1 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE- UNESC CENTRO EDUCACIONAL SÃO CAMILO – SUL ESPECIALIAZAÇÃO EM CONDUTAS DE ENFERMAGEM NO PACIENTE CRÍTICO LETÍCIA LOPES ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL CRICIÚMA, MARÇO DE 2009 2 LETÍCIA LOPES ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL. Monografia apresentada à Diretoria de Pós-graduação da USC - Centro Educacional São Camilo – SUL e UNESC Universidade do Extremo Sul Catarinense, para a obtenção do título de especialista em Conduta de Enfermagem no Paciente Crítico. Orientadora: Profª MSc. Maria Augusta da Fonte CRICIÚMA, MARÇO DE 2009 3 DECLARAÇÃO DE AUTORIA Eu, Letícia Lopes, RG nº 4.420.475, CPF 033809149-16, Conselho Regional de Enfermagem sob inscrição de nº 169824. DECLARO, para os devidos fins e sob as penas da lei, que o trabalho que versa Emergência no Brasil, com o título o Atendimento de Emergência no Brasil é de minha única e exclusiva autoria, estando a UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC e a USC – CENTRO EDUCACIONAL SÃO CAMILO – RS autorizados a divulgá-lo, mantendo cópia em biblioteca, sem ônus referentes a direitos autorais, por se tratar de exigência parcial para certificação em Especialização em Condutas de Enfermagem ao Paciente Crítico . Criciúma, março de 2009 Letícia Lopes COREN- 169824 4 AGRADECIMENTOS A Deus pelo o dom da vida. A minha Família que sempre esteve ao meu lado me auxiliando e dando carinho e sempre me dando apoio para continuar a caminhada ao aprendizado. Aos meus colegas de trabalho, pelo aprendizado a cada dia. E aos pacientes que passam todos os dias por mim e me mostram a fragilidade da vida e quanto somos vulneráveis. Aos meus amigos que pela amizade pura e sincera e entenderem a minha ausência em vários momentos as vezes pelo meu trabalho e outras vezes pela aulas da pós - graduação. A todos que de uma maneira ou de outra fizeram ou fazem parte da minha vida. O meu muito obrigada!!! 5 A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor; pois o que é tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o templo do espírito de Deus? É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes!" Florence Nightingale 6 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo geral analisar “O Atendimento de Emergência através da literatura.”. No passado o setor emergência e os que efetuavam intervenções pré-hospitalares de emergência não tinham quase nenhum treinamento especializado e viam-se a frente de situações, nas quais vidas eram perdidas ou certos tipos de invalidez eram prolongados pela deficiência dos primeiros socorros. O serviço de emergência é um complexo cenário, onde devem estar congregados profissionais suficientemente preparados para oferecer atendimento imediato e de elevado padrão à clientela que dele necessita. O atendimento hospitalar de emergência ou urgência deve levar em conta todas as condições momentâneas relativas ao estado geral do paciente, em suas alterações clínicas e risco potencial, frente à possibilidade de se cometer grave engano ao se liberar paciente Palavras-chave: Emergência, atendimento, enfermagem 7 ABSTRACT This study aims to examine general "The Emergency Services through the literature.."In the past the industry and the emergency operations that perform prehospital emergency had virtually no specialized training and saw it in front of situations in which lives were lost or certain types of disability were sustained by the deficiency of first aid. The emergency service is a complex scenario, where professionals must be brought sufficiently prepared to provide immediate care and high standards to customers who need it. The hospital emergency or urgent need to take into account all the conditions for the momentary condition of the patient, changes in their clinical and potential, against the possibility of committing serious mistake when releasing patient Keywords: Rescue, care, nursing 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................9 2.1 HISTÓRIA DA EMERGÊNCIA MÉDICA .........................................................................................11 2.2 O ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA NO BRASIL.......................................................................12 2.3 ATENDIMENTO DE URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA HOSPITALAR ............................................14 2.4 - O PROFISSIONAL DE SAÚDE DA UNIDADE DE EMERGÊNCIA .............................................15 2.5 O ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO A EMERGÊNCIA ..............................................................17 3. METODOLOGIA ................................................................................................................................23 3.1 ABORDAGEM METODOLÓGICA ..................................................................................................23 3.2 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................................................23 3.3 PERÍODO DE INVESTIGAÇÃO ......................................................................................................24 3.4 LOCAL DE ESTUDO .......................................................................................................................24 3.5 PROCEDIMENTOS PARA O LEVANTAMENTO DE DADOS .......................................................24 3.6 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................................................24 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE ACHADOS ( .......................................................................................25 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................................27 REFERÊNCIAS......................................................................................................................................29 