N. 04, setembro 2011 Ano NILO NUNES 02 DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE n. EDUCAÇÃO AMBIENTAL - EA 04 p. 135-144 Faculdade de Engenharia e Arquitetura – FEA Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio CEUNSP – Salto-SP Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 1 N. 04, setembro 2011 DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - EA *Prof. Nilo Nunes ([email protected]) O presente trabalho objetiva oferecer subsídios para a elaboração de um Projeto de Educação Ambiental, principalmente como instrumento de gestão ambiental. Salto (SP), setembro de 2011. (Ano da Conferência Rio+20) 1. BREVE HISTÓRICO: Embora existam fatos antecedentes isolados, foi a Conferência de Estocolmo- Suécia (1972) o marco do movimento ambientalista internacional, e a inspiração dos princípios norteadores das práticas e ações pedagógicas da educação ambiental. Em 1975 realizou-se em Belgrado (ex-Iugoslávia, atual Sérvia) o Seminário Internacional sobre Educação Ambiental gerando a Carta de Belgrado, primeira tentativa formal de formatar um documento que contivesse as premissas básicas e a definição da educação ambiental. Dois anos mais tarde (1977), celebrou-se em Tbilisi - (antiga URSS, atual República da Geórgia), a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, que constitui até hoje o referencial do Programa Internacional de Educação Ambiental. Nessa conferência foram definidos os objetivos e as estratégias pertinentes para aplicação em nível nacional e internacional. Postulou-se que a educação ambiental é um elemento essencial para uma educação global, orientada para a resolução dos problemas por meio da participação ativa dos educandos, na educação formal e não formal, em favor do bem-estar da comunidade humana. Acrescentou-se aos princípios básicos da educação ambiental, nessa conferência, a importância que é dada às relações natureza-sociedade, que, posteriormente, na década de 1980, deu origem à vertente socioambiental da educação ambiental. Com a perspectiva global dos anos 1980: globalidade dos fenômenos ecológicos, as inter-relações entre economia, ecologia e desenvolvimento, políticas ambientais e cooperação internacional, a relação entre a economia e a ecologia leva à necessidade de adoção de um novo sistema de contabilidade ambiental e novos indicadores de bem-estar social e econômico. Surge uma nova noção de qualidade de vida, baseada nos benefícios sociais e no bem-estar individual e global. No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, definida por meio da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, situa a educação ambiental como um dos princípios que garantem “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. Em 1992 a Conferência Rio-92 centralizada nos problemas ambientais globais e nas questões do desenvolvimento sustentável produz dois documentos importantes: o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis”, elaborado pelo Fórum das Organizações Não-Governamentais - ONGs, onde se explicita o Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 136 N. 04, setembro 2011 compromisso da sociedade civil para construção de um modelo mais humano de desenvolvimento, onde se reconhecem os direitos humanos desta geração e das futuras gerações, o direito à vida, e a importância da biodiversidade, baseados em uma ética biocêntrica e no amor à natureza. O outro documento foi a “Carta Brasileira de Educação Ambiental”, com recomendações para a capacitação de recursos humanos em educação ambiental. A Conferência Rio-92 estabelece uma proposta de ação para os próximos anos, denominada Agenda 21. Esse documento procura assegurar o acesso universal ao ensino básico, conforme recomendações da Conferência de Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) e da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (Jomtien, Tailândia, 1990). Em 1997 foi realizada a I- Conferência Nacional de Educação Ambiental. 2. VALORES QUE DEVEM FUNDAMENTAR A EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Os valores fundamentais da educação ambiental são: Primeiramente dedicação ao conhecimento, à arte (culto ao belo, ao simples, ao natural, culto à estética) e à ciência. Também: ética, paz, solidariedade (consciência solidária), generosidade, tolerância, dignidade, responsabilidade socioambiental, respeito pela multiplicidade das formas de vida (todas as espécies do planeta Terra têm direito à vida), amor à natureza e ações proativas. 