OS RUMOS DA GEOLOGIA
Prof. Dr. Umberto G. Cordani (IGc/USP) - [email protected]
Contribuição divulgada por ocasião do IXL Congresso Brasileiro de Geologia João Pessoa, PA, Brasil,
setembro 2002
Sinto-me honrado com o convite que me faz a SBG, para que no primeiro
número de seu “Jornal Brasileiro de Geologia” possa eu oferecer minha visão sobre
os rumos da Geologia neste século XXI que há pouco se iniciou. Agradeço muito o
convite, e espero que meus comentários possam ser úteis. Seguramente vão trazer
muitas obviedades, entretanto de qualquer forma aqui vão, pois entendo que repetir
o óbvio também faz parte da criação de consciência. Para onde caminha a
Geologia? Quero lembrar de início que os rumos da Geologia não podem ser
considerados sem que tenhamos uma visão a respeito do futuro da sociedade global
em que estamos inseridos. E para onde então caminha a humanidade? Seria viável
o sonho utópico do desenvolvimento sustentável?
Minha esfera de cristal apoia-se na experiência obtida em mais de 20 anos de
militância na União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), e no Conselho
Internacional da Ciência (ICSU). Pelo ICSU, participei dos preparativos para as
discussões da Agenda 21, que ocorreram durante a Conferência das Nações Unidas
sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Tive acesso também, através do
Instituto de Estudos Avançados da USP, a muitos eventos e muita gente com quem
pude trocar idéias sobre os princípios da Agenda 21 e o futuro que nos aguarda.
Os pontos que se seguem correspondem à minha visão pessoal. Tenho participado
de discussões, feito palestras, e tenho escrito alguns artigos a respeito.
Possivelmente, a melhor referência para complementar esta matéria seria a
conferência que apresentei no XXXI Congresso Internacional de Geologia, Rio de
Janeiro, 2000, que foi publicada na íntegra no número de Setembro daquele ano da
revista Episodes, vol. 23 (3): 155-162. Seu título: “The role of the earth sciences in a
sustainable world”.
Há poucos dias foi encerrada em Johannesburgo, África do Sul, a Cúpula
Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10. A maior parte de suas
recomendações é um dejà vu em relação ao que consta da Agenda 21 ou ao que foi
discutido na Rio-92 ou em outras reuniões da ONU mais recentes, como em Kyoto
em 1999 sobre a convenção climática, em Doha em 2001 sobre comércio
internacional, e em Monterey em 2002 sobre financiamento ao desenvolvimento.
Ficou claro em Johannesburgo que as metas da Agenda 21 e das convenções
estabelecidas na Rio-92 nada perderam de sua urgência.
Entretanto, nas
discussões havidas foram muito fortes as discordâncias entre os países
desenvolvidos, que lá foram pouco dispostos a adotar metas precisas e a fixar datas,
e aqueles que, como o Brasil, fizeram o possível para que os princípios acordados
na Rio-92 não virassem letra morta.
A Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Humano, Estocolmo-72, fez
despertar a humanidade para a questão ambiental e para o ecodesenvolvimento. A
Rio-92, a maior reunião de chefes de estado da história, fez com que a consciência
mundial para os problemas do ambiente e desenvolvimento fosse consolidada de
modo permanente. A Agenda 21 é um documento primoroso em demostrar que já
existem capitais, tecnologia e conhecimento especializados suficientes para
enfrentar o uso equivocado e o desperdício de recursos naturais, a poluição e outros
problemas.
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A Rio-92 demonstrou que proteção do ambiente, desenvolvimento socioeconômico e erradicação da pobreza são elementos absolutamente interligados.
Por outro lado, 10 anos mais tarde, qual é a situação perante as metas que nela
foram postuladas? Lamentavelmente, os progressos foram muito pequenos. Países
doadores não cumpriram suas metas e compromissos de ajuda externa. Países
emergentes de maior território, como a China, o Brasil, a Índia, cresceram em
população e economia, e passaram a consumir mais recursos naturais. Houve muita
discussão a respeito de clima, biodiversidade, população, economia, recursos, etc.,
todavia foram poucas as ações do Global Environmental Facility (GEF), o principal
instrumento financeiro que o Banco Mundial deveria colocar a disposição de
programas de desenvolvimento.
