UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AUTO – IMAGEM E AUTO – ESTIMA: UM REFLEXO DAS
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
SÍLVIA MARIA MOURA DE OLIVEIRA
Rio de Janeiro
2001
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AUTO – IMAGEM E AUTO – ESTIMA: UM REFLEXO DAS
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
SÍLVIA MARIA MOURA DE OLIVEIRA
ORIENTADORA: Maria Esther de Araújo Oliveira
Rio de Janeiro
2001
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
AUTO – IMAGEM E AUTO – ESTIMA: UM REFLEXO DAS
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
SÍLVIA MARIA MOURA DE OLIVEIRA
Trabalho Monográfico apresentado como
requisito parcial para Obtenção do Grau de
Especialista em Psicopedagoga
ORIENTADORA: Maria Esther de Araújo Oliveira
Rio de Janeiro
2001
OLIVEIRA, Sílvia Maria Moura. Auto – Imagem e Auto – Estima; um reflexo das
relações interpessoais. 2001. 26 f. Monografia (Especialização em
Psicopedagogia) – Universidade Candido Mendes – UCAN, Rio de Janeiro.
O 48 a
OLIVEIRA, Sílvia Maria Moura
Auto – Imagem e Auto – Estima: um reflexo das
relações interpessoais. / Sílvia Maria Moura Oliveira – Rio
de Janeiro: UCAN, 2001.
26 f..
Monografia (Especialização Psicopedagogia) –
Universidade Candido Mendes, 2001.
1. Psicologia social 2. Auto-estima 3. Fámilia.
CDD 302
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a minha vida, pois ao longo dela pude desenvolver um
roteiro criativo e inovador, que proporcionou-me a encontrar pessoas íntegras,
capazes de me amar incondicionalmente.
Ao Marco e ao Fumio, por tudo que sempre foram para mim, durante toda a
minha existencia, e pelo que certamente serão. Por terem permitido que eu os
ajudassem nas horas mais díficeis de suas vidas, por corresponderem a tudo que
sinto por eles, por serem inseparáveis durante todos esses anos.
Aos meus sobrinhos Claudio e Duda, pelas experiências que vivemos
juntos e que viveremos.
A minha irmã Ana Lucia, por ter me proporcionado esse sentimento
inenarrável de ser Tia.
A minha irmã Claudia, por seu apoio incalculável, sua compreensão, sua
paciencia, enfim, por tudo que ela fez por mim.
A todos os meus amigos, primas, clientes, a Zezé, Sonia, Vera, Taís, etc.,
por terem colaborado com a formação da pessoa que sou hoje em dia, por
simplesmente fazerem parte da minha vida e por permitirem que eu tenha feito e
continue fazendo parte das suas.
Por tudo isso ter ocorrido eu devo mesmo aos meus pais, Fernando de
Oliveira e Itala da Costa Moura de Oliveira.
“ O importante não é o que fazem de nós, mas o que nós
próprios fazemos daquilo que fazem de nós”.
(Jean Paul Sartre)
AGRADECIMENTO
Agradeço a todos que direta e indiretamente contribuíram para a execução
desta monografia.
A professora Maria Estar de Araujo Oliveira, por sua orientação. Aos meus
amigos Márcia e Carlos, por que sem eles com certeza não seria capaz de
desenvolver esta com tanta dedicação. Foi fundamental a atenção, o amor e a
amizade que eles dispensaram de forma brilhante. Foram responsáveis também
por dispertar o interesse pelo processo de criação e, principalmente por me fazer
descobrir que “todos tem condições e algo de bom a oferecer a este mundo, basta
amar”.
Muito Obrigada.
RESUMO
Será mostrado a importância dos relacionamentos familiares, escolares,
sociais, que podem interferir na formação da auto – imagem e auto – estima no
processo de ensino - aprendizagem.
Aborda a possibilidade de se ter uma auto – imagem e auto – estima, sendo
positiva ou negativa de acordo com as relações estabelecidas com o mundo.
