Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP Tecnologia ou Metodologia? O grande desafio para o século XXI PIROZZI, Giani Peres1 RESUMO O presente artigo tem como premissa explanar sobre o conceito de tecnologia, bem como ressaltar as diferentes tecnologias que cercam o ambiente escolar, sejam elas físicas, organizadoras e simbólicas. Além disso, por meio de uma pesquisa teórico-bibliográfica esse artigo tem como objetivo central compreender a evolução dos nativos e dos imigrantes digitais na sociedade, além de expor diferentes recursos que o professor pode se utilizar na sua prática educativa, tendo como cerne que mais importante do que toda e qualquer tecnologia é o uso que se faz da mesma, ou seja, a didática que o professor tem para utilizar essas ferramentas, a fim de otimizar o aprendizado dos alunos. Palavras-chave: tecnologia – didática – metodologia ABSTRACT This articleis premisedon the concept ofexplainingtechnologyandhighlightthe different technologiesthat surround theschool environment, whether physical, symbolicandorganizers. Additionally, through atheoretical andresearchliteraturethispaper aimsat understandingthe evolution ofdigitalnativesand immigrantsin society, besides exposingdifferentresourcesthat teacherscanuse in theireducational practice, with the coremoreimportant thananytechnology is theuse madeof it,ie, the teachingthat the teacher hasto usethese toolsin order tooptimizestudent learning. keywords: technology-training-methodology Tecnologia ou Metodologia? O grande desafio para o século XXI “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever – inclusive a sua própria história”. Bill Gates O grande desafio para os profissionais da educação no século XXI está na utilização da tecnologia no cotidiano da sala de aula, com o intuito de aprimorar a prática docente e otimizar o processo de ensino e aprendizagem 1 Giani Peres Pirozzi – Pedagoga formada pela UNICAMP, pós-graduada em Educação Física, Esporte e Lazer (UNICAMP) e pós-graduada em Educação Infantil e em Psicopedagogia. Contadora de Histórias. Coordenadora Pedagógica do SESI – Itu e professora universitária CEUNSP. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 1 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP dos alunos. Contudo, sendo um desafio, torna-se relevante lembrar que é algo difícil, porém possível de acontecer no âmbito escolar. Perrenoud (2000) nos traz que as inovações tecnológicas estão cada vez mais presentes e com mais intensidade em todos os âmbitos da sociedade e a escola não pode ficar alheia a essas mudanças. Faz-se mister incorporar no cotidiano escolar as modernizações, as inovações e o que se tem de mais atual no mundo contemporâneo. Hoje, mais do que nunca, o profissional do futuro necessita ter a competência de saber utilizar as novas tecnologias em seu favor. Desafiador, instigante, conflitante, inovador... Talvez sejam estas as definições sobre o que pensa o educador ao fazer uso das novas T.I.C.s (Tecnologias da Informação e da Comunicação) na Educação. Como diria o educador norte-americano Marc Prensky, o mundo de hoje conta com dois tipos de pessoas: os nativos digitais e os imigrantes digitais. Os nativos são a “nova geração” que já nasceram num ambiente cercado de tecnologia, podendo ser compreendida como uma geração que nasceu “apertando botões e clicando”. Já os chamados imigrantes digitais são compostos por pessoas que não nasceram na era digital, mas precisam incorporar as novas tecnologias e fazer uso delas em seu dia-a-dia. Pode-se dizer que grande parte dos professores do século XXI são imigrantes digitais que estão aprendendo a utilizar as novas tecnologias com o objetivo do aprimoramento da prática pedagógica. E os alunos, claro, são nativos digitais, em grande parte, dominam a tecnologia dos controles-remoto, dos I-pods, do celular, bluetooth, do msn, Orkut, facebook, twitter, entre outros, dando um show de habilidade e agilidade no domínio das T.I.C.s. E o que fazer para eliminar ou amenizar a distância entre esses nativos e esses imigrantes digitais? Quais os problemas que podemos enfrentar em educação relacionada com essa divergência de conhecimento? É possível tirar proveito dessa situação no ambiente escolar? Em que está pautada a Educação no século XXI? Esses são alguns questionamentos que podem tirar o sono de muitos educadores preocupados em oferecer o que há de melhor para seus alunos. