FARINHA DE PUPUNHA NA ALIMENTAÇÃO DE CAPRINOS CONFINADOS LEANDRO SAMPAIO OLIVEIRA RIBEIRO 2014 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA FARINHA DE PUPUNHA NA ALIMENTAÇÃO DE CAPRINOS CONFINADOS Autor: Leandro Sampaio Oliveira Ribeiro Orientador: Prof. Dr. Aureliano José Vieira Pires ITAPETINGA BAHIA – BRASIL Março de 2014 LEANDRO SAMPAIO OLIVEIRA RIBEIRO FARINHA DE PUPUNHA NA ALIMENTAÇÃO DE CAPRINOS CONFINADOS Tese apresentada, como parte das exigências para obtenção do título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Orientador: Prof. Dr. Aureliano José Vieira Pires Coorientadores: Profa Drª. Mara Lúcia Albuquerque Pereira Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho ITAPETINGA BAHIA – BRASIL Março de 2014 636.085 Ribeiro, Leandro Sampaio Oliveira. R369f Farinha de pupunha na alimentação de caprinos confinados. / Leandro Sampaio Oliveira Ribeiro. – Itapetinga-BA: UESB, 2014. 126f. Tese apresentada, como parte das exigências para obtenção do título de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Campus de Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Aureliano José Vieira Pires e coorientação da Profª. D.Sc. Mara Lúcia Albuquerque Pereira e Prof. D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho. 1. Caprinos – Alimento alternativo. 2. Caprinos – Alimentação Farinha de pupunha. Caprinos Boer. 3. Bactris gasipaes Kunth - Coproduto. 4. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia. II. Pires, Aureliano José Vieira. III. Pereira, Mara Lúcia Albuquerque. IV. Carvalho, Gleidson Giordano Pinto de. V. Título. CDD(21): 636.085 Catalogação na Fonte: Adalice Gustavo da Silva – CRB 535-5ª Região Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto: 1. Caprinos – Alimento alternativo 2. Caprinos – Alimentação - Farinha de pupunha 3. Bactris gasipaes Kunth - Coproduto 4. Caprinos Boer ii DEDICO A Deus, Pai todo poderoso, por esta vida maravilhosa. Ao meu pai Antônio César Andrade Ribeiro, meus tios Marcussuel, Ângela, Paulo Sérgio e Marlene, meus avós Maria Celeste e Olival Evaristo, meus bisavós Nair (in memorian) e Manoel (in memorian) pelo incentivo em todos os momentos desta jornada. À minha mãe Rosana Sampaio Oliveira, meus tios Rogério, Rejane e Rodrigo, meus avós Waldélia e Nelito pelo incentivo em todos os momentos desta jornada. Aos meus irmãos Rafael Sampaio Oliveira Ribeiro e Ana Luiza Teixeira Ribeiro pelo amor, apoio e incentivo em todos os momentos da minha vida. À minha noiva Alana Batista dos Santos pelo incentivo, apoio, amizade, companheirismo, força, compreensão e principalmente pelo amor dedicado em todos os momentos. OFEREÇO Ao meu orientador, Prof. Dr. Aureliano José Vieira Pires e Família, pelo incentivo e apoio incondicional em todos os momentos de dificuldades e à professora Dra. Mara Lúcia Albuquerque Pereira e Família, pela amizade, conselhos, sugestões e apoio. Aos amigos Gleidson e José Queiroz pelo apoio e disposição em ajudar sempre que preciso. iii AGRADECIMENTOS Ao senhor Deus, Pai todo poderoso, por me dar sabedoria, força, coragem, e vontade para viver e vencer. À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, e ao programa de PósGraduação em Zootecnia, pela oportunidade em realizar o curso. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de estudo no início do curso. Ao professor Dr. Aureliano José Vieira Pires, pela paciência, compreensão, incentivos, ensinamentos, amizade e acima de tudo pela excelente orientação. Aos meus coorientadores, professor Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho e Dra. Mara Lúcia Albuquerque Pereira, pelos conselhos, críticas, sugestões e apoio. Aos professores, Prof. Dr. Herymá Giovane de Oliveira Silva, Prof. Dr. Dimas Oliveira Santos, Prof. Dr. Carlindo Santos Rodrigues - IFBAIANO pelas críticas e sugestões. Ao professor, Prof. Dr. Herymá Giovane de Oliveira Silva pelo formidável apoio na montagem e condução dos experimentos. Aos professores do programa de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos ensinamentos transmitidos. Ao Instituto Federal Baiano - IF Baiano pelo apoio e incentivo em oportunizar a capacitação dos servidores. A todos os docentes e técnicos administrativos do IF Baiano, campus Uruçuca, pela compreensão e apoio, em especial aos colegas do Núcleo de Agropecuária. A professora Wanessa Camboim pelo apoio incondicional, aceitando assumir minhas atividades docentes e aos demais amigos Carlindo Rodrigues, Julianna Torres, Ariana Oliveira e Rilvaynia Soares pelo apoio. A CEPLAC em nome da pesquisadora Maria das Graças Conceição Parada Costa Silva, pela parceria e auxílio na elaboração da farinha de pupunha. A Empresa INACERES, em nome do Dr. Manoel Aboboreira e o senhor Gleison Murilo pela disponibilidade em fornecer a polpa dos frutos de pupunha. Ao laboratório Centro de Análises Cromatográficas, em especial a professora Débora pela disponibilidade e acessibilidade para realização das análises de ácidos iv graxos. A colega Beatriz (Bia) e Taiala pelo auxilio nas análises e a Colega Jeanny pela disponibilidade e contribuição nos cálculos. Aos colegas que ajudaram na montagem e condução do experimento Alana, Taiala, Leone, Carlinhos, Ramon, Aline, Jeruzia, Juliana e Tiagão. A Paulo José Presidio Almeida (Barrão) pela disponibilidade em emprestar os animais para condução do experimento. Ao Mário (Marão) coordenador do campo agropecuário da UESB e a todos os trabalhadores do campo pelo apoio, principalmente o senhor Dai. Ao laboratório de forragicultura na pessoa do senhor José Queiroz (Zezinho) pela grande colaboração, pela excelente e agradável convivência. A todos os colegas de graduação e Pós-Graduação da UESB, em especial aos amigos Jefferson e Suely pelo apoio e agradável convivência. Aos animais utilizados nesta pesquisa, por todo sacrifício em prol da ciência. Aos amigos do pensionato de Dona Alzira, pelo apoio e amizade, em especial a Senhora Alzira pelo carinho, incentivo, apoio e comida maravilhosa. A todos meus familiares (pais, irmãos, avós, bisavós, tios e primos) pela torcida, incentivo e apoio prestado em todo momento. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desse trabalho. O meu muito obrigado! v BIOGRAFIA LEANDRO SAMPAIO OLIVEIRA RIBEIRO, filho de Antônio César Andrade Ribeiro e Rosana Sampaio Oliveira, nasceu em Feira de Santana, Bahia, em 18 de fevereiro de 1984. Em 1999, ingressou no curso Técnico em Agropecuária, pela Escola Agrotécnica Federal de Santa Inês – EAFSI, Santa Inês, Bahia, concluindo em 2001. Em 2004, ingressou no curso de graduação em Zootecnia, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, onde obteve o título de Zootecnista em 31 de janeiro de 2009. Em março de 2009, ingressou no Mestrado em Zootecnia, área de concentração em Produção de Ruminantes, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, defendendo a dissertação em 10 de março de 2010. Em março de 2010, ingressou no Doutorado em Zootecnia, área de concentração em Produção de Ruminantes, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e concluiu o curso em março de 2014. Em 01 Julho de 2010 tomou posse como docente do Instituto Federal Baiano, Campus de Uruçuca, Bahia, onde permanece até o presente momento. vi SUMÁRIO Página LISTA DE TABELAS ................................................................................................... viii RESUMO ....................................................................................................................... xiii ABSTRACT ................................................................................................................... xvi I – REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 23 1.1. Introdução ...................................................................................................... 23 1.2. Farinha de pupunha ....................................................................................... 24 1.3. Referências Bibliográficas ............................................................................. 27 II – OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................ 30 III – CAPÍTULO I – DESEMPENHO DE CAPRINOS ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA ........................................................................................... 31 Resumo ................................................................................................................. 31 Abstract ................................................................................................................. 32 Introdução ............................................................................................................. 33 Material e Métodos ............................................................................................... 35 Resultados e Discussão ......................................................................................... 44 Conclusões ............................................................................................................ 54 Referências Bibliográficas .................................................................................... 55 IV – CAPÍTULO II – COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA .................................................... 58 Resumo ................................................................................................................. 58 Abstract ................................................................................................................. 59 Introdução ............................................................................................................. 60 Material e Métodos ............................................................................................... 61 Resultados e Discussão ......................................................................................... 70 Conclusões ............................................................................................................ 79 Referências Bibliográficas .................................................................................... 80 vii V – CAPÍTULO III – METABOLISMO DE NITROGÊNIO EM CAPRINOS ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA .................................................... 82 Resumo ................................................................................................................. 82 Abstract ................................................................................................................. 83 Introdução ............................................................................................................. 84 Material e Métodos ............................................................................................... 85 Resultados e Discussão ......................................................................................... 95 Conclusões ............................................................................................................ 90 Referências Bibliográficas .................................................................................... 100 VI – CAPÍTULO IV – CORRELAÇÕES ENTRE CONSUMO E DIGESTIBILIDADE COM O COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS 102 Resumo ................................................................................................................. 102 Abstract ................................................................................................................. 103 Introdução ............................................................................................................. 104 Material e Métodos ............................................................................................... 106 Resultados e Discussão ......................................................................................... 116 Conclusões ............................................................................................................ 123 Referências Bibliográficas .................................................................................... 124 VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 126 viii LISTA DE TABELAS CAPITULO 1 Página TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) .................................................................................................... 36 TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ............................ 37 TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas ................................................................................................ 38 TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais ......................................................................................... 41 TABELA 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates ortogonais empregados na decomposição da soma dos quadrados .............................................. 43 TABELA 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos consumos de matéria seca (MS), MS indigestível (MSi), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos corrigidos para cinza e proteína (CNFcp) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ...... 46 ix TABELA 7. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos consumos de nutrientes digestíveis totais (NDT) e energia metabolizável (EM) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho .................................................................................................. 49 TABELA 8. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigida para cinza e proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos corrigido para cinza e proteína (CNFcp) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ............................................................................. 51 Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) do peso vivo final (PVF), TABELA 9. ganho de peso total (GPT) e conversão alimentar (CA) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho .................................................................................................. 53 CAPITULO 2 TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) .................................................................................................... 62 TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ............................ 63 TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas ................................................................................................ 64 x -1 TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g ) dos ingredientes das dietas experimentais ......................................................................................... 67 TABELA 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates ortogonais empregados na decomposição da soma dos quadrados .............................................. 69 TABELA 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes dos consumos de matéria seca (CMS) e fibra em detergente neutro corrigida para cinza e proteína (CFDNcp), atividades de alimentação, ruminação, mastigação e ócio em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho .................................................................................................. 71 TABELA 7. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes das eficiências de alimentação em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ............................................................................. 75 TABELA 8. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes do número e tempo médio despendido por período nas atividades de alimentação, ruminação e ócio e consumo de MS e FDNcp por período de alimentação em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho .................................................................................................. 78 CAPITULO 3 TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) .................................................................................................... 86 TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ............................ 87 TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas ................................................................................................ 88 xi TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais ......................................................................................... 92 TABELA 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates ortogonais empregados na decomposição da soma dos quadrados .............................................. 94 TABELA 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes da ingestão de nitrogênio (N-ING), excreção de nitrogênio nas fezes (N-fezes), nitrogênio digerido (NDIG), excreção de nitrogênio na urina (N-urina) e nitrogênio retido (N-retido) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ......................................................... 96 TABELA 7. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes das concentrações de nitrogênio ureico (N-ureico) na urina e no plasma e excreções diárias de ureia e nitrogênio ureico na urina em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ........................ 98 CAPITULO 4 TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) ............................................................................................ 107 TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ......................... 108 TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas .............................................................................................. 109 TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais ....................................................................................... 113 xii TABELA 5. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho ........................................................................... 116 TABELA 6. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho ...................................................... 118 TABELA 7. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho ...................................................... 119 TABELA 8. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho ..................................... 120 TABELA 9. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho ..................................... 121 Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a TABELA 10. digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho ..................................... 122 xiii RESUMO RIBEIRO, Leandro Sampaio Oliveira. Farinha de pupunha na alimentação de caprinos confinados. Itapetinga, BA: UESB, 2014. 126 p. Tese. (Doutorado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes)*. O presente trabalho foi desenvolvido mediante a condução de um experimento, os quais geraram informações que serão apresentadas na forma de quatro capítulos. Ressalta-se, inicialmente, que a farinha de pupunha utilizada no experimento foi produzida em casa de farinha, utilizando o processo de fabricação semelhante ao de farinha de mandioca. Objetivou-se avaliar a substituição do milho pela farinha de pupunha nos níveis de 0, 10, 40, 60 e 85% (com base na matéria seca do concentrado) em dietas de caprinos confinados. No primeiro capítulo o trabalho foi desenvolvido para avaliar o desempenho de caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. Foram utilizados 30 cabritos, mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70. O consumo de nutrientes dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias experimentais. Para o cálculo da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos bem como das sobras e fezes no mesmo período durante 5 dias. O desempenho foi obtido com pesagens individuais dos animais no início do período experimental e a cada 28 dias. Verificou-se que as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram consumos reduzidos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT), carboidrato não fibroso (CNFcp), nutriente digestíveis totais (NDT) em g/dia e g/kg de PC e energia metabolizável em Mcal/dia e Kcal/PC. O mesmo comportamento foi observado para os coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN, FDNcp e CT. O consumo e a digestibilidade do extrato etéreo (EE) aumentaram em função dos níveis de farinha de xiv pupunha na dieta. A utilização de farinha de pupunha em dietas de caprinos promove elevação no consumo de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade para maioria dos nutrientes. A inclusão de farinha de pupunha em substituição ao milho em dietas de caprinos reduz o ganho de peso em 0,77g/dia por unidade percentual de inclusão. No Segundo capítulo objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo em caprinos mestiços Boer x SRD, alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. As avaliações de comportamento foram realizadas nos três períodos exprimentais, durante um período de 24 horas em intervalos de cinco minutos, para a avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e ócio. O delineamento experimental e as dietas foram semelhantes ao relatado no capítulo anterior. Para o consumo de MS e FDNcp em 24 horas, verificou-se redução para as dietas contendo farinha de pupunha. O tempo despendido com as atividades de alimentação e ruminação aumentou, enquanto que o tempo em ócio reduziu em função dos níveis de farinha de pupunha. As eficiências de alimentação e ruminação foram reduzidas mediante o incremento da farinha de pupunha em substituição ao milho. A utilização de farinha de pupunha em dietas de caprinos promove modificação no comportamento ingestivo, evidenciado pelas alterações nas atividades diárias de alimentação, ruminação e ócio, bem como nas eficiências de alimentação e ruminação. No terceiro capítulo objetivou-se avaliar o balanço de nitrogênio, a concentração de ureia no plasma e excreção na urina em caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. O delineamento experimental e as dietas foram semelhantes aos relatados nos capítulos anteriores. A ingestão de nitrogênio reduziu linearmente (P<0,05) à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho. Os animais que receberam dietas com níveis de farinha de pupunha apresentaram menor média para o N-digerido (14,9 g/dia), quando comparado com a média (17,1 g/dia) dos caprinos que ingeriram concentrado que possuía apenas milho como fonte energética. A excreção de nitrogênio na urina diminuiu à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho no concentrado. A utilização de 39,0% de substituição do milho pela farinha de pupunha reduziu a excreção de ureia na urina. Foi verificada máxima retenção de nitrogênio (7,83 g/dia) ao nível de 28,9% de substituição do milho pela farinha de pupunha. No quarto capítulo objetivou-se correlacionar o consumo e a digestibilidade com o comportamento ingestivo de caprinos mestiços Boer x SRD, alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. O delineamento experimental e as dietas foram semelhantes aos relatados nos capítulos anteriores. Verificou-se correlação negativa e moderada para os consumos de MS (P = 0,0430), xv MO (P = 0,0410), FDN (P = 0,0492) e energia metabolizável (P = 0,0336). O tempo despendido com a atividade de alimentação e mastigação total apresentaram correlações negativas e moderadas com os coeficientes de digestibilidade da MS (P = 0,0168 e P = 0,0188), PB (P = 0,0427 e P = 0,0437). Enquanto que a atividade de ócio apresentou correlações positivas e moderadas (P = 0,0186 e P = 0,0440) com os coeficientes de digestibilidade destes mesmos nutrientes. Os consumos dos nutrientes se correlacionam alta e positivamente com as eficiências de alimentação e ruminação (g MS/h e g FDN/h), com exceção do consumo de EE. Já os coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN apresentaram correlações moderada e positiva com as eficiências de alimentação e ruminação. O número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não apresentam correlação com o consumo e a digestibilidade dos nutrientes. As eficiências de alimentação e ruminação apresentam relação positiva com o consumo e digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do EE que se correlaciona de forma negativa com estes parâmetros. Palavras-chave: Alimento alternativo, Boer, coproduto, Bactris gasipaes Kunth ____________________ * Orientador: Aureliano José Vieira Pires, Dr. UESB e Coorientadores: Mara Lúcia Albuquerque Pereira, Drª. UESB e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA. xvi ABSTRACT RIBEIRO, Leandro Sampaio Oliveira. Peach-palm flour in confined feeding goats. Itapetinga, BA: UESB, 2014. 