A ERGONOMIA NOS CURRÍCULOS DE ENGENHARIA
Cassandra Ribeiro de Oliveira e Silva
Pedagoga, M. Eng., Professora do CEFET/CE, Doutoranda da UFSC
[email protected]
Maria do Carmo Duarte Freitas
Engenheira civil, Mestranda em Engenharia de Produção/UFSC
[email protected]
Leila Amaral Gontijo
Professora da Engenharia de Produção/UFSC, Doutora em Ergonomia
[email protected]
RESUMO
O atual contexto das inovações tecnológicas e as novas formas de organização do
trabalho no setor produtivo, exige do profissional de engenharia uma formação mais articulada na
teoria e prática de forma contextualizada. Este trabalho propõe a inclusão de uma disciplina de
ergonomia no currículo das engenharias. Considerando que a ergonomia é definida como o
conjunto de disciplinas voltadas à estruturação dos conhecimentos sobre o homem, cujo objeto é a
adaptação do trabalho a este. Esta inclusão deve-se a pelo menos quatro fatores que a justificam:
econômicos, referentes à relação produtividade e qualidade de vida; sócio-culturais, referentes à
natureza social do homem, objeto do trabalho do engenheiro; psicológicas, referentes às exigências
cognitivas aplicadas ao trabalho e; tecnológicas, referentes à adaptação dos dispositivos
tecnológicos ao operador/usuário humano. Espera-se que com estes conhecimentos, engenheiro
solidifique sua formação profissional em bases humanísticas, científicas e tecnológicas que
favorecerão as tomadas de decisões, as soluções de problemas e responsabilidades consigo e com
os resultados de suas intervenções. Desta forma, propõe-se ainda, uma grade de conteúdos básicos
para esta formação.
Palavras-chave: ergonomia; engenharia; ensino; currículo
1. Introdução
Nessa era de Globalização e da Informação, o intensivo avanço das tecnologias,
principalmente da microeletrônica e automação integrada junto com demais tecnologias como
telemática, robótica, biotecnologia, mecatrônica, desenvolvimento de novos processos produtivos e
construtivos e novos materiais entre outras, tem induzido mudanças substanciais e irreversíveis na
organização do trabalho, no processo de gerenciamento e de produção de bens e serviços, domínios
de ação das engenharias e demais áreas tecnológicas.
Desta forma, o ensino de engenharia deve estar vinculado aos avanços e inovações
no processo de produção, assim como às novas formas de organização do trabalho e, nesse bojo,
deve, principalmente, considerar a condição do trabalhador, operador inteligente no
desenvolvimento da atividade.
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As Universidades que formam engenheiros, têm um papel preponderante a
desempenhar, tanto no que se refere à lógica do capitalismo moderno que movimenta a produção e
determina o trabalho, quanto ao que é de fundamental importância para o desenvolvimento
científico e tecnológico de uma sociedade e consequentemente, melhoria da qualidade de vida do
cidadão trabalhador.
A importância da aplicação dos conhecimentos acumulados pela ergonomia no ensino
de engenharia provém da necessidade primeira de tornar essa modalidade de formação mais
eficiente e eficaz, tanto quanto mais humana e como decorrência prática, diminuir o hiato entre a
teoria e a prática no tratamento do conteúdo disciplinar, adequando as formas de ensinar ao uso das
tecnologias, especialmente da informação. Trata-se de tornar o conhecimento e sua construção,
mais operativo e contextualizado possível no desenvolvimento das habilidades e competências
cognitivas exigidas pelo contexto atual, tanto para seu usufruto quanto para o manuseio de
tecnologias.
Diante deste quadro e suas conseqüências econômicas e sociais, cabe ao engenheiro
possuir uma visão e uma postura mais generalista na sua prática, estendendo seu campo de ação
para além da técnica aprendida na universidade e aplicada no mercado de trabalho, pois dele é
exigido lidar com o trabalhador considerando o uso da tecnologia e sua condição de operador
inteligente no manuseio desta, conduzindo-o a utilizá-la da forma correta, sem riscos danos à saúde
mental e física , com segurança, e o máximo de conforto e produtividade.