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 2 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP Todavia, a questão central está em questionar o que é tecnologia? E a resposta é bem simples: tudo é tecnologia. Tudo aquilo que serve para auxiliar o ser humano em seu trabalho e em sua vida faz parte da tecnologia. Na educação temos algumas tecnologias que permeiam o trabalho pedagógico como: o livro, a lápis, o giz, a lousa, o retroprojetor, o projetor de slides, as enciclopédias... Numa evolução e numa perspectiva mais recente: os computadores, e-books, as esferográficas, a lousa digital, o notebook, os projetores multimídia, os sites da internet, etc... Antes de considerar o conceito de tecnologia, faz-se necessário dissociar: técnica de tecnologia. Segundo Zawislak apud Perini (2009): "técnica é a ação ou conjunto de procedimentos e de objetos que constituem uma atividade, não incluindo, porém, o estudo das razões de funcionamento da suposta ação". Nesta mesma perspectiva tem-se Freitas apud Perini (2009) que menciona que: "tecnologia é a técnica evoluída, fruto de ideias surgidas no passado e que ao longo dos anos foram modificadas, atualizadas e aprimoradas". Nesta visão tem-se que tecnologia é a técnica mais aprimorada, envolvendo um conjunto organizado de conhecimentos que visem a facilitação e o uso de incrementos na vida do ser humano. Pode-se dizer que tudo que está a nossa volta é tecnologia. Num sentido mais amplo (BRITO e PURIFICAÇÃO, 2006) conceituam a tecnologia como "um conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade, modificando, melhorando, aprimorando os "produtos" oriundos do processo de interação dos seres humanos com a natureza e destes entre si." Segundo (SANCHO apud BRITO, PURIFICAÇÃO, 2006, p.19). Pode-se classificar a tecnologia em três tipos: Físicas, Organizadoras e Simbólicas. Com esta classificação, entende-se que as tecnologias físicas são os instrumentos materiais utilizados diariamente, como por exemplo: uma caneta, um livro, um telefone, um computador, o quadro-negro, o satélite... Assim, considera-se que todo objeto é uma tecnologia física utilizada cotidianamente com o intuito de aprimoramento, sendo um recurso prático aos seus usuários. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 3 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP As tecnologias simbólicas, por sua vez, compreendem toda linguagem humana, como por exemplo: os signos e símbolos, a linguagem, a escrita, a representação icônica, vocabulário... Também com o objetivo de aperfeiçoamento da comunicação humana. E as tecnologias organizadorassão aquelas que compreendem os modos de como nos relacionamos com o mundo, sempre buscando agilidade e rapidez nos processos. Diante desse prisma, tudo que está ao nosso alcance envolve a tecnologia. Desde a nossa fala até os últimos aparatos tecnológicos. Assim, com o intuito de resgatar o histórico das tecnologias, constatou-se que a tecnologia é tão antiga quanto ao próprio homem, ou seja, desde que a antiguidade, quando os primeiros hominídeos já se utilizam de uma pedra para caçar, para cortar... ele já estava fazendo uso da tecnologia, pois aprimorava a técnica e facilitava o seu trabalho, trazendo-lhe melhorias. Assim, pode-se observar que a tecnologia, muitas vezes, acaba sendo confundida com a “informática” o que vem a ser um equívoco, sendo esse pensamento reforçado por muitos professores. Uma grande inquietação dessa pesquisa consiste em questionar como a tecnologia pode estar presente no âmbito educacional auxiliando o trabalho pedagógico de toda equipe escolar. Desse modo, ao buscarmos na história as primeiras salas de aulas, por mais simples e arcaicas que fossem já eram dotadas de tecnologia. Quando se fala em educação, mais especificamente a escola, muitas vezes, tem-se ainda a imagem de uma sala de aula com um quadro-negro, uma mesa para o professor e várias carteiras para os alunos, dispostas em fileiras. Algumas escolas, mais tradicionais, ainda adotam um tablado elevado no qual o professor (detentor do conhecimento) fica sobre este e ensina / transmite conhecimento a seus alunos. Infelizmente, essa imagem é bem comum ainda no século XXI. Pode ser que o tablado tenha desaparecido (embora em algumas escolas ainda predomine seu uso), mas no geral, muitas vezes, ainda encontramos um professor, a lousa e o giz e os alunos em filas. Por mais que tenhamos sido abarrotados com tanto aparato tecnológico (aparelhos multimídia, celulares, computadores, i-pods, i-pads, notebooks, Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 4 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP lousa digital, pen-drive, retroprojetor, projetor de slides, entre outros), ainda há pouca inovação na sala de aula. O professor, mantém sua didática e acaba fazendo uso em sua aula do velho giz e lousa e da sua própria sala. A tarefa do professor diante dessas grandes mudanças não é nada fácil. Sendo um imigrante digital sofre aos buscar novas formas para dar aquela aula que já conhece, já domina o conteúdo, mas precisa inovar em suas estratégias. Por que precisa inovar? Por que, os professores do mundo moderno concorrem, deslealmente, com a televisão, com os DVDs, com o cinema 3D, com os programas de computadores, com a internet, com os chats, MSN, redes sociais... e necessitam compreender as classificações dessa tecnologia para melhorar sua prática educativa. Reforçando esse pensamento tem-se Tiba (2006) que: Atualmente o professor não é a única fonte de aprendizagem. (...) O professor deixou de ser o responsável único e exclusivo de informações, porque os alunos estão conectados a televisão, canais a cabo, internet, multimídia. Aos poucos jovens que ainda não estão globalizados, falta mais oportunidade do que desejo [pelo aprender]. (TIBA, 2006, p. 28). O professor, numa perspectiva de pesquisador, é o profissional que como exemplo para seus