Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica Cláudia Margarida de Oliveira Afonso Serviço de Doenças Infecciosas Hospital de Santa Maria Lisboa, Portugal Correspondência: Cláudia Margarida de Oliveira Afonso E‑mail: [email protected] Disponível em: www.atualizaçoesemvih.com Atualizações em VIH 1 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 ARTIGO DE REVISÃO RESUMO Atualmente são utilizados na terapêutica da hepatite C crónica interferão peguilado (PEG‑INF) e ribavirina (RBV). Com a utilização destes fármacos uma resposta viral mantida é conseguida apenas em 80% dos casos com infeção pelo genótipo 3 e em 50% dos casos no genótipo 1. Com os avanços no campo da biologia molecular conseguiu‑se perceber de uma forma mais aprofundada o ciclo de vida do vírus da hepatite C (VHC), tendo sido identificados potenciais alvos terapêuticos de que são exemplo: a protease NS3/4A e a ARN‑polimerase ARN‑dependente. O telaprevir e boceprevir (ambos inibidores da protease [IP]) foram recentemente aprovados para uso nos doentes com genótipo 1. Com estas novas armas terapêuticas pensa‑se conseguir uma diminuição dos efeitos associados à terapêutica, uma menor duração da mesma, a eventual eliminação da necessidade de utilização do PEG‑INF e um maior efeito virológico. No outro prato da balança temos o aparecimento de resistências associadas ao seu uso e em alguns casos a sua atuação apenas no genótipo1. Palabras chave: Antivíricos de ação direta. VHC. Inibidores da protease. Inibidores da polimerase. ABSTRACT The actual standart of care for the treatment of chronic hepatitis C is pegylated interferon and ribavirin. With the use of this therapeutic combination sustained virologic response is achieved in only in 80% of patients with genotype 3 and in 50% of patients with genotype 1. Advances made in the molecular biology field yielded a better understanding of the HCV life cycle; identifying potential therapeutic targets like the NS3/4A protease and the RNA‑dependent RNA polymerase. The use of the protease inhibitors telaprevir e boceprevir has been recently approved in patients with genotype 1. With these new therapeutic weapons we hope to minimize adverse events, reduce the duration of therapeutic, eliminate pegylated interferon and have a more potent virologic effect. On the other hand we have the appearance of resistances and a therapeutic that is only effective in genotype 1. (Available from: www.atualizaçoesemvih.com) Corresponding author: Cláudia Margarida de Oliveira Afonso; [email protected] Key words: Direct acting antiviral. HCV. Protease inhibitor. Polymerase inhibitor. Atualizações em VIH 2 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso Introdução Em 2009, foram reportados, 27.354 novos casos de hepatite C crónica na Europa, correspondendo a 15,8 casos por 100.000 ha‑ bitantes; o grupo etário mais atingido é o situado entre os 25 e os 44 anos de idade e a prevalência no sexo masculino é o dobro da do sexo feminino1. A sua transmissão dá‑se essencialmente por contacto com sangue e produtos derivados, sendo a utilização de drogas endovenosas o fator de risco mais comum; em 15 a 30% dos casos a via de transmissão é desconhecida2. Encontra‑se dividido em seis genótipos, sendo o genótipo 1 o mais prevalente ao nível da Europa e América do Norte. Da evolução desta doença faz parte uma fibrose progressiva a nível hepático, com o surgimento de cirrose e respetivas com‑ plicações após, em média, 30 anos de doença, sendo, actuamente a causa mais frequente de transplante hepático na Europa e Estados Unidos da América (EUA)3. O VHC foi identificado em 19894, e até recentemente, os únicos fármacos disponíveis para o tratamento da hepatite C crónica eram a