UNIVERSIDADE DO VALE DOS SINOS - UNISINOS UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - UCG MINTER - MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO OPERAÇÕES EM SERVIÇOS: UMA ANÁLISE DO SETOR FARMACÊUTICO NILO M. P. RESENDE ORIENTAÇÃO: PROF. DR. CLÁUDIO GONÇALO Goiânia, 18 de maio de 2009 UNIVERSIDADE DO VALE DOS SINOS - UNISINOS UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS - UCG MINTER - MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO OPERAÇÕES EM SERVIÇOS: UMA ANÁLISE DO SETOR FARMACÊUTICO NILO M. P. RESENDE ORIENTAÇÃO: PROF. DR. CLÁUDIO GONÇALO Proposta de projeto para dissertação de Mestrado, apresentado ao programa de Pós-Graduação Administração. Goiânia, 18 de maio de 2009 do Mestrado em SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................3 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA................................................................................6 1.3 OBJETIVOS.............................................................................................................15 1.3.1 Objetivo Geral......................................................................................................15 1.3.2 Objetivos Secundários.........................................................................................15 1.4 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................16 1.5 ESTRUTURA DE ANÁLISE..................................................................................17 2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................22 2.1 A QUALIDADE DO SERVIÇO..............................................................................22 2.2 O ENCONTRO DO SERVIÇO................................................................................31 2.3 A SATISFAÇÃO DO FUNCIONÁRIO NO TRABALHO.....................................34 2.4 AS PRÁTICAS GERENCIAIS................................................................................37 2.5 O TRABALHO EM EQUIPE..................................................................................41 2.6 A ADEQUAÇÃO DO FUNCIONÁRIO AO CARGO............................................42 2.7 A ADEQUAÇÃO DA TECNOLOGIA AO TRABALHO......................................43 2.8 O CONTROLE PERCEBIDO..................................................................................43 2.9 OS SISTEMAS DE CONTROLE E SUPERVISÃO...............................................44 2.10 O CONFLITO DA FUNÇÃO................................................................................46 2.11 A AMBIGUIDADE DA FUNÇÃO.......................................................................47 3 METODOLOGIA.....................................................................................................49 3.1 ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO....................................................................50 3.2 ESTRUTURA DA AMOSTRAGEM......................................................................51 3.2.1 Definição da População Alvo..............................................................................51 3.2.2 Estrutura e Método de Amostragem..................................................................52 3.2.3 Definição do Tamanho da Amostra...................................................................53 3.3 CRONOGRAMA DE PESQUISA...........................................................................54 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................55 3 1 INTRODUÇÃO A dinâmica competitiva atual impõe às organizações uma série de desafios para alcançar uma vantagem competitiva que as diferenciem de seus concorrentes e assim garantir a sua saúde para sobreviver e se destacar no mercado. O bom desempenho na entrega de um dado serviço ao cliente, que por sua vez está cada vez mais exigente dentro de um cenário marcado por ofertas comparáveis, pode ser um bom começo. Este projeto de pesquisa pretende conduzir o leitor a um melhor entendimento do sistema operacional de serviços em organizações farmacêuticas que, por sua natureza, atuam em um setor complexo e estratégico para a manutenção do bem estar geral da população. A perspectiva de serviços ainda é uma área muito pouco explorada nesse setor. Hoje se entende que a qualidade do serviço pode ser o fundamento para o diferencial competitivo, tendo em vista que as empresas ofertam produtos cada vez mais parecidos em termos de eficácia, segurança e preço. Independentemente do tipo de produto ofertado, a qualidade deve estar não só dentro da fábrica, mas deve ocorrer também durante os momentos de interação com o cliente. O ambiente de negócios em todo o mundo passa por significativas mudanças em função de uma crescente diversidade, maior riqueza do conhecimento e turbulências criadas por modificações macro-ambientais provenientes dos avanços tecnológicos e da globalização, resultando na transformação de aspectos estruturais globais. Uma nova economia sem fronteiras, a consolidação dos setores produtivos, a fragmentação de mercados e consumidores mais ativos, conectados e informados, exerce uma influencia nas práticas de mercado e, também, na prestação de serviços. Essas mudanças impactaram o perfil de clientes e consumidores, tornando-os mais difíceis de agradar. Hoje, eles são mais conscientes e exigentes, sendo frequentemente abordados por um maior número de concorrentes com ofertas iguais ou melhores, o que conduz ao desafio ainda maior de conquistá-los. Neste aspecto, o papel dos trabalhadores de linha de frente, por ser o primeiro ponto de contato entre a empresa e o cliente, torna-se fundamental para a criação de valor (Fitzsimmons & Fitzsimmons, 2005; Grönroos, 2003). A busca pela vantagem competitiva tem sido um dos pontos mais estudados em várias áreas da administração. Ela surge com a capacidade de gerar maior valor econômico do que os concorrentes, podendo ser temporária ou sustentável. Esse valor é a diferença entre os 4 benefícios percebidos pelo cliente, na aquisição de produtos ou serviços, e o custo para produzir ou vendê-los, sendo sempre uma questão determinada pela ótica do consumidor (Barney, 2007). O valor dos bens e serviços gerados pelas empresas tem como base o desenvolvimento de um conhecimento intangível que inclui o know-how técnico, o design de produto, as apresentações de marketing, o conhecimento do cliente, a criatividade dos funcionários e a inovação. Em um contexto de prestação de serviços, por exemplo, a capacidade de fornecer uma alta qualidade pode adicionar valor do ponto de vista dos clientes e, se tornar uma fonte de vantagem competitiva, uma vez que a entrega dessa qualidade produz benefícios mensuráveis na forma de lucro, redução dos custos e aumento da participação em market share (Zeithaml, Berry e Parasuraman, 1988; Grönroos, 2003). Assim, entender a natureza da qualidade do serviço e a forma como ela pode ser alcançada torna-se uma prioridade para as empresas. Em muitos serviços esse acréscimo de qualidade ocorre durante a sua entrega, geralmente em uma interação entre o cliente e o pessoal de contato da empresa, isto é, os trabalhadores de linha de frente. Por essa razão, a qualidade do serviço é altamente dependente do desempenho dos empregados, um recurso organizacional que não pode ser controlado no mesmo grau que os componentes de bens tangíveis (Zeithaml, Berry e Parasuraman, 1988; Grönroos, 2003). Este projeto de pesquisa terá como foco o setor farmacêutico, que desde as suas origens, vinculou a vantagem competitiva aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D), como fonte de recursos para gerar novos compostos moleculares, que são os produtos ou medicamentos desenvolvidos para atender às necessidades do consumidor (Yeoh & Roth, 1999). Todavia, para gerar um potencial de vantagens, esses recursos distintivos devem ser raros, valiosos e difíceis de serem replicados, para que possam explorar imperfeições de mercado (Barney, 2007). Esse setor, ao longo de sua história apresentou ritmo intensivo de pesquisa, elevado número de inovações e o contínuo lançamento de novos produtos. Os medicamentos são direcionados para satisfazer as necessidades do consumidor em uma área muito crítica e específica, a saúde, sendo, portanto de vital importância para a sociedade. (Gambardela et al., 2000; Manchanda, 2005, Depret e Hamdouch, 2000; Gadelha, Quental e fialho,. 2003). O setor alcançou na década de 90 o seu período mais lucrativo, mas, em função de mudanças no cenário, as regras do jogo mudaram, levando as companhias a intensificar seus 5 esforços para enfrentar a elevada competitividade e manter as taxas de crescimento do passado. Dentre os fatores que contribuíram para esse desfecho, encontram-se a escassez de produtos considerados blockbusters1, a perda de vendas relacionadas à expiração de patentes de produtos-chave, a redução de ciclo de vida dos produtos, o desenvolvimento de novas drogas que se tornou limitado e de alto custo e uma inabilidade geral de comercializar produtos do tipo “eu também” 2 (Spiller e Wymer, 2001; Angell, 2008). Estima-se que, globalmente, o setor farmacêutico invista cerca de 20 a 40% de suas receitas em vendas e marketing. Isto é duas a três vezes mais do que é investido em P&D de novos fármacos (Gadelha, Quental e Fialho, 2003). Os representantes utilizados pelo setor, também conhecidos por vendedores, propagandistas ou detailers, fazem parte do escopo de vendas, marketing e serviços. Eles são os trabalhadores de linha de frente e realizam o contato direto com os clientes, que, no caso do setor farmacêutico, são os médicos. Assim, os representantes assumem um papel central na prestação de serviços ao levar informações detalhadas relacionadas ao produto até os clientes médicos. A nova dinâmica imposta pelo cenário atual vem tornando o processo de interação com esses clientes cada vez mais complexo, tendo em vista que seu perfil também mudou drasticamente, além do que cada vez mais eles são assediados por empresas ofertando produtos e serviços muito parecidos. Ao mesmo tempo eles tornaram-se mais conscientes e exigentes sobre questões envolvendo preços e qualidade, além do fato de que as pressões do mundo moderno não os permitem dedicar tempo suficiente para os representantes. Em face dessa dinâmica, paira o desafio de como se diferenciar perante os concorrentes para alavancar as vendas e melhorar o desempenho. Dentro desse contexto, o presente projeto pretende analisar o desempenho do setor farmacêutico em sua operação de serviços, tendo por base a realidade do ambiente operacional de seus representantes que atuam diretamente na interface com os clientes. 1 Blockbusters: São produtos (novas entidades moleculares) inovadores que raramente chegam ao mercado, mas quando chegam experimentam elevadas taxas de crescimento, proporcionando altas taxas de retorno sobre a inovação para o laboratório. (Angel, 2008; Finn & Sutherland, 2004; Bastos, 2005). 2 Produtos do tipo “eu também”: São moléculas com estruturas muito semelhantes que podem atender ao mesmo tratamento e granjearem patentes separadas. É o caso, por exemplo, das cefalosporinas de primeira geração, lançadas num curto espaço de tempo a partir de 1971 e com indicações médicas semelhantes, que puderam concorrer entre si com patentes diferentes. A grande maioria dos novos medicamentos não são realmente novos, mas apenas variações de drogas anteriores já a venda no mercado. São chamados medicamentos de imitação (Angell, 2008; Fin & Sutherland, Spiller e Wymer, 2001). 6 Para tanto, será realizada uma revisão bibliográfica referente à gestão de serviços, a fim de construir um referencial teórico capaz de auxiliar na resposta à pergunta desta pesquisa, envolvendo seus principais conceitos, cuja execução efetiva é necessária para se alcançar um bom desempenho nas operações de serviço. 1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA O problema a ser discutido visa oferecer uma análise do status atual do desempenho do setor farmacêutico em seu sistema de operações de serviços a seus clientes médicos, focando em questões relacionadas à qualidade alcançada durante o encontro do serviço, a satisfação do funcionário e as práticas gerenciais adotadas para assegurar o bom desempenho imprescindível. Assim, o presente estudo buscará avaliar o a qualidade do desempenho do serviço ofertado pelo setor farmacêutico aos seus clientes médicos, utilizando como suporte o modelo de lacunas descrito por Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988), mais especificamente trabalhando a terceira lacuna, isto é, a qualidade especificada do serviço e a sua entrega. Grönroos (2003) argumenta que a terceira lacuna remete a uma situação organizacional que envolve dois passos: o processo de produção e a entrega do serviço. O setor farmacêutico é reconhecido globalmente por realizar um investimento muito maior em marketing do que em P&D. Uma vez que o produto alcança o mercado, investe-se fortemente em marketing e promoção. As maiores empresas mantêm um elevado contigente de representantes que fazem contato regular com os médicos e outros decisores com os quais praticam o marketing de serviços ao entregar informações detalhadas dos produtos desenvolvidos pela indústria. Em virtude de sua importância estratégica no campo da saúde e bem-estar geral da população, por envolver uma série de riscos e pela incapacidade do mercado de se autoregular, os governos assumem um papel fundamental ao regular o marketing e a prestação de serviços no setor farmacêutico, forçando as empresas a fornecerem informações confiáveis e valiosas. O próprio setor sugere que a disseminação dessas informações, realizada pelos representantes de vendas, é um serviço que contribui para tornar os médicos conscientes dos últimos avanços, sendo as atividades, conduzidas pelo marketing e promoção, componentes 7 importantes de educação e informação para os profissionais de saúde sobre a disponibilidade de novos tratamentos. A comunicação direta entre esses atores é parte da missão das empresas (Phrma, 2008). Portanto, as informações disseminadas pelos representantes devem possuir base científica e ser constantemente atualizadas, tendo como objetivo dar suporte ao processo de tomada de decisão dos médicos. Estas características, analisadas desta forma, elevam o papel do representante, como um relevante prestador de serviços aos médicos por fornecer informações sobre os medicamentos disponíveis direcionados ao tratamento de diferentes condições de saúde da população. Ao se considerar o campo da prestação de serviços é possível distinguir os conceitos de qualidade técnica (o que?) e qualidade funcional (como?). A primeira está relacionada ao resultado obtido durante o processo da entrega do serviço, sendo aquilo que fica retido com o cliente ao final do processo de interação. Para competir e estar no mercado, a qualidade técnica torna-se um pré-requisito necessário para alcançar a qualidade total. A qualidade funcional relaciona-se ao “momento da verdade”, que determina o encontro do cliente com o pessoal da linha de frente. Significa como o resultado foi transferido e como o cliente recebe o serviço e participa do processo. Por ser subjetiva, é uma base para melhorar as interações entre vendedor x comprador, sendo o que de fato agrega valor para os clientes (Grönroos, 2003; Brogowicz, Delene e Lyth, 1990; Zeithaml e Bitner, 2003). O fornecimento de mais e melhores serviços ao cliente, pode ser a chave para a diferenciação. Esse entendimento conduz ao seguinte raciocínio: em situações em que várias empresas competem com resultados e qualidade técnica semelhante, o que de fato conta é o impacto da qualidade funcional e, aí, pode estar a chave para se criar uma vantagem competitiva (Grönroos, 2003). Para se tornarem mais competitivas, manter a lucratividade e crescimento, as empresas farmacêuticas precisam encontrar maneiras de se tornarem mais efetivas na prestação de serviços para seus clientes médicos. Esforços promocionais dirigidos a eles são de fundamental importância para a continuidade da saúde do setor. No mercado farmacêutico há uma distinta ruptura no tradicional processo de compra, pois o tomador de decisão é o médico, que escolhe dentre uma vasta quantidade de drogas alternativas, mas é o paciente que utiliza o produto e assume o seu custo, seja do próprio bolso ou através da cobertura de um sistema de saúde pelas escolhas feitas pelos médicos (Manchanda et al., 2004; Gönull et al., 2001). 