Senhor Presidente da Associação dos Antigos Parlamentares dos Estados do Conselho da Europa. Exmos Oradores convidados e demais participantes neste encontro Em nome da Assembleia Legislativa da Madeira dou as boas vindas a todos vós à nossa Região Autónoma. Afigura-se-me importante hoje refletir sobre a autonomia política regional no contexto europeu. A circunstância de não estarem hoje no exercício efetivo de funções parlamentares não retira importância ao contributo que podem trazer à discussão de um tema que por vezes é esquecido pelos diretórios europeus. Os objetivos da vossa associação em promover o ideal europeu numa perspetiva de liberdade política democrática, do primado da lei e de contribuição para a construção europeia são, no fundo partilhados pelos cidadãos europeus que acreditam que a União Europeia é um ponto de encontro de denominadores comuns que nos agregam, que fazem mais fortes os países que a compõem e que dá dimensão a um espaço simultaneamente de partilha e de comunhão de interesses e de ideais entre europeus. Tenho para mim seguro que a União Europeia tornou os países que a compõem mais fortes, mais prósperos, mais solidários e justos. A união faz a força; 1 isolados, num mundo cada vez mais global e exigente, seremos mais fracos. Mas há quem se iluda pensando que de fora fica melhor. É evidente que estar na União Europeia (UE) implica compromissos. Mas é isso mesmo que mantém viva a União. Um compromisso de partilhas de direitos e de responsabilidades. O ideal europeu implica a solidariedade entre os seus membros, solidariedade essa que tem de ser particularmente ativa no que respeita às Regiões Ultraperiféricas (RUP), como é o caso da Madeira. Há que reconhecer uma evidência: foi sobretudo graças à ajuda comunitária que a Região Autónoma da Madeira se desenvolveu de modo tão acentuado como é evidenciado por todos aqueles que nos visitam. Somos hoje uma Região com excelentes infraestruturas em vários domínios como sejam das acessibilidades externas e internas, saúde, desporto e telecomunicações. Mas apesar deste desenvolvimento registado nas últimas quatro décadas, persistem os nossos constrangimentos estruturais que decorrem da nossa situação geográfica, muito longe do centro europeu e em latitude já africana. Este posicionamento geográfico se por um lado acarreta custos elevados para quem vive na Região dá à União Europeia uma dimensão atlântica relevante em termos geoestratégicos e económicos. As RUP, para além disso, são uma mais-valia para a Europa pelos seus recursos marítimos, pelas condições propícias para o desenvolvimento das energias limpas e pelo turismo. 2 Senhor Presidente Senhores Oradores Convidados e demais participantes neste encontro O artº 349 do Tratado da União faz impender sobre o Conselho Europeu, sob proposta da Comissão e após consulta ao Parlamento Europeu, um dever de adoção de medidas específicas destinadas, em especial, a estabelecer as condições de aplicação dos Tratados às Regiões Ultra Periféricas. Este artigo que abre a porta para adaptar a aplicação do direito comunitário a estas regiões, não tem tido os desenvolvimentos que o seu conteúdo e alcance permitem, continuando hoje a subsistir um desfasamento entre as potencialidades deste preceito e a inadequação de algumas políticas em relação às regiões, designadamente as que respeitam aos transportes aéreos e marítimos, ambiente, concorrência e energia. De muito pouco servirá às RUP o plano “Juncker” se o mesmo não estiver em consonância com a realidade económica e financeira, pelo menos no que à Madeira diz respeito. A linguagem codificada, altamente técnica e complexa, que rege a atribuição dos fundos comunitários deve ser simplificada, por forma a que os destinatários entendam facilmente os propósitos da ajuda europeia e possam responder aos seus estímulos em tempo útil e oportuno. A intermediação de estruturas descodificadoras daquela linguagem é, em meu entender, perniciosa, dado que introduz na relação entre os organismos 3 comunitários, as empresas e os cidadãos um poder fático que constrange o acesso aos fundos e que é o primeiro a beneficiar das ajudas, mesmo antes dos destinatários finais. O desemprego tem de ser uma prioridade e merece uma especial atenção da Comissão Europeia. Para o combater, não é suficiente o apoio dos Fundos Estruturais e de Investimentos Europeus previstos para o período de 2014-2020, devendo as RUP ter acesso a programas horizontais da UE. Este apoio tem de ser permanente, pelo menos no que concerne à Região Autónoma da Madeira dada a sua natureza arquipelágica, à sua economia de pequena dimensão e dependente do turismo que permanecerá relativamente frágil se não for devidamente acarinhada quer pelo Estado Central quer pela União Europeia. O novo INTERREG representa um investimento de quase 111 milhões de euros para promover a cooperação entre os três arquipélagos da Madeira, Ilhadas Canárias e Açores, visando explorar o potencial económico destas regiões. É uma boa resposta da EU às necessidades destas regiões. Esperemos que os resultados correspondam à satisfação das cinco prioridades do programa. É neste contexto que a autonomia política é chamada a dar o seu contributo, determinando em cada momento através dos seus órgãos de governo próprio as suas opções de investimento e a afetação dos recursos disponíveis. As Regiões Ultraperiféricas ganharam, em termos institucionais maior peso no processo de decisão europeu. 4 Este ganho, deveu-se, em grande medida, ao empenho e determinação dos seus órgãos de governo próprio que não quiseram ficar à margem da construção europeia e muito legitimamente reclamam mais apoios face às dificuldades estruturais que apresentam. Desejo a todos um bom trabalho e uma ótima estadia na Região Autónoma da Madeira. Muito obrigado. O presidente da Assembleia Legislativa da Madeira 5