3. OBJETIVOS GERAIS: Conhecer, entender e discutir as relações do ser humano com a natureza. Propor novos modelos e novas ideias de relacionamento do homem com o meio ambiente, estimulando a visão holística e sistêmica. A educação ambiental deve ter como um dos seus principais objetivos, provocar mudanças nas relações de seres humanos entre si e destes com o meio ambiente. Propor novos paradigmas para a formação de sociedades sustentáveis. 4. BASE CONCEITUAL: A educação ambiental com enfoque transformador deve ser entendida como forma de intervenção no planeta. Uma ferramenta para o desenvolvimento do pensamento imaginativo e dedutivo. A criação de novas formas de aprendizagem aprofundando a reflexão e a capacidade de observação e associação. A base conceitual deve ser construída sobre o funcionamento dos sistemas naturais (compreensão dos complexos sistemas ambientais). Conhecer o essencial para entender, respeitar e intervir. Fortalecer a percepção das relações e interações entre o global e o local, inclusive incorporando uma nova visão do Universo. A educação ambiental deve ressaltar as bases filosóficas do holismo*1, do humanismo, da sustentabilidade e do aprimoramento constante. A educação ambiental deve provocar uma reflexão sobre o cósmico, focando as relações do planeta Terra com o Sistema Solar e deste com a Galáxia- Via Láctea. *1 Holismo (do grego holos, todo). Filosofia que trata o homem e a vida como parte de um amplo sistema, onde vivem outros organismos. A palavra foi empregada por Jan Christian Smuts, no seu livro “Holism and Evolution” (1926), onde destaca que todos os seres são interdependentes e vivem dentro de uma complexa teia de relações. Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 137 N. 04, setembro 2011 5. OUTRAS RELAÇÕES CONCEITUAIS: Com o desenvolvimento sustentável (Agenda 21), com a ecologia, com os biomas, ecorregiões e ecossistemas. De acordo com os preceitos da Agenda 21, devem-se promover, com a colaboração apropriada das organizações não governamentais, inclusive as organizações de mulheres e de populações tradicionais e indígenas, todo tipo de programas de educação de adultos para incentivar a educação permanente sobre meio ambiente e desenvolvimento, centrando-se nos problemas locais. As indústrias devem estimular as escolas técnicas a incluírem o desenvolvimento sustentável em seus programas de ensino e treinamento. Nas universidades, os programas de graduação e de pósgraduação devem contemplar cursos especialmente concebidos para capacitar os responsáveis pelas decisões que visem o desenvolvimento sustentável. 6. COLETÂNEA DE DEFINIÇÕES: Conforme o Artigo 1º da Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, entendemse por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. O Artigo 2º estabelece que a educação ambiental seja um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal. O artigo 4º da Política Nacional de Educação Ambiental relaciona os seguintes princípios básicos: I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo; II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob enfoque da sustentabilidade; III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade; IV - a vinculação entre ética, educação, trabalho e práticas sociais; V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo; VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo; VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais; VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural. “A educação ambiental têm como meta desenvolver um cidadão consciente do ambiente total, que conheça os problemas e pratique ações, atitudes, motivações e habilidades para solucionar os atuais problemas ambientais e prevenir os futuros” Carta de Belgrado (1975). Educação: “... O exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor do quê, de quem, o contra quê, o contra quem são exigências Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 138 N. 04, setembro 2011 fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo”. Paulo Freire. Pedagogia da Indignação. “Educação ambiental é preparar pessoas para a vida e sua integração com a biosfera. Significa aprender a perceber os aspectos globais: valores e fatores econômicos, tecnológicos, e processos naturais e artificiais que causam os problemas”. “Educação ambiental pode ser definida como a aprendizagem de gerenciar e melhorar as relações entre a sociedade humana e o ambiente, de modo integrado e sustentável”. “Educação ambiental pode ser entendida como um processo de aprender novas tecnologias, aumentar a produtividade e evitar desastres ambientais”. 7. EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO FORMAL E NA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL: A educação ambiental na educação formal geralmente é desenvolvida nas escolas: ensino infantil, ensino fundamental, médio, superior e nas escolas de educação especial, profissional, e de educação de jovens e adultos. A educação ambiental na educação não formal pode ser aplicada nas comunidades, fábricas, organizações, empresas, entidades de classe, sindicatos, instituições públicas e privadas, e famílias, principalmente na promoção de programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo produtivo no meio ambiente. Na educação formal a educação ambiental deve permear os conteúdos de todas as disciplinas, nos vários níveis de ensino, do infantil ao ensino superior. As Instituições devem conceber banco de dados e sistemas de informações em educação ambiental. As organizações interessadas em trabalhar com educação ambiental devem investir numa estrutura mínima de multimídia, adquirirem material e audiovisual, estimulando à montagem do banco de dados (videoteca, hemeroteca, biblioteca especializada, mapoteca, etc.) A educação ambiental também deve ser inserida nos projetos turísticos e culturais. Na educação formal e não formal é necessária a permanente capacitação de recursos humanos, produção e divulgação de material educativo, acompanhamento e avaliação. A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para: Incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos profissionais de todas as áreas, em especial, a especialização e atualização dos educadores em todos os níveis e modalidades de ensino. A preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental e de outros profissionais que atuam na área de meio ambiente. 8. PREPARAÇÃO DE CONTEÚDOS: Na preparação dos conteúdos é necessário definir os objetivos específicos, o público-alvo, e as características das instituições envolvidas. Além de apresentar e analisar os problemas ambientais e suas Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 139 N. 04, setembro 2011 consequências, a educação ambiental deve promover novas atitudes e valorizar ações preservacionistas. Deve explorar imagens de mares, rios, lagos, florestas e trabalhar as questões dos recursos naturais, da paisagem natural ou criada, da memória histórica, conservação ambiental, biodiversidade, desenvolvimento sustentável, técnicas de manejo, vida urbana, cultura, etc. Os programas de educação ambiental devem propor análise e inter-relacionar a dimensão ambiental, social, política, econômica, histórica, cultural, psicológica, ética, ecológica, legal, científica, e espiritual. O Projeto deve ser amplo e aberto, trabalhando o espírito crítico, porém dimensionado para cumprir metas quantitativas e qualitativas. Portanto, a equipe responsável deve selecionar a temática a ser desenvolvida. 9. TEMAS: A educação ambiental pode optar por uma vasta diversidade de temas. A abordagem dos problemas ambientais urbanos é sempre uma excelente alternativa. Como sugestão pode-se propor: A geração de lixo e sua disposição adequada; um assunto que possui grande complexidade, múltiplas inter-relações e pode ser solucionado com a participação ativa dos cidadãos comuns, através da mudança de hábitos individuais. A educação ambiental deve imprimir uma nova dimensão às discussões sobre o problema do lixo. O assunto também está relacionado ao aperfeiçoamento de leis e políticas de proteção ambiental e de controle da poluição. A retirada da cobertura vegetal, a redução de áreas verdes na cidade, os movimentos de massa, os processos erosivos, os deslizamentos de terra e os fatores envolvidos: declividade, estratigrafia e solos. A questão das chuvas e da alta pluviosidade e os impactos decorrentes das chuvas torrenciais, bem como a ocupação de encostas e áreas de talude. A infiltração das águas, os solos permeáveis e a diminuição do escoamento superficial. As questões da urbanização acelerada e a falta de planejamento das cidades, as impermeabilizações do solo, modificações do regime de rios, inundações e enchentes. As interferências nos canais e córregos (desvios, aterros, etc.), sedimentos e assoreamentos. As áreas urbanas de risco: inundáveis, insalubres e áreas de encosta. O desrespeito à drenagem natural. As ilhas de calor, inversão térmica, absorção de calor e fatores envolvidos. A queima de combustíveis, as chuvas ácidas, áreas contaminadas, vazamentos, danos e acidentes ambientais. Outros temas: Florestas: produção florestal, reflorestamento, recuperação de árvores, solos e rios, florestas tropicais, culturas nativas, perda de espécies, manejos, certificações, etc. Desertificação e poluição (do ar, do solo e da água). Mudanças climáticas e suas interações. Recursos Hídricos, bacias hidrográficas, águas doces, salobras e salinas, águas subterrâneas e aquíferos. Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 140 N. 04, setembro 2011 Fauna, proteção da vida silvestre, flora, frutos, sementes, material genético, preservação de espécies em extinção, plantas medicinais, combate ao tráfico de animais silvestres, monitoramento, nutrição, reprodução, repovoamento e outros. Regiões costeiras, poluição do mar, aspectos da pesca, preservação de espécies, proteção de manguezais, estuários e restingas, matas e serras. Tombamento de sítios históricos e arqueológicos, comunidades tradicionais, aldeias indígenas, quilombolas, ruínas, ermidas, etc. 10. TÉCNICAS E LINGUAGENS: A educação ambiental pode ser trabalhada utilizando várias técnicas e linguagens. Exemplos: material impresso (revistas, jornais, livros), materiais audiovisuais (projeções, imagens, vídeos). CDs: vídeodocumentário, vídeoreportagens, vídeodenúncia, vídeodidático, vídeo narrativo, vídeopoético, vídeomistos, filmes, fotografia, pintura, escultura, teatro, dança, música, canto, poemas, poesias, internet, laboratórios alternativos, oficinas de práticas, etc. Também a utilização de calendário ecológico, datas comemorativas (celebração de datas específicas), festas culturais, passeios ecológicos, mutirões ecológicos (limpeza de praias, parques, praças, leitos de rios, córregos, baias, estuários e outros locais), campanhas educativas, trilhas de interpretação, jogos (ex.: bingo ecológico), diversões, atividades lúdicas, brincadeiras, etc. Todas as ações em educação ambiental devem ser previamente estudadas. É necessária a constituição de uma equipe de coordenação e, se possível, a organização de um Comitê Organizador. A equipe de coordenação, presidida por um coordenador geral, exercerá a função de planejar e gerenciar o programa de educação ambiental. O Comitê Organizador será um grupo de trabalho que participará da concepção, planejamento e gestão do programa, apoiando todas as operações previstas. Cabe ao Comitê apoiar o trabalho dos coordenadores, desde os primeiros estágios do planejamento. As principais funções do Comitê Organizador: encontrar, selecionar e mobilizar os voluntários e escolher líderes de área; definir conjuntamente com a coordenação, as responsabilidades de cada um; procurar patrocinadores, coletar doações, divulgar o programa e os eventos; fazer contatos, oferecer conselhos à coordenação, manter relacionamento com os órgãos públicos e contatar a imprensa; compilar ideias, distribuir folhetos e informativos; e, ajudar a coordenação na aquisição dos equipamentos e materiais necessários ao desenvolvimento do programa. Na equipe de coordenação deverá haver um coordenador de logística, responsável pelo transporte dos membros da equipe, voluntários, monitores e participantes, fornecimento de vestuário adequado, uniformes, equipamentos de segurança e proteção individual, distribuição do material, alimentação, eventuais alojamentos, limpeza e remoção de lixo, material de primeiros socorros, avaliação e monitoramento de variações climáticas (variação de temperaturas, marés, ventos, chuvas, etc.). Quando o programa de educação ambiental estiver acontecendo ao ar livre ou em locais distantes dos centros urbanos, a coordenação deverá planejar um mapeamento de riscos, ações preventivas, e meios eficazes de comunicação Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 141 N. 04, setembro 2011 (telefonia móvel, rádios de comunicação, GPS) para eventuais acidentes, acessos, remoções de feridos, atendimento médico, bombeiros, resgates e outros. É recomendável a montagem e organização de mapas, layout, organograma e cronograma físico-financeiro (todas as despesas devem ser consideradas, como, por exemplo: equipamentos, instrumentos, suprimentos de escritório, postagem, certidões em cartórios, telefonemas, impressão de folhetos, deslocamentos, combustível, pedágios, alimentação, lanches, bebidas, água mineral, revelação de filmes e slides, material para a coleta do lixo, vacinas, repelentes, medicamentos, protetores solares, acessos à