1 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO CURSO DE QUALIDADE E VIGILÂNCIA SANITÁRIA EM ALIMENTOS ALVINA CARLA FARIA DO PRADO CARNE DE FRANGO CONGELADA: ANÁLISE DAS EXIGÊNCIAS TÉCNICAS PARA A COMERCIALIZAÇÃO NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO RECIFE – PE 2009 2 ALVINA CARLA FARIA DO PRADO CARNE DE FRANGO CONGELADA: ANÁLISE DAS EXIGÊNCIAS TÉCNICAS PARA A COMERCIALIZAÇÃO NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento de Nutrição, para a obtenção do título de Especialista em Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos. Ges Orientador: Prof.: Mestre Edleide M. F. Pires RECIFE – PE 2009 3 Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA P896c Prado, Alvina Carla Faria do. Carne de frango congelada: análise das exigências técnicas para a comercialização nos mercados internos e externos. / Alvina Carla Faria do Prado. -- Mossoró, 2010. 60.: il. Monografia (Graduação em Gestão da Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Orientador: Profª. Ms. Sc. Edleide Freitas Pires. 1.Comercialização – Qualidade. 2.Contaminação. 3.Microbacteriológia. 4.Temperatura. I.Título. CDD: 664 Bibliotecária: Marilene S. de Araújo CRB/5 1033 4 ALVINA CARLA FARIA DO PRADO CARNE DE FRANGO CONGELADA: ANÁLISE DAS EXIGÊNCIAS TÉCNICAS PARA A COMERCIALIZAÇÃO NOS MERCADOS INTERNO E EXTERNO Monografia apresentada ao Departamento de Nutrição para obtenção do título de Especialista em Gestão de Qualidade e Vigilância Sanitária em Alimentos. APROVADA EM: 14 / 11 / 2009 BANCA EXAMINADORA _______________________________________________ Profº. M.Sc.Edleide Freitas Pires (UFERSA) Orientadora _______________________________________________ Prof. M.Sc. Nancy Sena Lira (UFERSA) SES/PE ________________________________________________ Profº. M.Sc Maria Luiza de Melo Coelho da Costa(UFERSA) SES/PE 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por eu ter a oportunidade de estar no mundo. À minha querida mãe, ao meu esposo Euler, minhas filhas Gabriela e Ana Beatriz que eu tanto amo. Sem o carinho e apoio deles, eu não chegaria até aqui. À minha orientadora, Prof. Edleide, pela sua firmeza, que me levou ao amadurecimento dos conhecimentos, a execução e conclusão desta monografia. Ao professores e coordenadores do curso, pelo convívio, apoio, compreensão e amizade. Agradeço a todos que estiveram ao meu lado nesta longa caminhada. E um especial agradecimento aos meus amigos Emerson, Aline e Alice, pois sempre me apoiaram nos momentos de aprendizagem e de dificuldades. A todos, meu muito obrigada. 6 RESUMO As exigências pela qualidade da carne de frango são cada vez maiores, tanto em relação ao mercado interno como o externo, e o consumidor está cada vez mais atento aos atributos de qualidade em relação a essa carne. Tais exigências refletiram em mudanças na gestão de setores envolvidos com o agronegócio da carne de frango e melhoria na cadeia produtiva, principalmente no que se refere ao alto padrão dos processos de congelamento e da logística na comercialização deste produto. O presente trabalho de análise bibliográfica, em literatura científica específica, tem como objetivo analisar os critérios exigidos pela legislação para a comercialização da carne de frango congelada nos mercados interno e externo e, diante disso, verificar que repercussões existem em relação aos riscos microbiológicos na contaminação desta carne. A pesquisa desenvolvida nesse estudo é do tipo não experimental, onde foi realizado o registro de dados secundários, analisados e correlacionados os fatos, sem haver a manipulação direta ou interferência dos dados coletados. A partir da análise das informações coletadas observou-se que um dos maiores entravés do setor de comercialização avícola abrange principalmente o cumprimento de padrões dos processos que envolvem a conservação microbiana da carne de frango por congelamento e o controle da contaminação, visando a comercialização desse produto no mercado nacional e internacional, sem que ele apresente qualquer alteração na sua qualidade e sanidade. Palavras-chave: Carne microbacteriológica. de frango congelada. Comercialização. Contaminação 7 ABSTRACT The requirements for the quality of the chicken meat are each time bigger in such a way in relation to the domestic market as the external one, and the consumer is each more intent time to the attributes of quality in relation to this meat. Such requirements had reflected in changes in the management of involved sectors with the agronegócio of the meat of chicken and improvement in the productive chain, mainly as for the high standard of the processes of freezing and the logistic one in the commercialization of this product. The present work of bibliographical analysis, in specific scientific literature, has as objective to ahead analyze the criteria demanded for the legislation for the commercialization of the meat of chicken congealed in the domestic markets and external and of this, to verify that repercussions exist in relation to the microbiological risks in the contamination of this meat. The research developed in this study is of the not experimental type, where the register of data secondary analyzed and correlated the facts was carried through, without having the direct manipulation or interference of the collected data. From the analysis of the collected information it was observed that, one of the biggest impediments of the sector of poultry commercialization mainly encloses the fulfillment of standards of the processes that involve the microbacteriological conservation of the meat of chicken for freezing and the control of the contamination, aiming at the commercialization of this product in the national and international market, without it presents any alteration the respect its quality and health. Key-word: Frozen meat of chicken. Commercialization. Microbacteriological contamination. 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Evolução da produção brasileira de carne de frango no período 2000-2006 16 Tabela 2 – Informações nutricionais em 100g de frango sem pele 20 Tabela 3 – Comparação entre os valores nutricionais de diferentes tipos de carne (100g) 20 Tabela 4 – Temperatura recomendada das salas e câmaras 31 Tabela 5 – Produção mensal de carne de frango no Brasil em mil toneladas (2004-2007) 41 Tabela 6 – Principais países do mercado de carne de frango em mil toneladas (2006-2007) 46 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Carne de Frango Congelada Embalada 17 Figura 2 – Cadeia na Agroindústria Avícola no Brasil 22 Figura 3 – Pontos de Instalação de Equipamento de Refrigeração e Congelamento no Processo de Conservação da Carne de Frango 24 Figura 4 – Túnel de Congelamento da Carne de Frango 26 Figura 5 – Exemplo de Armazenagem na Câmara de Resfriamento 33 Figura 6 – Destino das Exportações Brasileiras de Carne de Frango, em 2003 42 10 LISTA DE SIGLAS ABEF – Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango ABIAF – Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ADAGRO – Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle BPA – Boas Práticas Agrícolas CNNPA – Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos DIPOA – Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal EUREPGAP – Euro Retailer Produce Working Group FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação FIFO – First In, First Out IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento PIB – Produto Interno Bruto PNSA – Programa Nacional de Sanidade Avícola SDA – Secretaria de Defesa Animal SPRRA – Secretaria de Produção Rural e Reforma Agrária USDA – United States Department of Agriculture 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 12 1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 13 2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 15 2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 15 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .............................................................................................. 15 3. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 16 3.1 CARNE DE FRANGO: QUALIDADE, PRODUÇÃO E CONSUMO NO BRASIL ... 16 3.2 TEOR NUTRICIONAL DA CARNE DE FRANGO ................................................... 19 3.3 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO FRANGO ...................................................... 21 3.4 A CADEIA DE FRIO DA CARNE DE FRANGO: PROCESSO DE COSERVAÇÃO 22 3.4.1 Congelamento .............................................................................................................. 25 3.4.2 Armazenagem .............................................................................................................. 31 3.5 INFLUENCIA DA TEMPERATURA DE CONSERVAÇÃO NA MULTIPLIÇÃO 33 DE MICROORGANISMO NA CARNE DE FRANGO CONGELADA ........................ 3.5.1 Temperatura de conservação da carne de frango versus contaminação bacteriana 35 3.5.2 Métodos de controle de microorganismos na carne de frango 36 3.6 COMERCIALIZAÇÕES DA CARNE DE FRANGO CONGELADA 38 3.6.1 Mercado interno da carne de frango congelada ........................................................... 39 3.6.2 Mercado externo da carne de frango congelada .......................................................... 41 3.7 NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA COMERCIALIZAÇÃO 47 DA CARNE DE FRANGO NO BRASIL ........................................................................... 3.8 EXIGENCIAS TÉCNICAS PARA PREVENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO 47 MICROBIOLÓGICA DA CARNE DE FRANGO ............................................................ 4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................... 48 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 49 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 50 ANEXO ................................................................................................................................ 