alunos, não pode deixar de estudar, se aprimorar e conhecer e dominar as novas tecnologias, objetivando tornar suas aulas mais atrativas e motivadoras, resgatando a atenção dos alunos e fazendo com que os mesmos se interessem pelo conteúdo de sua matéria. Numa perspectiva dialógica, o professor ensina e aprende e o aluno também aprende e ensina. Hoje, mais do que ter acesso à informação é preciso selecionar a informação que deseja, transformá-la em conhecimento e aplicá-la no cotidiano de modo a tomar decisões e agir com propriedade. Sendo assim, o professor necessita estar atualizado sempre e ter a humildade de dizer quando não sabe e também estar à disposição para uma busca constante. Com esta postura esse profissional reforçaria o que Tiba (op.cit.) retrata: “O professor estaria passando (ensinando) ao aluno o prazer de aprender – com o professor aprendendo – e o prazer de ensinar – com o aluno Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 5 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP ensinando”. Uma troca constante entre “nativos” e “imigrantes” digitais, em busca de um trabalho de maior qualidade para todos. Numa postura reflexiva, o professor é o profissional que tem que fazer uso do tripé: Ação – Reflexão – Ação. Isto implica em preparar uma aula, ministrá-la (ação) e depois, ao chegar em casa, refletir sobre seu feito, repensar sua forma de ministrar o conteúdo, rever suas estratégias de ensino, reorganizar sua prática (reflexão) e replanejá-la para uma nova aula, ou melhor, uma nova (ação). O profissional da educação que não se atualiza está obsoleto no mundo moderno, podendo até virar artefato de museu, pois o mercado necessita de pessoas cada vez mais integradas na tecnologia e que consigam fazer um link entre o passado e o futuro. Aquele profissional que segue seu caderninho com anotações do tempo da faculdade está com os dias contados. Uma grande queixa dos professores é que os alunos não se interessam pela aula, pela matéria ou conteúdo. E aqui cabe uma nova reflexão: Será que as aulas que estes professores ministram são interessantes e estão de acordo com o perfil desse novo público, desses nativos digitais? Nosso mundo está em constante processo de modernização. As informações se multiplicam a todo instante, gerando angústia, se pensarmos que não daremos “conta” de dominar tudo aquilo que surge a cada dia como sendo algo mais atual, inusitado e que necessita ser aprendido e incorporado. O pior é que, sendo de gerações diferentes, estamos representando formas de aprender diferente também. Em sua grande maioria, os imigrantes digitais aprenderam de modo linear, o que representa que o professor ensinava e o aluno aprendia. O ensino era transmissivo e contava com o professor que dava suas aulas expositivas, ensinando seus alunos. Nos dias atuais, os alunos não são mais passivos. Eles querem construir junto com os professores, tem iniciativas e, com o advento da internet, facilitou o modo de conhecer não-linear. Os alunos, acostumados com a linguagem da internet, por meio dos hipertextos e hiperlinks, começam a fazer várias coisas ao mesmo tempo, começam leituras que não terminam e seguem outros links que mais lhe agradam e que convergem em conhecer tudo mais rápido, individualizando o processo educativo e informativo. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 6 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP Se a forma de aprender mudou, com certeza o perfil do aluno também se modificou. Os alunos não esperam mais do professor. Como diria Augusto Cury2, temos cada vez mais alunos com a denominada SPA – Síndrome do Pensamento Acelerado, que fazem várias coisas ao mesmo tempo e que apresentam dificuldade de se concentrar num único aspecto. E aí surge mais um desafio para o professor, profissional polivalente, que deve encarar seu trabalho como algo em constante processo de mudança, antenado às novidades, primando pela máxima do “aprender a aprender”, para poder ensinar mais e melhor. Carece ao professor levar em conta a realidade da escola onde se dá aula. Muitas vezes, não é o profissional que não quer inovar, mas as condições de trabalho que lhe são oferecidas não possibilitam que o mesmo apresente mudanças. O que se pretende esclarecer é que, como já foi abordado, tudo é tecnologia, desde uma simples folha de papel, um jogo, uma calculadora, enfim, todos são recursos que possibilitam a viabilização de um trabalho de mais qualidade, inovando e primando por uma aprendizagem significativa, ou seja, aprendizagem que o aluno apreenda o que está sendo desenvolvido e saiba fazer uso em seu cotidiano. Muitas vezes, o professor fica preocupado em inovar, em seus aparelhos e recursos tecnológicos e, apresentando muitas dificuldades, ocorre um efeito contrário. A aula que seria muito boa, sem a utilização de tais recursos, acaba por se tornar não muito proveitosa em virtude de não se saber explorar o que a tecnologia pode oferecer. Outras vezes, a escola dispõe de diferentes recursos que acabam por ocupar espaços em armários, ficando empoeirados, não sendo utilizados pelo corpo docente, ou por falta de conhecimento do recurso, ou pelo simples medo de danificar o aparelho. Ao professor, cabe, como diria o educador francês Freinet fazer uso da “Pedagogia do Bom-senso”, não fazendo apologia às tecnologias, mas também 2 Cury, em sua obra: “Pais brilhantes, professores fascinantes”, descreve esse fenômeno conhecido com SPA – Síndrome do Pensamento Acelerado, como sendo um mal da nossa época. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 7 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP reconhecendo que a simplicidade, bem desenvolvida, pode trazer frutos muito proveitosos para o andamento escolar dos alunos. O ensino precisa ser modificado. Para isso, faz-se necessário discernir duas palavras que, corriqueiramente, são utilizadas como sinônimos, mas que envolvem conceitos e implicações de grande diferenciação: INFORMAÇÃO x CONHECIMENTO. Na escola, mais especificamente, em sala de aula trabalha-se com dados, informações, conhecimentos... Entretanto, alguns autores esmiúçam tais itens, retratando que os dados são registros, fatos, soltos que estão aleatoriamente dispostos em nosso meio. Para Côrtes (2008) apud Perini (2009): “A informação é gerada quando os dados passam por algum tipo de relacionamento, avaliação, interpretação e organização”. Isto é a informação que é composta por um conjunto de dados, organizados entre si, que passam a dar sentido / significado diante da compreensão de fatos. Assim, a escola de ontem, tinha na função do professor, o foco de transmissor do conhecimento, isto é, indo além da informação. Rememorando Côrtes (op.cit.) o conhecimento é mais amplo. O autor faz a seguinte analogia: “... o dado é um tijolo, a informação é uma parede construída por vários tijolos e o conhecimento é um cômodo construído a partir da organização e correto relacionamento de várias paredes”. O professor que transmite conhecimento é aquele que trabalha com informações organizadas e que permite utilizá-las de modo significativo no cotidiano por meio de uma aprendizagem. A escola, tendo como essência o trabalho com conhecimento, avança também. No século XXI a transmissão do conhecimento já não dá mais conta do trabalho escolar. O professor necessita propor a construção do conhecimento em que o aluno é co-autor do processo educativo, ou seja, a aprendizagem torna-se interativa e o aluno também constrói conhecimento com as intervenções de seus professores. Nesse prisma os recursos tecnológicos são essenciais para que a aula dos professores possa ser atualizada. O professor (transmissor de conhecimento) fazia uso da lousa e do giz e os alunos em filas, absorviam toda informação/conhecimento do professor. Essa metodologia está ficando defasada, pois por mais recursos que os alunos se deparam fora da escola, o Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 8 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP educando acaba concebendo a sala de aula como um local antiquado, sem atrativos, e não consegue mais ficar passivo. Diante da mudança de perfil de aluno (que como já foi dito, não é mais passivo, mas que necessita ser ativo no processo educativo), o professor necessita atualizar sua aula. O papel do professor deixa de ser transmissor para ser co-construtor de conhecimento junto com seus alunos. As tecnologias, entretanto, amparam a sociedade do conhecimento, dinamizando a aula e modificando a dinâmica escolar. O professor, buscando inovar, pode fazer uso do computador (informática), dos recursos multimídia (datashow), do rádio, da TV, utilizar fragmentos de filmes de DVD, retroprojetor, livros variados etc, sempre com o intuito de enfatizar que a aula produz conhecimento, ou seja, organiza os dados, atraindo os alunos, e proporcionando aos mesmos a utilização destes na vida. Assim, tornado a aprendizagem mais significativa, isto é, utilizando-a além dos muros escolares, o professor pretende corroborar como que foi pretendido por Côrtes numa pirâmide da hierarquia da informação. O trabalho da escola deve ir além do trabalho com dados, informação e conhecimento. A escola deve trabalhar com mais dois degraus da pirâmide que é a inteligência, visando à sabedoria. A sociedade atual não necessita somente de pessoas modernizadas que saibam apertar botões. A demanda maior está em formar cidadãos que aprendam significativamente, ou seja, que saibam fazer uso no dia a dia dos conhecimentos aprendidos em sala de aula. Para Libâneo (1994): A aprendizagem escolar é, assim, um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino. Os resultados da aprendizagem se manifestam e modificações na atividade externa e interna do sujeito, nas suas relações com o ambiente físico e social. Vale ressaltar que Libâneo especifica que a aprendizagem só acontece de fato quando há uma assimilação ativa ou uma apropriação de conhecimentos e demais habilidades. A discussão inicial entre Informação x Conhecimento de nada cabe se não for levado em conta o objetivo primordial que é a aprendizagem. Por mais recursos tecnológicos a escola disponha, por mais inovações o professor Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 9 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP procure fazer uso, tudo deve culminar na