ID: 62076138 30-11-2015 DESTAQUE DO DIA A UE e a Turquia chegaram ontem, em Bruxelas, a acordo para travar os migrantes que chegam à Europa. Em troca da contenção por parte de Ancara dos refugiados dentro do seu território, a Europa vai entregar à Turquia um pacote de ajuda de três mil milhões de euros e retomar já em Dezembro o processo de adesão deste país à UE. Tiragem: 13063 Pág: 37 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 32,00 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. AGENDA ● Início em Paris da XXIª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP21). ● Primeiro-ministro turco, Ahmet Corte: 2 de 2 Davutoglu, visita sede da NATO em Bruxelas. ● Embaixador itinerante de Angola, António de Carvalho, reúne-se em Lisboa com Observatório de Direitos Humanos. DO LADO DA LEI Entre as oportunidades e o “oportunismo” Miguel Pereira Coutinho Advogado da Abreu Advogados Na 21ª Conferência da ONU sobre as Alterações Climáticas, o desígnio essencial é o de obter um “renovado” acordo no que respeita à redução da emissão dos gases com efeito de estufa. Isto, basicamente, por via de uma gradual transição da utilização dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão) como fontes energéticas dominantes para a utilização de energias renováveis (solar, eólica, hídrica). Tal desígnio (que, basicamente, mais não é do que a consagração do “princípio do desenvolvimento sustentável”) teria como efeito o aumento da eficiência energética e fomento de novas actividades económicas, geradoras não só de mais emprego, como de energia menos poluente (proveniente de fontes potencialmente inextinguíveis). Refira-se que, para além de ter rectificado o Protocolo de Quioto, ter participado nas anteriores e participar na próxima Cimeira do Clima, Portugal encontra-se vinculado a metas europeias de redução de emissões dos gases acima mencionados, de aumento da quota de energias renováveis e redução do consumo de energia primária. São as metas europeias “20-20-20”. Estas metas devem ser encaradas como oportunidades de desenvolver novas actividades económicas respeitadoras dos compromissos ambientais assumidos, geradoras de novos e mais postos de emprego e potencialmente (pelo menos em termos futuros) habilitadas a fornecer energia a preços mais competitivos aos consumidores. No entanto, como qualquer oportunidade apresenta dificuldades. Quanto a estas sinalizem-se, de um ponto de vista objectivo, os tão debatidos custos (de implementação, exploração, subsídios e rendas), de um ponto de vista subjectivo, o facto de o ambiente ser, de uma forma geral, qual cavalo de batalha, “cavalgado” por algumas entidades e partidos políticos que dele se servem para, a todo o custo, assegurar notoriedade, assumindo posições tão radicalizadas que nada ajudam a ponderar as metas assinaladas de uma forma racional e/ou estratégica, ao contrário. Aqui verifica-se um “oportunismo” com fins que de “verde” só aparentam ter o nome. O “oportunismo” referido constitui um entrave às oportunidades existentes. E entrave porquê? Desde logo porque o, tantas vezes “oco”, discurso de defesa ambiental constitui frequentemente um travão ao próprio “princípio do desenvolvimento sustentável”. Isto porque, em muitas ocasiões sem qualquer rigor científico, castra (com a ilusória argumentação da “defesa” ecológica) a hipótese de desenvolver o que quer que seja, negando assim o caminho do progresso (aqui também ambiental/climático) que se pretende trilhado por caminhos sustentáveis. “Oportunista” ainda porque, com base em posições que tanto têm de radicais como de “irreais”, fazendo do ambiente “coutada privada”, acaba por se prejudicar o interesse colectivo, sendo que a este prejuízo corresponde, em regra, um benefício. Benefício obtido, aparentemente, quer sob a forma de voto, quer sob a forma de influência ou de notoriedade. Tendo então os desígnios da cimeira em mente, é urgente pensar nas energias renováveis de uma forma global, consensual, integrada e com visão estratégica, assumindo as oportunidades que neste âmbito se deparam às empresas nacionais e rejeitando o “oportunismo” ambiental, que de esclarecedor ou estratégico pouco ou nada tem. Em suma, as fontes de energia renováveis são, inegavelmente, alternativas e/ou complementos às “tradicionais”. Ora para um país que, tal como o nosso, não produz combustíveis fósseis, ainda mais estratégico se torna aproveitar e desenvolver (de facto) as fontes energéticas renováveis. Aproveitemos pois as oportunidades que a Cimeira do Clima oferece, desde logo, às empresas nacionais do sector energético, elas estão à porta! ■ Infografia: Marta Carvalho | [email protected]