8 A maior parte do orçamento é direcionada aos médicos, que funcionam efetivamente como gatekeepers para a venda de produtos farmacêuticos. Portanto, seu papel como intermediário, não pode ser ignorado. Seu envolvimento como tomador de decisão-chave é a razão de eles serem o foco da maior parte dos esforços promocionais (Manchanda et al., 2005; Buckley, 2004; Wazana, 2000). Com relação às estratégias promocionais, o setor combina duas modalidades. A mais empregada é a de empurrar (push) que, possui como característica primária, as vendas pessoais e promocionais como meio de empurrar o produto através do canal de marketing. Para obter sucesso na implementação dessa estratégia, um considerável investimento é realizado pelas empresas na força de vendas e em itens promocionais (Parker e Pettijohn, 2005; Buckley, 2004; Manchanda et al., 2005). A outra estratégia é a de puxar (pull), que possui como característica a propaganda e promoção ao usuário final, aplicada no caso dos produtos de venda livre, também conhecido como OTC (over the counter). Em alguns países, como é o caso dos EUA, desde 1997 é permitido o uso dessa estratégia para os produtos éticos, cujo principal objetivo está em proporcionar informações sobre a existência de uma determinada marca de produto ou condições de saúde diretamente aos consumidores finais (pacientes) para que esses possam ir até seus médicos e solicitar a prescrição da marca promovida (Parker e Pettijohn, 2005; Buckley, 2004; Manchanda et al., 2005). A estratégia de empurrar (push) visa a obter a cooperação dos médicos, atores-chave no canal, para prescreverem um produto para o paciente ou usuário final. Essa estratégia é implementada através dos representantes que visitam os médicos com o objetivo de influenciar o seu comportamento prescritivo por meio da promoção, também conhecida por detailing. (Parker e Pettijohn, 2005; Manchanda et al., 2005). No Brasil, a estratégia mais utilizada, em função de requisitos legais, é a promoção. Os esforços de marketing direcionados aos médicos compreendem a utilização de várias ferramentas no composto de marketing mix e serviços como as vendas pessoais através dos representantes (detailers), a promoção e a distribuição de amostras grátis, isto é, o fornecimento de produtos sem custo para o médico ou paciente (Wazana, 2000; Manchanda et al., 2005; Buckley, 2004). Portanto, por fatores externos, o setor consegue manter um relacionamento único e exclusivo com seus clientes, pois atua em um segmento onde se aplica uma mídia particular e dispendiosa para eles. 9 É nesse contexto que se concentra a maior parte dos esforços do setor, pois para serem efetivos no lançamento de novos produtos, inovadores ou não, se faz necessário contar com uma força de trabalho altamente capacitada e especializada para contribuir com o macroplanejamento de marketing desenvolvido para determinado conjunto de produtos para dentro do chamado micro-marketing. No Brasil, desde a década de 70 o setor é dominado por multinacionais, que respondem por cerca de 80% do mercado nacional. Nesse período, apenas uma empresa de capital nacional, figurava entre as dez maiores companhias farmacêuticas atuando no país. (Gadelha, 2003). Hoje são várias nesse ranking. As indústrias nacionais, pela complexidade envolvida em P&D, especializaram-se na produção, comercialização e promoção de produtos considerados similares e genéricos dos produtos originais logo após a expiração de sua patente. A tarefa de promoção também é executada pelos representantes (Gadelha, 2003). Portanto, a interação da indústria com médicos se operacionaliza por meio dos representantes. Esse contato inicia-se muito cedo nas escolas de medicina junto aos residentes e aumenta gradativamente após a formação do profissional. A frequência de contatos é variável podendo ser apenas uma vez ou se estender até quatro vezes ao mês. As atitudes e opiniões sobre esse processo de interação encontram-se divididas e repletas de contradições (Wazana, 2000). Manchanda et al (2005) se inclinaram a realizar uma revisão integrada da literatura sobre o papel do detailing. Para eles, os médicos se comportam dentro de um continuum variando de negativa a neutra em relação às suas percepções frente aos representantes. Essa variância é afetada pela qualidade do suporte organizacional e informacional, o estilo do representante e o ambiente de trabalho do médico. Todavia, o detailing existe e cresce apesar dessa atitude, pois se entende que, por meio dele, se promove uma fonte barata de informação. A importância do detailing como fonte de informação se declinou nas últimas décadas, tendo em vista a existência de outras fontes mais importantes. Todavia, o detailing não é somente uma importante fonte de informação. Ele também afeta o comportamento prescritivo do médico de uma forma positiva e significativa, cujo efeito parece durar sobre a extensão de todo o ciclo de vida do produto, o que pode parecer confuso, considerando que a maior parte das informações sobre o produto teria sido disseminada em períodos anteriores. 10 A explicação, segundo o estudo, está no desenvolvimento de um efeito recordatório adicional proveniente das constantes interações dos médicos com os representantes. Durante a prestação do serviço se constrói uma boa vontade que se traduz em comportamento prescritivo. Essa boa vontade não está baseada puramente em fatores objetivos e racionais, mas em normas sociais e culturais (Manchanda et al., 2005). Sua característica se altera de informativa para ser mais persuasiva nos estágios finais de ciclo de vida do produto. A evolução dessa boa vontade sugere a existência de um forte relacionamento entre o médico e o representante (Manchanda et al., 2005). Pesquisas indicam que, atualmente, a maioria dos médicos percebe viés nas informações transmitidas pelos representantes, mas suas visitas se constituem numa quebra da rotina. São reportados também o desenvolvimento de amizade e o fato de eles gostarem de receber brindes. Os médicos possuem três importantes fontes de informação: os representantes de vendas, a participação em simpósios e conferências e na leitura de revistas científicas especializadas (Spiller e Wymer, 2001). Aspectos operacionais relevantes foram identificados por Sutherland e Finn (2004) que abordaram questões relativas ao papel do marketing de serviços nessa dinâmica e colocam em discussão a necessidade de um novo modelo de negócio. Eles apontam que após as farmacêuticas terem gasto considerável volume de investimentos procurando por respostas em sistemas de CRM (Customer Relationship Management) ou em segmentação, há um crescente reconhecimento de que o problema pode estar nesse ponto crucial, ao ponto de questionar se as indústrias que compõem o setor relamente conhecem o mercado e o cliente. Dentre os problemas relacionados para esse descompasso Spiller e Wymer (2001) citam, por exemplo, o desejo dos acionistas por lucros em curto prazo, as mudanças no sistema regulatório e a própria mudança do perfil do consumidor. De fato, o gosto e percepções dos clientes mudam continuamente com o tempo. Sutherland e Finn (2004) também destacam que as farmacêuticas escolheram esse caminho por confiar que o processo decisório do médico estaria baseado apenas em suas percepções sobre as informações clínicas. Atrás do aparente sucesso obtido pelas farmacêuticas nesse contexto, que parece criar a percepção de que a tática escolhida foi a melhor, pode estar um grande problema como, por exemplo, o fato de que esses resultados podem ter custado muito mais caro, em função da adoção de sistemas ineficientes e ultrapassados. 11 É nesse contexto até aqui discutido que está incluído o representante. De um lado está o cliente no mundo real seja em uma grande metrópole ou em uma cidade do interior e, do outro, está todo o arsenal promocional preparado e desenvolvido pelo marketing tendo por base as informações levantadas acima. Para fazer frente a esse cenário altamente competitivo, as farmacêuticas em geral investem em treinamento de seus funcionários de linha de frente, que são os responsáveis por levar as mensagens promocionais preparadas pelo marketing aos seus clientes, sendo ainda esses profissionais que, individualmente, em cada visita realizada fazem com que a magia de “encantar o cliente” tome forma e conteúdo (Zemke e Schaaf, 1991). Assim, no mundo dos remédios, essa mensagem promocional chega focadamente e pode ser inclusive, individualizada, dependendo para isso da habilidade e do grau de liberdade que a empresa proporciona ao representante. A venda é um processo contínuo através da prescrição dos produtos fornecidos por uma dada companhia, o que torna importante desenvolver relações de longo prazo com os clientes. Todavia, esse aspecto pode levar ao desenvolvimento de sistemas controladores de comportamento, o que por sua natureza limita os níveis de autonomia e satisfação dos empregados. Espera-se que todos os representantes desenvolvam o mesmo trabalho básico em seus territórios. Dos mais experientes esperam-se maiores vendas e a responsabilidade de suporte para o desenvolvimento dos menos experientes. Gerentes e representantes possuem objetivos de vendas e recebem bônus caso superem esses objetivos. Os representantes podem ser contratados como treinees e com a experiência podem avançar na grade, progredir para gerente ou mover-se para o departamento de marketing, do que dependerá não só sua perfomance como também do tempo de serviço. (Lloyd e Newell, 2001). A base da propaganda médica é técnica, envolvendo o conhecimento prévio dos produtos promovidos e dos seus concorrentes. Para aprimorar o conhecimento de seus funcionários, os laboratórios investem muito alto no treinamento técnico e científico. Na atividade de propaganda médica, o representante transmite informações sobre os seus produtos, destacando as suas principais características e buscando diferenciá-los da concorrência por intermédio de seus benefícios, mas sempre tendo como base as estratégias de comunicação desenvolvidas pelo marketing do laboratório em que trabalha (Bueno, Rezende e Oliveira, 2004). 12 Com relação à percepção dos médicos quanto a essa estratégia de trabalho adotado pelas farmacêuticas, levantamentos realizados na década de 80 ressaltavam serem os representantes a fonte mais freqüentemente citada com relação ao conhecimento de um novo produto, seguido por anúncios em jornais e revistas especializadas e propaganda enviada pelos correios. Estudos em comunicação já demonstraram que são mais facilmente retidas e usadas informações orais do que escritas, sendo esta uma das razões, por parte dos fabricantes, do uso do representante de laboratório. Essa prática reflete um modelo de trabalho iniciado na década de 50 (Barros, 1983). Nesse período, algo em torno de 64% dos médicos considerava que a informação repassada pelos propagandistas eram úteis e apenas 14% as consideravam inúteis. A classificação dada a esses profissionais era favorável quanto aos atributos de personalidade, confiabilidade e honestidade (Barros, 1983). Todavia, por outro lado, os médicos já os percebem de forma diferente, principalmente ao considerarem falhas na forma com que as informações são recebidas, como não sendo adequadas para se tomar uma decisão. Houve concordância entre representantes e médicos de que hoje, o impacto da promoção é mínimo para a escolha de determinado produto para os pacientes. (Parker e Pettijohn, 2005). Portanto, a percepção dos médicos quanto ao papel desses profissionais, mudou de forma significativa, o que sugere acreditar que mudanças nessa forma de trabalho podem e devem ser consideradas. Lloyd e Newell (2001) identificaram algumas características do setor farmacêutico que muito se parecem com a realidade do Brasil. As transformações pelas quais passam o setor levaram as empresas a reorganizar sua força de vendas e adotar a qualidade da entrega do serviço como fonte de vantagem competitiva. Esses autores acrescentam que as políticas assumiram uma maior ênfase na qualidade técnica do desempenho, especialmente no desenvolvimento de competências em torno do conhecimento do produto, vendas, planejamento, etc., do que em elementos de qualidade funcional, baseados no comportamento, atitudes e aparência da relação trabalhador/cliente. O treinamento vem sendo largamente utilizado para padronização e difusão de um conjunto de técnicas muito específicas e habilidades interativas, ao invés da capacidade de 13 construir e expandir habilidades para reconhecer formas alternativas de trabalho e criação de novas idéias (Lloyd e Newell, 2001). Esse modelo de gestão pode levar os representantes a adotar o mesmo modelo no processo de vendas, reduzindo substancialmente a liberdade e habilidade para criar, via processo de rotinização do trabalho. Ao organizar um sistema de recompensas com base em resultados de vendas, a gestão avalia e recompensa sobre o resultado como o volume de vendas, número de contatos/mês, conhecimento do produto, etc., havendo pouco tempo e incentivo para inovação. Assim, observa-se que se recrutam indivíduos com iniciativa e ao mesmo tempo desenvolve-se um processo limitador de autonomia com a idéia de que se todos adotarem o mesmo processo e utilizarem os mesmos materiais eles podem ser treinados e colocados no território mais rapidamente (Lloyd e Newell, 2001). Todavia, se todas as visitas seguem a mesma rotina, a relação médico-representante torna-se menos importante. Os clientes identificam-se muito mais com a empresa e marca do que com o funcionário (Lloyd e Newell, 2001). Para esses autores, a natureza desse vínculo é um sistema híbrido voltado para assegurar a estabilidade e promoção, reduzir o turnover, manter o conhecimento e experiência dentro da companhia, além de manter vínculos fortes com os clientes. Argumenta-se ainda que, apesar do maior treinamento e compartilhamento de conhecimento, o impacto desse processo pode rotinizar o trabalho ao definir mais precisamente o processo de venda, o que pode deteriorar as relações com os clientes, aumentar o turnover por gerar maior insatisfação e stress (Lloyd e Newell, 2001). A tônica indica que, cada vez mais que o setor estará totalmente voltado aos serviços como forma de diferenciação, isso porque produtos são lançados e aperfeiçoados constantemente, com inúmeras marcas e variações de preços, ressaltando ainda mais a importância do conhecimento sobre os detalhes, uma vez que é por meio deles é que pode surgir a vantagem competitiva. Assim, é importante encontrar soluções para se diferenciar nesse ambiente altamente competitivo em que o setor está inserido. Todos os pontos abordados acima podem ser analisados sob a luz da gestão de serviços, principalmente ao se considerar que os funcionários de linha de frente, ao executarem a tática desenhada pelo marketing para a promoção de um determinado produto, desempenham um papel primordial envolvendo a função de serviços. 