FARINHA DE PUPUNHA NA ALIMENTAÇÃO DE
CAPRINOS CONFINADOS
LEANDRO SAMPAIO OLIVEIRA RIBEIRO
2014
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
FARINHA DE PUPUNHA NA ALIMENTAÇÃO DE
CAPRINOS CONFINADOS
Autor: Leandro Sampaio Oliveira Ribeiro
Orientador: Prof. Dr. Aureliano José Vieira Pires
ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
Março de 2014
LEANDRO SAMPAIO OLIVEIRA RIBEIRO
FARINHA DE PUPUNHA NA ALIMENTAÇÃO DE
CAPRINOS CONFINADOS
Tese apresentada, como parte das
exigências para obtenção do título de
DOUTOR EM ZOOTECNIA, no
Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia.
Orientador: Prof. Dr. Aureliano José Vieira Pires
Coorientadores: Profa Drª. Mara Lúcia Albuquerque Pereira
Prof. Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho
ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
Março de 2014
636.085 Ribeiro, Leandro Sampaio Oliveira.
R369f
Farinha de pupunha na alimentação de caprinos confinados. /
Leandro Sampaio Oliveira Ribeiro. – Itapetinga-BA: UESB, 2014.
126f.
Tese apresentada, como parte das exigências para obtenção do título
de DOUTOR EM ZOOTECNIA, no Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB Campus de Itapetinga. Sob a orientação do Prof. D.Sc. Aureliano José
Vieira Pires e coorientação da Profª. D.Sc. Mara Lúcia Albuquerque
Pereira e Prof. D.Sc. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho.
1. Caprinos – Alimento alternativo. 2. Caprinos – Alimentação Farinha de pupunha.
Caprinos Boer.
3. Bactris gasipaes Kunth - Coproduto.
4.
I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -
Programa de Pós-Graduação de Doutorado em Zootecnia. II. Pires,
Aureliano José Vieira. III. Pereira, Mara Lúcia Albuquerque. IV.
Carvalho, Gleidson Giordano Pinto de. V. Título.
CDD(21): 636.085
Catalogação na Fonte:
Adalice Gustavo da Silva – CRB 535-5ª Região
Bibliotecária – UESB – Campus de Itapetinga-BA
Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:
1. Caprinos – Alimento alternativo
2. Caprinos – Alimentação - Farinha de pupunha
3. Bactris gasipaes Kunth - Coproduto
4. Caprinos Boer
ii
DEDICO
A Deus, Pai todo poderoso, por esta vida maravilhosa.
Ao meu pai Antônio César Andrade Ribeiro, meus tios Marcussuel, Ângela, Paulo
Sérgio e Marlene, meus avós Maria Celeste e Olival Evaristo, meus bisavós Nair (in
memorian) e Manoel (in memorian) pelo incentivo em todos os momentos desta
jornada.
À minha mãe Rosana Sampaio Oliveira, meus tios Rogério, Rejane e Rodrigo, meus
avós Waldélia e Nelito pelo incentivo em todos os momentos desta jornada.
Aos meus irmãos Rafael Sampaio Oliveira Ribeiro e Ana Luiza Teixeira Ribeiro pelo
amor, apoio e incentivo em todos os momentos da minha vida.
À minha noiva Alana Batista dos Santos pelo incentivo, apoio, amizade,
companheirismo, força, compreensão e principalmente pelo amor dedicado em todos os
momentos.
OFEREÇO
Ao meu orientador, Prof. Dr. Aureliano José Vieira Pires e Família, pelo incentivo e
apoio incondicional em todos os momentos de dificuldades e à professora Dra. Mara
Lúcia Albuquerque Pereira e Família, pela amizade, conselhos, sugestões e apoio.
Aos amigos Gleidson e José Queiroz pelo apoio e disposição em ajudar sempre que
preciso.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao senhor Deus, Pai todo poderoso, por me dar sabedoria, força, coragem, e
vontade para viver e vencer.
À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, e ao programa de PósGraduação em Zootecnia, pela oportunidade em realizar o curso.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),
pela concessão da bolsa de estudo no início do curso.
Ao professor Dr. Aureliano José Vieira Pires, pela paciência, compreensão,
incentivos, ensinamentos, amizade e acima de tudo pela excelente orientação.
Aos meus coorientadores, professor Dr. Gleidson Giordano Pinto de Carvalho e
Dra. Mara Lúcia Albuquerque Pereira, pelos conselhos, críticas, sugestões e apoio.
Aos professores, Prof. Dr. Herymá Giovane de Oliveira Silva, Prof. Dr. Dimas
Oliveira Santos, Prof. Dr. Carlindo Santos Rodrigues - IFBAIANO pelas críticas e
sugestões.