Internet, etc); e, de uma agenda de reuniões ordinárias entre a coordenação do programa e o comitê. A coordenação de educação ambiental deve estabelecer detalhadamente todos os procedimentos, ações, tarefas; e, registrar, filmar, gravar, e fotografar todas as fases do programa, preparando relatórios detalhados sobre as atividades desenvolvidas, locais, datas, horários, pessoas envolvidas, resultados e metas atingidas. Também é recomendável a elaboração de um plano de marketing do programa, incluindo estratégias de comunicação, informação e difusão, logomarca do projeto, impressão de camisetas, adesivos, bonés, broches, brindes, pôsteres, banners, etc. Qualquer material que incorpore a logomarca do programa ou do projeto deve ser elaborado por profissionais da área de propaganda e comunicação visual, com criatividade, competência, beleza e qualidade. Cabe lembrar que muitos doadores ou eventuais patrocinadores, ficarão mais interessados em auxiliar ou investir se souberem que obterão publicidade gratuita ou alguma forma de reconhecimento por sua contribuição. Por exemplo, algumas empresas imprimirão camisetas sem nenhum custo, desde que seus nomes estejam gravados. Se forem solicitados sacos de lixo, canetas, adesivos, refrigerantes, bandeiras ou troféus, o pedido deve ser feito por escrito ainda no período de planejamento do projeto, ou do programa de educação ambiental, esclarecendo-se como será feita a divulgação de tais empresas ou instituições. É importante que o projeto ou programa seja mostrado nos seus detalhes, objetivos, estratégias e nível de organização e repercussão. Caso algum doador ache mais fácil oferecer dinheiro para serviços ou suprimentos, a coordenação deve, então, fornecer um levantamento a estes financiadores potenciais, mostrando vários orçamentos disponíveis e como o dinheiro será empregado. Não se pode desanimar se um financiador recusa ajuda. Há inúmeras razões para isso. Simplesmente deve-se procurar outro que possa atender ao pedido. Uma boa estratégia é manter a organização ou a pessoa que recusou informada, através de informativos ou press releases, dos avanços do projeto ou programa, bem como dos resultados obtidos. A cobertura da mídia é muito importante para o sucesso do programa ou projeto de educação ambiental. Deve-se montar uma lista incluindo os jornais diários de maior circulação na região, revistas, semanários, informativos, boletins ambientais, estações de rádio, emissoras de televisão, sites, blogs e redes sociais. Não se deve limitar a lista à mídia tradicional; é importante relacionar associações filantrópicas, entidades ambientais, ONGs, OSCIPs, clubes de serviço, instituições educativas, sociais, comunitárias e religiosas, rádios comunitárias, sindicatos, associações em geral. É muito importante descobrir o nome dos comunicadores, repórteres e Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 142 N. 04, setembro 2011 jornalistas especializados em meio ambiente, dos jornais e estações de televisão regionais e conhecê-los pessoalmente, através de uma rápida visita ao local de trabalho ou um convite para conhecer o programa in loco. A coordenação também deve comunicar o programa ou projeto aos políticos locais e autoridades do município, incluindo agenda de atividades, locais e horários. Pelas experiências já realizadas constata-se que quanto maior a visibilidade do programa ou projeto, maior o interesse dos comerciantes, empresários e pessoas interessadas em colaborar. O coordenador do programa, preferencialmente, deve possuir formação técnica adequada na área de meio ambiente, e conhecer as principais tecnologias disponíveis para projetos de conservação, recuperação e remediação ambiental, inclusive técnicas e instrumentos de gerenciamento ambiental. O planejamento educacional do programa deve prever os objetivos, tempo e duração de cada atividade, os temas, aulas, os conteúdos, as técnicas pedagógicas, os recursos necessários (humanos e materiais), as avaliações, etc. Não esquecer que qualquer programa de educação ambiental pode estar associado a outros eventos. Exemplo: festivais, shows, seminários, festas culturais, eventos e campeonatos esportivos e eventos turísticos ou religiosos podem agregar um programa de educação ambiental, como atrativo ativo ou receptivo. Pode-se destacar a limpeza da área, reciclagem e reutilização de resíduos e embalagens, reuso da água, questões de saneamento e salubridade, economia energética, valorização da paisagem, da arquitetura, da