Como o principal objetivo da ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem, pode e
deve contribuir com o ensino de engenharia mediante à aplicação de seus preceitos
antropocêntricos, fundamentos lógicos, estudos e pesquisas a essa modalidade de formação.
A proposta deste texto é justificar a inclusão dessa disciplina nos currículos de
engenharia, solidificando no engenheiro uma formação profissional em bases humanísticas,
científicas e tecnológicas que favorecerão as tomadas de decisões, as soluções de problemas e
responsabilidades consigo e com os resultados de suas intervenções.
2. Contribuição da ergonomia para a formação do engenheiro
Diante do quadro de evoluções tecnológicas, inovações e modificações no processo de
trabalho e produção, desmassificação da informação e demais configurações da sociedade
moderna, a técnica, a atividade mental, o conhecimento, a informação são exigidas do engenheiro
em toda a sua complexidade e diversificação no mercado de trabalho.
A ergonomia é um conjunto de disciplinas voltadas à estruturação dos conhecimentos
sobre o homem (Santos and Fialho, 1995), cujo objeto é a adaptação do trabalho ao homem.
Segundo Wisner (1987), esse conjunto é necessário para a concepção de máquinas, ferramentas e
dispositivos técnicos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia.
Como uma disciplina de caráter multidisciplinar e antropocênctrica, a ergonomia
possui condições de coordenar as variáveis tecnológicas, ambientais, organizacionais e pessoais
que determinam os efeitos do trabalho sobre o homem e orientam a obtenção de melhores
resultados (produtividade e qualidade) do trabalho tanto para a organização quanto para o homem
que nela trabalha ou usufrui de seu produto ou serviço.
As variáveis que justificam a contribuição da ergonomia nos currículos de engenharia
deve-se a pelo menos quatro fatores: econômicos, referentes à relação produtividade e qualidade de
vida; sócio-culturais, referentes à natureza social do homem, objeto do trabalho do engenheiro;
psicológicas, referentes às exigências cognitivas aplicadas ao trabalho e; tecnológicas, referentes à
adaptação dos dispositivos tecnológicos ao operador/usuário humano. Essas variáveis são
interdependentes e articuladas entre si, definindo uma base para sua aplicação na formação do
engenheiro.
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2.1. As Variáveis Econômicas
O sistema produtivo, cada vez mais competitivo e flexível, com a estruturação das
novas formas de gestão da produção, tem exigido dos engenheiros e demais profissionais, altos
perfis de qualificação e o desenvolvimento de múltiplas competências e habilidades tais como
iniciativa, criatividade, capacidade de trabalhar em equipe, polivalência, entre outras.
A atual “revolução da produtividade”, cujos princípios se resumem em enxugamento
dos custos da produção e qualidade do produto por um lado e, por conseqüência, menos pessoas
produzindo mais, em menos tempo (tempo real) e com mais qualidade ocasiona um paradoxo
social desse advento econômico emergente, pois quanto maior a produtividade, menor é a oferta de
emprego e maior o campo de atuação dos profissionais e maior a carga de trabalho.
Disto decorre, que no contexto das transformações econômicas e sociais, o
CONHECIMENTO tem o domínio, se torna poder, passa a ser mercadoria a ser vendida e, junto
com a revolução da produtividade, define-se como um novo paradigma de sociedade: sociedade do
conhecimento, sociedade da informação ou mesmo, sociedade informática. A produtividade das
novas categorias ocupacionais é aumentada à medida que o conhecimento vem sendo aplicado ao
trabalho, à inovação. São nascentes desse paradigma, a terceirização e o empreendimento (formal e
informal) cuja base de negociação de propriedade passa a ser não mais o tempo de trabalho, mas o
serviço ou quantidade de informação.
As inferências e conclusões muitas vezes divergentes de economistas, empresários,
políticos e educadores em torno da formação do engenheiro e de outros profissionais, ainda que
conceitualmente justificadas e empiricamente formuladas, apontam, necessariamente, para um
consenso em torno da inevitabilidade de um novo padrão de formação, que se define como
conseqüência de uma política de desenvolvimento da economia e sua inserção no mercado
internacional, por um lado, e por outro, mas em estreita relação de dependência, de um modelo de
modernização caracterizada pela produção flexível e integrada em contraposição ao modelo
Taylorista/Fordista de produção e organização do trabalho em série, em esteira e de divisão
parcelarizada do trabalho, ainda fortemente predominantes no setor produtivo.
