1 JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Corumbá-MS 2014 2 UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Corumbá-MS Julho-2014 3 JOÃO OTÁVIO LIMA MONTENEGRO CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Educação Física para obtenção do Título de Licenciado em Educação Física. Orientadora: Marques Corumbá-MS 2014 Profª. Me. Hellen Jaqueline 4 5 Dedico esse trabalho aos meus pais e familiares. Essa grande realização, tanto pessoal quanto profissional só foi adiante devido ao apoio incondicional deles. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela sua imensa força que me fez acreditar e seguir adiante em minha jornada acadêmica. Aos meus pais novamente, pelo apoio dado durante todos esses tempos, a minha vida toda sempre serei grato a eles. Aos professores que me acompanharam durantes esses quatro anos e me fizeram acreditar que é possível chegar e alcançar o grande objetivo de estar concluindo mais uma etapa da minha vida. Aos meus amigos tanto dentro quanto fora da universidade, grandes companheiros que nunca desacreditaram de seus sonhos e cumprem assim como eu mais uma etapa de nossas vidas. 7 RESUMO A Ginástica Para Todos é uma modalidade bastante abrangente e está fundamentada nas ações gímnicas e devem ser presentes, porém, integrando vários tipos de manifestações e elementos da cultura corporal, tais como danças, expressões folclóricas, jogos, dentre outras, expresso através de atividades livres e criativas. Esta pesquisa tem como tema central o ensino da “Ginástica para todos” nas aulas de Educação Física escolar. A importância da Ginástica em seu aspecto escolar está em auxiliar os alunos a explorar mais sua autonomia, criatividade e, através dos movimentos corporais, favorecer o processo de assimilação e construção de conhecimentos. Neste sentido, a “Ginástica Para Todos” enquanto um processo educacional, não consiste somente em adquirir habilidades, mas sim, contribuir para a formação integral dos alunos. Palavras- chave: Ginástica Para Todos, Cultura corporal, Processo educacional. 8 Abstract The GPT is a very comprehensive manner and is based on gymnastic actions and must be present, however, integrating various types of events and elements of body culture, such as dances, folk expressions, games, among others, expressed through free and creative activities . This research is focused on the teaching of "Gymnastics for All" in school physical education classes. The importance of Gymnastics on your school aspect is to help students explore more autonomy, creativity, and through body movements, favoring the process of assimilation and construction of knowledge. In this sense, the "Gymnastics for All" as an educational process, is not only to acquire skills, but rather to contribute to the integral formation of the students. Keywords: Gymnastics for All, Body Culture, educational process. 9 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10 2. INTRODUZINDO A GINÁSTICA ..................................................................................... 13 2.1. Histórico da Ginástica .................................................................................................... 13 2.2. Apresentando a “GPT” ................................................................................................. 17 2.3. A GPT enquanto conteúdo na educação Física Escolar ............................................. 21 2.4 O Papel do Educador no Processo de Ensino Aprendizagem .................................... 23 3. POSSIBILIDADES DA GPT NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 30 10 CONTRIBUIÇÕES DA “GINÁSTICA PARA TODOS” NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 1. INTRODUÇÃO As práticas da cultura corporal são contextos favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-los de forma satisfatória e adequada. Elas incluem, simultaneamente, a possibilidade de repetição para manutenção e prazer funcional e a oportunidade de ter diferentes problemas a resolver (RAMOS, 2007). A escolha por desenvolver esta pesquisa, se deve pela minha vivência a princípio no projeto de extensão “da lona do circo aos muros da escola”, um projeto de ginástica circense da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) no Campus do Pantanal (CPAN), no Município de Corumbá-MS, e, por conseguinte, com o conteúdo “Ginástica ‘I’ e ‘II’” enquanto acadêmico do curso de Licenciatura em Educação Física, na mesma Universidade e Município. No período em que vivenciei, pude verificar o quão são grandiosos os conteúdos e as modalidades que abrangem a Ginástica como um todo. Dentre as modalidades existentes, escolhemos abordar a “Ginástica Para Todos” (ou simplesmente “GPT”), pois é uma modalidade que por sua vez remete em incluir de forma geral, todas as outras existentes na Ginástica. Através da Ginástica segundo Ramos (2007), os alunos podem se expressar corporalmente, experimentar, possibilitando a socialização e respeito entre as pessoas. Segundo a autora, a “Ginástica Para Todos” proporciona muito mais que habilidade motora básica, permite momentos de lazer, elimina o estresse do cotidiano escolar, aumenta a autoestima, promove oportunidade para que os alunos identifiquem problemas, sejam criativos, além de contextualizar o movimentar-se, auxiliando aos alunos a obterem hábitos saudáveis, explorando mais sua autonomia, criatividade e, através dos movimentos corporais, favorecer o processo de assimilação e construção de conhecimentos, contribuindo assim, para a formação integral dos alunos. Com base nestas considerações as perguntas elaboradas para a presente pesquisa foram: Quais as contribuições da GPT na Educação Física Escolar? Qual deve ser a contribuição do Professor para que os alunos tenham uma melhor assimilação do conteúdo como a “Ginástica Para Todos” (GPT)? 