Apresenta o relacionamento democrático que as crianças, os pais e
professores ajudam a elevar a auto – estima e possibilita a formação de pessoas
independentes confiantes entre outros pontos.
Finaliza discorrendo que se o autoritarismo prevalecer nas relações,
possibilitará ao sujeito a alienação e a sua inexpressividade, trazendo então que
os pais e professores são os responsáveis diretos para a formação de pessoas
independentes criticas e confiantes.
ABSTRACTS
The importance of the relationships family, school, social will be shown, that
can interfere in the formation of the solemnity - image and solemnity - it esteems in
the teaching process - learning.
He approaches the possibility to have a solemnity - image and solemnity - it
esteems, being positive or negative in agreement with the established relationships
with the world.
He presents the democratic relationship that the children, the parents and
teachers help to elevate to solemnity - it esteems and it makes possible the
confident independent people's formation among other points.
It concludes discoursing that if the authoritarianism prevails in the
relationships, it will make possible to the subject the alienation and his/her
expressionlessness, bringing then that the parents and teachers are the direct
responsible for the independent people's formation criticize and confident.
SUMÁRIO
p.
1. Introdução
8
2. Metodologia
9
3. Teoria da personalidade
9
3.1 Fundamentos da psicologia na filosofia existencial
10
4. Auto imagem ou projeto original: possibilidades e limitações
da mudança
16
5. O Papel da família na auto - estima
19
6. O papel da escola na auto – estima
20
6.1 A importancia do ambiente escolar
21
7. O Resgate dos valores na família e na escola para a construção
da identidade e da cidadania
22
7.1 Valor
23
7.2 Os Valores na família e escola
23
7.3 Caminhando na construção da auto – imagem e auto – estima
24
8. Conclusão
25
9. Referencias Bibliográficas
26
1. Introdução
Discursar sobre o poder da auto – imagem e da auto –
estima no processo de ensino – aprendizagem não é um trabalho
fácil, pois é o vivenciar as experiências no aqui e agora, seu
principal objetivo.
Ao repensar toda esta vivência, de acordo com a trajetória profissional,
podemos perceber que existe uma postura critica do professor em relação ao seu
aluno. Proporcionando muitas vezes uma relação negativa influenciando no
processo de ensino aprendizagem.
O trabalho tem interesse em mostrar a importância da educação infantil e
também de toda estrutura familiar na formação da auto – imagem e auto – estima,
evidenciando a influencia da família e do professor no desenvolvimento da
personalidade do indivíduo, e quais os reflexos dos atos dessas pessoas no
comportamento futuro da criança. Pretende também demonstrar como a auto –
imagem e auto – estima, baixa ou elevada, podem interferir nas relações do
indivíduo, relações essas que encontramos nos relacionamentos sociais, afetivos,
intelectuais, familiares, morais, educacionais e psicológicos.
Será mostrado através do tema proposto que o que influenciará na auto –
estima são as relações interpessoais desta estrutura que chamamos: escola,
família, sociedade, etc.. E não a metodologia de ensino, sendo assim não darei
ênfase aos métodos pedagógicos educacionais e sim as estruturas psicológicas.
Nestas relações encontramos não só, os problemas de aprendizagem atribuídos à
dimensões orgânicas, - por
ter explicação hereditárias no desenvolvimento
humano – relacionando com aspectos cognitivos socio-afetivo, encontramos
também seu lado puramente afetivo.
Sem dúvida nenhuma, temos teóricos importantíssimos na pedagogia
educacional e na psicologia. Portanto, o trabalho se deterá na psicologia
existencial, mais precisamente no filósofo francês Jean Paul Sartre, para falar do
desenvolvimento emocional do indivíduo.
2. Metodologia
O presente estudo investiga o problema a partir do
referencial teórico existente em publicações ocupando-se do estudo
e da descrição das propriedades existentes na realidade pesquisada,
auxiliando na formação de um problema e de hipóteses.
