PROBLEMAS DETECTADOS PELO USO INADEQUADO DO CUSTEIO PADRÃO: O CASO DE UMA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CONSUMO Thatiana Vilas Boas Mauad Brasil - Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI E-mail: [email protected] Prof. Luiz Guilherme Azevedo Mauad, Dr. Brasil - Universidade Federal de Itajubá - UNIFEI E-mail: [email protected] Área temática: A4 – Gestão de custos e gestão de valor Palavras Chave: Custo Padrão; Custo Real; Ferramenta de Gestão; Metodologia de investigação: M2 – Case/Field Study PROBLEMAS DETECTADOS PELO USO INADEQUADO DO CUSTEIO PADRÃO: O CASO DE UMA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE BENS DE CONSUMO RESUMO Uma ferramenta muito utilizada para planejamento e controle é o custo padrão. Estabelecer em conjunto com os colaboradores um custo padrão com base em um cenário de produção ideal, mas factível de ser conquistado, aliado a uma apuração eficiente dos custos reais faz com que a empresa aumente suas chances de ser mais assertiva nas suas decisões. Entretanto, se o custo padrão for construído com base em dados históricos arcaicos ou em um cenário tão irreal que não permita os colaboradores atingirem as metas, pode significar uma verdadeira ameaça à saúde da empresa e um péssimo aliado durante o processo decisório. Este trabalho apresenta, através de um estudo de caso em uma indústria brasileira de bens de consumo, um alerta para o uso indevido do custeio padrão. Uma ferramenta tão poderosa e aparentemente simples que pode, quando utilizada de maneira inadequada, ocasionar grandes perdas e ameaçar a lucratividade de uma empresa. Palavras-Chave: Custo Padrão; Custo Real; Ferramenta de Gestão; Área temática: A4 – Gestão de custos e gestão de valor Metodologia de investigação: M2 – Case/Field Study 1. INTRODUÇÃO O sucesso da administração contemporânea está no equilíbrio e na sinergia de quatro principais pilares: talentos motivados e engajados com o negócio da empresa, sistema de informação e tecnologia que atenda as necessidades dos processos, estratégia bem definida e claramente divulgada, e, por fim, entendimento e controle dos seus custos. Não basta ter a melhor estratégia, uma gestão participativa e desafiadora, se não tivermos eficientes ferramentas de controle dos gastos. Se de um lado temos os acionistas exigindo uma lucratividade maior, de outro temos os colaboradores exigindo uma empresa responsável socialmente e ambientalmente, que valorize o ser humano e o instigue a buscar resultados cada vez melhores. Com a rápida evolução tecnológica e dos meios de comunicação, em conjunto com as grandes ondas de fusões e aquisições, o pilar que se torna um diferencial competitivo entre as empresas é o conhecimento e o controle dos seus gastos de produção para suportar a tomada de decisão. Atualmente, o maior desafio das empresas está em equilibrar algumas variáveis, aparentemente antagônicas, para alcançar a excelência nos resultados. Segundo Porter (2005), a base da rentabilidade superior dentro de um setor continua sendo os custos relativos e a diferenciação. Diante destes fatos, é necessário fazer com que o consumidor perceba a qualidade diferenciada de seu produto ou serviço, que o preço de venda esteja compatível com o mercado, que a produção seja eficiente e ecologicamente correta e que a empresa seja reconhecida como uma organização socialmente responsável. Com um olhar cada vez mais crítico do consumidor, acelera ainda mais a briga por um lugar significativo no mercado, à busca pela eficiência em toda a cadeia produtiva e um retorno cada vez maior para os acionistas. A maximização do lucro, em parte, está intimamente ligada ao uso eficiente de todos os recursos utilizados no processo de elaboração do produto/ serviço e, para isso, é preciso conhecer e controlar muito bem os custos. Assim, identificar e eliminar os maiores desperdícios e os processos mais onerosos que não agregam valor podem tornar um grande diferencial competitivo de mercado. Conhecer os custos parte da implantação de um bom sistema e serve como base para as tomadas de decisões referentes, principalmente, a decisão de reduzir os gastos de produção, de favorecer a produção de um produto “X” em função de uma série de outros produtos, de lançar novas linhas, dentre outras. Controlar os custos significa, de acordo com Martins (2010), conhecer a realidade, compará-la com o que se esperava ser, localizar divergências e tomar medidas visando à sua correção. A melhor arma de controle em custos é o uso do custo-padrão que pode ser uma excelente ferramenta de gestão para orientar os administradores da organização na identificação e correção dos desvios, proporcionando o alcance de resultados mais favoráveis que contribuirão para sobrevivência e destaque da empresa no mercado. 2. OBJETIVO Apresentar, através de um estudo de caso em uma empresa industrial do setor de bens de consumo, alguns problemas encontrados pelo uso inadequado do custeio padrão. 3. METODOLOGIA De acordo com a natureza este trabalho é classificado como uma pesquisa aplicada. Ela caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos (SILVA e MENEZES, 2005). Com base em seus objetivos gerais, é definido como pesquisa exploratória que, segundo Gil (2003), visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. Segundo o procedimento técnico pode-se defini-lo como um estudo de caso que, conforme Diehl e Tatim (2004), envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. 4. REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Classificações de custos e sistemas de custeio De acordo com Martins (2010), custo é todo o gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços. O custo pode ser direto ou indireto, fixo ou variável. O custo direto é aquele facilmente atribuído ao produto. Já o custo indireto é necessário a utilização de uma base de rateio para atribuir os gastos aquele produto. O conceito de fixo ou variável é conforme a relação estabelecida entre o aumento ou diminuição dos gastos em decorrência do volume de produção. Ou seja, o gasto que se mantêm estável independentemente do volume produzido, é denominado custo fixo; caso contrário é denominado variável. Os meios como os custos são identificados e alocados dentro da empresa são conhecidos como sistemas de custeio, ou seja, custeio é o método de contabilização de custos. Os sistemas de custeio servem para direcionar a forma como os custos serão atribuídos ao produto ou serviço e pode ser estudado sob a vertente gerencial ou fiscal. O enfoque gerencial diz respeito ao sistema de custeio como ferramenta de suporte à tomada de decisão. Já o enfoque fiscal, diz respeito ao método de apuração de estoque legalmente aceito no país. Os sistemas de custeio são responsáveis por mensurar a quantidade proporcional de custos relevante a cada unidade de produto/serviço e, segundo Bruni e Famá (2008), recebem diferentes classificações conforme apresentado na Tabela 1. De acordo com a característica grau de absorção, os métodos de custeio mais comuns utilizados pelas empresas são: custeio por absorção, custeio variável ou direto e o sistema de custeio ABC. Característica Mecânica de acumulação Tabela 1 – Classificação dos Sistemas de Custeio Classificação Ordem específica: quando são transferidos para determinadas solicitações de fabricação. Adequado para empresas que produzem bens ou serviços sob encomenda, apresentam demanda intermitente ou fabricação de lotes com características próprias. Processo: quando a empresa é caracterizada por apresentar produção contínua, com produtos apresentados em unidades idênticas, produção em massa e demanda constante. Grau de absorção Por absorção: quando os custos indiretos são transferidos aos produtos, serviços ou atividades. Exemplos: Custeio por absorção parcial, absorção pleno, ABC (Activity Based Costing), RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit), etc. Direto: quando, no cálculo do custo dos produtos ou serviços produzidos, apenas os custos diretos – isto é, os que estão associados de forma clara aos produtos – são incorporados. Custos indiretos são considerados periódicos e lançados diretamente no Demonstrativo de Resultado do Exercício, não sendo incorporados ao cálculo do custo dos produtos e serviços. Momento de apuração Pós-calculados equivalem aos custos reais apurados no final do período. Pré-calculados representam o custo alocado ao produto mediante taxas predeterminadas de CIF (custos indiretos de fabricação), elaboradas com base na média dos CIFs passados, em possíveis mudanças futuras e no volume de produção. Padrão: custo cientificamente predeterminado, constituindo base para avaliação do desempenho efetivo. Representa o quanto o produto deveria custar. Fonte: Adaptado de Bruni e Famá (2008) A principal diferença entre esses sistemas de custeio é a forma como cada um trata a alocação dos custos indiretos de produção (CIP) aos produtos. Duran e Radaelli (2000) alertam para o fato dos custos indiretos de fabricação normalmente serem determinados por sistemas de rateio inadequados, com o uso de taxas predeterminadas. Informações imprecisas podem ser geradas, o que pode fazer com que todas as decisões a respeito de preços, mix de produtos e promoções estejam mascarando a lucratividade da empresa no longo prazo. O sistema de custeio por absorção se caracteriza por absorver ao produto todos os gastos relacionados à produção, seja ele direto ou indireto. Os custos diretos são facilmente atribuídos ao produto e os custos indiretos utilizam de uma base de rateio, arbitrária e subjetiva, para serem alocados aos produtos. Embora, em função da arbitrariedade e subjetividade do rateio dos CIPs, este método não determine os custos de uma forma precisa, é o sistema contabilmente aceito no Brasil. Já o sistema de custeio variável, apesar de não ser aceito pelo fisco, é utilizado nas empresas para fins gerenciais. A essência do sistema de custeio variável ou direto, de acordo com Perez Jr. et al. (1999), está na segregação entre os custos fixos e variáveis. Os custos fixos, por não dependerem do volume produzido são encarados como despesas necessárias para o funcionamento da organização. Já os custos variáveis, por serem influenciados diretamente ao volume produzido, estes são ao final do processo absorvidos ao produto. Outro sistema de custeio gerencial muito difundido é o Custeio Baseado em Atividades - ABC, que, segundo Martins (2010), é um método de custeio que procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos indiretos, custos estes que têm aumentado continuamente nas empresas nos últimos anos em função do avanço tecnológico