Conforme sintetiza Machado (1994), a quantidade e qualidade dos meios de produção,
as possibilidades de aplicação das ciências na produção, associadas às formas de organização social
dos processos de trabalho, constituem fatores fundamentais que interferem no perfil de formação
dos profissionais. Estes fatores são intrinsecamente determinados pelas inovações tecnológicas cuja
condição para o capitalismo contemporâneo, é cada vez mais produzir inovação (aperfeiçoar
métodos, técnicas, trabalho, produtos e processos), que por sua vez determina inovação na
organização do trabalho e no próprio trabalho.
Assim, o padrão de formação e capacitação tecnológica do engenheiro submete essa
formação a uma ordem econômica (e também ao preenchimento de quadros ocupacionais
emergentes das empresas modernas), exigindo dele características cognitivas tais que possam
dominar o conhecimento e a tecnologia transformando-as em matéria prima da produção,
compreensão, análise, adaptação, associação e organização entre outras, características para, como
a própria tecnologia, produzir insumos, produtos e serviços.
A ergonomia pode e deve contribuir para o desenvolvimento dessas condições
mediante por exemplo, à inclusão no currículo ou programa de formação tecnológica de, temas e
questões de ergonomia relacionados à segurança, saúde física e mental, qualidade e produtividade
e, entre outras temáticas; devendo também esclarecer ao futuro engenheiro sobre os princípios
ligados ao sujeito (atividade) e a situação de trabalho(tarefa).
2.2. Variáveis Sócio-Culturais
A premissa básica das variáveis sócio-culturais é que todo domínio do conhecimento
humano é do domínio da sociedade e de sua cultura e por ela é transformado.
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Reportando-se à epistemologia do conhecimento para assinalar a preponderância dessa
premissa na transposição didática do conteúdo tecnológico (Silva, 1996), importa compreender que
a ciência e a tecnologia são produtos e apropriações sociais historicamente construídas desde a préhistória quando o homem desenvolveu ferramentas e construiu abrigos.
Desta forma, o conhecimento tecnológico produzido, difundido e aplicado no ensino
de engenharia, tem a tecnologia como requerimento primário, cujo substrato se transforma em
produto ou ação pelo trabalho e pela vivência no grupo.
Afirma Galli (1993) que cada indivíduo, de qualquer sociedade, é um técnico ou
artesão de seu próprio destino, em consonância com o contexto histórico, cultural, econômico e
social em que está inserido. Esta afirmação chama a atenção para o perigo da supervalorização da
técnica pela técnica, seja no conteúdo formacional seja no posto de trabalho visto que, como
constatado em muitas pesquisas de psicologia do trabalho e ergonomia, leva o indivíduo à
alienação, ao sofrimento e outros distúrbios de natureza biopsicossocial. Afinal, como bem
concluiu Michele Doussineau (apud Schwartz, In: Daniellou, 1996 p. 165): “nunca um operário
fica diante de sua máquina pensando: eu faço o que me dizem.” (trad.)
A ergonomia tem avançado bastante nestes estudos de adaptação do trabalho ao
homem e tem buscado na antropologia cultural e cognitiva (ou macro ergonomia, ou ainda
antropotecnologia) o complemento no que concerne ao homem coletivo, transcendente ao posto de
trabalho (Wisner, 1995).
Os recortes feitos aqui são proveitosos para justificar o alcance da ergonomia no
processo da formação do engenheiro e sua capacitação tecnológica, posto que o saber construído
socialmente, fora do ambiente da universidade, o saber dito pragmático, operativo, de senso
comum, acumulado na experiência tem sido crescentemente valorizado e exigidos pelo sistema
produtivo.
