problema da estratégia. O que fazer perante tal cenário ? Seríamos tentados a concluir assim: 1º. Os nossos governantes têm responsabilidades enormes na formação dos jovens- e eles sabem-no; 2º. Os nossos governantes sabem que é necessário criar aos jovens possibilidades alternativas de ocupação dos seus tempos livres, retirando-os dos caminhos das más tentações 3º. Os Clubes sabem que os nossos governantes dispõem de meios financeiros escassos pelo que não têm dinheiro para tudo 4º. Os Clubes sabem que não é com subsídios “ad hoc” que se resolvem os problemas de fundo destas actividades 5º. Mas não obstante todas essas dificuldades, os nossos governantes têm a obrigação – e esta é a minha proposta – têm a obrigação de divulgar, de forma concertada com os dirigentes desportivos, na Televisão, na Rádio, nos Jornais, na Internet e a expensas do Orçamento do Estado, as diferentes modalidades amadoras, os centros de excelência e as virtudes ligadas a cada uma delas , criando sobretudo para os JOVENS um ambiente de apetência, e um tempo de lazer e realização pessoal. Santo Agostinho dizia que Rezamos para obter milagres Mas trabalhamos para obter resultados. Não, não vamos pedir milagres. Mas está nas suas mãos, Senhor Secretário de Estado, fazer com que os resultados do nosso trabalho sejam bem maiores e mais profícuos ,e tenham a dimensão e o alcance que os nossos jovens merecem.. Muito obrigado.