3. Teoria da Personalidade
As teorias da personalidade se propõe a estudar e a
compreender, as atitudes ou representações sobre o comportamento
humano.
Alguns pensadores como Hipocrates, Platão, Aristóteles, Tomas de Aquino,
Bentham, Conte, Hobles, Kierkegaard, Nietzsche, e Maquiavel, desenvolveram
uma concepção sobre o homem.
Alguns teóricos influenciaram a teoria da personalidade,
como Charcot, Janet e, principalmente como Freud, Jung e
McDougall – (a partir de observações clinicas). Há muitas outras
fontes de influencia sobre a teoria da personalidade, podendo-se
incluir entre elas a genética, o positivismo lógico e a
antropologia social.
Existem diferenças nas teorias da personalidade, e essas diferenças
particulares entre as mesmas indicam que quase toda afirmação aplicável com
exatidão a uma teoria será um tanto inadequada em relação a outra.
O que é personalidade?
Temos vários conceitos de personalidade, a primeira relaciona-se com habilidades sociais
(como o indivíduo reage em diferentes situações), a segunda avalia a personalidade pela relação
estabelecida (como o indivíduo é visto pelas pessoas) ex.: personalidades agressiva, passiva e
tímida
Um outro tipo de personalidade é por enumeração (é
constituída pelo próprio indivíduo)
Alguns teóricos definem personalidade como a
essência do homem, ou seja, o que um indivíduo realmente é.
A personalidade realmente compõe-se de um conjunto de valores ou
termos descritivos usados para caracterizar um indivíduo estudado de acordo com
as várias teorias. adotadas.
Personalidade então é aquilo que ordena ou harmoniza todas as
formas de comportamento do indivíduo.
3.1 Fundamentos da psicologia na filosofia existencial
O existencialismo caracteriza-se pela afirmação de que a “existência
precede à essência”, enfatiza Sartre.
Segundo Tillich (1952), é impossível falar de existencialismo sem se referir
ao essencialíssimo. Para ele é possível descrever a natureza essencial do
homem, assim como a sua situação existencial. Existe uma natureza particular,
que é a capacidade para criar-se. O que se questiona é a forma de como esta é
estruturada. Para responder a isso é necessário uma doutrina essencialista. A
afirmação de Sartre tem significado na medida que sustenta uma doutrina
essencial de liberdade. O existencialismo puro não existe, nem na teologia nem na
filosofia, só podendo existir dentro do marco essencialista.
Altral apud Tillich “existe um filosofar existencialista, mas não existe e não
pode haver um sistema existencialista de filosofia”.
Só podendo haver liberdade de criação se houver uma infra-estrutura na
qual o indivíduo atua.
Segundo Sartre “ a liberdade é a existência”, porém, muitos preferem não
acolher, isto porque essa afirmativa leva a uma solidão, consequentemente, uma
posição individualista que o indivíduo ergue contra Deus e a sociedade. A solidão
é menor, quando se acredita que primeiro é a essência e depois a existência, mas
a liberdade para ser também o é. Existe porém uma escolha a ser feita
consequentemente com a necessidade de cada um.
Escritor e filosofo francês, Jean Paul Sartre, nasceu em
Paris em 21/06/1905, morreu na mesma cidade à 15/04/1980.
Em 1907, falece seu pai, essa ausência paterna, talvez explique porque
Sartre se tornou um homem radicalmente livre.
Estudou a fenomenologia de Edmoud Hussel, as teorias existencialistas de
Heidegger e Karl Jaspers e a filosofia de Merx Scheller, entre outros.
Sua produção intelectual foi fortemente marcada pela II Guerra mundial e
pela ocupação nazista da frança.
Pode-se dizer que há um Sartre de antes da Guerra e outro pós guerra.
Antes da Guerra Sartre falava de uma liberdade sem engajamento, uma liberdade
confundida com libertinagem. Após a guerra, ele fala da liberdade comprometida
com a ação, liberdade com responsabilidade com enganjamento.