9 1. INTRODUÇÃO O atendimento de emergência no Brasil está inserido no contexto histórico da criação do Socorro Médico de Urgência. A iniciativa pela criação desse serviço partiu dos poderes públicos e das instituições privadas, preocupadas com os acidentes ocorridos nas ruas do Rio de Janeiro, essa movimentação data de 1893 e que somente em 1902 foi aprovada em lei especial que deu ao Prefeito Pereira Passos, plenos poderes para garantir verba aos postos de socorro e assistência médica. Esta revisão bibliográfica trata de delinear a evolução do atendimento de emergência no Brasil, bem como resgatar os marcos da nossa história que favoreceram e fortaleceram a política que incentiva esse serviço. Emergência é uma propriedade que uma dada situação assume quando um conjunto de circunstâncias a modifica. Tomados de forma isolada, seus elementos não justificariam uma medida imediata, mas o conjunto e a interação entre seus constituintes sim. A assistência em situações de emergência e urgência se caracterizam pela necessidade de um paciente ser atendido em um curtíssimo espaço de tempo. A emergência é caracterizada com sendo a situação onde não pode haver uma protelação no atendimento, o mesmo deve ser imediato. Nas urgências o atendimento deve ser prestado em um período de tempo que, em geral, é considerado como não superior a duas horas. As situações não-urgentes podem ser referidas para o pronto-atendimento ambulatorial ou para para o atendimento ambulatorial convencional, pois não tem a premência que as já descritas anteriormente. A Constituição, no título VIII, ao tratar da ORDEM SOCIAL, destina o capítulo II ao tema "SEGURIDADE SOCIAL" sendo que, ao se referir a "saúde" diz A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação Sendo assim todos tem o direito a saúde e os casos de Emergência tem atendimento prioritário. 10 O atendimento em serviços de Urgência e Emergência, sem dúvida, requerem preparo, o profissional deve estar qualificado para tal atendimento e, se assim não estiver, deve ser previamente reciclado ou treinado. A aceitação de tese contrária, implicaria em se negar a necessidade de especialização, treinamento e preparo do profissional para a situação específica se torna ainda mais imperativo. A demora ou a inabilidade na atenção exigida, pode gerar irreparáveis danos ao paciente. O atendimento hospitalar de emergência ou urgência deve levar em conta todas as condições momentâneas relativas ao estado geral do paciente, em suas alterações clínicas e risco potencial, frente à possibilidade de se cometer grave engano ao se liberar paciente. Analisar o referencial teórico nacional que aborda o atendimento de emergência no Brasil à disposição em meio eletrônico e impresso no período de 2002 a 2008 foi o objetivo geral deste estudo. Para atingi-lo nos propusemos a: Identificar os cuidados de enfermagem no atendimento a uma emergência descritos nas publicações analisadas. Verificar as alternativas de atendimento de emergência e urgência de enfermagem aos pacientes descritos nas publicações analisadas. Verificar o perfil dos profissionais de saúde que trabalham com emergência descritos nas publicações analisadas. Delinear a história do atendimento de emergência no Brasil através da literatura 11 2. REVISÃO TEÓRICA 2.1 História da Emergência Médica Em 1795, a ambulância voadora - uma carruagem puxada por cavalos com pessoal médico treinado, foi idealizada pelo Barão Larrey para Napoleão durante sua campanha na Prússia. Assim iniciou-se a era do tratamento préhospitalar. (López, 1989). Durante a Guerra Civil Americana, Tripler e Letterman do Exército Potomac reintroduziram estes conceitos, mas pouco mais foi realizado durante os próximos 100 anos. Segundo Guerra (2001), os conflitos militares, especialmente a Segunda Guerra Mundial, Coréia e Vietnã, demonstraram que técnicos não médicos poderiam aumentar a sobrevivência das vítimas de trauma, iniciando o tratamento antes do paciente chegar ao hospital. Apesar desta experiência, foi somente em meados da década de 1960 que estas lições foram aplicadas à população geral, quando J.D. "Deke" Farrington e outros desenvolveram o primeiro programa EMT-B para civis. Desde o estabelecimento do primeiro programa do treinamento de Técnicos de Emergência Médica no corpo de bombeiros de Chicago, mais de um milhão de pessoas foram treinadas ao nível EMT-B, sendo que um quarto destas prosseguiram para níveis Avançados de Suporte de vida. Hoje, o Serviço de Emergência continua sendo um dos componentes de desenvolvimento mais rápido de tratamento médico nos Estados Unidos. Segundo Rogers (1992), o treinamento especializado de emergência representa uma nova geração de conhecimento de Serviços de Emergência Médica. Todo material de apoio produzido hoje, nos Estados Unidos, visa assegurar que o material didático esteja baseado nos protocolos da correta prática médica. Normalmente incorpora material do National Standard Curriculum para EMT-B conforme desenvolvido pelo Departamento de Transportes dos E.U.A, bem como material essencial de outros cursos, incluindo Suporte de Vida no Trauma PréHospitalar, Suporte Básico de Vida, Suporte Avançado de Vida em Emergências 12 Cardíacas, Suporte Avançado de Vida em Pediatria e Suporte Avançado de Vida no Trauma. As práticas e os conhecimentos apresentados fornecem a base sólida necessária para avaliar e administrar e maioria das Emergências encontradas pelo profissional Pré-Hospitalar. Não é fácil conseguir estes conhecimentos, pois requerem estudo, prática e repetição. Conforme Guerra (2001) o indivíduo que se torna um Técnico de Emergência Médica assume a responsabilidade pela vida do paciente o qual ele concorda em administrar. A profissão de Técnico de Emergência Médica é pouco semelhante a outras ocupações no mundo. São necessárias decisões críticas imediatas baseadas em conhecimentos e avaliação. Para Rogers (1992) os técnicos de Emergência Médica não tem a oportunidade de voltar ao manual de estudos para determinar o adequado tratamento do paciente após chegarem ao local e antes de atendê-lo. Antes de verem os pacientes, já terão que ter os conhecimentos e as habilidades nos seus próprios cérebros e mãos. A dedicação à continuidade dos estudos é necessária para manter atualizados seus conhecimentos e aptidões para administração do paciente. As pessoas dispostas a aceitar o desafio desta exigente profissão, a acharão gratificante se estiverem mentalmente preparadas para oferecer o melhor tratamento possível. 