56 12 1. INTRODUÇÃO A avicultura brasileira é considerada atualmente como das mais modernas do mundo, apresentando índices de produtividade além dos esperados, no que se diz respeito a países em desenvolvimento. Essa modernização deu-se graças a programas de qualidade implementados em todos os elos da cadeia produtiva e industrial nos últimos anos, com ênfase na genética, nutrição, manejo, biossegurança, boas práticas de produção, rastreabilidade, logística e programas de bem-estar animal e de preservação do meio ambiente (UBA, 2008). As exigências pela qualidade da carne de frango são cada vez maiores, tanto em relação ao mercado interno como o externo, e o consumidor está cada vez mais atento ao que vem a ser atributos de qualidade em relação a essa carne. Tais exigências refletiram em mudanças na gestão de setores envolvidos com o agronegócio da carne de frango e melhoria na cadeia produtiva, principalmente no que se refere ao alto padrão dos processos de congelamento e da logística na comercialização deste produto (VIEIRA, 2007). Para atender às exigências dos mercados a qualidade da carne de frango depende de fatores como a velocidade de resfriamento e a temperatura. A demanda desse produto depende da percepção de qualidade do cliente consumidor. São considerados como critérios objetivos para sua boa aceitação os itens: a aparência, a capacidade de retenção de água, suculência, maciez, cor da pele, cor da carne, perdas de peso por cozimento e vida útil (BUENO, 2008). A conservação da carne de frango através da cadeia de frios - resfriamento e congelamento - bem como da maioria dos alimentos, tem sido recomendada, por sua grande capacidade de manter as características químicas, organolépticas e nutritivas do produto o mais próximo possível das características iniciais, e ainda dificulta a ação nociva dos microorganismos e enzimas (VIEIRA, 2007). Tanto Brasil (2005) como Lobo, Galde, Fries e Kubota (2001) referem que estudos realizados têm mostrado e enfatizado como os alimentos produzidos, processados e conservados em condições inadequadas favorecem a transmissão de microrganismos patogênicos ao homem e podem, a partir do seu consumo, acarretar ou não algum risco a saúde. No entanto, as toxiinfecções alimentares de origem microbiana têm se mostrado como um problema de saúde pública mais abrangente no mundo atual e causa importante na 13 diminuição da produtividade, das perdas econômicas que afetam os países, empresas e simples consumidores (MICHELOTTI, 2002; NASCIMENTO, 2007). O presente trabalho de análise bibliográfica, em literatura científica específica, tem como objetivo analisar quais os critérios exigidos pela legislação para a comercialização da carne de frango congelada e, diante disso, verificar que repercussões existem em relação aos riscos microbiológicos na contaminação desta carne. O trabalho está dividido em cinco capítulos incluindo esta introdução, a qual é considerada o primeiro capítulo dessa monografia. No segundo capítulo são apresentados o objetivo geral e específico deste estudo. No terceiro capítulo serão descritos assuntos que fazem parte da revisão de literatura. Dentre os temas abordados tem-se a descrição detalhada a respeito da carne de frango, seu amplo consumo, produção e qualidade desse produto; da cadeia agroindustrial; da cadeia do frio para conservação desse alimento; inovações tecnológicas na conservação e congelamento na avicultura; a temperatura influenciando a contaminação bacteriológica e de microorganismos; comercialização da carne de frango nos mercados interno e externo; normas e legislação para a comercialização e prevenção da contaminação desse produto e seus derivados. No quarto capítulo é descrita a análise de materiais e métodos utilizada para a elaboração desse trabalho de conclusão de curso. Finalmente no último capítulo são as considerações finais, salientando os principais obstáculos ao avanço tecnológico na agroindústria da carne de frango em ordem de importância no Brasil e no mundo. 1.1 JUSTIFICATIVA Nos últimos anos a Avicultura Industrial Brasileira notabilizou-se por profundas mudanças. Sabendo que o segmento evoluiu através da absorção de contribuições advindas da biotecnologia e das tecnologias complementares, levando a agroindústria do frango ao bom desempenho nos mercados (interno e externo) e tudo isso pôde ser alcançado por meio de duas estratégias: a redução do custo das matérias-primas e o atendimento das necessidades específicas dos consumidores (em ambos os mercados). Dentro do que se relaciona ao atendimento das necessidades específicas dos consumidores está a conservação da carne do frango através do método de congelamento. Tal método promove a manutenção dos atributos deste alimento, mantendo a qualidade exigida 14 para a comercialização e, ainda, eliminando as possibilidades de desenvolvimento de microorganismos, durante os processos de armazenamento e estocagem, pelos clientes distribuidores. Para que a carne de frango se mantenha como um dos principais produtos do agronegócio brasileiro, mais comercializado nos mercados, ocupando atualmente lugares de destaque no ranking do consumo de carnes, é preciso que o processo da cadeia de frio desta carne seja realizado de acordo com as exigências técnicas estabelecidas por normas e legislações próprias. No Brasil há várias empresas que atuam neste ramo e, algumas, além de comercializar esse produto no mercado nacional, também exportam a carne de frango para países como Arábia Saudita, Estados Unidos, entre outros. No entanto, vale salientar que nem todas as empresas que comercializam a carne de frango no mercado interno obedecem satisfatoriamente às exigências técnicas, principalmente em relação ao processo de congelamento. Este estudo justifica-se pelo motivo da necessidade de analisar quais exigências são solicitadas às empresas brasileiras que comercializam a carne de frango congelada nos mercados interno e externo. 15 2. OBJETIVOS O objetivo geral e específicos seguem abaixo. 2.1 OBJETIVO GERAL • Identificar critérios de conformidades, na literatura especifica, em relação ao processo de congelamento da carne de frango e a relação com os riscos microbiológicos de contaminação da mesma, influenciando a sua comercialização nos mercados internos e externos. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Descrever o processo da cadeia de frio do carne de frango; • Apresentar as normas técnicas e legislação vigente que estabelecem critérios para o processo da cadeia de frio da carne de frango e sua comercialização nos mercados interno e externo; • Identificar os critérios de conformidades exigidas pela legislação publicadas, em relação ao processo de congelamento e os entraves na comercialização da carne de frango nos mercados; • Relacionar os riscos microbiológicos de contaminação da carne de frango congelada. 16 3. REVISÃO DA LITERATURA 3.1 CARNE DE FRANGO: QUALIDADE, PRODUÇÃO E CONSUMO NO BRASIL O expressivo aumento do consumo de carne de frango está ligado aos preços mais baixos comparados às demais carnes, por não haver restrição religiosa ao consumo, pela diversidade de produtos e pelas suas características nutricionais. Essas vantagens são realçadas pela flexibilidade e relativa facilidade de produção. Com base nas recentes variações do consumo, a carne de frango aumentou seu potencial tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento (SOUSA; OSAKI, 2005). Como refere Silva, Rezende, Menegaz e Machado (2004) nos últimos anos o setor agropecuário passou por intensas transformações impulsionadas pela abertura dos mercados, maior estabilização econômica, desregulamentação e diminuição da intervenção do Estado. Diante disto, agroindústria encontra-se constantemente em busca de inovações tecnológicas que possibilitem a manutenção e a sustentabilidade da competitividade nos mercados interno e externo da carne de frango. Apesar das dificuldades que são encontradas nos diversos ramos do agronegócio brasileiro, a avicultura tem demonstrado significativo crescimento na produção de carne de frango (Tabela 1). Tabela 1: Evolução da produção brasileira de carne de frango no período 2000 – 2006 ANO PRODUÇÃO (MIL TONELADAS) 2000 5.977 2001 6.735 2002 7.517 2003 7.843 2004 8.494 2005 9.297 2006 9.895 Fonte: ABEF, 2007 17 A qualidade da carne de frango é cada vez mais exigida, devido a uma série de mudanças no hábito de consumo, como cortes e produtos desossados de carne que estão sendo mais procurados para o processamento, crescimento do consumo de produtos de preparo rápido (VIEIRA, 2007). Como exemplo, tem-se o estado de Pernambuco, no qual o consumo per capita anual de carne de frango é de 26,43 kg/hab/ano. No Nordeste o consumo é de 23,80 kg/hab/ano e no Brasil está em 35 kg/hab/ano. A regulação do setor tem sido realizada por órgãos do setor público que operam na avicultura. Os que mais se destacam são os que fazem a fiscalização da sanidade animal. A Secretaria de Defesa Animal (SDA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mantém unidades de fiscalização sanitária dentro de grandes abatedouros de empresas avícolas (VITAL, DROUVOT, SAMPAIO, 2008). A qualidade da carne de frango congelada (Figutra1), depende da temperatura do tecido muscular e da velocidade de resfriamento após o abate, sendo que as velocidades das reações bioquímicas são reduzidas em baixas temperaturas. Essa qualidade é identificada através de parâmetros físico-químicos, tais como: aparência, textura, suculência, pH, sabor entre outros (VENTURINI, SARCINELL, SILVA, 2007). Figura 1: Carne de Frango Congelada Embalada Fonte: VENTURINI, SARCINELL, SILVA, 2007 Dentre os aspectos que mais chamam a atenção do consumidor final em relação à qualidade da carne de frango são a textura e a cor. Importante ressaltar que, ao se garantir a alta qualidade da carne de frango produzida, diminui-se o índice de perdas econômicas 18 durante todo o processo da agroindústria da carne de frango e garante-se a satisfação dos consumidores (VIEIRA, 2007). Atualmente, a carne de frango representa mais de 90% do comércio mundial desta carne. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) nos últimos dez anos o mercado mundial de aves aumentou cerca de 36% , enquanto as demais espécies tiveram um incremento mais modesto: bovinos: 3%; suínos 5%. O segmento avícola é um importante fornecedor de proteínas, contribuindo com 27% do consumo humano, porcentagem essa que era de 12% nos anos 60 (SILVA, 2005). O Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) determina que a carne de aves para o consumo deve obedecer aos critérios relativos daquelas aves domésticas de criação, como a de frango. A carne de frango fornece nutrientes de acordo com a raça, idade e condições higiênicas do animal. A coloração da carne varia de espécie e está relacionada com a atividade física do animal, sabendo que o componente que confere cor à carne é a mioglobina, a qual determinará a cor mais escura a partir do tamanho e atividade muscular do animal. A coloração da carne pode ser influenciada pela idade, sexo, alimentação e habitat do frango (VENTURINI, SARCINELL, SILVA, 2007). Quando a carne de frango ainda está fresca serve como extraordinária substância para o desenvolvimento de microrganismos e vermes, por isso, o local de abate e processamento da carne deve seguir as normas higiênicas. A sanitização da carcaça é considerada como operação de rotina, no processo de abate de frangos para consumo humano, visando eliminar, ou no mínimo reduzir, incidência desses contaminantes. Alguns microrganismos que aderem à carcaça, durante o abate, podem ser removidos após lavagem com água potável ou sanitização com o acido acético e lático, pois estes apresentam baixa toxidade para os humanos e alta para os microrganismos. Esses ácidos podem manter em melhores condições a carne de frango nas prateleiras (VENTURINI, SARCINELL, SILVA, 2007). A durabilidade e a qualidade da carne de frango sofre influências de vários fatores internos e externos. Um desses fatores é o método de conservação da carne de frango por refrigeração utilizado, seja conservação em gelo, em CO2, resfriamento e congelamento. Com inúmeras vantagens sobre os outros modos de conservação de alimentos, o congelamento quando é feito de maneira adequada, geralmente possibilita a manutenção da cor, sabor e das qualidades nutricionais, bem como, quando o processo de armazenagem segue todos os critérios necessários para que o produto mantenha sua qualidade (VIEIRA, 2007). As empresas atacadistas possuem maior poder de barganha quando comparado ao varejista, influenciando significativamente no comportamento da demanda. A pressão por 19 produtos substitutos é de pequena intensidade, visto que houve um forte incremento de tecnologia no setor, reduzindo consideravelmente os preços, quando comparado aos principais substitutos (carnes bovina e suína), que associado à mudança de hábitos alimentares da população aumentou significativamente o consumo per capita de carne de frango (FRANÇA, 2006). 