Para Sartre, a existência precede a essência, isto é, a herança biológica do
indivíduo que constróem seus próprios projetos existenciais, dentro de seu próprio
mundo circundante e dentro da sua própria liberdade de ação.
O existencialismo sartreano surgiu de três formas de
pensamento: o materialismo dialético de Marx, a fenomenologia de
Hussel e o existencialismo de Heidegger. A influencia de Marx está
na relação com a ação (pensar sobre o mundo com a idéia de
transformá-la). Com Heidegger, está o questionamento sobre o ser.
Para Sartre, a preocupação era quase que exclusiva com a existência do
indivíduo em si, daí o principio básico do existencialismo “a existência precede a
essência”.
As três linhas de pensamento têm em comum o papel ativo do indivíduo
como construtor de seu próprio destino.
1 – Ser e Nada. Contrário a Heidegger, Sartre acreditava que o pensamento
filosófico deveria partir da intencionalidade e não a realidade humana. Utilizou a
fenomenologia para atingir a sua meta, (examinar a consciência no mundo). A
consciência é enganjada no mundo de tal forma que o para si (consciência) não
existe sem mundo.
Sartre
tem como pedra de apoio o conceito de intencionalidade. Para
entendermos a consciência precisamos fazer uma redução radical: rejeita-se tudo
que está fora da consciência, inclusive o eu. Desta forma, a consciência é um
nada porque nada mais é do que uma intuição daquilo que ela não é.
Para Heidegger o ser surge do nada, para Sartre o nada tem como fundo o
próprio ser. É o ser que faz surgir o nada pela imaginação. Sou o meu próprio
futuro (o que ainda não existe sob o modo de não ser. É essa capacidade de
mutar do ser, inserindo o nada, que é a maior representação da liberdade.
2 – Consciência e transcendência do eu. É fundamental a análise da
consciência na sua filosofia. Divide-se em dois níveis: consciência de primeiro
grau. – É a consciência que ultrapassa a si mesmo para atingir o objeto e se
esgota nessa mesma posição. É a consciência irreflexiva, pois não depende do
conteúdo psíquico do eu.
Consciência de segundo grau – É a existência de um eu que é consciente
daquilo que tem consciência, por isso é chamada de consciência reflexiva. É
específica do ser humano.
3 – Caminhos da Liberdade. A teoria sarteana da consciência nos leva à
sua teoria da liberdade.
Diante da célebre frase “a existência precede à
essência”. Sartre, acredita que pela liberdade o indivíduo escolhe
aquilo que quer ser, realizando sua essência.
O homem é aquilo que se projeta ser e não existe antes desse projeto. O
que importa é que ele surge no mundo e só depois se define.
A consciência estabelece uma espécie de lista de preferencias. Daí, surge a
preferencia por este ou aquele projeto, vinculando uma valorização, que faz da
consciência reflexiva uma consciência moral: (para valorizar, reflito e julgo). O
valor surge como expressão da liberdade, denominado como “projeto original” (a
escolha que o indivíduo faz sobre si próprio).
Sartre vai mais longe quando diz que todo projeto original, na verdade, é
um reflexo de uma frustração: a de não ser Deus. Graças a esse fracasso
encontra sua liberdade e incerteza. A náusea é o reconhecimento de sua própria
incerteza (contingência). Surgindo um mal estar que Sartre denominou náusea.
Sartre teve duas fases em seu pensamento, baseando-se no conceito de
liberdade. Sua primeira fase propõe uma liberdade radical, entendida por muitos
como libertinagem, (uma liberdade sem contextualização). Pretensão ao absoluto,
saída escolha por ele para lidar com seus problemas, precisava justificar a sua
existência. Descobriu que seu pensamento denunciava má fé, percebeu então a
importância da história, como totalidade em relação à qual cada um de nós precisa
se situar. A liberdade não aparece mais como liberdade em fuga, mas como uma
liberdade a trabalhar.