2.2 O Atendimento de Emergência no Brasil O contexto histórico do atendimento de emergência tem como base a descrição de um evento Brasileiro, a criação do Socorro Médico de Urgência. O início das atividades de organização desse serviço aconteceu no Rio de janeiro, com iniciativa tanto do poder público quanto das instituições privadas preocupadas com os acidentes nas ruas. A primeira lei vetada data de 1893 pelo prefeito Pereira Passos do então Distrito Federal e aprovada pelo Senado somente em 1902, iniciando as atividades finalmente em 1904.( Guerra, 2001). Com a criação do Socorro Médico de Urgência foi atribuído a Diretoria Geral de Higiene e Assistência Pública, o socorro “a feridos, acidentados na rua e 13 afogados”. O plano elaborado naquele momento, que incluía atendimento com ambulâncias não pôde ser implantado por falta de verbas, sendo instaurado apenas em 1904. Segundo Wehbe (2000), três anos depois, isso em 1907 foi instaurado um posto localizado na Praça da República um prédio da limpeza urbana, com três andares equipados com o que havia de mais moderno, se tornou padrão de excelência, sendo indicado na exposição internacional de Higiene no Rio de Janeiro em 1909 e na Exposição Internacional de Higiene Social em Roma,em 1912. Os primeiros postos de pronto socorro e assistência médica foram dirigidos por comissários e subcomissários de Higiene e Assistência Pública, No Brasil, a partir da década de 80, foi dada maior ênfase na capacitação dos profissionais que atuam no atendimento de emergência. Warner (1980), em 1985 foi criada a Sociedade Brasileira dos Enfermeiros do Trauma (SOBET) que consiste na primeira associação de enfermagem especializada em trauma. O atendimento inicial do paciente traumatizado acontece em três etapas sucessivas: na cena do acidente; durante o transporte e no centro hospitalar. As unidades de emergência são locais apropriados para o atendimento de pacientes com afecções agudas específicas onde existe um trabalho de equipe especializado e podem ser divididas em pronto atendimento, pronto socorro e emergência (GOMES, 1994, p. 80) O Ministério da Saúde( 2008) define: - pronto atendimento como a “unidade destinada a prestar, dentro do horário de funcionamento do estabelecimento de saúde, assistência a doentes com ou sem risco de vida, cujos agravos a saúde necessitam de atendimento imediato”; - pronto socorro é o “estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência a doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos a saúde necessitam de atendimento imediato. Funciona durante às 24 horas do dia e dispõe apenas de leitos de observação”;- emergência é a “unidade destinada a assistência de doentes, com ou sem risco de vida, cujos agravos a saúde necessitam de atendimento imediato”. 14 2.3 Atendimento de Urgência ou Emergência Hospitalar Em 2001, o governo, preocupado com o atendimento de urgência e emergência em hospitais, publicou pelo Ministério da Saúde uma cartilha contendo normas e orientações visando a: Implantação dos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar para o Atendimento de Urgência e Emergência" tendo por objetivo "estimular e apoiar em cada estado, a organização e conformação de Sistemas de Referência Hospitalar no atendimento às urgências e às emergências. Tais Sistemas englobam a assistência pré-hospitalar (APH), centrais de regulação, hospitais de referência, treinamento e capacitação das equipes de atendimento. Conforme o Ministério da Saúde (2008), considerando que a área de Urgência e Emergência constitui-se em um importante componente da assistência à saúde. Considerando o crescimento da demanda por serviços nesta área nos últimos anos, devido ao aumento do número de acidentes e da violência urbana e a insuficiente estruturação da rede assistencial, que têm contribuído decisivamente para a sobrecarga dos serviços de Urgência e Emergência disponibilizados para o atendimento da população; A necessidade de ordenar o atendimento às Urgências e Emergências, garantindo acolhimento, primeiro atenção qualificada e resolutiva para as pequenas e médias urgências, estabilização e referência adequada dos pacientes graves. A definição dessas situações vem sendo explicitada em pareceres como o proferido pelo Conselho Federal De Medicina, 1995. Ementa: 1 Os estabelecimentos de Pronto Socorro Públicos e Privados devem ser estruturados para prestar atendimento a situações de urgência e emergência, garantindo todas a manobras de sustentação da vida e condições de dar continuidade à assistência no local ou em outro nível de atendimento referenciado; Para discorrer sobre a temática é necessário falar sobre os conceitos de Urgência e Emergência que são os motivos que são realizados os atendimentos. Para tanto a Resolução do Conselho Federal de Medicina – CFM 145/95 tem como conceito: Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita vida, necessita de assistência médica imediata. 