3.2 TEOR NUTRICIONAL DA CARNE DE FRANGO Classificada como um alimento saudável, a carne de frango é utilizada na alimentação, por apresentar rico teor de proteínas de boa qualidade e é recomendado, seu consumo, a pessoas de todas as faixas etárias. Pode ainda ser consumida, sem pele, por aqueles que tenham riscos cardiovasculares, pois contem uma baixa taxa de colesterol. Na realidade, a carne de frango rica em aminoácidos indispensáveis, constitui uma fonte importante de proteínas, as quais têm, por conseguinte, um bom valor biológico que é comparável ao das outras carnes (VENTURINI, SARCINELL, SILVA, 2007). A carne de frango caracteriza-se pelas proteínas que a compõem, não somente do ponto de vista quantitativo, como também qualitativo. Apresenta uma abastança em relação aos aminoácidos essenciais, além de água, gordura, vitaminas, glicídios e sais minerais, que se caracterizam como elementos nutritivos complementares. Esses são fundamentais para a formação de músculos, enzimas, células como anticorpos e leucócitos, hormônios, e auxiliam no processo de cicatrização de alguns tecidos, estando envolvidas com todo o funcionamento do organismo humano (AZEVEDO, 2004). A carne de frango constitui uma fonte não negligenciável em ferro visto que se trata de ferro hemínico que é a forma do ferro mais bem assimilada pelo organismo e são consideradas fonte importante de vitaminas do grupo B, principalmente, B2 e B12. Estas vitaminas são indispensáveis, visto que ajudam na síntese de energia a partir dos nutrientes ingeridos. Na Tabela 2 são mostradas as informações nutricionais da carne de frango (VENTURINI, SARCINELL, SILVA, 2007). 20 Tabela 2: Informações nutricionais em 100g de frango sem pele. NUTRIENTES QUANTIDADE EM 100 G Proteínas 25 g Calorias 129 kcal Gordura 3,75 g Gordura Saturada 1,07 g Ferro 1,61 g Fonte: VENTURINI; SARCINELL; SILVA, 2007. Em uma comparação realizada em relação aos valores nutricionais de diferentes tipos de carne (Tabela 3), a partir de dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), observa-se que a carne de frango em 100g, é uma das que possui maior teor calórico e valores próximos de proteínas (18,1) e gorduras (18,7). No ranking nutricional, a carne de frango (2,46 kcal/g) está em segundo lugar como a carne de maior valor calórico, perdendo apenas para a carne suína que possui 2,76 kcal/g. Tabela 3: Comparação entre os valores nutricionais de diferentes tipos de carne (por 100g) TABELA NUTRICIONAL ESPÉCIE CALORIAS (kcal) PROTEÍNAS (g) GORDURAS (g) Avestruz 126 25,5 2,7 Boi 225 19,4 15,8 Búfalo 131 26,8 1,8 Codorna 184 18,0 12,5 Coelho 162 21,0 8,0 Cordeiro 206 17,1 14,8 Frango 246 18,1 18,7 Jacaré 108 22,8 1,2 Perdiz 118 21,2 3,1 Suíno 276 16,7 22,7 Fonte: http://calangobikers.wordpress.com, 2008 21 3.3 A CADEIA AGROINDUSTRIAL DO FRANGO Nos últimos anos observa-se que a produção industrial de frangos no Brasil evoluiu significativamente. Da criação doméstica e utilização de abatedores com plantas rústicas para sistemas produtivos integrados, dotados de frigoríficos com alta capacidade de armazenamento e estocagem, e processos flexíveis, ágeis e capazes de atender a diferentes segmentos, tanto do mercado interno como externo (PEREIRA, 2008). A industrialização da carne de frango apresenta forma organizacional específica, apresentando grande avanço tecnológico, dentro de um ambiente de intensa concorrência nos mercados. Os sistemas são bem definidos, e unificam as empresas líderes no segmento de carne de frango: o sistema de integração, reunindo milhares de pequenos produtores rurais, os quais são encarregados da engorda as aves e o sistema das elevadas escalas de produção industrial (VIEIRA, CAPACLE, BELIK, 2006). A cadeia avícola no Brasil vem apresentando um desempenho evidente nos últimos vinte anos. Uma análise realizada por Gonçalves (2008) e demonstrada através de fluxograma, demonstrado na Figura 2 permite avaliar o processo de desempenho da indústria do frango. 22 Figura 2: Cadeia da Agroindústria Avícola no Brasil Fonte: GONÇALVES, 2008. 3.4 A CADEIA DE FRIO DA CARNE DE FRANGO: PROCESSO DE CONSERVAÇÃO A grande maioria dos alimentos de origem animal pode se deteriorar com facilidade, por isso no transcurso dos séculos se pesquisou a preservação de alimentos através de vários métodos. Alguns desses métodos permaneceram até os dias atuais como, por exemplo, a secagem, a defumação, o emprego do sal, do vinagre, os quais eram empregados no passado. No início do século XIX surgiram as técnicas modernas de conservação de alimentos (BASTOS, 2008). Para se conservar os alimentos adequadamente deve-se impedir toda alteração devida aos microorganismos. O desenvolvimento dos microorganismos é possível somente em ambiente nutritivo, com taxa de umidade, oxigênio, temperatura e outras condições 23 favoráveis, segundo a espécie microbiana. Os processos de conservação são fundamentados na eliminação total ou parcial dos agentes que alteram os produtos ou na modificação ou supressão de um ou mais fatores essenciais, de modo que o meio não se torne favorável a qualquer manifestação destes microorganismos. (BASTOS, 2008). O mercado de alimentos congelados no Brasil apresenta um grande potencial, que está em alto desenvolvimento, no entanto perde no ranking para os Estados Unidos e países europeus (SARANTOPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001). É no processo de cadeia fria, que os alimentos são expostos a baixas temperaturas, geralmente através de um túnel de congelamento, fazendo com que os mesmos atinjam na maior brevidade possível a temperatura adequada ao armazenamento congelado, com temperatura final igual ou inferior a – 18Cº, com o conseqüente processo de cristalização1 (VIEIRA, 2007). O processo de conservação por meio do congelamento pode alterar fisicamente a carne de frango promovendo alterações nos vários componentes (SOUZA, 2007). No entanto, o congelamento prolonga o tempo de conservação da carne de frango, diminuindo ou paralisando a deterioração causada por microorganismos, enzimas ou agentes químicos. Associado a isso, o congelamento é um dos melhores métodos para se manter alguns atributos da carne, como a cor, o aroma e a aparência dos alimentos, que corroboram para a identificação da boa qualidade do produto alimentício a ser comercializado (VIEIRA, 2007). A cadeia do frio2 relaciona-se com a qualidade do produto final sob dois diferentes aspectos, porém complementares. O primeiro é a contaminação microbiológica dos alimentos e o risco associado à saúde humana. O segundo, com as características organolépticas e sensoriais do produto final (BORRÉ, AGITO, 2005). Devido ao crescimento das exportações de alimentos congelados, dentre eles a carne de frango, o aumento da capacidade frigorificada no Brasil ocorreu entre 1972 e 1995. A partir de dados da Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada (ABIAF), há um crescimento médio de 10% ao ano no setor, mas suportam várias flutuações, com importantes momentos de estagnação, atribuídos, sobretudo, às dificuldades financeiras resultantes de crises econômicas, deficiências de gestão e falta de remuneração adequada dos serviços prestados (AMARAL, SOUSA FILHO, FAVERO, 2006). 1 Durante o processo de congelamento, a água da solução é transformada para os cristais de gelo, o que resulta na concentração de quase todos os constituintes não aquosos em uma quantidade muito pequena de água não congelada. 2 O termo "Cadeia do Frio" incide basicamente em resfriar o produto a partir da sua produção e mantê-lo frio ao longo de todo processo até o consumo final. Para transportar produtos conservados por cadeia de frio, é preciso estabelecer um desequilíbrio térmico entre o interior do contêiner e o meio ambiente. 24 O mercado de armazéns refrigerados até 2005 era constituído por um grupo de aproximadamente 110 organizações, a maior parte delas centralizadas nos estados do Sudeste ou nas grandes capitais do Brasil (BORRÉ, AGITO, 2005). Já em dados atuais oferecidos pela ABIAF, há um total de 153 empresas neste setor que permitem ao cliente possibilidade de se ajustar às variações do mercado, sem riscos, permitindo que o mesmo utilize espaços frigorificados para seus produtos, compatíveis com a realidade de determinado momento (PENTEADO JÚNIOR, 2008). Na Figura 3, abaixo, são demonstrados os locais de refrigeração, durante todo o processo de conservação da carne de frango para o congelamento. Em cada etapa do processo há um ponto de localização de equipamento para manter a carne de frango em temperaturas baixas. Figura 3: Pontos de Instalação de Equipamento de Refrigeração e Congelamento no Processo de Conservação da Carne de Frango Fonte: BUENO, 2008 25 3.4.1 Congelamento O emprego do congelamento para a preservação de alimentos foi notada pelos homens primitivos desde o período da pré-história. Estes findaram em reconhecer que em temperaturas climáticas baixas os alimentos perecíveis podiam ser mantidos por um longo período e com qualidade, praticamente, inalterada durante o tempo em que ficavam congelados (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). Sabe-se atualmente, que modificações estruturais nos diferentes componentes dos alimentos congelados, ocasionam mudanças sensoriais que diminuem a qualidade do produto final após esse processo (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). Os processos de conservação da carne de frango através do congelamento podem alterá-la fisicamente e modificar seus componentes, mesmo espaçando seu tempo de conservação e prolongando sua vida útil e de seus derivados. Na medida em que a temperatura é reduzida as reações físicas, químicas e bioquímicas que alteram estes produtos, passam a ocorrer em baixa velocidade, apesar de não serem completamente paralisadas mesmo quando o alimento é armazenado a – 30º C3 (VIEIRA, 2007). No processo de congelamento de alimentos há três etapas que merecem a atenção do profissional em alimentos que são o congelamento propriamente dito, a estocagem e o descongelamento. Estudos em relação aos métodos de congelamento têm sido realizados com a finalidade de minimizar as alterações químicas e físicas que são provocadas aos alimentos submetidos ao processo de congelamento, e principalmente, no que se refere às carnes. Como principal fator desses estudos tem-se a velocidade de congelamento influencia nas características do produto final (FUNCK, FRANCISCO, 2006), o que indiretamente requer conformidade da infraestrutura para o adequado acondicionamento. Na Figura 4 observa-se um exemplo de túnel de congelamento de frangos após o abate. 3 A esta temperatura parte dos microorganismos deterioradores deixa de se multiplicar, sendo que a maioria das bactérias e fungos não continuam a se desenvolver em -8Cº, e uma parte deles é destruída. 26 Figura 4: Túnel de Congelamento da Carne de Frango. Fonte: BUENO, 2008 São os congeladores que induzem o produto à temperatura esperada para o congelamento ideal da carne de frango, e esses podem ser classificados em cinco grupos: circulação forçada de ar, placas, criogênico, imersão e refrigerante líquido. Destes, os dois primeiros são os mais amplamente utilizados, seguidos pelo criogênico. O congelamento é realizado através de processo rápido, o que evita a formação de grandes cristais de gelo na carne de frango. O túnel de congelamento deve apresentar temperatura de -35° a -40°C , com tempo de retenção da maioria dos produtos de quatro horas, para que o produto atinja a temperatura de -18°C e seja bem conservado (GONÇALVES, 2008). Nos túneis de congelamento a temperatura constante é de -36ºC, e o processo de congelamento deve ser variante de acordo com produto que esta sendo congelado. Em relação à carne do frango, sabe-se que a peça inteira leva cerca de 10h para atingir a temperatura de 25ºC a -35ºC e sair do túnel de congelamento dentro do padrão para comercialização - pronto para receber sua embalagem final e seguir no processo. Já o túnel de congelamento de cortes e miúdos leva cerca de 15h para o congelamento dos produtos, e estes seguirem no processo (GONÇALVES, 2008). 