e da crescente complexidade dos sistemas de produção. No ABC os custos indiretos de produção são apropriados, inicialmente, às atividades e, em uma etapa seguinte, aos produtos, serviços ou objetos de custeio que demandam tais atividades (MEGLIORINI, 2011). É importante ressaltar que, para fins de gestão, um bom sistema de custeio é aquele que fornece em tempo hábil aos seus gestores, informações valiosas sobre o desempenho de toda cadeia produtiva e das áreas de interface (áreas clientes e fornecedoras da produção), sobre a rentabilidade do negócio, auxilia a elaboração do orçamento, planejamento e controle das atividades. Pela característica momento da apuração, conforme proposto por Bruni e Famá (2008), os métodos de custeio podem ser classificados como: pós-calculados, pré-calculados e padrão. De acordo com Dutra (1995), o custo padrão, objeto de estudo deste trabalho, é a determinação antecipada dos componentes do produto, em quantidade e valor, apoiada na utilização de dados de várias fontes, com validade para determinado espaço de tempo. O custo padrão quando utilizado corretamente pelas empresas e, com o auxílio de outras ferramentas e sistemas confiáveis de apuração do custo real, representam importantes ferramentas para planejamento, controle e suporte a tomada de decisão. 4.2 Custo Padrão Segundo Megliorini (2011), custo padrão é o custo planejado para um produto e, como tal, deve ser calculado antes da produção de forma a refletir as condições de eficiência em que o produto será fabricado. Assim, em seu cálculo, precisam ser levadas em consideração as metas de eficiência desejadas no que diz respeito ao consumo de materiais, ao emprego de mão de obra, ao uso de equipamentos e da estrutura da empresa. Os custos padrões são cuidadosamente predeterminados e deveriam ser atingidos em operações eficientes. Custos-padrões podem ser usados na aferição do desempenho, na elaboração de orçamentos, na orientação de preços e na obtenção de custos significativos do produto, com razoável economia e simplicidade de escrituração (BRUNI E FAMÁ, 2008). O custeio padrão, por não necessariamente refletir no final do mês o custo realmente gasto na fabricação de um determinado bem ou serviço, é um sistema usado apenas para fins gerenciais. Entretanto, caso seja comprovada que a dispersão entre o padrão e o realizado é insignificante, o mesmo pode ser adaptado e utilizado para fins fiscais/contábeis. De acordo com Crepaldi (2004), existem três tipos de custo-padrão: o ideal, o estimado e o corrente. O custo padrão ideal é determinado da forma mais científica possível pela engenharia de produção da empresa, dentro das condições ideais de qualidade dos materiais, de eficiência da mão-de-obra, com mínimo desperdício de todos os insumos envolvidos; Já o custo padrão estimado, é construído por meio de projeção, para o futuro, de uma média dos custos observados no passado, sem qualquer preocupação de se avaliar se ocorrem ineficiências na produção. Por fim, o custo padrão corrente, o que está situado entre o ideal e o estimado, para ser determinado é necessário a realização de estudos para avaliação da eficiência da produção, leva em consideração as deficiências que reconhecidamente existem, mas que não podem ser sanadas pela empresa, pelo menos a curto e médio prazo; O sistema de custeio padrão pode ser levantado por meio de diversas maneiras tais como: análise histórica dos custos reais apurados e simulação dos gastos de produção em um cenário ideal de fabricação (otimização dos recursos, não desperdício de produtos, não ociosidade da mão de obra etc.); ou através de um trabalho conjunto da engenharia e da contabilidade de custos da empresa. Uma vez estabelecido o custo-padrão, é conveniente proceder revisões nos padrões físicos e monetários toda vez que houver alterações nas especificações dos produtos, na qualidade dos materiais, nos preços dos insumos, na substituição de equipamentos, etc. (MEGLIORINI, 2011). Para Martins (2010), o objetivo do custo padrão é fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. Segundo Gadonski (1986), as principais características do custo-padrão são: conjunto de valores, dados e subsídios de diversas fontes, objetivando uma computação justa e correta de quantidade e valores programados para viger em um determinado período. Adicionalmente, na elaboração deste sistema, deve-se ter sempre muito cuidado com as oscilações de mercado, com a inflação e outros fatores que poderão distorcer as previsões dos custos imputados. O custo-padrão, para se tornar eficiente, deverá ser coordenado com o orçamento, para o respectivo período, principalmente quanto à previsão do volume de produção. De acordo com Stark (2007), o custo padrão é determinado com base em medidas técnicas e práticas de uso e consumo dos fatores de produção, materiais, mão-de-obra, e outros custos indiretos definidos com base nos processos. Em seguida, esses padrões são associados a uma unidade monetária, também considerada padrão. Assim, o custo padrão pode ser obtido por meio da multiplicação dos padrões de consumo pelo respectivo padrão financeiro. Os procedimentos para a definição dos elementos padrões encontram-se na Tabela 2. Tabela 2 – Procedimentos para definição de elementos padrão Padrão a ser determinado Procedimento ou critério a ser