Leite humano alimento inteligente www.paulomargotto.com.br João Aprigio Guerra de Almeida Microbiota do Leite Humano Dr. Franz Novaes Instituto Fernandes Figueira.(RJ) Considerações Gerais A preocupação em reduzir a mortalidade neonatal é crescente em todos os países. Estima-se que somente no ano 2000, quatro milhões de bebês morreram nas primeiras quatro semanas de vida, sendo três quartos destes na primeira semana. Lawnet et al, 2005 “Alimentação do prematuro é uma questão de vida ou morte!” Carvalho, 2007 Os RNs são expostos aos microrganismos: Muitos através dos alimentos. No caso do leite materno os microrganismos são originários dos mamilos, ductos lactíferos, pele circulante e até das mãos. O processo de colonização afeta a morfologia, fisiologia, e diferenciação do epitélio intestinal. Falk, et al., 2003 “Germ Free” Alimento Água Colonização experimental Efeito da administração de Lactobacilos reuteri no desenvolvimento de vilosidades do íleo após 3 dias. Cortes do tecido ileal. A colonização bacteriana lenta, com número limitado de espécies, tende a ser perigosa pelo fato de que o super crescimento ser um dos fatores que promovem a translocação bacteriana Logo, iniciar a alimentação do RN com o colostro de sua mãe, representa um grande benefício Alterações na microbiota intestinal durante os primeiros 7 dias após o nascimento. Mitsuoka, 1996. Bifidobactérias do leite humano Inibem seletivamente microorganismos patogênicos (enterobactérias) Metabolizam lactose produzindo ac. latico, acético, fórmico e succínico que reduzem o pH intestinal O crescimento das bifidobactérias é estimulado pela presença do fator bífido, não encontrado no LV. CARBOIDRATOS Lactose Oligossacarídeos-N Ácido Lático ( pH) Ácidos Graxos de Cadeia Curta A microbiota da criança amamentada Componentes pré-bióticos estimulam a proliferação de bactérias benéficas como bifidobactérias e lactobacillus. Os quais baixam o pH intestinal e inibem a prolifiração de bactérias patogênicas. A microbiota intestinal funciona como componente da barreira defensiva da mucosa intestinal. Lars et al, 2003 Translocação No hospedeiro normal ocorre em baixos níveis e as de bactérias são mortas no trajeto ou nos linfonodos. Placas de Peyer Epitelio absortivo Epitelio especializado asociada a Placa de Peyer Células M Placa de Peyer Folículos linfoides dispersos Tempo de vida útil destas células sob refrigeração é de: 12 -14 horas Células da Linhagem Branca Sangue Colostro Humano (8000/mm3) (800 - 2.000/mm3) Leucócitos-PMN Macrófagos; Neutrófilos X PMN Linfócitos ( ± 10%) Tipos de contaminantes Microrbianos Bactérias Leveduras Fungos Como as bactérias se reproduzem 1=> 2=> 4=> 8=> 16=> 32=> 64=> 128=> 256=> 512=> 1024=> 2048=> 4096 Temperatura de crescimento Como evitar a multiplicação microbiana? Atividade de água pH Oxigênio Tempo Temperatura Nutrientes Ecologia do Leite Humano Ordenhado Doadora Mesmo quando proveniente de mamas absolutamente normais o leite apresenta variado números e tipos de microrganismos. Suas fontes de contaminação podem ser classificadas como de origem primária e secundária. Contaminação primária (interna) Contaminantes primários HIV HTLV-I HTLV-II Vírus da hepatite B Vírus da hepatite C Citomegalovírus Contaminação secundária • Dentre as principais fontes de contaminantes externos, citam-se: »pêlos, »pele, »saliva, »cabelo, etc. • Normalmente, o LHO se conserva melhor quando refrigerado, pois os contaminantes são em sua maioria são mesófilos. Os