11 Através deste discurso inicial venho expor o meu objetivo que tem o intuito de analisar quais as contribuições da “Ginástica Para Todos” (GPT) na Educação Física Escolar e examinar através de um levantamento bibliográfico, o papel do professor na contribuição do processo de ensino-aprendizagem da GPT como conteúdo escolar. Vale ressaltar que a terminologia da “Ginástica Geral” (GG), não é mais utilizada pela Confederação Brasileira de Ginástica, assim afirmam Fernandes e Ehrenberg (2012), onde a entidade brasileira passou a utilizar em seu lugar, a “Ginástica Para Todos” (GPT), denominada assim desde 2007. Entretanto, nossa intenção é mostrar que a GPT pode ser transmitida como um conteúdo Escolar, pois, é uma modalidade não competitiva voltada ao lazer e à educação, se incluso no espaço escolar pode ser aproveitado de uma forma que os alunos sintam o prazer em melhor assimilar essa modalidade gímnica na Educação Física Escolar. Segundo Paoliello Levando em consideração essas características da Ginástica Geral, podemos afirmar que ela traz consigo a possibilidade de abordarmos a Ginástica numa perspectiva lúdica, criativa e participativa. Porém, é imprescindível apoiarmo-nos em princípios teórico-metodológicos os quais ofereçam caminhos nessa direção (2008, p.47). Segundo Souza (1997), a GPT deve ter o objetivo de possibilitar o aumento da interação social por meio de trabalho coletivo, para o qual os alunos contribuem com suas experiências e habilidades construídas historicamente. Entendemos que muitas vezes as aulas não podem ser dadas por falta de espaços e materiais, sendo assim, o professor deve de alguma forma adaptar sua aula ao que tem disponível para que o conteúdo seja desenvolvido. Contudo, o aluno deve explorar seus conhecimentos e de ter um diálogo aberto sobre assuntos que em sala são de suma importância para o seu aprendizado, e assim, como afirmam Oliveira, Mortola e Graeff (2012), “oferecendo oportunidades de os alunos pensarem e problematizarem as mais diversas questões levantadas pelo professor, instigando-os a pensar na sociedade de hoje, assim como na questão de acesso desta modalidade nas mais diferentes classes sociais” (p. 262). A ginástica enquanto cultura corporal não deve ser em nenhum momento restringido aos alunos por se tratar de um conteúdo, que visa não apenas explorar o corpo do aluno, mas também visa abrir um leque de conhecimentos histórico e 12 socioculturais a respeito do conteúdo. Dessa forma, as aulas se tornam mais prazerosas e significativas para os alunos, que por sinal, devem obter o máximo de assimilação do que é proposto a eles. Metodologicamente, realizaremos neste trabalho pesquisa Bibliográfica de caráter Qualitativo. A pesquisa bibliográfica será desenvolvida e terá base a partir de autores que abordem conteúdos relacionados ao tema em questão. Segundo concepções de Moresi A pesquisa qualitativa é particularmente útil como uma ferramenta para determinar o que é importante para os clientes e porque é importante. Esse tipo de pesquisa fornece um processo a partir do qual questões – chave são identificadas e formuladas, descobrindo o que importa para os clientes e porquê (2003, p. 69). Segundo Oliveira (2007), a pesquisa bibliográfica é uma modalidade de estudo e análise dos documentos de domínio científico tais como livros enciclopédias, periódicos, ensaios críticos, dicionários e artigos científicos. Santos (apud OLIVEIRA, 2007), diz que “a pesquisa bibliográfica é imprescindível para realização de estudos históricos” (p. 69). Contudo, Oliveira (2007) ressalta A principal finalidade da pesquisa bibliográfica é levar o pesquisador (a) a entrar em contato direto com obras, artigos ou documentos que tratem do tema escolhido. O mais importante para quem faz opção por uma pesquisa bibliográfica é ter a certeza de que as fontes a serem pesquisadas já são reconhecidas de domínio científico (p. 69). Para o desenvolvimento desta pesquisa dividimos o trabalho em três seções (de modo que a Seção I já se deu início com a introdução deste trabalho), sendo que na seção II discutiremos os principais momentos históricos, até o momento atual, e em seguida, apresentando de acordo com pensamentos de diversos autores referentes, a concepção de Ginástica Para Todos e demais conceitos de acordo com a linha pensadora de cada, com a intenção de expor as análises obtidas de acordo com cada concepção e pensamento. Debateremos através de ideias, sobre a GPT como uma forma de conteúdo para Educação Física Escolar, assim como o papel do professor no processo de ensino aprendizagem, e Finalmente na ultima seção, apresentamos as possibilidades de se trabalhar a GPT na Educação Física, baseando-se na linha de pensamentos dos devidos autores. 13 2. INTRODUZINDO A GINÁSTICA As seções seguintes irão tratar primeiramente do contexto histórico da ginástica, desde as principais histórias Gímnicas da Europa ao Brasil, com os principais fatos históricos da mesma. E em seguida, contará com os fatos da Ginástica Para Todos, onde temos uma seção, tratando de apresentá-la para os leitores, que irão acompanhar abordagens de autores a respeito o tema, tratando também em outras seções a respeito da GPT como conteúdo para a Educação Física escolar e, enfim, do papel do Educador nas escolas. 2.1. Histórico da Ginástica Para tratarmos a respeito da Ginástica Para Todos, precisamos de antemão buscar compreender o principal momento histórico, e suas respectivas modalidades para então seguirmos com a nossa proposta neste trabalho. Soares (2005) trabalha com a análise e compreensão do processo de desenvolvimento de uma enorme gama de práticas corporais, identificada como Ginástica durante o século XIX na Europa. Para focalizá-la, tomou-se como referência a ginástica francesa e, particularmente, a obra de dois fundadores: Francisco Amoros e Georges Demeny. Desta forma, Soares (2005) aponta que quando “os círculos científicos se debruçaram sobre o seu conteúdo, desejavam então aprisionar todas as formas/linguagens das práticas corporais sob uma única denominação” (p.20), que seria a Ginástica. O século XIX europeu foi marcado pela imensa crença na ciência. Logo, objetividade e neutralidade foram valores que se espalharam pela sociedade e que conquistaram a confiança da população. Imersos nesse quadro, foram aprimorados cientificamente métodos de disciplina corporal e de trabalho com o corpo, cujos objetivos eram fortalecer, embelezar, corrigir e tornar saudáveis os corpos da população europeia. Para tanto, foram desenvolvidos tipos de exercícios específicos para cada parte do corpo, método ainda bastante utilizado hoje em academias de musculação (RONDINELLI, 2014).1 1 RONDINELLI, Paula. Movimento Ginástico Europeu. Disponível no site: http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/movimento-ginastico-europeu.htm; Acesso em: 8 de Junho de 2014. 