RBV, cujo mecanismo de ação não se encontra estabelecido, e o PEG‑INF, que não atua apenas no VHC. Estes dois fármacos, utili‑ zados em conjunto apenas asseguram uma taxa de sucesso no tratamento do VHC na ordem dos 50% no genótipo 1 e de 80% nos genótipos 2 e 3. A evolução tecnológica dos últimos anos conseguiu novos avan‑ ços no campo da biologia molecular, permitindo um conhecimento mais aprofundado ao nível do ciclo de vida do VHC, o que levou, Atualizações em VIH 3 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso ulteriormente, ao surgimento dos antivíricos de ação directa (AAD). Como o próprio nome indica, a atuação destes novos fármacos apenas a nível viral, poderá minimizar os efeitos secundários da terapêutica do VHC, tantas vezes limitantes de um sucesso terapêu‑ tico, por diminuição da toxicidade, do tempo necessário para atingir o sucesso terapêutico e aumento da potência antivírica5. Atualmente já existem dois ADD aprovados, ambos IP NS3/4A – telaprevir e boceprevir – no entanto, o seu uso ainda apresenta bastantes limi‑ tações pela sua ação apenas no genótipo 1, necessidade de uso concomitante de RBV e PEG‑INF, efeitos adversos e mais recente‑ mente, o surgimento de resistências associadas ao seu uso. O futuro das novas terapêuticas para o VHC passa, por isso, por um melhor conhecimento das resistências induzidas por estes novos fármacos e pelo uso de combinações terapêuticas que eliminem o PEG‑INF como fármaco indispensável ao trata‑ mento do VHC. Esse futuro encontra‑se cada vez mais próximo. Na figura 1, é apresentado num esquema muito simples o ciclo do VHC, na figura 2 encontra‑se representado o seu ge‑ noma. Em seguida será feita uma descrição das principais etapas do ciclo de vida do VHC, apontando‑se alvos para futuras tera‑ pêuticas, descrevendo‑se os principais fármacos em estudo, de acordo com a fase do ciclo em que atuam6‑11. Fusão, ligação e entrada do vírus no hepatócito As duas glicoproteínas do VHC, E1 e E2, são essenciais para a entrada e fusão do vírus, mediando o contacto do mesmo com Atualizações em VIH 4 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso VHC 1 2 3 4 ARNpolimerase Protease 5 ARN 1. 2. 3. 4. 5. Fusão, ligação e entrada do vírus no hepatócito. Transcrição. Modificações pós-transcricionais. Replicação VHC. Maturação viral e libertação do vírus. Figura 1. Ciclo de vida do vírus da hepatite C. C Core E1 E2 Glicoproteinas do envelope p7 Protease NS2 NS3A A Serina Helicase Cofactor Protease NS4B NS5A NS5B ARN-polimerase ARN dependente Figura 2. Genoma do vírus da hepatite C. Atualizações em VIH 5 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso os recetores do hospedeiro. Estes recetores, que ainda se encontram em estudo, surgem como potenciais candidatos a novos alvos terapêuticos: glicosaminoglicanos, nomeadamente o sulfato de heparano; CD81 (TAPA-1) alvo antiproliferativo do anticorpo 1, cuja maior cadeia extracelular é variável exceto entre os chim‑ panzés e os humanos, únicas espécies que se infetam com VHC; scavenger receptor class B type I (SR-BI) glicoproteína trans‑ membranar que é altamente expressada ao nível dos hepatócitos; claudina‑1; CD 209; ICAM‑3 e o recetor das lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Pensa‑se que estes recetores atuam prin‑ cipalmente através da sua interação com E2. A entrada do vírus nos hepatócitos é dependente do pH e a endocitose é mediada por um processo clatrina‑dependente. O desenvolvimento de fármacos com atuação a este nível poderá dividir‑se em moléculas que antagonizam o VHC direta‑ mente impedindo a sua ligação ao hepatócito e bloqueadores dos recetores do hepatócito. Foram desenvolvidas imunoglobuli‑ nas policlonais para VHC (Civacir®) e anticorpos