2.3. Variáveis Psicológicas
Aprender a aprender, aprender a compreender, aprender a agir por si mesmo num
fluxo contínuo, tornou-se condição indispensável para o engenheiro conviver com as mudanças
tecnológicas introduzidas trabalho que tem exigido um aumento nas habilidades cognitivas em
detrimento das habilidades mais técnicas e manuais.
Mais alta qualificação, capacidades intelectuais de abstração, comunicação, integração
(trabalho em equipe), resolução de problemas, inovação, criatividade entre outras, indicam que os
paradigmas de educação e de gestão de pessoal (desenvolvimento de recursos humanos na
empresa) devem ser direcionados para a produção desse perfil não apenas como elemento de
produtividade, mas como condição de elevação da qualidade de vida do trabalhador.
Os fatores psicológicos evidenciados acima compõem o que Montmollin (1995)
chama de “competências dos operadores”, sendo de domínio da ergonomia cognitiva - a ergonomia
da atividade do operador competente.
Considerando as exigências do mercado de trabalho e as descobertas da psicologia
cognitiva sobre os mecanismos de aprendizagem e processamento da informação levam a um
urgente exame sobre as formas de organização do currículo de engenharia e áreas afins.
Dito de outra forma, trata-se de compreender o significado dos novos paradigmas que
movem a sociedade, incorporando-os à prática no posto de trabalho e ao comportamento do
engenheiro que gerencia um projeto e pessoas envolvidas nele. Para isso, considerando o
conhecimento acumulado sobre a natureza das capacidades cognitivas humanas - percepção,
memória, raciocínio, conhecimento e representação mental, aprendizagem, linguagem e
comunicação, etc. – é preciso romper com os formalismos do ensino tradicional e a estrutura linear
e compartimentalizada dos programas de ensino que mais privilegia a aprendizagem da técnica
subestimando suas implicações.
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Sob os novos paradigmas da teoria do processamento da informação é sugestivo
buscar o enquadramento teórico que explique e represente o fenômeno da inteligência como
expressão para a transposição didática do conhecimento científico e tecnológico e, as habilidades
cognitivas, explícitas nas ciências cognitivas em sua abordagem mais ergonômica, articuladas aos
demais campos do saber para o reconhecimento e incorporação dessas teorias ao formato do
ensino.
2.4. Variáveis tecnológicas
Desde a pré-história o homem faz uso da tecnologia, usufruindo e aprendendo com os
resultados que ela oferece. Inovação e adaptação tem sido suas partes integrantes desde que o
homo erectus , com a utilização das mãos iniciou a fabricação de ferramentas para enfrentar,
dominar e transformar o meio ambiente. Sua dinâmica, segundo Silva (1996) são provenientes das
capacidades de perceber, compreender, criar, adaptar, organizar e produzir insumos, produtos e
serviços nas diversas esferas do conhecimento.
O conhecimento tecnológico, que predomina na maioria dos currículos de engenharia
tem sido tratado como um universo à parte de uma cultura e uma história, mais precisamente, seus
conteúdos são tratados como regras e teorias tecnológicas que prescrevem intervenções tanto
quanto possível calcadas em leis científicas.
Com essa reflexão, torna-se fundamental considerar que se consideradas as variáveis
econômicas, sócio-culturais e psicológicas, a formação deste engenheiro reverterá em benefício pra
si próprio, para os profissionais que estarão sob sua gerência e para o “cliente” de seu trabalho.
Como ciência e arte, a ergonomia já dispõe de um vasto corpo de conhecimentos
acumulados sobre a atividade do homem no trabalho e sistemas homem-máquina. Esses
conhecimentos, integrados ao currículo das engenharias expandem as competências do engenheiro
(e sua equipe), que por conseqüência se refletem no produto de seu trabalho gerando para si e para
sua organização maior produtividade, segurança e qualidade, sendo esta tanto do produto ou
serviço como também gerando maior qualidade de vida dos envolvidos no processo.