15 Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico imediato. Urgência é o agravo à saúde como dor de cabeça dores lombares súbita e o atendimento pode ser realizado em poucas horas do ocorrido como levar até 24 para ser atendido, ou seja, pode esperar pelo atendimento. A emergência é uma situação que não pode esperar muito por atendimento, este tem que ser imediato, para não agrava o estado do paciente e poder salvar a vida. Casos de emergências são: Parada Cardiorrespiratória, perda de consciência sem recuperação, dificuldade respiratória queda de alturas entre outras. Segundo Wehbe (2002), considerando que a definição rigorosa do que vem a ser urgência e emergência é bastante difícil e a demanda de atenção no Pronto Socorro abrange também toda uma gama de pacientes que não encontram acolhimento em outros serviços (ambulatórios, unidades básicas, etc), com queixas crônicas e sociais, que acabam procurando esse serviço, é necessário que o atendente seja ele enfermeira o, técnico de enfermagem ou médico proceda à triagem dos casos utilizando a análise criteriosa e o bom senso para reconhecer o grau de seriedade que envolve cada situação e as possíveis conseqüências de suas ações e omissões.A assistência em situações de emergência ou de urgência tem inúmeros aspectos éticos que merecem ser discutidos. o ‘direito à emergência’ é o direito que cada indivíduo tem de abrir uma exceção a seu favor, em caso de extrema necessidade. Segundo Wehbe (2000, p.55) "a situação de emergência não invalida a lei, mas mostra que ela não é absoluta. (...) Isto significa dizer que é necessário levar em conta as circunstâncias de cada situação". Segundo Hegel, "a vida tem um 'direito de emergência' ". 2.4 - O Profissional de Saúde da Unidade de Emergência As funções da equipe de emergência são independentes, interdependentes e/ou de colaboração, sendo que todos conhecem as limitações 16 legais das suas atribuições e agem de acordo com elas. Assim, é necessário que a equipe trabalhe em conjunto e respeite as atribuições de cada um, pois o trabalho desarticulado, nestes casos, podem levar a sérios riscos à saúde ou à vida do cliente. Atualmente, vivência-se atitudes dos trabalhadores de saúde de unidades de emergência, pouco apropriadas para a situação, ou seja, encarando os clientes como "problemas", dos quais precisam se "livrar", atitudes estas, que têm sido focalizadas, frequentemente, pela mídia. Acredita-se que a projeção da "imagem caricatural" do profissional da saúde, não é apenas um produto da mídia ou da "imaginação" dos clientes e familiares frente ao medo do desconhecido. Outros fatores de relevância devem estar associados, tais como: os valores culturais de supremacia e paternalismo, as exigências e as condições do trabalho. Warner (1980, p. 17), afirma que "os clientes não são problemas; eles têm problemas." A maioria desses problemas relaciona-se ao medo, ao ambiente estranho aos agravos à saúde e à catástrofe de famílias inteiras. Esses aspectos devem ser tratados com conhecimento e habilidade. O trabalho de lidar com vidas humanas é obrigação importante da equipe de saúde que tem a responsabilidade de estar sempre preparada e atualizada para assumir, com competência, a parte que lhe cabe neste empreendimento. Sabe-se, também, que ser responsável por pessoas causa maior estresse do que ser responsável por objetos (Candeias et al., 1992). O pessoal de saúde de uma unidade de emergência, responde pela satisfação e bem estar dos clientes, familiares e dos próprios colegas. Desta forma, não se admira que o estresse seja inerente a esse ambiente e às características de sua organização: múltiplos níveis de autoridade, heterogeneidade de pessoal, interdependência de atividades, alto fluxo de trabalho, elevado nível de complexidade das ações e das tomadas de decisões, entre outros. Por outro lado, Jakubec apud Alexandre e Angerami (1993), faz um alerta para o fato de que os hospitais pouco têm feito em relação à saúde de seus trabalhadores e comenta, também, que estes estão vagarosos no desenvolvimento de programas de saúde para seus empregados, em relação às indústrias. Estudos realizados por Candeias e Abujamra (1988) e Candeias et al. (1992), mostram que o estresse no ambiente hospitalar é derivado diretamente de 17 insatisfações relacionadas ao emprego e a conflitos interpessoais, levando a sintomas somáticos, acidentes e queda de produtividade nas atividades realizadas. 2.5 O Enfermeiro no Atendimento a Emergência No Brasil o número de enfermeiros preparados para atuarem nesta área é restrito. Frente ao exposto, e devido à escassez de estudos sobre enfermagem em emergências na literatura nacional, determinando a necessidade de investigações, o presente relato de experiência tem como objetivo apresentar as atividades do enfermeiro de emergência de um hospital privado e tecer considerações sobre a liderança como estratégia para melhoria do gerenciamento da assistência de enfermagem prestada ao paciente/cliente, com o propósito de oferecer subsídios que possibilitem a este profissional reflexões e discussões sobre o seu trabalho cotidiano. Para Andrade (2002, p.60), “o serviço de emergência é um complexo cenário, onde devem estar congregados profissionais suficientemente preparados para oferecer atendimento imediato e de elevado padrão à clientela que dele necessita. Para a organização de um serviço de emergência eficiente e eficaz duas figuras são imprescindíveis, são elas: o diretor e o coordenador do serviço de trauma, sendo que geralmente o primeiro é um médico e o cargo de coordenador deve ser ocupado por enfermeiro dotado de extenso conhecimento dos aspectos que envolvem o cuidado do paciente com trauma. (FINCKE, 2002, p. 95) A Associação Americana de Enfermagem (ANA) estabeleceu os “Padrões da Prática de Enfermagem em Emergência” em 1983, tendo como referência padrões definidos classificando os enfermeiros de emergência em três níveis de competência: o primeiro nível requer competência mínima para o enfermeiro prestar atendimento ao paciente traumatizado; no segundo nível este profissional necessita formação específica em enfermagem de emergência e no último nível o enfermeiro deve ser especialista em área bem delimitada