aprendizagem do educando. Assim, a tecnologia, vem a ser, como em sua essência, somente um aparato que facilite a aprendizagem na escola, tendo em vista o que propôs Libâneo no processo de assimilação ativa: O processo de assimilação ativa é um dos conceitos fundamentais da teoria da instrução e do ensino. Permite-nos entender que o ato de aprender é um ato de conhecimento pelo qual assimilamos mentalmente os fatos, fenômenos e relações do mundo, da natureza e da sociedade, através do estudo das matérias de ensino. Nesse sentido, podemos dizer que a aprendizagem é uma relação cognitiva entre o sujeito e os objetos de conhecimento. (LIBÂNEO, 1994, P. 83). Não se pretende com este artigo sobrecarregar o papel do professor, nem retratar que o profissional da educação deva jogar fora tudo aquilo que aprendeu e que domina e se engajar nos artefatos tecnológicos e dominar com propriedade a informática. Ao profissional cabe, antes de jogar fora a velha “camiseta surrada”, precisa de uma nova camiseta, que seja confortável e que seja agradável, mas com um layout moderno. Isto significa que antes de abraçar novos métodos, novas tecnologias, o professor também precisa de um tempo para incorporar as mudanças, para digerir o número excessivo de informações para só então, refletindo sobre sua prática, inovar buscando a atenção do aluno, tornando suas aulas mais atrativas e, sobretudo, que haja aprendizagem significativa. Como diria Moran (2007): As tecnologias são meio, apoio, mas com o avanço das redes, da comunicação em tempo real e dos portais de pesquisa, transformaram-se em instrumentos fundamentais para a mudança na educação. Há uma primeira etapa, que é a definição de quais tecnologias são adequadas para o projeto de cada instituição. Depois, vem a aquisição delas. (...) Em seguida, vem o domínio técnico-pedagógico, saber usar cada ferramenta como ponto de vista gerencial e didático, isto é, na melhoria de processos administrativos e financeiros e no processo de ensino e aprendizagem. Antes de qualquer coisa, torna-se necessário levar em conta a realidade da escola onde se dá aula. Muitas vezes, não é o profissional que não quer Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 10 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP inovar, mas as condições de trabalho que lhe são oferecidas não possibilitam que o mesmo apresente mudanças. Conforme expõe Silva e Vizim (2003): As tecnologias remontam a tempos primitivos no campo educacional, muito embora não reconheçamos, por força da idéia de “novas” tecnologias, um velho “quadro-negro” como uma ferramenta tecnológica, ou mesmo um pedaço de giz, mas podemos dizer que os homens continuam recriando aparelhos, ferramentas, técnicas e tecnologias instrumentais, aperfeiçoando o que chamamos de tecnologias simbólicas, como a linguagem, a escrita, as representações simbólicas e icônicas, e muito mais. (SILVA; VIZIM, 2003 p. 203). O que acontece frequentemente no ramo educacional é a confusão entre tecnologia e informática. O professor, em grande parte das vezes, associa o uso da tecnologia como atrelado ao mundo da informática e as questões digitais, esquecendo, ou melhor, não distinguindo que todo instrumento a serviço da melhoria da qualidade dos serviços e do aprimoramento da ação humana é considerado uma tecnologia. DIFERENTES RECURSOS TECNOLÓGICOS A SERVIÇO DO PROFESSOR O professor pode fazer uso de diferentes tecnologias para inovar em sala de aula, além de contar com diferentes tecnologias que facilitem o seu trabalho, bem como possibilite uma maior acessibilidade do aluno com necessidades educativas especiais. Existe uma infinidade de recursos à disposição do professor, alguns deles serão expostos a seguir: Usar um DVD ou um Vídeo – com propósito educativo – preparando a turma para essa atividade, discutindo, analisando, explorando diferentes habilidades e competências como (analisar, criticar, interpretar, aplicar...) evitando, assim, como diria Moran (2007), a banalização do vídeo, ou seja, o vídeo pelo vídeo ou o vídeo como tapa-buraco, sem finalidade pedagógica e também o encantamento pelo vídeo, utilizando vídeos para substituir a explicação do professor e a interação com seus alunos por meio da discussão. Dessa forma, o recurso ao invés de auxiliar, acaba por comprometer a vivência Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 11 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP e deixa de ser produtivo, sendo encarado pelos alunos como um mero passatempo. Utilização de Projetores Multimídia, conhecidos como datashow, que reproduzem o que o computador traz na tela. Um recurso interessante, queconta com aparato visual e auditivo, pode muito bem ser explorado pelo professor, fornecendo informações, diferentes gêneros textuais, apresentações de diferentes assuntos elaboradas em PowerPoint, elaboração de Quiz3 – jogo de perguntas e respostas (virtuais), isto é, realizados no computador que poderá ser um elemento mobilizador da aprendizagem para os alunos. Caso a escola não possua tal recurso, o professor precisa ser criativo, podendo explorar recursos que a escola disponibiliza como um projetor de slides, um