microrganismos x seres humanos Região Anatômica Pele Microrganismo Incidência % S. aureus 2 - 25 Nariz S. aureus 35 - 40 Boca S. aureus comum Obs: O S. aureus era considerado um microrganismo saprófitas, atualmente é classificação oportunista. Os microrganismos da mama Funcionam como uma barreira viva entre os ductos e o meio ambiente. Funcionam com se fossem uma colônia microbiana que se defende de outros microrganismos por meio da produção de substâncias semelhantes às colicinas. Além de produzirem ácidos orgânicos de cadeias curtas. Funcionários Podem contaminar por meio de mãos sujas, tosse, espirro ou conversa sobre os utensílios com ou sem o leite. Os microrganismos podem ser desalojados das mãos durante a ordenha. Quanto menores as contaminações durante a coleta, melhores as características bacteriológicas do LHO. Manipulador com Infecção Cultura do dedo infectado Caldo TSB Agar Sangue Ambiental - Produtos - Pessoal Higiene das mãos Mãos Sujas Mãos após lavagem com água e sabão Mãos após anti-sepsia com álcool 70% Aliança Pano de Limpeza Dinheiro Cabelo Ar de corredor movimentado Paramentação adequada Gorro Máscara Protetores oculares Luvas Avental Calça comprida Sapato fechado Utensílios Um dos maiores responsáveis pela má quali- dade do leite é a falta de cuidado com os utensílios (bambas, frascos, etc). O grande número de microrganismos observado pode ser explicado por sua multiplicação. Os utensílios mal higienizados podem aumentar a carga microbiana em até 30 vezes. Água Os contaminantes da água pertencem aos gêneros Pseudomonas, Achromobacter, Alcaligenes, Flavobacterium, etc. Oriundos, em sua maioria do solo. Tais microrganismos são psicrotróficos, proteolíticos e/ou lipolíticos causando problemas no leite refrigerado. Por isso, só se deveria empregar água tratada. Outras Fontes Em 444 moscas foram encontradas de 5,5 x 102 a 6,6 x 106 bactérias. Média 1,2 x 106 Se todas fossem transferidas para 50 litros de leite, cada mosca acrescentaria 25 bactérias/mL. Nomalmente as moscas são atraídas pelo material fecal, a maioria das bactérias aderidas a elas são coliformes. (Pinheiro, 2006) Microrganismos alojados em microssulcos de uma superfície de fórmica Hipoclorito de sódio Hipoclorito de sódio: destrói a capacidade do microrganismo de funcionar, crescer e reproduzir Não gera resistência Não é tóxico Microrganismos x Controle de Qualidade Microrganismos mesófilos Se caracterizam por seu crescimento entre temperaturas de 15 a 37ºC. São microrganismos de origem ambiental. Dentre eles podem se encontrar os coliformes Produzem alterações e deterioração aceleradas nos alimentos Microrganismos x Controle de Qualidade Coliformes Microrganismos facultativos Não esporulados Fermentadores da lactose a 35ºC em 48horas Vivem no meio ambiente e em animais de sangue quente. Os Coliformes totais contém os fecais Microrganismos x Controle de Qualidade Termodúricos Microganismos de origem ambiental Diminuem a vida útil dos produtos Se associam com materias primas contaminadas quando em populações elevadas Normalmente se associam com contaminações ambientais Microrganismos x Controle de Qualidade Bolores e leveduras Microganismos de origem ambiental Se associam com materias e equipamentos contaminados Normalmente se associam com contaminações ambientais. Microrganismos x Controle de Qualidade Estaphylococcus coagulase positiva Principalmente representados pelo Staphylococcus aureus Podem ser produtores de enterotoxinas e