Ao professor, Prof. Dr. Herymá Giovane de Oliveira Silva pelo formidável apoio
na montagem e condução dos experimentos.
Aos professores do programa de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos
ensinamentos transmitidos.
Ao Instituto Federal Baiano - IF Baiano pelo apoio e incentivo em oportunizar a
capacitação dos servidores.
A todos os docentes e técnicos administrativos do IF Baiano, campus Uruçuca,
pela compreensão e apoio, em especial aos colegas do Núcleo de Agropecuária.
A professora Wanessa Camboim pelo apoio incondicional, aceitando assumir
minhas atividades docentes e aos demais amigos Carlindo Rodrigues, Julianna Torres,
Ariana Oliveira e Rilvaynia Soares pelo apoio.
A CEPLAC em nome da pesquisadora Maria das Graças Conceição Parada
Costa Silva, pela parceria e auxílio na elaboração da farinha de pupunha.
A Empresa INACERES, em nome do Dr. Manoel Aboboreira e o senhor Gleison
Murilo pela disponibilidade em fornecer a polpa dos frutos de pupunha.
Ao laboratório Centro de Análises Cromatográficas, em especial a professora
Débora pela disponibilidade e acessibilidade para realização das análises de ácidos
iv
graxos. A colega Beatriz (Bia) e Taiala pelo auxilio nas análises e a Colega Jeanny
pela disponibilidade e contribuição nos cálculos.
Aos colegas que ajudaram na montagem e condução do experimento Alana,
Taiala, Leone, Carlinhos, Ramon, Aline, Jeruzia, Juliana e Tiagão.
A Paulo José Presidio Almeida (Barrão) pela disponibilidade em emprestar os
animais para condução do experimento.
Ao Mário (Marão) coordenador do campo agropecuário da UESB e a todos os
trabalhadores do campo pelo apoio, principalmente o senhor Dai.
Ao laboratório de forragicultura na pessoa do senhor José Queiroz (Zezinho)
pela grande colaboração, pela excelente e agradável convivência.
A todos os colegas de graduação e Pós-Graduação da UESB, em especial aos
amigos Jefferson e Suely pelo apoio e agradável convivência.
Aos animais utilizados nesta pesquisa, por todo sacrifício em prol da ciência.
Aos amigos do pensionato de Dona Alzira, pelo apoio e amizade, em especial a
Senhora Alzira pelo carinho, incentivo, apoio e comida maravilhosa.
A todos meus familiares (pais, irmãos, avós, bisavós, tios e primos) pela torcida,
incentivo e apoio prestado em todo momento.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
desse trabalho.
O meu muito obrigado!
v
BIOGRAFIA
LEANDRO SAMPAIO OLIVEIRA RIBEIRO, filho de Antônio César Andrade Ribeiro
e Rosana Sampaio Oliveira, nasceu em Feira de Santana, Bahia, em 18 de fevereiro de
1984. Em 1999, ingressou no curso Técnico em Agropecuária, pela Escola Agrotécnica
Federal de Santa Inês – EAFSI, Santa Inês, Bahia, concluindo em 2001. Em 2004,
ingressou no curso de graduação em Zootecnia, pela Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia – UESB, onde obteve o título de Zootecnista em 31 de janeiro de 2009. Em
março de 2009, ingressou no Mestrado em Zootecnia, área de concentração em
Produção de Ruminantes, pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB,
defendendo a dissertação em 10 de março de 2010. Em março de 2010, ingressou no
Doutorado em Zootecnia, área de concentração em Produção de Ruminantes, pela
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB e concluiu o curso em março de
2014. Em 01 Julho de 2010 tomou posse como docente do Instituto Federal Baiano,
Campus de Uruçuca, Bahia, onde permanece até o presente momento.