126 p. (Thesis - Doctorate degree in Animal Science, Area of concentration in Production of Ruminants).* The present work was developed by the conduction of one experiment, which generated information that will be presented in the form of four chapters. It is highlighted, first, that the peach-palm flour used in the experiment was produced in the flour mill, using the manufacturing process similar to that of cassava flour. This study aimed to evaluate the replacement of corn by peach-palm flour at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% (based on dry matter of concentrate) in diets for feedlot goats. In the first chapter The study was conducted to evaluate the performance of goats fed peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. The intake of individual nutrients of the animals was assessed during the 84 experimental days. To calculate the digestibility of feed supplied samples and leftovers and feces were collected in the same period for 5 days. The performance was obtained with individual weights of animals at the beginning of the trial and every 28 days. It was found that treatments with peach-palm flour had lower intakes of DM, OM, CP, NDF, NDF, CT, CNFcp, NDT in g/day and g/kg BW and metabolizable energy in Mcal/day and kcal/PC. The same behavior was observed for digestibility coefficients of DM, OM, CP, NDF, NDFcp and CT. The intake and digestibility of ether extract increased with increasing levels of peach-palm flour in the diet. The use of peach-palm flour in diets for goats promotes a rise in the intake of lipids and reduction in intake and digestibility for most nutrients. The inclusion of peach-palm flour at the levels studied in diets for goats reduces the total weight gain and average daily gain and feed conversion xvii increased. In the second chapter It was evaluated the ingestive behavior of goats fed peach-palm flour in replacement of corn. The of behavior assessments were conducted for a period of 24 hours in five minute intervals, for evaluating the time spent eating, ruminating and ocio. The experimental design and the diets were similar to that reported in the first chapter. For the intake of DM and NDFcp in 24 hours, there was a reduction for diets containing peach-palm flour. The time spent on the activities of eating and ruminating increased, while the time in ocio reduced depending on the levels of peachpalm flour. The efficiencies of feeding and rumination were reduced by increasing the peach-palm flour replacing corn. The use of peach-palm flour in diets for growing goats cause changes in feeding behavior, evidenced by changes in the daily activities of eating, ruminating and ocio as well as the efficiencies of eating and ruminating. In the third chapter It was evaluated the nitrogen balance, the urea concentrations in urine and plasma of goats fed peach-palm flour in replacement of corn. The experimental design and the diets were similar to that reported in the first chapter. The nitrogen intake linearly decreased (P <0.05) by means of the substitution of corn for peach-palm flour. The animals fed diets with levels of peach-palm flour presented smaller average for the N-digested (14.9 g / day), when compared with the average (17.1 g / day) of the goats that ingested concentrate which had only corn as energy source. Nitrogen excretion in urine decreased the measure which the peach-palm flour replaced corn in the concentrate. The use of 39.0% replacement of corn for peach-palm flour reduced the excretion of urea in the urine. Was observed nitrogen retention maximum (7.83 g / day) at the level of 28.9% replacement of corn for peach-palm flour. In the fourth chapter It was evaluated the correlation between intake and digestibility with ingestive behavior of goats fed peach-palm flour in replacement of corn. The experimental design and the diets were similar to that reported in the first chapter. The time spent on feeding activity and total chewing showed moderate negative correlations (P<0.05) with the coefficients of digestibility of dry matter and crude protein. While ocio activity presented (P<0.05) positive moderate correlation with digestibility coefficients of these same nutrients. The nutrient intakes correlated (P<0.05) positively with efficiencies of eating and ruminating (g DM/h and gNDF/h), with the exception of ether extract intake. The digestibility of dry matter, organic matter, crude protein, neutral detergent fiber showed correlation (P<0.05) positively and moderate with efficiencies of eating and ruminating. The number and chewing time per ruminated bolus showed no correlation with the intake and digestibility of nutrients. The efficiencies of feeding and rumination have positive xviii relationship with the intake and digestibility of most nutrients except ether extract which correlates negatively with these parameters. Keywords: alternative food, Boer, coproduct, Bactris gasipaes Kunth ____________________ * Adviser: Aureliano José Vieira Pires, Dr. UESB e Co-adviser: Mara Lúcia Albuquerque Pereira, Drª. UESB e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA. 23 I – REFERENCIAL TEÓRICO 1 Introdução Dentre os principais fatores que interferem na produtividade de carne a sazonalidade de produção forrageira ainda representa um dos maiores entraves, pois a pecuária brasileira caracteriza-se pela grande dependência de pastagens, que são constituídas, principalmente, por forrageiras tropicais nativas e cultivadas, com produção vegetal sazonal. Em consequência de fatores climáticos, na época das chuvas, podem ocorrer perdas substanciais por excesso de produção e no período com deficiência hídrica, escassez e baixa qualidade (Ferreira et al., 2009). Essa situação pode ser revestida através da utilização de ferramentas nutricionais, capazes de reduzir o ciclo de produção. Dentre estas ferramentas a adoção de confinamento ou a suplementação em pastejo são as principais alternativas para solucionar o problema. Na suplementação de ruminantes a principal fonte energética utilizada é o milho, porém este produto é uma comodditie que sofre influência do mercado internacional, e isso muitas vezes inviabilizam a sua utilização na alimentação animal. No ano de 2012, foi evidenciada na mídia a frequente flutuação de preço desses produtos, devido a problemas climáticos ocorridos nos Estados Unidos e também em consequência da utilização destes alimentos para a produção de biocombustíveis. Assim, tornaram-se crescente as buscas por alimentos alternativas que possam viabilizar economicamente os sistemas produtivos. Os resíduos e subprodutos agroindustriais são ingredientes que podem ser utilizados na composição de dietas, sem ocasionar expressivas alterações no valor nutritivo das rações. São encontrados em grandes quantidades nas diversas regiões do Brasil, além de apresentar, geralmente, baixos custos de aquisição em detrimento aos alimentos convencionais. Os resíduos e/ou subprodutos são bastante estudados (Magalhães et al., 2008; Silva et al., 2008; Xenofonte et al., 2008; Silva et al., 2009; Oliveira et al., 2010; Rêgo et al., 2010; Faria et al., 2011; Azevêdo et al., 2011ab; Faria 24 et al., 2011; Lima et al., 2012; Maciel et al., 2012) e ocupam um lugar importante no segmento da alimentação animal, dando um suporte nutricional adequado à atividade. O uso de coprodutos na alimentação de ruminantes, além de resolver problemas produtivos e econômicos, envolvem questões ambientais e devido a estes fatores têm merecido considerável atenção dos pecuaristas e nutricionistas. A sua inserção em dietas apresenta vantagens como: diminuição da dependência por cereais que possam servir para alimentação humana ou de animais monogástricos, como também eliminar a necessidade de criação de práticas onerosas de manejo de resíduos (Tavares et al., 2011). Mas é importante ressaltar que a utilização desses materiais está na dependência da sua disponibilidade na região. Na região nordeste, sobretudo na Bahia, se destaca a produção de resíduos de frutos de pupunha que vêm crescendo no Sul da Bahia, devido à valorização do palmito e consequente agregação de valor às sementes que são extraídos dos frutos. Deste processo, resulta uma elevada quantidade da polpa de frutos, que ainda não possui destinação adequada. A disponibilidade deste coproduto tem se apresentado como uma potencial alternativa alimentar, para a nutrição de ruminantes, entretanto, ainda não foram realizadas pesquisas com estes animais, para se conhecer suas potencialidades e/ou principais limites de uso em dietas. 1.1 Farinha de Pupunha A pupunheira pertence à família Palmae (Arecaceae), e ao gênero Bactris que apresenta um grande número de espécies; porém, a mais cultivada é a Bactris gasipaes Kunth. (Oliveira & Marinho, 2010). A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth, Palmae) é uma palmeira nativa dos trópicos úmidos americanos, produz cachos grandes de frutos comestíveis, utilizados de variadas maneiras (Monteiro, 2000). O interesse pelo cultivo da pupunheira na Bahia cresceu com a crise da lavoura cacaueira, que motivou os produtores a buscarem alternativas para diversificar suas propriedades rurais, com ênfase aos cultivos precoces, rentáveis e com mercado em expansão. A pupunheira oferece todas essas condições, além da grande capacidade de adaptação aos solos e clima regionais. A primeira introdução de pupunha na Bahia aconteceu em 1960, mas foi no início da década de 90, com a divulgação da pupunha como produtora de palmito, intensificou-se a busca por informações e por sementes para 25 plantios em escala comercial, e a área passou a ser um campo de produção de sementes (Silva, 2005). Em 2001, surgiu a cadeia produtiva do palmito, com a integração entre o segmento privado e o Governo da Bahia por meio de suas Secretarias de Estado (Virgens Filho, 2002). Duas empresas foram criadas e estabelecidas na Bahia, a partir da criação da Cadeia Produtiva do Palmito. A Inaceres Agrícola Ltda. com sede em Uruçuca é resultado da associação da Inaexpo (Equador), com a Agroceres (Brasil), e possui uma área plantada de 700 ha (300 ha próprios, e 400 ha adquiridos da UNACAU). No sistema de integração, encontram-se registrados 86 produtores que juntos totalizam uma área de 308 hectares de palmito (Aboboreira Neto, 2005). A escassez de sementes de pupunheiras sem espinhos é um dos grandes entraves para a expansão do agronegócio do palmito pupunha na Bahia, foi assinado também o Protocolo de Intenções da Biofábrica de mudas de pupunha, em construção no município de Camamu, para atender à demanda das duas empresas. Esta medida visa principalmente diminuir o risco de introdução de pragas quarentenárias como a Monilia, agente causal da monilíase, doença muito importante na cultura do cacau, presente no Equador, Colômbia, Venezuela e Peru. Os esporos deste fungo podem ser transportados nas sacarias, embalagens e nas próprias sementes de pupunha oriundas do Peru, principal país exportador de sementes para o Brasil. Devido, a estes fatores, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) emitiu a Instrução Normativa nº 26 registrado no Diário Oficial de 22 de abril de 2002 que proíbe a importação de sementes (Silva, 2005). Desse modo, para atender a demanda interna de semente, elevou-se a plantação de pupunha nesta região, com a finalidade de produzir semente e neste processo resulta um resíduo que é a polpa do fruto que ainda não possui destinação adequada. O fruto, quando maduro, possui um epicarpo fibroso que varia de cor, podendo ser vermelha, laranja ou amarela, e um mesocarpo que varia de amiláceo a oleoso, com um endocarpo envolvendo uma amêndoa fibrosa e oleosa (Carvalho et al., 2013). Os frutos da pupunha constituem um alimento essencialmente energético, mas contém quantidades consideráveis de proteína, óleo, caroteno (pró-vitamina A), vitaminas B, C e ferro (Monteiro, 2000). A polpa dos frutos pode ser utilizada na fabricação de farinha de alto valor nutritivo que pode se tornar uma fonte alternativa de agregação de renda para o produtor rural (Ferreira & Pena, 2003). 26 Para obtenção da farinha de pupunha, utiliza-se a polpa dos frutos sem as sementes, sendo o processo de fabricação o mesmo da farinha de mandioca. A polpa, embora rica em gordura e suficiente amilácea para permitir o preparo da farinha (Ferreira & Pena, 2003), podendo ser utilizada de maneira ampla na nutrição animal. A farinha de pupunha apresenta potencial para substituir o milho em dietas de ruminantes, devido à semelhança em termos de composição química, diferenciando apenas por apresentar maior teor de extrato etéreo que a depender do nível utilizado nas dietas pode afetar a digestibilidade da fração fibrosa desse alimento. Demostrando a importância em encontrar níveis de substituição ao milho que proporcione uma maior eficiência produtiva. O milho é o concentrado energético mais utilizado na formulação de dietas para os animais. Contudo, por apresentar grande variação de preço ao longo do ano, com o aumento recente, devido ao uso crescente na produção de etanol americano, torna-se necessária a realização de pesquisas que avaliem alimentos energéticos alternativos (Santos et al., 2008). Porém, a busca por ingredientes alternativos para a nutrição de ruminantes leva a constantes investigações de aceitabilidade, da dinâmica de fermentação, digestão desses ingredientes nos processos que estão envolvidos na nutrição dos animais de produção (Ezequiel et al., 2006). Mori-Pinedo et al. (1999) utilizaram a farinha de pupunha em substituição ao milho em dietas de alevinos de tambaquis e concluíram que este alimento pode substituir totalmente o fubá de milho, por não afetar o desempenho e composição corporal dos alevinos. Porém com animais ruminantes, pesquisas que avaliam o desempenho e metabolismo dos animais são escassas e devem ser fomentados para fortalecimento da cadeia de valores da cultura. O Sul da Bahia apresenta uma diversidade de palmeiras introduzidas com grande produção de frutos pupunha, que podem ser utilizadas para produção de farinha, no intuito de agregar valor ao produto. A sua comprovação como um potencial substituto do milho, em dietas de ruminantes, tanto pode reduzir os impactos ambientais, como pode agregar valor ao resíduo resultante da extração da semente (polpa do fruto), além de intensificar os sistemas de produção ruminantes. A farinha de pupunha pode ser classificada como alimento energético, por apresentar menos de 20% de proteína bruta. Santos et al. (2011) avaliando a composição químico-bromatólogica encontraram 94,3% de matéria seca; 93,6% de matéria orgânica; 5,8% de proteína bruta, 56,6% de fibra em detergente neutro, 9,2% de fibra em 27 detergente ácido e 47,3% de hemicelulose. Estes mesmos autores concluíram que a farinha de pupunha apresenta grande potencial de uso na alimentação animal, principalmente de ruminantes, contudo necessita de estudos que avaliem o desempenho dos animais. 1.2 Referências Bibliográficas ABOBOREIRA NETO, M. Produção e Comercialização de Palmito de Pupunha (Bactris gasipaes Kunth) in natura no Sistema de Integração da Inaceres Agrícola. 27ª Semana do Fazendeiro, 2005. Agenda Técnica. MAPA/Ceplac/Cenex/Emarc, Uruçuca, BA. 2005. AZEVÊDO, J.A.G.; VALADARES FILHO, S.C.; DETMANN, E.; PINA, D.S.; PEREIRA, L.G.R.; OLIVEIRA, K.A.M.; FERNANDES, H.J.; SOUZA, N.K.P. Predição de frações digestíveis e valor energético de subprodutos agrícolas e agroindustriais para bovinos. 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Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p.2063-2068, 2008. 30 II – OBJETIVOS GERAIS Avaliar níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha (0, 10, 40, 60 e 85% matéria seca do concentrado) em dietas de caprinos mestiços Boer x SRD, a saber: O consumo e digestibilidade dos nutrientes; O ganho de peso e a conversão alimentar; O comportamento ingestivo e a eficiência de alimentação e ruminação; A excreção de ureia na urina e a concentração no plasma; O balanço de nitrogênio; A correlação entre o consumo e a digestibilidade dos nutrientes com o comportamento ingestivo. 31 III – CAPÍTULO I DESEMPENHO DE CAPRINOS ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA RESUMO: O trabalho foi desenvolvido para avaliar o desempenho de caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. Foram utilizados 30 cabritos, mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso: concentrado de 30:70. O consumo dos nutrientes dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias experimentais. Para o cálculo da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos bem como das sobras e fezes no mesmo período durante 5 dias. O desempenho foi obtido com pesagens individuais dos animais no início do período experimental e a cada 28 dias. Verificou-se que as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram reduções nos consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT), carboidrato não fibroso (CNFcp), nutriente digestíveis totais (NDT) em g/dia e g/kg de PC e energia metabolizável em Mcal/dia e Kcal/PC. O mesmo comportamento foi observado para os coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN, FDNcp e CT. O consumo e a digestibilidade do extrato etéreo (EE) aumentaram em função dos níveis de farinha de pupunha na dieta. A utilização de farinha de pupunha em dietas de caprinos promove elevação no consumo de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade para maioria dos nutrientes. A inclusão de farinha de pupunha em dietas de caprinos reduz em 0,77g/unidade percentual de inclusão do ganho médio diário e aumenta a conversão alimentar. Palavras chave: Alimento alternativo, Conversão alimentar, Consumo, Ganho de peso. 32 III– CHAPTER I PERFORMANCE OF GOATS FED PEACH-PALM FLOUR ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the performance of goats fed peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. The intake of individual nutrients of the animals was assessed during the 84 experimental days. To calculate the digestibility of feed supplied samples and leftovers and feces were collected in the same period for 5 days. The performance was obtained with individual weights of animals at the beginning of the trial and every 28 days. It was found that treatments with peach-palm flour had lower intakes of DM, OM, CP, NDF, NDF, CT, CNFcp, NDT in g/day and g/kg BW and metabolizable energy in Mcal/day and kcal/PC. The same behavior was observed for digestibility coefficients of DM, OM, CP, NDF, NDFcp and CT. The intake and digestibility of ether extract increased with increasing levels of peach-palm flour in the diet. The use of peach-palm flour in diets for goats promotes a rise in the intake of lipids and reduction in intake and digestibility for most nutrients. The inclusion of peach-palm flour at the levels studied in diets for goats reduces the total weight gain and average daily gain and feed conversion increased. Key words: Alternative food, Feed conversion, Intake, Weight wain 33 INTRODUÇÃO A região Nordeste possui o maior rebanho de caprinos, o qual foi estimado em 7.841.373 milhões de cabeças, o que representa 90,7% do efetivo nacional. A seca prolongada ocorrida no Nordeste resultou no cenário pouco favorável à produção pecuária, com redução de 7,9% do rebanho de caprinos no ano de 2012, comparativamente a 2011 (IBGE, 2013). Isto demonstra a necessidade da adoção de ferramentas nutricionais capazes de suprir a exigência dos animais e consequentemente garantir sua sobrevivência. Embora os caprinos se adaptem muito bem em condições ambientais menos favoráveis, em relação a outras espécies como os ovinos e os bovinos, a necessidade de alimentos de qualidade constitui realidade para atender aos requisitos nutricionais destes animais no período seco (Carvalho et al., 2010). A criação de caprinos no Nordeste se destaca como uma importante atividade sócio econômica, necessitando de politicas públicas e pesquisas para garantir produtividade no período de escassez. A associação entre utilização de material genético de qualidade e o uso de animais confinados representa um grande avanço na caprinocultura nesta região. Um dos principais limitantes da adoção de confinamento são os elevados custos com alimentação. Os alimentos concentrados tradicionais, como o milho, são de difíceis acessos aos produtores por apresentar elevados preços. Diante desse fato, observa-se a importância de realizar pesquisas, que têm como objetivo a avaliação de alimentos alternativos, que possam ser utilizados em dietas de ruminantes de forma organizada e em níveis adequados, na tentativa de manter ou até mesmo elevar a produtividade. O Sul da Bahia apresenta uma diversidade de palmeiras introduzidas com grande produção de frutos pupunha que são utilizados para extração de sementes. O desenvolvimento da cadeia produtiva de sementes para novos plantio e replantio resulta em grandes quantidades de polpa do fruto, que ainda não possuem destinação adequada, assim podem ser utilizadas na alimentação de humanos e/ou animais com o intuito de agregar valor ao resíduo da polpa, bem como garantir a produtividade em sistemas de produção de caprinos. A farinha de pupunha pode ser classificada como alimento energético, por apresentar teores de proteína bruta inferior a 20%, ser rica em gordura vegetal e suficientemente amilácea. Santos et al. (2011) avaliando a composição químico- 34 bromatólogica encontraram 94,3% de matéria seca; 93,6% de matéria orgânica; 5,8% de proteína bruta; 56,6% de fibra em detergente neutro; 9,2% de fibra em detergente ácido e 47,3% de hemicelulose. Estes mesmos autores concluíram que a farinha de pupunha apresenta grande potencial de uso na alimentação animal, principalmente de ruminantes, contudo necessita de estudos que avaliem o desempenho dos animais. Nesse contexto, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o consumo e digestibilidade aparente dos nutrientes e desempenho de caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha (0, 10, 40, 60 e 85% com base na matéria seca do concentrado). 35 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC e com altitude média de 268 m. Foram utilizados 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada. Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto, providos de cocho e bebedouro. A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça por três dias consecutivos, com revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em um triturador de mandioca e posteriormente a massa triturada foi conduzida para o torrador de farinha mecanizado. Essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40 minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade promovida pela torração, pode-se verificar o clareamento da massa para farinha. As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme equações do NRC (2007) e foram considerados: ganho de peso diário de 200g; maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40% de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1). As dietas foram fornecidas diariamente às 7:00 e 16:00h, ad libitum, de forma a permitir 10 a 20% do fornecimento em sobras. O consumo voluntário diário foi 36 calculado pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras que foram colhidas e pesadas em balança digital, pela manhã, durante os 98 dias de experimento. Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes da dieta (% na MS) Níveis de farinha de pupunha (% MS) Ingredientes 0 10 40 60 85 Feno de Tifton 85 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 Milho moído 50,7 45,6 29,7 20,3 7,6 Farelo de soja 17,8 17,8 17,8 17,8 17,8 0,0 5,1 21,0 30,4 43,1 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Total 100 100 100 100 100 Proteína bruta estimada (% MS) 15,2 15,2 15,0 14,9 14,8 Energia metabolizável estimada (Mcal/kg) 2,7 2,7 2,7 2,7 2,7 Farinha de pupunha Suplemento mineral 1 1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350 mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I. A composição química do feno de Tifton 85, farinha de pupunha e concentrados com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha podem ser verificados na Tabela 2, enquanto que a composição das dietas pode ser verificada na Tabela 3. Em cada subperíodo experimental foram colhidas amostras do fornecido, tanto do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, os quais foram acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer -20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm, e foram feitas amostras compostas por animal e período, e identificadas para posteriores análises laboratoriais. Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) (AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996). 37 A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e bromatológica dos alimentos sobras e fezes foram realizadas no laboratório de Forragicultura e Pastagens da UESB. Tabela 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item Feno de Tifton 85 0% 10% 40% 60% 85% Farinha de Pupunha MS 92,8 91,4 92,7 92,8 92,7 93,0 93,2 91,6 95,3 94,8 94,8 94,1 94,1 97,1 8,4 4,7 5,2 5,2 5,9 5,9 2,9 1 MO Cinza 1 PB1 8,8 18,3 18,0 17,5 17,1 15,5 7,8 2 40,5 51,3 47,4 46,9 48,9 62,7 11,6 2 PIDA 27,5 24,1 20,5 13,4 15,7 16,4 19,7 EE1 1,4 2,8 3,5 5,9 6,8 8,2 11,5 81,4 74,3 72,5 72,4 69,3 70,3 77,8 3,9 35,6 41,7 44,0 43,9 45,3 65,8 7,7 39,4 44,5 46,7 46,9 48,4 56,1 77,6 38,7 30,8 28,4 25,4 25,1 12,0 73,7 34,9 28,0 25,7 22,4 22,0 10,5 24,7 1,2 1,0 1,8 2,2 1,6 2,7 52,8 37,5 29,8 26,6 23,1 23,4 9,3 40,4 16,3 16,5 11,5 13,8 14,0 4,5 15,2 0,5 0,7 1,0 1,2 1,3 1,8 37,2 22,3 14,3 16,9 11,6 11,0 7,5 9,7 14,6 7,8 7,0 7,6 6,1 5,8 2,0 0,1 0,1 0,2 0,4 0,7 1,1 74,8 97,5 97,6 96,8 96,3 96,9 95,8 28,3 1,9 1,9 2,8 3,7 3,4 4,1 58,6 78,7 78,9 78,2 78,0 78,3 80,6 PIDN CT 1 1 CNF CNFcp1 1 FDN FDNcp 1 FDNi1 1 FDNpd 1 FDA FDAi1 Hemicelulose Celulose Lignina1 MSpd MSi 1 1 NDT1,3 1 1 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 38 Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item 0% 10% 40% 60% 85% MS 91,8 92,7 92,8 92,7 92,9 MO1 94,2 93,8 93,9 93,4 93,3 Cinza1 5,8 6,2 6,1 6,6 6,7 1 PB 15,4 15,3 14,9 14,6 14,2 PIDN2 48,1 45,3 45,0 46,4 56,0 PIDA2 25,1 22,6 17,6 19,2 19,7 1 EE 2,4 2,9 4,5 5,1 6,1 CT1 76,4 75,2 75,1 72,9 73,7 26,1 30,3 31,9 31,9 32,9 29,9 33,5 35,0 35,1 36,2 50,3 44,8 43,1 41,0 40,8 46,6 41,7 40,1 37,8 37,5 8,3 8,1 8,7 9,0 8,6 42,1 36,7 34,4 32,0 32,2 23,6 23,7 20,2 21,7 21,9 4,9 5,0 5,2 5,4 5,4 26,8 21,1 23,0 19,3 18,9 13,1 8,4 7,8 8,2 7,2 0,7 0,6 0,7 0,9 1,1 90,7 90,8 90,2 89,8 90,3 9,8 9,8 10,5 11,1 10,9 72,7 72,8 72,3 72,2 72,4 ED(Mcal/kg) 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 EM(Mcal/kg) 2,8 2,8 2,8 2,8 2,9 EL(Mcal/kg) 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 CNF1 CNFcp 1 FDN1 FDNcp FDNi 1 1 FDNpd1 1 FDA FDAi 1 Hemicelulose1 Celulose Lignina 1 1 MSpd1 MSi 1 NDT 1,3 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 39 As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006). Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas (Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido (TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente e o material remanescente da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta etapa foram retirados da estufa e acondicionados em dessecador e pesados, sendo o resíduo obtido considerado como MSi. Em seguida os sacos foram acondicionados em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à fervura em detergente neutro por uma hora. Logo após foram lavados com água quente e acetona, secados e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo considerado como FDNi. Segundo Sniffen et al. (1992), os carboidratos totais (CT) foram estimados da seguinte forma: CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza). Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo: CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza). Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999), mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação: NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED. Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp digestíveis; e EED = EE digestível. Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB + 40 %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7. Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0. Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001): EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12; ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT. A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a equação: EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45. A extração lipídica e o perfil de ácidos graxos dos ingredientes das dietas experimentais foram realizados no Centro de Análises Cromatográficas, localizado na UESB. A fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e farinha de pupunha) foram obtidas através de uma mistura de clorofórmio, metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959). A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO (1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos de ensaio, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução. Em seguida, foram adicionados 2 mL de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (-18ºC), para posterior análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1. Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento equivalente de cadeia (Tabela 4). 41 Tabela 4. -1 Perfil de ácidos graxos (g.100g ) dos ingredientes das dietas experimentais Ácidos graxos (g.100g-1) Feno de Tifton 85 Farelo de soja Milho Farinha de pupunha Lipídeos totais 2,8 4,1 2,2 9,5 C6:0 Capróico n.d n.d n.d 1,49 C8:0 Caprílico 0,42 0,06 0,03 0,39 C11:0 Undecanóico 0,82 0,05 n.d 0,03 C12:0 Láurico 0,65 0,02 0,06 0,39 C13:0 Tridecílico n.d 0,002 n.d 0,02 C14:0 Mirístico 1,00 0,10 0,05 0,29 C15:0 Pentadecílico n.d 0,06 n.d. 0,13 C16:0 Palmítico 27,2 18,49 10,49 8,70 C17:0 Margárico 2,32 0,18 0,07 0,18 C18:0 Esteárico 5,96 5,97 4,14 2,40 C20:0 Araquídico 3,56 n.d 1,12 n.d C23:0 Tricosanóico n.d n.d 0,18 0,80 Saturados totais 41,91 24,93 16,14 14,82 C15:1 (10)-Pentadecenóico 0,93 n.d n.d 13,64 C16:1 Palmitoléico 0,12 0,07 0,08 1,98 C17:1 (10)-Heptadecenóico 0,94 0,05 0,04 0,07 C18:1n-9C Oléico 0,20 0,10 n.d 0,20 C18:2n-6T Linolelaídico 8,14 16,63 7,08 53,95 C18:2 Ω-6 Linoléico 11,83 52,20 73,93 12,83 C18:3 Ω-3 α-Linolênico 10,30 4,40 1,04 1,74 C20:1 Gadoléico n.d 0,23 0,61 0,03 C20:3 Ω-3 Di αlinolênico 3,88 0,68 0,43 0,13 C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico 4,09 n.d n.d n.d C22:1n-9 Erúcio n.d 0,07 0,02 0,10 C20:4 Ω-6 Araquidônico 10,03 0,18 0,06 0,07 C20:5 Ω-3 Timnodónico 3,26 0,34 0,54 0,33 DHA Cervônico 4,37 0,09 0,01 0,11 Insaturados totais 58,08 75,07 83,86 85,18 Monoinsaturados 2,19 0,54 0,77 16,01 Poli-insaturados 55,89 74,53 83,09 69,26 n.d: não detectado. 42 O consumo individual dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias de fornecimento das dietas experimentais, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta ofertada para cada animal. Dessa forma, foram avaliados os consumos de MS, MO, PB, FDN, CHOT CNF, EE, NDT em (g/dia) e energia metabolizável (Mcal/dia, Kcal/PC e Kcal/kgPC0,75). Os valores relativos ao consumo de MS, MO, PB, EE, FDNcp, CNFcp e NDT foram expressos também em grama por quilo de peso corporal (g/kg de PC) e o consumo de MS e NDT, foi expresso ainda em gramas por quilo de peso metabólico (g/kgPC0,75). A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras, os animais passaram três dias em adaptação antes do período de coleta. As fezes foram colhidas às 06h e 18h durante cinco dias consecutivos em cada subperíodo experimental. Após coletadas as fezes de cada animal foram pesadas e alíquotas de aproximadamente 10% do total excretado foram colocados em sacos plásticos e armazenados em freezer a 20ºC para posteriores analises. As amostras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 65ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm e em seguida foram feitas amostras compostas dos períodos e dos cinco dias de coleta para realização da composição química, conforme metodologias mencionadas anteriormente. Foram obtidos os coeficientes de digestibilidade da MS, PB, EE, FDNcp, CNFcp e quantificados o NDT. Para o cálculo da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos bem como das sobras e fezes no mesmo período. Segundo proposto por Berchielli et al. (2011) uma vez determinado o teor de excreção fecal da matéria seca, foram calculados os coeficientes de digestibilidade (CD) dos demais nutrientes por meio da razão do que foi consumido de cada nutriente e sua respectiva excreção fecal, sendo o valor multiplicado por 100, como demonstrado abaixo: CD = (nutriente ingerido – nutriente excretado) x 100 (nutriente ingerido) Para avaliação do desempenho os animais foram pesados no início e final de cada período, sendo realizado um jejum sólido de aproximadamente 12 horas, apenas no primeiro e no último dia do experimento para a avaliação do ganho de peso, consumo de nutrientes diário, em g/kg de PC e g/kg de PC0,75. As pesagens intermediárias foram realizadas antes do fornecimento da primeira refeição do dia. Calculou-se a conversão alimentar por meio da relação entre o consumo e o ganho médio diário (GMD). 43 A análise dos dados de desempenho zootécnico foi realizada pelo procedimento MIXED do programa computacional estatístico SAS (Littell et al., 1996), versão 19.1 (SAS, 2006), considerando-se um modelo misto. Realizaram-se contrastes polinomiais para comparação entre as médias da dieta que continha apenas milho (0% de farinha de pupunha) e as dietas substituindo o milho pela farinha de pupunha (10, 40, 60 e 85%) (A). A avaliação de efeitos de ordem linear (L) e quadrático (Q) em função dos níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha foi decompostos em contrastes polinomiais (Tabela 5). Tabela 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates polinomiais empregados na decomposição da soma dos quadrados Coeficientes Contrastes 0 10 40 60 85 A 4 -1 -1 -1 -1 L -2 -1 0 1 2 Q 2 -1 -2 -1 2 No estudo das equações de regressão, o modelo utilizado foi Y = (b0 + b1Tr + b2Tr2) + ε; NID (0; 2). Onde: Y= o valor estimado em função dos tratamentos; b0 = intercepto; b1 e b2 definiram a variação de Y em função do nível de inclusão; e Tr = nível de inclusão (0, 10; 40; 60; 85% de farinha de pupunha). 44 RESULTADO E DISCUSSÃO A inclusão de farinha de pupunha em substituição ao milho em dietas para caprinos em crescimento afeta a ingestão de MS, MO, PB, EE, FDN, FDNcp e CT (em g/dia). O mesmo comportamento foi observado para os consumos de MS, MO, PB, FDN, FDNcp descrito em g/kg de peso corporal, como também para o consumo de MS em g/kg de PC0,75. Foi analisado os demais contrastes para a detecção de relação funcional entre os níveis de farinha de pupunha e as variáveis de consumo, observou-se comportamento linear negativo para os consumos de MS, MO, PB, FDN, FDNcp, CT e CNFcp em g/dia. Os consumos de MS, MO, PB, FDN e FDNcp em g/kg PC e o consumo de MS em g/kg0,75 também se associaram de forma linear negativa aos níveis de farinha de pupunha (Tabela 6). Para o consumo de extrato etéreo verificou-se efeito linear crescente (P<0,05), sendo que para cada unidade percentual de milho substituído pela farinha de pupunha, verificou-se acréscimo de 0,24 unidades percentuais no consumo de extrato etéreo em g/dia e 0,01unidade no consumo de extrato etéreo expresso em g/kg de PC. Quando comparado às dietas contendo farinha de pupunha com a dieta controle, verificou-se, em média, aumento de 68,9 e 98,9%, respectivamente g/dia e g/kg PC, no consumo de extrato etéreo das dietas a base de farinha de pupunha em relação a controle (Tabela 6). Diante dos resultados relatados, pode-se destacar que o teor de extrato etéreo de 11,8% na farinha de pupunha (Tabela 2), influenciou significativamente na elevação da concentração de extrato etéreo das dietas (0, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha), respectivamente, de 2,4; 2,9; 4,5; 5,1 e 6,1% com base na matéria seca (Tabela 3). Assim, constata-se que as reduções nos consumos de nutrientes, em detrimento a elevação dos níveis de farinha pupunha, podem ser explicadas pela elevação na ingestão de EE. A recomendação usual, como limite crítico a partir do qual os resultados podem ser comprometidos e efeitos negativos observados, são obtidos entre 50 a 60 g de extrato etéreo/kg de matéria seca (Palmquist & Mattos, 2011). Ressalta-se que as dietas contendo 60 e 85% de farinha de pupunha apresentaram 49,7 e 58,8 g de extrato etéreo/kg de matéria seca (Tabela 3), reforçando a hipótese de que a elevação na concentração de extrato etéreo nas dietas, à medida que se aumentava os níveis de inclusão da farinha de pupunha, desencadeou processos metabólicos que interferiram na 45 ingestão das dietas. Ainda de acordo os autores supracitados o aumento do consumo de ácidos graxos insaturados causa decréscimo na ingestão de matéria seca e consequentemente dos demais nutrientes. Ressalta-se que os ingredientes das dietas experimentais possuem elevado teor de ácidos graxos insaturados, na qual o feno de Tifton 85 possui 58,08 %, o farelo de soja 75,07%; o milho 83,86% e a farinha de pupunha 85,18% (Tabela 4). Entretanto a elevação no consumo de gordura, com maior proporção de ácidos graxos monoinsaturados também podem ter contribuído para redução nos consumos de nutrientes. Os ácidos graxos, especialmente os poli-insaturados são tóxicos aos microrganismos ruminais. Os mais susceptíveis são a bactérias Gran (+), metanogências e protozoários. Nesse experimento a quantidade de ácidos graxos poli-insaturados no tratamento contendo 85% de farinha de pupunha foi 2,07 vezes maior que o tratamento controle, essa diferença deve-se a quantidade de lipídeos totais e não a composição dos ácidos graxos (Tabela 4). Souza et al. (2009) avaliaram o uso de dietas com alto teor de gordura em dietas para ruminantes e destacaram as condições ambientais, bem como o sistema de criação como os principais fatores que podem influenciar sobre a faixa limítrofe de utilização de gordura em dietas de ruminantes. Em conformidade com essa mesma linha de pesquisa, Cunha et al. (2008) relataram que os animais confinados em regiões com altas temperaturas, onde o consumo de matéria seca geralmente é comprometido, a suplementação lipídica pode chegar a 100 g de extrato etéreo/kg de matéria seca, e neste caso, ocorre aumento na ingestão de energia. Estes autores estudaram o desempenho de cordeiros alimentados com dietas contendo níveis de inclusão (0; 20; 30 e 40%) de caroço de algodão integral, com respectivos teores de extrato etéreo, 2,9; 6,0; 7,4 e 9,0%, por sua vez, não verificaram efeito de dieta sobre o consumo e digestibilidade da matéria seca, porém o ganho de peso reduziu linearmente. Entretanto, os resultados encontrados pelos mesmos, parecem ter sido mais influenciados pela elevação dos níveis de fibra do que pelo aumento da gordura, uma vez que as oleaginosas apresentam considerável concentração de fibra em detergente neutro e quando são inclusas em níveis crescentes em dietas, tendem a elevar essa fração. No entanto, os resultados obtidos com essa pesquisa apontam caminhos inversos, visto que apesar dos teores de extrato etéreo das dietas aumentarem de acordo com os níveis de inclusão de farinha de pupunha, os teores de fibra em detergente neutro reduziram juntamente com a maioria das taxas de consumo. 46 Tabela 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos consumos de matéria seca (MS), MS indigestível (MSi), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos corrigidos para cinza e proteína (CNFcp) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Item Valor de P1 Níveis de farinha de pupunha 0 10 40 60 85 EPM M vs P L Q Consumo (g/dia) 2 MS MSi 3 MO4 750,5 737,8 623,2 637,8 547,5 21,2 0,0132 0,0003 0,8572 68,4 67,5 62,3 69,9 62,6 1,6 0,4953 0,4305 0,9951 714,5 693,2 585,5 595,3 509,8 20,4 0,0066 0,0001 0,9361 5 117,8 118,7 89,3 97,5 69,2 4,3 0,0015 0,0001 0,3659 6 16,6 20,2 28,0 31,7 32,2 1,3 0,0001 0,0001 0,0829 357,7 300,2 229,8 220,0 176,5 13,9 0,0001 0,0001 0,1872 330,8 276,5 209,7 198,2 156,7 13,3 0,0001 0,0001 0,1894 57,9 56,1 52,0 57,2 50,1 1,4 0,2320 0,1372 0,9102 580,2 554,5 468,2 466,2 408,3 16,6 0,0027 0,0001 0,8523 236,3 256,8 221,2 221,5 190,8 7,1 0,3819 0,0078 0,2112 PB EE FDN7 FDNcp FDNi 8 9 CT10 CNFcp 11 Consumo (g/kg PC) MS12 32,3 32,2 31,0 30,8 27,4 0,6 0,1748 0,0095 0,2532 13 30,8 30,3 29,1 28,8 25,6 0,6 0,0861 0,0038 0,3172 5,1 5,2 4,4 4,7 3,5 0,1 0,0088 0,0001 0,0326 0,7 0,9 1,4 1,5 1,6 0,1 0,0001 0,0001 0,0100 MO 14 PB EE15 16 FDN 15,4 13,0 11,5 10,6 8,8 0,5 0,0001 0,0001 0,3632 17 14,3 12,0 10,5 9,5 7,8 0,4 0,0001 0,0001 0,3834 CNFcp18 10,2 11,2 11,1 10,8 9,6 0,2 0,4409 0,2963 0,0265 57,9 1,3 0,0242 0,0002 0,2927 FDNcp 0,75 Consumo g/kgPC 19 MS 1 70,9 70,3 65,5 65,4 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2 / Ŷ 743,51* – 2,3175X*; 3/ Ŷ 66,1061*; 4/ Ŷ 706,20* – 2,3403X*; 5/ Ŷ 117,51* – 0,5583X*; 6/ Ŷ 16, 6680* + 0,2427X*; 7/ Ŷ 332,22* – 1,9517X*; 8/ Ŷ 308,16* – 1,8973X*; 9/ Ŷ 54,7366*; 10/ Ŷ 570,58* – 1,9938X*; 11/ Ŷ 241,72* – 0,4952X***; 12 / Ŷ 32,7020* – 0,05116X****; 13/ Ŷ 30,9264* – 0,05358X ***; 14/ Ŷ 5,2740* – 0,01938X*; 15/ Ŷ 0,7408* + 0,01313X*; 16/ Ŷ 14,2089* – 0,06358X *; 17/ Ŷ 13,0783* – 0,06190X*; 18/ Ŷ 10,4114* + 0,0459X – 0,00067X2 ****; 19 / Ŷ 71,2497* – 0,1277X **. 47 Cabral et al. (2006) avaliando o consumo e digestibilidade dos nutrientes em ruminantes alimentados com dietas à base de volumosos tropicais, relatam que a saciedade seria um fator fisiológico limitante no consumo de nutrientes para dietas com elevada densidade calórica, neste caso, as exigências do animal controlariam o consumo. Possivelmente, neste experimento o controle da ingestão de alimentos foi fisiológico, devido à densidade energética das dietas, sobretudo as que continha níveis de pupunha. Diversos fatores parecem ser importantes para determinar o nível de extrato etéreo das dietas de pequenos ruminantes, dentre estes: a relação volumoso:concentrado, a fonte de gordura vegetal, relacionado tanto a sua natureza quanto a quantidade utilizada (Medeiros & Albertini, 2012). Assim, destaca-se que a farinha de pupunha apresenta alto teor de gordura (Tabela 2 e 4), além de apresentar quantidades significativas de ácidos graxos insaturados (Tabela 4). Outro fator importante a ser relatado foi a preferencia que os animais alimentados com dietas contendo farinha de pupunha demostraram pelo feno, em detrimento ao concentrado, sendo claramente perceptível nos concentrados com níveis de 60 e 85% de farinha de pupunha. Ressalta-se que as sobras dos animais destes tratamentos na maioria das vezes, apresentaram apenas concentrado. Verificou-se que o consumo de fibra em detergente (g/dia e g/kgPC) reduziu linearmente (P<0,05) à medida que a farinha de pupunha foi adicionada ao concentrado, além disso, os contrastes foram significativos ao comparar a dieta controle (0% de farinha de pupunha) com as que possuíam níveis de farinha de pupunha. Resultado semelhante foi verificado para o consumo de proteína bruta (Tabela 6). Estas respostas podem ser explicadas pela redução destes nutrientes na dieta ao substituir o milho pela farinha de pupunha (Tabela 3). Outro fator de grande importância que pode ter influenciado na redução do consumo de MS entre os tratamentos foi a baixa relação fibra/EE e qualidade da fibra, podendo ser verificado na dieta ofertada (Tabela 3), para as dietas controle e 85% de farinha de pupunha uma relação fibra/EE, respectivamente, de 20,96 e 6,69, assim quando observado o consumido (Tabela 6) identificou-se para mesma relação, respectivamente, valores de 21,55 e 5,48. Demonstrado que menor rácio fibra/EE é encontrado na dieta contendo 85% de farinha de pupunha, justamente a que favoreceu o menor consumo de MS pelos caprinos. 48 Na fibra encontram-se os polímeros de celulose, hemicelulose e lignina. Nas frações potencialmente digestíveis encontram-se parte da celulose e hemicelulose susceptíveis à degradação, porém a lignina não sofre nenhuma digestão sob condições de anaerobiose. No entanto, partes da hemicelulose e celulose estão intimamente associados à lignina e esta, em si, espera-se encontrar no resíduo indigestível e estas porções por sua vez, estão associadas à qualidade da fibra. Constatou-se que a inclusão da farinha de pupunha em substituição ao milho reduziu o consumo em 0,127 g de MS/kg de PC0,75 a medida que ocorreu a substituição. Esse comportamento linear e negativo da MS afetou a relação funcional entre os níveis da pupunha e as variáveis de consumo. No entanto, observando a tabela 3, parte dessa diferença deve-se à comparação entre dietas, onde o teor de PB e FDN que foi, respectivamente de 7,95 e 19,53% menores na dieta contendo 85% da farinha de pupunha em relação à dieta controle, considerando a mesma ordem essa diferença, para os mesmos parâmetros, foram apenas de 23,57 e 25,92% entres os consumos, em g/kg de PC. Com relação ao consumo de nutrientes digestíveis totais, em g/dia, g/kg de PC e g/kg de PC0,75, pode-se verificar redução na ingestão com o aumento dos níveis da farinha de pupunha nas dietas (Tabela 7). A dieta contendo apenas milho apresentou um consumo de nutrientes digestíveis totais de 421,7 g/dia, 17,6 g/kg PC e 38,9 g/kg PC0,75, enquanto que o grupo de animais que se alimentaram com níveis de farinha de pupunha consumiram 360,3 g/dia; 16,5 g/kg PCe 35,1 g/kg PC0,75. No entanto, não se verificou diferenças entres as dietas para consumo de NDT em g/kg de PC. Esses resultados são reforçados pela observação das equações de regressão que apresentaram efeitos lineares decrescentes (Tabela 7), sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada à dieta verificou-se decréscimo no consumo de nutrientes digestíveis totais de 1,4; 0,02 e 0,07 unidades percentuais, para as respectivas unidades de peso g/dia, g/kg de PC e g/kg de PC0,75. A energia é considerada fator limitante à vida bem como às funções produtivas portanto, sua determinação nos alimentos é de extrema importância para o perfeito atendimento das necessidades nutricionais (Cabral et al., 2006). Pode-se observar que as dietas foram balanceadas na tentativa de serem isoenergéticas (Tabela 3). No entanto, ocorreram alterações nas quantidades de ingestão de energia metabolizável, na qual os níveis da farinha de pupunha influenciaram na redução do consumo de energia metabolizável em Mcal/dia, Kcal/PC e Kcal/PC0,75 (Tabela 7). 49 Para tanto, os efeitos significativos para o contraste entre a dieta que continha apenas milho e as dietas com farinha de pupunha podem ser distinguidas no consumo de energia metabolizável expresso em Mcal/dia e Kcal/PC0,75, porém houve ocorrência de equidade no contraste para o consumo de energia em Kcal/PC. Estas reduções no consumo de energia metabolizável podem ser explicadas pela diminuição na ingestão de matéria seca (Tabela 6), uma vez que as dietas apresentaram mesmo teor de energia (Tabela 3). Embora a gordura possa ser usada pelos ruminantes como fonte de energia, ela não é um nutriente importante para o crescimento animal. Para as dietas contendo teores de energia total acima de 10%, geralmente, verifica-se redução no consumo de MS, provavelmente devido aos limites metabólicos de utilização da gordura, tanto para oxidação como para armazenamento nos tecidos. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos consumos de nutrientes digestíveis totais (NDT) e energia metabolizável (EM) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Tabela 7. Item Valor-P1 Níveis de farinha de pupunha 0 10 40 60 85 EPM M vs P L Q Consumo de NDT g/dia 2 421,7 430,4 358,9 353,6 298,3 13,5 0,0185 0,0001 0,4649 g/kg PC 17,6 17,2 17,2 16,6 15,0 0,3 0,1645 0,0105 0,2125 g/kg(PC0,75)4 38,9 37,1 36,5 35,2 31,6 0,7 0,0087 0,0001 0,3244 3 Consumo de energia metabolizável Mcal/dia 5 Kcal/PC6 0,75 7 Kcal/ (PC ) 1,5 1,5 1,3 1,2 1,1 0,1 0,0107 0,0003 0,9520 6,6 6,4 6,3 6,0 5,4 0,1 0,0523 0,0022 0,4058 14,6 14,1 13,3 12,7 11,5 0,3 0,0083 0,0001 0,4941 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2 / Ŷ 423,43* - 1,4482X*; 3/ Ŷ 17,5393* - 0,02349X***; 4/ Ŷ 38,6549* - 0,06788X**; 5/ Ŷ 6 7 1,5276* - 0,00532X*; / Ŷ 6,6988* - 0,01344**; / Ŷ 14,6424* - 0,03502X*. A elevada proporção de forragem na dieta faz com que o efeito da utilização de gordura seja menos negativo, uma vez que as interações dos ácidos graxos com as regiões hidrofóbicas das partículas de alimento reduzem sua toxicidade (Palmquist & Mattos, 2011). No entanto, no presente estudo utilizou uma proporção reduzida de forragem e elevada de concentrado, relação volumoso:concentrado de 30:70, o que pode 50 ter potencializado certos efeitos deletérios da gordura, pela sua quantidade e desta maneira contribuíram na redução da ingestão e digestibilidade dos nutrientes. Vale ressaltar, que em dietas com maiores teores de concentrado, a menor taxa de biohidrogenação, faz aumentar o fluxo ruminal de ácidos graxos insaturados, cuja absorção intestinal é maior, fazendo com que haja aumento do teor de energia metabolizável (Plascencia et al., 2003). Nesta pesquisa, além da elevada proporção de concentrado, utilizou-se ingredientes que possuíam elevados teores de ácidos graxos insaturados (Tabela 4). Nestes, à medida que se elevou o consumo de EE e consequentemente a ingestão de ácidos graxos insaturados, a energia tornou-se disponível de maneira mais rápida, limitando o consumo de matéria seca e nutriente, com o incremento de farinha de pupunha na dieta. Constatou-se que menores coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN, FDNcp e CT foram observados para os tratamentos contendo farinha de pupunha quando comparado com o tratamento controle. Assim, reduções drásticas na digestibilidade da PB e FDNcp, respectivamente, de 43,8 e 16,7% foi verificado que ocorrem quando contrastado os tratamentos controle e os contendo farinha de pupunha. Estes resultados podem ser oriundos das reduções verificadas na composição dos concentrados bem como das dietas à medida que foi incluso níveis crescentes de farinha de pupunha (Tabela 8). Por meio da equação de regressão foi possível detectar que a partir do incremento dos níveis da farinha de pupunha na dieta o coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo aumentou, sendo que para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada a dieta, verificou-se um acréscimo de 0,04 unidades na digestibilidade do extrato etéreo (Tabela 8). Logo, este resultado de digestibilidade está diretamente relacionado com a quantidade de extrato etéreo ingerido. Para os teores de nutrientes digestíveis totais, não houve variação entre as dietas e assim constatou-se um valor médio de 55,7%, apesar de que esta média do observado (Tabela 8) encontra-se inferior ao estimado (72,5%) (Tabela 3) pela equação do NRC (2001). Estas menores médias de nutrientes digestíveis totais observado pode ser justificado pela diminuição nos coeficientes de digestilidade dos nutrientes. Além disso, a semelhança entre as dietas pode ser explicada pela elevação na digestibilidade do extrato etéreo, como a energia da gordura equivale a 2,25 vezes, a diminuição na digestibilidade da proteína bruta e fibra em detergente neutro foi compensada pelo 51 aumento da digestilidade do extrato etéreo e assim proporcionou semelhança entre as dietas (Tabela 8). Inspecionando os demais contrastes para a detecção de possíveis efeitos dos níveis de farinha de pupunha, pode-se comprovar que os menores coeficientes de digestibilidade (P<0,05) pertencem ao grupo de tratamentos contendo diferentes níveis de farinha de pupunha em relação ao grupo controle (0% de farinha pupunha, contraste: M vs. P). Ressalva-se que, os contrastes para as digestibilidade dos carboidratos não fibrosos e nutrientes digestíveis totais foram indiferentes à inclusão da farinha de pupunha (Tabela 8). Tabela 8. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigida para cinza e proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos corrigido para cinza e proteína (CNFcp) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Item Valor-P 1 Níveis de farinha de pupunha 0 10 40 60 85 EPM M vs P L Q 2 MS 83,6 83,1 74,1 74,3 73,7 1,1 0,0002 0,0001 0,1250 MO3 57,9 54,3 48,8 49,9 42,6 1,9 0,0430 0,0076 0,9602 4 50,7 43,1 32,1 29,9 28,5 1,9 0,0001 0,0001 0,0391 5 76,8 82,3 84,4 83,3 84,4 0,8 0,0004 0,0015 0,0355 39,8 38,6 34,3 29,3 26,9 1,2 0,0007 0,0001 0,6286 41,2 34,5 35,2 34,5 34,3 0,8 0,0014 0,0136 0,0691 58,5 57,9 50,0 50,2 45,6 1,7 0,0518 0,0054 0,9931 84,2 89,8 86,4 82,6 81,9 0,8 0,5192 0,0155 0,0244 56,2 58,3 57,6 55,4 54,5 0,4 0,6128 0,3096 0,8182 PB EE FDN6 FDNcp CT 7 8 CNFcp9 NDT 10 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2 / Ŷ 83,6451* – 0,1459X*; 3/ Ŷ 57,7712* – 0,1796X*; 4/ Ŷ 44,6262* – 0,2347X*; 5/ Ŷ 81,0240* + 6 7 0,04116X****; / Ŷ 40,0598* – 0,1588X*; / Ŷ 39,3819* – 0,07749X***; 9 10 0,1612X***; / Ŷ 84,9662* – 0,03251X****; / Ŷ 55,7*. 8 / Ŷ 58,5416* - Vale ressaltar, que para os menores consumos de nutrientes (Tabela 6 e 7) e consequentes decréscimos nas digestibilidades (Tabela 8), observados no presente estudo, atribui-se a ação da inclusão de níveis crescentes de farinha de pupunha nas dietas, que por sua vez influenciaram no aumento do teor de extrato etéreo nas mesmas (Tabela 4). Nesse sentido, pressupõe-se que os elevados teores de gordura das dietas 52 provocaram alterações na fermentação ruminal, devido às modificações observadas no consumo de matéria seca e digestibilidade dos nutrientes. Segundo, Byers & Schelling (1988) a inclusão de lipídios em níveis elevados pode causar alterações nos padrões de fermentação ruminal e os principais mecanismos envolvidos neste processo incluem o recobrimento físico da fibra, os efeitos tensoativos sobre as membranas microbianas e a diminuição na disponibilidade de cátions pela formação de sabões. A situação mencionada pode influenciar o pH ruminal, limitando o crescimento microbiano, assim como a digestibilidade da fibra e consequentemente o desempenho animal. Vale lembrar, que outra inferência interessante a ser ressaltada sobre os resultados apresentados é a ação aditiva do alto teor de concentrado na dieta total associado à elevação do percentual de gordura das dietas a partir dos níveis da farinha de pupunha (Tabela 3 e 4), que pode ter inibido a ação dos microrganismos que degradam a fibra e assim comprometeu a digestibilidade da FDN (Tabela 8). Além disso, conforme mencionado anteriormente, a dieta continha elevada concentração de ácidos graxos insaturados, comprovado através do perfil de ácidos graxos dos ingredientes que constituíam as rações (Tabela 4) e a suplementação excessiva com fontes lipídicas ricas destes ácidos graxos pode inibir a ação dos microrganismos que degradam a fibra (Palmquist & Mattos.). Na avaliação de desempenho, pode-se observar que o maior peso vivo final foi para a dieta com 0% da farinha de pupunha, apresentando em média 29,1 kg, no entanto, menor ganho de peso final foi verificado nos animais alimentados com as dietas que continham farinha de pupunha que foi em média de 25,5% (Tabela 9). Esses resultados são reforçados pela observação da equação de regressão que apresentou efeito linear decrescente (P<0,05), sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada à dieta verificou-se uma redução de 0,07 unidades de peso vivo final. Os resultados verificados para o ganho de peso total e ganho médio diário foram menores para os tratamentos contendo farinha de pupunha quando comparado com o tratamento controle (P<0,05). Sendo verificadas variações de 37,5 e 38,1%, respectivamente para os ganhos de peso total e ganho diário quando constatado o grupo de dietas contendo farinha de pupunha com a dieta controle (Tabela 9). Como pode-se verificar na tabela 9 os ganhos de peso total e médio diário decresceram (P<0,05), em função dos níveis dietéticos da farinha de pupunha. A equação de regressão para a variável dependente, ganho de peso total apresentou 53 comportamento linear decrescente, sendo estimados valores de 12,1; 11,6; 8,5; 8,6; 6,5 kg para as respectivas dietas, de 0; 10; 40; 60 e 85% de farinha de pupunha. De mesma maneira ocorreu para a variável ganho médio diário, apresentando efeito linear decrescente, mediante verificação da equação de regressão (Tabela 9), na qual se observou que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada às dietas ocorreu uma redução de 0,001 unidade de ganho médio diário. Tabela 9. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os contrastes (Valor-P) do peso vivo final (PVF), ganho de peso total (GPT) e conversão alimentar (CA) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Item PVI (kg) Valor-P 1 Níveis de farinha de pupunha 2 0 10 40 60 85 EPM M vs P L Q -- -- 16,9 17,0 15,9 16,8 16,8 -- -- 3 29,1 28,7 24,3 25,5 23,4 0,7 0,0443 0,0057 0,7161 GPT (kg)4 12,1 11,6 8,5 8,6 6,5 0,5 0,0004 0,0001 0,9535 0,01 0,0004 0,0001 0,9553 0,0004 0,6036 PVF (kg) GMD(kg) 5 CA(kgMS/kgGMD) DC (dias)7 0,145 0,139 0,101 0,103 0,077 6 5,2 5,8 6,3 6,7 7,7 0,2 0,0081 84 84 84 84 84 -- -- -- -- 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05); 2 Peso vivo inicial (PV); 3/ Ŷ 28,8570* – 0,06756X**; 4/ Ŷ 11,8963* – 0,06663X*; 5/ Ŷ 0,1416* 6 0,00079X*; / Ŷ 5,3326* + 0,02655X*; 7Dias de confinamento (DC). Pode-se destacar, que um fator bastante contundente que interferiu diretamente na obtenção destes resultados de ganho de peso final, total e médio diário foi a obtenção de reduzidos consumos e digestibilidade dos nutrientes observado nas dietas contendo farinha de pupunha. Como já mencionado estas reduções podem ser atribuídas à entidade nutricional que se destaca na composição química da farinha de pupunha, o extrato etéreo (Tabela 2 e 3). Deve-se enfatizar que a diminuição na ingestão (Tabela 6) e digestibilidade (Tabela 8) de proteína bruta influenciaram significativamente no ganho de peso, uma vez que os animais encontravam-se em crescimento e demandavam de quantidade consideráveis de proteína para deposição muscular . O grupo de dietas contendo níveis de farinha de pupunha apresentaram menores ganhos de peso total e ganho médio diário quando comparado com a dieta que continha 54 apenas milho, podendo ser confirmado pelo efeito significativo (P<0,05) de contraste (Tabela 9). Para a conversão alimentar observou-se efeito de contraste demostrando que o grupo de dietas contendo farinha de pupunha apresentou maiores médias, 5,8; 6,3; 6,7; 7,7 kg MS/ kg GMD, para dietas com, respectivamente, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha, por outro lado, a que continha apenas milho, foi em média de 5,2 kg MS/ kg GMD. Além disso, a equação de regressão ajustou equação com comportamento linear crescente, sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada a dieta, houve um aumento de 0,03 unidades na conversão alimentar. Como esta é calculada a partir da relação entre o consumo de matéria seca e o ganho médio diário, a sua elevação é reflexo da diminuição destes parâmetros. Mediante a pesquisa desenvolvida, torna-se bastante evidente que a utilização dessa fonte de gordura vegetal (farinha de pupunha), a depender da quantidade utilizada, afeta moderadamente o desempenho dos animais. Porém, novos estudos devem ser desenvolvidos, visto ser este inédito, havendo a necessidade de mais dados para que se possa validar este alimento como ingrediente em dietas de ruminantes. CONCLUSÕES Constatou-se, que a utilização de farinha de pupunha em dietas para caprinos promove elevação no consumo de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade para maioria dos nutrientes. Verificou-se ainda que, a inclusão da farinha de pupunha em substituição ao milho em dietas para caprinos reduz o ganho médio diário em 0,77 g/unidade de inclusão, bem como aumenta a conversão alimentar. 55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. 16. ed. Arlington, Virginia: AOAC International, 1995. BERCHIELLI, T.T.; VEGA-GARCIA, A; OLIVEIRA, S.G. Principais técnicas de avaliação aplicadas em estudos de In: Nutrição de ruminantes. Editores: Berchielli, T.T.; Pires, A.V.; Oliveira, S.G.; Jaboticabal: Funep, 2011. 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Energy prediction equations for ruminant. In: Cornell Nutrition Conference For Feed Manufacturers, 61, Ithaca. Proceeding… Ithaca: Cornell University. 176-185. 1999. . 58 IV – CAPÍTULO II COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA RESUMO: Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo em caprinos mestiços Boer x SRD, alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho nos níveis de 0, 10, 40, 60 e 85% com base na matéria seca do concentrado. Foi utilizado 30 cabritos, machos, não castrados, com peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis repetições. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70. As avaliações de comportamento foram realizadas durante um período de 24 horas em intervalos de cinco minutos, para a avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e ócio. Para o consumo de matéria seca (MS) e fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína (FDNcp) em 24 horas, verificou-se redução para as dietas contendo farinha de pupunha. O tempo despendido com as atividades de alimentação e ruminação aumentou, enquanto que o tempo em ócio reduziu em função dos níveis de farinha de pupunha. As eficiências de alimentação e ruminação foram reduzidas mediante o incremento da farinha de pupunha em substituição ao milho. A utilização de farinha de pupunha em dietas para caprinos promove modificação no comportamento ingestivo, evidenciado pelas alterações nas atividades diárias de alimentação, ruminação e ócio, bem como as eficiências de alimentação e ruminação. Palavras-chave: Eficiência de alimentação, Ruminação, Ócio 59 IV – CHAPTER II FEEDING BEHAVIOR IN GOATS FED PEACH-PALM FLOUR ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the feeding behavior of goats fed peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. The of behavior assessments were conducted for a period of 24 hours in five minute intervals, for evaluating the time spent eating, ruminating and idling. For the intake of dry matter (DM) and neutral detergent fiber corrected for ash and protein (NDFcp) in 24 hours, there was a reduction for diets containing peach-palm flour. The time spent on the activities of eating and ruminating increased, while the time in idleness reduced depending on the levels of peach-palm flour. The efficiencies of feeding and rumination were reduced by increasing the peach-palm flour replacing corn. The use of peach-palm flour in diets for growing goats cause changes in feeding behavior, evidenced by changes in the daily activities of eating, ruminating and idling as well as the efficiencies of eating and ruminating Keywords: Feeding efficiency, Rumination, Ocio 60 INTRODUÇÃO O manejo nutricional é um parâmetro importante a ser considerado na produção animal, visto que a alimentação é responsável pela maior parcela dos custos da atividade. Especialmente no sistema de confinamento os produtores e pesquisadores são levados a buscar fontes alimentares com um custo mais baixo, o que, por sua vez, proporciona aos animais desempenhos satisfatórios, sem comprometer atividades metabólicas do organismo (Alves, 2013). A pupunha (Bactris gasipaes) tem se tornado uma opção agrícola na Bahia, além do palmito, com excelente valor de mercado, a produção dos seus frutos pode ser utilizada para extração de sementes. A expansão do plantio e renovação de áreas já estabelecidas associadas à proibição de importação de sementes emitida, pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), proporcionou aumento na demanda, fazendo com que empresas de palmito já estabelecidas na região, direcionassem parte da plantação de pupunha para a produção de frutos. A população, nesta região, não possui hábito em consumi-los e com isso as empresas possuem dificuldade em escoar a polpa dos frutos, após extração das sementes. Assim, a produção da farinha para alimentação de ruminantes pode ser uma nova alternativa alimentícia. A farinha de pupunha constitui um alimento com grande potencial de uso na alimentação animal e pode ser convertido em produtos comerciais, mas para tanto é necessário conhecer níveis de inclusão que garanta produtividade em sistemas de produção. A utilização de novas alternativas de alimentos para compor dietas pode provocar alterações no comportamento ingestivo dos animais, vale lembrar que, melhorias nas eficiências das atividades podem ser observadas ou não. Além disso, novas técnicas de alimentação podem provocar alterações no comportamento físico e metabólico, refletindo no seu comportamento alimentar dos animais (Carvalho, 2008). Conduziu-se o experimento para avaliar o comportamento ingestivo em caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho no concentrado (0; 10; 40; 60 e 85% da matéria seca do concentrado). 61 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC e com altitude média de 268 m. Foi utilizado 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada. Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto, providos de cocho e bebedouro. A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça em três dias consecutivos, com revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em um triturador de mandioca e posteriormente a massa triturada foi conduzida para o torrador de farinha mecanizado, essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40 minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade promovida pela torração, pode-se verificar o clareamento da massa para farinha. As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme equações do NRC (2007) e foram considerados: ganho de peso diário de 200g; maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40% de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1). As dietas foram fornecidas diariamente às 7:00 e 16:00h, ad libitum, de forma a permitir 10 a 20% do fornecimento em sobras. O consumo voluntário diário foi 62 calculado pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras que foram colhidas e pesadas em balança digital, pela manhã, durante os 98 dias de experimento. A composição química do feno de Tifton 85, farinha de pupunha e concentrados com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha podem ser verificados na Tabela 2, enquanto que a composição das dietas pode ser verificada na Tabela 3. Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) Níveis de farinha de pupunha (% MS) Ingredientes 0 10 40 60 85 Feno de Tifton 85 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 Milho moído 50,7 45,6 29,7 20,3 7,6 Farelo de soja 17,8 17,8 17,8 17,8 17,8 Farinha de pupunha 0,0 5,1 21,0 30,4 43,1 Suplemento mineral1 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Total 100 100 100 100 100 Proteína bruta estimada (% MS) 15,2 15,2 15,0 14,9 14,8 Energia metabolizável estimada (Mcal/kg) 2,7 2,7 2,7 2,7 2,7 1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350 mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I. Em cada subperíodo experimental, foram colhidas amostras do fornecido, tanto do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, as quais foram acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer -20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm, e foram feitas amostras compostas por animal e período, e identificadas para posteriores análises laboratoriais. Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) (AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996). 63 A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e bromatológica dos alimentos, bem como das sobras e fezes foram realizadas no laboratório de Forragicultura e Pastagens da UESB. Tabela 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item Feno de Tifton 85 0% 10% 40% 60% 85% Farinha de Pupunha MS 92,8 91,4 92,7 92,8 92,7 93,0 93,2 91,6 95,3 94,8 94,8 94,1 94,1 97,1 8,4 4,7 5,2 5,2 5,9 5,9 2,9 1 MO Cinza 1 PB1 8,8 18,3 18,0 17,5 17,1 15,5 7,8 2 40,5 51,3 47,4 46,9 48,9 62,7 11,6 2 PIDA 27,5 24,1 20,5 13,4 15,7 16,4 19,7 EE1 1,4 2,8 3,5 5,9 6,8 8,2 11,5 81,4 74,3 72,5 72,4 69,3 70,3 77,8 3,9 35,6 41,7 44,0 43,9 45,3 65,8 7,7 39,4 44,5 46,7 46,9 48,4 56,1 77,6 38,7 30,8 28,4 25,4 25,1 12,0 73,7 34,9 28,0 25,7 22,4 22,0 10,5 24,7 1,2 1,0 1,8 2,2 1,6 2,7 52,8 37,5 29,8 26,6 23,1 23,4 9,3 40,4 16,3 16,5 11,5 13,8 14,0 4,5 15,2 0,5 0,7 1,0 1,2 1,3 1,8 37,2 22,3 14,3 16,9 11,6 11,0 7,5 9,7 14,6 7,8 7,0 7,6 6,1 5,8 2,0 0,1 0,1 0,2 0,4 0,7 1,1 74,8 97,5 97,6 96,8 96,3 96,9 95,8 28,3 1,9 1,9 2,8 3,7 3,4 4,1 58,6 78,7 78,9 78,2 78,0 78,3 80,6 PIDN CT 1 1 CNF CNFcp1 1 FDN FDNcp 1 FDNi1 1 FDNpd 1 FDA FDAi1 Hemicelulose Celulose Lignina1 MSpd MSi 1 1 NDT1,3 1 1 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 64 Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item 0% 10% 40% 60% 85% 91,8 92,7 92,8 92,7 92,9 94,2 93,8 93,9 93,4 93,3 5,8 6,2 6,1 6,6 6,7 15,4 15,3 14,9 14,6 14,2 PIDN2 48,1 45,3 45,0 46,4 56,0 2 25,1 22,6 17,6 19,2 19,7 2,4 2,9 4,5 5,1 6,1 76,4 75,2 75,1 72,9 73,7 26,1 30,3 31,9 31,9 32,9 29,9 33,5 35,0 35,1 36,2 50,3 44,8 43,1 41,0 40,8 46,6 41,7 40,1 37,8 37,5 8,3 8,1 8,7 9,0 8,6 42,1 36,7 34,4 32,0 32,2 23,6 23,7 20,2 21,7 21,9 4,9 5,0 5,2 5,4 5,4 26,8 21,1 23,0 19,3 18,9 13,1 8,4 7,8 8,2 7,2 0,7 0,6 0,7 0,9 1,1 90,7 90,8 90,2 89,8 90,3 9,8 9,8 10,5 11,1 10,9 72,7 72,8 72,3 72,2 72,4 ED(Mcal/kg) 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 EM(Mcal/kg) 2,8 2,8 2,8 2,8 2,9 EL(Mcal/kg) 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 MS MO1 Cinza 1 1 PB PIDA 1 EE CT1 1 CNF CNFcp 1 FDN1 FDNcp FDNi 1 1 FDNpd1 1 FDA FDAi 1 Hemicelulose1 Celulose Lignina 1 1 MSpd1 MSi 1 NDT 1,3 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 65 As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006). Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas (Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido (TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente, e o material remanescente da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta etapa, foram retirados da estufa, acondicionados em dessecador e pesados, sendo o resíduo obtido considerado como MSi. Em seguida, os sacos foram acondicionados em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à fervura em detergente neutro por uma hora, logo após foram lavados com água quente e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo considerado como FDNi. Os carboidratos totais (CT) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992), como: CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza). Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo: CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza). Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999), mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação: NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED. Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp digestíveis; e EED = EE digestível. Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7. 66 Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0. Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001): EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12; ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT. A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a equação: EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45. A extração lipídica e o perfil de ácidos graxos dos ingredientes das dietas experimentais foram realizados no Centro de Análises Cromatográficas, localizado na UESB. A fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e farinha de pupunha) foi obtida através de uma mistura de clorofórmio, metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959). A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO (1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos de ensaio, adicionados 2 ml de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução. Em seguida, foram adicionados 2 ml de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (-18ºC), para posterior análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1. Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento equivalente de cadeia (Tabela 4). O consumo individual dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias de fornecimento das dietas experimentais, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta ofertada para cada animal. Dessa forma, foram avaliados os consumos de MS, FDN e nitrogênio (N) em (g/dia). 67 Tabela 4. -1 Perfil de ácidos graxos (g.100g ) dos ingredientes das dietas experimentais Ácidos graxos (g.100g-1) Feno de Tifton 85 Farelo de soja Milho Farinha de pupunha Lipídeos totais 2,8 4,1 2,2 9,5 C6:0 Capróico n.d n.d n.d 1,49 C8:0 Caprílico 0,42 0,06 0,03 0,39 C11:0 Undecanóico 0,82 0,05 n.d 0,03 C12:0 Láurico 0,65 0,02 0,06 0,39 C13:0 Tridecílico n.d 0,002 n.d 0,02 C14:0 Mirístico 1,00 0,10 0,05 0,29 C15:0 Pentadecílico n.d 0,06 n.d. 0,13 C16:0 Palmítico 27,2 18,49 10,49 8,70 C17:0 Margárico 2,32 0,18 0,07 0,18 C18:0 Esteárico 5,96 5,97 4,14 2,40 C20:0 Araquídico 3,56 n.d 1,12 n.d C23:0 Tricosanóico n.d n.d 0,18 0,80 Saturados totais 41,91 24,93 16,14 14,82 C15:1 (10)-Pentadecenóico 0,93 n.d n.d 13,64 C16:1 Palmitoléico 0,12 0,07 0,08 1,98 C17:1 (10)-Heptadecenóico 0,94 0,05 0,04 0,07 C18:1n-9C Oléico 0,20 0,10 n.d 0,20 C18:2n-6T Linolelaídico 8,14 16,63 7,08 53,95 C18:2 Ω-6 Linoléico 11,83 52,20 73,93 12,83 C18:3 Ω-3 α-Linolênico 10,30 4,40 1,04 1,74 C20:1 Gadoléico n.d 0,23 0,61 0,03 C20:3 Ω-3 Di αlinolênico 3,88 0,68 0,43 0,13 C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico 4,09 n.d n.d n.d C22:1n-9 Erúcio n.d 0,07 0,02 0,10 C20:4 Ω-6 Araquidônico 10,03 0,18 0,06 0,07 C20:5 Ω-3 Timnodónico 3,26 0,34 0,54 0,33 DHA Cervônico 4,37 0,09 0,01 0,11 Insaturados totais 58,08 75,07 83,86 85,18 Monoinsaturados 2,19 0,54 0,77 16,01 Poli-insaturados 55,89 74,53 83,09 69,26 n.d: não detectado. 68 Para avaliação do comportamento ingestivo, os animais foram submetidos a observação visual durante um período de 24 horas no 19º dia de cada período experimental, sendo as observações realizadas em intervalo de cinco minutos, para a avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e ócio. Durante as avaliações noturnas o ambiente foi mantido com iluminação artificial. No mesmo dia realizou-se três observações de cada animal sendo dividas em três períodos: manhã, tarde e noite. Nestes períodos, foi registrado o número de mastigações por bolo ruminal e o tempo gasto para ruminação de cada bolo. A coleta dos tempos gastos em cada atividade foi feita com o auxílio de cronômetros digitais, manuseados por quatro observadores, que ficaram dispostos de forma a não interferir no comportamento dos animais. Na estimativa das variáveis comportamentais alimentação e ruminação (min/kg MS e FDNcp), eficiência alimentar (g MS e FDN/hora), eficiência em ruminação (g de MS e FDNcp/bolo e g MS e FDNcp/hora) e consumo médio de MS e FDNcp por período de alimentação, considerou-se o consumo voluntário de MS e FDN do 18o e 19o dia de cada período experimental, sendo as sobras computadas entre o 18o ao 19o dia. O número de bolos ruminados diariamente foi obtido da seguinte forma: tempo total de ruminação (min) divido pelo tempo médio gasto na ruminação de um bolo. A concentração de MS e FDNcp em cada bolo (g) ruminado foi obtida a partir da divisão quantidade de MS e FDNcp consumida (g/dia) em 24 horas pelo número de bolos ruminados diariamente. A eficiência de alimentação e ruminação foi obtida da seguinte forma: EALMS = CMS/TAL; EALFDN = CFDN/TAL; Em que: EALMS (g MS consumida/h); EALFDN (g FDN consumida/h) = eficiência de alimentação; CMS (g) = consumo diário de matéria seca; CFDN (g) = consumo diário de FDN; TAL = tempo gasto diariamente em alimentação. ERUMS = CMS/TRU; ERUFDN = CFDN/TRU; Em que: ERUMS (g MS ruminada/h); ERUFDN (g FDN ruminada/h) = eficiência de ruminação e TRU (h/dia) = tempo de ruminação. TMT = TAL + TRU Em que: TMT (min/dia) = tempo de mastigação total. O número de períodos de alimentação, ruminação e ócio foram contabilizados pelo número de sequências de atividades observadas na planilha de anotações. A 69 duração média diária desses períodos de atividades foi calculada dividindo a duração total de cada atividade (alimentação, ruminação e ócio em min/dia) pelo seu respectivo número de períodos discretos. A análise dos dados de comportamento ingestivo foi realizada pelo procedimento MIXED do programa computacional estatístico SAS (Littell et al., 1996), versão 19.1 (SAS, 2006), considerando-se um modelo misto. Realizaram-se contrastes polinomiais para comparação entre as médias da dieta que continha apenas milho (0% da farinha de pupunha) e dietas envolvendo farinha de pupunha em substituição ao milho (10, 40, 60 e 85%) (A). A avaliação de efeitos de ordem linear (L) e quadrático (Q) em função dos níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha foram decompostos em contrastes polinomiais (Tabela 5). Tabela 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates polinomiais empregados na decomposição da soma dos quadrados Coeficientes Contrastes 0 10 40 60 85 A 4 -1 -1 -1 -1 L -2 -1 0 1 2 Q 2 -1 -2 -1 2 No estudo das equações de regressão, o modelo utilizado foi Y = (b0 + b1Tr + b2Tr2) + ε; NID (0; 2). Onde: Y = o valor estimado em função dos tratamentos; b0 = intercepto; b1 e b2 definiram a variação de Y em função do nível de inclusão; e Tr = nível de inclusão (0, 10; 40; 60; 85% de farinha de pupunha). 70 RESULTADO E DISCUSSÃO Para o consumo de matéria seca em 24 horas verificou-se efeito da inclusão da farinha de pupunha, sendo que as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram menores valores 734,3; 594,6; 615,0 e 471,0 g, respectivamente, para os níveis 0, 10, 40, 60 e 85% da farinha de pupunha no concentrado, quando comparado com a dieta exclusivamente com milho. Assim, estabeleceu uma relação entre o consumo da dieta controle e a do grupo contendo a farinha de pupunha, na qual pode-se destacar uma redução de 35,7% entre os consumos (Tabela 6). Verificou-se a equação de regressão em função dos níveis da farinha de pupunha, constatou-se efeito linear decrescente para esta variável. Sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado ocorreu uma redução de 3,23 unidades no consumo de matéria seca (Tabela 6). Constatou-se que os resultados obtidos para os consumos de matéria seca em 24 horas podem estar associados a maior aceitabilidade por parte dos animais para com o concentrado contendo milho. Esse fato ficou claramente perceptível ao verificar as sobras dos cochos da dieta controle que apresentavam sobras homogêneas do volumoso e concentrado, no entanto, para as dietas contendo farinha de pupunha observou-se ingestão total do volumoso e as sobras continha apenas concentrado, sendo visível essa observação para os concentrados com 60 e 85% de farinha de pupunha, os motivos que podem ser associados a menor ingestão dos referidos concentrados poder ser o elevado teor de extrato etéreo presente nas dietas conforme apresentado na tabela 3. Em trabalho desenvolvido por Jesus et al. (2010) avaliando o comportamento ingestivo e respostas fisiológicas de cabritos ¾ Boer submetidos a dietas com níveis de óleo de licuri (0,0; 1,5; 3,0; e 4,5% no concentrado) verificou-se que a equação de regressão para o consumo de matéria seca apresentou efeito quadrático, porém, entre os níveis de adição do óleo, a tendência foi linear decrescente. Segundo os autores esse decréscimo pode ter ocorrido, em função do aumento da concentração energética com adição do óleo de licuri, fato que deflagraria os mecanismos fisiológicos de saciedade. Contudo, no presente trabalho esse efeito pode não ter ocorrido, uma vez que as dietas apresentaram concentrações energéticas semelhantes, assim parece ser mais coerente associar as reduções no consumo de matéria seca ao efeito tóxico dos ácidos insaturados aos microrganismos ruminais, sendo que os ingredientes que constituíam as dietas 71 apresentavam maior proporção de ácidos graxos insaturados em relação aos saturados (Tabela 4). Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes dos consumos de matéria seca (CMS) e fibra em detergente neutro corrigida para cinza e proteína (CFDNcp), atividades de alimentação, ruminação, mastigação e ócio em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Tabela 6. Efeito1 Níveis de farinha de pupunha Item 0 10 40 60 85 EPM M vs P L Q Consumo em 24 horas (g) CMS2 CFDNcp 3 732,8 734,3 594,6 615,0 471,0 20,8 0,0001 0,0001 0,1579 353,3 285,0 215,1 221,1 145,6 13,9 0,0001 0,0001 0,1593 Alimentação Min/kg MS4 Min/kg FDNcp 5 302,8 314,1 446,9 421,9 565,3 21,9 0,0006 0,0001 0,3584 625 807 1221 1176 1852 18,4 0,0001 0,0001 0,0738 Ruminação Min/dia6 Min/kg MS 7 Min/kg FDNcp 8 394,3 462,5 462,0 420,2 438,8 8,9 0,0163 0,4172 0,0463 539,9 632,4 778,0 696,3 916,4 28,0 0,0001 0,0001 0,8406 1118 1628 2185 1971 2897 23,0 0,0001 0,0001 0,9096 Mastigação Nº/bolo9 57,2 55,2 51,3 52,0 55,9 1,2 0,2234 0,4878 0,1029 63,0 61,4 58,7 58,8 62,8 1,1 0,3868 0,7152 0,1697 21404 24887 24269 22351 23361 46,1 0,5478 0,4694 0,9724 615,5 691,7 726,0 680,2 706,0 13,1 0,0084 0,0546 0,0824 Min/kg MS 843 946 1225 1118 1505 46,7 0,0001 0,0001 0,2873 Min/kgFDNcp14 1743 2435 34061 2971 4641 19,0 0,0001 0,0001 0,1835 759,8 734,0 13,1 0,0084 0,0557 0,0824 Seg/bolo 10 Nº/dia 11 Min/dia12 13 Ócio Min/dia 15 824,5 748,3 714,0 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2/ Ŷ 744,52* – 3,2311X*; 3/ Ŷ 320,38* – 2,0696X*; 4/ Ŷ 295,86* + 2,8932X*; 5/ Ŷ 638,23* + 13,3434X*; 6/ Ŷ 414,65* + 1,8991X**** - 0,02032X2**** 7/ Ŷ 572,72* + 4,1286X*; 8/ Ŷ 1171,21* + 20,5682X*; 9/ Ŷ 53,0124*; 10/ Ŷ 60,5828*; 11/ Ŷ 23148*; 12/ Ŷ 691,12*; 13/ Ŷ 862,32* + 7,4901X*; 14/ Ŷ 15 2010,04* + 31,2408X*; / Ŷ 748,88*. A palatabilidade tem sido considerada um fator importante e determinante na seleção e ingestão de alimentos e há uma estreita relação da palatabilidade dos alimentos com o seu valor energético com consequente aumento do peso corporal 72 (Batista et al., 2007). Segundo Hill (2007) a palatabilidade pode ser definida como a percepção sensorial do alimento e pode ser influenciada pelo olfato, textura, nutrientes ou texturas. Assim, vale ressaltar, que a farinha de pupunha ao longo do experimento sofreu o processo de oxidação, sendo perceptível pela mudança na coloração e odor. De maneira semelhante ao consumo de matéria seca em 24 horas comportou-se as médias para o consumo de FDNcp (Tabela 6). Pode-se relatar que os níveis de farinha de pupunha presentes no concentrado influenciou negativamente o consumo de FDNcp de modo que o maior percentual de consumo foi constatado para a dieta controle e o menor valor para a dieta contendo 85% de farinha de pupunha. O contraste entre a dieta contendo apenas milho com o grupo de dietas contendo farinha de pupunha apresentou efeito de modo que a dieta controle destacou-se por apresentar maior consumo de FDNcp em 24 horas em relação as dietas com farinha de pupunha. A equação de regressão vem confirmar a redução no consumo, registrando-se efeito linear decrescente, sendo que para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada no concentrado houve uma redução de 2,07 unidades de consumo da FDNcp. A quantidade de alimento consumida em determinado período de tempo é modificada mediante o número de refeições, como também pela duração e a velocidade de ingestão. Assim, o consumo de FDNcp em 24 para as dietas contendo farinha de pupunha foram influenciadas diretamente pelo menor consumo de matéria seca em 24 horas, tendo em vista que os animais alimentados com dietas contendo pupunha consumiram quantitativamente menos feno, uma vez que a relação volumoso: concentrado era fixa (30:70) e ajustava-se o consumo diariamente, o que contribuiu diretamente na redução do consumo de FDNcp. O estudo do comportamento ingestivo é relevante para a nutrição animal, pois permite entender os fatores que atuam na regulação da ingestão de alimentos e água e estabelece ajustes que melhorem a produção (Mendonça et al., 2004). Assim, houve efeito significativo da utilização de níveis crescente de farinha de pupunha no concentrado sobre os tempos despendidos com a alimentação. O contraste entre o grupo de dietas contendo pupunha e o contendo apenas milho foram significativos, na qual o grupamento contendo farinha de pupunha apresentaram maiores tempos de alimentação (min/kg de MS e min/kg de FDNcp) quando relacionado com a controle (Tabela 6). Analisando a equação de regressão para o tempo de alimentação, pode-se identificar efeito linear crescente em função dos níveis da farinha de pupunha nas 73 dietas. Assim, os tempos de alimentação em min/kg de MS e min/kg de FDNcp apresentaram, respectivamente, incrementos de 2,9 e 13,3 unidades para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado (Tabela 6). Os resultados apresentados estão em consonância com os fatos verificados no momento da avaliação do comportamento, no qual os animais alimentados com a dieta controle acessavam o cocho em momentos pontuais e prolongados, enquanto que os animais alimentados com as dietas contendo farinha de pupunha procuravam o alimento mais vezes em curtos intervalos de tempo, levando a comprovação que os animais alimentados com dietas com farinha de pupunha despenderam mais tempo na atividade de alimentação. Desse modo, as dietas com maior quantidade de farinha de pupunha no concentrado proporcionaram maior tempo de ruminação independente da forma expressa, sendo de 438,8 min/dia, 916,4 min/kg MS e 2897 min/kg FDNcp (Tabela 6). Desta maneira, a análise do contraste corrobora com os referido resultados, demostrando que o grupo de dietas contendo farinha de pupunha, para suas variadas formas de expressão, apresentou maiores períodos despendidos na atividade de ruminação quando comparado com a dieta controle. As atividades de ruminação, em min/dia, ao ser analisada em função dos níveis de farinha de pupunha, neste caso, pode-se constatar que a equação de regressão apresentou um comportamento quadrático, sendo estimado um valor máximo de 459,0 min/dia na atividade de ruminação para um nível de 46,7% de farinha de pupunha. Em sequência, pode ser observado que a equação de regressão obtida para atividade de ruminação, em min/kg MS e min/kg FDNcp, apresentaram efeito linear crescente, na qual verifica-se que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado, respectivamente, houve um aumento de 4,1 e 20,6 unidades percentuais (Tabela 6). Outra inferência interessante a ser ressaltada sobre os resultados apresentados é como o alto teor de concentrado na dieta total associado à elevação do percentual de gordura das dietas a partir dos níveis de farinha de pupunha (Tabela 3 e 4), pode ter inibido a ação dos microrganismos que degradam a fibra e assim compromete a digestibilidade e a taxa de passagem da mesma. Sendo que os ingredientes que compunha as dietas possuem elevado teor de ácidos graxos insaturado, na qual o feno de Tifton 85 possui 58,08 %, o farelo de soja 75,07%; o milho 83,86% e a farinha de 74 pupunha 85,18% (Tabela 4). Entretanto, todos esses fatores podem influenciar a digestibilidade da FDN. As observações encontradas para as atividades de ruminação foram elevadas e estão de acordo com os obtidos por Ribeiro (2003), no qual relatou em seu trabalho que caprinos podem gastar mais de um terço de seu tempo ruminando e além do teor de fibra, o comprimento da partícula da forragem. A quantidade de forragem consumida e o estresse térmico são alguns fatores que afetam o tempo de ruminação em caprinos, podendo afetar secundariamente outros parâmetros do comportamento ingestivo como o tempo total em alimentação e ócio e as eficiências em alimentação e ruminação. A inclusão de níveis crescentes de farinha de pupunha nos concentrados não promoveu interferência sobre os tempos despendidos com atividade de mastigação (Tabela 6). Assim, verificou-se valores médios de 53,0; 60,6; 23148; 691,1 para as variáveis dependentes relacionadas à atividade de mastigação, expressos em Nº/bolo, segundo/bolo, Nº/dia e Min/dia. No entanto, para as mastigações expressa, em min/kg MS e min/kg de FDNcp, foi observado efeito no qual a análise do contrataste demostrou que as dietas contendo farinha de pupunha diferiram da dieta controle por apresentar maiores valores nas referidas taxas de mastigação. Esses resultados são reforçados pela observação da equação de regressão que apresentou efeito linear crescente (Tabela 6), sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado constatou-se incrementos da ordem de 7,4 e 31,2 unidades na atividade de mastigação, em min/kg MS e min/kg de FDNcp. Observou-se que o efeito de contraste, no qual o grupo de dietas contendo farinha de pupunha apresentou menor tempo despendido em ócio quando comparado com a dieta controle (Tabela 6). Esses resultados apresentados podem ser explicados, possivelmente, pelo fato dos animais terem despendido mais tempo no cocho com a seleção do alimento, elevando-se o tempo de alimentação e ruminação. Além disso, a adição da farinha de pupunha provavelmente aumentou o tempo necessário para redução do tamanho de partícula no rúmen, em consequência do incremento na relação ácidos graxos insaturados/FDN, sobretudo nas dietas contendo 85% de farinha de pupunha. Esse efeito está relacionado à implicação negativa que os lipídeos têm sobre a fermentação ruminal, por inibição do desenvolvimento dos microrganismos, particularmente os celulolíticos (NRC 2001; Martinele et al., 2008). Contudo, à medida que os animais despendem mais tempo em ruminação, menores tempos são destinados à alimentação e ócio. 75 A eficiência de alimentação foi influenciada diretamente através da utilização de farinha de pupunha na composição de dietas para caprinos. Menores eficiências de alimentação foram observadas para os tratamentos contendo farinha de pupunha quando comparado com o tratamento controle, independente da forma expressada. Assim, para as dietas contendo 0, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha, verificou-se valores médios, respectivamente, de 202,1; 196,8; 141,7; 145,7 107,9 g MS/hora e 97,3; 76,1; 49,9; 51,8 e 33,1 g FDN/hora. Desta maneira, foi possível estabelecer relações e observar reduções drásticas na eficiência de alimentação, em g MS/hora e g FDN/hora, respectivamente, de 36,6 e 84,6%, quando contrastado os tratamentos controle e o com o grupo de animais que se alimentaram com dietas contendo farinha de pupunha (Tabela 7). Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes das eficiências de alimentação em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Tabela 7. Efeito1 Níveis de farinha de pupunha Item 0 10 40 60 85 EPM M vs P L Q Eficiência de alimentação g MS/hora2 g FDNcp/hora 3 202,1 196,8 141,7 145,7 107,9 8,4 0,0007 0,0001 0,8967 97,3 76,1 49,9 51,8 33,1 4,5 0,0001 0,0001 0,0303 Eficiência de ruminação Bolos (nº/dia)4 g MS/bolo 5 g FDNcp/bolo 6 g MS/hora7 g FDNcp/hora 8 379,8 454,4 475,0 430,3 427,9 11,7 0,0203 0,3554 0,0231 2,0 1,6 1,3 1,5 1,1 0,1 0,0001 0,0001 0,1450 0,95 0,63 0,46 0,52 0,34 0,1 0,0001 0,0001 0,0031 112,5 96,2 77,4 88,9 64,2 3,6 0,0449 0,0001 0,8213 54,3 37,3 28,1 32,1 19,9 2,3 0,0001 0,0001 0,0104 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2 / Ŷ 203,50* – 1,1118X*; 3/ Ŷ 87,1578* – 0,6346X*; 4/ Ŷ 409,15* + 2,7838X**** – 0,03410X2***; / Ŷ 1,6959* – 0,00701X*; 6/ Ŷ 0,6752* – 0,00391X*; 7/ Ŷ 100,02* – 0,4287X*; 8/ Ŷ 40,2828* – 0,2405X*. 5 Outra avaliação que permite melhor analisar os resultados de eficiência alimentar e a verificação da equação de regressão, na qual apresentou comportamento linear decrescente e para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado, reduções da ordem de 1,1 e 0,6 unidades foram observadas, 76 respectivamente, nas eficiências de alimentação, em g MS/hora e g FDN/hora (Tabela 7). Esses resultados ocorreram, provavelmente, devido à queda no consumo sem redução equivalente no tempo de alimentação, na qual se pôde verificar no decorrer do experimento, que os animais ao se alimentaram com dietas contendo farinha de pupunha, permaneceram mais tempo no cocho selecionando os alimentos sem necessariamente consumi-los, com uma maior preferencia pelo feno em detrimento ao concentrado e isto possivelmente provocou a queda no consumo de matéria seca em 24 horas e elevou o tempo de alimentação, reduzindo consequentemente as eficiências de ingestão e ruminação. A utilização da farinha de pupunha na alimentação de caprinos interferiu significativamente na eficiência de ruminação, sendo verificado acentuadas reduções nas dietas contendo 85% da farinha de pupunha, cujos valores foram 427,9 bolos/dia, 1,1 g MS/bolo e 0,34 g FDN/bolo. Não diferindo dos resultados apresentados, ocorreu efeito de contraste entre a dieta que continha apenas milho e as dietas que apresentavam níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha, na qual a dieta controle apresentou melhores resultados na eficiência de ruminação (bolos nº/dia; g de MS/bolo e g de FDN/bolo), demostrando ser uma dieta mais bem aceita pelo animais, uma vez que foi a que apresentou maior consumo. A equação de regressão para a variável dependente, eficiência de ruminação apresentou comportamento quadrático (Tabela 7), sendo estimado valor máximo de 465,9 bolos ruminados para o nível de 40,8% da farinha de pupunha adicionada no concentrado. Já para as eficiências, em g de MS/bolo e g de FDN/bolo, as equações destoaram e apresentaram comportamento linear decrescente (P<0,05), cujos valores, respectivamente, foram de 0,007 e 0,004 unidades para cada percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado. Para as eficiências de ruminação, independente da maneira expressada, detectouse superioridade da dieta controle sobre as demais dietas. Assim, as contendo 0, 10, 40, 60 e 85% da farinha de pupunha, apresentam valores médios, respectivamente, de 112,5; 96,2; 77,4; 88,9 e 64,2 g MS/hora e 54,3; 37,3; 28,1; 32,1 e 19,9 g FDN/hora (Tabela 5). Desta maneira, houve o interesse em estabelecer relações e com isso observou-se reduções interessantes na eficiência de ruminação, em g MS/hora e g FDN/hora, respectivamente, de 75,2 e 172,9%, quando contrastado os tratamentos controle e o contendo 85% de farinha de pupunha. 77 Na avaliação do contraste para a eficiência de ruminação a utilização de níveis da farinha de pupunha no concentrado imprimiu influencia sobre os resultados de modo que as dietas controle se destacaram em relação às contendo farinha de pupunha (Tabela 7). Em conformidade com os resultados abordados, as equações de regressão apresentaram comportamento linear decrescente, sendo que para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado verificou-se uma redução de 0,43 e 0,24 unidades nas eficiências de ruminação, expressas em g MS/hora e g FDN/hora. Em estudo desenvolvido por Mertens (2001), o tempo de mastigação está relacionado ao consumo de matéria seca, à concentração de fibra em detergente neutro da dieta e este associado ao tamanho da partícula. Nesse contexto, embora o consumo de matéria seca tenha sido mais elevado para a dieta controle (0% de farinha de pupunha), por sua vez, continha maior concentração de fibra (50,3%), foram às dietas contendo farinha de pupunha que proporcionaram maior tempo de mastigação, podendo ser associado a maior preferencia dos animais em consumir inicialmente o feno e assim ocorrer maior tempo selecionando o alimento. Não se observou efeito para o contraste entre a dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha sobre as variáveis número de períodos de alimentação, ruminação e ócio. Entretanto, recorrendose aos demais contrastes, observou-se que independente da dieta ofertada foram verificados números de períodos médios de 10,6 e 26,9 para alimentação e ócio, no entanto, verificou ajuste de equação de regressão para períodos de ruminação, apresentando efeito linear crescente, no qual para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado ocorreu um aumento de 0,03 unidades de período de ruminação (Tabela 8). Muitos são os fatores que podem afetar a ingestão de alimentos em ruminantes, provocando efeito direto sobre o comportamento ingestivo, dentre eles o teor de fibra em detergente neutro (Van Soest, 1994), teor de gordura e a forma física da dieta. A ausência de efeito significativo de contraste para as variáveis, números de períodos de alimentação, ruminação e ócio, bem como, o tempo gasto por período de alimentação e ruminação, podem ser explicadas pela maior preferência dos animais pelas dietas com menor percentual da farinha de pupunha. Notou-se também, a interferência que o extrato etéreo ocasionou sobre a ingestão de matéria seca, uma vez que o volumoso e o 78 concentrado foram os mesmos, diferenciando apenas pela substituição do milho por níveis crescentes de farinha de pupunha. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes do número e tempo médio despendido por período nas atividades de alimentação, ruminação e ócio e consumo de MS e FDNcp por período de alimentação em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Tabela 8. Item Níveis de farinha de pupunha 0 10 40 60 85 EPM Efeito1 M vs P L Q Número de períodos (nº/dia) Alimentação Ruminação 2 3 Ócio4 9,8 11,1 10,9 11,1 10,7 0,4 0,3483 0,5945 0,4596 19,7 19,2 20,4 19,7 21,8 0,4 0,5477 0,0897 0,2849 26,2 26,1 27,2 27,5 27,5 0,4 0,4568 0,2393 0,9030 Tempo gasto por período (min) Alimentação Ruminação6 Ócio 7 5 22,9 21,6 22,5 23,8 24,1 0,8 0,9742 0,4649 0,6171 20,3 24,3 22,7 21,5 20,9 0,6 0,1225 0,6891 0,0574 31,7 28,8 26,5 27,8 25,7 0,7 0,0103 0,0109 0,3574 Consumo médio por período de alimentação (kg) MS8 0,077 0,070 0,053 0,057 0,049 0,01 0,0174 0,0049 0,4709 FDNcp9 0,037 0,027 0,018 0,020 0,013 0,01 0,0001 0,0001 0,1095 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). / Ŷ 10,6358*; 3/ Ŷ 19,1492* + 0,02720X****; 4/ Ŷ 26,9316*; 5/ Ŷ 23,4996*; 6/ Ŷ 23,7344* – 2 7 8 9 0,03225X****; / Ŷ 29,8341* – 0,04860X****; / Ŷ 0,07478* – 0,00031X**; / Ŷ 0,03182* – 0,00022X*. A utilização de níveis da farinha de pupunha em substituição ao milho no concentrado não interferiu nos resultados a ponto de detectar diferenças entre as dietas, para o tempo gasto por período de alimentação e ruminação. Entretanto, para o mesmo contraste houve efeito do tempo gasto por período de ócio, cujos valores implicam em relatar que o grupo de dietas contendo farinha de pupunha dispenderam menor período em ócio. Desta maneira, independente da dieta ofertada verificou-se um tempo gasto médio por períodos de alimentação de 23,5. Para as demais variáveis, notou-se que houve ajuste para equações com comportamento linear decrescente, visto que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado percebeu-se uma 79 redução de 0,03 e 0,05 unidades no tempo gasto por período de ruminação e ócio (Tabela 8). Na avaliação do consumo médio por período de alimentação houve efeito de contraste e assim as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram menores consumos de MS e FDN por período de alimentação em relação à dieta controle. Assim, para as dietas contendo 0, 10, 40, 60 e 85% da farinha de pupunha, verificou-se valores médios, respectivamente, de 0,077; 0,070; 0,053; 0,057 e 0,049 kg de MS por período de alimentação e 0,037; 0,027; 0,018; 0,020 e 0,013 kg de FDN por período de alimentação (Tabela 8). Desta maneira, observou-se reduções, respectivamente, de 35,1 e 89,7%, quando contrastado os tratamentos controle e os tratamentos contendo farinha de pupunha. Esses resultados são reforçados pela observação das equações de regressão que apresentaram efeito linear decrescente em decorrência da substituição do milho pela farinha de pupunha no concentrado. Essa resposta ocorreu, provavelmente, em função dos valores observados para o consumo de MS e FDNcp em 24 horas, o qual foi afetado pela substituição do milho por níveis crescentes de farinha de pupunha. CONCLUSÕES Mediante os estudos desenvolvidos constatou-se, que a utilização da farinha de pupunha em dietas para caprinos em confinamento não promoveu modificação no comportamento ingestivo, evidenciado pelas alterações nas atividades diárias de alimentação, ruminação e ócio, mas afetou as eficiências de alimentação e ruminação. 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, E.M. Ureia de liberação lenta em substituição a ureia convencional na alimentação de ovinos. 2013. 118p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, UESB, Itapetinga, 2013. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. 16. ed. Arlington, Virginia: AOAC International, 1995. BATISTA, S.M.M.; ASSIS, M.A.A. de; TEIXEIRA, E.; DAMIAN, C. 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A ingestão de nitrogênio reduziu linearmente (P<0,05) à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho. Os animais que receberam dietas com níveis de farinha de pupunha apresentaram menor média para o N-digerido (14,9 g/dia), quando comparado com a média (17,1 g/dia) dos caprinos que ingeriram concentrado que possuía apenas milho como fonte energética. A excreção de nitrogênio na urina diminuiu à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho no concentrado. A utilização de 39,0% de substituição do milho pela farinha de pupunha reduziu a excreção de ureia na urina. Foi verificada máxima retenção de nitrogênio (7,83 g/dia) ao nível de 28,9% de substituição do milho pela farinha de pupunha. Palavras-chave: Alimentação, Coproduto, Balanço de nitrogênio, Ureia 83 V – CHAPTER III NITROGEN METABOLISM IN GOATS FED PEACH-PALM FLOUR ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the nitrogen balance, the urea concentrations in urine and plasma of goats fed peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. The nitrogen intake linearly decreased (P <0.05) by means of the substitution of corn for peach-palm flour. The animals fed diets with levels of peach-palm flour presented smaller average for the N-digested (14.9 g / day), when compared with the average (17.1 g / day) of the goats that ingested concentrate which had only corn as energy source. Nitrogen excretion in urine decreased the measure which the peach-palm flour replaced corn in the concentrate.The use of 39.0% replacement of corn for peach-palm flour reduced the excretion of urea in the urine. Was observed nitrogen retention maximum(7.83 g / day) at the level of 28.9% replacement of corn for peach-palm flour. Key words: Coproduct, Feed, Nitrogen balance, Urea 84 INTRODUÇÃO A região Nordeste tem se destacado durante séculos como área de vocação para a exploração de ruminantes domésticos, notadamente caprinos e ovinos, pelo potencial da vegetação natural para a manutenção e sobrevivência dos animais destas espécies. Por outro lado, deve-se registrar que o simples fato de os animais apresentarem potencial produtivo ao longo do ano, não atende aos requisitos básicos de uma atividade voltada para as demandas que se manifestam em um mercado moderno e cada vez mais exigente. Assim, a implementação de regime de manejo adequada para cada fase da exploração (produção, recria e terminação) e a adoção de técnicas modernas, são prérequisitos para melhoria na produtividade do rebanho (Calvacante et al., 2014). A terminação de caprinos em confinamento ainda não é uma realidade em sistemas de produção no Nordeste. Os elevados preços dos alimentos concentrados tradicionais dificultam o acesso dos produtores a estas técnicas. Assim, justifica-se a busca por alimentos alternativos que possuem potencial para serem utilizados em dietas. A polpa dos frutos de pupunha possui potencial para ser aplicada na dieta de ruminantes, sob forma de farinha, porém possui elevada concentração de gordura (62% de óleo) (Ferreira & Pena, 2003), que a depender da quantidade inserida na dieta podem promover modificação na fermentação ruminal e assim afetar a eficiência microbiana (Kosloski, 2009). Neste tocante, modificações no sincronismo entre proteína e energia também podem ocorrer, provocando aumento na excreção urinária de ureia e retenção de nitrogênio negativo. Desta maneira, as avaliações desses parâmetros são importantes e necessários para verificar e estabelecer limites de aplicações de novas tecnologias, sem que haja prejuízos à produção animal (Carvalho et al., 2010). Conduziu-se o experimento para avaliar o balanço de nitrogênio e a excreção de ureia em caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho no concentrado (0; 10; 40; 60 e 85%). 85 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC e com altitude média de 268 m. Foram utilizados 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85% da farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada. Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto, providos de cocho e bebedouro. A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça por três dias consecutivos, com revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em um triturador de mandioca, posteriormente a massa triturada foi conduzida para o torrador de farinha mecanizado. Essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40 minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade promovida pela torração, pode-se verificar o clareamento da massa para farinha. As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme equações do NRC (2007) e foram considerados: ganho de peso diário de 200g; maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40% de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1). Em cada subperíodo experimental, foram colhidas amostras do fornecido, tanto do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, os quais foram acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer 86 -20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm, e foram feitas amostras compostas por animal e período, bem como, identificadas para posteriores análises laboratoriais. Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) Níveis de farinha de pupunha (% MS) Ingredientes 0 10 40 60 85 Feno de Tifton 85 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 Milho moído 50,7 45,6 29,7 20,3 7,6 Farelo de soja 17,8 17,8 17,8 17,8 17,8 Farinha de pupunha 0,0 5,1 21,0 30,4 43,1 Suplemento mineral1 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Total 100 100 100 100 100 Proteína bruta estimada (% MS) 15,2 15,2 15,0 14,9 14,8 Energia metabolizável estimada (Mcal/kg) 2,7 2,7 2,7 2,7 2,7 1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350 mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I. Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) (AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996). A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e bromatológica dos alimentos sobras e fezes foram realizadas no laboratório de Forragicultura e Pastagens da UESB. 87 Tabela 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha Item MS 1 MO Cinza 1 Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Feno de Tifton 85 0% 10% 40% 60% 85% Farinha de Pupunha 92,8 91,4 92,7 92,8 92,7 93,0 93,2 91,6 95,3 94,8 94,8 94,1 94,1 97,1 8,4 4,7 5,2 5,2 5,9 5,9 2,9 1 PB 8,8 18,3 18,0 17,5 17,1 15,5 7,8 PIDN2 40,5 51,3 47,4 46,9 48,9 62,7 11,6 PIDA2 27,5 24,1 20,5 13,4 15,7 16,4 19,7 EE1 1,4 2,8 3,5 5,9 6,8 8,2 11,5 CT1 81,4 74,3 72,5 72,4 69,3 70,3 77,8 3,9 35,6 41,7 44,0 43,9 45,3 65,8 7,7 39,4 44,5 46,7 46,9 48,4 56,1 FDN 77,6 38,7 30,8 28,4 25,4 25,1 12,0 FDNcp1 73,7 34,9 28,0 25,7 22,4 22,0 10,5 FDNi1 24,7 1,2 1,0 1,8 2,2 1,6 2,7 FDNpd1 52,8 37,5 29,8 26,6 23,1 23,4 9,3 FDA1 40,4 16,3 16,5 11,5 13,8 14,0 4,5 15,2 0,5 0,7 1,0 1,2 1,3 1,8 37,2 22,3 14,3 16,9 11,6 11,0 7,5 9,7 14,6 7,8 7,0 7,6 6,1 5,8 Lignina1 2,0 0,1 0,1 0,2 0,4 0,7 1,1 MSpd1 74,8 97,5 97,6 96,8 96,3 96,9 95,8 MSi1 28,3 1,9 1,9 2,8 3,7 3,4 4,1 NDT1,3 58,6 78,7 78,9 78,2 78,0 78,3 80,6 1 CNF CNFcp 1 1 FDAi 1 Hemicelulose Celulose 1 1 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 88 Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item 0% 10% 40% 60% 85% 91,8 92,7 92,8 92,7 92,9 94,2 93,8 93,9 93,4 93,3 5,8 6,2 6,1 6,6 6,7 15,4 15,3 14,9 14,6 14,2 PIDN2 48,1 45,3 45,0 46,4 56,0 2 25,1 22,6 17,6 19,2 19,7 2,4 2,9 4,5 5,1 6,1 76,4 75,2 75,1 72,9 73,7 26,1 30,3 31,9 31,9 32,9 29,9 33,5 35,0 35,1 36,2 50,3 44,8 43,1 41,0 40,8 46,6 41,7 40,1 37,8 37,5 8,3 8,1 8,7 9,0 8,6 42,1 36,7 34,4 32,0 32,2 23,6 23,7 20,2 21,7 21,9 4,9 5,0 5,2 5,4 5,4 26,8 21,1 23,0 19,3 18,9 13,1 8,4 7,8 8,2 7,2 0,7 0,6 0,7 0,9 1,1 90,7 90,8 90,2 89,8 90,3 9,8 9,8 10,5 11,1 10,9 72,7 72,8 72,3 72,2 72,4 ED(Mcal/kg) 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 EM(Mcal/kg) 2,8 2,8 2,8 2,8 2,9 EL(Mcal/kg) 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 MS MO1 Cinza 1 1 PB PIDA 1 EE CT1 1 CNF CNFcp 1 FDN1 FDNcp FDNi 1 1 FDNpd1 1 FDA FDAi 1 Hemicelulose1 Celulose Lignina 1 1 MSpd1 MSi 1 NDT 1,3 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 89 As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006). Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas (Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido (TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente, e o material remanescente da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Em seguida, foram retirados da estufa, acondicionados em dessecador e pesados, sendo o resíduo obtido considerado como MSi. Logo após, os sacos foram acondicionados em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco, e submetidos à fervura em detergente neutro por uma hora, sendo em seguida lavados com água quente e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo considerado como FDNi. Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) (AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996). A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006). Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas (Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido (TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente e o material remanescente da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta etapa, foram retirados da estufa e acondicionados em dessecador e pesados, sendo o 90 resíduo obtido considerado como MSi. Prosseguindo, os sacos foram acondicionados em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à fervura em detergente neutro por uma hora, sendo em seguida lavados com água quente e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo considerado como FDNi. Os carboidratos totais (CT) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992), como: CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza). Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo: CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza). Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999), mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação: NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED. Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp digestíveis; e EED = EE digestível. Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7. Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0. Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001): EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12; ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT. A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a equação: 91 EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45. A extração lipídica e o perfil de ácidos graxos dos ingredientes das dietas experimentais foram realizados no Centro de Análises Cromatográficas, localizado na UESB. A fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e farinha de pupunha) foram obtidas através de uma mistura de clorofórmio, metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959). A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO (1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos de ensaio, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução. Em seguida, foram adicionados 2 ml de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (-18ºC), para posterior análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1. Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento equivalente de cadeia (Tabela 4). O consumo individual dos animais foi avaliado no 28º dia de fornecimento das dietas experimentais, do terceiro período experimental, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta ofertada para cada animal. Dessa forma, avaliou-se os consumos de nitrogênio (N) em (g/dia). A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras, os animais tiveram três dias para adaptação antes do período de coleta. As fezes foram colhidas às 06h e 18h durante cinco dias consecutivos em cada subperíodo experimental. Após coletadas as fezes de cada animal foram pesadas e alíquotas de aproximadamente 10% do total excretado foram colocados em sacos plásticos e armazenados em freezer a 20ºC para posteriores analises. As amostras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 65ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm e em seguida foram feitas amostras compostas dos períodos e dos cinco dias de coleta para realização da análise de nitrogênio, conforme metodologia mencionada anteriormente. 92 Tabela 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais Ácidos graxos (g.100g-1) Feno de Tifton 85 Farelo de soja Milho Farinha de pupunha Lipídeos totais 2,8 4,1 2,2 9,5 C6:0 Capróico n.d n.d n.d 1,49 C8:0 Caprílico 0,42 0,06 0,03 0,39 C11:0 Undecanóico 0,82 0,05 n.d 0,03 C12:0 Láurico 0,65 0,02 0,06 0,39 C13:0 Tridecílico n.d 0,002 n.d 0,02 C14:0 Mirístico 1,00 0,10 0,05 0,29 C15:0 Pentadecílico n.d 0,06 n.d. 0,13 C16:0 Palmítico 27,2 18,49 10,49 8,70 C17:0 Margárico 2,32 0,18 0,07 0,18 C18:0 Esteárico 5,96 5,97 4,14 2,40 C20:0 Araquídico 3,56 n.d 1,12 n.d C23:0 Tricosanóico n.d n.d 0,18 0,80 Saturados totais 41,91 24,93 16,14 14,82 C15:1 (10)-Pentadecenóico 0,93 n.d n.d 13,64 C16:1 Palmitoléico 0,12 0,07 0,08 1,98 C17:1 (10)-Heptadecenóico 0,94 0,05 0,04 0,07 C18:1n-9C Oléico 0,20 0,10 n.d 0,20 C18:2n-6T Linolelaídico 8,14 16,63 7,08 53,95 C18:2 Ω-6 Linoléico 11,83 52,20 73,93 12,83 C18:3 Ω-3 α-Linolênico 10,30 4,40 1,04 1,74 C20:1 Gadoléico n.d 0,23 0,61 0,03 C20:3 Ω-3 Di αlinolênico 3,88 0,68 0,43 0,13 C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico 4,09 n.d n.d n.d C22:1n-9 Erúcio n.d 0,07 0,02 0,10 C20:4 Ω-6 Araquidônico 10,03 0,18 0,06 0,07 C20:5 Ω-3 Timnodónico 3,26 0,34 0,54 0,33 DHA Cervônico 4,37 0,09 0,01 0,11 Insaturados totais 58,08 75,07 83,86 85,18 Monoinsaturados 2,19 0,54 0,77 16,01 Poli-insaturados 55,89 74,53 83,09 69,26 n.d: não detectado. 93 No 27º dia do terceiro período experimental, foram realizadas coletas de urina spot, em micção espontânea dos animais, aproximadamente duas, quatro e oito horas após o fornecimento da alimentação matinal e no 28º dia antes do fornecimento da alimentação, o que correspondeu ao tempo zero. As amostras foram filtradas em gaze e uma alíquota de 10 ml foi separada e diluída com 40 ml de ácido sulfúrico (0,036 N) (Valadares et al., 1999), a qual foi destinada à quantificação das concentrações urinárias de ureia, nitrogênio e creatinina. Após análise destes metabólitos nos diferentes tempos, realizou-se uma média de todos os tempos, para ter maior representatividade em um ciclo de 24 horas. Análises de urina foram realizadas no laboratório de fisiologia animal da UESB. Ao final do terceiro período experimental foram selecionados cinco animais, um de cada tratamento, os quais foram alocados em gaiolas de metabolismo para a coleta total de urina. O critério utilizado na seleção dos animais foi o peso corporal, sendo que foi escolhido o animal que se apresentava com o peso médio do grupo que estavam praticando a mesma dieta. Em cada animal, foi adaptada uma bolsa coletora de fezes para evitar a contaminação da urina. Baldes plásticos cobertos com telas, contendo 20 mL de HCl (1:1) para evitar a volatilização de N e possível deterioração foram inseridos embaixo das gaiolas para aparar a urina e a coleta foi realizada em um período de 24 horas. O volume total de urina foi pesado e o volume medido em proveta graduada com capacidade de 1 litro, dos quais amostras de 10% do total foram acondicionadas em potes plásticos de 100 ml, devidamente identificados por animal, assim como o tratamento e armazenadas em freezer para posterior análise de creatinina. A excreção diária de creatinina (mg/kg de PV) foi, portanto, obtida nos próprios animais do experimento para cada tratamento, como: ECCT (mg/L) x VU (L) / PV (kg); Em que: ECCT = excreção de creatinina (mg/L) na amostra de urina (coleta total); VU = o volume urinário; PV = peso vivo do animal (kg). O volume urinário das amostras de urina spot foi obtido, para cada animal, nos diferentes tratamentos, dividindo-se a excreção de creatinina obtida no procedimento anterior da coleta total (mg/kg PV) pela concentração média de creatinina (mg/dL) na amostra spot de urina, multiplicando-se o resultado pelo respectivo PV do animal. A coleta de sangue foi realizada na veia jugular, no 28º dia do terceiro período experimental, aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da manhã, utilizando-se tubos (VacutainerTM) de 5 mL com EDTA. Em seguida, as 94 amostras de sangue foram transferidas para o laboratório, centrifugadas a 3.500 rpm por 10 minutos e o plasma acondicionado em ependofs, foi mantido congelado (-20oC) até a realização da análise de ureia. As concentrações de creatinina, ureia e plasma na urina foram estimadas utilizando-se kits comerciais (Bioclin). A conversão dos valores de ureia em nitrogênio ureico foi realizada pela multiplicação dos valores obtidos pelo fator 0,4667. O teor urinário de nitrogênio total foi estimado pelo método de Kjeldhal (AOAC, 1995). O balanço de nitrogênio (N-retido, g/dia) foi calculado com: N-retido = N ingerido (g) – N nas fezes (g) – N na urina (g). A análise dos dados do balanço de nitrogênio e excreção de ureia foram realizadas pelo procedimento MIXED do programa computacional estatístico SAS (Littell et al., 1996), versão 19.1 (SAS, 2006), considerando-se um modelo misto. Realizou-se contrastes polinomiais para comparação entre as médias da dieta que continha apenas milho (0% de farinha de pupunha) e dietas envolvendo farinha de pupunha em substituição ao milho (10, 40, 60 e 85%) (A). A avaliação de efeitos de ordem linear (L) e quadrático (Q) em função dos níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha foram decompostos em contrastes polinomiais (Tabela 5). Tabela 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates polinomiais empregados na decomposição da soma dos quadrados Coeficientes Contrastes 0 10 40 60 85 A 4 -1 -1 -1 -1 Q -2 -1 0 1 2 L 2 -1 -2 -1 2 No estudo das equações de regressão, o modelo utilizado foi Y = (b0 + b1Tr + b2Tr2) + ε; NID (0; 2). Onde: Y= o valor estimado em função dos tratamentos; b0 = intercepto; b1 e b2 definiram a variação de Y em função do nível de inclusão; e Tr = nível de inclusão (0, 10; 40; 60; 85% de farinha de pupunha. 