utilizado Padrão físico de consumo das matérias primas e demais materiais Pesagens e/ou medições, levando em consideração também as perdas e quebras normais no processo produtivo. Padrão de valor das matérias primas e demais materiais Custos correntes de reposição ou os custos incorridos nas últimas compras Padrão técnico de utilização da mão de obra Quantificados por cronometragem de tempo das operações produtivas, de acordo com as amostragens estatísticas. Deve ser levado em consideração o desempenho normal de um operário, em condições normais de produção, incluindo as perdas normais de tempo para trocas de ferramentas, etc. Padrão de taxas horárias da mão de obra Calculado considerando-se o custo com salários, encargos sociais e outros benefícios Padrão financeiro dos custos indiretos de Fabricação A taxa unitária decorre da divisão do total dos custos indiretos conhecidos pelo fator escolhido para apropriação aos produtos Fonte: Stark (2007) Este procedimento é corroborado por Bruni e Famá (2008), quando mostram que a fixação de custos padrão envolve dois tipos de padrões relativos aos consumos físicos de recursos e aos gastos financeiros unitários de cada recurso consumido: padrões físicos – como materiais diretos, mão de obra direta, consumo de energia etc., são de responsabilidade de áreas operacionais como produção, PCP (planejamento e controle da produção), desenvolvimento de produto etc. e padrões monetários - custos em unidades monetárias dos recursos necessários; são de responsabilidade de áreas administrativas, como controladoria, compras, departamento de pessoal. De acordo com Martins (2010), o custeio padrão permite definir metas para os próprios objetivos, ser um apoiador da tomada de decisão, constituindo boas medidas para analisar o desempenho. Por meio desse sistema podem ser apurados mais facilmente as causas dos custos anormais e identificar responsáveis. Entretanto, o método do custo padrão não responderá, de forma isolada, a uma gestão de custos eficiente. Deverá, portanto, ser especificamente projetado para promover a eficiência e a otimização dos recursos, de maneira que aumente a qualidade e a viabilidade econômica dos produtos e serviços ofertados pela empresa. Na verdade, a lógica do custo padrão (custos para controle) pode (e deve) ser utilizada em conjunto com os outros métodos, já que, a rigor, não calcula o custo do produto (ou do processo), mas apenas guia o processo de identificação e de análise dos desvios. A sistemática do custo padrão pode ser aplicada a todos os custos da empresa ou somente aos custos de matéria prima, mão de obra direta ou dos insumos mais relevantes, dependendo do que se julgar conveniente. Da mesma forma ele não precisa estar integrado aos sistemas de custo da empresa, as variações podem ser analisadas à parte do sistema formal (BORNIA, 2010). Em síntese, o sistema de custo-padrão constitui um sistema de custeio que permite medir a eficiência produtiva, além de servir como instrumento de controle à gestão dos custos das empresas. Vale à pena ressaltar que o controle só se concretizará quando, ao analisar as variações ocorridas no processo produtivo, houver ação gerencial para corrigir as distorções e evitar que um eventual problema não se repita. 4.2.1 Análises das variações As análises de variações, segundo Bruni e Famá (2008), costumam ser decompostas em variações de preço ou taxa e variações de quantidade e eficiência. Além dessas existem a variação mista que, de acordo com Martins (2010), é fruto da existência das outras duas e, por ser pequena em relação a elas, normalmente, são incorporadas a variação de preço. A análise dos desvios inicia-se pelo cálculo do desvio total que, posteriormente, é decomposto conforme apresentado abaixo: Desvio total = custo real – custo-padrão Análise da matéria-prima: Variação de Quantidade (VQ) = Diferença da Quantidade x Preço Padrão; Variação de Preço (VP) = Diferença de Preço x Quantidade Padrão; Variação Mista (VM) = Diferença na Quantidade x Diferença no Preço. Análise da mão de obra: Variação de Eficiência (VE) = Diferença de Horas x Taxa Padrão; Variação de Taxa (VT) = Diferença de Taxa x Horas Padrão; Variação Mista (VM) = Diferença na Hora x Diferença na Taxa. É bom ressalvar que as variações de custos (padrão versus real) podem levar a um apontamento de desperdício de matéria-prima e/ou mão de obra ociosa. Análise dos custos indiretos de produção: Variação de Volume (VV) = CIP padrão ao nível padrão – CIP que seria padrão no nível real; Variação de Custo (VC) = CIP padrão ajustado ao nível real e à ineficiência – CIP real; Variação Eficiência (VE) = CIP que seria padrão ao nível real – CIP padrão ao nível real ajustado pela ineficiência. Bornia (2010) alerta para o fato que não se consegue encontrar uma base física perfeitamente relacionada aos custos indiretos de fabricação, o que dificulta o controle dos desperdícios, tornando o desmembramento da variação destes custos pouco significativa. Essa deficiência vem se tornando cada vez mais crítica, pois esses custos estão se tornando cada vez mais importantes na empresa moderna, viabilizando uma análise mais detalhada dos CIP. Os resultados dessas variações podem ser favoráveis, quando o custo real for menor que o custo-padrão, ou desfavoráveis, quando o real for superior