14 Disto surgiu o Movimento Ginástico Europeu, um primeiro esboço deste esforço e lugar de onde partiam as teorias da hoje denominada Educação Física no Ocidente. A Ginástica passaria a ser apresentada como produto acabado e comprovadamente científico. Como o circo, nas duas últimas décadas do século XIX, surgia como a “encarnação do espetáculo moderno e seu sucesso era inegável nas diferentes classes sociais” (SOARES, 2005, p.23), e os seus artistas desenvolviam toda a sorte de práticas corporais, um movimento bastante significativo dos precursores da Educação Física vai tentar estabelecer, de modo sistemático, a “negação de elementos cênicos, funambulescos, acrobáticos” (SOARES, 2005, p.25), em suas práticas e ensinamentos. A grande finalidade do Movimento Ginástico Europeu era a melhora da saúde da sociedade. Em um momento marcado pelos problemas sociais que resultaram da Revolução Industrial, associado à necessidade de fortalecer o trabalhador para aguentar a alta carga de suas tarefas, o movimento fez com que se formassem grupos locais para a prática da ginástica (RONDINELLI, 2014).2 Ainda segundo relatos de Hayhurst (1983) Em 1.811, um maestro de escola de Berlim, Ludwing Jahn (1.778 1.852), fundou uma escola de ginástica ao ar livre, criando aparelhos para usar na escola. Grande parte do atual equipamento competitivo evoluiu a partir de seus desenhos. Devido a sua imensa contribuição ao desporto, Jahn é lembrado como Turnvater Jahn, “Pai da Ginástica” [...] Na mesma época, na Suíça, Pehr Henrik Ling (1.776 - 1.838) introduziu um tipo diferente de ginástica. Seu sistema, baseado no exercício coletivo, aspirava a desenvolver um ritmo perfeito do movimento. Os métodos de Ling foram adotados também para o treinamento militar. Os dois estilos, desenvolvimento muscular com o uso de aparelhos e movimento rítmico, competiram em popularidade. Nasceram Clubes de Ginástica Internacionais (p. 10). A Ginástica possui os seguintes fundamentos: saltar, equilibrar, rolar/girar, trepar e balançar/embalar. “Por serem atividades que traduzem significados de ações historicamente desenvolvidas e culturalmente elaboradas, devem estar presentes em todos os ciclos em níveis crescentes de complexidade” (SOARES et al., 1992). No Brasil, a Ginástica fora introduzida na primeira metade do século XX, tendo como pioneiro, o Rio Grande do Sul sendo respectivamente também a sede, 2 RONDINELLI, Paula. Movimento Ginástico Europeu. Disponível no site: http://www.brasilescola.com/educacao-fisica/movimento-ginastico-europeu.htm; Acesso em: 8 de Junho de 2014. 15 oficializando em 1951 a ginástica olímpica, com as Federações do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Neste mesmo período foram também consolidadas grandes mudanças, como a filiação da juntamente com a confederação Brasileira de Desportos, realizando consequentemente o primeiro Campeonato Brasileiro em São Paulo, e ainda, a filiação do Brasil à Federação Internacional de Ginástica (FIG). Mais tarde, o desporto recebeu outras personalidades, que aceleraram o desenvolvimento: a professora IIona Peuker, uma húngara, responsável pela introdução e propagação da ginástica moderna, a denominada ginástica rítmica; e o professor Enrique Wilson Libertário Rapesta, nascido na Argentina, considerado o maior incentivador da ginástica artística no Brasil. Entre 1951 e 1978, passaram-se 27 anos. No dia 25 de novembro de 1978, foi criada a Confederação Brasileira de Ginástica, com o Dr. Siegfried Fischer, como primeiro presidente (CBG, 2014). Durante os mais de vinte anos de existência da entidade, estiveram sobre o comando (CBG, 2014): 1979/1984 - Siegfried Fischer 1985/1987 - Fernando Augusto Brochado 1988/1990 - Mário César Cheberle Pardini 1991/2008 - Vicélia Ângela Florenzano 2009/Atual - Maria Luciene Cacho Resende A FIG é a federação “[...] com maior poder e influência na ginástica mundial” (Souza, apud, Ayoub, 2003, p. 40). A sua origem foi em 1881, com a denominação de Federação Européia de Ginástica, após a filiação dos EUA em 1921, passou a ser denominada de FIG. A frente da presidência o belga Nicolas J. Cuperus, “demonstrava mais interesse pelos festivais de ginástica do que pelas competições” (AYOUB, 2003, p.44). Os métodos Ginásticos no Brasil teve uma influência, sobretudo na constituição da Educação Física, onde possuíam características semelhantes aos Europeus, como a promoção da saúde, desenvolvimento tanto moral e social, força de vontade e energia para viver, ou seja, de servir à pátria. A Ginástica é introduzida na Educação Física no século XIX, onde o eugenismo e o higienismo predominavam na Educação. Com o tempo, evoluções foram ocorrendo na Educação, onde Ginástica teve um grande avanço, sendo esportivizado não apenas no Brasil, como também nos demais países da Europa onde se obtiveram os primeiros contatos com esse desporto, países como a França, a Alemanha, e Suécia. Na Inglaterra houve mais ostentação no 16 desenvolvimento da Ginastica, devido a grande transformação produtora tanto econômica quanto social para a classe burguesa. Logo depois, a ginástica se torna um esporte de rendimento, onde somente minorias (burgueses) tinham acesso, tornando assim um esporte elitizado, sendo excluído das escolas. Segundo a CBG (2014), o crescimento da ginástica se concretizava a cada ano, com um incansável e determinado trabalho realizado entre 1951 a 1978. Foram inúmeros feitos, conquistas, que levaram a centenas de pessoas envolvidas a acreditar e deflagrar um novo e arrojado caminho. Criar uma entidade especializada, definir uma identidade independente, agregando-a a tão grandiosos louros do passado, para um futuro promissor. Com relação a FIG- Fédération Internationale de Gymnastique (2014) a ginástica divise-se em sete modalidades: A Ginástica Artística feminina, a Ginástica Artística masculina, a Ginástica Rítmica, Ginástica Aeróbica