causarem intoxicações intestinais Se encontram na garganta e fossas naisas de pessoas saudáveis, nos manipuladores de alimentos e na maioria das mastites Microrganismos x Controle de Qualidade Psicrotróficos Microganismos de origem ambiental Diminuem a vida útil dos produtos estocados sob refrigeração Sua principal fonte para o LHO é a água Microrganismos x Controle de Qualidade Termodúricos psicrotróficos Microganismos de origem ambiental Diminuem a vida útil dos produtos estocados sob refrigeração Sua principal fonte para o LHO é a água São capazes de resistir à pasteurização Qualidade Sanitária do LHO (ordenha sem controle) Grupos de Microrganismos Mesófilos Coliformes Termodúricos Bolores e Leveduras Estafilococos Totais Psicrotróficos Termodúricos-Psicrotróficos Contagem (UFC/mL) 38.900.000 > 1.400 3.000 2.395.000 38.000 1.920.000 170 Qualidade Sanitária do LHO (ordenha com controle) Grupos de Microrganismos Mesófilos Coliformes Termodúricos Bolores e Leveduras Estafilococos Totais Psicrotróficos Termodúricos-Psicrotróficos Contagem (UFC/ml) 103 Ausência em 1ml Ausência em 1ml Ausência em 1ml 103 Ausência em 1ml Ausência em 1ml (Almeida, J.A.G. 1999) Microorganismos no LHO 6000 5000 4000 UFC/mL 3000 2000 1000 0 Ordenha Inicio Meio Fim Microrganismos no leite humano 4500 4000 3500 3000 2500 UFC/ml 2000 1500 1000 500 0 10 20 30 40 50 Frações coletadas (sequencialmente de 10 em 10 mL) Ação dos microrganismos no LHO • O sonho de uma bactéria é se transformar em duas • Os microrganismos podem deteriorar o leite ou serem responsáveis por doenças. • Como o LHO se compõem de proteínas, carboidratos e gorduras, etc., fica fácil prever os tipos de deterioração. • Os microrganismos variam quanto a suas exigências nutricionais e a capacidade de utilizarem os diferentes substratos que compõem o LHO. Fontes de carbono; Fontes de nitrogênio; Fontes de vitaminas; Sais minerais. • Mede a concentração de H+ que é representada pela equação pH = log 1/[H+] • É um fator importante na limitação dos tipos de microrganismos capazes de crescerem no alimento. • Muito ácidos <4,0. • Ácidos 4,0 a 4,5. • Pouco ácidos > 4,5 (Leite Humano:6,7 a 6,9). O leite humano coagula em pH 4,7 (ponto isoelétrico da caseína). • É um dos fatores ambientais que mais afetam a viabilidade e o crescimento microbiano. • A temperatura ótima para a maioria dos patógenos e de 35°C. • O potencial de oxirredução (Redox) pode ser afetado por uma série de fatores. • A presença do oxigênio é o fator que mais contribui para o aumento do potencial de redox. Aeróbios requerem Eh positivo (presença de O2) (+250 a +500mV); Anaeróbios - requerem Eh negativo (ausência de O2) (+30 a -550 mV); Facultativos - multiplicam-se em Eh positivo ou negativo (+250 a -320mV); Leite humano, Eh varia: de +200 a +400 mV. Fatores que influem na multiplicação bacteriana • O crescimento dos microrganismos no LHO obedece a uma curva clássica. Curva de Crescimento 12000 Estacíonária Log do Número 10000 Log das8000 Morte 6000 Log 4000 Contagens 2000 Lag 0 Tempo (h) Temperatura Bactérias °C (UFC) Tempo de Geração 28 1 30 Pop.ao final de 10 horas 1,000,000 18 1 60 1.000 8 1 120 32 Efeito dos microrganismos sobre LHO estocado de forma incorreta Ruptura Glóbulos de Gordura Proteínas do Soro Gordura Livre Membrana (coalescência) Alteração da Floculação Estrutura 4ª Micelas de Caseína Desestabiliz. Acidez/Enzimas Coagulação Portanto, o frio e o calor são nossos maiores aliado na preservação do LHO. FIM