ao padrão. Evidente que a ocorrência de situações favoráveis, segundo Monzo e Pagnani (2003), pode ensejar o estabelecimento de novos padrões, enquanto que a de situações desfavoráveis possibilita à empresa detectar as ineficiências e, assim, procurar corrigi-las, visando à diminuição de custos e ao aumento da sua lucratividade. Durante a análise das variações entre o custo real e o padrão nem sempre quando houver uma redução real de custo, esse evento representa algo benéfico para empresa. Assim como nem sempre quando houver um aumento significativo dos custos reais, que isso seja retrato de um desperdício e/ou ineficiência. Além dos aspectos quantitativos, existem outras variáveis qualitativas que influenciam o sistema como todo e que não podem ser negligenciadas. Para Bruni e Famá (2008), um cuidado adicional deve ser tomado na análise rigorosa das variações favoráveis, já que estas podem ter sido decorrentes da redução da qualidade dos materiais diretos (que podem comprometer a qualidade do produto final ou pode aumentar o consumo) ou aplicação de menor tempo de mão de obra, o que pode significar subestimação do custo-padrão. Vale à pena ressaltar que nem sempre as variações entre o real e o planejado significam necessariamente um problema ou uma melhoria, mas principalmente, servem como sinalizadores para indicar algum desvio que poderá comprometer os resultados da empresa e sua busca contínua pela melhoria do processo produtivo. Adicionalmente, como toda variação (seja ela para mais ou para menos) nos leva a uma reflexão e questionamento das causas, dos efeitos e à construção de um plano de ação, torna-se crucial a empresa estabelecer um percentual de variação aceitável para evitar análises desnecessárias. Dessa forma, consegue-se otimizar o tempo dos empregados, que poderia estar sendo desperdiçado, na busca por soluções que às vezes nem fazem sentido ou nem impactariam em uma melhora significativa da proximidade entre os custos desejados/alvo versus o realizado. Para Martins (2010), algumas vezes as causas das variações são fáceis de serem localizadas; outras vezes, o tempo despendido em sua pesquisa pode ser muito grande. É aconselhável que a empresa determine um valor abaixo do qual não se esforçará para localizar a razão das variações. O importante é que se utilize um critério que não faça a empresa gastar mais na procura das razões das variações do que já gastou ao nelas incorrer. 4.2.2 Finalidades e utilidades do custeio padrão Apesar de existirem correntes de pesquisadores pregando o desuso do custeio padrão, ele está longe de ser obsoleto e vem sendo utilizado largamente entre diversas empresas no mundo devido à sua simplicidade, flexibilidade e acessibilidade, atendendo a finalidades específicas como as de planejamento e controle (CHEFFI et al., 2010). O custeio padrão pode servir como um instrumento de suporte a tomada de decisão da área comercial, em conjunto com a área de custos, para definir o preço de venda de um bem ou serviço. Os padrões de quantidades de insumos, horas de mão de obra e tempo gasto em cada atividade se tornam inputs para o planejamento e controle da produção. Adicionalmente, todo desvio significativo apurado entre o gasto real e o custo padrão serve como um alerta de desperdício ou ineficiência, levando os gestores a pesquisarem as causas do problema, proporem planos de ação e melhorias contínuas. A exigência de análise das anormalidades e/ou desvios evita que o mesmo problema aconteça rotineiramente O custo-padrão, de acordo com Stark (2007), além de ser um instrumento valioso de controle de custos, pode apoiar a tomada de decisão e contribuir para avaliação de desempenho. O custo padrão auxilia na elaboração do orçamento anual da empresa, no controle mais rápido das operações e das respostas à decisão de continuar a investir em uma nova linha ou abandonar uma antiga, dentre outras. A adoção do custeio padrão facilita a avaliação e registro dos estoques ao longo do mês, porém ao identificar as variações no final do período, elas deverão, para fins fiscais, serem incorporadas ao custo real. Para Bruni e Famá (2008), as principais vantagens da aplicação de um sistema de custeio padrão são: eliminação de falhas nos processos produtivos, aprimoramento dos controles, instrumento de avaliação de desempenho, contribuição para o aprimoramento dos procedimentos de apuração do custo real e rapidez na obtenção de informações (necessárias para realização de pequenos orçamentos e cotações de vendas – quando não existe tempo para apuração do custo real). De acordo com Martins (2010), a grande finalidade do custo padrão é o controle dos custos, tendo como objetivo o de fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. O custo padrão não elimina o real, nem diminui sua tarefa, aliás, a implantação do padrão só pode ser bem sucedida onde já exista um bom sistema de custo real. Outra finalidade do custo-padrão, decorrente de bases de comparação fixadas para efeito de controle, é o efeito psicológico sobre o pessoal, podendo este ser positivo ou negativo, dependendo do tratamento dado à implantação. Se o custo padrão for definido e elaborado juntamente com a equipe de produção e, durante as discussões os gestores convencerem a equipe de que os valores definidos como modelos são factíveis de serem