e atuar no âmbito pré e intra hospitalar. (GOMES, 1994, p. 55-58) Conforme, Warner (2002), em relação às atividades assistências exercidas pelo enfermeiro: 18 Presta o cuidado ao paciente juntamente com o médico; Prepara e ministra medicamentos; Viabiliza a execução de exames especiais procedendo a coleta; Instala sondas nasogástricas, nasoenterais e vesicais em pacientes; Realiza troca de traqueostomia e punção venosa com cateter; Efetua curativos de maior complexidade; Prepara instrumentos para intubação, aspiração, monitoramento cardíaco e desfibrilação, auxiliando a equipe médica na execução dos procedimentos diversos; Realiza o controle dos sinais vitais; Executa a evolução do pacientes e anota no prontuário. Dentre as atividades administrativas efetuadas pelo enfermeiro, destaca-se: Realiza a estatística dos atendimentos ocorridos na unidade; Lidera a equipe de enfermagem no atendimento dos pacientes críticos e não críticos; Coordena as atividades do pessoal de recepção, limpeza e portaria; Soluciona problemas decorrentes com o atendimento médicoambulatorial; Aloca pessoal e recursos materiais necessários; Realiza a escala diária e mensal da equipe de enfermagem; Controla estoque de material; Verifica a necessidade de manutenção dos equipamentos do setor. Em relação às atividades de ensino exercidas pelo enfermeiro, que este profissional na sua prática diária orienta a equipe de enfermagem na realização da pré-consulta e promove treinamento em ser viço sobre os protocolos de atendimento e novos procedimentos. Para Warner (2002), no hospital existe um setor específico para o desenvolvimento de programas de educação continuada, no qual atua um enfermeiro responsável em implementar programas, cujos propósitos consistem em sanar dificuldades evidenciadas na prática da enfermagem e promover o aprendizado de novos conhecimentos sobre os avanços ocorridos na área da saúde. Conforme Andrade (2000, p. 84): Realiza a pré-consulta, verifica os sinais vitais e anota a queixa atual do paciente; 19 Acomoda o paciente na sala de urgência, e instala o monitor cardíaco; Instala soroterapia, sonda vesical e sonda nasogástrica; Administra medicamentos via intramuscular e/ou via endovenosa; Prepara o material e circula a sala de procedimento de sutura; Prepara o material de punção sub–clávia e/ou dissecção de veia e auxilia a equipe médica; Encaminha o paciente ao RX e exames complementares; Realiza a evolução e a anotação dos pacientes em observação. O papel do enfermeiro na unidade de emergência consiste em obter a história do paciente, fazer exame físico, executar.tratamento, aconselhando e ensinando a manutenção da saúde e orientando os enfermos para uma continuidade do tratamento e medidas vitais Por isso a constante atualização destes profissionais, é necessária pois, desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônico na qual estão inseridos. “Os enfermeiros das unidades de emergência aliam à fundamentação teórica (imprescindível) a capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional”(GOMES, 1994, p. 52) O enfermeiro que atua nesta unidade necessita ter “conhecimento científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente” (Martins, 1988, p. 63). Segundo Andrade (2000), frente às características específicas da unidade de emergência, o trabalho em equipe torna-se crucial. O enfermeiro deve ser uma pessoa tranqüila, ágil, de raciocínio rápido, de forma a adaptar-se, de imediato, à cada situação que se apresente à sua frente. Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento de intercorrências emergentes necessitando para isso conhecimento científico e competência clínica (experiência) Ao repor tarmo-nos ao conjunto das atividades desenvolvidas pelos enfermeiros de emergência do hospital em que atuamos, podemos afirmar que apesar destes profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao paciente, em muitos momentos existe uma sobrecarga das atividades administrativas em detrimento das atividades assistências e de ensino. Esta realidade vivenciada pelos enfermeiros vem ao encontro da literatura quando analisa a função administrativa do enfermeiro no contexto hospitalar e aborda que este profissional tem se limitado a solucionar problemas de outros 20 profissionais e a atender às expectativas da instituição hospitalar, relegando a plano secundário a concretização dos objetivos do seu próprio serviço. (Trevisan, 1988). A necessidade dos enfermeiros repensarem a sua prática profissional pois, quando o enfermeiro assume sua função primordial de coordenador da assistência de enfermagem, implementando-a por meio de esquema de planejamento, está garantido o desenvolvimento de suas atividades básicas (administrativas, assistências e de ensino) e promovendo, conseqüentemente, a melhor organização do trabalho da equipe, que passa a direcionar seus esforços em busca de um objetivo comum que é o de prestar assistência de qualidade, atendendo às reais necessidades apresentadas pelos pacientes sob seus cuidados Frente ao exposto o exercício de uma liderança eficaz pelo enfermeiro de unidade de emergência seja um caminho para a implantação de mudanças do quadro acima mencionado. “A rotina do trabalho em pronto socorro coloca, muitas vezes, os enfermeiros em situação que exige, além do domínio do conhecimento, a rapidez de raciocínio no sentido de tomar decisões pertinentes ao diagnóstico, ora com um único paciente, ora com um grande número de vítimas. (PAVELQUEIRES, 1997, p.30) 2.6 O Papel do Enfermeiro na Emergência O enfermeiro é responsável pela coordenação da equipe de enfermagem e é uma parte vital e integrante da equipe de emergência. Segundo Andrade (200), os enfermeiros das unidades de emergência aliam a fundamentação teórico-científica (imprescindível) à capacidade de liderança, o trabalho, o discernimento, a iniciativa, a habilidade de ensino, a maturidade e a