A ênfase com que os temas de ambiente e desenvolvimento foram abordados
nas reuniões internacionais até a Rio-92 foi de certa forma diminuída nos últimos
anos. Discussões houve, mas foram poucas as ações com resultados práticos
relevantes. A agenda da ONU acabou sendo tomada muito mais pelos conflitos
mundiais que ocorreram recentemente, e menos com as questões ambientais. Por
outro lado, muitos países e muitos governos, inclusive o brasileiro, incrementaram
suas atividades relativas ao ambiente. Além disso, muitas organizações nãogovernamentais regionais, nacionais e internacionais foram criadas e expandiram-se
no mundo todo, e suas ações crescem continuamente. A esperança num horizonte
ideal de sustentabilidade global não pode ser considerada perdida.
O assunto mais visível nas discussões ocorridas em Johannesburgo foi o da
convenção climática, visto que muitos países deveriam assumir suas
responsabilidades na proteção do clima, contribuindo para a redução das emissões
de gases relevantes para o assim chamado problema do aquecimento global. Muito
ilustrador das divergências ocorridas a respeito de tudo isto é o recuo dos USA, a
maior nação poluidora da atmosfera em razão de suas emissões de gás carbônico,
em ratificar o Protocolo de Kyoto, o instrumento que deverá implementar as
resoluções da convenção climática originada na Rio-92. Quanto ao aquecimento
global, a Geologia tem um papel apenas secundário, ligado às discussões inerentes
à adoção de determinadas políticas energéticas em planejamentos nacionais.
Por outro lado, das atividades geológicas dependem grandemente outras
questões ambientais globais, muitas delas cruciais para atingir a sustentabilidade do
planeta, e que em diferentes proporções foram tratados em Estocolmo-72, na Rio-92
e agora em Johannesburgo. Por exemplo, água potável, solo arável, recursos
minerais e energéticos, rejeitos, desastres naturais. Entendo que as Ciências da
Terra seguramente terão um papel de importância crescente, tanto para a obtenção
do conhecimento melhor possível de como funciona nosso planeta, como para
determinar muitos caminhos e tecnologias necessárias para o gerenciamento de
atividades sustentáveis.
Atividades que podem ser consideradas “geológicas” existem desde a préhistória, como por exemplo as técnicas usadas na extração de minerais utilizados
pelo Homem. Mais tarde, a partir do final do século 18, a Geologia aparece como
Ciência Natural, para caracterizar e buscar a significação de minerais, rochas,
fósseis e tudo o que não fazia parte da matéria viva na superfície da Terra. Este
último aspecto, ligado à curiosidade que sempre acompanhou o gênero humano,
continuará a ser objeto da atenção de geólogos com vocação para a pesquisa
científica, e será naturalmente essencial para o desenvolvimento da Ciência e para o
entendimento da dinâmica do planeta em que vivemos. Por outro lado, o primeiro
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aspecto, voltado para atender às necessidades da sociedade, é o que desejo
enfatizar aqui.
A Geologia a serviço da sociedade está ligada às suas próprias origens,
quando os primeiros mineiros buscaram e forneceram recursos minerais para vários
usos. Durante muito tempo, este foi o principal papel da Geologia. Nas últimas
décadas, com a questão ambiental, e com a nova ordem socio-econômica global,
ocorreram grandes transformações na atuação de todos os setores das atividades
humanas, inclusive e especialmente o das Ciências da Terra. Em quase todos os
países que vim a conhecer com as atividades internacionais, sejam eles
desenvolvidos ou não, as organizações principais do setor, os serviços geológicos
ou entidades congêneres, já efetuaram profundas reformulações estruturais para
poder atuar em atividades voltadas para o ambiente. Estas mudanças foram de
certa forma impostas pelas respectivas sociedades. As organizações setoriais
diminuíram suas atividades básicas, e seus programas de atuação deram certa
prioridade às operações ligadas a recursos hídricos e minerais, e com geologia de
engenharia. Isto ocorreu também com a CPRM, no Brasil, a partir da década de 80.