monoclonais Ac‑VHC 68 e Ac‑VHC 65, encontrando‑se o primeiro em ensaios de fase II e os dois últimos em ensaios de fase I. Transcrição do VHC Após a descapsidação viral e entrada no ribossoma o processo de transcrição dá origem a uma poliproteína única que dará origem às 11 proteínas que formam o VHC (Fig. 2); as duas pro‑ teínas do envelope viral E1 e E2, proteína do core, proteína p7 cuja função se desconhece e seis proteínas não estruturais: NS2, Atualizações em VIH 6 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B e proteína F. As moléculas em estudo para atuarem como armas terapêuticas neste fase do ciclo de vida do VHC ainda se encontram numa fase precoce do seu desenvolvimento. Modificações pós‑transcricionais São necessárias duas peptidases virais para o processamento pós‑transcricional: as proteínas NS2 e NS3/4A. A primeira é uma metaloproteinase zinco‑dependente responsável pela clivagem entre as proteínas NS2 e NS3. A segunda é uma proteína viral multifuncional que tem a proteína NS4A como seu cofactor; é responsável pela clivagem da poliproteína resultante da transcrição ao nível das junções NS3/4A,NS4A/NS4B, NS4B/NS5A e NS5A/ NS5B e pela inativação de proteínas celulares essenciais para a imunidade inata. Inibidores da protease NS3/4 A de primeira geração Caracterizam‑se por apresentarem uma elevada eficácia a nível viral, mas uma baixa barreira genética. A barreira genética é definida pelo número de mutações (substituição de aminoácidos) necessárias para se criar resistência completa a um fármaco. Um fármaco com baixa barreira genética precisa apenas de uma ou duas mutações para o surgimento de resistência completa. O primeiro fármaco a ser desenvolvido em ensaios clínicos foi o BILN‑2061 ou ciluprevir, tendo sido interrompido o seu desen‑ volvimento por cardiotoxicidade. Atualizações em VIH 7 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso O inibidor da protease VX‑950 ou telaprevir é um fármaco de administração oral e foi investigado o seu uso em monoterapia ou com administração simultânea com RBV e PEG‑INF. Após 14 dias de terapêutica na dose de 750 mg, 3/dia, associado a PEG‑INF, verificou‑se uma descida do ARN‑VHC mediana de 5,49 log10. As principais mutações associadas a resistência são Val36Met/Ala, Thr54Ala, Arg155Lys/Thr/Met (todas conferindo resistência baixa ou intermédia) e Ala156Ser/Thr/Val (conferindo resistência ele‑ vada). O seu uso em monoterapia associou‑se ao aparecimento de resistências, o que não foi observado nos estudos de terapêutica combinada. Por esta razão a combinação com RBV e INF é essen‑ cial para prevenir o surgimento de resistências. No genótipo 1, as resistências ao telaprevir foram mais comuns no genótipo 1a com‑ parativamente com o genótipo 1b, uma vez que no primeiro genótipo é mais frequente a existência da mutação Val36/Ala, bastando uma outra mutação para resistência completa. Nos ensaios de fase II PROVE1, 2 e 3 (doentes naive nos dois primeiros e experimentados no último) foi estudada a eficácia de telaprevir em combinação com PEG‑INF e RBV ou apenas em combinação com PEG‑INF: a percentagem de doentes com res‑ posta virológica mantida (RVM) (definida como ARN‑VHC não detetável às 24 semanas pós‑tratamento) foi de 67 a 69% nos dois primeiros ensaios clínicos e de 24 a 53% no PROVE 3 nos doentes com terapêutica tripla, e de 41‑46 e 14%, respetiva‑ mente, nos doentes com terapêutica sem telaprevir. Observou‑se um maior número de insucesso terapêutico no braço sem RBV, o que mantém este fármaco como essencial à terapêutica para VHC. Os três ensaios de fase III que levaram à aprovação deste fármaco foram ADVANCE e ILLUMINATE, em doentes naive e Atualizações em VIH 8 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso REALIZE em doentes experimentados. Após a sua conclusão e com exceção dos doentes experimentados que cumprirão sempre 48 semanas de terapêutica, nos doentes naive que apresentaram resposta virológica rápida (eRVR) com carga viral do ARN do VHC indetetável à quarta e décima segunda semana, encurtou‑se o tempo total de terapêutica para 24 semanas. Surgiram resis‑ tências em 1 a 5% dos doentes naive e em 25% dos doentes experimentados. O telaprevir tem algum efeito sobre o genótipo 2, mas não apresenta qualquer efeito terapêutico ao nível dos genótipos 3 e 4 do VHC. Os principais eventos adversos associados à sua utilização são rash e outras manifestações dermatológicas, astenia, prurido, náuseas, cefaleias, anemia, mal‑estar geral, insónia, febre e diar‑ reia. O tempo de terapêutica com este fármaco é de 14 dias porque com tempos de terapêutica superiores, verificou‑se aparecimento de eventos adversos cutâneos em frequência e gravidade inaceitáveis. O IP SCH 503034 ou boceprevir foi administrado em doses de 200 e 400 mg 3/dia nos ensaios de fase I e levou a uma dimi‑ nuição de 1,61 log10 quando administrado em monoterapia e de 2,88 log10, quando administrado com PEG‑INF. Em ensaios pos‑ teriores foi aumentada a sua dose para 800 mg 3/dia (SPRINT‑1): os doentes recebiam terapêutica tripla durante um período de 28 ou 48 semanas; ou durante 24 ou 44 semanas, após um pe‑ ríodo de lead‑in, ou seja, de tratamento inicial durante quatro semanas apenas com PEG‑INF e RBV. A RVM foi de 54% no grupo Atualizações em VIH 9 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso que efetuou terapêutica tripla durante 28 semanas e de 75% no grupo de lead‑in com duração total de 48 semanas. O protelar do início da terapêutica com boceprevir para quatro semanas após o início de terapêutica com RBV e PEG‑INF foi instituído para diminuir a possibilidade de aparecimento de resistências. Os estudos de fase III que levaram à sua aprovação foram o SPRINT‑2 em doentes naive e o RESPOND‑2 em doentes experimentados. O ensaio incluía quatro semanas de terapêutica de lead‑in apenas com RBV e PEG‑INF seguidos de 44 semanas de terapêutica tri‑ pla, ou a possibilidade de parar terapêutica à semana 28 ou 36 de terapêutica total de acordo com a eRVR. Verificou‑se uma RVM de 66% no grupo das 48 semanas de terapêutica e de 63% no grupo guiado pela RVR precoce, comparado com 38% no grupo tratado apenas com PEG‑INF e RBV. As principais muta‑ ções associadas à sua utilização e que conferem resistência baixa, ou de nível intermédio são Val36/Ala/Met, Thr54Ala/Ser, Val55Al, Arg155Lis/Tri, Ala156Ser e Val170Ala. Tal como no caso do telaprevir também apresenta uma ativi‑ dade reduzida nos genótipos 3 e 4. Os principais efeitos adversos apresentados foram anemia, disgeusia e distúrbios gastrointestinais. Inibidores da protease NS3/4 A de segunda geração As principais vantagens dos IP de segunda geração são o seu melhor perfil farmacocinético que permite administrações de duas ou apenas uma toma diária; atividade sobre outros Atualizações em VIH 10 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso genótipos para além do genótipo 1; não apresentarem resis‑ tência cruzada com os IP de primeira geração e melhor tole‑ rabilidade. O BI 201335 é um IP que já terminou os ensaios de fase IIb (SILEN‑C). Durante o SILEN‑C2 (ensaio também de fase II) com‑ pararam‑se três grupos principais: um com administração na dose de 240 mg diários em terapêutica tripla (com PEG‑INF e RBV) com e sem três dias de lead‑in, ou 240 mg administrados em duas doses diárias com PEG‑INF e RBV, após três dias de lead‑in. Este estudo incluiu apenas doentes sem qualquer res‑ posta prévia ao tratamento com RBV e