É essencial ter um projeto e ele só aparece em forma de ação. Para Sartre
o fazer é tão importante quando o ser na ontologia (ser é agir).
A psicologia existência humanista se apoia na filosofia existencial e na
psicologia humanista para afirmar seus princípios básicos.
A abordagem existencial apoia-se na idéia de que os seres humanos não
podem fugir à sua liberdade e esta não é uma escolha feita ao acaso, como se
observa na doutrina do livre arbítrio.
Não se trata de fazer ou não opções. E sim de uma escolha responsável. A
essência da liberdade é a escolha. Todavia, as opções são limitadas pelas
condições do mundo em que está inserido o homem, já que não é um ser isolado.
Surgindo assim conflitos que o homem enfrenta em seu meio social.
O indivíduo é livre, mas dentro dos limites de suas possibilidade. É a
liberdade
frente
ao
psicologicamente “sã”.
mundo,
considerada
a
característica
da
pessoa
O homem escolhe o que quer ser e realiza uma auto transformação. Em
suma, a liberdade é um valor positivo que coloca o indivíduo com a
responsabilidade de alcançar a autodeterminação, embora a autodeterminação
completa seja ilusória.
A autoconsciência, expressão própria do homem como ser no mundo, é o
que lhe confere identidade. Com a interação do homem com o meio e com outros
indivíduos, vai se formando a sua auto-imagem, aprendendo também, a conhecer
sua condição de existente. É através da autoconsciência que o homem aumenta a
sua liberdade de escolha.
O homem é um projeto que nada mais é do que a antecipação do que ele
será. É projetando-se que se torna existente.
A filosofia existencial expressa um mundo onde a norma de vida é o risco.
Arriscando-se o tempo todo, realizando ou não suas escolhas.
Existem três formas de ser no mundo:
Umwelt – Se refere ao mundo da biologia, o mundo da natureza humana
(determinismo biológico).
Mitwelc – Corresponde ao mundo das pessoas, a sociedade, o presente: é
o ser com os outros.
Eigenwelt – É o mundo do si mesmo, o futuro, neste o autoconhecimento
está presente, (o ser-no-mundo) o indivíduo não vive separado do seu ambiente.
Um importante conceito é a noção de vazio. Como noção básica é a
autotransendência, um significado na vida, o impedimento desse projeto gera o
vazio.
A busca de valores é considerada uma meta inerente ao ser e que torna a
vida mais consciente. É através da busca que promove o desenvolvimento de
suas possibilidades. A meta humana fundamental é a auto-realização.
O conceito da morte, tem a idéia de limitação do tempo para a realização
das personalidades. A execução de um projeto está diretamente ligada à direção
existencial que há no homem. Não existe quem não fique ansioso, diante da
possibilidade do fim das realizações dos projetos de vida.
O existencialismo tem enfocado a morte não como um fim de vida
puramente, mas como uma parte dela mesmo.
4. Auto imagem ou projeto original: possibilidades e limitações da mudança.
“O que somos?”
É a pergunta que define, a maturidade pessoal. É o
problema irremediável do significado da própria vida.
Escolhemos o mundo quando damos a ele um significado, por nos escolher.
O valor e a finalidade que damos as coisas, ressaltam a auto-imagem (a escolha).
É a escolha original que determina o valor das causas e dos motivos que podem
guiar nossas ações permitindo o significado ao mundo.
Assim a escolha é o ser de cada realidade humana. O comportamento
individual de cada um expressa a escolha desta realidade. Se cada indivíduo é um
projeto, então, para que possamos compreende-lo na sua trajetória de vida,
precisamos compreender os atos e atividades desse indivíduo, até chegarmos à
revolução desse projeto. A imagem que o homem cria de si mesmo determina seu
comportamento.
A imagem não é algo imposto, a menos que o homem aceite essa
imposição como uma escolha sua.
I.
O Self – É o indivíduo como totalidade. O eu faz parte dessa unidade
psicológica total.
II.