A Geologia a serviço da sociedade tem sido a temática mais recorrente em
todas as reuniões técnicas principais do setor, como os últimos congressos
internacionais, de Geologia e também os três ou quatro últimos Congressos
Brasileiros de Geologia, e notadamente este que ora se inicia em João Pessoa. A
meu ver, são seis as principais missões dos cientistas e profissionais das Ciências
da Terra, a serviço de uma sociedade global sustentável.
1 – Monitoramento contínuo dos processos do Sistema Terra. Nosso planeta possui
uma dinâmica intensa, com flutuações em qualquer escala de tempo. Cabe aos
geocientistas o seu monitoramento, através de observações regionais e globais
coordenadas, o que está sendo realizado por muitos observatórios, por
levantamentos temáticos, por sensoriamento remoto, etc.
2 – Busca e gerenciamento de recursos minerais. Esta missão sempre pertenceu
aos geólogos. Por outro lado, cada vez mais as populações estão preocupadas com
o impacto ambiental das operações mineiras. Ao mesmo tempo, em vista da
expansão populacional global, a explotação de recursos minerais será sempre
necessária. Cabe aos geólogos determinar a melhor maneira de retirar os bens
minerais disponíveis na natureza, minimizando os rejeitos e os custos ambientais.
3 – Busca e gerenciamento de recursos energéticos. Combustíveis fósseis,
historicamente o carvão primeiro e depois o petróleo, sempre estiveram entre os
alvos principais dos profissionais da Geologia. Embora sejam recursos nãorenováveis, deverão permanecer como essenciais e estratégicos para a sociedade
durante certo tempo. A sua queima provoca o maior problema de poluição
atmosférica, pois vem a ser causadora do efeito estufa e do aquecimento global. Em
última análise, este problema só será resolvido quando forem disponíveis fontes
alternativas de energia, renováveis.
4 – Conservação e gerenciamento dos recursos hídricos. Água fresca, potável,
talvez seja o fator mais crítico para o desenvolvimento sustentável, em vista da
expansão populacional global. A sua disponibilidade é ameaçada em muitas regiões
pela poluição tanto das águas superficiais como dos aquíferos, e também pela
super-explotação destes últimos.
Cabe aos profissionais das Geociências
determinar os mecanismos de proteção e de gerenciamento adequado das águas
subterrâneas, cuja quantidade na Terra é muito maior do que a das águas
superficiais.
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5 – Conservação e gerenciamento dos solos aráveis, essenciais para as culturas
agrícolas, de onde vêm a alimentação principal da humanidade. Os solos aráveis
encontram-se sob grave ameaças. Eles levam muito tempo para serem formados,
na proporção de alguns milímetros por ano, e portanto têm que ser considerados
como recursos não renováveis. Entretanto, atividades antropogênicas inadequadas,
tais como desflorestamento, utilização exagerada de mecanização, ou de
fertilizantes e agrotóxicos, estão levando rapidamente a enormes perdas de solo por
degradação ou por erosão. Esta última é responsável pela perda anual estimada em
cerca de sete milhões de hectares de terras aráveis que vão parar nos oceanos, sem
possibilidade de reposição.
6 – Redução de desastres naturais. Esta é outra das missões originais dos
geólogos, a de conhecer o melhor possível os fenômenos naturais que podem
provocar grandes catástrofes, como terremotos, erupções vulcânicas,
escorregamentos de terra, inundações, etc., para poder fornecer às comunidades
vulneráveis os instrumentos para a sua prevenção ou prepará-las para a redução de
seus efeitos.