PEG‑INF. Apesar de se ter verificado uma RVM considerável, foram identificadas as princi‑ pais mutações nos doentes que não responderam: Arg155Lys e Asp168Val nos genótipos 1a e 1b, respetivamente. Em 25% dos doentes que não responderam não se conseguiu identificar qual‑ quer tipo de mutação. Aguardam‑se os resultados dos ensaios de fase III, em que foi administrado na dose de 240 mg em toma única juntamente com RBV e PEG‑INF12. O TMC 435 é também um IP que já terminou os ensaios de fase II (ASPIRE). Durante os ensaios verificou‑se uma maior per‑ centagem de RVM nos doentes submetidos a terapêutica tripla (TMC 435 nas doses de 75 e 150 mg por dia, juntamente com RBV e PEG‑INF) do que nos doentes submetidos apenas a tera‑ pêutica com PEG‑INF e RBV. As principais razões para não atin‑ gir RVM foram, tal como no fármaco anterior, o surgimento de resistências. Assim, no genótipo 1a a principal mutação encon‑ trada foi Arg155Lys associada a mutações nas posições 80 ou 168, e, no genótipo 1b a mutação Asp168Val. Em análise posterior Atualizações em VIH 11 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso verificou‑se que 27,1% dos doentes com genótipo 1a já apre‑ sentavam previamente ao início de terapêutica um polimorfismo ao nível de Gln80Lys que confere uma baixa suscetibilidade ao TMC 43513. Nos ensaios de fase III os doentes irão receber trata‑ mento com PEG‑INF e RBV associado ou não a 150 mg de TMC 435 diário. O danoprevir (RG 7227; ITMN‑191) é um IP no qual foi estu‑ dada a potenciação com ritonavir (RTV), tendo‑se alcançado níveis séricos de danoprevir mais elevados, com administração de doses mais reduzidas do fármaco. Este facto leva provavelmente, a uma diminuição dos efeitos secundários associados ao mesmo. Encontra‑se em estudo a sua associação a outros AAD, como se referirá mais adiante. Foram reportadas resistências cruzadas para todos os IP em fase II e III de desenvolvimento. Inibidores da interação NS4A/NS3 Foi desenvolvido um inibidor da interação da protease ACH‑806/GS9132 que atua por prevenção da formação/ativação do complexo da protease. O desenvolvimento deste fármaco foi interrompido por disfunção tubular proximal. Replicação do VHC Fazem parte do complexo viral responsável pela replicação viral as proteínas não estruturais: NS5B, NS5A, NS3 helicase, NS4B e outras estruturas virais. Atualizações em VIH 12 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso A ARN‑polimerase ARN‑dependente (NS5B) possui uma con‑ formação em forma de mão direita com dedos, palma e polegar; a sua ligação à ciclofilina B parece ser responsável pela regulação da replicação do VHC através da modulação da capacidade de ligação do ARN à NS5B. A NS5A é uma metaloproteinase que parece regular diretamente a replicação viral e a atividade da polimerase (NS5B). Os mecanismos precisos pelos quais se dá a replicação do VHC ainda são desconhecidos. Os fármacos desenvolvidos para atuarem nesta fase do ciclo de vida do VHC são até à data quatro: inibidores nucleó‑ sidos/nucleótidos da ARN‑polimerase ARN‑dependente, inibido‑ res não‑nucleósidos da ARN‑polimerase ARN‑dependente, inibi‑ dores da NS5A e inibidores da ciclofilina B. Inibidores da ARN‑polimerase ARN‑dependente (NS5B) Inibidores nucleósidos/nucleótidos Atuam ao nível do centro catalítico da enzima e mimetizam os substratos naturais da ARN‑polimerase ARN‑dependente, sendo incorporados no local de atuação de enzima, onde atuam como terminadores da cadeira de ARN. Apresentam potencial de atividade em todos os genótipos do VHC. Os primeiros inibidores nucleósidos da polimerase a serem desenvolvidos foram a valo‑ picitabina e R1626; a sua investigação foi interrompida por baixa atividade antivírica e aparecimento de eventos