157 HAPPY JÚNIOR O presente ideal para cada idade As indicações de que precisa para não errar neste Natal Dou-lhe uma boneca das que fazem chichi? ou será melhor um jogo para aprender as cores? E para o mais velho? Um telemóvel com ou sem acesso à Internet? Será cedo demais? Help! Siga o guião que a vai salvar… por Carla Novo E ntrar numa loja de brinquedos para comprar um presente ao seu filho é uma experiência… intensa. Aproxima-se a época em que eles esperam que «adivinhemos» os seus desejos. Por vezes, esses desejos ficam explícitos numa carta ao Pai Natal. Outras, somos nós que temos de «chegar lá». Os pais não querem errar. Querem escolher um brinquedo que seja seguro, que ensine, que ajude no desenvolvimento, que seja divertido, que cative a criança e ainda que tenha uma boa relação qualidade-preço. Ainda assim, as ofertas são tantas quanto as dúvidas. Sobretudo, a partir de uma certa idade, quando a esta equação se junta o universo das novas tecnologias: iPods, tablets, computadores portáteis, smartphones… Uma das soluções mais fascinantes para os miúdos mais velhos é a oferta de experiências como rafting, uma corrida de kart ou uma aula de ski. Pedimos à psicóloga Carla Costa, da Clínica da Educação, e à psicopedagoga Vanessa Sequeira, do Instituto da Inteligência, um guia para ajudar os pais nesta aventura… Dos 0 aos 12 meses É a fase das grandes descobertas. Nesta etapa, o bebé quer explorar tudo o que o rodeia e testa várias formas de interacção com o meio. Tem uma enorme necessidade de apurar os cinco sentidos, através dos quais recebe informação. Cores, cheiros e sons variados são bem-vindos. A criança necessita ainda de desenvolver a motricidade geral (gatinhar, levantar-se, andar…) e a fina (segurar e manipular diferentes objectos). Sugestões: Rocas, bolas, guizos, mobiles de berço, peluches com forma humana, espelhos próprios para bebés, brinquedos de encaixe de formas geométricas. Aposte também em proporcionar-lhe experiências marcantes, como teatrinhos ou concertos para bebés. Sugestões: Tapetes de borracha com puzzles de números e letras, jogos de construção, instrumentos musicais, livros com actividades estimulantes, plasticinas, quadros, lápis de cera, triciclos, trotinetas. com jogos sobre aprendizagem, Playstation e PSP, telefones a brincar, réplicas de animais, de meios de transporte, pistas de carros e instrumentos musicais. Incentivar a criatividade do seu filho, nesta fase, é muito importante. Assim, conjuntos de pintura, tintas, lápis e instrumentos musicais ajudam a desenvolver a imaginação. A aproximação ao mundo real também é imperativa neste período. Aposte em imitações de objectos dos «crescidos», seja através de bancadas de trabalho, livros sobre profissões ou cozinhas e carrinhos de bebés. Deve evitar, neste período, reforçar os estereótipos. Esqueça os brinquedos para menina ou para menino. Tablets com jogos didácticos também são uma boa aposta. Sugestões: Tablets com aplicações e jogos didácticos, kits do corpo humano, carrinhos, caixas registadoras, pinturas, uma ida à Kidzania onde pode experimentar várias profissões, imitando o mundo real. A curiosidade do seu filho está ao rubro. Deve satisfazer-lhe as dúvidas e mais do que isso: estimular o pensamento e o sentido crítico. Abrir-lhe a porta do mundo da informação e alargar horizontes é o convite. Também é a fase da criatividade: assim que atinge fluência na leitura, a criança deixa de se contentar com o mundo visível e real e começa a explorar o invisível e o extraordinário. Começa a interessar-se por brinquedos mais científicos ou personagens com superpoderes. As construções são bem-vindas. Sugestões: Jogos de construção complexos, laboratórios de química, personagens e superheróis, livros e filmes de ficção, laboratórios de culinária ou electricidade, jogos de cartas e de memória, quebra-cabeças e jogos de computador, gadgets como MP3 ou iPod e actividades que envolvam experiências na natureza, como arborismo, rafting ou surf. Dos 10 aos 12 anos Dos 5 aos 7 anos Dos 12 meses aos 3 anos Ando logo existo! A marcha nesta fase já está dominada, é o momento de consolidar o raciocínio lógico-espacial. A criança está ávida por observar e escutar atentamente o que a rodeia, imitando tudo o que ouve e vê. Nesta etapa, devemos expor a criança a diferentes estímulos sensitivos e ajudá-la a organizar essa informação. É nesta fase que a criança inicia o processo de representação gráfica e os primeiros rabiscos devem ser incentivados. Com a entrada na escola primária a criança vai precisar de novos estímulos e desafios. Todos os brinquedos que implicam a abstracção e o espírito inventivo devem fazer