estabilidade emocional. Por isso, a constante atualização desses profissionais, é necessária, pois, desenvolvem com a equipe médica e de enfermagem habilidades para que possam atuar em situações inesperadas de forma objetiva e sincrônica na qual estão inseridos. O enfermeiro que atua nessa unidade necessita ter "conhecimento científico, prático e técnico, afim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, 21 transmitindo segurança a toda equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do paciente". (AZEVEDO 2000, 9.85) Frente às características específicas da unidade de emergência, o trabalho em equipe se torna crucial. O enfermeiro "deve ser uma pessoa tranqüila, ágil, de raciocínio rápido, de forma a se adaptar, de imediato, a cada situação que se apresente à sua frente". Este profissional deve estar preparado para o enfrentamento de intercorrências emergentes necessitando para isso conhecimento científico e competência clínica (experiência). Ao reportar o conjunto das atividades desenvolvidas pelos enfermeiros de emergência do Hospital em que atuamos, podemos afirmar que apesar destes profissionais estarem envolvidos na prestação de cuidados diretos ao paciente, em muitos momentos existe uma sobrecarga das atividades administrativas em detrimento das atividades assistenciais e de ensino. Esta realidade vivenciada pelos enfermeiros vem ao encontro da literatura quando analisa a função administrativa do enfermeiro no contexto hospitalar e aborda que este profissional "tem se limitado a solucionar problemas de outros profissionais e a atender as expectativas da instituição hospitalar, relegando a plano secundário a concretização dos objetivos do seu próprio serviço" (ANDRADE, 2002. p.65) Entendo a necessidade dos enfermeiros repensarem a sua prática profissional, pois, O enfermeiro assume sua função primordial de coordenador da assistência de enfermagem, implementando-a por meio de esquema de planejamento, está garantindo o desenvolvimento de suas atividades básicas (administrativas, assistenciais e de ensino) e promovendo, conseqüentemente, a melhor organização do trabalho da equipe, que passa a direcionar seus esforços em busca de um objetivo comum que é o de prestar assistência de qualidade, atendendo as reais necessidades apresentadas pelos pacientes sob seus cuidados". (GALVÃO, 1998. p.97) A rotina do trabalho em pronto socorro coloca, muitas vezes, os enfermeiros em situação que exige, além do domínio do conhecimento, a rapidez de raciocínio no sentido de tomar decisões pertinentes ao diagnóstico, ora com um único paciente, ora com um grande número de vítima Segundo Fincke (1980), a liderança é fundamental para o trabalho diário do enfermeiro, mas para o seu exercício eficaz este profissional precisa buscar 22 meios que viabilizem o desenvolvimento da habilidade de liderar; dentre estes destacamos o aprendizado baseado na experiência profissional e na educação formal. O primeiro passo para o enfermeiro efetivamente exercer uma liderança eficaz, consiste na busca de estratégias que possibilitem esse profissional conhecerem a si mesmo e para a eficácia do processo de liderar o enfermeiro necessita conhecer as necessidades e expectativas pessoais e profissionais dos membros da equipe de enfermagem. Em síntese, o enfermeiro necessita compreender o processo de liderar e desenvolver as habilidades necessárias; dentre elas, salientamos a comunicação, o relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, bem como aplicá-las na sua praxe profissional. 23 3. METODOLOGIA 3.1 Abordagem Metodológica O estudo deu-se na forma de pesquisa de revisão bibliográfica. A documentação bibliográfica deve ser realizada paulatinamente, à medida que o estudante toma contato com os livros ou com informes sobre os mesmos. Assim, todo livro que cair em suas mãos será imediatamente fichado. Igualmente, todos os informes sobre algum livro pertinente à sua área possibilitam a abertura de uma ficha. (SEVERINO, 2002, p. 39). Metodologia é a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade, por meio do estudo dos métodos, técnicas e procedimentos capazes de possibilitar o alcance dos objetivos (LEOPARDI, 2002, p. 163). Segundo Pádua (2000), a palavra metodologia significa (methodos = organização e lógos = estudo sistemático, pesquisa, investigação), ou seja, é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou estudo ou para fazer ciência. 3.2 Tipo de Pesquisa A Revisão bibliográfica consiste em uma análise crítica meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento. De um modo geral, a Revisão bibliográfica é realizada como parte inicial de um estudo científico, seja no nível da graduação ou pós-graduação, sendo parte fundamental em uma dissertação de mestrado ou numa tese de doutorado. Quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. 24 3.3 Período de Investigação O estudo foi desenvolvido entre os meses de abril a julho de 2008, através de leitura e fichamento de textos. 3.4 Local de Estudo A pesquisa foi realizada através de análises de textos e bibliografias, referente ao tema: Cuidados de Enfermagem Paliativos ao Paciente com Doença em Estágio Terminal. 3.5 Procedimentos para o Levantamento de Dados Para melhor elucidar o desenvolvimento da pesquisa, foi realizado um levantamento descritivo para auxiliar na discussão do assunto. Para SANTOS (2000. p. 26), a pesquisa descritiva é: Um levantamento das características ou componentes do fato, fenômeno ou problema. É feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas. Portanto, o estudo descritivo pretende descrever com exatidão os fatos ou fenômenos de determinada realidade e exige do pesquisador uma série de informações sobre o que deseja estudar, uma precisa delimitação de técnicas, métodos, modelos e teorias que orientarão a coleta e interpretação dos dados. 