adversos graves. Atualizações em VIH 13 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso O PSI‑7977 é um fármaco pertencente à classe dos inibidores nucleósidos/nucleótidos da polimerase. No ensaio de fase IIb PROTON, 91% dos doentes aos quais foram administrados 400 mg por dia de PSI‑7977 adicionado de RBV e INF apresen‑ tavam um ARN‑VHC inferior a 15 UI/ml às quatro e 12 semanas. Nos ensaios de fase II PROTON, ELECTRON e ATOMIC verificou‑se que possui um perfil de segurança favorável, não se tendo veri‑ ficado qualquer descontinuação do fármaco por surgimento de efeitos adversos nos grupos que o utilizaram em monoterapia14. Apresenta atividade sobre todos os genótipos do VHC. Aguardam‑se os resultados dos ensaios de fase III. O RG 7128 é um nucleósido/nucleótido inibidor da polimerase que nos ensaios de fase I, quando comparado com o tratamento com PEG‑INF, mostrou um ARN‑VHC inferior a 15 UI/ml à quarta semana de terapêutica em 85% dos doentes, enquanto que no outro grupo essa resposta só se verificou em 10% dos doentes. Os efeitos secundários mais frequentes associados ao seu uso foram cefaleias, calafrios, astenia, náuseas e febre. Verificou‑se um caso de neutropenia grave. Apresenta atividade sobre vários genótipos. Inibidores não‑nucleósidos Atuam por ligação aos locais alostéricos da polimerase, alte‑ rando a sua conformação e impedindo que o complexo de en‑ longamento se forme. Pela sua conformação em forma de mão Atualizações em VIH 14 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso direita, como já foi atrás referido existem pelo menos quatro locais de ligação alostérica a que estes fármacos se podem juntar. A resistência é mais frequente nos inibidores não‑nucleósidos do que nos nucleósidos/nucleótidos. Filubuvir (PF 00868554) é um inibidor não‑nucleósido da polimerase. O seu uso em monoterapia promoveu uma descida da carga viral do VHC entre os 0,97 e 2,13 log10, com dosagens de 100 a 450 mg em duas tomas diárias e de 300 mg em três tomas diárias. Aguardam‑se resultados de estudos em doentes naive. Inibidores da NS5A São potencialmente ativos contra todos os genótipos do VHC. O fármaco ainda em fase de desenvolvimento BMS‑790052 (daclatasavir) liga‑se ao domínio I desta proteína, que é crucial para a replicação do VHC; em estudos de fase II a RVR foi de 92% para os doentes que receberam 60 mg diários deste fármaco adicionado a PEG‑INF e RBV. Outros fármacos em estudo são BMS‑824393, AZD7295, MK 0608 e PPI‑461. Inibidores da ciclofilina B Para além do seu efeito imunossupressor a ciclosporina A tam‑ bém atua como inibidor da replicação viral do VHC, por antago‑ nizar o efeito da ciclofilina B ao nível da replicação viral. Foi, deste modo, desenvolvido um análogo da ciclosporina (DEBIO‑025, alis‑ porivir) que na dose de 1.000 mg, em monoterapia ou associado Atualizações em VIH 15 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso à RBV e PEG‑INF mostrou resultados muito promissores. Apre‑ senta atividade para todos os genótipos do VHC. Mostrou como efeitos secundários mais frequentes hiperbilirrubinemia e trom‑ bocitopenia. Outro fármaco também em estudo e que pertence a esta classe é o NIM 811. Maturação viral e libertação do vírus É a proteína do core a responsável pela formação das partículas da nucleocápside, fazendo também parte deste processo as pro‑ teínas do envelope E1 e E2. O mecanismo preciso pelo qual ocorre esta etapa do ciclo de vida do VHC ainda é desconhecido pen‑ sando‑se que os viriões deixam o hepatócito através de uma via secretória constitutiva, após deixarem o retículo endoplasmático. Foram desenvolvidos fármacos, a partir de aminoaçúcares, pelas propriedades que estes apresentam de atravessar várias barreiras