Desenvolvimento do Self – A existência sob a forma de um eu é a
existência psicológica. É um eu específico encontrado diante de pessoas,
da natureza e diante de si mesmo.
O corpo é a parte mais material e visível do eu. Assim a noção do corpo é
essencial para a criação da identidade. A noção do eu não surge apenas de
sensações e verificações corporais. Será produto da ação com objetivos e
pessoas.
A questão do espelho é fundamental para a criança
perceber.
A relação com o outro vai influenciar na criação da
auto-imagem do indivíduo.
a) Sobre o ideal do eu
Os adjetivos que costumam qualificar as características
que constituem o eu formam a auto – estima. Está é a parte afetiva
do self. Cada um pode estar satisfeito ou desapontado consigo
mesmo, podendo exigir de si um maior esforço.
Quando a auto estima é elevada, leva o indivíduo a acreditar que é capaz
de realizar coisas que consequentemente vão trazer sucesso. Em contra partida o
auto descontentamento atrai todas as experiências catastróficas. Essa concepção
negativa vem acompanhada de um alto grau de ansiedade e depressão.
Considerando que a auto-estima é uma atitude afetiva em relação ao self e
acreditando que toda atitude possui três componentes: afetivo, cognitivo e
comportamental, que precisam ser correntes para que tal direção afetiva seja
mantida. Assim a totalidade das experiências somente é interpretada em função
do auto-conceito.
III. Processo de integração.
Para encontrarmos o projeto original de um indivíduo,
precisamos compreender a imagem que ele tem de si mesmo,
examinando historicamente a vida da pessoa, não para conhecer as
causas determinantes do comportamento e sim para entender o
processo de valorização que o indivíduo tem de suas escolhas.
A famosa frase de Sartre resume bem essa questão: “O importante não é o
que fazem de nós, mas o que nós próprios fazemos daquilo que fazem de nós”.
5.O Papel da família na auto – estima
Pode-se entender o papel da família na auto-estima da
criança, como um interesse ativo dos pais, um investimento afetivo,
um envolvimento, um comprometimento e um enganjamento pela
sua criação e educação. Esta postura inclui atenção em todos os
assuntos que a criança possa necessitar, assuntos escolares,
familiares, sociais, etc. Através de seu envolvimento, os pais
fornecem os recursos emocionais essenciais para que ela possa
desenvolver características de encorajamento, autonomia,
assertividade, etc.
Com esse clima positivo do desenvolvimento dos pais, podemos ver uma
facilitação no desenvolvimento afetivo, social, familiar, escolar, etc.. Devido essa
estabilidade de relacionamento familiar, o desempenho da criança nas relações
que ela estabelece é consideravelmente positivo.
E a instabilidade emocional que a família possa passar no relacionamento
que ela estabelece com a criança, é considerável negativo, tem um impacto
cumulativo ao longo do tempo. As características de comportamento se mostram
instáveis, no seu desenvolvimento afetivo, social, familiar, escolar, etc..
Portanto, as condições ambientais onde essa criança vive tem a
probabilidade
de
facilitar
positivamente
ou
negativamente,
tanto
o
desenvolvimento social como o cognitivo.
De acordo com Ajuriaguerra & Marcelli (1986),
“ as crianças pertencentes às famílias onde há uma
total ausência de organização (os adultos a alimentam
quando se lembram, aparecem e desaparecem sem razão,
amam ou se batem alternadamente, não diferenciam
fome/saciedade,
presença/ausência,
limpo/sujo,
falta/satisfação, amor/ódio) poderão sofrer um esvaziamento
da utilização dos processos mentais, ao perceberem a
completa impotência para modificar ou esperar modificações
em seu ambiente”.