Esportiva, Ginástica Acrobática, Trampolim e o enfoque do nosso trabalho, Ginástica para Todos (GPT). A única modalidade gímnica não competitiva é a Ginástica para Todos. A FIG torna como seu centro as modalidades voltadas para a competição e não para demonstração, como é o caso da modalidade em questão. Para Soares et al. (1992) Sua prática é necessária na medida em que a tradição histórica do mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as novas formas de exercitação em confronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem sentido próprio às suas exercitações ginásticas (p.54). Segundo dados adquiridos através da Confederação Brasileira de Ginástica (2011) A “Ginástica Para todos" é uma modalidade bastante abrangente que, fundamentada nas atividades ginásticas, valendo-se de vários tipos de manifestações, tais como danças, expressões folclóricas e jogos, expressos através de atividades livres e criativas, objetiva promover o lazer saudável, proporcionando bem estar físico, psíquico e social aos praticantes, favorecendo a performance coletiva, respeitando as individualidades, em busca da auto superação pessoal, sem qualquer tipo de limitação para a sua prática, seja quanto às possibilidades de execução, sexo ou idade, ou ainda quanto à utilização de elementos materiais, musicais e coreográficos, havendo a preocupação de apresentar neste contexto, aspectos da cultura nacional, sempre sem fins competitivos." 17 Em consideração aos dados expostos, a GPT vem se consolidando cada vez mais com o passar dos anos, em virtude disso, iremos apresentar em seguida, a respeito dessa modalidade gímnica que deve estar presente tanto no cotidiano quanto no ensino de cada indivíduo que a vivencia. 2.2. Apresentando a GPT Na Ginástica para Todos, mais do que o desempenho do atleta e/ou do aluno, o que vale é a diversão e o prazer adquirido pela modalidade, resgatando através dela, brincadeiras de infância. A GPT favorece aos alunos a vivência de variadas atividades relacionadas à Ginástica, proporcionando-as o melhor convívio entre os demais e o aprendizado. Historicamente, segundo Ayoub (2003), a origem desta modalidade não competitiva tem por significado a junção de todas as modalidades que resultam em um conjunto de exercícios que visam os benefícios da prática constante. Paoliello (2008) salienta que “a Ginástica Geral é um elemento da cultura corporal de movimento, podendo participar do processo de formação de indivíduos críticos, assumindo sua função educacional” (p. 21). No entanto, Santos (2009) ressalta que A Ginástica Para Todos é um campo bastante abrangente da Ginástica, valendo-se de vários tipos de manifestações, tais como danças, expressões folclóricas e jogos, apresentados através de atividades livres e criativas, sempre fundamentadas em atividades ginásticas [...] (p. 28). A GPT é uma modalidade reconhecida oficialmente pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), com regulamentos técnicos próprios, e seus objetivos e funções incluídos juntamente aos praticantes de todos os países. Em 1984, a FIG oficializou o “Comité Técnico de Ginástica Geral”, o único destinado à prática não competitiva, extinguindo assim, a “Comissão Especializada em Gymnaestrada e Ginástica Geral” (SANTOS, 2009, p. 27). A Gymnaestrada Mundial é o maior evento oficial da modalidade. Acontece a cada quatro anos e reúne mais atletas do que as olimpíadas. 18 Segundo Santos (2009) “a Gymnaestrada Mundial é o evento oficial da FIG, que engloba demonstrações oferecendo também momentos onde os países participantes trocam informações sobre os trabalhos desenvolvidos nesta modalidade” (p. 137). Santos (2009) ressalta que esse evento não é a GPT em si, e sim um evento que envolve atletas e/ou praticantes dessa modalidade de vários países, juntando todos para apresentações onde cada país nos mostra características regionais dos seus respectivos lugares. Segundo a Fedération Française Gymnastique (Federação Francesa de GinásticaFFGYM, 2006), a ideia de um festival de ginástica internacional foi realizado pela primeira vez em 1939. Doze países participaram da primeira Lingíadas e 14 países com 110 grupos no segundo. Lingíadas estes foram organizados pela Federação Sueca de Ginástica. Na Assembléia Geral em 1949 FIG JHF Sommer Holanda propôs a organização de um festival de ginástica internacional sob a responsabilidade da FIG. Na Assembléia Geral em 1950, um Festival Internacional de Ginástica “sob o nome de Gymnaestrada foi adotado no programa oficial eventos”. Gymnaestrada foi realizado pela primeira vez em 1953, em Roterdã.3 Santos (2009) acrescenta que em meados do século XIX a Gymnaestrada surge, a partir de realizações de festivais de Ginástica, com fundamentos nos principais movimentos gímnicos europeus, que ocorreu na Áustria, Alemanha Noruega e Suíça. Pela Europa e Ásia ocorreram várias apresentações de Ginástica (todavia que hoje em dia, pode ser observado a não perda dessas manifestações), que acontecem em datas comemorativas, eventos desportivos e, nos demais festivais de Ginástica que ali sobrevive. A primeira Gymnaestrada surge no ano de 1953 na Holanda, sendo as seguintes realizadas na Iugoslávia em 1957, na Alemanha em 1961, Áustria em 1965, Suíça em 1969, Alemanha em 1975, Suíça em 1982, Dinamarca em 1987, Holanda em 1991, Alemanha novamente em 1995, Suéçia em 1999, Portugal em 2003 (SANTOS, 2009). O Mundial Gymnaestrada se esforça para se espalhar pelo mundo as virtudes e diversidades da Ginástica Geral, despertar a alegria do movimento e esporte. Ginástica Geral traz ginastas de todas as esferas da vida para contribuir com a harmonia entre os 3 Disponível no site: http://www.ffgym.com/ffgym/decouvrir_les_gymnastiques/gymnastique_pour_tous/les_grands_eve nements/la_gymnaestrada_mondiale; Acesso em: 8 de Junho de 2014. 