retroprojetor, um rádio, etc. O Retroprojetor como o próprio nome já diz projeta na lousa ou na própria parede as transparências elaboradas pelo professor (o professor pode scannear um livro e lê-lo para os alunos, projetando as ilustrações na tela; O professor pode contar histórias utilizando esse recurso; Pode trabalhar com aspectos matemáticos, mostrando na tela operações no concreto com material dourado, por exemplo; Pode também utilizar a mesma a apresentação feita em PowerPoint e imprimir em transparências e apresentar para a turma; Além disso, pode também fazer um teatrinho de sombras; Enfim o que não falta são maneiras inusitadas de se utilizar o mesmo recurso em classe). Se a escola possui um Laboratório de Informática ou uma sala com alguns computadores pode-se explorar esse recurso ensinando o aluno a pesquisar online. Oferecer diferentes bases de dados e sites interessantes que tenham credibilidade científica, explorando a leitura por meio dos diferentes hiperlinks apresentados nestes sites. Além de enfatizar o uso consciente do computador (Internet) para a pesquisa, diferenciando a pesquisa da cópia ou pescópia (cópia da Internet), sem reflexão e também abolindo e alertando sobre o plágio que é, antes de tudo, um crime moral. A tecnologia está a disposição de todos, contudo o mais importante, é saber fazer uso dessa tecnologia para o bem da Educação. Além disso, os Computadores podem ser utilizados em matemática com tabelas, gráficos, 3 Expressão de origem norte-americana que implica num jogo de perguntas e respostas. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 12 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP porcentagem... como editor de textos, em arte, enfim, tudo vai de “como” se pensa essa tecnologia e como a explora. Ainda utilizando os computadores contando com o apoio ou suporte pedagógico, as WebQuests são uma forma inteligente de instigar à pesquisa no universo escolar. Bernie Dodge4, em 1995, foi o criador do conceito de WebQuest. Conforme o exposto pelo Portal Educared, a WebQuest é uma proposta metodológica para usar a Internet de modo criativo. Desse modo, o Portal Educared traz que: A WebQuest é uma atividade didática para os ensinos Fundamental, Médio e Superior para incluir nas aulas a Internet, em especial a busca de informação na Rede. Pode desenvolver o pensamento reflexivo e crítico dos alunos, como também estimular a sua criatividade. (EDUCARED, 2006). Em se tratando de pesquisa, a premissa de Dodge era que “o principal objetivo da WebQuest é desenvolver a pesquisa dos alunos em sites da Internet com critérios e perguntas especificadas pelos professores”. A pesquisa, na perspectiva desse autor, assume um caráter construtivista, pautado em alguns passos essenciais como: introdução (indicação da pesquisa); tarefa (problemática da pesquisa); processo (passos necessários para a realização da tarefa); recursos (links e dispositivos que podem direcionar o aluno a selecionar as informações necessárias para o cumprimento da tarefa); avaliação e conclusão (demonstrando como esse trabalho pode ser avaliado e melhor direcionado, bem como é um espaço de reflexão sobre o processo de pesquisa da WebQuest). Assim, a ferramenta “computador” pode ser utilizada para contribuir de modo eficiente na realização de uma pesquisa em sala de aula, indo além da pescópia. Para tal, a WebQuest é uma forma de gerenciar a pesquisa do aluno. Parafraseando um ditado popular: “Não é dar o peixe, mas ensinar a pescar”. A orientação implícita nas WebQuests facilitam o uso de fontes seguras, bem como direcionam o “saber-fazer”, isto é, aplicar em situações concretas as informações disponíveis na rede. 4 Bernie Dodge – desenvolveu a metodologia de trabalho da WebQuest em San Diego StateUniversity (EUA), em 1995. Para este autor as WebQuests utilizam problemas ou situações do mundo real e tarefas autênticas para despertar o interesse dos alunos. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 13 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP A Lousa – do simples Quadro Negro à Lousa Digital ou Quadro Interativo. Que grande avanço. O professor necessita urgentemente dominar tais recursos. Sendo um imigrante digital, não é preciso ter vergonha em dizer, não conheço tal recurso, mas, sobretudo, é preciso ter humildade em querer aprender e buscar sempre mais. Muitas vezes, o problema não está na tecnologia, mas recai na forma ou modo de como o profissional usa essa tecnologia. E aí, são encontradas também muitas práticas extremamente tradicionais fazendo uso de tecnologias de ponta. Desse modo, a tecnologia não deve ser vista como a panaceia para as práticas educativas, mas é preciso atualizar a metodologia e complementála com os recursos tecnológicos, viabilizando, de fato, novas práticas pedagógicas. Enfim, essas são algumas formas de utilizar os recursos tecnológicos com a preocupação central de almejar sucesso às práticas educativas e aproximar os nativos e os imigrantes digitais, diminuindo a distância entre ambos e fortalecendo o vínculo professor-aluno, sempre com o intuito de que haja aprendizagem, que essa seja significativa e que traga melhores