14 Para competir e permanecer no mercado, as empresas necessitam possuir as qualidades técnicas necessárias para a função. Todavia, Grönroos (2003) defende que desempenhar a qualidade técnica isoladamente não é suficiente para alcançar a diferenciação. Esse diferencial pode ser alcançado por meio das qualidades funcionais, sendo aí, também, o locus da criação de valor para o cliente. Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988), alguns dos principais representantes da Escola Americana na área de marketing de serviços, criaram um modelo para estabelecer e construir a Qualidade de Serviço (QS). Nesse modelo, a qualidade percebida de um serviço é uma função de cinco lacunas ou gaps. A primeira lacuna está relacionada com as expectativas do cliente e da administração. Na segunda lacuna está a percepção da administração sobre a especificação da qualidade. Na terceira, há uma lacuna entre a qualidade especificada do serviço e a sua entrega. Na quarta, há uma lacuna entre aquilo que foi comunicado e aquilo que foi entregue. Na quinta lacuna, o serviço percebido ou experimentado não é consistente com o serviço esperado. Com base nessas informações, o estudo proposto buscará oferecer uma análise do status atual do desempenho do setor farmacêutico em seu sistema de operações de serviços a seus clientes médicos, tendo como suporte teórico, a terceira lacuna descrita por Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988), isto é, se as especificações de qualidade na prestação de serviços são ou não cumpridas durante o processo de sua produção e entrega para o cliente. Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988), acreditam que os problemas relacionados a essa lacuna ocorrem quando as especificações de qualidade não são cumpridas pelo desempenho no processo de produção e na entrega do serviço. Grönroos (2003) também apresentou algumas razões para os problemas nessa lacuna, que podem ser divididos em três categorias: o gerenciamento e supervisão, a percepção do funcionário relativa às especificações e normas/necessidades e desejos dos clientes e, a falta de suporte tecnológico ou operacional. Tendo em vista a discussão acima, formula-se a seguinte questão: • Qual é o status atual do desempenho de operação de serviços no setor farmacêutico? 15 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo Geral • O objetivo geral da pesquisa proposta será avaliar o desempenho do modelo de operações de serviços utilizado pelas indústrias farmacêuticas que atuam no Estado de Goiás e que realizam contato regular com os clientes médicos para promoverem os seus produtos. 1.3.2 Objetivos Secundários • Identificar de que forma o setor farmacêutico está estruturado para estabelecer relacionamentos com os clientes médicos e promover a troca de informação e conhecimento. • Avaliar como as estratégias de marketing são aplicadas na prestação de serviços aos clientes médicos. • Identificar o modelo de avaliação de desempenho da prestação de serviços altamente dependentes de conhecimento. • Verificar, na percepção dos representantes, quais são as características, ou seja, como eles avaliam o modelo de prestação de serviços. 16 1.4 JUSTIFICATIVA Em um cenário altamente competitivo, como esse que a indústria farmacêutica está inserida, praticar o marketing de serviços com base apenas no diferencial de produtos, já não é uma tarefa simples. Para alcançar a qualidade na prestação de serviços é importante garantir que, tanto a capacidade técnica, que está relacionada ao resultado obtido durante o processo da entrega do serviço, quanto a qualidade funcional, que é a forma com que esse resultado foi transferido para o cliente sejam bem executadas (Grönroos 2003). A boa execução da qualidade funcional pode agregar valor para os clientes. Assim, por meio do fornecimento de mais e melhores serviços, pode-se alcançar a diferenciação e uma vantagem competitiva, pois, em um cenário onde várias empresas competem com resultados técnicos semelhantes, o que de fato conta é o impacto da qualidade funcional. Os representantes farmacêuticos, quando praticam as táticas delineadas pelo marketing para a promoção de um determinado medicamento para seus clientes-alvo, isto é, os médicos, desempenham um importante papel na prestação de serviços. Apesar de que tanto a área acadêmica quanto a literatura médica, estarem estudando o processo de interação do médico com a indústria farmacêutica desde a década de 50, esses estudos procuraram enfocar apenas questões relativas ao impacto da promoção (detailing), isto é, as informações disseminadas aos médicos, por meio dos representantes e, da mesma forma, o impacto das ferramentas de marketing mix no comportamento prescritivo dos médicos para a adoção de um determinado produto (Caplow, 1954; Caplow e Raymond, 1954). A análise realizada do problema de pesquisa em foco aponta para a necessidade de um novo modelo de negócio para o setor. Verifica-se que o modelo atual de trabalho adotado, cujas raízes encontram-se na década 50, assemelha-se à abordagem mecanicista onde, apenas altos gerentes possuem a chave para criar o conhecimento. Quanto aos funcionários da linha de frente, a execução do serviço torna-se, sobretudo uma tarefa de rotina, reduzindo substancialmente a liberdade e habilidade para criar. Fatores como esses, dentro da perspectiva da gestão de serviços, podem impactar negativamente a satisfação do funcionário e, da mesma forma, impactar negativamente também, a qualidade do trabalho durante os encontros de serviço. 17 Tendo em vista essa discussão, seria interessante entender melhor a estrutura utilizada pelo setor farmacêutico, bem como re-avaliar seu processo de prestação de serviços junto a seus clientes, considerando-se mutuamente a percepção dos representantes e médicos como partícipes do negócio quanto à relevância dos papéis assumidos por cada um nesse processo. Seria interessante também investigar qual a percepção que os trabalhadores de linha de frente possuem quanto ao modelo atualmente empregado no setor para gerar soluções inovadoras e alavancar os resultados. A boa execução do serviço, além de proporcionar benefícios para as empresas e seus clientes, pode também ser um diferencial para alcançar a vantagem competitiva e, consequentemente, melhorar o desempenho organizacional. Assim, esse projeto representa um esforço para descrever e dimensionar o desempenho do sistema de operações em serviços da indústria farmacêutica, utilizando para análise as práticas adotadas no Estado de Goiás. Esse estudo poderá proporcionar um entendimento mais amplo sobre o tema a partir da perspectiva da gestão de serviços. Além disso, espera-se que essa investigação possa avançar no conhecimento científico para o meio acadêmico e para os principais atores desse negócio, como os executivos, gerentes, profissionais de linha de frente bem como os profissionais da saúde, como os médicos, por se tratar de um campo altamente fecundo que é o setor farmacêutico. 1.5 ESTRUTURA DE ANÁLISE A percepção daquilo que se recebe em termos de serviço é baseada nos resultados obtidos e na maneira pela qual estes são alcançados. Assim, tanto os resultados quanto o processo são os componentes do que se chama qualidade do serviço (Heskett, Sasser e Hart, 1994). Para os autores acima, esses resultados são difíceis de serem avaliados, mesmo depois de receber os serviços. Em muitos serviços não se sabe os resultados mesmo depois que o serviço tenha sido oferecido. Bons fornecedores de serviço compreendem isso e tomam medidas para assegurar de que o resultado vai ser bom, frequentemente através da avaliação sobre o processo pelo qual o serviço é prestado. 18 Entretanto, embora não seja fácil avaliar os resultados antes, durante ou até mesmo depois da prestação dos serviços, frequentemente é possível se observar a maneira pela qual o serviço é executado, o que leva à necessidade de dedicar atenção ao seu processo e o alcance dos resultados (Heskett, Sasser e Hart, 1994). Nesse sentido, o estudo proposto pretende demonstrar como se encontra o status atual do desempenho de operação de serviços no setor farmacêutico e, para tanto, buscará avaliar, se as especificações de qualidade na prestação de serviços são ou não cumpridas pelo desempenho no processo de sua produção e entrega para o cliente. Assim, esse projeto adotará como ponto de partida para sua estrutura de análise, tomando como base a terceira lacuna identificada por Zeithaml, Parasuraman e Berry (1988), conforme a Figura 1. Cliente Comunicação Boca a Boca Necessidades Pessoais Experiência Passada Serviço Esperado Lacuna 5 Serviço Percebido Lacuna 4 Entrega do serviço (Incluindo pré e pós contato) Mercado Comunicação Externa aos Clientes Lacuna 3 Lacuna 1 Tradução da percepção Para as especificações de QS Lacuna 2 Gerenciamento das Percepções das expectativas dos clientes Figura 1. Estrutura de Análise: A Lacuna 3: O Desempenho do Serviço Fonte: Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988) Para Grönroos (2003), a terceira lacuna remete a uma situação organizacional que envolve dois passos: o processo de produção e a entrega do serviço. Ele atribui a essa lacuna os seguintes problemas: especificações muito complicadas e/ou demasiadamente rígidas; funcionários que não concordam com as espeficiações e, portanto não as cumprem; especificações não alinhadas com a cultura corporativa existente; má gestão das operações de serviços; inexistência ou insuficiência de endomarketing ou marketing interno; e tecnologia e sistemas que não facilitam o desempenho conforme as especificações. 19 Esses problemas podem gerar impactos negativos na orientação para o serviço da empresa devido à falta de comprometimento organizacional dos funcionários pela insatisfação no trabalho. Acredita-se que problemas relacionados à supervisão, as práticas de Recursos Humanos (RH) e operações de serviço, possam também gerar problemas nos encontros de serviços, entre os funcionários de linha de frente e seus clientes, levando consequentemente a uma deterioriação da qualidade funcional e da qualidade técnica, como um efeito em cascata, deteriorando-se também a qualidade total do serviço entregue ao cliente. Portanto, estes serão os principais construtos a serem analisados. Para Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988), esse gap é a discrepância entre as especificações para o serviço e a sua entrega atual, também conhecido como “gap do desempenho do serviço”, isto é, a extensão na qual o fornecedor do serviço não consegue alcançar o nível esperado pelo gerenciamento, podendo ocorrer quando os funcionários são incapazes ou não desejam realizar o serviço ao nível desejado. Os principais construtos propostos para esse gap são: o trabalho em equipe, adequação dos funcionários e da tecnologia ao trabalho, o controle percebido, os sistemas de controle da supervisão, o conflito e a ambiguidade da função (Quadro 1). GER EN C IA ME N TO D A Q UA L ID AD E D O SE RV IÇ O - GA P 3 C ON ST R UT O S T EÓ RI CO S V AR IÁ VEI S E SPE C ÍF IC AS Ex t en sã o co m q u e o s f un c io n ári o s p e rce b em ou t ro s fu n c ion ári os c o m o cl ient es E xt en s ão c o m q u e o s f u ncio n á rio s d e l in h a de f ren t e sen t em q u e o s g er en te s de n ív ei s s u p erio re s T R AB AL H O EM E QU IPE rea lm en t e p reoc upa m - se co m ele s Ext e ns ão c o m q u e os f un ci o ná rio s se n te m q u e es tã o co o p e ran d o a o in vé s de c o m p et ir c om ou t ro s f un c io n ári o s n a org an i zaç ão E xt en s ão c o m q u e os f u n cio n á rios se nt e m -s e pe ss o alm en t e e n vo lv id o s e c o m p rom etido s AD E QU AÇ ÃO DO F U NC IO NÁ R IO A O C A RG O AD E QU AÇ ÃO DA TEC N OL OGI A AO T RA B AL H O H ab il id ad e d os f un ci on á rio s em d ese m p enh a r o t ra ba lh o Im p o rtân ci a e e fe ti vid a d e d o p ro c es so d e se le ção F err am e nta s e t ec no l og ia a p ro p ria d as p ara ex ec u ta r o t rab a lho CO NT R OL E PER C EB ID O Ext en s ão c o m q u e o s f u nci o ná rio s p erc eb e m p o ss u ir o co n tr ol e d o tra balh o E xt en s ão c om q u e os f u n cio n á rio s sen t em po ss u ir f le xib il id ad e p ara l id are m c o m o s cl ien t es SIS TE M AS D E C ON T RO L E D E E xt en sã o co m q u e o s f unc io nár io s s ão ava lia d o s p e lo q u e ele s fa zem (c o m p o rta m en t o) ao i n vé s d e SU PE R VIS ÃO res ul ta d o s c o m b a se u ni ca m ent e na q u an t id a d e/v o lu m e d o q u e a lca n ça m . Pre vis ib il id ad e d e c arg a d e tra b alh o C on f li to s perc ebido s ent re as ex p ec ta ti vas d a o rg aniza çã o e d os c lie n te s a ) Qua ntid ad es d e p ap éis n ece ssár ios para com p le ta r u m a t ra nsa ção C ON F