celulares e de se concentrarem no retículo endoplasmá‑ tico, onde competiriam com as partículas virais, afetando assim a sua maturação. Encontram‑se em estudo as partículas MX‑3253 ou celgosivir e UT‑231B. Terapêuticas combinadas Uma das primeiras associações terapêuticas estudadas foi a da associação do danoprevir (IP) ao RG7128 (inibidor nucleósido da polimerase). Esta combinação de AAD resultou numa boa resposta em termos virais e verificou‑se um bom perfil de segu‑ rança. Após 13 dias de terapêutica os doentes fizeram um switch para PEG‑INF e RBV, completando um total de 24 semanas de Atualizações em VIH 16 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso terapêutica. Verificou‑se uma resposta a todos os níveis superior, nos doentes que fizeram 13 dias de terapêutica inicial com AAD15. Na associação de BI 201335 (IP) e BI 207127 (inibidor não‑nu‑ cleósido da polimerase) verificou‑se uma melhor resposta nos doentes com genótipo 1b, comparativamente com o genótipo 1a. Os efeitos secundários mais frequentemente observados foram distúrbios gastrointestinais, rash e fotossensibilidade. Nos resul‑ tados preliminares de fase II em doentes com cirrose compensada (SOUND‑C2) verificaram‑se respostas similares entre este grupo de doentes e doentes sem cirrose. Apesar de a terapêutica inicial apenas com AAD ser seguida de terapêutica com PEG‑INF e RBV, pensa‑se que os tempos totais de terapêutica poderão ser encur‑ tados, o que torna esta combinação uma opção a ter em conta em doentes com cirrose compensada e genótipo 116. A combinação GS‑9256 (IP) e tegobuvir (GS‑9190, inibidor não‑nucleósido da polimerase) já foi testada em ensaios de fase II, em doentes naive de genótipo 1. A terapêutica administrada nos primeiros 28 dias variou: no primeiro grupo foram administrados 40 mg de tegobuvir e 75 mg de GS‑9256 em duas tomas diárias; no segundo grupo foram administrados tegobuvir , GS‑9256 e RBV (1.000‑1.200 mg diárias); no terceiro grupo foi adicionado aos três fármacos anteriores PEG‑INF. Após os primeiros 28 dias de terapêutica todos os doentes receberam INF e RBV. O ARN‑VHC foi inferior a 25 UI/ml à semana 24 em 10/15, 13/13 e 13/14 dos doentes, respetivamente. Em todos os grupos se verificou uma elevação transitória da bilirrubina. No ensaio que avaliou a tera‑ pêutica com tegobuvir (20 mg em duas tomas diárias), GS‑9256 (150 mg em duas tomas diárias), PEG‑INF (180 µg por semana) Atualizações em VIH 17 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso e RBV (1.000 a 1.400 mg) diárias verificou‑se que se o ARN‑VHC fosse inferior a 25 UI/ml à segunda semana de terapêutica o tempo total de terapêutica poderia ser encurtado para 16 sema‑ nas sem comprometer a resposta virológica17. Os efeitos secun‑ dários mais frequentes associados a esta associação terapêutica foram cefaleias, náuseas, prurido, alopecia, rash, febre e anorexia; laboratorialmente, para além da hiperbilirrubinemia, também fo‑ ram referidas neutropenia e linfopenia. A associação de ABT‑450/r (IP) com ABT‑072 (inibidor não‑nu‑ cleósido da polimerase) em doentes com IL28B CC, genótipo 1, naive nas doses diárias de 150/100 e 400 mg, respetivamente, e RBV administrada em função do peso durante 12 semanas mos‑ trou um ARN‑VHC negativo às 24 semanas em 10/11 doentes18. Os efeitos secundários mais frequentemente observados foram cefaleias, astenia, náuseas e pele seca. Foi realizado um ensaio em doentes com resposta nula prévia ao PEG‑INF e RBV, com genótipo 1 em que foram criados dois grupos: no primeiro foram administrados apenas daclatasavir (inibidor NS 5A) na dose de 60 mg diárias e asunaprevir (IP) na dose de 600 mg em duas tomas diárias, associados ou não ao PEG‑INF e RBV. Nove dos 10 doentes que fizeram