conquistados e que contribuem para a busca contínua pela excelência e lucratividade da empresa, o sistema de custeio padrão pode tornar-se um grande motivador para todos os que se sentirem desafiados a conquistar esse cenário ótimo contribuindo, assim, para o sucesso da empresa e, porque não dizer, para o seu próprio crescimento. Entretanto, se o custeio padrão é criado de forma que atingi-lo seja quase impossível, que as metas tenham sido elaboradas exclusivamente pela alta gerência e divulgadas de forma autoritária para equipe da produção, essa mesma ferramenta motivacional e impulsionadora de grandes resultados acaba por se tornar um instrumento desmotivador e pouco eficaz para empresa. O custeio padrão não se encerra no momento que em os valores de referência são criados. Pelo contrário, o custeio padrão requer muita disciplina da empresa e comprometimento de todos os funcionários. Todo desvio significativo precisa ser acompanhado de uma análise de causas e planos de ação, os quais devem ser periodicamente acompanhados e refeitos quando necessário. Martins (2010) ressalta que custo-padrão nunca foi uma forma de simplificar a vida da empresa. Esta idéia errônea nasce de uma visão parcial do que realmente seja esse sistema. A adoção do custeio padrão sempre implica em mais trabalho para a empresa, pois apesar das simplificações na contabilização dos estoques, nos fechamentos trimestrais, etc., haverá em sua adoção, um maior volume de tarefas devido à comparação entre os custos, real e padrão, na análise das variações ocorridas e no desencadeamento do processo de correção. 5. ESTUDO DE CASO O estudo de caso foi realizado em uma indústria de bens de consumo, que possui três principais linhas de produto e, por questões de confidencialidade, denominamos como “Cia XYZ”. Os valores numéricos apresentados neste estudo, também em função da confidencialidade, representam os fatos de maneira real, porém foram ajustados por um fator. Para fins contábeis e fiscais a Cia XYZ utiliza o método de custeio por absorção o qual, no final do processo, é comparado com o custeio padrão (gerencial). Inicialmente será apresentada a forma de apuração do custo real da Cia XYZ e como o custo-padrão é calculado e utilizado pela empresa, comentando-se os problemas encontrados na sua aplicação de maneira imprópria. Posteriormente, será exposta uma situação real de decisão e, simultaneamente, os problemas encontrados devido ao uso inadequado do custeio padrão. Apuração do custo real: A empresa XYZ durante determinado período (mês) incorreu nos seguintes gastos: Custos Tabela 3 – Custo Real Quantidade $ (valores em R$ mil) Salários de Fábrica 26.080 horas 521.175 Insumos consumidos 6.524.626 kg 1.500.664 CIP* - 460.852 Total: *custos indiretos de produção - 2.482.691 A empresa possui um sistema de controle de insumos gastos por linha de produção, dessa forma tem-se a apropriação direta dos custos, apresentados na tabela 4, para as três linhas de produção existentes: Linhas de Produção Tabela 4 – Apropriação do custo direto (insumo) Quantidade $ (valores em R$ mil) Linha A 441.717 101.595 Linha B 5.173.374 1.189.876 Linha C 909.535 209.193 Como a empresa não possui um sistema para medição das horas de mão de obra direta de cada linha de produção, a mesma é tratada como mão de obra indireta (rateada pelo volume de produção real) e reportada com base nos tempos padrões, mostrado na tabela 5: Linhas de Produção Tabela 5 – Apropriação do custo mão de obra % Aplicação Quantidade $ (valores em R$ mil) Linha A 20% 5.216 horas 104.235,0 Linha B 50% 13.040 horas 260.587,5 Linha C 30% 7.824 horas 156.352,5 Estes percentuais, baseados no volume de produção, também servem de base para alocação dos CIPs (aluguel, manutenção, depreciação, energia etc.), conforme apresentado na tabela 6: Linhas de Produção Tabela 6 – Apropriação do CIP % Aplicação $ (valores em R$ mil) Linha A 20% 92.170,4 Linha B 50% 230.426,0 Linha C 30% 138.255,6 No total foram produzidos 1.446.605 produtos com os seguintes preços de venda, baseados no mercado (concorrência), e custos unitários por linha de produção (tabela 7): Linhas de Produção Tabela 7 – Custo total e unitário/ Preço de venda Qtd produzida Custo total Custo unitário Preço de Venda Linha A 289.321 298.000,4 1,03 2,21 Linha B 723.302 1.680.889,5 2,32 4,08 Linha C 433.982 503.801,1 1,16 2,99 1.446.605 2.482.691 - - Total: É bom ressalvar que a empresa toma suas decisões baseadas na margem de contribuição percentual de cada linha de produto, margem essa calculada através da seguinte fórmula: (receita líquida menos os custos e despesas variáveis)/pela receita líquida; e pela margem líquida, representada pela divisão do lucro líquido pela receita líquida. Essas margens são apresentadas na tabela 8 e são fornecidas pelo departamento de custos. Linhas de Produção Tabela 8 – Margem de contribuição e margem líquida Margem de contribuição (em %) Margem líquida (em %) Linha A 45,2% 0,22% Linha B 48,5% 0,21% Linha C 46,3% 0,19% O custo-padrão da Cia XYZ: A empresa possui um custo-padrão, para as linhas de produção A, B e C, calculado com informações de seis anos atrás. O custo dos insumos (MP), da mão de obra (MOD) e dos CIPs, em termos de especificação técnica e quantidade, são calculados respectivamente pela área de Pesquisa e Desenvolvimento e