LI TO D E F U N Ç ÃO b) N úm e ro s d e co nta to s inte rnos ne cessá rio s pa ra co m pleta r um a tr an saçã o o u re spon de r um a dú vid a d o clie nte ex is tê n cia d e p ol ít ica s ge ren c iai s qu e con f lit a m co m as es p ec ifica çõ es Cl are za p e rce b id a d os o b je ti vo s e e xp e ct at iva s a ) F re qu ên cia e qu alida de da com u nicaçã o des cen den te b) Exte nsã o dos fee ba cks co nst ru tivos o fe re cidos ao s fu ncion ários AM B IGU ID AD E D A F U N Ç ÃO N íve l p e rce b id o d e com p etê nc ia e co n fi an ç a a ) Co nh ecim en to do pr od uto d os f un cio ná rio s b ) T r ein am en to esp ecíf ic o d o p ro du to ofe r ecido c) T r eina m ent o e m ha bilida des de com u nicaç ão ofe r ecido Quadro 1 – O Gerenciamento da Lacuna do Desempenho do Serviço Fonte: Adaptado de Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988) 20 Os construtos descritos acima, que serão analisados detalhadamente no desenvolvimento teórico, fazem parte do escopo das práticas gerenciais dentro de uma perspectiva de serviços, afetando potencialmente a magnitude e a direção das outras lacunas no ambiente operacional da empresa. Muitos desses fatores além de envolver a comunicação e o controle dos funcionários também envolvem as consequências desses processos, o que por sua vez afeta a qualidade da entrega do serviço (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Dessa forma, torna-se crítico o monitoramento e avaliação da qualidade do serviço oferecida. Também, há que se considerar a existência de um consenso entre diversos autores de que a qualidade do serviço depende tanto daquilo que é oferecido ou recebido, isto é, sua qualidade técnica, quanto da forma como o serviço foi entregue, isto é, a qualidade funcional (Brogowicz, Delene e Lyth, 1990; Grönross, 2003; Zeithaml e Bitner, 2003; Svensson, 2006). A base para a avaliação da qualidade pelos clientes ocorre no encontro do serviço, onde aspectos relacionados ao empowerment e um tratamento diferenciado para o cliente são aspectos fundamentais, estando, por sua vez, positivamente relacionados também com a satisfação dos funcionários (González e Garazo, 2006). Ao se considerar a satisfação dos funcionários, há que se destacar que, apesar dela ser afetada por diversos fatores moderadores, vários estudos já demonstraram que a satisfação deve ser um valor a ser encorajado devido a sua possível relação com as percepções dos clientes (Gil, Berenguer e Cervera, 2008). O valor percebido pelo cliente é criado por funcionários satisfeitos, mas, essa satisfação resulta no entender de Heskett, Sasser e Schlesinger (1997), de um suporte de serviço e a elaboração de políticas de alta qualidade que os capacitem a entregar melhores resultados. Além disso, pela regra da reciprocidade, se os funcionários fazem parte de uma cultura de serviços e recebem suporte para isso, essa experiência positiva pode levar a uma satisfação ainda maior (Gil, Berenguer e Cervera, 2008). Com base nessa compreensão e nos construtos acima, que serão descritos pormenorizadamente na revisão teórica, propõe-se a seguinte estrutura de análise, conforme a Figura 2. 21 Qualidade Técnica do Serviço Qualidade Funcional do Serviço Qualidade Total do Serviço ENCONTRO DE SERVIÇO SATISFAÇÃO DO FUNCIONÁRIO Trabalho em Equipe Adequação do Funcionário ao Cargo Adequação da Tecnologia ao Trabalho Controle Percebido Práticas Gerenciais Figura 2. Estrutura de Análise Proposta Fonte: Elaborado pelo autor Sistemas de Controle e Supervisão Conflito da Função Ambigüidade da Função 22 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A QUALIDADE DO SERVIÇO Atualmente, é um entendimento válido de que a maioria das empresas sejam fabricantes de produtos, sejam prestadoras de serviços, se constituem em grandes operações de serviços. O mundo experimenta uma economia pós-industrial baseada em serviços já considerada como fonte de liderança econômica. Atualmente 70% da renda nacional dos EUA provêm dessa área (Fitzsimmons & Fitzsimmons, 2005). Os serviços não são produzidos apenas por empresas de serviços, mas também fazem parte daquilo que os fabricantes de bens manufaturados oferecem. Assim, ao se fazer uma referência a serviços, adotar-se-á a definição ampla do termo, reconhecendo que há poucos serviços puros ou bens puros. É importante destacar também que o termo serviços abrange uma ampla gama de indústrias. Já o serviço ao cliente é prestado para dar apoio ao grupo de produtos principais de uma empresa, sendo também fundamental para a construção de relacionamentos (Zeithaml e Bitner, 2003). O perfil dos clientes e consumidores atuais mudou profundamente, tornando-os mais difíceis de agradar. Hoje, eles são mais conscientes, exigentes e são, frequentemente, abordados por um maior número de concorrentes com ofertas iguais ou melhores, o que conduz ao desafio ainda maior de conquistá-los. (Fitzsimmons & Fitzsimmons, 2005). Para Grönroos (2003), hoje todos os fabricantes oferecem vários serviços aos seus clientes e as funções ou componentes do serviço que contribuem para os custos totais podem ser descritos em cinco categorias: a) anteriores à fabricação, como pesquisa e desenvolvimento, financiamento; b) durante a fabricação, como controle de segurança, qualidade e manutenção; c) durante a venda, como as redes de distribuição e as informações; d) durante o consumo e utilização, como treinamento do cliente e gestão de reclamações; e, e) após o consumo e utilização, como por exemplo, a reciclagem. As empresas começaram a reconhecer o valor estratégico do serviço oferecido ao cliente por meio do qual pode ser desenvolvida uma vantagem competitiva sustentável. Assim, na análise final, as empresas acabam sempre oferecendo um serviço para seus clientes, não importando o que elas produzam. 23 Oferecer aos clientes uma grande variedade de serviços adicionalmente ao produto central seja este um bem físico ou não, é um modo de alcançar o melhor desempenho do que os concorrentes com a mesma qualidade e preço dos produtos centrais. O gerenciamento de serviços requer uma compreensão de como administrar a empresa de modo a desenvolver uma oferta total de serviço e, essa escolha, determina o modo como a empresa desenvolverá seus recursos e competências (Grönroos, 2003). Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985) e Grönroos (2003) reconhecem que, o conhecimento detalhado sobre a qualidade de um produto, é insuficiente para compreender a qualidade de um serviço, pois algumas das características inerentes ao serviço tornam difícil essa avaliação, como por exemplo: • A intangibilidade, por ter sua base em atos difíceis de serem contados, medidos, inventariados, testados e verificados de forma antecipada antes de sua execução; • A sua heterogeneidade, pelo fato de que os atos normalmente variam de produtor para produtor, de cliente para cliente, dependendo também do dia de sua execução, o que reduz a consistência de comportamento do pessoal de serviços; e, • A sua inseparabilidade, pois a sua produção e consumo se dão muitas vezes de forma simultânea. Num contexto de serviços, a qualidade muitas vezes não é produzida no chão da fábrica, mas ocorre durante a interação entre o cliente e o executor do serviço em si. Nesse sentido, a qualidade do serviço é difícil de ser mensurada pelo cliente e, sua percepção resulta de uma comparação entre as suas expectativas sobre determinado serviço comparado com sua entrega. Sua avaliação não é realizada somente nos resultados, mas também envolve avaliações sobre a forma como ele foi entregue. Na literatura sobre serviços, percebe-se que a qualidade está diretamente relacionada àquilo que os clientes percebem. Assim, nas empresas, é preciso definir a qualidade do mesmo modo que os clientes o fazem (Grönroos, 2003). Pesquisa sobre a QS vem sendo estudada desde a década de 80, a partir de duas fontes diferentes, a Escola Nórdica e a Escola Americana, levando ao desenvolvimento de inúmeros modelos de análise. A corrente nórdica é representada pelos trabalhos de Grönroos e Gummersson. A corrente americana está representanda principalmente pelos trabalhos de Parasuraman, Zeithaml e Berry (Brogowicz, Delene e Lyth, 1990). Grönroos (2003) identificou duas dimensões para avaliar a qualidade de um serviço a partir da percepção do cliente: uma dimensão técnica e outra funcional ou relacionada ao processo (Figura 3). 24 Qualidade Total Qualidade Técnica do Resultado: O que? Qualidade Funcional do Processo: Como? Figura 3. Dimensões da Qualidade de Serviço Fonte: Adaptado de Grönross, 2003. Para ele, a qualidade técnica é aquilo que os clientes recebem em suas interações com a uma empresa, sendo o que fica com ele no final do processo de produção de serviço além das interações entre o comprador e vendedor. Ele acrescenta ainda que, como há várias interações entre o fornecedor e o cliente, a dimensão técnica da qualidade não será suficiente para avaliar a qualidade total que o cliente percebeu ter recebido, pois ele também será influenciado pela forma com que a qualidade técnica foi transferida para ele. Essa é a dimensão funcional que não pode ser avaliada tão objetivamente quanto a dimensão técnica, uma vez que é percebida de forma muito subjetiva. Ele ainda definiu seis critérios para uma boa percepção de QS. Quatro deles representam a dimensão funcional: a) comportamento e atitudes, b) acessibilidade e flexibilidade, c) confiança e confiabilidade e, d) recuperação. Um deles serve como filtro: e) reputação e credibilidade e, o outro item, isto é, o profissionalismo e habilidade refletem a qualidade técnica. Sua classificação define que uma boa qualidade percebida ocorre quando a qualidade experimentada iguala-se à esperada. A qualidade esperada é uma função tanto das atividades tradicionais de marketing quanto das necessidades do cliente. Outras contribuições da Escola Nórdica incluem os conceitos de participação do cliente, marketing interno, gerenciamento dos momentos da verdade e a oferta de serviço adicionado como estando relacionados à percepção de qualidade, expectativas e experiências do cliente. 25 A qualidade em um contexto de serviço pode ser o fundamento para o diferencial competitivo. Uma qualidade técnica será bem sucedida se a empresa tiver êxito em obter uma solução técnica que a concorrência não consiga igualar, todavia, no cenário atual de negócios isso é raro, pois os concorrentes podem introduzir soluções semelhantes com relativa rapidez. Para Grönroos (2003), programar uma estratégia de serviço é uma opção para a maioria das empresas, sejam fabricantes de bens físicos ou prestadores de serviços. Em princípio, isso significa melhorar as interações entre vendedor e comprador. Assim, desenvolver a dimensão da qualidade funcional pode agregar substancial valor para os clientes e permitir a criação do diferencial competitivo. Portanto, é possível superar a concorrência ao fornecer aos clientes mais e melhores serviços cuja qualidade funcional seja enfatizada. Esse mesmo autor acrescenta ainda, que a qualidade técnica como parte de um processo de serviço é pré-requisito para a boa qualidade. Todavia, somente uma boa qualidade técnica não significa que os clientes percebam que a qualidade seja boa. Se a intenção for que eles considerem boa a qualidade total do serviço, a qualidade funcional também deve ser boa, pois, em situações em que várias empresas competem com resultados ou qualidade técnicas semelhantes o que conta é o impacto da qualidade funcional. O processo de percepção da qualidade não é tão simples (Figura 4). Ao considerar os fabricantes de bens manufaturados que oferecem serviços como parte de seu pacote, é mais apropriado falar sobre a qualidade total percebida, obtida quando a qualidade experimentada atenda às expectativas do cliente, isto é, a qualidade esperada. Essa é uma função de diversos valores como comunicação de marketing, boca a boca, imagem da empresa, preço, necessidades e valores do cliente. O nível da qualidade total não é determinado simplesmente pelas dimensões técnicas e funcionais, mas sim pela lacuna existente entre qualidade esperada e experimentada. A imagem da organização desempenha um papel central na percepção do cliente da qualidade do serviço o que leva a necessidade de ser gerenciada adequadamente (Grönroos, 2003). A Escola Americana, a partir do entendimento de que o marketing de serviços é fundamentalmente diferente do marketing de bens, principalmente ao se considerar a intangibilidade, o que torna mais difícil determinar como os clientes percebem a QS. Outras características como a heterogeneidade, perecibilidade e inseparabilidade também implicam em dificuldades para avaliar os serviços. 26 Imagem Qualidade Esperada Qualidade Experimentada Qualidade Total Percebida •Comunicação de Marketing •Vendas •Imagem •Boca a Boca •Relações Públicas •Necessidades e valores dos clientes Qualidade Técnica: O que? Qualidade Funcional: Como? Figura 4. Qualidade Total Percebida Fonte: Adaptado de Grönroos, 2003 Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988), principais representantes da Escola Americana, também criaram um modelo para estabelecer e construir a QS (Figura 5). Cliente Comunicação Boca a Boca Necessidades Pessoais Experiência Passada Serviço Esperado Lacuna 5 Serviço Percebido Lacuna 4 Entrega do serviço (Incluindo pré e pós contato) Mercado Comunicação Externa aos Clientes Lacuna 3 Lacuna 1 Tradução da percepção Para as especificações de QS Lacuna 2 Gerenciamento das Percepções das expectativas dos clientes Figura 5. Modelo de Lacunas da Qualidade do Serviço Fonte: Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988) Esse modelo coloca a qualidade percebida como uma função de cinco lacunas. A primeira está relacionada a uma lacuna entre as expectativas do cliente e da administração. Esse gap implica que a gerência pode perceber as expectativas de qualidade erroneamente. 