3.6 Análise dos Dados Os dados foram analisados com base na técnica da análise de conteúdos, de Minayo para que seja possível identificar a viabilidade e a contribuição da pesquisa desenvolvida. A análise de conteúdo é definida como uma técnica de tratamento de dados de pesquisa voltada para uma descrição objetiva sistemática e quantitativa do conteúdo de “comunicações” (textos entrevistas, entre outros). Dessa forma, embora tenha suas origens na pesquisa quantitativa, busca a interpretação de materiais de caráter qualitativo. (MINAYO 1998, p. 200) 25 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS O atendimento em emergência teve seu inicio a séculos atrás e de lá pra cá foi cada vez mais se aprimorando e hoje ele é indispensável pois, é este atendimento de emergência que salva muitas vítimas e minimiza danos a vítima. No Brasil, a idéia de atender as vítimas no local da emergência é tão antiga quanto em outros países. Data de 1893 a aprovação da lei, pelo Senado da República, que pretendia estabelecer o socorro médico de urgência na via pública, no Rio de Janeiro, que era a capital do país. Consta ainda que, em 1899, o Corpo de Bombeiros da mesma localidade punha em ação a primeira ambulância (de tração animal) para realizar o referido atendimento, fato que caracteriza sua tradição histórica na prestação deste serviço. (Martins, 2003). Segundo, Martins (2003), em Santa Catarina o primeiro serviço foi instalado junto ao Corpo de Bombeiros de Blumenau, em 1987, e foi aperfeiçoado com o Projeto de Atendimento Pré-hospitalar do Ministério da Saúde (PAPH-MS) a partir de 1990. Vários cursos de treinamento denominados ASU foram realizados em todo estado. Em 1995, o Corpo de Bombeiros, em convênio com o Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), realizou o primeiro (e único) curso de Técnicos de Emergências Médicas. Posteriormente, reconhecendo o denominado Suporte Básico de Vida (SVB) como cuidado de enfermagem, foram realizados cursos de Auxiliar de Enfermagem, através do Projeto Auxiliar de Enfermagem, de responsabilidade do Departamento de Enfermagem de Saúde Pública UFSC, para a formação de socorristas-bombeiros que, posteriormente, no mesmo projeto, foram requalificados como técnicos de enfermagem Todavia a atuação do enfermeiro não se restringe à assistência direta. Azevedo (2006. p. 58) relata: Ao longo dos últimos anos, tenho participado de vários cursos de capacitação técnica e capacitação pedagógica, já que o enfermeiro, neste sistema, além de executar o socorro às vítimas em situação de emergência e fora do ambiente hospitalar, também desenvolve atividades educativas como instrutor. Como parte da equipe técnica, participo na revisão dos protocolos de atendimentos, elaboração do material didático, além de atuar junto à equipe multiprofissional na ocorrência de calamidades e acidentes de grandes proporções. 26 Conforme Martins (2003), na Enfermagem, cujo trabalho é realizado por uma equipe com diferentes graus de formação, mas com atribuições semelhantes no que se refere ao cuidado do paciente ou usuário, deu-se na elaboração de procedimentos, normas e rotinas que buscam assegurar certa homogeneidade na assistência de enfermagem, mesmo sendo desempenhado por pessoas com qualificações diferenciadas. Isso se materializou de tal forma no trabalho de enfermagem que, por mais esforço que se faça para distinguir as diversas categorias que compõem a equipe de enfermagem, a sociedade de um modo geral não parece perceber essa diferença. Em outras palavras, além das pessoas não saberem que existe uma hierarquia dentro da equipe de enfermagem, não conseguem perceber diferenças significativas, quando são atendidas pelos distintos membros da equipe. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS No Brasil, somente a partir da década de 80, a capacitação dos profissionais que atuam no atendimento de emergência tornou-se fato relevante; entretanto, na literatura nacional a escassez de estudos na enfermagem determina a necessidade de investigações. Procurando oferecer uma contribuição aos enfermeiros que atuam em unidades de emergência apresentamos este relato, no qual descrevemos as principais atividades assistenciais, administrativas e de ensino desenvolvidas no hospital que trabalhamos. Assim, apontamos a necessidade destes profissionais repensarem a sua prática profissional e tecemos algumas considerações as quais indicam a liderança como uma estratégia que pode possibilitar as mudanças requeridas no gerenciamento da assistência de enfermagem prestada ao paciente/cliente. A assistência às urgências se dá, ainda hoje, predominantemente nos serviços que funcionam exclusivamente para este fim os tradicionais prontosocorros - estando estes adequadamente estruturados e equipados ou não. Abertos nas 24 horas do dia, estes serviços acabam por funcionar como porta-de-entrada do sistema de saúde, acolhendo pacientes de urgência propriamente dita, pacientes com quadros percebidos como urgências, pacientes desgarrados da atenção primária e especializada e as urgências sociais. Tais demandas misturam-se nas unidades de urgência superlotando-as e comprometendo a qualidade da assistência prestada à população. Esta realidade assistencial é, ainda, agravada por problemas organizacionais destes serviços como, por exemplo, a falta de triagem de risco, o que determina o atendimento por ordem de chegada sem qualquer avaliação prévia do caso, acarretando, muitas vezes, graves prejuízos aos pacientes. Habitualmente, as urgências sangrantes e ruidosas são priorizadas, mas, infelizmente, é comum que pacientes com quadros mais graves permaneçam horas aguardando pelo atendimento de urgência, mesmo já estando dentro de um serviço de urgência. O atendimento em serviços de Urgência e Emergência, sem dúvida, requerem preparo, o profissional deve estar qualificado para tal atendimento e, se assim não estiver, deve ser previamente reciclado ou treinado. A aceitação