27 Nas indústrias da modernidade os problemas nas variações de temperaturas das câmaras são observados cuidadosamente, pois podem repercutir na depreciação da qualidade dos produtos submetidos ao processo de congelamento. Em contrapartida, o descongelamento de alimentos torna-se importante pelo fato das diferenças existentes entre a forma como se processa o congelamento, a qual não é a mesma que ocorre no descongelamento. No decorrer do congelamento, a flora de microrganismos presente diminui espantosamente, podendo aumentar se a operação de descongelamento não foi realizada corretamente (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). As carnes congeladas são aquelas conservadas em temperaturas abaixo de seu ponto de congelamento (-1,5 °C), o qual é a forma de conservação, a longo prazo, que menos deprecia o valor nutritivo e a qualidade sensorial da carne “in natura”. A carne de frango congela-se dentro de uma grande variação de temperatura dependendo da concentração de sais e água em suspensão coloidal na célula. A carne magra, contendo em torno de 75% de água inicia seu congelamento a temperaturas inferiores a -1,5 °C. A -5 °C, aproximadamente 75% da água cristaliza-se, a -10 °C, cerca de 82%, a -20 °C, em torno de 85%, e a -30 °C, aproximadamente 87%. Cerca de 12% da água total encontra-se de tal forma ligada às proteínas que não se congelam, ainda que a temperaturas muito baixas (BASTOS, 2008). O congelamento não destrói completamente a microflora do produto, mas o número de células viáveis é reduzido durante o processo e armazenagem. As células que continuam viáveis após o congelamento vão, gradualmente, tornando-se inviáveis durante o armazenamento. O declínio no número viáveis de microrganismos é relativamente rápido a temperaturas abaixo do ponto de congelamento, mas é menor em temperaturas inferiores, sendo bastante lento a temperaturas menores que -20 °C (SARANTOPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001). O congelamento em corrente de ar (em túneis) é o método mais utilizado na indústria de carnes. A velocidade de congelamento, que pode ser rápida ou lenta, afeta as propriedades físicas e químicas da carne. Durante o congelamento lento, a temperatura do produto permanece próximo ao ponto de congelamento inicial durante bastante tempo. A velocidade de congelamento está em torno de 0,05ºC minuto-1. Já no congelamento rápido, a temperatura do produto cárneo a ser congelado cai rapidamente abaixo do ponto de congelamento inicial, causando menos efeitos prejudiciais do que o congelamento lento. A velocidade de congelamento está em torno de 0,5 ºC minuto-1 (ROÇA, 2000). 28 3.4.1.1 Influência do congelamento sobre a carne de frango A utilização de gelo, durante o processo de congelamento tem aspectos benéficos e prejudiciais à carne de frango. Dentre os benefícios incluem o fortalecimento das estruturas e a remoção da água livre. Em contrapartida os efeitos prejudiciais incluem as conseqüências da formação de cristais de gelo, como rompimento das estruturas celulares por perfurações, a desidratação parcial do tecido em contato com o cristal do gelo e a concentração dos reagentes (VIEIRA, 2007). Geralmente, a carne congelada possui como parâmetro de qualidade, o grau de desnaturação protéica que ocorre durante o armazenamento. A desnaturação de proteínas ocorre devido às condições do congelamento e descongelamento e oscilações na temperatura de armazenamento. Com a desnaturação, as proteínas perdem a capacidade de reter água, o que irá alterar a textura da carne após o descongelamento e suas propriedades funcionais, além de desidratação da superfície, oxidação de gordura e alterações na cor (SARANTOPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001). Outra desvantagem para a qualidade da carne de frango no processo de congelamento é a desidratação superficial ou queima pelo frio, que ocorre quando a carne perde a umidade para o ambiente de estocagem através da embalagem. Em resumo, os principais fatores pela queima são as oscilações de temperatura durante a estocagem e as diferentes etapas de distribuição que podem resultar no desenvolvimento de cristais de gelo na superfície dos produtos embalados em materiais impermeáveis ao vapor d’água quando há um descongelamento parcial ou total da carne de frango durante as flutuações de temperatura (VIEIRA, 2007). No que se refere à influência do processo de congelamento sobre microrganismos, sabe-se que a temperatura limite para o desenvolvimento de microrganismos em alimentos é de -5ºC a -8ºC, e de até 3ºC abaixo para as leveduras. Quando a temperatura utilizada para a estocagem de alimentos é em torno de -18ºC tem-se a garantia de que não haverá o crescimento de microrganismos, no entanto, são encontrados nas mesmas condições o Pseudomonas Sp e leveduras do tipo basidiomicetos, mas sem apresentar crescimento (VIEIRA, 2007; ARAÚJO, 2004). 29 3.4.1.2 Recristalização e perda de peso durante a estocagem Durante o processo de estocagem da carne de frango congelado dois aspectos são essenciais para a manutenção da qualidade desse alimento os quais são: a recristalização e a perda de peso. A recristalização consiste no crescimento dos cristais de gelo que sucede na estocagem de produtos congelados, quando há variações de temperatura nas câmaras, gerando a instabilidade e alterações da carne ainda na estocagem (PROVATTI, 2004). Em algumas situações, Bastos (2008) ressalta que a temperatura da superfície da carne de frango pode ser mais elevada do que a temperatura da câmara de estocagem, no momento de acondicionamento do frango resfriado no local referido, ocasionando, entre outros, alterações na qualidade desse alimento. 3.4.1.3 Descongelamento e "Drip" No descongelamento ocorrem modificações indesejáveis que podem prejudicar a qualidade da carne de frango, devido a reações químicas ou físicas, além das alterações que podem ser originadas pelo crescimento de microrganismos, principalmente se as práticas de descongelamento são infringidas. O padrão de descongelamento não é unicamente o inverso do congelamento e por isso torna-se fator de importante impacto no desencadeamento de alterações da carne de frango (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). A exposição do frango após o abate à temperatura superior a do congelamento é prejudicial aos alimentos, podendo ocorrer à recristalização, crescimento de microrganismos e reações químicas, repercutindo negativamente a qualidade do produto final (ARAÚJO, 2004). Durante o congelamento acontece a retirada de calor latente de cristalização através da camada de gelo que se acumula com o tempo, e ainda, através da diminuição da temperatura da carne de frango que está sendo congelada. Esse processo é rápido. Já o descongelamento envolve adição de calor latente de fusão através da camada de água congelada, que diminui com o tempo e com a diminuição da temperatura. O descongelamento ocorre mais lentamente que o congelamento (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). 30 O "drip" ocorre a partir de três efeitos principais identificados como a pressão interna do produto que são o efeito da formação de cristais de gelo no tecido e a remoção de água das células. A pressão interna surgem porque as camadas externas do alimento congelam-se antes que as camadas internas, formando uma película congelada na superfície da carne. O método de descongelamento assume fundamental importância naqueles produtos em que a textura é importante, tais como carne de frango (SOUZA-SOARES, SIEWERDT, 2005). Comercialmente, muitos alimentos congelados são descongelados antes da venda, objetivando serem vendidos como produtos frescos, ou para serem processados e congelados novamente. Esse procedimento pode ser realizado repetidas vezes, desde que ambos os processos sejam adequados. Repetidos processos de congelamento e descongelamento não provocam efeitos adversos na estrutura da carne, exceto quando este for realizado à temperatura ambiente durante 24 horas. Neste caso, é observada uma degradação extensa. O descongelamento não-controlado pode provocar condensação e crescimento de microrganismos, resultando em processos de decomposição, antes mesmo de o produto ser reprocessado ou novamente congelado (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). 3.4.1.4 Inovações tecnológicas no congelamento e descongelamento de alimentos: instalações frigoríficas Quando comparado o processo de conservação da carne de frango dos dias atuais com os métodos utilizados há trinta anos, observa-se o quanto se modernizou a utilização do maquinário para os procedimentos adequados ao congelamento e descongelamento desse produto e seus derivados afirmam Câmara e Nakazato (2001). Atualmente as instalações frigoríficas das empresas desse setor são constituídas de antecâmaras, câmaras de resfriamento, câmaras ou túnel de congelamento rápido, câmaras de estocagem e sala de máquinas. A Tabela 4 apresenta os valores de temperatura das salas e câmaras climatizadas e dos produtos, preconizado pela portaria número 210 de 1998 do MAPA. Em relação ao túnel de congelamento, na portaria supracitada, não foi relatado o valor recomendado para a temperatura do ar e do produto (ROÇA, 2000). 31 Tabela 4: Temperatura recomendada das salas e câmaras Sala de corte e embalagem (ºC) Sala de tempero (ºC) - 7 7 -30 12 12 Túnel de Câmara de congelamento congelamento (ºC) (ºC) Temperatura normatizada (ºC) Câmara de resfriamento (ºC) Produto na intimidade muscular -1 a 4 (+1) -12 (+2) Ar 0 a 4 (+1) -18 Fonte: ROÇA, 2000 adaptado da Portaria 210/1998/MAPA Na conservação da carne de frango, o processo de congelamento é um instrumento fundamental e praticamente um recurso natural para impedir o desenvolvimento de microorganismos nocivos, adiar reações químicas indesejáveis, conservar a estrutura física inalterada, permitir o transporte a regiões distantes e garantir a higiene sanitária na manipulação de alimentos. Afirma Riekes (2004), de acordo com o esclarecido que a redução da temperatura prolonga o tempo de armazenamento e a vida útil da carne de frango, retardando a multiplicação microbiana. Os métodos de congelamento e descongelamento da carne de frango objetivam minimizar os prejuízos decorrentes da constituição de cristais de gelo, perda de peso na estocagem e exsudação de água e nutrientes no descongelamento. No congelamento, o uso de elevadas pressões promove um rápido e uniforme crescimento dos cristais de gelo em todo o alimento que está sendo congelado (COLLA, PRENTICE-HERNANDEZ, 2003). 