vi
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... viii
RESUMO ....................................................................................................................... xiii
ABSTRACT ................................................................................................................... xvi
I – REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 23
1.1. Introdução ...................................................................................................... 23
1.2. Farinha de pupunha ....................................................................................... 24
1.3. Referências Bibliográficas ............................................................................. 27
II – OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................ 30
III – CAPÍTULO I – DESEMPENHO DE CAPRINOS ALIMENTADOS COM
FARINHA DE PUPUNHA ........................................................................................... 31
Resumo ................................................................................................................. 31
Abstract ................................................................................................................. 32
Introdução ............................................................................................................. 33
Material e Métodos ............................................................................................... 35
Resultados e Discussão ......................................................................................... 44
Conclusões ............................................................................................................ 54
Referências Bibliográficas .................................................................................... 55
IV – CAPÍTULO II – COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS
ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA .................................................... 58
Resumo ................................................................................................................. 58
Abstract ................................................................................................................. 59
Introdução ............................................................................................................. 60
Material e Métodos ............................................................................................... 61
Resultados e Discussão ......................................................................................... 70
Conclusões ............................................................................................................ 79
Referências Bibliográficas .................................................................................... 80
vii
V – CAPÍTULO III – METABOLISMO DE NITROGÊNIO EM CAPRINOS
ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA .................................................... 82
Resumo ................................................................................................................. 82
Abstract ................................................................................................................. 83
Introdução ............................................................................................................. 84
Material e Métodos ............................................................................................... 85
Resultados e Discussão ......................................................................................... 95
Conclusões ............................................................................................................ 90
Referências Bibliográficas .................................................................................... 100
VI
–
CAPÍTULO
IV
–
CORRELAÇÕES
ENTRE
CONSUMO
E
DIGESTIBILIDADE COM O COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS 102
Resumo ................................................................................................................. 102
Abstract ................................................................................................................. 103
Introdução ............................................................................................................. 104
Material e Métodos ............................................................................................... 106
Resultados e Discussão ......................................................................................... 116
Conclusões ............................................................................................................ 123
Referências Bibliográficas .................................................................................... 124
VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 126
viii
LISTA DE TABELAS
CAPITULO 1
Página
TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (%
na MS) .................................................................................................... 36
TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de
Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ............................ 37
TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia
digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL)
das dietas ................................................................................................ 38
TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas
experimentais ......................................................................................... 41
TABELA 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates ortogonais empregados
na decomposição da soma dos quadrados .............................................. 43
TABELA 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de
probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos consumos de matéria
seca (MS), MS indigestível (MSi), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN),
FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN indigestível
(FDNi), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos
corrigidos para cinza e proteína (CNFcp) em caprinos alimentados
com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ...... 46
ix
TABELA 7. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de
probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos consumos de nutrientes
digestíveis totais (NDT) e energia metabolizável (EM) em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição
ao milho .................................................................................................. 49
TABELA 8. Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de
probabilidade para os contrastes (Valor-P) dos coeficientes de
digestibilidade da matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente neutro corrigida para cinza e proteína (FDNcp),
carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos corrigido para
cinza e proteína (CNFcp) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em
caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em
substituição ao milho ............................................................................. 51
Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de
probabilidade para os contrastes (Valor-P) do peso vivo final (PVF),
TABELA 9. ganho de peso total (GPT) e conversão alimentar (CA) em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição
ao milho .................................................................................................. 53
CAPITULO 2
TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (%
na MS) .................................................................................................... 62
TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de
Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ............................ 63
TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia
digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL)
das dietas ................................................................................................ 64
x
-1
TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g ) dos ingredientes das dietas
experimentais ......................................................................................... 67
TABELA 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates ortogonais empregados
na decomposição da soma dos quadrados .............................................. 69
TABELA 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância
para os efeitos dos contrastes dos consumos de matéria seca (CMS) e
fibra em detergente neutro corrigida para cinza e proteína (CFDNcp),
atividades de alimentação, ruminação, mastigação e ócio em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição
ao milho .................................................................................................. 71
TABELA 7. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância
para os efeitos dos contrastes das eficiências de alimentação em
caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em
substituição ao milho ............................................................................. 75
TABELA 8. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância
para os efeitos dos contrastes do número e tempo médio despendido
por período nas atividades de alimentação, ruminação e ócio e
consumo de MS e FDNcp por período de alimentação em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição
ao milho .................................................................................................. 78
CAPITULO 3
TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (%
na MS) .................................................................................................... 86
TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de
Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ............................ 87
TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia
digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL)
das dietas ................................................................................................ 88
xi
TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas
experimentais ......................................................................................... 92
TABELA 5. Distribuição dos coeficientes para os contrates ortogonais empregados
na decomposição da soma dos quadrados .............................................. 94
TABELA 6. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância
para os efeitos dos contrastes da ingestão de nitrogênio (N-ING),
excreção de nitrogênio nas fezes (N-fezes), nitrogênio digerido (NDIG), excreção de nitrogênio na urina (N-urina) e nitrogênio retido
(N-retido) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de
pupunha em substituição ao milho ......................................................... 96
TABELA 7. Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância
para os efeitos dos contrastes das concentrações de nitrogênio ureico
(N-ureico) na urina e no plasma e excreções diárias de ureia e
nitrogênio ureico na urina em caprinos alimentados com dietas
contendo farinha de pupunha em substituição ao milho ........................ 98
CAPITULO 4
TABELA 1. Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta
(% na MS) ............................................................................................ 107
TABELA 2. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) do feno de
Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha ......................... 108
TABELA 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza,
proteína bruta (PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE),
carboidratos totais (CT), carboidratos não fibrosos (CNF), CNF
corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em detergente neutro
(FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra
em detergente ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose,
celulose, lignina, MS potencialmente digestível (MSpD), MS
indigestível (MSi), nutrientes digestíveis totais (NDT), energia
digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida (EL)
das dietas .............................................................................................. 109
TABELA 4. Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas
experimentais ....................................................................................... 113
xii
TABELA 5. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e consumo
de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em
substituição ao milho ........................................................................... 116
TABELA 6. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o
consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de
pupunha em substituição ao milho ...................................................... 118
TABELA 7. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o
consumo de nutrientes em caprinos alimentados com farinha de
pupunha em substituição ao milho ...................................................... 119
TABELA 8. Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a
digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com
farinha de pupunha em substituição ao milho ..................................... 120
TABELA 9.