pela Produção. Já os seus valores monetários são calculados pelas áreas de compras e contabilidade. Para o lançamento de novos produtos ou de novas linhas utiliza-se o mesmo valor padrão de MOD e CIPs, atualizando apenas o padrão da MP. A empresa nos últimos dois anos investiu significativamente na automatização de seus principais processos produtivos e, essa melhoria, não foi repassada para o cálculo do custo-padrão das linhas, acarretando distorções, principalmente, em relação ao tempo de utilização de mão de obra e ao tempo de utilização das máquinas. Na prática, esses investimentos causaram uma redução no tempo de mão de obra e um aumento nas horas máquina empregados nos processos de fabricação, além de um aumento significativo dos gastos fixos. Os valores monetários do custo padrão da matéria-prima são alterados mensalmente, sem ciência do departamento de custos, conforme variações dos preços de aquisições dos insumos, ou seja, o custo real e padrão, em termos monetários, são os mesmos. Isso acaba limitando o controle dos custos em relação a esse quesito. Além disso, a empresa substituiu parte das matérias-primas utilizadas no processo de fabricação por outras de qualidade e valor inferior. Para equilibrar essa perda de qualidade a empresa introduziu matérias-primas complementares causando modificações no processo que não foram consideradas pelo padrão. O custo padrão, no final do período, é utilizado para controle sem parâmetros para análises. Quando acontece uma variação desfavorável, por mais insignificante que seja, ela é verificada desperdiçando, muitas vezes, o tempo das pessoas com análises desnecessárias. Já quando a variação é positiva, é considerada como um ganho de eficiência e produtividade mascarando, muitas vezes, a perda de qualidade do produto. Problemas detectados pelo uso inadequado do custeio padrão: O custeio padrão tem como principais funções o planejamento e controle dos custos. Para atender a essas prerrogativas, a empresa deverá ter um custo-padrão atualizado e um bom sistema de custo real. Caso contrário decisões erróneas poderão ser tomadas, levando a empresa a resultados inesperados. A forma como a empresa utiliza as informações desatualizadas do custeio padrão levou aos seguintes problemas: • O custeio padrão deixou de exercer sua função de planejamento, pois ao fornecer informações distorcidas para esse fim, como horas de mão de obra e horas máquinas obsoletas, MP e CIP desatualizados, levam os gestores a planejarem produções totalmente surreais, afetando o equilíbrio financeiro da empresa. • O custeio padrão deixou de exercer sua função de controle, uma vez que as informações padrões para esse fim, como as referentes ao tempo de mão de obra estão defasadas e são utilizadas, inadequadamente, para a alocação real desse recurso. O mesmo acontece com a matéria-prima empregada no processo produtivo, cujo padrão monetário é atualizado mensalmente de acordo com seu valor real. Isso leva a empresa a perder o padrão de comparação para uma eventual melhoria e, consequentemente, a mascarar algum desvio significativo que seja plausível de correção. • Ao não considerar nos custos-padrões as alterações ocorridas no processo produtivo com a substituição de parte da matéria-prima a empresa encontrou, ao realizar as análises de variações entre padrão e real, variações favoráveis que foram, equivocadamente, tratadas como ganho de eficiência e produtividade e que, na realidade mascarou, durante certo tempo, a perda de qualidade do produto final. Essa perda de qualidade poderia levar a empresa a perder, temporariamente, parcela de mercado. • As análises das variações, além da falta de parâmetros para checagem, são realizadas a partir da comparação de um custo-padrão desatualizado versus um sistema de custeio por absorção alimentado, em parte, por informações oriundas do padrão. Isso leva a empresa a desperdício de tempo e, naturalmente, a gastos desnecessários na busca de programas de melhoria que não irão agregar valor, uma vez que essas melhorias, em função da informação inadequada, podem na realidade serem inexistentes. • As análises ao gerarem informações distorcidas levavam a planos de ações irreais, que passaram a ser tratados com descrédito tanto pelos gestores quanto pelos colaboradores que iriam executá-lo. Situação real para decisão: Introdução de uma nova linha de produto. A empresa estava analisando a possibilidade de introduzir uma nova linha de produto, a linha D. Os estudos de mercado previam uma demanda superior a 600 mil unidades vendidas por mês e, com base nos custos padrões do novo produto, o projeto de lançamento apresentou-se viável, com uma taxa de atratividade significativamente superior a taxa interna de retorno. Adicionalmente, a margem de contribuição esperada do novo produto era de 55% e a margem líquida de 0,38%, o que atendia as premissas básicas de investimento da empresa. Com base no exposto acima, a empresa optou em introduzir a linha D no seu processo produtivo. Entretanto, como as informações gerenciais de custo apontavam uma capacidade produtiva limitada, a empresa precisou tomar a decisão de terceirizar a produção de uma determinada linha para iniciar a produção desse novo produto. Como a linha C foi a que apresentou a menor margem líquida nos últimos meses, ver tabela 8, a