ID: 43841179
20-09-2012
Tiragem: 44837
Pág: 10
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Diária
Área: 15,80 x 31,39 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
MIGUEL MANSO
O ministro Nuno Crato fez ontem uma declaração política no Parlamento sobre o novo ano lectivo
Crato reconhece que alunos a
menos são sobretudo adultos
Educação
Clara Viana
Ministro atribuíra redução
a razões demográficas, mas
ontem reconheceu que se
deveu à quebra nas Novas
Oportunidades
O ministro da Educação e Ciência,
Nuno Crato, admitiu ontem que
“grande parte” da quebra de alunos registada nos últimos três anos
se deve à saída dos adultos inscritos
no programa Novas Oportunidades
(NO). Em resposta a questões de
jornalistas à saída do Parlamento,
aonde se deslocou para uma “declaração política” sobre o início do ano
lectivo, Crato reconheceu também
que o ano de referência (2008/2009)
utilizado pelo ministério para calcular a redução anunciada de 200
mil alunos em três anos coincidiu
com um boom das NO, quando actualmente a tendência é de quebra,
conforme foi também já noticiado
pelo PÚBLICO.
Numa entrevista à TVI na semana
passada, Nuno Crato tinha atribuído
a quebra sobretudo a razões demográficas. A redução do número de
alunos foi uma das razões apontadas
pelo ministério para a diminuição
do número de docentes.
A maior parte dos adultos das NO
estava em processos de Reconhecimento, Validação e Certificação
de Competências, que eram acom-
panhados essencialmente por formadores dos Centros Novas Oportunidades. Os adultos das NO passaram a integrar as estatísticas da
educação, o que entre 2007 e 2009
fez disparar o número de alunos do
ensino básico e secundário ali patentes. O programa chegará ao fim em
Dezembro próximo.
Ontem, no Parlamento, Nuno
Crato anunciou que este ano lectivo serão elaboradas metas curriculares para mais cinco disciplinas do
ensino básico — História, Geografia,
Ciências Naturais, Físico-Química e
Ministro diz que
não teve férias
N
uno Crato revelou ontem
que passou o seu período
de férias “no 12.º andar
de um dos edifícios do
Ministério da Educação e
Ciência” em reuniões com as
direcções regionais com vista
à preparação do ano lectivo
e das mudanças previstas
para as escolas. O ministro
respondia à insinuação do
deputado do PS Rui Santos de
que o seu “desfasamento” em
relação à realidade das escolas
apenas se poderia explicar
por ter passado “férias no
estrangeiro”, desrespeitando
assim as indicações dadas aos
membros do Governo.
Inglês. Já estão concluídas as metas
para Português, Matemática, Educação Visual, Educação Tecnológica
e Tecnologias de Informação e Comunicação, que serão obrigatórias
a partir de 2013/2014, mas cujo uso
foi “fortemente recomendado” pelo
ministério já neste ano lectivo.
O ministro indicou que as aulas só
não começaram em cinco escolas,
frisando que, ao contrário do anunciado pela oposição e pelos sindicatos, o ano lectivo começou com
“normalidade”. “Houve problemas
pontuais, que estão a ser ultrapassados”, acrescentou, salientando
que “as duas associações nacionais
de dirigentes escolares elogiaram
publicamente a forma como abriu
o ano lectivo”. Ao que o PÚBLICO
apurou, o elogio foi feito apenas
pelo responsável de uma das associações, Adalmiro Fonseca, que se
reformou há já alguns meses.
Crato indicou ainda que este ano,
e ao contrário do que costuma acontecer, os alunos que entraram no 1.º
ano do ensino superior começaram
as aulas mais cedo. “Foi um êxito
que se deve às mudanças introduzidas no calendário e nas regras de
exames do ensino secundário”, frisou. Os exames realizaram-se este
ano mais cedo e todos os alunos foram obrigados a ir à 1.ª fase. O ministro da Educação e Ciência confirmou também que irá ser revisto
o Regime Jurídico das Instituições
do Ensino Superior (Rjies), bem
como “a aplicação do processo de
Bolonha”.
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Crato reconhece que alunos a menos são sobretudo adultos