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a
digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com
farinha de pupunha em substituição ao milho ..................................... 121
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a
TABELA 10. digestibilidade aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com
farinha de pupunha em substituição ao milho ..................................... 122
xiii
RESUMO
RIBEIRO, Leandro Sampaio Oliveira. Farinha de pupunha na alimentação de
caprinos confinados. Itapetinga, BA: UESB, 2014. 126 p. Tese. (Doutorado em
Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes)*.
O presente trabalho foi desenvolvido mediante a condução de um experimento, os quais
geraram informações que serão apresentadas na forma de quatro capítulos. Ressalta-se,
inicialmente, que a farinha de pupunha utilizada no experimento foi produzida em casa
de farinha, utilizando o processo de fabricação semelhante ao de farinha de mandioca.
Objetivou-se avaliar a substituição do milho pela farinha de pupunha nos níveis de 0,
10, 40, 60 e 85% (com base na matéria seca do concentrado) em dietas de caprinos
confinados. No primeiro capítulo o trabalho foi desenvolvido para avaliar o
desempenho de caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. Foram
utilizados 30 cabritos, mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com peso corporal
médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado,
com cinco tratamentos e seis repetições. As dietas foram compostas por milho, farelo de
soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação
volumoso:concentrado de 30:70. O consumo de nutrientes dos animais foi avaliado ao
longo dos 84 dias experimentais. Para o cálculo da digestibilidade foram colhidas
amostras dos alimentos fornecidos bem como das sobras e fezes no mesmo período
durante 5 dias. O desempenho foi obtido com pesagens individuais dos animais no
início do período experimental e a cada 28 dias. Verificou-se que as dietas contendo
farinha de pupunha apresentaram consumos reduzidos de matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido
para cinza e proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT), carboidrato não fibroso
(CNFcp), nutriente digestíveis totais (NDT) em g/dia e g/kg de PC e energia
metabolizável em Mcal/dia e Kcal/PC. O mesmo comportamento foi observado para os
coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN, FDNcp e CT. O consumo e a
digestibilidade do extrato etéreo (EE) aumentaram em função dos níveis de farinha de
xiv
pupunha na dieta. A utilização de farinha de pupunha em dietas de caprinos promove
elevação no consumo de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade para
maioria dos nutrientes. A inclusão de farinha de pupunha em substituição ao milho em
dietas de caprinos reduz o ganho de peso em 0,77g/dia por unidade percentual de
inclusão. No Segundo capítulo objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo em
caprinos mestiços Boer x SRD, alimentados com dietas contendo farinha de pupunha.
As avaliações de comportamento foram realizadas nos três períodos exprimentais,
durante um período de 24 horas em intervalos de cinco minutos, para a avaliação dos
tempos de alimentação, ruminação e ócio. O delineamento experimental e as dietas
foram semelhantes ao relatado no capítulo anterior. Para o consumo de MS e FDNcp em
24 horas, verificou-se redução para as dietas contendo farinha de pupunha. O tempo
despendido com as atividades de alimentação e ruminação aumentou, enquanto que o
tempo em ócio reduziu em função dos níveis de farinha de pupunha. As eficiências de
alimentação e ruminação foram reduzidas mediante o incremento da farinha de pupunha
em substituição ao milho. A utilização de farinha de pupunha em dietas de caprinos
promove modificação no comportamento ingestivo, evidenciado pelas alterações nas
atividades diárias de alimentação, ruminação e ócio, bem como nas eficiências de
alimentação e ruminação. No terceiro capítulo objetivou-se avaliar o balanço de
nitrogênio, a concentração de ureia no plasma e excreção na urina em caprinos mestiços
Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. O delineamento
experimental e as dietas foram semelhantes aos relatados nos capítulos anteriores. A
ingestão de nitrogênio reduziu linearmente (P<0,05) à medida que a farinha de pupunha
substituiu o milho. Os animais que receberam dietas com níveis de farinha de pupunha
apresentaram menor média para o N-digerido (14,9 g/dia), quando comparado com a
média (17,1 g/dia) dos caprinos que ingeriram concentrado que possuía apenas milho
como fonte energética. A excreção de nitrogênio na urina diminuiu à medida que a
farinha de pupunha substituiu o milho no concentrado. A utilização de 39,0% de
substituição do milho pela farinha de pupunha reduziu a excreção de ureia na urina. Foi
verificada máxima retenção de nitrogênio (7,83 g/dia) ao nível de 28,9% de substituição
do milho pela farinha de pupunha. No quarto capítulo objetivou-se correlacionar o
consumo e a digestibilidade com o comportamento ingestivo de caprinos mestiços Boer
x SRD, alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. O delineamento
experimental e as dietas foram semelhantes aos relatados nos capítulos anteriores.