empresa optou, equivocadamente, por terceirizá-la para que fosse possível introduzir a linha D na programação da produção dos próximos três meses (período de teste). Após três meses de produção da nova linha e acompanhamento de seus custos reais, a linha de produção D apresentou uma margem líquida negativa e sua produção fez encarecer o custo da linha de produção C (pois a mesma teve que ser terceirizada em função da elaboração do novo produto), consequentemente, aumentando os gastos da empresa. Quais foram os fatos relevantes que a levaram a uma decisão tão equivocada? Quais foram os problemas ocasionados pelo uso inadequado do custeio padrão? Problemas detectados pelo uso inadequado do custeio padrão: Conforme descrito anteriormente, a empresa XYZ não foi feliz no lançamento da linha D e na terceirização da linha C, isso deve-se em parte pela adoção da margem líquida e não da margem de contribuição como uma das premissas para sua decisão. Outros fatores também contribuiram para a decisão equivocada, principalmente os que tiveram origem em informações inadequadas geradas a partir do custo-padrão existente, que estava desatualizado. Vejamos esses problemas: • Como a empresa utiliza o custeio padrão para planejar sua produção, essa ficou comprometida uma vez que, as horas utilizadas para a composição do custo padrão do novo produto, foram reportadas do total de horas padrão existentes. Como essas horas estavam desatualizadas, devido a automatização da linha de produção, faltaram horas para produzir uma das linhas, obrigando a empresa a terceirizar a linha C. Essa decisão levou a empresa a arcar com custos adicionais com a terceirização da linha C, quando na realidade existiam horas ociosas para a produção de todas as linhas. • Em função da utilização de um custo padrão desatualizado para subsidiar o estudo de viabilidade de lançamento do novo produto, a margem de contribuição, a margem líquida e a taxa de atratividade ficaram distorcidas da realidade, mostraram-se positivas, porém ficando muito aquem da realidade. • A margem líquida apresentou-se negativa em função, principalmente, do aumento dos custos fixos, oriundos da automatização, que não foram atualizados no custeio padrão. 6. CONCLUSÃO Uma empresa para se destacar perante os seus concorrentes, ter um preço atrativo para com seus clientes e satisfazer a ambição de seus acionistas precisa, dentre outras variáveis, conhecer e controlar muito bem os seus custos. Uma ferramenta poderosa para o controle dos custos é o custeio padrão. O custopadrão, quando construído com base em cenários desafiadores, mas factíveis e, em conjunto com os colaboradores, torna-se um excelente instrumento de gestão e motivação dos funcionários. Entretanto, a implantação e uso do custeio padrão por si só, dificilmente se comportará como ferramenta para auxílio à tomada de decisão se não vier acompanhado de um bom e eficiente sistema de apuração dos custos reais, de revisões periódicas do padrão e de definições claras dos percentuais de desvios que deverão ser contemplados nas análises e ações corretivas de melhoria. Um bom sistema de custo-padrão é aquele que estabelece padrões de comportamento dos custos de produção e, quando utilizado de forma correta, é uma excelente ferramenta para o planejamento, o controle e a avaliação do processo produtivo. Porém, quando utilizado de forma inadequada causam problemas, conforme os apresentados neste trabalho, que induzem a empresa a tomar decisões equivocadas, gastar recursos de forma desnecessária e, porque não dizer, a obter resultados inesperados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORNIA, A. C. Análise gerencial de custos. 3ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2010. BRUNI, A. L. e FAMÁ R. Gestão de Custos e Formação de Preços. 5ª Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2008 CREPALDI, S. A. Contabilidade gerencial: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2004. CHEFFI, W., LOUIS, R. J., MARIE, A., RAO, A. Is standard costing still relevant? Evidence from Dubai. Management Accounting Quarterly, Winter 2010. DIEHL, A. e TATIM, D. Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas. São Paulo: Editora Pearson, 2004. DURAN, O. e RADAELLI, L. Metodologia ABC: implantação numa microempresa. Gestão e Produção, vol. 7, nº 2, 2000. DUTRA, R. G. Custos uma abordagem prática. 4ª Edição. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1995. GADONSKI, J. F. W. Custo – padrão ou standard. Revista de Contabilidade do CRCRS, Porto Alegre, n. 46, 1986. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª Ed. São Paulo:Editora Atlas, 2003. MEGLIORINI, E. Custos: Análise e Gestão. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 10ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010. MONZO, M. e PAGNANI, E. M. Custo-padrão e sua relação com a gestão estratégica de custos. VIII Congreso Internacional de Costos. Punta del Este (Uruguay), 2003. PORTER, M. E. Estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2005. PEREZ JR, J. H., OLIVEIRA, L. M., COSTA, R. G. Gestão Estratégica de Custos. São Paulo: Atlas, 1999. STARK, J. A. Contabilidade de custos. São Paulo: Pearson, 2007. SILVA, E. L. e MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4ª Edição Revisada e Atualizada. Florianópolis: UFSC, 2005.