19 povos, bem-estar, saúde e solidariedade entre todos (FEDÉRATION FRANÇAISE GYMNASTIQUE, 2014). Para Ayoub (2003), a GPT é totalmente integrada às manifestações da cultura, nela, o corpo se move por meio da arte. A GPT denominada anteriormente de Ginástica Geral, detém de uma particularidade distinta que a diferencia das outras modalidades gímnicas. Segundo a Confederação Brasileira de Ginástica: Essa é uma modalidade bastante abrangente que, fundamentada nas atividades ginásticas como (Gin. Artística, Gin. Rítmica, Gin. Acrobática, Gin. Aeróbica e Gin. de Trampolim), valendo-se também de vários tipos de manifestações, tais como: danças, expressões folclóricas e jogos, expressos através de atividades livres e criativas, objetiva promover o lazer saudável, proporcionando bem estar físico, psíquico e social aos praticantes, favorecendo a performance coletiva, respeitando as individualidades, em busca da auto-superação pessoal, sem qualquer tipo de limitação para a sua pratica, seja quando às possibilidades de execução, sexo ou idade, ou ainda quanto à utilização de elementos materiais, musicais e coreográficos, havendo a preocupação de apresentar neste contexto, aspectos da cultura nacional, sempre sem fins competitivos. (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GINÁSTICA, 2014). Os objetivos da GPT segundo a FIG (2014) são: Favorecer a saúde, a condição física e a integração social e despertar o interesse pessoal pela prática de atividade física, contribuindo para o bem-estar físico e psicológico de seus praticantes. Além disso a GG deve oferecer experiências estéticas de movimento aos participantes e aos espectadores. Essa modalidade valoriza a autonomia e a criatividade dos movimentos e se destina a todas as faixas etárias de ambos os sexos. O importante é a participação. Os movimentos da GPT trabalham o deslocamento, o equilíbrio e a destreza e coordenação motora, preparando o corpo para atividades cotidianas e servindo de base para iniciação de diferentes modalidades esportivas. Ayoub realiza uma série de reflexões sobre as várias concepções de Ginástica Para Todos destacando que “[...] um dos eixos para o entendimento da GG diz respeito à consideração da ginástica geral como a base da ginástica, como uma mescla de todos os tipos de ginástica” (2003, p.47), fundamentalmente não competitiva e orientada para o lazer. 20 Ayoub ainda expõe E viver o lúdico no contexto da sociedade urbano-industrial contemporânea significa, certamente provocar uma postura de contestação dos valores do utilitarismo e de questionamento dos dogmas da produtividade. Significa, enfim, uma atitude potencialmente transformadora (2003, p.60). Segundo abrange Soares et al. (1992), no currículo da ginástica escolar no Brasil, são encontrados manifestações gímnicos de linha europeia, nas quais se encontram as formas básicas do Atletismo (caminhar, correr, saltar e arremessar), e também as formas básicas da ginástica (pular, empurrar, levantar, carregar, esticar), assim como também, exercícios em aparelhos (balançar na barra fixa, equilibrar na trave olímpica), exercícios com aparelhos manuais (salto com aros, cordas) e as formas de luta (p.53). Segundo Soares et al. (1992) Dessa concepção de ginástica, os jogos têm sido parte importante. Enquanto aos exercícios anteriormente citados têm-se atribuído objetivos de desenvolvimento de algumas capacidades como força, agilidade, destreza, aos jogos tem cabido a representação das experiências lúdicas da própria comunidade. Até hoje, nos programas brasileiros, se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo, ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas (p.54). Elementos acrobáticos como o rolamento, podem ser explorados com ou sem aparelhos, o colchão ou colchonete é um dos materiais mais utilizados. Na superfície macia, o aluno experimenta diferentes formas para fazer o movimento, aprender a sua técnica e aperfeiçoá-lo. O rolamento é um dos primeiros movimentos a ser aprendido e prepara o aluno para ter um maior domínio corporal e espacial. Com base em Gutierrez (2008) a GPT tem o objetivo de promover o lazer saudável, proporcionando bem estar aos praticantes, favorecendo o desempenho coletivo, mas respeitando as individualidades, não existindo limitação para sua prática, seja quanto às possibilidades de execução, sexo ou idade, apresentando nesse contexto, aspectos culturais, sempre sem finalidades de competição. Em relação a GPT, segundo Ramos (2007): 21 Acreditamos que a partir desta ginástica de “educação do corpo”, ela passou a ser limitada a poucos e vista como pouco acessível para a grande maioria da população. E essa concepção reflete nos dias atuais, onde as aulas de ginástica são pouco praticadas. Por isso a ginástica geral tem como intuito quebrar esses paradigmas, concepções de que ela é destinada para poucos, e demonstrar que todos podem e devem praticá-la. Isso porque ela é uma ginástica de demonstração e extrapola os objetivos da competição (p.47). A GPT proporciona muito mais que habilidade motora básica, permite momentos de lazer, elimina o estresse do cotidiano escolar, aumenta a autoestima, promove oportunidade para que os alunos identifiquem problemas, sejam criativos, além de contextualizar o movimentar-se, auxiliando aos alunos a obterem hábitos saudáveis. 2.3. A GPT enquanto conteúdo na educação Física Escolar A GPT é a modalidade que mais se adequa dentro das escolas, pois é um conteúdo que além de trabalhar as mais diversas modalidades gímnicas, permite ao aluno adaptar, de diversas maneiras de acordo com a proposta solicitada ao mesmo tempo para a realização da aula. Tem a capacidade de estimular o lado criativo e lúdico do aluno, caso haja seriedade ao cumprir uma determinada atividade na área. Segundo Soares et al. (1992, p.77): [...] na medida em que a tradição histórica do mundo ginástico é uma oferta de ações com significado cultural para os praticantes, onde as novas formas de exercitação em confronto com as tradicionais possibilitam uma prática corporal que permite aos alunos darem sentido próprio às suas exercitações ginásticas. Dessa forma, Ayoub (1998), destaca que a Ginástica enquanto for integrante dos conteúdos que devem introduzir a Educação Física caracterizando-o como “um conhecimento de importância indiscutível e que não pode ser simplesmente abandonado, ou colocado em segundo plano na instituição escolar” (p.125). Portanto, aqui chegamos ao ponto da problemática do trabalho com a primeira questão: Quais as possíveis contribuições da GPT na Educação Física Escolar? Nas escolas, a