3.4.2 Armazenagem Armazenagem é a atividade que permite manter bens materiais, secos ou refrigerados, em instalações adequadas, podendo ser alfandegada, no caso de bens e materiais com origem ou destino no exterior, ou não alfandegado, no caso de bens com origem e destino no território nacional. As condições para um serviço de armazenagem eficiente devem (BORRÉ; AGITO, 2005): 32 • Dispor de instalações adequadas para o exercício da atividade de armazenagem: a) de acordo com a legislação e com as regras das entidades legais (Corpo de Bombeiros, Vigilância sanitária, entre outros); b) em condições de atender às necessidades dos clientes, em termos de docas de recebimento e expedição, de equipamento de movimentação, de sistemas de estantes ou áreas convenientes quando não for necessárias estantes, climatização quando necessário, entre outras. • Dispor de sistema de administração de armazéns adequado a cada caso, incluindo, quando necessário, sistemas de impressão e leitura de códigos de barra e de rádio freqüência; • Ser capaz de controlar e responsabilizar-se pelas avarias: a) realizar o controle de qualidade adequado, na entrada dos bens e materiais armazenados, quando necessário; b) possuir apólices de seguro para as instalações e para os bens materiais; c) emitir a documentação de despacho, de acordo com a legislação; • Executar unitização (paletização e conteinerização), quando necessário. O tempo de retenção da carne de frango para resfriamento, no túnel de congelamento, é de 1,5 horas e após esse período é mantida na câmara de resfriamento, tendo como prazo de validade de 07 dias. Esse produto quando submetido ao congelamento fica no túnel por um período aproximado de 12 horas e após é armazenado na câmara de estocagem. O prazo de validade desse produto congelado é de 180 dias. O armazenamento e a disposição da carne de frango congelada dentro da câmara de resfriamento como mostra a figura 5 são realizados segundo a recomendação de boas práticas de armazenamento4, onde o produto que entra primeiro sai primeiro (BUENO, 2008). 4 Em logística esse processo de armazenamento e estocagem denomina-se FIFO, first in, first out. 33 Figura 5: Exemplo de Armazenagem na Câmara de Resfriamento. Fonte: GONÇALVES, 2008. 3.5 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE CONSERVAÇÃO NA MULTIPLICAÇÃO DE MICROORGANISMOS NA CARNE DE FRANGO CONGELADA O controle sobre a multiplicação de microorganismos que se desenvolvem em carnes pode ser mantido se a temperatura de conservação for administrada adequadamente, afirma Brasileiro, Oliveira, Passos e Santos (2008). É ela que define a quantidade de microorganismos que será alterado, e também influencia a natureza da microbiota que se tornará dominante no produto. As baixas temperaturas selecionam principalmente os organismos do tipo psicrotróficos os quais apresentam ação direta e mais importante na deterioração da carne (BRASILEIRO, OLIVEIRA, PASSOS, SANTOS, 2008). A temperatura influencia a propagação bacteriana na carne de frango (FIGUEIREDO, MELO, OLIVEIRA, NASCIF JÚNIOR, 2006) e acompanhado a isso, a falta de controle da temperatura de conservação dos alimentos perecíveis acarreta não só importante perda econômica e nutricional, como também compromete a segurança sanitária e altera as características sensoriais dos alimentos (LIMA, 2005; GÓES, SILVA, FRACALOSSI, KUWANO, 2004). 34 A temperatura e a umidade da superfície da carne e do ar podem favorecer o crescimento de microrganismos causadores da mucosidade ou limo superficial. A adulteração desse alimento pode ter como responsáveis espécies do gênero Pseudomonas spp., Achromobacter spp., Leuconostoc spp., Streptococcus spp., Micrococcus spp., Bacillus spp. e alguns Lactobacillus spp. , entre outros. As bactérias aeróbias mesófilas são constituídas por espécies de Enterobacteriaceae, Bacillus spp., Clostridium spp., Corynebacterium spp. e Streptococcus spp (BUENO, 2008). O grande número de microorganismos indica matéria prima demasiadamente contaminada, inadequação na higiene e desinfecção de superfícies e inadequação no processo de acondicionamento, além de condições inapropriadas de tempo e temperatura durante a produção ou conservação da carne de frango. Superfícies e equipamentos inadequadamente limpos, usados no corte e desossa, podem representar fonte de microrganismos deteriorantes (BUENO, 2008). A bactéria Escherichia coli, juntamente com os gêneros Enterobacter spp.,Citrobacter spp. e Klebsiella spp., formam o grupo de coliformes. O índice de coliformes totais é utilizado para avaliar as condições higiênicas, sendo que altas contagens significam contaminação pósprocessamento, limpezas e sanificações deficientes, tratamentos térmicos ineficientes ou propagação durante o processamento ou estocagem (NOBRE, GOMES, COELHO, SILVA, CEDRO, SOUZA, CALIXTO, CURVELLO, 2005). O agronegócio avícola têm sido alvo de vigilância em relação aos seus processos de industrialização da carne de frango e derivados devido a grande freqüência com que ocorre a contaminação bacteriológica e como esse produto torna-se veículo de transmissão de surtos de doenças alimentares. Os casos de toxinfecções alimentares causados por Salmonella spp. aumentaram a partir da década de 80 e tal fato foi atribuído ao aumento do consumo de ovos e subprodutos avícolas contaminados por Salmonella enteritidis (MENNUCCI, 2006). Segundo a Portaria nº46/Brasil, 1998, do MAPA, determina que no local de estocagem de carne de frango congelado deve-se planejar como esse será organizado e como pode-se facilitar a inspeção visual, e também as possíveis flutuações de temperatura que possam acarretar prejuízos a sua qualidade. Um pré-requisito a ser considerado é a implantação do plano de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) com calibração periódica dos instrumentos de controle de temperatura, peso e outros parâmetros relacionados com os padrões de identidade e qualidade dos alimentos (RIBEIRO, ABREU, 2006). É importante que durante a estocagem frigorificada, a manutenção da temperatura adequada no interior da 35 câmara sem muitas oscilações é fator essencial para evitar a formação de bolsões quentes no interior da mesma. Uma medida importante é evitar nas câmaras um empilhamento exagerado da carne de frango congelado embalada em caixas, de maneira que o peso seja superior à resistência mecânica das caixas, e evitando o esmagamento do produto. Por isso a prática de armazenamento FIFO é utilizada, evitando que produtos armazenados anteriormente permaneçam no estoque e cheguem a vencer o prazo de validade dentro da câmara. A oscilação da temperatura leva a exsudação que deixa a carne de frango pouco suculenta quando preparada, além do aumento da temperatura possibilitar o desenvolvimento de microrganismos (BUENO, 2008). As variações de temperatura dentro de uma câmara podem ser evitadas através de emprego de isolamento adequado, termostatos calibrados e apropriados, empilhamento apropriado das embalagens na câmara, circulação adequada do ar e supervisão de armazenamento. A utilização de proteção nas portas das câmaras frias, como cortinas, pode reduzir a carga térmica em até 80%, com a utilização de portas tipo impacto, e de 60% a 80% com a utilização de cortinas de ar verticais. Os principais fatores que afetam os custos de resfriamento, encontram-se na quantidade de horas de operação, na temperatura do meio de resfriamento, e nos tipos de embalagem, entre outros (BUENO, 2008). 3.5.1 Temperatura de conservação da carne de frango versus contaminação bacteriana A carne de frango armazenada em temperaturas ideais para congelamento terá o prazo de vida comercial variando em função das condições técnicas de sua obtenção e das temperaturas em que são mantidas. Os limites das temperaturas para desenvolvimento de microrganismos não são absolutamente exatos, no entanto se as temperaturas mínimas se localizarem entre 10º e 5º o crescimento bacteriano será inevitável (VARGAS, 2007). A seguir observa-se a que temperatura podem surgir o desenvolvimento bacteriano na carne de frango estocada no congelamento: • Salmonella spp.: 5 °C; • Staphylococcus aureus: 6 °C (crescimento), 10 °C (produção de toxina); • Clostridium perfrigens: 6,5 °C; 36 • Clostridium botulinum: 10 °C. Um aumento da temperatura, ainda que por tempo limitado, pode ser suficiente para população microbiana aumentar. Havendo uma sucessão de pequenas interrupções do frio poderá encurtar o prazo de validade esperado para um determinado produto. Grandes flutuações de temperatura poderão resultar na condensação de água sobre a superfície da carne de frango, o que favorece o crescimento de fungos e desenvolvimento de doenças. Normalmente, as carcaças contaminadas com Salmonella spp apresentam pequeno número de bactérias, no entanto se a temperatura ultrapassar o valor recomendado pode ocorrer como conseqüência uma intensa multiplicação (BUENO, 2008). A Salmonella spp em carne de frango é destruída mais rapidamente em temperaturas entre -2° e -5 ºC. O sistema de produção e abate de frangos favorece a presença de Salmonella ssp. no produto final. O congelamento da carcaça tende a reduzir ou retardar a sobrevivência de enterobactérias. No Brasil, as carcaças de frango o percentual de carcaças de frango congeladas contaminadas por Salmonella spp. é elevado. Santos, Berchieri Júnior, Fernandes, Tavechio e Amaral (2000) analisaram carcaças de frango congeladas para pesquisa de Salmonella ssp. e observaram um percentual de 32% de contaminação. Este estudo indicou que a carcaça de frango, mesmo congelada, pode veicular esta bactéria para seres humanos. De modo geral, os produtos cárneos congelados possuem como parâmetro de qualidade, o grau de desnaturação protéica que ocorre durante o armazenamento. A desnaturação de proteínas ocorre devido às condições de congelamento e descongelamento e oscilações na temperatura de armazenamento. Com a desnaturação, às proteínas perdem a capacidade de reter água, o que irá alterar a textura da carne após o descongelamento e suas propriedades funcionais (BUENO, 2008). A carne congelada é influenciada pelo processamento, material de embalagem, velocidade de congelamento e condições de armazenamento como temperatura, tempo e luz. Flutuações de temperatura também podem comprometer a cor da superfície de carne de aves rapidamente congeladas (SARANTOPOULOS, OLIVEIRA, CANAVESI, 2001). 3.5.2 Métodos de controle de microorganismos na carne de frango Atualmente utiliza-se o frio como uma das mais eficazes maneiras de armazenar a carne de frango e por esse fato essa técnica de conservação apresenta grande expansão. 37 Evidencia-se que o frio nesse processo é um dos métodos mais seguros e confiáveis de preservação dos alimentos. Ressalta Silveira, Silva, Martins e Tancredi (2006) que a garantia da qualidade higiênico-sanitária da carne de frango, entre outras, tem como um de seus critérios a manutenção da temperatura de exposição do produto através da utilização do frio. A emprego do frio pode ocorrer através de duas formas: a refrigeração e o congelamento. O efeito conservador do frio baseia-se na inibição total ou parcial dos agentes responsáveis pela adulteração dos alimentos, que são o crescimento e a atividade dos microorganismos e as atividades metabólicas dos tecidos animais após o sacrifício. Os efeitos letais do frio dependerão do microrganismo considerado, da forma e das condições de tempo e temperatura de armazenamento (ORDÓÑEZ, 2005). Afirma Brasileiro et al 2008 que os microrganismos podem estar presentes em uma determinada amostra de nas formas: inviabilizados5, injúria sub-letal6 e viáveis. As alterações podem ocorrer devido a tratamento com altas temperaturas ou ainda, com congelamento e resfriamento. Segundo Vieira (2007), o congelamento de amostras pode intervir na recuperação e contagem de colônias de salmonelas, influenciando na identificação da real contaminação. Alterações de carga microbiológica total de uma amostra submetida a algum processo térmico podem ser estimadas com a utilização de métodos quantitativos. Na Tabela abaixo estão apresentadas as contagens de microrganismos inicialmente presentes na carne obtida e após ficarem congeladas por sete semanas (BRASILEIRO, OLIVEIRA, PASSOS, SANTOS, 2008). A redução da concentração de salmonelas em carne de frango foi também verificada pelo trabalho de Vieira, Capacle e Belik (2006) que congelou amostras de carne de frango por 1, 3 e 7 dias a -20º C, porém a bactéria utilizada no trabalho dos autores foi a S. enteridis. Souza (2007) e Figueiredo,Melo, Oliveira e Nascif Júnior (2006) avaliaram frangos de diversas formas de comercialização nos mercados de Salvador e Franca (SP), e verificaram que as amostras congeladas foram as que apresentaram as menores contagens de salmonelas, concluindo que foi a melhor forma de conservação deste alimento disponível no mercado. O descongelamento é a etapa onde os alimentos transpõem da temperatura de congelamento para até 4ºC sob refrigeração, ou em condições controladas. Segundo Pires e Silva (2006) a utilização de temperaturas de descongelamento baixas significa maior segurança microbiológica no processo não alterando seu valor nutricional. O manual da ABERC (2003) regulamenta que: 5 6 Injúria letal e inabilidade de crescimento. Hábil para reparar seu crescimento sob condições estáveis. 