6. O Papel da escola na auto – estima
“ Escola é... o lugar onde se faz amigos. Não se trata
só
de
prédios,
salas,
quadros,
programas,
horários,
conceitos... Escola é sobretudo, gente, gente que trabalha,
gente que estuda, gente que se alegra, se conhece, se
estima. O diretor é gente, o professor é gente, o aluno é
gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez
melhor, na medida em que cada ser se comporta como
colega, como amigo. Nada de ilha cercada de gente por
todos os lados. Nada de ser como tijolo que forma parede
indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, é
também criar laços de amizade, é criar ambiente de
camaradagem, é conviver, é se amarrar nela. Ora é
lógico...em uma assim vai ser fácil estudar, crescer, fazer
amigos, educar e ser feliz” (Paulo Freire, 1999)
De acordo com Paulo Freire, a escola não é só um espaço escolar, mas
também é um espaço da vida, onde os alunos podem “ser”.
Foi através da escola que a sociedade começou a desenvolver uma
“pedagogia” a qual o ato de educar deve estar sujeito. Com o aparecimento da
pedagogia, podemos dizer que vieram as regras educacionais , a organização do
conhecimento, as divisões do saber e os métodos tradicionais de ensino.
A escola apareceu com o intuito de favorecer o ensino e transmitir a cultura,
não apenas enquanto um espaço de realizar e propagar o saber, mas também, um
espaço de troca de relações, isto é, de aprendizagem social.
Embora esta aprendizagem social esteja esquecida, não há como priorizar
um lado em relação ao outro.
Para um melhor desenvolvimento do educando, o clima seria de valorizar
as relações interpessoais e emocionais, considerando-as tão fundamentais quanto
os conteúdos pedagógicos trabalhados na sala de aula.
A aprendizagem é um processo simultâneo, é um produto de uma
construção cognitiva, social e emocional que nos possibilita entender a
importância do ambiente escolar, que pode ser favorável ou desfavorável,
dependendo da forma que serão colocados em práticas.
6.1 A importância do ambiente escolar
De acordo com Vygotsky, a criança precisa de um mediador para ajudá-la
no processo de ensino – aprendizagem. Na escola, são os professores, os
colegas, os funcionários, etc., que interferem nesse processo.
Podemos ver a importância das relações estabelecidas entre os mesmos.
Estas relações podem interferir na auto ou baixa estima deste processo de
aprendizagem.
O professor afetivamente estruturado passará para o seu aluno uma base
pedagógica e afetiva que é fundamental para o seu desenvolvimento escolar,
social e emocional.
Através desse processo o ambiente escolar torna-se prazeroso e facilitador
da aprendizagem.
7. O resgate dos valores na Família e na Escola para a construção da
identidade e da cidadania
A família e a escola são as estruturas sociais mais
marcante na vida de uma criança e têm influencia exatamente no
momento e que a identidade esta se formando.
Os valores fundamentados na natureza humana, levam o homem a
construir sua identidade e tornar-se saudável física e psicologicamente.
A identidade, o amor, a solidariedade e a liberdade são valores capazes de
produzir o desenvolvimento e o crescimento da natureza humana, por serem
próprios do homem e que levam a construção de uma identidade sadia, auto –
realizada, proporcionando o indivíduo a sua cidadania.
Para educar sabiamente o educando, neste período evolutivo de sua vida,
os pais e os professores necessitam conhecer a si mesmos e sua interioridade.
Este conhecimento afetará profundamente a concepção de vida, a significação
dos valores desta criança, contribuindo para a construção de uma identidade
sadia.
7.1 Valor
O indivíduo se relaciona com os seus semelhantes e
estabelece critérios para que esta convivência seja agradável e
funcional. Determinando assim o seu modo de pensar e agir.
O valor tem grande importância no comportamento humano. A todo
momento o indivíduo se afronta com a possibilidade de escolher, baseando-se em
algum critério. Esta escolha fundamenta-se na preferencia em que o critério é o
valor.
Temos valores vitais e sociais
Vitais – São aqueles que fazem o homem a elaborar sua identidade.
Sociais – São criados pela sociedade para modelar o homem a ela.
7.2 Os valores na família e escola
A escola e a família tem como objetivo especifico o
desenvolvimento integral do homem.