27 Para eles, as empresas muitas vezes não compreendem quais as características do serviço que denotam uma alta qualidade para o cliente, isto é, quais atributos que o serviço deve possuir para atender suas necessidades e quais os níveis de desempenho dessas características são necessários para entregar uma alta qualidade do serviço. Na segunda lacuna está a percepção que a administração possui sobre a especificação da qualidade. Nesse gap as especificações de qualidade de serviço não são consistentes com as percepções da gerência quanto às expectativas de qualidade. Para eles, os gerentes de empresas de serviço frequentemente encontram dificuldades em alcançar ou exceder as expectativas dos clientes em função de vários fatores como a limitação de recursos, orientação para lucros em curto prazo, condições de mercado e indiferença na administração, o que pode levar a uma discrepância entre a percepção dos gerentes sobre as expectativas dos clientes e as especificações atuais estabelecidas pelo gerenciamento do serviço. Na terceira lacuna há um descompasso entre a qualidade especificada do serviço e sua entrega. Esse gap pode significar que as especificações de qualidade não são cumpridas pelo desempenho no processo de produção e na entrega do serviço. Para eles, essa lacuna é a discrepância entre as especificações para o serviço e o seu modelo de entrega atual. Esse gap pode ser chamado de “lacuna do desempenho do serviço”, isto é, a extensão na qual o fornecedor do serviço não consegue desempenhar ao nível esperado pela administração. Os principais construtos propostos para esse gap são: o trabalho em equipe, a adequação do funcionário ao trabalho, o controle percebido por eles, os sistemas de controle e supervisão, o conflito e a ambiguidade da função. Na quarta lacuna há um descompasso entre aquilo que foi comunicado e aquilo que foi entregue, significando que as promessas feitas através das atividades de comunicação de mercado não são consistentes com o serviço entregue. Para esses autores, a mídia em propaganda e outros tipos de comunicações utilizados pela empresa podem afetar as expectativas dos clientes. Discrepâncias entre a entrega do serviço e aquilo que foi comunicado, na forma de promessas exageradas ou ausência de informações, são os aspectos da entrega do serviço para o cliente que também podem afetar a qualidade. A comunicação horizontal e uma propensão para criar promessas exageradas dentro da organização afetam o tamanho da quarta lacuna. 28 A qualidade do serviço percebida pelos clientes depende do tamanho e direção de um gap adicional, isto é, a quinta lacuna, onde o serviço percebido ou experimentado pelo cliente não é consistente com o serviço esperado. A quinta lacuna depende da natureza dos gaps associados com a entrega do serviço pelo lado da empresa. A escala Servqual, por exemplo, ou sua adaptação, pode ser utilizada para avaliar essa lacuna. Adiante, Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985), em um estudo exploratório qualitativo avançaram no entendimento do conceito de qualidade em serviço. Em seu modelo de lacunas eles avaliaram que os consumidores usam o mesmo critério para avaliar a qualidade do serviço. Esses critérios formam dez categorias que determinam a qualidade: acesso, comunicação, competência, cortesia, credibilidade, confiança, responsividade, seguridade, tangibilidade, e, conhecimento do cliente (Figura 6). Os seus achados confirmaram outros estudos que corroboram que a percepção da qualidade do serviço é o resultado da comparação entre as expectativas e o serviço percebido pelo cliente. Determinantes da Qualidade do Serviço: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. Boca a Boca Acesso Comunicação Competência Cortesia Credibilidade Confiança Responsividade Segurança Tangibilidade Compreender e conhecer o cliente Necessidades Pessoais Experiências Passadas Serviço Esperado Qualidade do Serviço Percebida Serviço Percebido Figura 6. Determinantes da Qualidade Percebida do Serviço Fonte: Parasuraman, Zeithaml e Berry, 1985. A competência está claramente relacionada com a qualidade técnica do resultado. A credibilidade possui uma relação próxima à imagem da qualidade percebida. Os outros determinantes estão relacionados em maior ou menor grau com a dimensão da qualidade 29 percebida. Como resultado de estudos posteriores, esses 10 determinantes foram reduzidos para cinco: 1. Tangibilidade: relacionado à atratividade das instalações, equipamentos e materiais usados pela empresa, bem como a aparência dos funcionários; 2. Confiabilidade/Credibilidade: a empresa oferece a seus clientes serviço correto da primeira vez, sem cometer nenhum erro e entrega o que prometeu dentro do prazo estipulado. 3. Capacidade de resposta/Prontidão: significa que os funcionários estão dispostos a ajudar os clientes e atender aos seus requisitos, bem como informá-los quando o serviço será prestado e executá-lo com presteza. 4. Segurança/Domínio: o comportamento dos empregados transmitirá a confiança na empresa, fazendo com que se sintam seguros. Os empregados serão sempre corteses e têm o conhecimento necessário para responder às perguntas dos clientes. 5. Empatia: significa que a empresa entende os problemas dos clientes e executa o serviço tendo em vista seus melhores interesses, bem como lhes dá atenção pessoal individual e trabalha em horários convenientes. Esses autores identificaram ainda um conjunto de fatores em que se acredita afetar as dimensões e direções das lacunas identificadas previamente (Figura 7). Os gaps são então medidos pelos cinco determinantes da qualidade do serviço ao cliente, o que por sua vez constitui-se na quinta lacuna. Orientação de Pesquisa de Marketing Comunicação ascendente Níveis de gerenciamento Gerenciamento do comprometimento para a QS Estabelecimento de objetivos Padronização das atividades Percepção de possibilidade Lacuna 1 Lacuna 2 Lacuna 5 Trabalho de time Adequação do funcionário ao trabalho Adequação da tecnologia ao trabalho Controle percebido Sistemas de controle e supervisão Papel do conflito Papel da ambigüidade Comunicação horizontal Propensão para elevada promessa Lacuna 3 Lacuna 4 Figura 7. Modelo de Qualidade de Serviço Extendida Fonte: Adaptado de Brogowicz, Delene e Lyth, 1990 Tangibilidade Confiança Responsividade Capacidade de Resposta Empatia 30 Brogowicz, Delene e Lyth (1990), também desenvolveram um modelo de QS integrando as duas escolas filosóficas como forma de orientar as empresas em seus esforços de marketing em serviços (Figura 8). Eles concordam que quando a QS percebida não alcança o que era esperado, surge um gap de qualidade de serviço. Em seu modelo, eles incluíram as influências externas como a cultura, estrutura social, comunicação boca a boca, exposição à mídia e competição, ao lado de necessidades pessoais individuais e experiências passadas. Para eles, a QS esperada é também influenciada pelas tradicionais atividades de marketing como a propaganda, relações públicas, vendas pessoais, promoção de vendas, canais de marketing e precificação. Essas atividades podem influenciar a qualidade esperada do serviço, mas o processo pode levar a empresa a prometer muito mais do que aquilo que ela pode entregar, criando assim, gaps de qualidade no serviço. As atividades tradicionais de marketing interagem com várias influências externas para estabelecer a imagem corporativa do fornecedor do serviço, o que também influencia a expectativa dos clientes. Também contribui para o gap de QS a qualidade percebida individual quando comparada às expectativas. Assim, é crítico que se faça o gerenciamento, monitoramento e avaliação não apenas do nível atual de QS que está sendo entregue, mas que se avalie também a percepção dessa qualidade pela ótica dos clientes. Influências Externas: •Cultura/Estrutura social •Experiência passada •Boca a boca •Exposição à mídia •Concorrência Imagem Corporativa Atividades de Marketing •Propaganda •Relações Públicas •Vendas pessoais •Promoção de vendas •Precificação/canais Expectativa da QS Técnica Expectativa da QS Total Expectativa da QS Funcional GAP GAP GAP QS TÉCNICA QS TOTAL QS FUNCIONAL Percepção da Qualidade Técnica Oferecida Serviço Técnico Oferecido Percepção da QS Total Oferecida Percepção da Qualidade Funcional Oferecida Serviço Total Oferecido Recursos Humanos e Físicos Serviço Funcional Oferecido Recursos Humanos e Físicos Especificação de Sistemas de desempenho Especificação de desempenho operacional Planejar – Implementar e controlar as estratégias de Marketing Determinar Missão e objetivo organizacional Figura 8. Modelo Sintético de QS com as Dimensões Técnicas e Funcionais Fonte: Adaptado de Brogowicz, Delene e Lyth (1990) 31 Eles acrescentam que o trabalho gerencial está em primeiro determinar a missão e objetivos da companhia e, então, planejar, implementar e controlar as estratégias de marketing de serviços. Esse gerenciamento requer informações e feedbacks (conforme as linhas pontilhadas) sobre as necessidades pessoais, influências externas, imagem corporativa, expectativa e percepção da qualidade de serviço oferecida e experimentada. À medida que os clientes experimentam uma determinada qualidade, isso pode afetar suas expectativas subsequentes quanto ao serviço. Os autores ainda sugerem que, em geral, as empresas podem tentar prevenir ou reduzir esses gaps tentando influenciar as expectativas e percepções dos clientes e, algumas vezes, uma vantagem competitiva pode ser obtida tentando aumentar a expectativa do cliente para alcançar uma vantagem frente a um competidor. Há um consenso geral de que a QS depende tanto daquilo que é oferecido ou recebido (qualidade técnica) quanto da forma como que foi entregue (qualidade funcional). Assim, um gap de qualidade pode ocorrer quando a qualidade técnica do serviço esperada excede a sua qualidade funcional ou o contrário. As dimensões técnicas e funcionais não são independentes (Grönroos, 2003; Brogowicz, Delene e Lyth, 1990; Zeithaml e Bitner, 2003). 2.2 O ENCONTRO DO SERVIÇO Em empresas de serviço, os funcionários que fazem contato direto com o cliente representam a organização ao produzirem o serviço. Suas atitudes e comportamento podem influenciar tanto a satisfação do cliente quanto a qualidade do serviço. Apesar do desempenho atual da qualidade do trabalho nesse encontro se dar em um nível operacional, os serviços de uma maneira geral têm se tornado crucial para uma visão mais ampla a nível estratégico, tático e operacional em muitas organizações. (Grönroos, 2003; Gonzáles e Garazo, 2006, Zeithaml e Bitner, 2003; Svensson, 2006). Esse é o momento no qual especialmente o gerenciamento de marketing, operações e recursos humanos são chamados a sustentar o processo de criação e prestação de um serviço que satisfaça as necessidades, percepções de risco e expectativas do cliente (Heskett, Sasser e Hart, 1994). 32 Em muitos estudos, a perspectiva do fornecedor do serviço raramente vem sendo estudada, pois tradicionalmente, as pesquisas levam em consideração apenas a perspectiva do cliente, deixando, portanto, de considerá-la como um fenômeno interativo (Svensson, 2006). Svensson (2006) demonstrou em seu trabalho que o construto da qualidade do serviço é ambíguo, pois o número e conteúdo de suas dimensões variam de acordo com o autor (Figura 10). Em sua revisão, ele destacou que esses construtos vêm sendo predominantemente explorados com base na perspectiva do cliente. Estudos com foco na percepção do fornecedor do serviço começaram a surgir somente no fim da década de 90 e início do ano de 2000. DI M E N S Õ E S E M Q U AL ID A DE D E S E R V I ÇO AU T O R ES D IM E N S Õ E S E ST U D AD AS Q u alida de inte ra tiv a L eht inen e Le htin en (1 98 2) Q u alida de fís ic a Q ua lid ad e c o rp or at iv a T éc n ic a F u nc ion al G r ön ro os ( 19 84 ) R e put ac ion al Im a ge m c or po ra tiv a L ebla nc e N gu y en ( 198 8) O r gan iz aç ã o in ter na S upo r te fís ic o In te ra ç õe s c lien tes - s ta ffs Nív e l de s a tis faç ã o do c lie nt e T an gibilida de Co nf ia nç a Par as ur am an et al (1 988 ) R es pon s iv id ad e C ap ac id ad e d e r es pos t a E m p atia D is po s iç ão H e dv all e Pa lts c hik (1 98 9) H ab ilid ad e e m s er v ir A c e s s o fís ic o Ac es s o p s ic ológ ic o S o c iab ilida de T an gibilida de S aleh e R y an (1 99 2) G ar an tia A u s ên c ia d e s ar c as m o E m p atia B a ba c us e B oller ( 19 92 ) Q u alida de de S e rv iç o po r s i pr óp ria G en tilez a ao c lie nt e Bou m an e V an d er W iele (1 992 ) T an gibilida de Fé A t en ç ão pe s s oa l G ag liano e H atc h c ot e ( 19 94 ) C o nfia bilid ad e T an gibilida de Co nv e niên c ia A s pe c to s fís ic o s C o nfia bilid ad e D e bh olk ar e t a l (1 99 6) In ter a ç ão pe s s oa l S o lu ç ão de p ro blem a s P olít ic a s O po rt unid ad e B ie ns t oc k e t a l ( 199 7) Dis p on ib ilid ade D is tr ibuiç ã o f ís ic a Quadro 2. Dimensões em Qualidade de Serviço Fonte: Elaboração própria a partir de uma adaptação de Svensson (2006) 33 Esse mesmo autor sustenta ainda que as análises empíricas e teóricas na dinâmica do encontro do serviço como um processo interativo atualmente desenvolvido é superficial e incompleto. Assim, ele propõe uma nova abordagem de pesquisa para alcançar uma análise mais profunda e sofisticada do que realmente acontece dentro da natureza multilateral desse encontro. Dessa forma, ele defende a idéia de que uma análise nesse processo deveria ser mais profunda ao invés de superficial e ao mesmo tempo deveria considerar perspectivas multilaterais (Figura 9). Sofisticada Profunda Network de Encontro de Serviços Cadeia de Encontro de Serviços Terceiros COMPREENSÃO ANÁLISE Fornecedor do Serviço Recebedor do Serviço Trivial Superficial Unilateral Multilateral Figura 9. Uma nova Abordagem para Pesquisa em Encontro de Serviços Fonte: Svensson, 2006. Seria desejável um foco simultâneo tanto na perspectiva do fornecedor do serviço quanto a do cliente, uma vez que essas perspectivas estão conectadas por um processo interativo (Svensson, 2006). Adicionalmente, seria interessante também explorar as perspectivas das pessoas que não estão diretamente envolvidas no encontro do serviço como os gerentes, colegas, competidores entre outros. Essa análise pode ganhar profundidade a partir da exploração de outros níveis de encontro de serviço e que, por sua vez, podem impactar uma interação focal (Svensson, 2006). Por outro lado, Dean (2004) adicionou alguns problemas em relação aos estudos realizados para avaliar essas dimensões, como por exemplo, a complexidade conceitual dos vários construtos e, consequentemente, as diferentes interpretações e medidas. 