Em conclusão, neste início do terceiro milênio, estou seguro que a Geologia
terá um papel de relevância em muitos dos assuntos relacionados com os caminhos
a serem encontrados pela sociedade em sua busca de sustentabilidade. A Geologia
está se tornando mais quantitativa, aplicando tecnologias da informação, de
sensoriamento remoto, de modelamento de processos, etc., tudo isso com grande
relevância para o entendimento da dinâmica terrestre. Não que a era do martelo,
lupa de bolso e bússola tenha terminado para sempre, entretanto hoje em dia mais e
mais se fazem necessários instrumentos tais como PCs, GPS, estações de trabalho,
softwares específicos, etc. Os geocientistas estão buscando também trabalhar com
perspectiva global, em colaboração com outros ramos da Ciência e da Tecnologia,
para o melhor conhecimento do Sistema Terra.
Por outro lado, a Geologia e as Ciências da Terra em geral têm uma grande
dificuldade, que é sua pequena visibilidade, na sociedade. Geologia praticamente
não faz parte da cultura popular, e figura muito pouco nos programas educacionais.
Neste sentido, gostaria de oferecer algumas considerações sobre a formação dos
geólogos no Brasil, visto que em última análise é o seu desempenho profissional que
pode levar ao reconhecimento da importância da Geologia pela sociedade.
Primeiramente, deve-se reconhecer que a formação geológica pode ser diferente, na
dependência do entorno regional. Os geólogos do Chile têm vocação para redução
de desastres naturais, estudos de vulcanologia e metalogênese do Cobre. Os
holandeses são especialistas na geologia do Quaternário, enquanto que os
iranianos são todos petroleiros e os sul-africanos preferem trabalhar com rochas
antigas e jazidas auríferas. No Brasil, país-continente, os geólogos ainda não
conhecem adequadamente a totalidade de seu território, de modo que é importante
uma formação generalista, que inclua mapeamentos geológicos de áreas diversas.
Por outro lado, o mercado de trabalho atual dos geólogos volta-se preferencialmente
para questões ambientais, em virtude da urbanização crescente do país, feita em
muitos casos sem planejamento. Muitos geólogos são empregados atualmente para
proteção e gerenciamento de aquíferos, para atividades de geologia de engenharia,
para o manejo de minerais industriais, e também para assessorar no uso da terra em
geral.
Conheço apenas alguns dos 20 cursos de Geologia que existem no Brasil, e
que devem formar talvez uns 300 geólogos por ano. Os que conheço possuem uma
grade curricular elaborada ha cerca de 30-40 anos, na esteira de uma série de
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disciplinas tradicionais que constavam do antigo currículo mínimo do MEC,
necessário para o credenciamento dos cursos e para o exercício profissional dos
futuros geólogos. As disciplinas curriculares mais importantes ainda são geralmente
as básicas, Mineralogia, Petrologia, Sedimentologia, Estratigrafia, Geologia
Estrutural, etc., e algumas disciplinas de aplicação, tais como Geologia Econômica,
Hidrogeologia, e outras. Normalmente os cursos seguem programações com
pequena flexibilidade curricular, com grande predominância de disciplinas
obrigatórias.
A partir do fim da década de 80, e durante a década de 90, diversos cursos se
dispuseram a examinar as questões originadas das transformações sofridas pela
sociedade, e em especial a questão ambiental. Participei de diversas discussões
desse tipo, por exemplo na UNICAMP, na UNESP, na UFMG, na UFOP, na UFBa, e
em algumas outras. Na UNICAMP deu-se inclusive a criação de um curso de
Geologia com currículo bastante diferente dos habituais, e com importante proporção
de matérias voltadas para as Ciências Humanas e para o Ambiente.
Pela experiência própria vivida na USP, quando fui um dos responsáveis pela
reformulação curricular do curso de Geologia, ocorrida finalmente em 1993, verifiquei
a enorme dificuldade de superar barreiras conservadoras, de docentes e dos
próprios estudantes, relutantes em aceitar quaisquer mudanças curriculares. Na
USP, a grade curricular vigente a partir de 1994 é muito mais flexível do que a
anterior, e permite cursar uma série de disciplinas optativas que podem levar a uma
formação diferenciada de casa estudante, segundo escolhas próprias. Mesmo
assim, as modificações introduzidas no novo currículo ficaram aquém do eu teria
gostado na época. O que foi melhor sucedido, em minha opinião, foi a criação de
uma disciplina especial de fim de curso, o Trabalho de Graduação, que ocupa dos
estudantes praticamente todo o quinto ano da seriação ideal. É interessante
verificar que, nas quatro turmas que até o presente se formaram na USP pelo novo
currículo, cerca de 80% dos formandos escolheram como temática para o seu
trabalho de formatura atividades relacionadas com recursos ou com o ambiente, o
que evidentemente tem grande correlação com o mercado de trabalho atual, e com
as espectativas da sociedade em relação à atuação profissional dos geólogos.