índices na Educação. A DIDÁTICA COMO GRANDE ALIADA AO PROCESSO EDUCACIONAL O grande cerne para que o processo educativo dê certo, isto é, gere aprendizagem efetiva, não está no quanto de tecnologia possui a escola, muito menos, se estas tecnologias são de última geração. O diferencial está na ação / uso damesma. A isso está atrelada a ação do professor e, consequentemente, sua didática. O professor que tem didática é aquele que sabe dar aulas, sabe conduzir sua turma, questiona, desafia e utiliza-se de diferentes estratégias para atingir seus objetivos, escolhendo diferentes caminhos para que haja a aprendizagem significativa. Dessa forma, o professor que tem didática sabe utilizar a tecnologia como um meio e não como um fim no processo educacional. Não almejo colocar a tecnologia como a solução para todos os males da sociedade e da educação moderna, mas ela pode e deve contribuir com a ação do professor, pois, como propriamente está em seu conceito, a tecnologia Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 14 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP serve para aprimorar a ação humana, otimizando, no caso na educação, a aprendizagem dos indivíduos. Para Silva e Vizim (2003): O ato de educar, como ação dialógica, é uma relação privilegiada e insubstituível, que traz, em seu bojo, outras formas não visíveis de tecnologias educacionais em ação, aquelas que são instituídas com e pelas pessoas, simbolicamente. Neste encontro e incorporação de novas tecnologias aos educandos com necessidades educativas especiais é que é necessário um exaustivo estudo das suas características, peculiaridades, potencialidades e, principalmente, de suas limitações (203-204). Perrenoud (2000) traz as dez novas competências para ensinar, como sendo um guia para o educador do século XXI. Uma das competências exposta por este autor suíço é “Utilizar novas tecnologias”. Assim, o diferencial está em saber fazer uso com competência do aparato tecnológico à disposição do ser humano. Além disso, propõe estratégias de como utilizar a informática na escola, explorar editores de textos (facilitando o trabalho do professor ao preparar sua aula e ministrá-la), explorar as potencialidades didáticas dos programas que estão no mercado, relacionando-os aos objetivos de ensino, comunicar-se à distância por meio da telemática5 e saber utilizar as ferramentas multimídia no ensino. Perrenoud ainda expõe que: Uma cultura tecnológica de base também é necessária para pensar as relações entre a evolução dos instrumentos (informática e hipermídia), as competências intelectuais e a relação com o saber que a escola pretende formar. Pelo menos sob esse ângulo, as tecnologias novas não poderiam ser indiferentes a nenhum professor, por modificarem as maneiras de viver, de se divertir, de se informar, de trabalhar e de pensar. Tal evolução afeta, portanto, as situações que os alunos enfrentam e enfrentarão, nas quais eles pretensamente mobilizam e mobilizarão o que aprenderam na escola. (PERRENOUD, 2000, p. 138-9). 5 Telemática – corresponde à fusão dos termos telecomunicações com informática. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 15 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP A ação do professor é o aspecto essencial para a aprendizagem do aluno. Esta deve vir acompanhada da tríade: Ação – Reflexão – Nova Ação, sempre tendo como finalidade a busca de alternativas para a aprendizagem, fazendo-se valer das novas tecnologias que estão à disposição no mundo moderno. Desse modo, retratando a importância da didática no processo educativo, cabe ressaltar que todo educador para ser completo, deve ter em suas ações a eficiência e eficácia. Um bom professor precisa ser eficiente, isto é, necessita seguir os passos adequados para uma boa ação educativa, pensando no processo. Deve preparar a aula, ser organizado, fazer a chamada, atentar-se para quais recursos e estratégia irá fazer uso, prevendo antecipadamente, de modo a evitar imprevistos. Atrelado a isso, o professor também necessita ser eficaz (atingir um fim máximo), ou seja, carece trazer resultados à prática educativa e demonstrar que, fez com que seus alunos apreendessem o conteúdo, ou melhor, aprendessem de modo significativo e que os mesmos levem tais conhecimentos para o restante de suas vidas, incorporando-os em suas ações cotidianas. Assim, teremos uma educação de qualidade, com ações eficientes e eficazes, que complementem o processo educativo e professores com didática, primando pela práxis pedagógica, estabelecendo uma ponte entre a “teoria praticante” e a “prática teorizante”, no qual o discurso seja substituído por práticas educativas que façam a diferença. Em suma, este trabalho buscou clarificar o que representa a expressão tecnologia para os profissionais da Educação, procurando desmitificar que tecnologia não necessariamente precisa estar associada à informática. Sendo assim, tecnologia é tudo aquilo que o ser humano faz uso para se beneficiar e melhorar sua qualidade de vida e suas ações. Dessa forma, este trabalho busca compreender o ser humano como ser humano integral (biopsicossocial), que aprende de diferentes