Verificou-se correlação negativa e moderada para os consumos de MS (P = 0,0430),
xv
MO (P = 0,0410), FDN (P = 0,0492) e energia metabolizável (P = 0,0336). O tempo
despendido com a atividade de alimentação e mastigação total apresentaram correlações
negativas e moderadas com os coeficientes de digestibilidade da MS (P = 0,0168 e P =
0,0188), PB (P = 0,0427 e P = 0,0437). Enquanto que a atividade de ócio apresentou
correlações positivas e moderadas (P = 0,0186 e P = 0,0440) com os coeficientes de
digestibilidade destes mesmos nutrientes. Os consumos dos nutrientes se correlacionam
alta e positivamente com as eficiências de alimentação e ruminação (g MS/h e g
FDN/h), com exceção do consumo de EE. Já os coeficientes de digestibilidade da MS,
MO, PB, FDN apresentaram correlações moderada e positiva com as eficiências de
alimentação e ruminação. O número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não
apresentam correlação com o consumo e a digestibilidade dos nutrientes. As eficiências
de alimentação e ruminação apresentam relação positiva com o consumo e
digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do EE que se correlaciona de
forma negativa com estes parâmetros.
Palavras-chave: Alimento alternativo, Boer, coproduto, Bactris gasipaes Kunth
____________________
* Orientador: Aureliano José Vieira Pires, Dr. UESB e Coorientadores: Mara Lúcia Albuquerque Pereira,
Drª. UESB e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA.
xvi
ABSTRACT
RIBEIRO, Leandro Sampaio Oliveira. Peach-palm flour in confined feeding goats.
Itapetinga, BA: UESB, 2014. 126 p. (Thesis - Doctorate degree in Animal Science,
Area of concentration in Production of Ruminants).*
The present work was developed by the conduction of one experiment, which generated
information that will be presented in the form of four chapters. It is highlighted, first,
that the peach-palm flour used in the experiment was produced in the flour mill, using
the manufacturing process similar to that of cassava flour. This study aimed to evaluate
the replacement of corn by peach-palm flour at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% (based
on dry matter of concentrate) in diets for feedlot goats. In the first chapter The study
was conducted to evaluate the performance of goats fed peach-palm flour in
replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the
concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial
body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five
treatments and six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm
flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70.
The intake of individual nutrients of the animals was assessed during the 84
experimental days. To calculate the digestibility of feed supplied samples and leftovers
and feces were collected in the same period for 5 days. The performance was obtained
with individual weights of animals at the beginning of the trial and every 28 days. It was
found that treatments with peach-palm flour had lower intakes of DM, OM, CP, NDF,
NDF, CT, CNFcp, NDT in g/day and g/kg BW and metabolizable energy in Mcal/day
and kcal/PC. The same behavior was observed for digestibility coefficients of DM, OM,
CP, NDF, NDFcp and CT. The intake and digestibility of ether extract increased with
increasing levels of peach-palm flour in the diet. The use of peach-palm flour in diets
for goats promotes a rise in the intake of lipids and reduction in intake and digestibility
for most nutrients. The inclusion of peach-palm flour at the levels studied in diets for
goats reduces the total weight gain and average daily gain and feed conversion
xvii
increased. In the second chapter It was evaluated the ingestive behavior of goats fed
peach-palm flour in replacement of corn. The of behavior assessments were conducted
for a period of 24 hours in five minute intervals, for evaluating the time spent eating,
ruminating and ocio. The experimental design and the diets were similar to that reported
in the first chapter. For the intake of DM and NDFcp in 24 hours, there was a reduction
for diets containing peach-palm flour. The time spent on the activities of eating and
ruminating increased, while the time in ocio reduced depending on the levels of peachpalm flour. The efficiencies of feeding and rumination were reduced by increasing the
peach-palm flour replacing corn. The use of peach-palm flour in diets for growing goats
cause changes in feeding behavior, evidenced by changes in the daily activities of
eating, ruminating and ocio as well as the efficiencies of eating and ruminating. In the
third chapter It was evaluated the nitrogen balance, the urea concentrations in urine
and plasma of goats fed peach-palm flour in replacement of corn. The experimental
design and the diets were similar to that reported in the first chapter. The nitrogen intake
linearly decreased (P <0.05) by means of the substitution of corn for peach-palm flour.