34 Para ele, apesar da qualidade do serviço, a satisfação e lealdade do cliente afetar-se mutuamente, evidências conclusivas envolvendo vários setores ainda não foram fornecidas. Outro problema está na análise do desempenho, uma vez que ele é dependente de muitas variáveis operacionais e contextuais. Outra dificuldade está nas avaliações estatísticas realizadas o que pode demandar a utilização de modelos mais complexos do que aqueles atualmente utilizados além do que, em grande parte das pesquisas se utilizou de amostras pequenas e não conseguiram vincular o resultado do funcionário, aos do cliente e ao desempenho financeiro de um mesmo negócio em diferentes setores. O encontro do serviço forma a base para a avaliação da qualidade pelos clientes. A autonomia do funcionário e um tratamento diferenciado para o cliente são fundamentais. Nesse aspecto, Gonzáles e Garazo (2006) ressaltaram a importância do empowerment, que se refere ao grau de discrição para se tomar decisões diárias relacionadas ao trabalho. Apesar dos funcionários de linha de frente assumirem a responsabilidade e autoridade para tomar decisões, em muitos casos, os gerentes não são flexíveis e o pessoal pode não ter a capacidade de procurar a solução que atenderá ao nível de serviço solicitado. Assim, uma delegação permitirá que os funcionários sejam mais rápidos em relação a dar uma resposta para atender as necessidades dos clientes. Um tratamento diferenciado ao cliente significa que os funcionários devem prestar atenção às suas necessidades, atitudes e preferências, conduzindo assim uma resposta individualizada a cada um, além de fazê-lo sentir-se especial. Uma organização que cria essa cultura em seus funcionários terá maiores chances de desenvolver percepções positivas de confiança e empatia em seus clientes. Essas características estão positivamente relacionadas com a satisfação do funcionário no trabalho (Gonzáles e Garazo, 2006). 2.3 A SATISFAÇÃO DO FUNCIONÁRIO NO TRABALHO Gil, Berenguer e Cervera (2008) utilizaram a definição de satisfação do funcionário adotada por Locke (1976) como sendo um estado emocional resultante da avaliação de seu trabalho. Para eles, essa definição é muito ampla, uma vez que inclui características 35 relacionadas ao próprio cargo, isto é, envolve questões de salário e promoção, bem como o ambiente de trabalho. Esses autores também relataram que alguns estudos consideram a satisfação no trabalho como uma variável geral, enquanto outros consideram suas diferentes dimensões como a satisfação com o trabalho, com o supervisor, com o pagamento, com as oportunidades de promoção, com os colegas de trabalho e os clientes. A regra da reciprocidade indica que um funcionário satisfeito está relacionado positivamente ao desenvolvimento de um comprometimento organizacional da qual ele se beneficia, o que pode levá-lo a fazer esforços além daqueles esperados pela organização. A relação entre a satisfação no trabalho de funcionários de serviço e o desempenho é complexa, especialmente tendo em vista que essa relação pode ser afetada por uma série de fatores moderadores como as características do trabalho, os traços pessoais do funcionário, o sistema pessoal de crenças, os valores, a auto-estima, normas de grupo e outros fatores organizacionais. Apesar dessa complexidade, vários estudos demonstraram que a satisfação é um valor a ser encorajado devido a sua possível relação com as percepções dos clientes (Gil, Berenguer e Cervera, 2008). A natureza interativa da entrega do serviço coloca o funcionário em uma posição de destaque para gerar percepções positivas, pois muitas dimensões do serviço podem ser afetadas por suas ações. As atitudes e emoções em todo o encontro de serviço, onde, os funcionários de linha de frente são considerados executores e, seus comportamentos, refletem a própria qualidade do serviço percebida pelo cliente (Zeithaml e Bitner, 2003). Heskett, Sasser e Schlesinger (1997), desenvolveram um modelo teórico de que a satisfação do funcionário com o trabalho desencadeia benefícios para a qualidade, produtividade, o valor do serviço, a satisfação e a lealdade do cliente o que, por sua vez, leva aos lucros e o crescimento. È o que se chama de um “efeito espelho”, isto é, funcionários satisfeitos realizarão um melhor trabalho e estarão dispostos a se comportarem consideravelmente com os colegas e clientes. Esses autores propuseram a idéia de uma cadeia de lucro do serviço que estabelece uma relação direta entre a lucratividade, a lealdade do cliente, a satisfação do funcionário e sua lealdade e produtividade. As ligações dessa cadeia propõem que o lucro e o crescimento são estimulados primariamente pela lealdade do cliente, resultante de sua satisfação (Figura 10). 36 Estratégias de Operações e Sistemas de Entrega de Serviço Lucratividade Retenção do Funcionário Qualidade do Serviço Interno Valor do Serviço Externo Satisfação do Funcionário Satisfação do Cliente Produtividade do Funcionário Conceito do Serviço: Resultados para o cliente Lealdade do Cliente Taxa de crescimento Retenção Compras repetidas Referências Desenho do local de trabalho Desenho do cargo Seleção e desenvolvimento do funcionário Reconhecimento e recompensa dos funcionários Ferramentas para servir aos clientes Serviço desenhado e entregue para encontrar as necessidades dos clientes Figura 10. A Cadeia de Lucro dos Serviços Fonte: Heskett et al (1994). A satisfação é amplamente influenciada pelo valor dos serviços oferecidos aos clientes. Por sua vez, esse valor é criado por funcionários satisfeitos, leais e produtivos. Por outro lado, a satisfação do funcionário, resulta primariamente de um suporte de serviço e políticas de alta qualidade que os capacita a entregarem melhores resultados aos clientes (Heskett et al., 1994). Todavia, evidências empíricas, indicam que essa relação pode não ser tão forte e direta, de forma que, uma relação unívoca entre satisfação dos funcionários e resultados no negócio ou a satisfação dos clientes vem sendo questionada e ao mesmo tempo estimulando novas pesquisas (Gil, Berenguer e Cervera, 2008). Conforme mencionado anteriormente, pela regra da reciprocidade, se os funcionários são partes de uma cultura de serviços e recebem suporte para entregar serviços melhores para os clientes, essa experiência positiva pode levar a uma maior satisfação dos funcionários e, assim, influenciar as percepções dos clientes. Gil, Berenguer e Cervera (2008) ao realizarem uma pesquisa empírica no setor financeiro, avaliaram a satisfação do funcionário no trabalho e, nesse estudo, encontraram um efeito moderador entre essa satisfação e a percepção do cliente. 37 2.4 AS PRÁTICAS GERENCIAIS Considerando-se que prevalece um consenso de que a QS depende tanto daquilo que é oferecido ou recebido (qualidade técnica) quanto da forma como que foi entregue (qualidade funcional). Uma lacuna de qualidade ocorre quando a qualidade técnica esperada excede a sua qualidade funcional ou o contrário. As dimensões técnicas e funcionais não são independentes. (Grönroos, 2003; Brogowicz, Delene e Lyth, 1990; Zeithaml e Bitner, 2003) A tarefa dos administradores deveria ser, então, procurar constantemente por feedbacks e informações relativas a essas duas dimensões, devendo planejar e entregar tanto um sistema de desempenho técnico, quanto uma operação de desempenho funcional, o que envolve tanto recursos humanos quanto físicos. Os recursos técnicos humanos incluem o conhecimento e a habilidade técnica necessária para realizar o serviço. Um recurso técnico inclui as máquinas, materiais, instalações e tecnologia necessária. Os recursos humanos funcionais incluem a disponibilidade e preocupação com a realização do serviço, o que por sua vez envolve empatia, atitude e comportamento. Outro aspecto importante são as relações internas entre o pessoal que pode afetar a forma com que o serviço é entregue. Já os recursos físicos funcionais incluem a acessibilidade e aparência. Brogowicz, Delene e Lyth (1990) ainda destacam que o reconhecimento das diferenças entre as dimensões técnicas e funcionais é a chave para planejar, implementar e controlar a QS e, sua distinção, coloca interessantes desafios para a administração como, por exemplo, qual das duas dimensões é considerada mais importante para os clientes. Esses autores ainda discutiram as tarefas gerenciais necessárias para dar suporte a QS que se resumem em: 1. Planejar: que envolve pesquisa, desenho, seleção e sequências de tarefas associadas com o fornecimento do serviço. 2. Implementar: envolve alinhar as tarefas, aquisição de recursos (pessoais e instalações) e executar o plano para a oferta de serviços. 3. Controlar: que envolve coletar, avaliar e analisar as informações para verificar o desenho, para assegurar o desempenho e para acessar a satisfação do cliente com a oferta do serviço. 38 Eles ainda apresentaram as dimensões técnicas e funcionais necessárias ao gerenciamento dos serviços (Quadro 3). Inicialmente, o planejamento deve separar o foco nos recursos técnicos e funcionais e a atenção gerencial deve estar nas características do serviço essencial. Outra tarefa de destaque envolve a pesquisa de mercado. O planejamento estará relativamente completo quando o desenho do trabalho, habilidades, critérios de desempenho e plano de compensação estiverem articulados. A implementação envolve dois passos separados, isto é, a realização de um sistema de desempenho e a execução de operações atuais para entregar o serviço ao mercado, sendo necessário identificar as atitudes dos clientes sobre o tipo de contatos e interações esperados durante a execução do serviço. Utilizando-se de informações obtidas nessas pesquisas, desenvolvem-se políticas e procedimentos para padronizar as práticas operacionais que deveriam incluir a capacidade dos funcionários de lidar com os “momentos da verdade”. O sistema operacional necessita ser flexível para fornecer um padrão regular e sofrer ajustes quando forem necessários. DIMENSÃO DA QUALIDADE TÉCNICA (O que?) DIMENSÃO DA QUALIDADE FUNCIONAL (Como?) RECURSOS HUMANOS DI MENSÕES Conhecimento e habilidades técnicas RECURSOS FÍSICOS Máquinas, materi ais, instalações e HUMANOS Dedicação ao serviço e relações tecnologia internas Desempenho do sistemas - Objetivos e Capacidades Pesquisa de Marketing PLANEJAMENTO FÍSICOS Acessibilidade e aparência Desempenho das operações - Objetivos e Capacidades Pesquisa de marketing Pesquisa de marketing Pesquisa de marketing Pesquisa Mix de serviços Políticas e procedimentos Portifólio de serviços Desenho do trabalho Sistema de informações Critérios de organização Capacidade do sistema Habilidades Produção e fornecimento Inventário de recursos Critérios de desempenho Instalações individual e de time Layout Horas de operação Compensação Alcançar o desempenho do sistem a IMPLEMENTAÇÃO Executar as operações Recrutar Selecionar o local Marketing i nterno Selecionar Alocar recursos Tr einamento Manutenção Treinar Construção Designação de pessoal Melhorias no sistema Entrega do serviço Incentivos de Qualidade Produção Expedição e perfomance Entrega do servi ço Pr ecificação Promoção Avaliar o desempenho do sistema CONTROLE Avali ar o sistema operacional Pesqui sa de satisfação (cliente) Pesquisa de satisfação (cliente) Pesquisa de satisfação (cliente) Análise de reclamações Análise de r eclamações Análi se de r eclamações Pesquisa de satisfação (cliente) Análise de reclamações Avaliação dos funcionários Avaliação das instal ações Avaliação dos funcionários Avaliação das instalações Reportes de incidentes críticos Análise de falhas no sistema Melhoramento de idéias Quadro 3. Dimensões de Qualidade e Tarefas Gerenciais Fonte: Adaptado de Brogowicz, Delene e Lyth (1990) A atividade de controle gerencial envolve duas atividades separadas, isto é, a avaliação do desempenho do sistema e das operações. Assim, pesquisas sobre a satisfação do cliente e análises de suas reclamações são tarefas comuns para se efetuar o controle. O propósito final do gerenciamento é limitar, reduzir ou eliminar os gaps de qualidade de serviço e, assim, melhorar continuamente a sua oferta. 39 A lógica de negócios dentro de uma perspectiva de serviços é diferente da lógica de administração baseada na produtividade do capital e trabalho, pois é necessário gerenciar uma eficiência total com base na noção de que a qualidade percebida pelo cliente é um direcionador de lucros. A eficiência interna é importante, mas não é o tema principal, pois é necessário estar totalmente integrada com a eficiência externa. Grönroos (1990), por exemplo, apresenta em outro trabalho alguns princípios para um bom gerenciamento dos serviços: a) Autoridade para tomar decisões: em função das características dos serviços, as decisões devem ser tomadas mais próximas possíveis da interface entre a organização e seus clientes. Assim, os funcionários de linha de frente deveriam ter autoridade suficiente para tomar decisões rápidas para garantir que o serviço não se deteriore. Se isso não ocorrer, eles podem se tornar vítimas de um sistema rígido, levando-os a atuarem como robôs, isto é, trabalharem com certo número de operações padronizadas. A delegação nesse sentido é poderosa, podendo levar os funcionários a sentirem-se encorajados, treinados para reconhecer a diversidade das situações de contato com os clientes e utilizar seu julgamento para tomar conta das situações e resolver os problemas, otimizando, assim, os momentos da verdade. A tomada de decisões operacionais deve ser a mais descentralizada possível. b) Foco organizacional: tradicionalmente, o foco está em construir e manter uma estrutura onde o gerenciamento é executado através de um processo envolvendo um rígido controle, levando as pessoas a não pensar por si próprias, especialmente ao tomar decisões não endossadas pelos regulamentos. No contexto de serviços torna-se necessário uma organização mais flexível, onde a mobilização de recursos, como gerenciamento e suporte interno para os clientes é imperativo. c) Controle e Supervisão: o sistema de supervisão está relacionado ao monitoramento de como a organização e suas várias partes são capazes de desempenhar suas tarefas de acordo com padrões determinados. Todavia, muitos serviços não podem ser completamente padronizados. Assim, ao desejar que os funcionários entreguem uma boa qualidade de serviço, uma estrutura mais flexível é desejável, pois apenas os aspectos relacionados à qualidade técnica podem ser bem monitorados por padrões. Aspectos da qualidade funcional, relacionados a como o serviço é percebido pelo cliente que, no aspecto competitivo, é um fator determinante, podem muitas vezes não se adequarem aos padrões tradicionais. O foco da supervisão precisa ser o de encorajar 40 os funcionários. Mais do que realizar a delegação, é necessário que eles sejam capacitados para produzir uma boa qualidade de serviço. Uma cultura de suporte guia o funcionário para que ele tome suas próprias decisões sem a interferência dos supervisores. d) Sistemas de recompensa: O gerenciamento de serviços requer a produção de certo nível de qualidade, podendo variar de excelente ou aceitável. Essa qualidade precisa ser recompensada ao invés de simplesmente atingir determinados padrões. Muito frequentemente, empresas de serviços levam os funcionários a fazer coisas estúpidas por recompensá-los a praticar ações erradas, isto é, às vezes premia-se muito mais pela quantidade (eficiência interna) do que pela qualidade (eficiência externa). Esse sistema de recompensa pode levar tanto os gerentes quanto os funcionários de linha