qualidade do ar, fatos históricos, costumes, aspectos folclóricos, artesanato, tradições culturais, culinária e diversos outros aspectos. A semiótica pode ser aplicada à educação ambiental, principalmente para estimular ou inspirar as pessoas envolvidas. O educador utilizando palavras-chaves relacionará signos e sinais relacionados à percepção do meio ambiente, e às relações do sentir e apreciar a natureza. Um interessado e criativo educador construirá uma matriz inicial, provocando reflexões das interações entre o homem (ser humano), vida e natureza. Um bom exercício consiste na organização de uma cadeia semiótica, que pode ser feita com a participação de todos, através de painéis, quadros, pinturas, desenhos, expressões ou manifestações. 11. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA: BRANCO, Samuel Murgel. ”O Meio Ambiente em Debate” - São Paulo: Editora Moderna, 1997. Cadernos de Educação Ambiental - “Conceitos para se fazer Educação Ambiental”- Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo - Série Educação Ambiental. SMA/SP, 1999. “Como proteger o meio ambiente”. Programa de Combate ao Desperdício de Energia ElétricaPROCEL. Secretaria de Estado do Meio Ambiente- SMA/SP. COSTA, Larissa Barbosa da e TRAJBER, Rachel. “Avaliando a Educação Ambiental no Brasil” Fundo Nacional do Meio Ambiente - FNMA. Instituto Ecoar para a Cidadania, Editora Fundação Peirópolis. São Paulo, 2001. Declaração de Brasília para a Educação Ambiental. Documento da I- Conferência Nacional de Educação Ambiental. MMA/MEC. Brasília, 7 a 10 de outubro de 1997. DIALETACHI, Sérgio. “Como fazer um mutirão ecológico”. Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo- SMA/Coordenadoria de Educação Ambiental/Instituto Ecoar para a Cidadania, São Paulo, 1998. Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 143 N. 04, setembro 2011 Documentos e Experiências sobre Educação Ambiental. Instituto de Pesquisa e Ciências Ambientais de Bertioga - IPECAB- ONG. Bertioga- Baixada Santista (SP), 2011. Educação para um futuro sustentável: uma visão transdisciplinar para ações compartilhadas /UNESCO- IBAMA. Brasília: Editora IBAMA, 1999. LIXO E RECICLAGEM. Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental 5 Elementos. São Paulo, dezembro de 1997. MEDINA, Naná Mininni. Histórico da Educação Ambiental. Laboratório de Educação Ambiental da UFSC, 2007. Política Nacional de Educação Ambiental (Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999). Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Documento publicado durante o Fórum Global- 1ª Jornada de Educação Ambiental. Rio de Janeiro, 1992. 12. RELAÇÃO DE ALGUNS SITES SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL: Ambiente Global: www.uol.com.br/ambienteglobal Associação Brasileira de Recursos Hídricos: www.abrh.org.br Bioma - Educação Ambiental - http://www.mmarte.com/bioma/ Carta da Terra: www.earthcharter.org Carta da Terra/ Brasil: http://www.cartadaterrabrasil.org Cempre: www.cempre.org.br Conselho Mundial de Cidadania Planetária: http://conselhomundialcidadaniaplanetaria.blogspot.com/ Conservation International: http://www.conservation.org.br CREAM-Centro de Referências em Educação Ambiental: www.geocities.com/cream_br Ecologia e Desenvolvimento: www.etm.com.br/ecologia Ecologia Online: www.electus.com.be/ecologia Econet Brasil: www.isi.usp.br/econet/econet.htm Ecopress: www.ecopress.org.br Educação Ambiental em Ação: www.revistaea.org Educação Ambiental para um Futuro Melhor: www.dse.ufpb.br/ea Fundação Roberto Marinho- Ecologia: www.frm.org.br/ecologia Greenpeace do Brasil: www.greenpeace.org.br Guia Verde: www.guiaverde.com.br Instituto Aqualung: www.uol.com.br/instaqua Instituto Ecoar para a Cidadania: www.ecoar.org.br Instituto Vidágua: http://home.techno.com.br/vidagua Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br ONG 5 Elementos: www.5elementos.org.br Rede Ambiente: www.redeambiente.org.br Rede Brasileira de Brasil: www.isi.usp.br/econet/econet.htm Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres- RENCTAS: www.renctas.or.br/ Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem: www.spvs.org.br SOS Mata Atlântica: www.sos.mataatlântica.org.br Universidade Livre do Meio Ambiente: www.unilivre.org.br Nilo Nunes – DIRETRIZES BÁSICAS PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – EA Revista Complexus Faculdade de Engenharia e Arquitetura – CEUNSP, SALTO/SP, ano. 02, n. 4, P.135-144, setembro de 2011. Disponível em: www.engenho.info 144