GPT pode proporcionar muito mais do que um divertimento e uma satisfação provocada pela própria atividade (OLIVEIRA, p. 01), ela favorece o desenvolvimento no que se refere ao lúdico e criativo do aluno, assim como em sua 22 participação e apreensão das variadas acepções gímnica, buscando novos significados e possibilidades. O presenciamento da GPT tem como intuito de sociabilizar, solidarizar e impor uma identidade social, considerando-a como um elemento privilegiado no contexto educativo (OLIVEIRA, 2004, p. 01). Gutierrez (2008) deixa claro que certas negativas causadas por determinadas pessoas podem causar um decréscimo ou até mesmo impedir que a formação humana se desenvolva da forma proposta, obrigando-nos a tomar atitudes positivas “no sentido de permanecer otimistas frente às contingências do dia a dia” (p. 117). Gutierrez (2008) ainda ressalta que: Desta maneira, qualquer conteúdo que o professor e seus alunos escolheram deve ser tratado com o maior interesse, o que pela sua vez nos obriga a procurar conteúdos que sejam significativos e relevantes para os alunos. Não há conteúdo insignificante, há profissionais sem a competência para ministrá-lo, analisa-lo, contextualizá-lo, problematiza-lo e fazê-lo transcendente (p.117). Nas escolas para Oliveira e Lourdes (2004), a GPT pode proporcionar muito mais do que um divertimento e uma satisfação provocada pela própria atividade (p. 01), ela favorece o desenvolvimento no que se refere ao lúdico e criativo do aluno, assim como em sua participação e apreensão das variadas acepções gímnica, buscando novos significados e possibilidades. O presenciamento da GPT tem como intuito de “sociabilizar, solidarizar e impor uma identidade social, considerando-a como um elemento privilegiado no contexto educativo” (OLIVEIRA; LOURDES, 2004, p. 01). Segundo Pereira e Silva (2010) A ginástica escolar deve oportunizar o conhecimento de movimentos que possam permitir a participação de todos de forma inclusiva e não seletiva. Tratada numa dimensão conceitual permite aos alunos compreenderem a evolução da ginástica, sua história, origem, conceitos e contextos, como também, podem aprender a relacionar os conhecimentos da ginástica, presentes em outras práticas da cultura corporal. Como processo de aquisição de novos movimentos e conhecimentos, de uma forma que permita a transformação e a recriação, na escola. Deve-se buscar como resultado uma performance possível, considerando a individualidade biológica de cada discente (p.1). Entretanto, “aprender Ginástica Geral na escola significa, portanto, estudar, conhecer, compreender, confrontar, vivenciar, apreender as inúmeras interpretações da 23 Ginástica para, com base nesse conhecimento, buscar novos sentidos e significados e criar novas possibilidades de expressão gímnica” (AYOUB, 1998; p. 128). Ayoub (1998) ainda expõe que “sob essa ótica, podemos considerar que a Ginástica Geral enquanto conhecimento a ser tratado na Educação Física Escolar, ou seja, enquanto conteúdo de ensino, representa o que podemos compreender como Ginástica” (p. 128). A GPT, com base em Ayoub (1998) “traz consigo a possibilidade de realizarmos o resgate da Ginástica na Educação Física Escolar, numa perspectiva de ‘confronto’ e síntese, e também, numa perspectiva lúdica, criativa e participativa. Entretanto, para que isso ocorra, precisamos nos apoiar em referenciais teórico-metodológicos que ofereçam caminhos nessa direção” (p. 129). Para realizarmos as aulas precisamos devidamente de antemão planejar para que esteja tudo organizado. Entretanto, Ayoub ressalta a “responsabilidade de planejar as nossas aulas tendo como compromisso fundamental o desenvolvimento dos nossos alunos rumo à compreensão das inúmeras linguagens que fazem parte da cultura corporal” (p. 152). 2.4. O Papel do Educador no Processo de Ensino Aprendizagem A Ginástica Para Todos é uma das melhores formas de desenvolvimento da formação tanto na vivência quanto na prática dos seus conteúdos adquiridos. Gutierrez (2008) ressalta que a formação humana se sustenta sob as atividades teóricas, no entanto não se desenvolve sobre a mesma. Segundo Pérez, Gallardo e Souza A Ginástica Geral designa uma manifestação da cultura corporal, que reúne as diferentes interpretações da ginástica, integradas às demais formas de expressão do ser humano de forma livre e criativa. Sua principal característica é a de proporcionar a prática da Ginástica sem fins competitivos, para o maior número de pessoas, independente da idade, sexo, condição física ou técnica, proporciona uma gama infinita de experiências motoras, além de estimular a criatividade, o prazer no movimento, o resgate da cultura de cada povo e a interação social (1995, p. 292). Uma das alternativas consideráveis para se desenvolver a formação humana na aula de Educação Física é propondo atividades que promovam “a interação e inter- 24 relação sócio-afetiva entre os participantes para que juntos construam propostas e soluções a problemas sócio e psicomotrizes, estabelecendo um dialogo corporal entre eles e seu entorno” (GUTIERREZ, 2008, p.114). Gutierrez diz que A declaração “com orientação pedagógica” não é por acaso nem uma redundância sem justificativa. O fato é que a Ginástica Geral, como qualquer conteúdo da Educação Física, está sujeita à manipulação didático-metodológica que o profissional da área pode fazer. Isto é, muitos professores confundem a Ginástica Geral com a criação e representação de coreografias massivas, nas quais se incluem muitas pessoas. Ginástica Geral é uma ginástica de representação, isto é, não é competitiva, nem se utiliza para competir. As representações massivas é uma parte da Ginástica Geral. A parte final. A insistência dos conceitos orientação pedagógica é para enfatizar o processo de descoberta e criação das representações, os elementos que permitam a análise crítico dos conteúdos, deixando ao aluno plena liberdade para colocar em cena o que ele pensa e acredita e que é relevante para ele (2008, p. 113). Quando se tem um espaço para a produção da prática da GPT, isso facilita na realização da temática concedida juntamente com os próprios alunos, proporcionando assim, o respeito mútuo, “vivência