de frente, a deixar de focar a satisfação do cliente para focar nas questões internas. e) Medida de avaliação: o foco nesse ponto também deve ser alterado ou pelo menos expandido. Para estabelecer um sistema orientado ao serviço tanto a abordagem de supervisão quanto os sistemas de recompensa devem levar em consideração como medida de avaliação a satisfação do cliente com a qualidade do serviço oferecida. Não se quer dizer com isso que a avaliação da eficiência interna não seja necessária, mas, essa deve fornecer um suporte para o critério de avaliação externa, que, por sua vez, deve dominar o processo. Um gerenciamento de qualidade pode ser visto como uma abordagem caracterizada pelos seus princípios, práticas e técnicas. Cada princípio é implementado através de um conjunto de práticas que consiste de atividades como reunir informações sobre o cliente e melhorar o processo de trabalho e o gerenciamento dos funcionários. As práticas, por sua vez, são efetivadas pelo suporte de um amplo leque de técnicas. A força de um gerenciamento de qualidade está em seu foco nas práticas e técnicas (Gustafsson, Nilsson e Johnson, 2003). Esses mesmos autores ao estudar as práticas da qualidade indicaram uma clara relação com o desempenho de uma organização. Para eles, muitas características organizacionais podem influenciar os benefícios da prática da qualidade como o tamanho da empresa e o grau da intensidade de capital. De acordo com Dean e Bowen (1994), muito do que se tem discutido sobre a qualidade está baseado em três princípios: foco no cliente, melhoramento contínuo e o trabalho em equipe. Outros trabalhos defendem as questões de qualidade gerencial incluindo 41 mais princípios como, por exemplo, o comprometimento gerencial, o foco no cliente e funcionário, o foco nos fatos, o melhoramento contínuo e a participação de todos (Gustafsson, Nilsson e Johnson, 2003). Ao avaliar a qualidade do serviço, Zeithaml, Parasuraman e Berry (1988) alertam que entregar uma boa qualidade de forma consistente não é uma tarefa fácil. Ao se dedicar ao estudo da terceira lacuna, isto é, o gap do desempenho do serviço, eles identificaram um conjunto de fatores que potencialmente afetam a magnitude e a direção das lacunas no ambiente operacional da empresa. Muitos desses fatores envolvem a comunicação e o processo de controle implementado nas organizações para administrar os funcionários. Os outros fatores envolvem as consequências desses processos que, por sua vez, afetam a qualidade da entrega do serviço (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Esses fatores, que foram identificados por eles, se relacionam aos construtos de trabalho em equipe, a adequação do funcionário ao cargo, a adequação da tecnologia ao trabalho, o controle percebido, os sistemas de controle e supervisão e o conflito e a ambiguidade da função, que, por sua vez, se relacionam com as práticas gerenciais. 2.5 O TRABALHO EM EQUIPE Zeithaml, Parasuraman e Berry (1988) destacaram que o valor do trabalho em equipe está em reconhecer que os funcionários e gerentes devem trabalhar conjuntamente para alcançar os objetivos. Em grupos de alta performance, as pessoas atuam como um time e cumprem seus objetivos conjuntamente. Nesse modelo de trabalho, o grupo participa do processo decisório e compartilha o sucesso entre si. O trabalho em equipe, em serviços de qualidade em diversas empresas, é reconhecido por conseguir oferecer um notável serviço ao cliente. Alguns aspectos são críticos para o trabalho em equipe como a extensão com que os funcionários percebem-se uns aos outros como clientes, a extensão como eles sentem que os gerentes se preocupam com eles, a extensão como eles sentem que estão cooperando ao invés de competirem uns com os outros e, a extensão com que eles sentem-se pessoalmente envolvidos e comprometidos (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). 42 Com relação ao trabalho em equipe, Jong e Wetzels (2008) apresentaram em sua pesquisa que, apesar do conceito de eficácia ter sido amplamente restringido ao nível individual, estudos recentes consideraram a eficácia como uma característica emergente em nível de grupo. Um trabalho em equipe além de estar relacionado à habilidade em lidar com situações de stress, muito comum aos trabalhadores de linha de frente, pode também explicar os diferentes níveis de desempenho nos trabalhos de diferentes grupos que operam em condições similares (Jong e Wetzels, 2008). A noção é que um grupo compartilha crenças e confiança em sua capacidade conjunta para organizar e executar os cursos de ação, o que envolve uma dinâmica social interativa, coordenativa e sinérgica. Assim, espera-se que um trabalho em equipe possa influenciar positivamente a satisfação e a qualidade de serviço ao cliente por promover nos membros do time atitudes e comportamentos que direcionará à excelência (Jong e Wetzels, 2008). 2.6 A ADEQUAÇÃO DO FUNCIONÁRIO AO CARGO Às vezes os funcionários podem não estar adequados ao cargo. Como os cargos de contato direto com os clientes tendem a estar situados nos níveis mais baixos do organograma organizacional, esses agentes, frequentemente são os menos qualificados e recebem menores salários. Como resultado, eles também podem carecer de habilidades de linguagem e de relacionamento interpessoal para servir efetivamente aos clientes (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Muitas empresas de serviço experimentam elevado grau de turnover entre esses funcionários e, ao mesmo tempo, conseguem preencher esses cargos rapidamente. Os gerentes comumente não dispensam atenção suficiente ou não dedicam recursos suficientes para o processo de seleção (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Pelas razões descritas acima, acredita-se que um funcionário bem adequado ao cargo que ocupa terá maior satisfação e desenvolverá, pela reciprocidade, uma melhor qualidade de trabalho durante o encontro do serviço. 43 2.7 A ADEQUAÇÃO DA TECNOLOGIA AO TRABALHO A provisão de um serviço de alta qualidade depende do uso de ferramentas apropriadas e da tecnologia que os funcionários utilizam para executar as atividades. Ferramentas e tecnologias apropriadas e confiáveis devem ser oferecidas para alcançar a qualidade do serviço. As deficiências de equipamento podem interferir com o desempenho adequado do funcionário (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Grönroos (2003) ainda acrescenta que a tecnologia pode não convir aos funcionários, o que pode ocorrer se tanto ela quanto o sistema operacional for introduzido incorretamente e, assim, não atingirá seu objetivo de apoiar um comportamento voltado para a qualidade. O objetivo de um sistema de operações em serviço está em oferecer suporte e responder efetivamente as necessidades dos clientes. A tecnologia refere-se ao grau com que uma organização utiliza-a para fornecer uma vantagem de um serviço, o que pode impactar positivamente a sua qualidade. Uma nova tecnologia pode influenciar tanto a satisfação quanto o comportamento dos funcionários, mas, também, pode levar à sua insatisfação. 2.8 O CONTROLE PERCEBIDO A noção do controle percebido sugere que as reações individuais às situações estressantes dependem de como o funcionário pode controlar essas situações. Há três formas de controle. O controle comportamental é a habilidade de resposta para situações ameaçadoras. O controle cognitivo é a habilidade em reduzir o estresse através do processamento da informação pelo indivíduo. O controle decisório envolve uma escolha na seleção de resultados e objetivos (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). O controle percebido pode ser uma função do grau com que as regras, procedimentos e cultura organizacional limitam a flexibilidade do pessoal de contato para servir ao cliente. Pode ser uma consequência do grau com que, a autoridade do funcionário, para alcançar um determinado resultado específico com os clientes, pode se encontrar em outro lugar na organização (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Grönroos (2003) ainda acrescenta que a carga de trabalho percebida pelos funcionários pode gerar problemas. A burocracia e outras tarefas administrativas envolvidas no processo 44 podem fazer com que ele não tenha tempo suficiente para atender aos clientes conforme esperado. As empresas de serviço estão comumente organizadas internamente de forma que o oferecimento de um serviço rápido ao cliente seja difícil de ser executado. Quando o funcionário necessita pegar a aprovação de outros departamentos na organização, antes de entregar um determinado serviço, a qualidade é prejudicada (Grönroos, 2003). Quando os indivíduos acham-se com o controle de uma situação que eles encontram em seus cargos, eles experimentam menos stress, o que leva ao melhor desempenho. Quando eles percebem que podem agir de maneira flexível, ao invés de serem guiados pela rotina nas situações problemáticas envolvendo o serviço, tanto o controle quanto o desempenho melhoram (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). 2.9 OS SISTEMAS DE CONTROLE DA SUPERVISÃO Os supervisores, em algumas ocasiões, podem não atuar de forma a incentivar e apoiar um comportamento direcionado para a qualidade do serviço e, às vezes, utilizam mecanismos que entram diretamente em conflito com o serviço (Grönroos, 2003). Isso pode ocorrer onde os sistemas de controle e incentivos são decididos unilateralmente. É comum que atividades não essenciais sejam mais controladas e até recompensadas, o que incentiva a contradizer as especificações de qualidade, colocando os funcionários em uma posição extremamente desconfortável (Grönroos, 2003). Em muitas empresas de serviço, o desempenho do pessoal de contato é medida por resultados quantitativos, isto é, o número de unidades vendidas ou o volume mensal de vendas. Nessas situações, o desempenho individual é controlado por um sistema baseado no resultado. Entretanto, esse sistema pode ser inapropriado ou insuficiente para avaliar a performance relacionada ao fornecimento da qualidade do serviço (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). O desempenho também pode ser monitorado através de sistemas de controle de comportamento, que consiste em observações ou outros registros com base na forma com que o funcionário trabalha ou comporta-se, ao invés, de medidas de resultado (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). 45 Isso pode ser alcançado por pesquisas contínuas com os clientes para avaliar a forma com que eles são tratados pelos representantes, o que encoraja o melhor desempenho de maneira consistente com as expectativas de qualidade do cliente (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Nessa dimensão, Gonzáles e Garazo (2006), também incluíram o papel da liderança, demonstrando que a responsabilidade do líder não está apenas em se atingir os objetivos e proporcionar o desenvolvimento dos funcionários, mas sim, atender a um amplo leque de stakeholders. O líder não deve apenas reconhecer a sua responsabilidade moral para alcançar o sucesso organizacional, mas também deve se preocupar com seus subordinados, clientes e demais atores. Assim, a liderança pode afetar positivamente a qualidade do serviço e o desempenho organizacional e, por outro lado, se o líder cuida em ajudar e oferecer suporte aos funcionários de linha de frente e se preocupa com suas necessidades, os funcionários se sentirão mais satisfeitos (Gonzáles e Garazo, 2006). Ainda dentro dessa perspectiva, o bom desempenho do papel do departamento de Recursos Humanos (RH) das organizações de serviço, pode ser fundamental. Sua atuação deveria ser diferente de outros setores, uma vez que deveria reconhecer que os treinamentos para o desempenho do serviço e as práticas de recompensa podem influenciar a avaliação da qualidade do serviço dos clientes (Grönroos, 2003). Um programa de treinamento deve estar desenhado de acordo com as necessidades do serviço permitindo que os funcionários desenvolvam tanto habilidades técnicas quanto interpessoais, o que pode impactar positivamente sua empatia. As empresas de serviço deveriam treinar seus empregados para lidar com emoções e desenvolver comportamentos que incorporem aspectos de empatia com base nos aspectos críticos do encontro do serviço. As organizações que desejarem desenvolver um excelente serviço devem se assegurar de que o comportamento que eles esperam que o seu pessoal desenvolva seja também recompensado (Grönroos, 2003). De acordo com a revisão de Gonzáles e Garazo (2006), o controle baseado no comportamento pode influenciar positivamente a satisfação no trabalho, a auto-eficiência do funcionário e seu bom desempenho na entrega do serviço. 46 2.10 O CONFLITO DA FUNÇÃO A função vinculada a qualquer cargo numa organização representa um conjunto de comportamentos e atividades a serem desempenhadas pela pessoa que ocupa aquela posição, sendo definida através das expectativas, demandas e pressões comunicadas aos funcionários pelos gerentes superiores, supervisores imediatos e clientes que possuam interesse direto em como os funcionários desempenham seus cargos (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Quando as expectativas dessas pessoas são incompatíveis ou muito exigentes, os funcionários experimentam o conflito da função, isto é, a percepção de que eles não conseguem satisfazer todas as exigências (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Uma vez que o pessoal da linha de frente é a ligação entre a empresa e o cliente, eles devem satisfazer as necessidades de ambos. Algumas vezes, as expectativas da empresa e clientes entram em conflito, o que pode levar os funcionários a pressionar os clientes para poder atender as expectativas da organização. O uso de medidas de desempenho com foco no cliente, adicionado à avaliação da eficiência dos objetivos internos e uma compensação vinculada à qualidade do serviço, isto é, uma avaliação da satisfação do cliente e sua lealdade, podem reduzir o conflito da função (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Os gerentes de empresas de serviço também podem inadvertidamente criar o conflito pela burocracia excessiva, isto é, excesso de papéis, ou exigências internas, impedindo que os funcionários dediquem maior tempo para cuidar dos clientes. As percepções do conflito da função são psicologicamente desconfortáveis para os funcionários, prejudicando consequentemente a sua satisfação e o desempenho organizacional e, ao mesmo tempo, aumentando o absenteísmo e o turnover. A percepção desse conflito pelo funcionário está relacionada positivamente a uma tensão em relação ao trabalho e um estado de ansiedade, estando, porém, negativamente relacionada à satisfação ao trabalho (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). 