95 RESULTADO E DISCUSSÃO Os resultados obtidos para o nitrogênio (N) ingerido e excretado, na urina e nas fezes, bem como o N retido encontram-se na Tabela 6. A ingestão de nitrogênio reduziu linearmente à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho em dietas de caprinos confinados, sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado foi verificada uma redução de 0,08 unidades no consumo de N. Do mesmo modo, é possível que a diminuição no consumo de N, tenha ocasionado redução no N digerido, verificando-se valores de 17,1; 18,9; 13,8; 15,1 e 11,5 g/dia respectivamente, para as dietas com níveis de 0; 10; 40; 60 e 85% da farinha de pupunha (Tabela 6). Sendo que os animais que receberam dietas com níveis da farinha de pupunha apresentaram menor média para o N-digerido (14,9 g/dia), quando comparado com a média (17,1 g/dia) dos caprinos que ingeriram concentrados que continham apenas milho como fonte energética. Os ruminantes possuem a capacidade de alterar as taxas de excreção de compostos nitrogenados na urina e nas fezes em função da quantidade de nitrogênio ingerido (Van Soest, 1994). Esta característica metabólica está, possivelmente, relacionada à atividade de transportadores de ureia nos rins que regulam a taxa de excreção urinária e transportadores de ureia no intestino grosso que regulam a excreção do nitrogênio nas fezes (Reynolds & Kristensen, 2008). No entanto, verificou-se redução linear decrescente (P = 0,0001) na ingestão de nitrogênio (g/dia) e da mesma maneira promoveu redução na excreção deste nutriente nas fezes (P = 0,0022), sendo que a cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado foi verificada uma redução de 0,003 unidades para excreção de N nas fezes (Tabela 6). Para a excreção urinária de nitrogênio os contrastes foram significativos, ajustando equação linear crescente (P = 0,0453) com elevação de 0,07 unidades percentual, para está variável, a cada unidade de farinha de pupunha substituída no concentrado. Já as médias de retenção de nitrogênio (g/dia), comportaram-se de forma quadrática, no qual os animais obtiveram máxima assimilação deste nutriente (7,0 g/dia) ao nível de 28,9% de substituição do milho pela farinha de pupunha. Entretanto, a partir destes resultados, ressalta-se que um ótimo sincronismo entre as fontes de energia e proteína ou uma melhor eficiência de utilização de nitrogênio ocorreu neste nível de substituição. Segundo Nocek & Russel (1988) quando a taxa de degradação da proteína 96 excede a taxa de fermentação de carboidratos, grande quantidade de compostos nitrogenados pode ser perdida na urina. A retenção de nitrogênio é resultado da diferença entre o N-ingerido e o excretado através das fezes e urina, observou-se neste experimento, que os animais diminuíram linearmente o consumo de nitrogênio e aumentaram a sua excreção na urina à medida que a farinha de pupunha substituía o milho. Isto refletiu em menores retenções de nitrogênio a partir do nível de 28,9; 33,3 e 45,1%, quando expresso em g/dia; %N - ingerido e % N -digerido, respectivamente (Tabela 6). Uma menor retenção pode indicar comprometimento no aproveitamento do nitrogênio da dieta e, possivelmente, menor deposição muscular e baixo ganho de peso corporal, uma vez que animais jovens possuem elevada exigência em proteína. Este fato foi confirmado nesta pesquisa, na qual verificou-se redução no ganho à medida que a farinha de pupunha substituía o milho no concentrado. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes da ingestão de nitrogênio (N-ING), excreção de nitrogênio nas fezes (N-fezes), nitrogênio digerido (N-DIG), excreção de nitrogênio na urina (N-urina) e nitrogênio retido (N-retido) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Tabela 6. Efeitos1 Níveis de farinha de pupunha Item 0 10 40 60 85 EPM M vs. P L Q N-ING (g/dia)2 18,8 18,9 14,8 15,6 12,2 0,7 0,0033 0,0001 0,5622 N-fezes (g/dia)3 1,1 1,1 0,98 1,0 0,77 0,1 0,1859 0,0022 0,0765 17,1 18,9 13,8 15,1 11,5 0,7 0,0257 0,0001 0,1382 94,4 94,1 93,3 93,5 93,7 0,3 0,1962 0,2441 0,2833 10,6 5,4 8,6 9,1 9,7 0,9 0,0195 0,0453 0,0097 N-DIG (g/dia) 4 N-DIG (%N-ING) 5 N-Urina (g/dia)6 N-Retido (g/dia) 7 5,4 13,6 5,2 5,7 1,7 1,4 0,3492 0,0001 0,0005 8 29,9 67,8 34,2 34,8 13,9 9,9 0,1175 0,0001 0,0008 N-Retido (%N-DIG)9 31,7 71,9 36,5 37,0 14,9 10,7 0,2180 0,0010 0,0004 N-Retido (%N-ING) 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2 / Ŷ 18,7027* - 0,07559X*; 3/ Ŷ 1,1025*- 0,00315X**; 4/ Ŷ 17,0961* - 0,06505X*; 5/ Ŷ 6 7 8 93,9065*; / Ŷ 5,0182* + 0,06383X*; / Ŷ 5,6069* + 0,09742X**** - 0,00168X2***; / Ŷ 9 31,1877* + 0,6810X*** - 0,01040X2*; / Ŷ 33,2062* + 0,7251X** - 0, 01107X2*. Baseado nestes resultados pode-se inferir também, que a partir do nível de substituição (em torno de 45%) acima relatados, podem ocorrer alterações no perfil de fermentação ruminal, através do teor de extrato etéreo da dieta (Tabela 3) que se elevou 97 à medida que a farinha de pupunha foi adicionada ao concentrado ou devido à elevada concentração de ácidos graxos insaturados que possuíam os alimentos que constituíam a ração (Tabela 4). Os principais mecanismos envolvidos neste processo incluem recobrimento físico da fibra, os efeitos tensoativos sobre as membranas microbianas e diminuição na disponibilidade de cátions pela formação de sabões, que pode influenciar o pH ruminal, limitando crescimento microbiano. Além da toxicidade do excesso de ácidos poli-insaturados aos microrganismos ruminais (Palmiquist & Mattos, 2011). São diversas as implicações que a gordura apresenta para a nutrição de ruminantes, a saber, interfere na fermentação ruminal, influi no aproveitamento de energia da dieta e também afeta o metabolismo intermediário (Medeiros & Alberitni, 2012). A concentração de N-ureico no plasma (mg/dL) e excreção na urina (g/dia; mg/kg PC) estão apresentados na Tabela 7. A excreção de ureia na urina e N-ureico na urina (g/dia) foram menores quando se utilizou 38,97% de substituição do milho pela farinha de pupunha no concentrado. Quando expressa em mg/kgPC a mínima excreção foi observada ao nível de 36,09%. Comparando ainda, o grupo de animais que ingeriram dieta que continha apenas milho com os que receberam níveis de farinha foi verificado contraste significativo, sendo que os caprinos alimentados com níveis da farinha de pupunha apresentaram inferiores excreção de ureia e N-ureico na urina (g/dia e mg/kgPC) (Tabela 7). Estas menores excreções é consequência da redução da ingestão de nitrogênio à medida que se adicionou a farinha de pupunha no concentrado. De acordo com Van Soest (1994), a quantidade de nitrogênio excretada na urina está relacionada com o teor de PB da dieta, podendo ocorrer maior excreção de ureia na urina, quando ocorre aumento na ingestão de nitrogênio, uma vez que esse comportamento está associado a uma maior produção de ureia no fígado, enquanto a baixa ingestão de nitrogênio conduz a uma redução na excreção de ureia na urina para manutenção do pool de ureia plasmático, que está sob controle fisiológico homeostático. A concentração de N-ureico no plasma verificou-se equação de regressão com comportamento quadrático, em que se verificou máxima concentração (15,6 mg/dL) quando os animais ingeriram concentrados com 37,57% de substituição do milho pela farinha de pupunha (Tabela 7). Ressalta-se, entretanto, que a concentração plasmática de N-ureico representa apenas a ureia circulante e a depender da necessidade de nitrogênio pode ocorrer reabsorção tubular de ureia nos rins, fato este que pode ter ocorrido nesta pesquisa, quando os animais consumiram concentrados com nível próximo de 35% de farinha de pupunha. 98 Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos dos contrastes das concentrações de nitrogênio ureico (N-ureico) na urina e no plasma e excreções diárias de ureia e nitrogênio ureico na urina em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho Tabela 7. Níveis de farinha de pupunha Item 0 10 40 60 85 EPM Efeitos1 M vs. P L Q Concentrações (mg/dL) N-ureico plasma2 14,2 14,8 16,4 12,5 13,4 0,3 0,8638 0,0552 0,0365 Excreções (g/dia) Ureia urina 3 N-ureico urina4 14,2 5,6 7,9 9,6 13,7 0,7 0,0001 0,3390 0,0001 6,6 2,6 3,7 4,5 6,4 0,3 0,0001 0,3401 0,0001 Excreções (mg/kg PC) Ureia urina 5 N- ureico urina 7 490,2 209,6 337,0 396,6 591,3 29,1 0,0220 0,0041 0,0001 228,8 97,8 13,6 0,0220 0,0041 0,0001 157,3 185,1 275,9 1 M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2 / Ŷ 14, 1446 * + 0,07890X*** – 0,00105X2***; 3/ Ŷ 12, 5161* – 0, 2353X** + 0, 003019X2*; 4 Ŷ 7 5, 8450* – 0,1099X** + 0,001410 X2*; 5 Ŷ 473,87* – 8, 1574X** + 0, 1130 X2*; Ŷ 221, 16* – 3, 8071X** + 0,05275 X2*. A concentração de N-ureico no plasma nos animais pode variar conforme a espécie ou categoria animal, sendo necessários mais estudos para estabelecer uma faixa ideal para cada situação. Quando muito alta pode indicar desperdício de nitrogênio e gasto de energia e, quando muito baixa pode indicar deficiência de nitrogênio na dieta. A excreção de ureia representa elevado custo biológico e desvio de energia para manutenção das concentrações corporais de nitrogênio em níveis não tóxicos aos animais. A conversão da amônia em ureia custa ao animal 12 kcal/g de nitrogênio (Van Soest, 1994). Os valores de N-ureico no plasma encontrados neste estudo variaram de 12,5 a 16,4 mg/dL, enquanto que em estudo realizado com caprinos em confinamento verificou-se concentração média de 25,3 mg/dL (Carvalho et al., 2010). Vale ressaltar que as dietas de ambos os experimentos continham teor médio de proteína de 14,8%, porém as ingestões de nitrogênio foram diferentes, sendo que os animais desta pesquisa apresentaram consumo de nitrogênio médio de 15,84 g/dia (Tabela 6), enquanto que os caprinos do trabalho supracitado consumiram em média 24,88 g/dia. Isto explica a menor média de concentração de N- ureico plasmático verificado neste estudo. 99 CONCLUSÕES Mediante os estudos empreendidos verificou-se que a substituição do milho pela farinha de pupunha em dietas de caprinos confinados reduz a ingestão de nitrogênio. A máxima retenção de nitrogênio foi verificada quando a pupunha substitui o milho no nível de 28,9%. 100 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. 16. ed. Arlington, Virginia: AOAC International, 1995. BLIGH, E.G.; DYER, W.J. A rapid method of total lipid extraction and purification. 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Verificou-se correlação negativa e moderada para os consumos de matéria seca (P = 0,0430), matéria orgânica (P = 0,0410), fibra em detergente neutro (P = 0,0492) e energia metabolizável (P = 0,0336). O tempo despendido com a atividade de alimentação e mastigação total apresentou correlações negativas e moderadas (P<0,05) com os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta. Enquanto que a atividade de ócio apresentou (P<0,05) correlações positivas e moderadas com os coeficientes de digestibilidade destes mesmos nutrientes. Os consumos dos nutrientes se correlacionam (P<0,05) alta e positivamente com as eficiências de alimentação e ruminação (g MS/h e g FDN/h), com exceção do consumo de extrato etéreo. Já os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro apresentaram correlações (P<0,05) moderada e positiva com as eficiências de alimentação e ruminação. O número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não apresentam correlação com o consumo e digestibilidade dos nutrientes. As eficiências de alimentação e ruminação apresentaram relação positiva com o consumo e digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do extrato etéreo que se correlacionou de forma negativa com estes parâmetros. Palavras-chave: Alimento alternativo, etologia, Farinha de pupunha 103 VI – CHAPTER IV CORRELATION BETWEEN INTAKE AND DIGESTIBILITY WITH INGESTIVE BEHAVIOR OF GOATS CONFINED ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the correlation between intake and digestibility with ingestive behavior of goats fed peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. There was a negative and moderate correlation for dry matter intake (P = 0.0430), organic matter (P = 0.0410), neutral detergent fiber (P = 0.0492) and metabolizable energy (P = 0.0336). The time spent on feeding activity and total chewing showed moderate negative correlations (P<0.05) with the coefficients of digestibility of dry matter and crude protein. While ocio activity presented (P<0.05) positive moderate correlation with digestibility coefficients of these same nutrients. The nutrient intakes correlated (P<0.05) positively with efficiencies of eating and ruminating (g DM/h and gNDF/h), with the exception of ether extract intake. The digestibility of dry matter, organic matter, crude protein, neutral detergent fiber showed correlation (P<0.05) positively and moderate with efficiencies of eating and ruminating. The number and chewing time per ruminated bolus showed no correlation with the intake and digestibility of nutrients. The efficiencies of feeding and rumination have positive relationship with the intake and digestibility of most nutrients except ether extract which correlates negatively with these parameters. Keywords: Alternative food, Ethology, Peach-palm flour 104 INTRODUÇÃO A caprinocultura no Nordeste brasileiro sempre foi uma atividade de grande relevância econômica e social, contribuindo para a geração de alimentos, aumento da renda e inserção social. Os rebanhos são compostos, principalmente por animais de composição genética desconhecida que são caracterizados pelo baixo peso e capacidade limitada de produção de carne. Recentemente, os rebanhos foram melhorados pela introdução da raça Boer, que tem aptidão para produção de carne. Além disso, o uso de sistemas intensivo de produção tem proporcionado melhoras no desempenho animal (Alcalde et al. 2011). Os caprinos possuem a capacidade de se adaptar às diversas condições de ambiente e manejo, modificando o comportamento alimentar para alcançar e manter consumo compatível com as exigências nutricionais. Além disso, possuem alimentação seletiva e a observação do seu comportamento frente a diferentes dietas dá subsídios para inferir sobre seu potencial de uso. O consumo é o melhor parâmetro para avaliar o desempenho, porém alguns fatores limitam o consumo em animais ruminantes (Martins, 2013). Esses fatores podem ser físicos, como o teor de fibra em detergente neutro, que pode promover redução no consumo de matéria seca total, devido à limitação provocada pela repleção do rúmenretículo. A natureza da dieta além de provocar efeitos sobre o consumo, também pode influenciar o comportamento ingestivo, sendo o tempo de ruminação, proporcional ao teor de parede celular ingerida pelos animais (Van Soest, 1994). Existem ainda limitações pelo nível de energia da dieta e aqueles relacionados à palatabilidade dos alimentos, como os sabores ácido, amargo e com odores fortes. Dado & Allen (1994) destacam a importância de se mensurar o comportamento alimentar e a ruminação a fim de verificar suas implicações sobre o consumo diário de alimentos. A digestibilidade aparente dos nutrientes é uma variável que juntamente com o consumo, informa o valor nutritivo de um alimento ou dieta, uma vez que indica o percentual de cada nutriente que o animal potencialmente pode aproveitar. Entretanto, torna-se evidente que uma das formas de avaliar o efeito de alimentos alternativos na alimentação dos caprinos é através de associação entre os parâmetros produtivos e nutricionais. 105 O número de estudos de comportamento ingestivo de ruminantes tem elevado consideravelmente devido a sua relevância na interpretação dos efeitos encontrados nas pesquisas. Entretanto, relações entre variáveis comportamentais e metabólicas têm sido encontradas nas discussões dos trabalhos, na maioria das vezes, sem o devido embasamento científico (Santana Junior et al., 2012). Neste contexto, objetivou-se correlacionar o consumo e digestibilidade dos nutrientes com o comportamento ingestivo de caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em níveis de substituição ao milho. 106 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC e com altitude média de 268 m. Foram utilizados 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85% da farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada. Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto, providos de cocho e bebedouro. A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça por três dias consecutivos, com revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em um triturador de mandioca, posteriormente a massa triturada foi conduzida para o torrador de farinha mecanizado, essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40 minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade promovida pela torração, pôde-se verificar o clareamento da massa para farinha. As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme equações do NRC (2007) levando em consideração: ganho de peso diário de 200g; maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40% de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1). As dietas foram fornecidas diariamente às 7:00 e 16:00h, ad libitum, de maneira a permitir 10 a 20% do fornecimento em sobras. O consumo voluntário diário foi 107 calculado pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras que foram colhidas e pesadas em balança digital, pela manhã, durante os 98 dias de experimento. A composição química do feno de Tifton 85, farinha de pupunha e concentrados com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha podem ser verificados na Tabela 2, enquanto que a composição das dietas pode ser verificada na Tabela 3. Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS) Níveis de farinha de pupunha (% MS) Ingredientes 0 10 40 60 85 Feno de Tifton 85 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 Milho moído 50,7 45,6 29,7 20,3 7,6 Farelo de soja 17,8 17,8 17,8 17,8 17,8 Farinha de pupunha 0,0 5,1 21,0 30,4 43,1 Suplemento mineral1 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Total 100 100 100 100 100 Proteína bruta estimada (% MS) 15,2 15,2 15,0 14,9 14,8 Energia metabolizável estimada (Mcal/kg) 2,7 2,7 2,7 2,7 2,7 1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350 mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I. Em cada subperíodo experimental, foram colhidas amostras do fornecido, tanto do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, as quais foram acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer -20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm, foi feita amostras compostas por animal e período e identificadas para posteriores análises laboratoriais. Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) (AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996). 108 A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e bromatológica dos alimentos sobras e fezes foram realizadas no laboratório de Forragicultura e Pastagens da UESB. Tabela 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigida para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item Feno de Tifton 85 0% 10% 40% 60% 85% Farinha de Pupunha MS 92,8 91,4 92,7 92,8 92,7 93,0 93,2 91,6 95,3 94,8 94,8 94,1 94,1 97,1 8,4 4,7 5,2 5,2 5,9 5,9 2,9 1 MO Cinza 1 PB1 8,8 18,3 18,0 17,5 17,1 15,5 7,8 2 40,5 51,3 47,4 46,9 48,9 62,7 11,6 2 PIDA 27,5 24,1 20,5 13,4 15,7 16,4 19,7 EE1 1,4 2,8 3,5 5,9 6,8 8,2 11,5 81,4 74,3 72,5 72,4 69,3 70,3 77,8 3,9 35,6 41,7 44,0 43,9 45,3 65,8 7,7 39,4 44,5 46,7 46,9 48,4 56,1 77,6 38,7 30,8 28,4 25,4 25,1 12,0 73,7 34,9 28,0 25,7 22,4 22,0 10,5 24,7 1,2 1,0 1,8 2,2 1,6 2,7 52,8 37,5 29,8 26,6 23,1 23,4 9,3 40,4 16,3 16,5 11,5 13,8 14,0 4,5 15,2 0,5 0,7 1,0 1,2 1,3 1,8 37,2 22,3 14,3 16,9 11,6 11,0 7,5 9,7 14,6 7,8 7,0 7,6 6,1 5,8 2,0 0,1 0,1 0,2 0,4 0,7 1,1 74,8 97,5 97,6 96,8 96,3 96,9 95,8 28,3 1,9 1,9 2,8 3,7 3,4 4,1 58,6 78,7 78,9 78,2 78,0 78,3 80,6 PIDN CT 1 1 CNF CNFcp1 1 FDN FDNcp 1 FDNi1 1 FDNpd 1 FDA FDAi1 Hemicelulose Celulose Lignina1 MSpd MSi 1 1 NDT1,3 1 1 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 109 Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL) das dietas Níveis de Farinha de Pupunha (%MS) Item 0% 10% 40% 60% 85% MS 91,8 92,7 92,8 92,7 92,9 MO1 94,2 93,8 93,9 93,4 93,3 Cinza1 5,8 6,2 6,1 6,6 6,7 1 PB 15,4 15,3 14,9 14,6 14,2 PIDN2 48,1 45,3 45,0 46,4 56,0 PIDA2 25,1 22,6 17,6 19,2 19,7 1 EE 2,4 2,9 4,5 5,1 6,1 CT1 76,4 75,2 75,1 72,9 73,7 26,1 30,3 31,9 31,9 32,9 29,9 33,5 35,0 35,1 36,2 50,3 44,8 43,1 41,0 40,8 46,6 41,7 40,1 37,8 37,5 8,3 8,1 8,7 9,0 8,6 42,1 36,7 34,4 32,0 32,2 23,6 23,7 20,2 21,7 21,9 4,9 5,0 5,2 5,4 5,4 26,8 21,1 23,0 19,3 18,9 13,1 8,4 7,8 8,2 7,2 0,7 0,6 0,7 0,9 1,1 90,7 90,8 90,2 89,8 90,3 9,8 9,8 10,5 11,1 10,9 72,7 72,8 72,3 72,2 72,4 ED(Mcal/kg) 3,2 3,2 3,2 3,2 3,2 EM(Mcal/kg) 2,8 2,8 2,8 2,8 2,9 EL(Mcal/kg) 1,7 1,7 1,7 1,7 1,7 CNF1 CNFcp 1 FDN1 FDNcp FDNi 1 1 FDNpd1 1 FDA FDAi 1 Hemicelulose1 Celulose Lignina 1 1 MSpd1 MSi 1 NDT 1,3 1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001). 110 As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006). Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas (Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido (TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente, e o material remanescente da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta etapa, foram retirados da estufa, acondicionados em dessecador e pesados, sendo o resíduo obtido considerado como MSi. Em sequencia, os sacos foram acondicionados em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à fervura em detergente neutro por uma hora, sendo em seguida lavados com água quente e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo considerado como FDNi. Os carboidratos totais (CT) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992), como: CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza). Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo: CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza). Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999), mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação: NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED. Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp digestíveis; e EED = EE digestível. Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB + 111 %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x (FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7. Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0. Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001): EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12; ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT. A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a equação: EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45. A extração da fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e farinha de pupunha) foram realizadas através de uma mistura de clorofórmio, metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959). A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO (1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos de ensaio, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução. Em seguida, foram adicionados 2 mL de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (18ºC), para posterior análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1. Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento equivalente de cadeia (Tabela 4). O consumo individual dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias de fornecimento das dietas experimentais, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta ofertada para cada animal. Dessa forma, foram avaliados os consumos de MS, MO, PB, FDN, CHOT CNF, EE, NDT em (g/dia) e energia metabolizável (Mcal/dia, Kcal/PC e 112 Kcal/kgPC 0,75 ). Os valores relativos ao consumo de MS, MO, PB, EE, FDNcp, CNFcp e NDT foram expressos também em grama por quilo de peso corporal (g/kg de PC) e o consumo de MS e NDT, foi expresso ainda em gramas por quilo de peso metabólico (g/kgPC0,75). A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras, os animais tiveram três dias de adaptação antes do período de coleta. As fezes foram colhidas às 06h e 18h durante cinco dias consecutivos em cada subperíodo experimental. Após coletadas as fezes de cada animal foram pesadas e alíquotas de aproximadamente 10% do total excretado foram colocados em sacos plásticos e armazenados em freezer a 20ºC para posteriores analises. As amostras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 65ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinhos de faca, tipo Willey com peneira de 1 mm e em seguida foram feitas amostras compostas dos períodos e dos cinco dias de coleta para realização da composição química, conforme metodologias mencionadas anteriormente. Foram obtidos os coeficientes de digestibilidade da MS, PB, EE, FDNcp, CNFcp e quantificados o NDT. Para o cálculo da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos, bem como das sobras e fezes no mesmo período. Para Berchielli et al. (2011) uma vez determinado o teor de excreção fecal da matéria seca, foram calculados os coeficientes de digestibilidade (CD) dos demais nutrientes por meio da razão do que foi consumido de cada nutriente e sua respectiva excreção fecal, sendo o valor multiplicado por 100, como demonstrado abaixo: CD = (nutriente ingerido – nutriente excretado) x 100 (nutriente ingerido) Para avaliação do comportamento ingestivo, os animais foram submetidos à observação visual durante um período de 24 horas no 19º dia de cada período experimental, sendo as observações realizadas em intervalo de cinco minutos, para a avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e ócio. Durante as avaliações noturnas o ambiente foi mantido com iluminação artificial. No mesmo dia foram realizadas três observações de cada animal dividas em três períodos: manhã, tarde e noite. Nestes períodos, foi registrado o número de mastigações por bolo ruminal e o tempo gasto para ruminação de cada bolo. A coleta dos tempos gastos em cada atividade foi feita com o auxílio de cronômetros digitais, manuseados por quatro observadores, que ficaram dispostos de forma a não interferir no comportamento dos animais. 