terapêutica com os quatro fármacos apresentavam ARN‑VHC indetetável 24 semanas após término da terapêutica19. Este ensaio foi replicado num grupo maior de doentes, com uma dose de daclatasavir de 20 e 40 mg diárias, com respostas similares às encontradas previamente20. Os efeitos secundários mais frequentemente associados a esta combinação terapêutica foram cefaleias, astenia, irratibilidade e astenia; laboratorialmente destaca‑ ram‑se hipofosfatemia, neutropenia e leucopenia. Atualizações em VIH 18 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso Foi estudada uma combinação terapêutica quádrupla com tegobuvir (inibidor não‑nucleósido da polimerase), GS‑5885 (ini‑ bidor NS5A), GS‑945 (IP) e RBV durante 12 semanas de trata‑ mento. A resposta às quatro semans de terapêutica foi satisfa‑ tória mas verificou‑se um número não desprezível de resistências, todas em doentes com genótipo 1a. Os efeitos secundários mais frequentes foram: cefaleias, rash, diarreia, náuseas e astenia21. Novas formulações de terapêuticas já utilizadas Análogos da ribavirina A tabivirina é transformada em RBV ao nível do fígado, pen‑ sando‑se que este facto levaria a uma menor interação com os glóbulos vermelhos, minimizando a anemia. Um efeito viral baixo nas doses inicialmente utilizadas, levou à utilização de doses mais elevadas, que fizeram que, também neste caso, se verificasse anemia, o que comprometeu o seu uso futuro. Novos interferões Albinterferão a‑2b é uma molécula recombinante que resulta da fusão do INF a‑2b com albumina. No entanto, em ensaios de fase III o seu uso não foi bem tolerado, nem mostrou eficácia superior nos genótipos 1, 2 e 3 do VHC. O PEG‑INF l é um INF tipo III que se liga a um recetor diferente dos utilizados pelo PEG‑INF, com uma menor expressão nos te‑ cidos hematopoiéticos. Pensa‑se que este facto possa minimizar Atualizações em VIH 19 Sem o consentimento prévio por escrito do editor, não se pode reproduzir nem fotocopiar nenhuma parte desta publicação. © Permanyer Portugal 2012 Novos avanços na terapêutica da hepatite C crónica C.M. de Oliveira Afonso os efeitos adversos normalmente associados à terapêutica com esta molécula. Em ensaios de fase I verificou‑se eficácia viroló‑ gica e diminuição dos efeitos secundários relativamente ao PEG‑INF. Durante os ensaios de fase II (EMERGE) verificou‑se uma melhor resposta das dosagens de 180 e 240 µg, quando compa‑ rados com a dosagem de 120 µg. Adicionando estes resultados de eficácia aos de segurança decidiu avançar‑se para os ensaios de fase III com a dosagem de 120 µg22. IL28B Estudos genómicos identificaram polimorfismos no locus do gene da IL28B que estão fortemente associados à resposta à terapêutica com PEG‑INF e RBV nos doentes com genótipo 1. O alelo CC é aquele associado a uma melhor resposta terapêutica contrastando com os alelos CT e TT, com respostas inferiores. Esta descoberta poderá conduzir a uma nova forma de abordagem dos doentes relativamente à terapêutica a adotar nos doentes com VHC e genótipo 1. Este facto é particularmente relevante nos doentes submetidos apenas a terapêutica com PEG‑INF e RBV23. Bibliografia 1. European Centre for Disease Prevention and Control. Annual Epidemio‑ logical Report 2011: Reporting on 2009 surveillance data and 2010 epidemic intelligence data. Stockholm: ECDC; 2011. [Online] Acedido a 08 de junho de 2012. Disponível em: http://ecdc.europa.eu/en/publica‑ tions/publications/1111_sur_annual_epidemiological_report_on_communi‑ cable_diseases_in_europe.pdf 2. Rosen H. Chronic hepatitis C infection. N Engl J Med. 2011;364:2429‑38. 3. Poynard T, Yuen M, Ratziu V, Lai C. Viral hepatitis C. Lancet. 2003;362: 2095‑100. 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