47 2.11 A AMBIGUIDADE DA FUNÇÃO Para Grönroos (2003) os funcionários também podem sentir que o seu papel seja ambíguo, o que pode gerar uma situação incômoda para eles quando perceberem que o cliente exige um comportamento diferente do esperado ou especificado pela empresa, o que pode gerar desmotivação para uma melhoria da qualidade. A solução, para ele, está em remover todas as razões da ambiguidade, o que pode exigir mudanças no sistema de supervisão. Por outro lado, isso pode também exigir um melhor treinamento para que os funcionários fiquem conscientes das limitações do desempenho. Os funcionários experimentam ambiguidade quando não possuem informações necessárias para executarem o seu cargo adequadamente. A ambiguidade da função pode ocorrer pelo fato de os funcionários sentirem-se inseguros acerca do que os gerentes ou supervisores esperam deles ou, também, como satisfazer essas expectativas em função de que eles podem não saber como o seu desempenho será avaliado e recompensado (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). Diversas variáveis organizacionais moderam a ambiguidade experimentada pelo funcionário, como por exemplo, a frequência, a qualidade e a precisão da comunicação descendente. Para Gonzáles e Garazo (2006) o sistema de comunicação avalia o grau com que a organização mede, controla e comunica os padrões de qualidade do serviço. Essa comunicação envolve as mensagens utilizadas primariamente pelos gerentes para dirigir e influenciar o pessoal situado ao menor nível da organização e, tipicamente, envolve os objetivos, estratégias da organização e seus departamentos, instruções relacionadas ao cargo, políticas e procedimentos, o alcance e correção do desempenho. A ambiguidade reduzirá à medida que os gerentes consigam fornecer informações com maior clareza sobre esses tópicos. Nesse ponto, o papel desempenhado pelo departamento de RH pode ser fundamental, principalmente ao considerar questões relativas ao treinamento oferecido pela organização, uma vez que pode ajudar os funcionários a ganhar melhor entendimento do desempenho que se espera deles, bem como da forma como eles serão avaliados. Quando direcionado aos serviços específicos oferecidos pela empresa, podem ajudar o pessoal de contato a lidar positivamentecom os clientes (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). 48 O treinamento em habilidades de comunicação, especialmente direcionado a desenvolver a capacidade de ouvir o cliente e entender o que ele quer, também pode fornecer aos funcionários maior clareza da função. Os programas de treinamento devem afetar o nível de percepção, confiança e competência do funcionário, o que pode resultar em maior clareza da função (Zeithaml, Parasuraman e Berry, 1988). 49 3 METODOLOGIA O presente projeto de pesquisa pretende analisar o satus atual do desempenho do serviço na indústria farmacêutica, utilizando como base as práticas adotadas por ela no Estado de Goiás, tendo por base a realidade do ambiente operacional de seus representantes que atuam diretamente na interface com os clientes. Conforme pode ser observado abaixo (Figura 11), a pesquisa será composta de duas fases: Estratégia de Pesquisa Fase Descritiva Fase Exploratória Entrevistas em Profundidade Pesquisa Qualitativa Representantes e gerentes Dados Secundários Survey Representantes Mistos Empresas Multinacionais Observação Direta Figura 11. Metodologia de Pesquisa Métodos Empresas Nacionais Análise e Interpretação de dados Fonte: Elaborado pelo autor A primeira fase do estudo será composta por uma fase exploratória com o objetivo de compreender melhor o problema estudado bem como para obter critérios para uma investigação mais detalhada. Nessa fase, se propõe realizar entrevistas em profundidade com especialistas na área, como os gerentes e representantes, bem como analisar os dados secundários disponíveis e que estejam diretamente relacionados ao processo do desempenho do serviço. A segunda fase será envolverá uma pesquisa descritiva para analisar as dimensões avaliadas, onde serão apresentadas as características do grupo, isto é, os funcionários de linha de frente, para estimar e determinar suas percepções com relação à qualidade do serviço, bem como o grau com que as variáveis se relacionam com as dimensões utilizadas para avaliar a terceira lacuna, também chamada de gap do desempenho do serviço. 50 Na fase descritiva, se utilizará a técnica de métodos mistos como estratégia de investigação, o que envolverá inicialmente a coleta de dados qualitativos e posteriormente uma pesquisa quantitativa, envolvendo os funcionários de linha de frente para avaliar as suas percepções quanto à satisfação e sua consequência no desempenho do serviço. Com esse procedimento, a coleta de dados envolverá tanto informações numéricas quanto informações textuais, de forma que, o banco de dados final possa ser mais robusto e ao mesmo tempo representar tanto informações quantitativas como qualitativas. Um projeto de métodos mistos é útil para aprender o melhor das técnicas quantitativas e qualitativas e entender melhor um problema de pesquisa (Creswell, 2007). A integração dos dados será realizada na fase de análise e interpretação dos resultados. Como se propõem avaliar um setor industrial, composto por diversas organizações e indivíduos, o presente trabalho utilizará uma perspectiva similar àquela utilizada por Gustafsson e Nilsson (2003) que avaliaram o papel da qualidade dentro de um contexto composto por várias organizações de serviço. Eles justificaram a metodologia adotada ao levarem em consideração que o objeto de comparação foram as práticas, isto é, as atividades desempenhadas para demonstrar e incorporar os princípios de qualidade de gerenciamento. Nesse sentido, eles avaliaram as dimensões segmentando as empresas de acordo com o seu porte. Para o presente estudo, a proposta também será de segmentar as empresas em clusters, como por exemplo, considerando inicialmente as organizações subsidiárias de multinacionais de um lado e as nacionais de outro. 3.1 ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO O questionário a ser utilizado nessa pesquisa será difivido em quatro seções (Quadro 4). O objetivo da primeira será obter uma caracterização dos respondentes e uma categorização das empresas envolvidas. Já na segunda, será avaliado o construto do desempenho do serviço o que corresponde à terceira lacuna identificada por Zeithaml, Berry e Parasuraman (1988). Na terceira, será avaliado o grau de satisfação do funcionário. Finalmente, a quarta e última parte do questionário, permitirá analisar a qualidade do serviço oferecida. 51 E STRUTURA TEMA PARTE I Categorização CONSTRUTO S TE ÓRICOS TRABALHO EM EQUIPE VARIÁVEIS ESPECÍFICAS A SE RE M INVESTIG ADAS REFE RÊ NCI AS Ca tegorização da empres a e caracterização do funcioná rio Ha ir, 2005 e Malhotra, 200 1 Extensão com que os funci onários percebem: outros funcionários Z eitha ml, B erry & Parasuraman, 19 88; G rönroos , como clientes; que os gerentes se preocupam co m eles ; que coo peram ao invés de competir; e, que estão pess oalmente envolvidos e comprometidos. ADEQ UAÇÃO DO Habilidade em desempenhar o trabalho e a efetividade do processo de FUNCIONÁRI O AO CARGO seleção. 2003; Brogowicz, Delene e L yth, 1990; Zeithaml e ADEQ UAÇÃO DA TE CNOL OGIA AO TRABALHO PART E II DESE MPENH O DO SERVIÇO CO NT ROLE PERCE BIDO SISTEMAS DE CONT RO LE Ferramentas e tecnologia apropriadas para executa r o trabalho. Extensão com que os funcionários possuem: o controle do trabal ho, flexi bil ida de para lidar com os clientes e previsibilidade da carga de trabalho. Extens ão com que o s funcionári os são avaliados pelo que eles fazem Bi tner, 2003; Grönroos, 1990 ; Gustafs son, Nil sson e (comportamento) ao invés de resultados com base unicamente na DE SUPE RVISÃO CONFL ITO DE FUNÇÃO AMB IGUIDADE DA quantida de/volume do que alcançam. Conflitos percebi dos entre as expectativas da organi zação e dos clientes. Clareza quanto aos objeti vos e expectativas : Qualidade da Johnson, 2003 ; Dean e Bowen, 2003 ; Jong e Wetzels, comunicação; feedbacks construtivos. Nível percebido de co mpetência e confiança: conhecimento do s produtos; treinamento especi ficos do FUNÇÃO produto e em habilida des de comunicação. QUAL IDADE TÉCNICA Competência QUALIDADE FUNCIONAL E mpatia, segurança e domínio 2008; Gonzál es e Garazo, 2006 Z eithaml, Berry & Pa rasuraman, 1 988; G rönroo s, PARTE III QUALIDADE DO SE RVIÇO 2003; Parasurama n, Zeithaml e Berry, 1985; Brogowicz, Delene e Lyth, 1990 ; Zeitha ml e Bitner, 2003; Gonzáles e Garazo, 20 06; Svensson, 2006; Heskett, Sasser e Hart, 1994; Dean, 2 004. Hes ket, Sa sser e Schlesinger; 1997; Zeithaml e SATISFAÇÃO PART E IV SATISFAÇÃO Satisfação geral dos funci onários Bitner, 2003; Gil , Berenguer e Cervera, 2008. Quadro 4. Estrutura do Questionário Fonte: Elaborado pelo autor 3.2 ESTRUTURA DA AMOSTRAGEM 3.2.1 Definição da População Alvo Para avaliar os construtos teóricos serão considerados os representantes da indústria farmacêutica, que atuam no Estado de Goiás, independentemente do porte da empresa, podendo ser uma organização multinacional com subsidiárias no Brasil ou empresas nacionais. Ao considerar o conjunto de empresas que realizam interações com os médicos como forma de se diferenciar e promover os seus produtos estima-se atuar, em todo o Estado de Goiás, aproximadamente: • 43 organizações subsidiárias de multinacionais; e, • 22 empresas nacionais. Acredita-se haver também aproximadamente 500 representantes distribuídos em equipes de cada uma das organizações acima. 52 Esse número de empresas e trabalhadores de linha de frente não é exato, uma vez que a informação precisa não está disponível em nenhuma fonte habitual. Assim, esse número foi obtido a partir de levantamento de campo prévio do autor. 3.2.2 Estrutura e Método de Amostragem A seleção do método de amostragem depende de uma série de questões teóricas e práticas que incluem a natureza do estudo, seus objetivos, tempo e orçamento disponível. Hair (2005), ao considerar esse método, informa que, se realizada de modo adequado, garante a representatividade da amostra. Pelo fato da pesquisa estar delineada para avaliar o desempenho do serviço a partir da terceira lacuna, descrita por Zeithmal, Berry e Parasuraman (1988), cujo foco está no âmbito interno das empresas, o presente estudo, utilizará como método de amostragem o conglomerado dos representantes do setor farmacêutico que atuam no Estado de Goiás. Serão considerados elegíveis para participar do presente estudo os profissionais de linha de frente do setor farmacêutico que atuam nessa região e que realizam contatos diretos com os médicos, independentemente de se tratar de uma subsidiária de multinacional ou empresas nacionais. 3.2.3 Coleta dos dados Na fase de coleta de dados qualitativos, serão utilizadas a observação direta e entrevistas em profundidade junto aos gerentes e representantes do setor para a obtenção de informações mais detalhadas sobre o tema em questão de uma forma não estruturada direta e pessoal. A importância da condução dessa está no fato de que o processo de interação entre a indústria farmacêutica e seus clientes médicos é de alta complexidade e envolve questões delicadas. 53 Essa sondagem será decisiva para a obtenção de respostas significativas. Apesar de a pesquisa qualitativa fornecer dados importantes, esses dados não são conclusivos e não podem ser generalizados em relação à população alvo (Malhotra, 2001). Para atender a necessidade de ter dados mais conclusivos e generalizáveis, pretende-se também aplicar uma pesquisa quantitativa, utilizando uma survey por questionário estruturado auto-aplicável para mapear o status atual do sistema de operações de serviços utilizados pela indústria farmacêutica, via a percepção dos funcionários de linha de frente. Para acessá-los, considerar-se-á a utilização de questionários on line de onde se espera obter uma taxa de retorno não inferior do que 30%. Estima-se a existência de aproximadamente 500 representantes farmacêuticos que realizam contatos diretos com o cliente médico nessa região. Na survey proposta será avaliada o impacto das dimensões estudadas como, o trabalho em equipe, sua adequação ao cargo, a adequação da tecnologia, o controle percebido, o sistema de controle gerencial e o conflito e a ambiguidade da função. Essas dimensões, conforme revisões bibliográficas exercem um impacto na satisfação do funcionário o que, por decorrência, pode afetar os encontros de serviço e, consequentemente, sua qualidade. Os conceitos a serem mensurados pelo questionário terão suas variáveis avaliadas e balanceadas pela escala de Likert de sete pontos. Para aplicar o questionário serão observadas a necessidade de teste e reteste, bem como sua confiabilidade e validade. 3.2.3 Definição do Tamanho da Amostra Para determinar o tamanho da amostra, serão tomadas as seguintes decisões: • Grau de segurança (com frequência, 95%, que corresponde a uma chance de estimação incorreta menor do que 0,05) • O nível de precisão especificado (quantidade de erro aceitável) • Variabilidade (homogeneidade da população) 54 3.3 CRONOGRAMA DE PESQUISA Para a presente pesquisa adotar-se-á o cronograma descrito no Quadro 5. 2009 ETAPAS Revisãoda literatura Elaboraçãodopré-projeto de pesquisa Elaboraçãofinal doprojetode pesquisa Qualificação Critérios para a amostragema ser pesquisada Elaboraçãoquestionário para os representantes Coleta de dados representantes Relatórios comos dados dos representantes Análise de todos os dados Revisão Conclusão e Elaboração final Defesa da dissertação Quadro 5. Cronograma de Pesquisa Fonte: Elaborado pelo autor JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 55 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGELL, Marcia. A Verdade sobre os Laboratórios Farmacêuticos. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008. 319 p. BARNEY, Jay B.; HESTERLY, William S. Administração Estratégica e Vantagem Competitiva. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. BARROS, J. A. C.. Estratégias mercadológicas da indústria farmacêutica e o consumo de medicamentos. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 17, n. , p.377-386, 1983. BASTOS, Valéria Delgado. Inovação Farmacêutica: Padrão Setorial e Perspectivas para o Caso Brasileiro. Bndes Setorial, Rio de Janeiro, v. 22, n. , p.271-296, 01 set. 2005. BROGOWICZ, Andrew A.; DELENE, Linda M.; LYTH, David M.. A Synthesised Service Quality Model with Managerial Implications. The International Journal Of Service Industry Management, Michigan, p. 27-45. 1990. BUCKLEY, Joan. 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