de sentimentos e emoções de união” (GUTIERREZ, p.116), a cultura corporal, provendo de suas capacidades, considerando a influência e o incentivo dado pelo professor. Gutierrez, entretanto esclarece [...] que o professor tem a responsabilidade de orientar permanentemente cada uma das atividades para uma visão sensível aos sentimentos de bondade, solidariedade, altruísmo, coleguismo, afetividade e carinho entre os participantes. Assim, não é possível a formação humana entanto exista no grupo o sentimento de indiferença às necessidades do próprio grupo e de cada um dos seus integrantes (2008, p.116). Kunz (2004) destaca afirmando que não será possível superar a concepção hegemônica de um determinado esporte se for oferecidos a eles práticas de concepções anteriores, que não haja uma forma de sensibilizá-los reflexivamente, se não houver as mesmas consequências com as quais ocorrem em demais esportes, fazendo com que eles aprendam a gostar e automatizá-la em seu conceito. Nós, enquanto formandos e profissionais da área de Educação Física, devemos sempre procurar conteúdos que sejam tratados pelos alunos com o maior interesse 25 assimilativo, “conteúdos que sejam significativos e relevantes para os alunos. Não há conteúdo insignificante, há profissionais sem a competência para ministrá-lo, analisá-lo, contextualizá-lo, problematiza-lo e faze-lo transcendente” (GUTIERREZ, 2008, p.117). E assim como na seção anterior, chegamos a mais um ponto da problemática deste trabalho com a questão seguinte: Qual deve ser a contribuição do Professor para que os alunos tenham uma melhor assimilação do conteúdo como a “Ginástica Para Todos” (GPT)? A formação humana é essencial para o comportamento e formação do indivíduo. A relação entre professor e aluno envolve interesses e intenções, tendo uma interação entre os mesmos, pois “a educação é uma das partes mais importantes do desenvolvimento comportamental e agregação de membros da espécie humana” (SILVA, 2005; p. 01). Paulo Freire ressalta sobre a teoria e prática para vivê-los de forma intensa, não somente superposicionando, “mas como unidade contraditória” (1989, p. 07). A partir disso, Kunz (2004) salienta destacando A competência objetiva ou prática instrumental é desenvolvida, basicamente, por intermédio da categoria trabalho. Assim, é possibilitado ao aluno, a partir de seus conhecimentos e suas habilidades, desenvolvidos em contato direto com o mundo, uma “transcendência de limites” pela via do controle racional e do planejamento operativo de suas ações. No esporte isso significa que pela melhoria das habilidades práticas o aluno pode aumentar, também, o seu espaço de atuação e as suas possibilidades de auto determinação e codeterminação nas atividades de ensino (p.138). Basicamente, Saviani (2011) enfatiza em uma de suas obras que o professor tem o seu interesse voltado à progressão do aluno. Ainda salienta dizendo que “o professor vê o conhecimento como um meio para o crescimento do aluno [...]; trata-se de descobrir novos conhecimentos na sua área de atuação” (2011, p. 65). Surge então a questão da transformação do “saber elaborado em saber escolar”. (SAVIANI, 2011, p. 65), que é um processo pelo qual se destacam, “do conjunto do saber sistematizado, os elementos relevantes para o crescimento intelectual dos alunos e organizam-se esses elementos numa forma, numa sequência tal que possibilite a sua assimilação” (p. 65). Para Saviani (2011), esse método é fundamental para o processo pedagógico. Sendo assim 26 A escola tem o papel de possibilitar o acesso das novas gerações ao mundo do saber sistematizado, saber metódico, científico. Ela necessita organizar processos, descobrir formas adequadas a essa finalidade. Essa é a questão central da pedagogia escolar. Os conteúdos não representam a questão central da pedagogia, porque se produzem a partir das relações sociais e se sistematizam com autonomia em relação à escola (p.66). Na escola, a GPT apresenta inúmeros benefícios e atualmente já é considerada como sinônimo de ginástica escolar, entretanto, ela promove a participação de todos os alunos dentro de suas possibilidades e habilidades, a valorização cultural, a criatividade, a interação social e a utilização de vários tipos de materiais de fácil acesso. A Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na escola, do conhecimento de uma área denominada aqui de cultura corporal. Ela será configurada com temas ou formas de atividades, particularmente corporais, como as nomeadas anteriormente: jogo, esporte, ginástica, dança ou outras, que constituirão seu conteúdo. O estudo desse conhecimento visa apreender a expressão corporal como linguagem (SOARES et al., 1992, p.61-62). Basta o professor de educação física enquanto produtor e transmissor de conhecimento, transmitir através de suas experiências acadêmicas, possíveis atividades da GPT para incentivá-los a participarem satisfatoriamente das aulas, estimulando-os a vivenciar, cultivar através do mesmo, culturas diferenciadas, culturas que com a GPT são possíveis acessivelmente a mobilização de não somente jovens, mas também de pessoas com faixa etárias variadas, pois é uma modalidade que não exige alto rendimento, mas sim, o prazer de praticá-lo sem concorrer a premiação, sendo o único prêmio, o valor humano proporcionado entre eles. 27 3. POSSIBILIDADES DA GPT NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR São diversas as variedades em se trabalhar a GPT na Educação Física escolar, o que possibilita ao professor utilizar dessas viabilidades para proporcionar aos alunos uma melhor compreensão desta modalidade, viabilidades essas que acarretam para uma melhor visão do contexto que é abordado durante as aulas. Sendo assim, Oliveira (2007) ressalta que “cabe ao professor ou coordenador [...] identificar a melhor maneira de conduzir o aprendizado da ginástica” (p. 32). Desta forma, Oliveira (2007) exemplifica uma das possíveis “possibilidades de estruturação de aulas: - 1º momento: integração do grupo (por meio de jogos, brincadeiras ou outras atividades lúdicas); - 2º momento: apresentação do tema da aula (sendo as atividades de GPT tematizadas, podemos usufruir das relações com diversos temas