É nesta, relação que a criança permanece mais tempo e sofre a maior
influencia. O adolescente e a criança são marcados profundamente por uma
educação familiar e escolar, mais do que qualquer outra instituição. É nesta
relação que há transmissão de valores.
Cada família tem um modo peculiar de criar sua própria cultura, códigos,
ritos, regras, jogos e formas de relacionamento. Formando assim o universo
familiar.
7.3 Caminhando na construção da auto – imagem e auto – estima
o indivíduo questiona-se sobre sua formação, seus
objetivos futuros e sua finalidade de vida. Tendo a preocupação de
escolher o melhor na formação de sua identidade. A liberdade de
escolha é condição essencial para ele buscar os valores que sejam
funcionais na vida. A noção de valores da a direção de uma vida
mais autônoma, voltada para uma consciência de si mesmo, mais
rica e elevada.
Diante de uma sociedade doentia, cria-se valores distorcidos que não
permite que as pessoas tenham sua própria individualidade. Sentindo-se
envergonhadas escondem-se atrás de fachadas e procuram ser aquilo que os
outros desejam, não vivem a sua individualidade procurando-se tornar o que os
outros pensam ou querem.
Quando criadas por uma educação humanizante, descobrem-se como um
ser singular e único, confiando em seus próprios valores e assumindo a própria
experiência de ser, tornando-se autônomos e cidadãos.
8. Conclusão
Os pais, e os professores praticando uma educação
humanizante autêntica, livre e criativa, levarão os filhos/alunos a
terem mais inteligência para descobrir e resgatar os valores vitais, os
quais norteiam o pensar e o agir humanos, na busca da identidade
sadia, para que saibam viver como cidadãos auto – realizados.
Concluindo assim que a escola e a família tem que traçar metas comuns
para que ambas possam ter uma proposta clara e objetiva. Sendo assim, o
indivíduo conseguirá trabalhar seus valores e aos auto – imagem. O valor surge
como expressão da liberdade, denominado como “projeto original” – a escolha que
o indivíduo faz sobre si/ auto – imagem.
A psicologia existencial acredita que a auto imagem e a auto – estima está
diretamente ligada pelas relações interpessoais, através da liberdade de escolha.
Baseando nas teorias existencialistas o indivíduo tem um papel ativo e
construtor de seu próprio destino. Mesmo, diante das interferências das relações
interpessoais e do meio, o indivíduo é livre para escolher. Portanto, cabe aos pais
e professores proporcionarem condições para que o indivíduo cresça num
ambiente favorável para a construção de sua identidade e da sua auto – imagem e
auto – estima. Facilitando então, todo o processo de aprendizagem e o seu
desenvolvimento como um todo, um ser realizado.
Considerando que a auto – imagem é uma atitude afetiva em relação ao
self e acreditando que toda atitude possui três componentes: (afetivo, cognitivo e
comportamental), que precisam ser coerente, para a direção afetiva seja mantida.
Portanto, a totalidade das experiências somente é interpretada em função do auto
– conceito.
9. Bibliografia
ALLPORT, Gordon W. Desenvolvimento da personalidade. 3 ª Ed. São Paulo:
EPU. 1975.
BARNHEIM, Gerd A. Sartre: Metafísica existencialismo. 2 ª Ed. São Paulo:
Perspectiva. 1984.
ERIKSON, E. H. et al. Teoria da personalidade. São Paulo: EPU, 1995. v.
ERTHAL, Tereza Cristina. Contas e contos na terapia vivencial. Petrópolis:
Vozes, 1992.
ERTHAL, Tereza Cristina. Terapia vivencial: uma abordagem existencial em
psicoterapia. 2 ª ed. Petrópolis: Vozes, 1991.
FERREIRA, Virgílio. O existencialismo é um humanismo. 4 ª Ed. Rio de Janeiro:
Martins Fontes. 1978.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do
oprimido. 6 ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1999.
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