38 Um descongelamento seguro deve ser feito em câmara fria ou geladeira a 4º C, em forno de convecção ou microondas, em água com temperatura inferior a 21º C por 4 horas ou, ainda, em temperatura ambiente desde que em local seguro livre de vento, pó, excesso de pessoas, utensílios e deve ter sua temperatura monitorada não ultrapassando de 3 a 4º C, quando então o descongelamento deve ser continuado em geladeira a 4º C. Após o descongelamento, a carne deve ser mantida em geladeira a 4º C e ser consumida em até 48 horas. A velocidade do descongelamento interfere na qualidade da carne. Quando este é realizado de maneira rápida, a absorção de líquido extravasado pelos tecidos não acontece resultando em grande perda de líquido. Por estes motivos, Ordóñez (2005) se posiciona contrário ao recongelamento da carne de frango após o descongelamento que geralmente ocorre na etapa de armazenagem em supermercados ou domestica, tornando-se um ato inviável. 3.6 COMERCIALIZAÇÕES DA CARNE DE FRANGO CONGELADA Diante de uma situação conjuntural de mercado favorável sob quase todos os aspectos para a exportação de produtos avícolas, tendo em vista o faturamento recorde de 3,5 bilhões de dólares pelo setor em 2005, exportando para mais de 140 países, e um aumento do volume exportado de 18%, o setor se vê diante de um momento estratégico único. A extenuante quantidade de exigências de natureza técnica, comercial, étnica e/ou social, através do comportamento de mercado dos países importadores e dos clientes, faz com que a conquista de novos mercados seja cada vez mais fruto da ação proativa das organizações mais capacitadas na interpretação, aplicação e evidenciação de conformidade às exigências estabelecidas (FRANÇA, 2006). A capacidade de adequação do setor às barreiras técnicas impostas aumenta sua competitividade no âmbito nacional e internacional, permitindo às empresas a aplicação dos sistemas de qualidade como ferramentas de melhoria de competitividade e rentabilidade, potencializando o desenvolvimento tecnológico dos estados produtores e exportadores. Afirma França (2006) que: “a força da regionalização na avicultura exige maior verticalização da cadeia avícola pelas empresas em volume produtivo ou de exportação, onde se desenvolva uma estratégia que permita negociar maiores volumes, introduzir uma marca própria no mercado externo com excelência em qualidade do produto, na proporção de participação que o mix produtivo de cada empresa possa permitir (FRANÇA, 2006). 39 No agronegócio nacional, o grau de articulação entre os distintos elos do complexo agroindustrial avícola de corte é um dos mais elevados. Sob a coordenação das agroindústrias de abate e processamento, este circuito de produção agroindustrial alcançou elevados patamares de desenvolvimento nos últimos 30 anos, permitindo que o produto frango (carne e derivados) se incorporasse ao hábito alimentar de grande parcela da população (MARTINELLI; SOUZA, 2005). Os fatores relevantes para competitividade do setor do agronegócio da carne de frango e um impulso nas vendas deste produto são: preço, qualidade, sanidade dos produtos e a capacidade de adaptação do subsistema produtivo às exigências dos diferentes segmentos de consumidores no mercado internacional. Martinelli e Souza (2005) afirmam que estes fatores estão relacionados, em parte, ao grau de coordenação da cadeia agroindustrial, a uma forte estrutura contratual, que viabiliza a obtenção regular e padronizada de matéria-prima e permite planejar as exportações com antecedência e executá-las com eficiência. Esse impulso nas vendas externas serviu para alavancar o desenvolvimento de toda a cadeia logística e de suprimentos e, por conseqüência, a indústria de refrigeração voltada à conservação da carne de frango congelada exigida pelo mercado de alimentos. No entanto, o mercado interno também deu sua contribuição, uma vez que o processador ou fornecedor está mais atento aos anseios, exigências e à conscientização do consumidor (ABEF, 2007). Os entraves decorrentes das políticas protecionistas praticadas pelos países podem ser resumidas em três grupos mais comuns (ABEF, 2007): • Barreiras tarifárias (tarifas de importação, novas taxas e valoração aduaneira); • Barreiras não-tarifárias (Imposição de quotas, restrições quantitativas, licenciamento de importações, procedimentos alfandegários, medidas antidumping e compensatórias); • Barreiras técnicas (normas e regulamentos técnicos, regulamentos sanitários, fitossanitários e de saúde animal). 3.6.1 Mercado interno da carne de frango congelada O consumo interno de carne de frango tem apresentado tendência favorável ao crescimento devido aos atributos de carne saudável, baixo preço e aumento da 40 comercialização de derivados prontos para o consumo (TALAMINI, MARTINS; NOVAES, 2005). A carne de frango é a segunda carne mais consumida no Brasil e a segunda mais produzida no mundo. Seu consumo per capita aumentou da década de 80 até os dias atuais. No Brasil é comercializada na forma de carcaças e cortes frescos ou congelados (MENNUCCI, 2006). A carência de proteína animal, em grande parte da população mundial, tem forçado um estímulo cada vez maior às especializações e à adoção de determinadas tecnologias, no sentido de se conseguir uma máxima produção, com menor custo, em menor tempo, na menor área possível. Diante desse contexto, a avicultura engloba-se perfeitamente como atividade produtora de proteína animal, sendo as aves uma das espécies zootécnicas mais eficientes em transformar alimentos vegetais em alimentos de alto valor protéico para o homem (MORO; FIGUEREDO; SILVA, 2005). O frango industrial é definido pelo Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), como sendo a ave criada pelas granjas comerciais por um modelo consagrado de manejo, que lança mão de antibióticos e promotores de crescimento para obter altos índices de produtividade. O abate de frangos deste tipo ocorre entre o 42° e 45° dia e os frangos pesam cerca de 2,5 kg (UBA, 2008). O modelo de produção industrial requer hoje conhecimentos e investimentos nas mais diversas áreas que compõem a avicultura (nutrição, genética, sanidade, ambiência e tecnologia de abate). O saldo para produção de frangos de corte foi negativo em relação à quantidade de reais investidos para a quantidade de kg de frango produzido no ano de 2007. Desta forma, torna-se necessário utilizar meios que reduzam o custo na produção e no abate do frango de corte mantendo a qualidade do produto. Um destes meios é o uso racional e a conservação de energia elétrica desde a produção até o abate. Na literatura há carência de trabalhos que diagnostiquem o uso de energia em frigoríficos de frangos de corte e consequentemente faltam formas de se implementar um uso racional e diminuindo o consumo de custo de energia elétrica (UBA/ABEF, 2007). A produção nacional de carne de frango tem sido crescente. Se não fosse assim, o Brasil não poderia se tornar o maior exportador mundial. No ano de 2007, cresceu 10,2%, com produção correspondente a 951 mil toneladas. A distribuição do abate, como se constata na Tabela 5, é quase uniforme, com um acréscimo nos últimos meses do ano, por conta da demanda das festas do final do ano. 41 Tabela 5: Produção mensal de carne de frango no Brasil em mil toneladas (2004 – 2007) Mês 2004 2005 2006 2007 Janeiro 674,1 742,8 856,8 828,9 Fevereiro 631,0 667,8 755,4 749,8 Março 691,1 750,6 814,9 843,7 Abril 686,4 739,5 708,7 835,3 Maio 700,8 763,7 707,1 859,7 Junho 675,5 755,3 727,2 851,6 Julho 720,1 797,4 802,2 872,6 Agosto 695,6 803,9 764,4 871,8 Setembro 694,5 786,3 777,3 866,9 Outubro 729,1 830,1 797,5 891,4 Novembro 720,5 827,1 790,7 887,9 Dezembro 788,7 883,6 851,4 945,5 TOTAL 8.408,50 9.348,20 9.353,70 10.305,10 Fonte: UBA, 2008 3.6.2 Mercado externo da carne de frango congelada As vendas para o mercado externo da carne de frango brasileira, em 2003, tenderam a ser relativamente concentradas, como mostra a Figura 6, apesar de o conjunto de países importadores ser de aproximadamente 120. Entretanto, as exportações mais importantes da produção de carne de frango foram efetuadas pela Arábia Saudita, com 15% do total, em seguida aparecem Honk Kong, Japão e Rússia, com 10% cada. Esses quatros países consumiram o total de 45% de todas as exportações brasileiras. A receita brasileira total com exportações foi de US$ 1,8 bilhões, em 2003 (TRICHES, SIMAN, CALDART, 2004). 42 Figura 6: Destino das Exportações Brasileiras de Carne de Frango, em 2003. Fonte: TRICHES, SIMAN, CALDART, 2004 Relata Triches et al (2004) que em 2003 houve uma clara tendência de um maior crescimento no volume das exportações brasileiras, em função do reflexo do surgimento da doença conhecida com influenza ou gripe aviária, na produção de frango, em alguns países asiáticos e nos Estados Unidos. Tal obstáculo tendeu a contrair as exportações desses países, bem como o seu consumo doméstico. Ressaltou-se ainda que os resultados das exportações brasileiras de frango poderiam ter sido melhores, se não houvesse as barreiras protecionistas impostas pela União Européia, cuja sobretaxa oscila na faixa de 15% a 75% (TRICHES, SIMAN, CALDART, 2004). . A participação competitiva no comércio internacional de alimentos exige a adequação de produtos e processos, de acordo com normas específicas. Quando um país exige uma determinada certificação na área alimentar muitas vezes isto é visto como uma barreira sanitária, porém, é uma forma do país garantir a segurança dos alimentos oferecidos à sua população (UBA, 2008). Existem exigências formais que devem ser cumpridas e destacadas no certificado sanitário emitido pelo MAPA, quando do embarque de um produto de origem animal, em conformidade às características dos acordos técnico-comerciais estabelecidos com os países importadores, constituídos pelos regulamentos, de cumprimento compulsório à habilitação ao mercado destino FIFO (TRICHES, SIMAN, CALDART, 2004). . 