The animals fed diets with levels of peach-palm flour presented smaller average for the
N-digested (14.9 g / day), when compared with the average (17.1 g / day) of the goats
that ingested concentrate which had only corn as energy source. Nitrogen excretion in
urine decreased the measure which the peach-palm flour replaced corn in the
concentrate. The use of 39.0% replacement of corn for peach-palm flour reduced the
excretion of urea in the urine. Was observed nitrogen retention maximum (7.83 g / day)
at the level of 28.9% replacement of corn for peach-palm flour. In the fourth chapter
It was evaluated the correlation between intake and digestibility with ingestive behavior
of goats fed peach-palm flour in replacement of corn. The experimental design and the
diets were similar to that reported in the first chapter. The time spent on feeding activity
and total chewing showed moderate negative correlations (P<0.05) with the coefficients
of digestibility of dry matter and crude protein. While ocio activity presented (P<0.05)
positive moderate correlation with digestibility coefficients of these same nutrients. The
nutrient intakes correlated (P<0.05) positively with efficiencies of eating and ruminating
(g DM/h and gNDF/h), with the exception of ether extract intake. The digestibility of
dry matter, organic matter, crude protein, neutral detergent fiber showed correlation
(P<0.05) positively and moderate with efficiencies of eating and ruminating. The
number and chewing time per ruminated bolus showed no correlation with the intake
and digestibility of nutrients. The efficiencies of feeding and rumination have positive
xviii
relationship with the intake and digestibility of most nutrients except ether extract
which correlates negatively with these parameters.
Keywords: alternative food, Boer, coproduct, Bactris gasipaes Kunth
____________________
* Adviser: Aureliano José Vieira Pires, Dr. UESB e Co-adviser: Mara Lúcia Albuquerque Pereira, Drª.
UESB e Gleidson Giordano Pinto de Carvalho, Dr. UFBA.
23
I – REFERENCIAL TEÓRICO
1 Introdução
Dentre os principais fatores que interferem na produtividade de carne a
sazonalidade de produção forrageira ainda representa um dos maiores entraves, pois a
pecuária brasileira caracteriza-se pela grande dependência de pastagens, que são
constituídas, principalmente, por forrageiras tropicais nativas e cultivadas, com
produção vegetal sazonal. Em consequência de fatores climáticos, na época das chuvas,
podem ocorrer perdas substanciais por excesso de produção e no período com
deficiência hídrica, escassez e baixa qualidade (Ferreira et al., 2009). Essa situação pode
ser revestida através da utilização de ferramentas nutricionais, capazes de reduzir o ciclo
de produção. Dentre estas ferramentas a adoção de confinamento ou a suplementação
em pastejo são as principais alternativas para solucionar o problema.
Na suplementação de ruminantes a principal fonte energética utilizada é o
milho, porém este produto é uma comodditie que sofre influência do mercado
internacional, e isso muitas vezes inviabilizam a sua utilização na alimentação animal.
No ano de 2012, foi evidenciada na mídia a frequente flutuação de preço desses
produtos, devido a problemas climáticos ocorridos nos Estados Unidos e também em
consequência da utilização destes alimentos para a produção de biocombustíveis.
Assim, tornaram-se crescente as buscas por alimentos alternativas que possam viabilizar
economicamente os sistemas produtivos.
Os resíduos e subprodutos agroindustriais são ingredientes que podem ser
utilizados na composição de dietas, sem ocasionar expressivas alterações no valor
nutritivo das rações. São encontrados em grandes quantidades nas diversas regiões do
Brasil, além de apresentar, geralmente, baixos custos de aquisição em detrimento aos
alimentos convencionais. Os resíduos e/ou subprodutos são bastante estudados
(Magalhães et al., 2008; Silva et al., 2008; Xenofonte et al., 2008; Silva et al., 2009;
Oliveira et al., 2010; Rêgo et al., 2010; Faria et al., 2011; Azevêdo et al., 2011ab; Faria
24
et al., 2011; Lima et al., 2012; Maciel et al., 2012) e ocupam um lugar importante no
segmento da alimentação animal, dando um suporte nutricional adequado à atividade.
O uso de coprodutos na alimentação de ruminantes, além de resolver problemas
produtivos e econômicos, envolvem questões ambientais e devido a estes fatores têm
merecido considerável atenção dos pecuaristas e nutricionistas. A sua inserção em
dietas apresenta vantagens como: diminuição da dependência por cereais que possam
servir para alimentação humana ou de animais monogástricos, como também eliminar a
necessidade de criação de práticas onerosas de manejo de resíduos (Tavares et al.,
2011). Mas é importante ressaltar que a utilização desses materiais está na dependência
da sua disponibilidade na região.