modos, priorizando a existência da diversidade, pois é na diferença que se cresce. Assim, a tecnologia surge como recurso imprescindível para atingir a todos os Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 16 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP educandos, inclusive os que apresentam problemas ou eventuais dificuldades de aprendizagem. O grande desafio, como bem frisou Moran é compreender que: É importante humanizar as tecnologias: [estas] são meios, caminhos para facilitar o processo de aprendizagem. É importante também inserir as tecnologias nos valores, na comunicação afetiva, na flexibilização do espaço e tempo do ensino-aprendizagem. (MORAN, 2007. p. 38). Sob esse prisma a tecnologia não é a “salvadora da educação do século XXI”, mas, se bem empregada, com consciência do educador, ela pode ser otimizada e pode também trazer sucesso no âmbito escolar, buscando sanar e ou amenizar as dificuldades de aprendizagem, contribuindo com a educação sendo um elemento mobilizador, isto é, um chamariz para a aprendizagem significativa. Enfim, em pleno século XXI, estamos em busca de uma sociedade que prime pelo Conhecimento, que vá além do mero conjunto de Informações, e que faça uso das diferentes tecnologias em favor da Educação, da Cultura e da Aprendizagem. Assim, almeja-se uma sociedade que respeite o próprio em suas potencialidades e suas limitações e que inclua a todos no processo educacional. Cabe, sobretudo, a todos os educadores, força de vontade, iniciativa (para buscar aproximação dos alunos) já que grande parte dos educadores são “imigrantes digitais” e criatividade, pois com muito pouco é possível fazer acontecer uma aula que os alunos jamais se esquecerão. Às vezes, nos deparamos com muita parafernália eletrônica e o professor não capacitado para utilizar as mesmas. O que é preciso urgentemente é saber como reconhecer essas tecnologias e adaptá-las as nossas finalidades educacionais. Como já foi dito, reforço a ideia de que tecnologia é tudo, desde uma simples folha de papel, um quadro, um giz, uma TV, etc. E essa tecnologia ligada à ação docente (didática), juntamente com “bom senso” fará o diferencial no aprendizado das futuras gerações, que aprendem por diferentes canais (auditivo, visual, cinestésico-corporal...), principalmente dos indivíduos que Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 17 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP apresentam dificuldades de aprendizagem. Referências: BRISO, C.B., BARBOSA, K., BARRUCHO, L.G., KRAUSE, S. Quem vai ensinar – e o quê – aos alunos do século XXI? Revista Veja online. 25/03/2010. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/conhecaescola-ensino-futuro-430546.shtml. Acesso em 09/03/2010. BRITO, G. S. e PURIFICAÇÃO, I. Educação e Novas Tecnologias: um repensar. Curitiba: Ibpex, 2006. COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Para onde vai a sala de aula? In: Crônicas ao Educador. São Paulo: Editora Paulus, 2001. CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2003. EDUCARED. Ensinar com a Internet: o que é webquest. 2006. Disponível em: http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=internet_e_cia.informatica_princi pal&id_inf_escola=233 Acesso em: 13/12/12. FREINET, Celestin. Pedagogia do bom-senso. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1973. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. (Coleção Trans). 10ª impressão – 2001. PERINI, Luis Cláudio. Administração de sistemas de informação: processos gerenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MORAN, José Manoel. A integração das tecnologias na educação. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm. Acesso em 03/05/2008. MORAN, José Manoel. Como utilizar as tecnologias na escola. Disponível em: http://www.eca.usp.br/prof/moran/integracao.htm. Acesso em 03/05/2008. MORAN, José Manoel. A educação que desejamos: Novos desafios de como chegar lá. São Paulo: Papirus, 2007. PERINI, Luis Cláudio. Administração de sistemas de informação: processos gerenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. PERRENOUD, Phillipe. Utilizar novas tecnologias. In: Dez novas competências para ensinar. Trad. Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 18 Tecnologia ou metodologia? O grande desafio para o século XXI – Giani Peres Pirozzi/SESI/CEUNSP PRENSKY, Marc. Digital natives, digital immigrants.Nativos digitais, imigrantes digitais. Tradução de Roberta de Moraes Jesus de Souza. NCB University Press, Vol. 9 No. 5, Outubro, 2001. Disponível em: http://api.ning.com/files/EbPsZU1BsEN0i*42tYn-d650YRCrrtIi8XBkX3j8*2s_/ Texto_1_Nativos_Digitais_Imigrantes_Digitais.pdf. Acesso em 12/03/2010. SILVA, Shyrley; VIZIM, Marli (Orgs.). Políticas públicas: Educação, Tecnologias e Pessoas com Deficiências. Campinas, SP: Mercado de Letras/Associação de Leitura do Brasil (ALB), 2003. (Coleção Leituras no Brasil.) TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: Novos paradigmas na educação. São Paulo: Integrare Editora, 2006. Artigo recebido em 01/2013. Aprovado em 02/2013. Revista Pitágoras – ISSN 2178-8243, v.4, n.4. FINAN - Nova Andradina/MS, dez/mar 2013 Página 19