A consideração a esta variável, associada às demais, solidifica sua formação em bases
científicas, humanísticas e tecnológicas que terão seus resultados revertidos para a melhor
adaptação do trabalho ao homem, desenvolvimento de novas ferramentas, novos processos
administrativos, novas formas de promover treinamento e modelagem de novas condições de
trabalho tanto no aspecto físico (adaptação de dispositivos técnicos ao operador humano como
máquinas, equipamentos e ambientação) quanto biopsicológicos (diminuição da fadiga, estresse,
doenças ocupacionais, melhoria da auto-estima, motivação e outros fatores).
3. Proposta de conteúdos para uma disciplina de ergonomia no currículo das engenharias
A proposta que justifica a introdução da disciplina de ergonomia discutida acima,
segue um modelo didático teórico-prático que permita ao engenheiro adquirir bases para o
desenvolvimento de competência para intervir sobre o projeto e execução, controle e prevenção,
seja na concepção, seleção e/ou utilização dos dispositivos técnicos de sua área de atuação.
A disciplina propõe suprir uma necessidade da área visando o desenvolvimento de
competências e posturas do engenheiro apoiadas em conhecimentos dos preceitos ergonômicos
envolvidos em seu campo de atuação; atualização e aprimoramento dos engenheiros que já estão no
mercado para conduzir e administrar a introdução, acompanhamento e utilização de novos
instrumentos tecnológicos e novas formas de administração do trabalho, melhorando sua
intervenção; incentivo a pesquisa com vistas ao desenvolvimento de novos conhecimentos, de
novas investigações e propostas de aplicação da ergonomia nas diversas áreas da engenharia entre
outras aplicações.
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Considerando limitações de carga horária no currículo, a disciplina estruturar-se-ia,
com a devida adaptação pelo professor, em três tópicos básicos de conteúdos tais como:
-Introdução à ergonomia: Conceitos, aplicações, campos da ergonomia e modalidades
de intervenção (do produto, de produção, de correção, de concepção, de mudança),
métodos e técnica da investigação;
-Metodologia de análise ergonômica do trabalho - AET: A análise da demanda, a
análise da tarefa, a análise da atividade, o diagnóstico e elaboração do Caderno de
Encargos de Recomendações ergonômicas;
-Projeto, gestão e avaliação do espaço físico e humano: O sistema homem-máquina;
antropometria, biomecânica, medidas físicas e químicas do posto de trabalho,
fisiologia do trabalho, fatores de riscos, planejamento organização e controle do
processo administrativo, prevenção a doenças ocupacionais.
Considera-se que os conteúdos tratados nestes três tópicos dão um embasamento geral
para que o engenheiro tome decisões na sua esfera de ação, permitindo o aprofundamento na
prática.
4. Considerações finais
Diante da inevitabilidade de um novo padrão de preparação do perfil do engenheiro e
sua capacitação tecnológica para lidar com novas ferramentas, há que se romper com velhos
paradigmas do ensino de engenharia, calcados no modelo tradicional de “tocador de projetos”,
decorrentes de uma formação equacionada, das habilidades mínimas exigidas para o manuseio de
instrumentos e operações mecanizadas e considerar, no processo de difusão, aplicação e produção
de conhecimento tecnológico, toda a complexidade que a atividade requer para o pleno
desenvolvimento das habilidades e competências profissionais.
Isto significa solidificar a formação do engenheiro com conhecimentos de base
humanística, científica e tecnológica que favorecem intervenções eficazes mediante
a
aprendizagem de novas habilidades e competências, tomada de decisões mais centradas no usuário,
solução de problemas reais em situações reais de trabalho, responsabilidades consigo e com o
trabalho dos outros e demais exigências da sociedade, que busca maior qualidade de vida,
segurança no uso artefatos e ambientes que utiliza, pois a ergonomia está presente em todos as
áreas da atividade humana (indústria, serviços, lazer, ensino, interfaces informatizadas, agricultura,
transportes, vida diária...e suas intervenções nestas áreas tem resultado em maior conforto para
quem as utiliza.
Os conhecimentos acumulados pela ergonomia, em especial na metodologia de análise
ergonômica do trabalho, psicologia do trabalho e ergonomia cognitiva são referências férteis para a
formulação do paradigma de formação do novo engenheiro, ergotecnólogo. Este trabalho inicia o
estudo para a inserção do ensino de ergonomia nos currículos de engenharia.
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