Na região nordeste, sobretudo na Bahia, se destaca a produção de resíduos de
frutos de pupunha que vêm crescendo no Sul da Bahia, devido à valorização do palmito
e consequente agregação de valor às sementes que são extraídos dos frutos. Deste
processo, resulta uma elevada quantidade da polpa de frutos, que ainda não possui
destinação adequada. A disponibilidade deste coproduto tem se apresentado como uma
potencial alternativa alimentar, para a nutrição de ruminantes, entretanto, ainda não
foram realizadas pesquisas com estes animais, para se conhecer suas potencialidades
e/ou principais limites de uso em dietas.
1.1 Farinha de Pupunha
A pupunheira pertence à família Palmae (Arecaceae), e ao gênero Bactris que
apresenta um grande número de espécies; porém, a mais cultivada é a Bactris gasipaes
Kunth. (Oliveira & Marinho, 2010). A pupunheira (Bactris gasipaes Kunth, Palmae) é
uma palmeira nativa dos trópicos úmidos americanos, produz cachos grandes de frutos
comestíveis, utilizados de variadas maneiras (Monteiro, 2000).
O interesse pelo cultivo da pupunheira na Bahia cresceu com a crise da lavoura
cacaueira, que motivou os produtores a buscarem alternativas para diversificar suas
propriedades rurais, com ênfase aos cultivos precoces, rentáveis e com mercado em
expansão. A pupunheira oferece todas essas condições, além da grande capacidade de
adaptação aos solos e clima regionais. A primeira introdução de pupunha na Bahia
aconteceu em 1960, mas foi no início da década de 90, com a divulgação da pupunha
como produtora de palmito, intensificou-se a busca por informações e por sementes para
25
plantios em escala comercial, e a área passou a ser um campo de produção de sementes
(Silva, 2005).
Em 2001, surgiu a cadeia produtiva do palmito, com a integração entre o
segmento privado e o Governo da Bahia por meio de suas Secretarias de Estado
(Virgens Filho, 2002). Duas empresas foram criadas e estabelecidas na Bahia, a partir
da criação da Cadeia Produtiva do Palmito. A Inaceres Agrícola Ltda. com sede em
Uruçuca é resultado da associação da Inaexpo (Equador), com a Agroceres (Brasil), e
possui uma área plantada de 700 ha (300 ha próprios, e 400 ha adquiridos da
UNACAU). No sistema de integração, encontram-se registrados 86 produtores que
juntos totalizam uma área de 308 hectares de palmito (Aboboreira Neto, 2005).
A escassez de sementes de pupunheiras sem espinhos é um dos grandes entraves
para a expansão do agronegócio do palmito pupunha na Bahia, foi assinado também o
Protocolo de Intenções da Biofábrica de mudas de pupunha, em construção no
município de Camamu, para atender à demanda das duas empresas. Esta medida visa
principalmente diminuir o risco de introdução de pragas quarentenárias como a Monilia,
agente causal da monilíase, doença muito importante na cultura do cacau, presente no
Equador, Colômbia, Venezuela e Peru. Os esporos deste fungo podem ser transportados
nas sacarias, embalagens e nas próprias sementes de pupunha oriundas do Peru,
principal país exportador de sementes para o Brasil. Devido, a estes fatores, o
Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) emitiu a Instrução
Normativa nº 26 registrado no Diário Oficial de 22 de abril de 2002 que proíbe a
importação de sementes (Silva, 2005). Desse modo, para atender a demanda interna de
semente, elevou-se a plantação de pupunha nesta região, com a finalidade de produzir
semente e neste processo resulta um resíduo que é a polpa do fruto que ainda não possui
destinação adequada.
O fruto, quando maduro, possui um epicarpo fibroso que varia de cor, podendo
ser vermelha, laranja ou amarela, e um mesocarpo que varia de amiláceo a oleoso, com
um endocarpo envolvendo uma amêndoa fibrosa e oleosa (Carvalho et al., 2013). Os
frutos da pupunha constituem um alimento essencialmente energético, mas contém
quantidades consideráveis de proteína, óleo, caroteno (pró-vitamina A), vitaminas B, C
e ferro (Monteiro, 2000). A polpa dos frutos pode ser utilizada na fabricação de farinha
de alto valor nutritivo que pode se tornar uma fonte alternativa de agregação de renda
para o produtor rural (Ferreira & Pena, 2003).
26
Para obtenção da farinha de pupunha, utiliza-se a polpa dos frutos sem as
sementes, sendo o processo de fabricação o mesmo da farinha de mandioca. A polpa,
embora rica em gordura e suficiente amilácea para permitir o preparo da farinha
(Ferreira & Pena, 2003), podendo ser utilizada de maneira ampla na nutrição animal.