parte desta etapa. Vai reparar que o seu filho se torna um mestre em «ler» as expressões faciais e adaptar o seu comportamento a elas. É a altura ideal para apostar em jogos de tabuleiro, que incentivam a aprendizagem de regras e a noção de partilha e de trabalho de equipa. Actividades em família são bem-vindas. Sugestões: Livros e histórias cujo conteúdo fale dos novos desafios que a escola implica, idas ao teatro e a museus, tablets Tablets, telemóveis e companhia Quando dar-lhes gadgets e quais as regras a seguir Dos 7 aos 10 anos Dos 3 aos 5 anos ELECTRÓNICA É a idade em que as transformações físicas começam a ser visíveis, as brincadeiras mudam e passam a ser mais desportivas. O mais provável é o seu filho começar a usar expressões que você desconhece e pedir-lhe jogos ou brinquedos específicos que têm a ver com o mundo virtual. É natural que, neste período, a criança mostre as preferências bem definidas, não deixando muita margem de escolha aos pais. Porém, não devem ser descurados os brinquedos de radio-controlo ou robótica, conjugados ou não com jogos de construção. É a idade perfeita para arriscar em experiências mais radicais, como paintball. Sugestões: Experiências radicais, jogos de consola, puzzles e quebra-cabeças, materiais de construção de robótica, brinquedos de radio-controlo. > As especialistas Vanessa Sequeira, do Instituto da Inteligência, e Carla Costa, da Clínica da Educação, esclarecem as dúvidas mais comuns dos pais em relação à oferta e regras de utilização de produtos electrónicos: A partir de que idade se pode oferecer um telemóvel? Concretamente, a partir dos 10 anos, já que é uma fase de transição, com a entrada para o quinto ano, uma maior responsabilidade e em que o contacto com amigos vai para além da escola. Ofereça-lhe um modelo simples e pouco dispendioso. Opte por um tarifário pré-pago, com mensagens escritas gratuitas. E porque não incentivá-lo a escrever as palavras inteiras ao invés de abreviaturas tipo «LOL»? Se o seu filho receber mesada, responsabilize-o com um pequeno contributo para os carregamentos. Aproveite para o encarregar de programar o despertador, calculando a hora a que deve acordar. Regras Responsabilize-o pelo cuidado e manutenção do telemóvel. Deve ser ele a saber onde guarda o aparelho, o carregador e gerir o nível de bateria. Não deixe que a criança use o telemóvel durante as aulas. Nessa situação, ele deve colocar o telefone no modo silêncio. Quando dar um smartphone com acesso à Internet? A partir dos 12 ou 13 anos, mas lembre-se que nunca poderá controlar por completo o que o seu filho vê na Internet. O ideal será mesmo esperar pelos 15 anos e, ainda assim, deve ensiná-lo e orientá-lo a navegar de forma segura na rede. Regras Encarregue o seu filho pela manutenção do smartphone. Limite as horas de utilização: até ao jantar para os mais novos, até à hora de deitar para os mais velhos. Não permita que o smartphone seja usado à mesa ou nos momentos passados em família. Quando presentear o seu filho com um tablet? A partir dos três ou quatro anos as crianças já podem divertir-se com os jogos didácticos no tablet, trabalhando a motricidade fina, ao manusear o aparelho. Saiba que há tablets específicos para crianças. A partir dos seis anos, com a entrada na escola, o tablet deve ser usado também para escrever. Pode até optar por lhe oferecer um notebook. Há jogos que facilitam a aprendizagem de idiomas, leitura, exercícios de lógica. Há escolas cujos manuais estão disponíveis nestes equipamentos. Regras Limite o tempo em que a criança brinca com o tablet, combine com o seu filho os momentos em que pode, ou não, usar este aparelho para que não descuide as obrigações e outro tipo de brincadeiras. Em que altura faz sentido deixá-lo ter um portátil ou televisão no quarto? O quarto é o lugar privilegiado, onde brinca, descansa e estuda. Colocar aí uma televisão ou um computador é uma solução que, muitas vezes, dá jeito aos pais para terem momentos de paz! No entanto, o computador no quarto só deve ser permitido a partir da idade em que é utilizado para fazer trabalhos escolares, que implicam pesquisas na Internet, mas sempre com orientação de um adulto. A televisão no quarto não é aconselhável porque isola a criança do resto da família e pode perturbar o sono. Regras Durante quanto tempo pode usar o portátil? Não ultrapassar as 12 horas semanais. Que tipo de CD-ROM pode utilizar? Veja o selo de classificação obrigatório na União Europeia. Quando pode usar? Depois de concluir as tarefas obrigatórias. Saiba que a luminosidade do ecrã interfere no sono, por isso o computador deve ser desligado 30 minutos antes da hora de deitar.