113 Tabela 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais Ácidos graxos (g.100g-1) Feno de Tifton 85 Farelo de soja Milho Farinha de pupunha Lipídeos totais 2,8 4,1 2,2 9,5 C6:0 Capróico n.d n.d n.d 1,49 C8:0 Caprílico 0,42 0,06 0,03 0,39 C11:0 Undecanóico 0,82 0,05 n.d 0,03 C12:0 Láurico 0,65 0,02 0,06 0,39 C13:0 Tridecílico n.d 0,002 n.d 0,02 C14:0 Mirístico 1,00 0,10 0,05 0,29 C15:0 Pentadecílico n.d 0,06 n.d. 0,13 C16:0 Palmítico 27,2 18,49 10,49 8,70 C17:0 Margárico 2,32 0,18 0,07 0,18 C18:0 Esteárico 5,96 5,97 4,14 2,40 C20:0 Araquídico 3,56 n.d 1,12 n.d C23:0 Tricosanóico n.d n.d 0,18 0,80 Saturados totais 41,91 24,93 16,14 14,82 C15:1 (10)-Pentadecenóico 0,93 n.d n.d 13,64 C16:1 Palmitoléico 0,12 0,07 0,08 1,98 C17:1 (10)-Heptadecenóico 0,94 0,05 0,04 0,07 C18:1n-9C Oléico 0,20 0,10 n.d 0,20 C18:2n-6T Linolelaídico 8,14 16,63 7,08 53,95 C18:2 Ω-6 Linoléico 11,83 52,20 73,93 12,83 C18:3 Ω-3 α-Linolênico 10,30 4,40 1,04 1,74 C20:1 Gadoléico n.d 0,23 0,61 0,03 C20:3 Ω-3 Di αlinolênico 3,88 0,68 0,43 0,13 C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico 4,09 n.d n.d n.d C22:1n-9 Erúcio n.d 0,07 0,02 0,10 C20:4 Ω-6 Araquidônico 10,03 0,18 0,06 0,07 C20:5 Ω-3 Timnodónico 3,26 0,34 0,54 0,33 DHA Cervônico 4,37 0,09 0,01 0,11 Insaturados totais 58,08 75,07 83,86 85,18 Monoinsaturados 2,19 0,54 0,77 16,01 Poli-insaturados 55,89 74,53 83,09 69,26 n.d: não detectado. 114 Na estimativa das variáveis comportamentais alimentação e ruminação (min/kg MS e FDNcp), eficiência alimentar (g MS e FDN/hora), eficiência em ruminação (g de MS e FDNcp/bolo e g MS e FDNcp/hora) e consumo médio de MS e FDNcp por período de alimentação, considerou-se o consumo voluntário de MS e FDN do 18o e 19o dia de cada período experimental, sendo as sobras computadas entre o 18o ao 19o dia. O número de bolos ruminados diariamente foi obtido da seguinte forma: tempo total de ruminação (min) divido pelo tempo médio gasto na ruminação de um bolo. A concentração de MS e FDNcp em cada bolo (g) ruminado foi obtida a partir da divisão quantidade de MS e FDNcp consumida (g/dia) em 24 horas pelo número de bolos ruminados diariamente. A eficiência de alimentação e ruminação foi obtida da seguinte forma: EALMS = CMS/TAL; EALFDN = CFDN/TAL; Em que: EALMS (g MS consumida/h); EALFDN (g FDN consumida/h) = eficiência de alimentação; CMS (g) = consumo diário de matéria seca; CFDN (g) = consumo diário de FDN; TAL = tempo gasto diariamente em alimentação. ERUMS = CMS/TRU; ERUFDN = CFDN/TRU; Em que: ERUMS (g MS ruminada/h); ERUFDN (g FDN ruminada/h) = eficiência de ruminação e TRU (h/dia) = tempo de ruminação. TMT = TAL + TRU Em que: TMT (min/dia) = tempo de mastigação total. O número de períodos de alimentação, ruminação e ócio foram contabilizados pelo número de sequências de atividades observadas na planilha de anotações. A duração média diária desses períodos de atividades foi calculada dividindo-se a duração total de cada atividade (alimentação, ruminação e ócio em min/dia) pelo seu respectivo número de períodos discretos. Estabeleceu-se um estudo de correlação de Pearson entre consumo e digestibilidade de nutrientes e comportamento ingestivo. O valor de “r”, coeficiente de correlação, assumiu valores entre -1 (associação línea negativa) e 1 (associação linear positiva), sendo consideradas significativas quando p<0,05. Os procedimentos estatísticos foram realizados utilizados PROC CORR dos SAS (2006). Foram utilizados os seguintes parâmetros: 115 - Consumo: MS, MO, PB, EE, FDN, CNF e NDT; - Digestibilidade: MS, MO, PB, EE, FDN, CNF e NDT; - Comportamento ingestivo: Alimentação, ruminação, ócio, TMT, número de matigação por bolo (NM/bolo), tempo de mastigação por bolo (TM/bolo), número de bolos ruminados por dia (NBR/dia), número de mastigação por dia (NM/dia), EAL, ERU. 116 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o tempo despendido com a atividade de alimentação foi verificado correlação negativa e moderada apenas para os consumos de matéria seca (P = 0,0430), matéria orgânica (P = 0,0410), fibra em detergente neutro corrigido (P = 0,0492) e energia metabolizável (P = 0,0336). Porém, o consumo dos demais nutrientes não apresentou correlações significativas (P>0,05) com tempo gasto com a atividade de alimentação (Tabela 5). Tabela 5. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho Alimentação Ruminação r P r P r P R P CMS -0,37 0,0430 0,02 0,8858 0,24 0,1954 -0,24 0,1934 CMO -0,37 0,0410 0,10 0,9544 0,26 0,1701 -0,26 0,1685 CPB -0,37 0,0502 -0,01 0,9811 0,25 0,1707 -0,26 0,1701 CEE 0,27 0,1449 0,20 0,2888 -0,32 0,0773 0,32 0,0798 CFDNcp -0,36 0,0492 -0,12 0,5101 0,34 0,0666 -0,33 0,0671 CCNFcp -0,29 0,1197 0,18 0,3277 0,77 0,6823 -0,07 0,6784 CNDT -0,34 0,0843 0,02 0,9161 0,22 0,2663 -0,22 0,2678 CEM -0,39 0,0336 0,02 0,8907 0,25 0,1728 -0,25 0,1709 Variáveis Ócio TMT TMT= tempo de mastigação total (horas/dia); CMS = consumo de matéria seca; CMO = consumo de matéria orgânica; CPB= consumo de proteína bruta; CEE= consumo de extrato etéreo; CFDNcp= consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; CCNFcp= consumo de carboidratos não fibrosos corrigido para cinza e proteína; CNDT= consumo de nutrientes digestíveis totais; CEM= consumo de energia metabolizável. Esses resultados coincidem, perfeitamente, com as observações realizadas em loco, na qual os animais alimentados com dietas contendo farinha de pupunha elevaram tempo de alimentação, porém os resultados de consumo foram reduzidos. Era evidente a seleção dos alimentos pelos caprinos, característica inerente da espécie, onde os animais demonstraram preferência pelo feno (relação 30:70) em detrimento ao concentrado. Entretanto acredita-se que o aumento desta atividade foi devido ao tempo que os animais despendiam selecionando as partes mais tenras do feno elevando assim o tempo de alimentação, reduzindo desta forma o consumo de matéria seca. 117 Apesar de não ter observado efeito (P>0,05) para correlação entre o tempo de alimentação e o consumo de extrato etéreo, vale a pena ressaltar que foi a única correlação, numericamente, positiva (Tabela 5). O referido resultado pode ser associado ao incremento de lipídeos totais (Tabela 4) que a farinha de pupunha proporcionou às dietas ao substituir gradativamente o milho nos concentrados, o que resultou em maior consumo desta fração pelos animais, no entanto não foi alterado os tempos de alimentação e ruminação. Observou-se que os tempos despendidos com as atividades de ruminação, ócio e tempo de mastigação total não foram correlacionados significativamente (P>0,05) com o consumo de nutrientes. Estes resultados são elucidados, obviamente, pelo fato das atividades comportamentais serem mutuamente excludentes e assim impossibilita a verificação de correlação destes parâmetros com o consumo de nutrientes (Tabela 5). Neste estudo, também não foi observado correlação entre os consumos de FDNcp e as atividades de alimentação e ruminação, isso pode ser explicado, pelo fato de as dietas apresentarem teores de fibra próximo, associados a um menor fornecimento de volumoso, devido a relação 30:70 estabelecida, na qual esses fatores não foram potencializados a ponto de ocasionar modificações nas dietas e consequentemente, promover alterações nos tempos de alimentação e ruminação (Tabela 5). Van Soest (1994) afirma que o tempo de ruminação é influenciado pela natureza da dieta e proporcional ao teor de FDN. Em outros trabalhos fica evidente que quando há aumento no consumo de fibra em detergente neutro a correlação é positiva (Silva et al. 2011), o que não foi observado neste trabalho. O consumo de nutrientes quando correlacionado com as atividades de mastigação (NM/bolo, TM/bolo, NBR/dia e NM/dia) não foram significativas (P>0,05) para nenhum dos parâmetros (Tabela 6). Notoriamente, pelo fato de não haver correlação significativa (P>0,05) entre ruminação e tempo de mastigação total com os parâmetros de consumo. Baseado na análise da tabela 7, constatou-se que os consumos dos nutrientes se correlacionaram (P<0,05) alta e positivamente com as eficiências de alimentação, expressos em g MS/h e g FDN/h, com exceção do consumo de extrato etéreo. Portanto, pode-se estabelecer relações no qual quanto maior os consumos mais eficientes os animais se tornam em alimentar, uma vez que essas eficiências são altamente associadas aos valores de consumo. 118 Tabela 6. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho NM/bolo Variáveis TM/bolo NBR/dia r P r P CMS -0,08 0,6633 -0,05 0,7742 CMO -0,07 0,7113 -0,04 CPB -0,06 0,7275 CEE -0,28 CFDNcp r NM/dia P R P 0,04 0,8033 0,01 0,9866 0,8041 0,03 0,8725 -0,01 0,9639 -0,06 0,7317 0,02 0,8993 -0,01 0,9834 0,1330 -0,16 0,3988 0,26 0,1541 0,07 0,6751 0,05 0,8058 0,03 0,8737 -0,12 0,5311 -0,10 0,5655 CCNFcp -0,24 0,1991 -0,17 0,3499 0,24 0,1923 0,12 0,5274 CNDT -0,03 0,8590 -0,03 0,8834 0,03 0,8980 0,02 0,9405 CEM -0,05 0,7889 -0,04 0,8180 0,04 0,8084 0,02 0,9233 NM/bolo = número de mastigações por bolo; TM/bolo = tempo de mastigação por bolo; NBR/dia = número de bolos ruminados por dia; NM/dia= número de mastigação por dia; CMS= consumo de matéria seca; CMO= consumo de matéria orgânica; CPB= consumo de proteína bruta; CEE = consumo de extrato etéreo; CFDNcp= consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; CCNFcp= consumo de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; CNDT= consumo de nutrientes digestíveis totais; CEM = consumo de energia metabolizável. De maneira inversa se estabeleceu correlação (P<0,05) moderado e negativo entre o consumo de extrato etéreo e a eficiência de alimentação (g MS/h e g FDN/h), assim pode-se ressaltar um comportamento inversamente proporcional, no qual o incremento no consumo de extrato etéreo implica em menores eficiências alimentares por parte dos animais (Tabela 7). Desta maneira a farinha de pupunha contribui de maneira contundente com a elevação do teor de gordura das dietas, por ser tratar de um ingrediente rico desta fração (Tabelas 3 e 4) e assim contribui na elevação do consumo de extrato etéreo, sobretudo quando a dieta continha elevados níveis da farinha de pupunha. Os consumos dos nutrientes se correlacionaram (P<0,05) de maneira moderada e positiva com as eficiências de ruminação, em g MS/h e g FDN/h, com exceção do consumo de extrato etéreo. Nestes termos percebe-se relação direta, na qual quanto mais elevado os consumos, melhores eficiências podem ser verificadas pelos animais, uma vez que estas estão altamente associadas aos valores de consumo (Tabela 7). Resultados semelhantes aos observados para eficiência de alimentação, foram verificados para eficiência de ruminação, no qual se observou correlação (P<0,05) 119 moderada e negativa entre o consumo de extrato etéreo e a eficiência de ruminação (g MS/h e g FDN/h) (Tabela 7). Desta maneira é evidente que níveis elevados de gordura no rúmen promovem desordens na degradação da fibra. Além disso, a farinha de pupunha apresenta elevado teor de lipídios (9,5%) dos quais a maior parte, cerca de 85,0%, são ácidos graxos insaturados (Tabela 4). Estes resultados corroboram com afirmações presente na literatura de que o excesso de gordura na dieta de ruminantes reduz a degradação da fibra, devido recobrimento físico das partículas, além de provocar efeitos tensoativos sobre as membranas microbianas e diminuir a disponibilidade de cátions pela formação de sabões, que pode influenciar o pH ruminal, limitando crescimento microbiano (Palmiquist & Mattos, 2011). Tabela 7. Variáveis Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho EAL (gMS/h) EAL (gFDN/h) ERU (gMS/h) ERU (gFDN/h) r P r P r P r P CMS 0,74 0,0001 0,66 0,0001 0,59 0,0006 0,50 0,0046 CMO 0,75 0,0001 0,68 0,0001 0,61 0,0003 0,53 0,0024 CPB 0,78 0,0001 0,75 0,0001 0,69 0,0001 0,61 0,0003 CEE -0,52 0,0027 -0,75 0,0001 -0,59 0,0007 -0,74 0,0001 CFDNcp 0,78 0,0001 0,84 0,0001 0,74 0,0001 0,75 0,0001 CCNFcp 0,64 0,0002 0,49 0,0066 0,43 0,0174 0,30 0,1050 CNDT 0,74 0,0001 0,66 0,0002 0,62 0,0005 0,52 0,0049 CEM 0,73 0,0001 0,66 0,0001 0,56 0,0013 0,49 0,0057 EAL (gMS/h) = Eficiência de alimentação em gramas de matéria seca por hora; EAL (gFDN/h) = Eficiência de alimentação em gramas de fibra em detergente neutro por hora; ERU (gMS/h) = Eficiência de ruminação em gramas de matéria seca por hora; ERU (gFDN/h) = Eficiência de ruminação em gramas de fibra em detergente neutro por hora; CMS = consumo de matéria seca; CMO= consumo de matéria orgânica; CPB= consumo de proteína bruta; CEE= consumo de extrato etéreo; CFDNcp= consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; CCNFcp= consumo de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína;; CNDT= consumo de nutrientes digestíveis totais; CEM = consumo de energia metabolizável. O tempo despendido com a atividade de alimentação apresentou correlações negativas e moderadas (P<0,05) com os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta e carboidrato não fibroso (Tabela 8), nestes termos, verifica-se que as digestibilidades dos demais nutrientes não apresentaram correlações significativas 120 (P>0,05) com a atividade de alimentação. Assim, pode-se enfatizar que uma possível melhoria na digestibilidade acarretaria redução do tempo de alimentação. O parâmetro comportamental, tempo despendido com atividade de ruminação não apresentou efeito (P>0,05) significativo de correlação para nenhum dos coeficientes de digestibilidade. Assim, pode-se relatar que as dietas ofertadas apresentavam baixos teores de FDN que, por sua vez não interferiram na atividade de ruminação e este não foi correlacionado com as digestibilidades. Para o tempo despendido em atividade de ócio (Tabela 8), cujas inferências apresentaram efeitos significativos (P<0,05) com correlações positivas e moderadas para os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e proteína bruta. Pode-se destacar que dietas com elevados coeficientes de digestibilidade de matéria seca e proteína proporcionam maior tempo em ócio por parte dos animais. O atendimento das exigências nutricionais ou o controle na ingestão de alimentos pelo suprimento energético, explica a elevação do ócio, quando os animais ingerem dietas mais digestíveis. Tabela 8. Variáveis DMS DMO DPB DEE DFDNcp DCNFcp NDT Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho Alimentação r -0,46 -0,25 -0,38 -0,01 -0,15 -0,43 -0,21 P 0,0168 0,2206 0,0427 0,9693 0,4305 0,0207 0,3080 Ruminação r -0,22 -0,06 -0,16 0,33 -0,21 0,09 -0,01 P 0,2729 0,7859 0,4039 0,0944 0,2768 0,6320 0,9763 Ócio r 0,45 0,20 0,38 -0,22 0,24 0,24 0,15 P 0,0186 0,3259 0,0440 0,2650 0,1941 0,2201 0,4712 TMT R -0,44 -0,20 -0,38 0,22 -0,24 -0,24 -0,15 P 0,0188 0,3376 0,0437 0,2674 0,1934 0,2198 0,4577 TMT = tempo de mastigação total (horas/dia); DMS = coeficiente de digestibilidade da matéria seca; DMO = coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica; DPB= coeficiente de digestibilidade de proteína bruta; DEE = coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo; DFDNcp = coeficiente de digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; DCNF= coeficiente de digestibilidade de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; NDT= nutrientes digestíveis totais. Percebeu-se que, de acordo com resultados observados para o tempo despendido à atividade de alimentação, foi observado o mesmo comportamento das médias para o tempo de mastigação total, o qual apresentou correlações negativas e moderadas para os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (P = 0,0188) e proteína bruta (0,0437). 121 Assim, mediante os resultados, foi observado que as dietas com menor digestibilidade proporcionam maior taxa de mastigação. Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes quando correlacionado com as atividades de mastigação, descritas em NM/bolo, TM/bolo, NBR/dia e NM/dia, não apresentaram correlações significativas (P>0,05) para nenhum dos parâmetros estudados (Tabela 9). Certamente a ausência do efeito de correlação para tempo despedindo com ruminação e mastigação total entre os parâmetros da digestibilidade influenciam as atividades de mastigação, de modo a seguiram mesma tendência. O número e o tempo de mastigação por bolo, número de bolos ruminados por dia e número de mastigações por dia, não apresentaram correlações significativas (P>0,05) com os consumos e a digestibilidade dos nutrientes (Tabela 6 e 9), resultado já esperado uma vez que não houve correlação (P>0,05) destas variáveis com o tempo de ruminação (Tabela 5 e 8). Tabela 9. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho NM/bolo Variáveis TM/bolo NBR/dia NM/dia r P r P r P R P DMS 0,20 0,3059 -0,01 0,9608 -0,14 0,4717 -0,01 0,9793 DMO 0,04 0,8376 -0,02 0,9179 -0,06 0,7858 0,01 0,9447 DPB -0,06 0,7535 -0,16 0,4216 -0,01 0,9241 -0,09 0,6409 DEE 0,01 0,9823 0,05 0,7913 0,20 0,3157 0,29 0,1430 DFDN -0,18 0,3369 -0,24 0,1957 0,04 0,8322 -0,19 0,3132 DCNF 0,02 0,9187 -0,01 0,6355 0,14 0,4729 0,19 0,3270 NDT -0,03 0,8862 -0,12 0,5602 0,10 0,6417 0,05 0,7957 NM/bolo = número de mastigações por bolo; TM/bolo = tempo de mastigação por bolo; NBR/dia = número de bolos ruminados por dia; NM/dia= número de mastigação por dia; DMS = coeficiente de digestibilidade da matéria seca; DMO = coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica; DPB= coeficiente de digestibilidade de proteína bruta; DEE = coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo; DFDNcp = coeficiente de digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; DCNFcp= coeficiente de digestibilidade de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; NDT= nutrientes digestíveis totais. Na tabela 10, pode-se constatar que os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e carboidrato não fibroso se correlacionaram (P<0,05) alta e positivamente com as eficiências de 122 alimentação, expressos em g MS/h e FDN/h, com exceção dos consumos de extrato etéreo e nutrientes digestíveis totais. Portanto, pode-se estabelecer relações no sentido de que quanto maior as digestibilidades melhor é a dieta e mais eficientes serão os animais em assimilar os nutrientes, uma vez que essas eficiências são altamente associadas aos consumos. De maneira inversa se estabeleceu correlação (P<0,05) moderado e negativo entre a digestibilidade do extrato etéreo e a eficiência de alimentação, apenas em g FDN/h, assim deve-se salientar um comportamento inversamente proporcional, no qual o incremento no consumo de extrato etéreo implicaria em menor eficiência digestiva das dietas contendo pupunha por parte dos animais. Tabela 10. Variáveis Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho EAL (gMS/h) EAL (gFDN/h) ERU (gMS/h) ERU (gFDN/h) r P r P r P r P DMS 0,69 0,0001 0,78 0,0001 0,61 0,0007 0,70 0,0001 DMO 0,47 0,0172 0,53 0,0062 0,42 0,0324 0,47 0,0176 DPB 0,65 0,0001 0,76 0,0001 0,58 0,0009 0,66 0,0001 DEE -0,11 0,5762 -0,43 0,0252 -0,41 0,0324 -0,62 0,0005 DFDNcp 0,36 0,0472 0,50 0,0044 0,42 0,0213 0,51 0,0039 DCNFcp 0,41 0,0286 0,27 0,1668 0,07 0,7144 0,06 0,7582 NDT 0,28 0,1720 0,23 0,2582 0,14 0,4972 0,13 0,5218 EAL (gMS/h) = Eficiência de alimentação em gramas de matéria seca por hora; EAL (gFDN/h) = Eficiência de alimentação em gramas de fibra em detergente neutro por hora; ERU (gMS/h) = Eficiência de ruminação em gramas de matéria seca por hora; ERU (gFDN/h) = Eficiência de ruminação em gramas de fibra em detergente neutro por hora; DMS = coeficiente de digestibilidade da matéria seca; DMO = coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica; DPB= coeficiente de digestibilidade de proteína bruta; DEE = coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo; DFDNcp = coeficiente de digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; DCNFcp = coeficiente de digestibilidade de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; NDT= nutrientes digestíveis totais. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro apresentaram correlações (P<0,05) moderada e positiva com as eficiências de ruminação, em g MS/h e g FDN/h, com exceção as digestibilidades do extrato etéreo, carboidrato não fibrosos e nutrientes digestíveis totais. Esses resultados evidenciam que quanto mais elevado a digestibilidade, melhores eficiências de ruminação podem ser observadas pelos animais (Tabela 10). 123 Desse modo, resultados semelhantes aos observados para eficiência de alimentação, foram verificados para eficiência de ruminação, apresentando correlação (P<0,05) moderada e negativa entre o consumo de extrato etéreo e a eficiência de ruminação (g MS/h e g FDN/h). Desta maneira, as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram maior teor de extrato etéreo (Tabela 3) do que a controle (0% de farinha de pupunha) e diante dos fatos, torna-se evidente que níveis elevados de digestibilidade do extrato etéreo promovem desordens na degradação da fibra e redução da eficiência de ruminação. Para tanto, com relação às eficiências de alimentação, quanto maiores forem os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes mais elevados serão as eficiências de alimentação em gramas de matéria seca por hora. Apesar dos coeficientes de digestibilidade dos nutrientes decrescerem em função dos níveis da farinha de pupunha adicionada no concentrado em substituição ao milho, esse fato não foi suficiente para afetar a eficiência de ruminação, em g MS/h e g FDN/h o que não resultou em correlação entre esses parâmetros. CONCLUSÕES Portanto, a partir dos resultados aqui apresentados, verificou-se que consumo de matéria seca apresenta relação com o tempo de alimentação. Enquanto que os coeficientes de digestilidade da matéria seca e proteína bruta se correlacionam com os tempos de alimentação, ócio e mastigação total. Vale ressaltar, que o número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não apresentam correlação com o consumo e digestibilidade dos nutrientes. As eficiências de alimentação e ruminação apresentam relação positiva com o consumo e digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do extrato etéreo que se correlaciona de forma negativa com estes parâmetros. 124 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCADE, C.R.; GRANDE, P.A.; LIMA, L.S.; MACEDO, F.de A.F.; ZEOULA, L.M.; PAULA, M.C. Oilseeds in feeding for growing and finishing ¾ Boer + ¼ Saanen goat kids. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.8, p.1753-1757, 2011. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Official methods of analysis. 16. ed. Arlington, Virginia: AOAC International, 1995. BERCHIELLI, T.T.; VEGA-GARCIA, A; OLIVEIRA, S.G. 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Mediante os estudos empreendidos verificou-se que a substituição do milho pela farinha de pupunha em dietas de caprinos confinados reduz a ingestão de nitrogênio. A máxima retenção de nitrogênio foi verificada quando a pupunha substitui o milho no nível de 28,9%. O consumo de matéria seca apresenta relação com o tempo de alimentação. Por outro lado, os coeficientes de digestilidade da matéria seca e proteína bruta se correlacionam com os tempos de alimentação, ócio e mastigação total. O número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não apresenta correlação com o consumo e digestibilidade dos nutrientes. As eficiências de alimentação e ruminação apresentam relação positiva com o consumo e digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do extrato etéreo que se correlaciona de forma negativa com estes parâmetros. Neste sentido, a farinha de pupunha apresenta potencial para ser utilizada como ingrediente em dietas de caprinos, porém novas metodologias de processamento da farinha devem ser estudadas a fim de reduzir o teor de extrato etéreo.