43 Os processos de auditoria de qualidade nas empresas produtoras ou que pretendam fornecer produtos, buscando evidenciar a conformidade em produzir alimentos seguros para seus clientes, com continuidade de propósitos. Esses processos são conduzidos pelos principais players nos mercados de maior valor agregado. No entanto por estarem ligados à empresa no Brasil que criou, abateu e industrializou este frango, os clientes monitoram o cumprimento de todos os acordos, na quantidade, na apresentação e na qualidade combinados. Freqüentemente estão no Brasil para inspecionar a criação, apanha, abate e transporte do produto final pelos frigoríficos brasileiros (FRANÇA, 2006). As empresas que não têm a inovação tecnológica como prioridade, sendo ou não cooperativas, caso queiram participar deste mercado, estão em desvantagem, uma vez que o tempo de resposta no incremento das imposições pelas barreiras técnicas é relativamente mais longo, pelo fato de que não atuam de modo massivo nestes mercados, comprometendo sua competitividade; ou ainda, quando comparadas à atuação das empresas líderes na exportação de carne de frango (FRANÇA, 2006). A partir dos lucros advindos do mercado Internacional, a produção de carne de frango de corte tem crescido de forma bastante significativa nos últimos anos no Brasil, que atingiu o lugar no ranking mundial de segundo maior produtor e exportador de carne de aves do mundo (UBA, 2008). Segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF), até junho de 2008 foi embarcado 1,8 milhão de toneladas de carne de frango, correspondendo a um crescimento de 19% quando comparado ao mesmo período no ano anterior. A receita final cresceu aproximadamente 58% na mesma comparação, totalizando US$ 3,4 bilhões (ABEF, 2005). Com o aumento das exportações, os clientes estrangeiros, cada vez mais estão exigindo qualidade e inocuidade da carne de frango, buscando informações a respeito de novos produtos (derivados), quais técnicas de tratamento desde a produção, abate e industrialização (congelamento e resfriamento). São exigidos também selos de qualidade, data de validade e suas características organolépticas (cor, cheiro e textura) certificados pela legislação brasileira em toda a cadeia do agronegócio (inclui procedimentos de campo, de abate e de processamento, rotulagem, diagnóstico e certificação de produtos), a fim de evitar a transmissão da salmonela para outros animais e seres humanos7 (BRASILEIRO, OLIVEIRA, PASSOS, SANTOS, 2008). 7 Segundo a ANVISA, os alimentos de origem avícola devem apresentar ausência de Salmonella sp em 25 gramas de produtos. 44 Para Brasileiro, Oliveira, Passos e Santos (2008), o diferencial competitivo da cadeia avícola é influenciado por estes aspectos, caracterizando como estratégico a interpretação de normas e certificações. O cumprimento dos regulamentos de habilitação e certificação de qualidade é um diferencial competitivo na exportação de carne de frango, porém a capacidade de interpretação, desdobramento e aplicação de possíveis normas técnicas, no menor espaço de tempo pelas empresas, torna estas mais competitivas, potencializando a fidelidade pelo cliente, através da credibilidade oportunizada pela empresa fornecedora (FRANÇA, 2006). A certificação Euro Retailer Produce Working Group (EUREPGAP), criada em 1996, na Alemanha, engloba as Boas Práticas Agrícolas (BPA), focando a eficiência no agronegócio da carne de frango, na preservação ambiental e na segurança do trabalhador na cadeia de produção primária e industrial (JESUS JÚNIOR, PAULA, ORMOND, BRAGA, 2007). As auditorias de certificação para cumprimento dos requisitos de uma determinada norma são realizadas por instituições de terceira parte, as certificadoras. As Instituições Certificadoras são zeladas no Brasil pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que através do reconhecimento pelas mais significativas instituições de metrologia mundial nos sistemas de credenciamento colaboram para facilitar as exportações brasileiras (FRANÇA, 2006). A opção da empresa por atuar em determinados mercados que exijam o cumprimento de normas deve ser baseada em fatores determinantes sob o ponto de vista comercial, e executáveis sob o ponto de vista da produção e do processamento. Tomando por base que o estado do Paraná possui o maior número de frigoríficos com habilitação para exportação (UBA, 2008); e que, de acordo com o IPARDES (2002) o setor detinha cerca de 3% de todo emprego industrial do estado, superando a indústria automobilística, é relevante estudar de que modo as barreiras tecnológicas podem interferir no desempenho da avicultura de corte dos principais estados produtores. Saber quais exigências técnicas potencializa a competitividade das empresas, e como estas influenciam na participação das empresas em mercados de consumo de relevância é condição imperativa para melhorar o desempenho (FRANÇA, 2006). Grandes modificações ocorreram no que se refere a produção de carne de frango no Brasil nas últimas duas décadas. Diante destas, em 2004, o país atingiu a posição de maior exportador de carne de frango do mundo. Em conseqüência, as exportações brasileiras procuram atingir a qualidade de todo o sistema, em função da competitividade do mercado (LIMA, 2005). 45 Fazem parte da realidade de alguns frigoríficos, a implantação de Programas de “qualidade total” e obtenção de certificado ISO 9000. Portanto, itens com atributos de qualidade, correspondentes ao enfoque da segurança alimentar, dão a garantia de que estes produtos avícolas permaneçam livres de contaminantes de natureza química8, biológicas 9 e físicas10. Para alcançar este objetivo comum, todos os agentes envolvidos no agronegócio da carne de frango, devem estar atentos aos pontos críticos de controle, demandando uma visão sistêmica do processo para a obtenção da qualidade exigida pelos consumidores (LIMA, 2005). Em relação ao mercado internacional, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de frangos, precedido pelos Estados Unidos e pela China e é o quarto consumidor, pois a União Européia consome mais que o Brasil, além dos já citados (RODRIGHERI, 2008). Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – United States Department of Agriculture (USDA), o Brasil manteria a primeira posição de país exportador em 2007 suplantando os Estados Unidos em 18% e crescendo 10%. Pode-se observar na Tabela 6 os maiores mercados, ou seja, os maiores importadores são alguns países que já importam do Brasil (Rússia, Japão, União Européia, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes e Hong Kong), outros que não importam como o México, e ainda a China que, por enquanto, importa pouco do Brasil, mas tem grande potencial. Pelas previsões do USDA, em 2007, o mercado internacional de frangos cresceria 6,7%, ou seja, abaixo do crescimento das exportações brasileiras (RODRIGHERI, 2008; CUNHA FILHO, 2005). 8 Contaminantes de natureza química são pesticidas, antibióticos. Contaminante de natureza biológica são os organismos patogênicos como 10 Contaminante de natureza física são materiais plásticos , metais e pedras. 9 46 Tabela 6: Principais países do mercado de carne de frango em mil toneladas (2006 – 2007) País Produtor Consumidor Importador Exportador 2006 2007 2006 2007 2006 2007 2006 2007 USA 16.211 16.558 13.624 13.892 28 27 2.618 2.722 China 11.500 12.500 11.624 12.700 482 600 358 390 Brasil 10.305 10.895 7.384 7.680 - - 2.922 3.215 EU 8.111 8.200 8.128 8.230 640 650 623 620 México 2.730 2.825 3.146 3.213 400 400 - - Índia 2.300 2.600 2.300 2.600 - - - - Argentina 1.280 1.380 1.226 1.306 - - 59 80 Japão 1.241 1.235 1.936 1.927 696 690 - - Rússia 1.350 1.485 2.581 2.724 1.222 1.240 - - Canadá - - - - - - 139 140 Irã 1.153 1.153 1.194 1.181 - - - - Tailândia 1.050 1.150 - - - - 297 320 A. Saudita - - - - 470 490 - - TOTAL 57.231 59.981 53.143 55.453 3.938 4.097 7.016 7.487 Fonte: RODRIGHERI, 2008 Um ponto essencial para o bom direcionamento dos negócios brasileiros, da carne de frango, junto a outros países é a inexistência de barreiras sanitárias em países de outros continentes. Segundo Baasch e Lopes (2004): "De modo geral, o Brasil vem conseguindo vencer as barreiras sanitárias impostas por países compradores, por ter as áreas produtoras voltadas ao mercado externo livres de febre aftosa e vaca louca (bovinocultura), peste suína clássica e mal de Aujeszky (suinocultura) e influenza aviária (avicultura)” (BAASCH; LOPES 2004). 47 3.7. NORMAS TÉCNICAS E LEGISLAÇÃO VIGENTE PARA A COMERCIALIZAÇÃO DA CARNE DE FRANGO NO BRASIL A Portaria n° 210 de 10 de novembro de 1998 (MAPA), determina entre outros o “Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e Higiênico-Sanitária de Carne de Aves” (Anexo A). 3.8 EXIGÊNCIAS TÉCNICAS PARA PREVENÇÃO MICROBIOLÓGICA DA CARNE DE FRANGO DA CONTAMINAÇÃO A etapa de criação do frango de corte compõe um elo importante do core business da agroindústria da carne de frango paranaense em função da especificidade dos ativos utilizados no sistema produtivo. Os frangos utilizados exigem uma rigorosa conformação nas condições sanitárias de criação, engorda e abate para viabilizar a exploração econômica. Para tanto, é necessário que nas etapas de criação e engorda os aviários estejam isolados de outros animais, principalmente de outras aves, de aglomerados humanos e tráfego de veículos (IPARDES, 2002). Essas exigências se fazem necessárias porque qualquer contaminação por bactérias pode ocasionar, na pior das hipóteses, elevado nível de mortalidade, ou então provocar a redução da conversão alimentar, fato este que inviabilizaria o lote de produção. Dessa forma, a especificidade do ativo (frango de corte) proporciona elevado nível de risco para os agentes envolvidos (IPARDES, 2002). Para a empresa frigorífica, o risco está associado aos problemas de eficiência, ou até à interrupção no fluxo de abate e processamento, ou perda da qualidade da matéria-prima. Os aspectos relacionados a embalagens são considerados de forma distinta pelas firmas. As empresas que possuem como estratégia a diferenciação dos produtos e fidelização do consumidor investem no desenvolvimento de embalagens para estes fins. Já as que atuam em mercados em que o preço é o principal aspecto a ser considerado pelos consumidores, a estratégia busca a minimização dos custos de produção. Desta forma, as embalagens não são consideradas como um item relevante a ser continuamente desenvolvido (IPARDES, 2002). 48 4. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa desenvolvida nesse estudo é do tipo não experimental, onde foi realizado o registro de dados secundários, analisados e correlacionados os fatos, sem haver a manipulação direta dos dados coletados ou interferência na realidade dos mesmos. Para desenvolvimento do presente estudo foram utilizados os seguintes métodos: • Pesquisa bibliográfica onde foram analisados dados secundários em artigos específicos dos últimos dez anos, com descritores sobre avicultura, carne de frango congelada, processo de cadeia de frio, normas técnicas, comercialização da carne de frango, entre outros. Também foram analisados livros, monografias e outras fontes sobre o assunto, criando embasamento conceitual para análise de dados obtidos e redação do trabalho. Os dados utilizados para elaboração da pesquisa foram obtidos de documentos disponibilizados em sites especializados e fornecidos por instituições oficiais; • Redação da monografia realizada utilizando computadores, impressoras e programas de Microsoft Word. 49 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante das evidências apresentadas neste estudo em relação à cadeia produtiva do frango brasileiro em 2006, tanto nos segmentos da produção como nos dos mercado nacional e internacional, acredita-se que a tendência quanto a expansão deste agronegócio seja positiva. A principal preocupação é representada pelo risco da ocorrência de problemas na área de sanidade animal, que podem originar barreiras ao comércio internacional. Os envolvidos na cadeia produtiva da carne de frango estão implementado ações para evitar a contaminação da avicultura brasileira a partir de iniciativas integralizadas às exigências internacionais, como a regionalização das áreas de produção, a redução dos riscos e melhoria nos padrões de segurança sanitária das criações do país. Ainda que as empresas do setor avícola apresentem atuação satisfatória no que se refere a industrialização e comercialização da carne de frango congelada, há firme inquietação em relação à manutenção desses indicadores. Os entraves deste setor estão evidentes nos investimentos, na capacitação tecnológica importada de fornecedores e no seguimento de padrões de implantação do processo que envolve principalmente os métodos de conservação da carne de frango para a comercialização no mercado nacional e internacional, sem que esse produto apresente qualquer alteração a respeito a sua qualidade e sanidade. Os principais obstáculos ao avanço tecnológico na agroindústria da carne de frango registrado na literatura utilizada nesse estudo, em ordem de importância são: dificuldade de acesso a institutos financeiros, instabilidade do mercado avícola, insuficiência de incentivos fiscais e financeiros, disponibilidades financeiras próprias, dificuldades de acesso às informações tecnológicas, dimensão do mercado limitado e falta de recursos humanos adequados e capacitados para a manutenção do processo de conservação da carne de frango congelada longe das não-conformidades em relação à legislação estabelecida (no Brasil e no mundo) para essa atividade econômica. 50 REFERÊNCIAS ABEF. Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango. Apresenta dados estatísticos sobre as exportações de carne de frangos, assim como os principais produtores mundiais. 2007. Disponível em: http://www.abef.com.br/Estatisticas/MercadoMundial/MercadoMundial.php, Acesso em 03 de abril de 2009. 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PORTARIA N° 210 DE 10 DE NOVEMBRO DE 1998. O SECRETARIO DE DEFESA AGROPECUÁRIA DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 83, item IV do Regimento Interno da Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial Nº 319, de 06 de maio de 1996, Considerando a necessidade de Padronização dos Métodos de Elaboração de Produtos de Origem Animal no tocante às Instalações, Equipamentos, Higiene do Ambiente, Esquema de Trabalho do Serviço de Inspeção Federal, para o Abate e a Industrialização de Aves; Considerando que o Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e HigiênicoSanitária de Carnes de Aves foi apresentado aos segmentos da cadeia produtiva de Carne de Aves e suas entidades representativas, discutido e aprovado; Considerando que o progresso e o desenvolvimento do setor exige a atualização da Portaria nº 04, de 27 de junho de 1988, resolve: Art. 1º Aprovar o Regulamento Técnico da Inspeção Tecnológica e HigiênicoSanitária de Carne de Aves. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor sessenta dias após a data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário. ENIO ANTONIO MARQUES PEREIRA. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA. ANEXO I REGULAMENTO TÉCNICO DA INSPEÇÃO TECNOLÓGICA E HIGIÊNICOSANITÁRIA DE CARNE DE AVES 1. DEFINIÇÕES: INSTALAÇÕES: refere-se ao setor de construção civil do estabelecimento propriamente dito e das dependências anexas, envolvendo também sistemas de água, esgoto, vapor e outros. EQUIPAMENTOS: estabelecimentos. refere-se a maquinaria e demais utensílios utilizados nos RIISPOA: Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal, aprovado pelo Decreto Nº 30.691, de 29.03.1952, que regulamentou a Lei Nº 1.283, de 18.12.1950, alterado pelo Decreto Nº 1.255, de 25.06.1962, alterado pelo Decreto Nº 1.236, 58 de 02.09.1994, alterado pelo Decreto Nº 1.812, de 08.02.1996, alterado pelo Decreto Nº 2.244, de 04.06.1997, regulamentado pela Lei Nº 7.889, de 23.11.1989. DIPOA: Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, da Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento. SIF: Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, exercido pelo DIPOA (em cada estabelecimento industrial). AVES: entenda-se como as aves domésticas de criação: a. Gênero Gallus: galetos, frangos, galinhas e galos. b. Gênero Meleagridis: perus e perus maduros. c. Gênero Columba: pombos. d. Gênero Anas: patos e patos maduros. e. Gênero Anser: gansos e gansos maduros. f. Gênero Perdix: perdiz, chucar, codorna. g. Gênero Phaslanus: faisão h. Numida meleagris: galinha D´Angola ou Guiné. CARNE DE AVES: entende-se por carne de aves, a parte muscular comestível das aves abatidas, declaradas aptas à alimentação humana por inspeção veterinária oficial antes e depois do abate. CARCAÇA: entende-se pelo corpo inteiro de uma ave após insensibilização ou não, sangria, depenagem e evisceração, onde papo, traquéia, esôfago, intestinos, cloaca, baço, órgãos reprodutores e pulmões tenham sido removidos. É facultativa a retirada dos rins, pés, pescoço e cabeça. CORTES: entende-se por corte, a parte ou fração da carcaça, com limites previamente especificados pelo DIPOA, com osso ou sem osso, com pele ou sem pele, temperados ou não, sem mutilações e/ou dilacerações. RECORTES: entende-se por recorte a parte ou fração de um corte. MIÚDOS: entende-se como miúdos as vísceras comestíveis: o fígado sem a vesícula biliar, o coração sem o saco pericárdio e a moela sem o revestimento interno e seu conteúdo totalmente removido. RESFRIAMENTO: é o processo de refrigeração e manutenção da temperatura entre 0ºC (zero grau centígrado) a 4ºC (quatro graus centígrados positivos) dos produtos de aves (carcaças, cortes ou recortes, miúdos e/ou derivados), com tolerância de 1ºC (um grau) medidos na intimidade dos mesmos. PRÉ-RESFRIAMENTO: é o processo de rebaixamento da temperatura das carcaças de aves, imediatamente após as etapas de evisceração e lavagem, realizado por sistema de imersão em água gelada e/ou água e gelo ou passagem por túnel de resfriamento, obedecidos os respectivos critérios técnicos específicos. CONGELAMENTO: é o processo de refrigeração e manutenção a uma temperatura não maior que -12ºC, dos produtos de aves (carcaças, cortes ou 2 recortes, miúdos ou derivados) tolerando-se uma variação de até 2ºC (dois graus centígrados), medidos na intimidade dos mesmos. 59 TEMPERADO: é o processo de agregar ao produto da ave condimentos e/ou especiarias devidamente autorizados pelo DIPOA, sendo posteriormente submetido apenas a refrigeração (resfriamento ou congelamento) DESINFECÇÃO: designa a operação realizada depois de uma limpeza completa e destinada a destruir os microrganismos patogênicos, bem como reduzir o número de microrganismos a um nível que não permita a contaminação do produto alimentício, utilizando-se agentes químicos e/ou físicos higienicamente satisfatórios. Se aplica ao ambiente, pessoal, veículos e equipamentos diversos que podem ser direta ou indiretamente contaminados pelos animais e produtos de origem animal. ROTULAGEM: entende-se como o processo de identificação do alimento através do rótulo. RÓTULO: é toda a inscrição, legenda, imagem ou toda a matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa, estampada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento (Artigo 795 – RIISPOA, alterado pelo Decreto N° 2.244 de 04.06.97, publicado no DOU em 05.06.97). EMBALAGEM: qualquer forma pela qual o alimento tenha sido acondicionado, empacotado ou envasado. EMBALAGEM PRIMÁRIA: qualquer embalagem que identifica o produto primariamente. EMBALAGEM SECUNDÁRIA: ou "plano de marcação" entende-se pela identificação de continentes de produtos já totalmente identificados com rótulo primariamente, sejam quais forem a natureza da impressão e da embalagem. CONTINENTE: todo o material que envolve ou acondiciona o alimento, total ou parcialmente, para comércio e distribuição como unidade isolada. CLASSIFICAÇÃO: entende-se o critério científico ou comercialmente adotado para estabelecer a classe do alimento, como tal indicado no respectivo padrão de identificação e qualidade. LOTE DE AVES: entende-se um grupo de aves da mesma procedência e alojados em um mesmo local e/ou galpão. COMESTÍVEL: entende-se como toda matéria-prima e/ou produto utilizado como alimento humano. NÃO COMESTÍVEL: entende-se como toda a matéria-prima e/ou produtos adulterados, não inspecionados ou não destinados ao consumo humano. ENCARREGADO DA IF: é o Médico Veterinário responsável pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) no estabelecimento registrado no DIPOA. Todas as definições acima mencionadas, bem como todas as disposições constantes na presente norma estão em consonância com o Código Internacional Recomendado de Práticas de Higiene para a Elaboração de Carne de Aves (CAC/RCP 14-1976) CODEX ALIMENTARIUS. 60 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO. SECRETARIA DE DEFESA AGROPECUÁRIA. ANEXO II 6. INSTALAÇÕES FRIGORÍFICAS 6.1. Este conjunto é constituído de antecâmara(s), câmara(s) de resfriamento, câmara(s) ou túnel de congelamento rápido, câmara(s) de estocagem e local para instalação do equipamento produtor de frio; 6.2. Essas instalações serão proporcionais à capacidade de abate e produção; 6.3. As antecâmaras servirão apenas como área de circulação, não sendo permitido o seu uso para outros fins e deverão ser climatizadas; 6.4. Excepcionalmente, a operação de retirada das carcaças dos continentes onde foram congeladas, para o acondicionamento em sacos ou outros continentes secundários, poderá ser permitida, desde que a área assim o comporte e sem prejuízo das operações normais; 6.5. Nas câmaras de resfriamento, não será permitida a estivagem de carcaças, entendendo-se como tal, a deposição das carcaças sem seus recipientes (caixas, bandejas, etc.); 6.6. As carcaças depositadas nas câmaras de resfriamento, deverão apresentar, temperatura ao redor de -1ºC (menos um grau centígrado) a 4ºC, tolerando-se no máximo, variação de um grau centígrado: 6.7. A estocagem de aves congeladas deverá ser feita em câmaras próprias, com temperatura nunca superior a -18ºC (dezoito graus centígrados negativos); 6.8. Mesmo temporariamente ou por razões de ordem técnica, não será permitido o congelamento de aves nas câmaras de estocagem, quando carcaças congeladas anteriormente, aí estiverem depositadas; 6.9. As carcaças de aves congeladas não deverão apresentar, na intimidade muscular, temperatura superior a -12ºC (doze graus centígrados negativos), com tolerância máxima de 2ºC (dois graus centígrados); 6.10. As instalações frigoríficas deverão apresentar, ainda, as seguintes características: 6.10.1. antecâmara com largura mínima de 2,00 m (dois metros); 6.10.2. paredes de fácil higienização, resistentes aos impactos e/ou protegidos parcialmente por estrutura metálica tubular, destinada a amortecer os impactos dos carrinhos sobre as mesmas; 6.10.3. sistema de iluminação do tipo "luz fria", com protetores à prova de estilhaçamento; 6.10.4. portas com largura mínima de 1,20 m (um metro e vinte centímetros) de vão livre, de superfície lisa e de material não oxidável; 6.10.5. dispor de termômetro e, quando exigidos, de outros aparelhos de mensuração e registro; 6.10.6. excepcionalmente, serão permitidos estrados de madeira nas câmaras de estocagem de congelados, para depósito de produtos com embalagem secundária.