propostos de acordo com os objetivos do grupo); - 3º momento: aprendizagem e/ou desenvolvimento de elementos gímnicos: saltar, equilibrar, balançar, girar, rolar, trepar, dentre outros; além do desenvolvimento de ritmo e coordenação de diferentes elementos; - 4º momento: proposição de “tarefas” em pequenos grupos, de acordo com o tema, explorando diversas possibilidades; de movimentos, sem materiais e com materiais (sejam eles convencionais ou alternativos), favorecendo a construção de pequenas coreografias; - Finalização: apresentações para os demais grupos. Assim, buscamos privilegiar sempre o trabalho coletivo e a expressão criativa, na medida em que o grupo todo é responsável pela montagem da coreografia e não uma única pessoa” (p.32). Segundo Oliveira As possibilidades de organização do trabalho com a GPT são muitas e o sucesso de sua prática dependerá da organização do grupo, lembrando que o professor ou coordenador tem o papel fundamental de estimular as ações do grupo de forma dinâmica, criativa e lúdica (2007, p.32). 28 As coreografias são também possibilidades de se desenvolver a criatividade, e constituir-se a prática da GPT, entretanto, “as mesmas são partes integrantes do processo” (OLIVEIRA, 2007, p. 32). Em relação a essa proporcionalidade, Santos (apud OLIVEIRA, 2007) Considera-se coreografia a composição de uma apresentação da modalidade, na qual os elementos corporais, predominantemente os ginásticos, são interligados de forma harmoniosa, com utilização ou não de aparelhos (sejam de pequeno ou grande porte). Porém devemos sempre considerar que o objetivo principal das considerações coreográficas deve ser o de atender aos anseios dos participantes, respeitando suas individualidades, sem exclusões do processo (elaboração, composição de ensaios) e do produto (apresentação) (p. 32). Levando-se em conta ao contexto abordado, a prática do lazer na GPT Se deve em grande parte a emergência deste tema perante a população, resultado de uma tendência à valorização do conceito de lazer como possibilidade de vivência cotidiana. [...] vivência esta refletida, sobretudo, pelo crescimento da indústria do lazer e entretenimento, que ganhou impulso no século XX, a partir do aperfeiçoamento dos meios de comunicação, como por exemplo, o cinema, a televisão, o rádio, os computadores como forma de entretenimento. Tudo isso foi se organizando e se transformando em uma grande máquina internacional de comércio, que quase sempre traz o lazer associado à alienação (MELO E ALVES JÚNIOR, apud, OLIVEIRA, 2007). Com isso, Oliveira (2007) afirma que A opção pela GPT, como por qualquer outra atividade, deve ser consciente e não imposta, buscando incentivar a ampliação de interesses como: o conhecimento do próprio corpo, conhecimento coreográfico, ampliação dos interesses culturais via festivais de ginástica (por meio da relação entre os diversos grupos). Outros incentivos importantes dizem respeito: à promoção de uma prática de ginástica que amplie os interesses do ser humano como ser criativo, que produz sua prática e não somente reproduz; incentivo ao planejamento participativo, à auto-organização e ao trabalho coletivo; incentivo ao resgate da cultura popular nacional; incentivo à inclusão social, na medida em que não se busca quem é o melhor, mas sim a participação efetiva e coletiva. O lazer saudável como Santos ressalta é uma das propostas da GPT que dispõe do bem estar físico, psíquico e social aos praticantes (apud, OLIVEIRA, 2007). No entanto, de um ponto de vista geral, a GPT visa mais além, para as instituições escolares, já que se trata de um aspecto disseminador com o objetivo de estimular, 29 diversificar, ampliar possibilidades, para a prática da atividade corporal, onde o aluno indaga seu lúdico e sua criatividade, em uma modalidade que é constituída e desenvolvida para o lazer, aumentando a participação numa perspectiva social. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em vista dos argumentos apresentados, a GPT é importante para o contexto educacional na educação Física, tendo em vista que as abordagens a serem feitas devem acarretar de forma positiva para a capacidade crítica do aluno, que por sua vez tende a ser um assimilador desses conhecimentos, a ele fornecido. É possível adaptar as atividades de acordo com o espaço e o ambiente escolar, como por exemplo, adaptar os materiais utilizando, materiais alternativos e baratos podendo também usar materiais recicláveis, tornando a aula mais criativa fugindo da comodidade, abrindo horizontes e ampliando conhecimentos tanto dos professores quanto dos alunos, tornando assim, mais acessível a ginástica para os educandos, independente de idade, tamanho ou até mesmo de classe social. A GPT permite ao aluno vivenciar novas atividades, sentir prazer naquilo que te dê estímulo, sempre em busca de novas concepções, permitindo ao professor, transmitir esses conhecimentos a ele atribuídos. A modalidade em si da GPT permite variadas formas de trabalho, assim como a participação de diversas pessoas, mesmo que estas nunca tenham praticado ou mesmo que não tenham conhecimento sobre a modalidade, não importando a sua faixa etária. Enfim, a GPT permite as mais variadas formas de expressão, cultura e possibilidades, buscando novos leques para que em cada momento ocorra de forma satisfatória e prazerosa a prática desta modalidade, que seja no ambiente escolar, ou em qualquer lugar onde a expressão corporal seja vista como forma de permitir as pessoas se socializar, sociabilizar e compreender que esta prática vai muito além dos movimentos estereotipados esportivos. 30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYOUB, Eliana. A ginástica geral na sociedade contemporânea: perspectivas para a Educação Física Escolar. 1998. ______________. Ginástica Geral e Educação Física Escolar. 2ª ed. Campinas – SP; Autores Associados, 2005. CAPARROZ, Francisco Eduardo. Entre a educação física na escola e a educação física da escola: a educação física como componente curricular. Autores Associados, 2005. CBG - Confederação Brasileira de Ginástica; www.cbginastica.com.br; Acesso em: 08 de Junho de 2014. 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