de tese contrária, implicaria em se negar a necessidade de especialização, treinamento e 28 preparo do profissional para a situação específica se torna ainda mais imperativo. A demora ou a inabilidade na atenção exigida, pode gerar irreparáveis danos ao paciente. O enfermeiro necessita compreender o processo de liderar e desenvolver as habilidades necessárias; dentre elas, salientamos a comunicação, o relacionamento interpessoal, tomada de decisão e competência clínica, bem como aplicá-las na sua prática profissional. Entendemos que investimentos dos órgãos formadores e das instituições de saúde na formação do enfermeiro líder são cruciais para torná-lo um agente de mudanças com o propósito de fornecer estratégias que possibilitem a melhoria da organização, da equipe de enfermagem e principalmente da assistência prestada ao paciente. A emergência perpassa por estas discussões, observou-se ainda, que definir quem fará o atendimento, não levará a lugar algum, sabe-se que o enfermeiro é extremamente qualificado para fazer este trabalho e que em seu código de ética preconiza que isto é função do enfermeiro, mas, que o trabalho de equipe multiprofissional é o mais indicado, cada categoria profissional tem a sua limitação e respeitar as diferenças é o essencial para o bom desempenho do trabalho 29 REFERÊNCIAS ANDRADE LM, Caetano JF, Soares E. Percepção das enfermeiras sobre a unidade de emergência. Rev RENE 2000; 1(1): 91-7. ANDRADE Maria Teresa Soy. Guias Práticos de Enfermagem: Cuidados Intensivos. Rio de Janeiro. McGraw-Hill 2002. 580 p. AZEVEDO TMVE. Atendimento pré-hospitalar na Prefeitura do Município de São Paulo: análise do processo de capacitação das equipes multiprofissionais fundamentada na promoção da saúde [dissertação]. São Paulo (SP): Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 2002. BRUNNER, Lillian Sholtis; SUDDARTH, Doris Smith; SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 8.ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 3.v CHAVES EHB. Aspectos da liderança no trabalho do enfermeiro. Rev Gauch Enfermagem 1993; 14(1): 53-8. FINCKE MK. Enfermagem de emergência: a viga mestre do departamento de emergência. In: Warner CG. Enfermagem em emergência. 2ª ed. São Paulo: Interamericana; 1980. p. 32-7. GALVÃO CM, Trevizan MA, Sawada NO. A liderança do enfermeiro no século XXI: algumas considerações. Rev Esc Enfermagem USP 1998; 32(4): 302-6. GALVÃO CM. Liderança situacional: uma contribuição ao trabalho do enfermeiro – líder no contexto hospitalar. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1995. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5ª ed, São Paulo: Atlas, 1999. GOMES AL. Emergência: planejamento e organização da unidade. Assistência de enfermagem. São Paulo: Pedagógica e Universitária; 1994. GOMES MAY, Neira J. Atención inicial de pacientes traumatizados. Buenos Aires: Fundación Pedro Luiz Ruveiro; 1992. GUERRA, Sérgio Diniz. Manual de Emergências. Belo Horizonte: Folium, 2001. 140 p. HUDAK, C.M; GALLO, B.M. Cuidados Intensivos de Enfermagem. Uma abordagem holística. RJ. Guanabara Koogan, 1997. LEOPARDI, M. T. Teorias em Enfermagem: Instrumentos Para a Prática. Florianópolis: Papa Livros, 1999. LÓPEZ, Mario. Emergências Médicas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989. 1015 p. 30 MARTIN RC. Na unidade de emergência. Anais do 1º Ciclo de Debates sobre Assistência de Enfermagem; 1988. São Paulo (SP); 1988. MARTINS PPS, Prado ML. Enfermagem e serviço de atendimento préhospitalar: descaminhos e perspectivas. Rev Bras Enferm 2003; 56 (1): 71-75. MINAYO, M. C. S. Desafio do Conhecimento. Pesquisa Qualitativa em Saúde. São Paulo: Hucitec-Abrasco. 1996, 4ª ed. MINAYO, M.C. S.; FERREIRA, S. Pesquisa em Ciências Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. MINAYO, Maria Cecília de Souza (Org.) Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 21. Petrópolis: Vozes 2002 Ministério da Saúde (BR). Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Brasília: Saúde & Tecnologia; 1995. Ministério da Saúde (BR). Terminologia básica em saúde. Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde; 2008 PAVELQUEIRES S. Educação continuada de enfermeiros no atendimento inicial à vítima de traumatismos. [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1997. PEIXOTO MSP, Urrutia GIDC, Maria VLR, Machado JM.Sistematização da assistência de enfermagem em um pronto socorro:relato de experiência. Rev Soc Cardiol Estado São Paulo 1996; 6(1 Supl. A): 1-8. ROGERS JH, Osborn HH, Pousada L. Enfermagem de emergência: um manual prático. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. ROSA NG. Dilemas éticos no mundo do cuidar de um serviço de emergência. [dissertação] Porto Alegre: UFRGS, 2001. THOMAZ RR, Lima FV. Atuação do enfermeiro no atendimento pré hospitalar na cidade de São Paulo. Acta Paul Enferm 2000; 13(3): 59-65. ] TRENTINI, Mercedes; PAIM, Lygia. Pesquisa em Enfermagem: uma modalidade convergente-assistencial. Florianópolis: Ed. Da Ufsc, 1999, p. 26. TREVIZAN MA. Enfermagem hospitalar: administração e burocracia. Brasília: Universidade de Brasília; 1988. TREVIZAN MA. Liderança do enfermeiro: o ideal e o real no contexto hospitalar. São Paulo: Sarvier; 1993. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução á pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. WARNER CG. Enfermagem em emergência. 2ª ed. São Paulo: Interamericana; 2002. WEBER T. Ética e Filosofia Política: Hegel e o Formalismo Kantiano. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999:97-118. 31 WEHBE G, Galvão CM. O enfermeiro de unidade de emergência Rev Latino-am Enfermagem 2001 março; 9(2): 86-90 www.abcdasaude.com.br/artigo.php?196 eye acesso em 01/12/2008 www.cfm.org.br acesso em 01/08/2008 www.enfermagem-intensiva.com/p=17/savianel. acesso em 01/12/02008 www.medstudents.com.br/residencia_medica/vol01n03/leite acesso em 01/08/2008