No meu entender, apenas alguns anos após a introdução do novo currículo
da USP, e levando em conta que o currículo mínimo já não possui a mesma
obrigatoriedade, creio que o IGc-USP já está precisando rever o conteúdo
programático do seu curso, para melhor adaptá-lo às necessidades da sociedade, e
proporcionar aos seus futuros geólogos uma melhor potencialidade para o
desempenho profissional. Concordo com muitos colegas, que o caráter polivalente
do geólogo egresso da USP, com boa experiência em mapeamento geológico,
possa e deva ser mantido. Por outro lado, muitos empregadores de geólogos
criticam o curso da USP considerando que tem um viés acadêmico, o que a meu ver
não é demérito em si, mas que denota certa fraqueza em relação ao possível
desempenho em atividades práticas.
Entendo que o curso da USP deve manter e se possível melhorar o conteúdo
das básicas (Cálculo, Computação, Química, etc.), adaptar o conteúdo das
disciplinas geológicas introdutórias para o entendimento do Sistema Terra, e
melhorar a oferta de disciplinas voltadas para a gestão de recursos e do ambiente.
No caso das disciplinas básicas de Geologia (Mineralogia, Petrologia, Geologia
Estrutural, Estratigrafia, etc.), longe de mim diminuir a sua importância na formação
do geólogo. Entretanto, entendo que a sua dosagem no currículo de Geologia da
USP deva ser revista, para um melhor equilíbrio com as disciplinas consideradas
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profissionalizantes, relevantes para ensejar o bom desempenho na atuação
profissional. Creio que a escolha dos atuais alunos dos últimos anos de disciplinas
optativas ligadas com recursos e com o ambiente (além da escolha das temáticas
dos trabalhos de formatura), é sintomática e indica o caminho. Indicador similar
também resulta do número estudantes que procuram a pós-graduação no Igc-USP,
em temáticas relacionadas com atividades ambientais.
Os comentários acima, voltados para o curso de Geologia da USP, que
conheço bem, talvez possam ser generalizados para outros cursos congêneres,
ressalvadas as diferenças de origem e as particularidades regionais. Entendo que o
caráter polivalente do egresso de um curso de Geologia possa lhe dar boas
potencialidades e flexibilidade para atuar em várias áreas diferentes da Geologia.
Por outro lado, creio que o próprio curso deveria também poder proporcionar a seus
estudantes a possibilidade de aprofundar vocações, e de prever e ministrar matérias
relacionadas com áreas seguras em que o futuro geólogo poderá vir a ser útil para a
comunidade onde pretende exercer sua profissão.
Concluindo, a Geologia e os geólogos deverão dar uma contribuição
relevante para a sociedade em seu caminho para a sustentabilidade.
Desenvolvimento sustentável, por sua vez, vai depender de modo crescente de
conhecimento e de informação. Dessa forma, os futuros geólogos deverão obter
uma educação que lhes dê ferramentas adequadas, e além disso leve em conta as
demandas principais da sociedade: gerenciamento de recursos naturais (água,
solos, sedimentos, rochas, etc.), de modo ecologicamente sustentável e ao mesmo
tempo economicamente viável.
A missão é muito grande para os geólogos do século XXI? Não creio. Mais
ainda, não vejo profissão alguma, no momento, que possa melhor do que o geólogo
desempenhar-se adequadamente na execução das tarefas propostas. Boa sorte, e
bom trabalho aos geólogos das novas gerações!
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