A farinha de pupunha apresenta potencial para substituir o milho em dietas de
ruminantes, devido à semelhança em termos de composição química, diferenciando
apenas por apresentar maior teor de extrato etéreo que a depender do nível utilizado nas
dietas pode afetar a digestibilidade da fração fibrosa desse alimento. Demostrando a
importância em encontrar níveis de substituição ao milho que proporcione uma maior
eficiência produtiva.
O milho é o concentrado energético mais utilizado na formulação de dietas para
os animais. Contudo, por apresentar grande variação de preço ao longo do ano, com o
aumento recente, devido ao uso crescente na produção de etanol americano, torna-se
necessária a realização de pesquisas que avaliem alimentos energéticos alternativos
(Santos et al., 2008). Porém, a busca por ingredientes alternativos para a nutrição de
ruminantes leva a constantes investigações de aceitabilidade, da dinâmica de
fermentação, digestão desses ingredientes nos processos que estão envolvidos na
nutrição dos animais de produção (Ezequiel et al., 2006).
Mori-Pinedo et al. (1999) utilizaram a farinha de pupunha em substituição ao
milho em dietas de alevinos de tambaquis e concluíram que este alimento pode
substituir totalmente o fubá de milho, por não afetar o desempenho e composição
corporal dos alevinos. Porém com animais ruminantes, pesquisas que avaliam o
desempenho e metabolismo dos animais são escassas e devem ser fomentados para
fortalecimento da cadeia de valores da cultura.
O Sul da Bahia apresenta uma diversidade de palmeiras introduzidas com grande
produção de frutos pupunha, que podem ser utilizadas para produção de farinha, no
intuito de agregar valor ao produto. A sua comprovação como um potencial substituto
do milho, em dietas de ruminantes, tanto pode reduzir os impactos ambientais, como
pode agregar valor ao resíduo resultante da extração da semente (polpa do fruto), além
de intensificar os sistemas de produção ruminantes.
A farinha de pupunha pode ser classificada como alimento energético, por
apresentar menos de 20% de proteína bruta. Santos et al. (2011) avaliando a composição
químico-bromatólogica encontraram 94,3% de matéria seca; 93,6% de matéria orgânica;
5,8% de proteína bruta, 56,6% de fibra em detergente neutro, 9,2% de fibra em
27
detergente ácido e 47,3% de hemicelulose. Estes mesmos autores concluíram que a
farinha de pupunha apresenta grande potencial de uso na alimentação animal,
principalmente de ruminantes, contudo necessita de estudos que avaliem o desempenho
dos animais.
1.2 Referências Bibliográficas
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30
II – OBJETIVOS GERAIS
Avaliar níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha (0, 10, 40, 60 e
85% matéria seca do concentrado) em dietas de caprinos mestiços Boer x SRD, a saber:

O consumo e digestibilidade dos nutrientes;

O ganho de peso e a conversão alimentar;

O comportamento ingestivo e a eficiência de alimentação e ruminação;

A excreção de ureia na urina e a concentração no plasma;

O balanço de nitrogênio;

A correlação entre o consumo e a digestibilidade dos nutrientes com o
comportamento ingestivo.
31
III – CAPÍTULO I
DESEMPENHO DE CAPRINOS ALIMENTADOS COM FARINHA
DE PUPUNHA
RESUMO: O trabalho foi desenvolvido para avaliar o desempenho de caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha. Foram utilizados 30 cabritos,
mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com peso corporal médio inicial de 16,7
± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos
e seis repetições. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de
pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso: concentrado
de 30:70. O consumo dos nutrientes dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias
experimentais. Para o cálculo da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos
fornecidos bem como das sobras e fezes no mesmo período durante 5 dias. O
desempenho foi obtido com pesagens individuais dos animais no início do período
experimental e a cada 28 dias. Verificou-se que as dietas contendo farinha de pupunha
apresentaram reduções nos consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e
proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT), carboidrato não fibroso (CNFcp), nutriente
digestíveis totais (NDT) em g/dia e g/kg de PC e energia metabolizável em Mcal/dia e
Kcal/PC. O mesmo comportamento foi observado para os coeficientes de
digestibilidade da MS, MO, PB, FDN, FDNcp e CT. O consumo e a digestibilidade do
extrato etéreo (EE) aumentaram em função dos níveis de farinha de pupunha na dieta. A
utilização de farinha de pupunha em dietas de caprinos promove elevação no consumo
de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade para maioria dos nutrientes. A
inclusão de farinha de pupunha em dietas de caprinos reduz em 0,77g/unidade
percentual de inclusão do ganho médio diário e aumenta a conversão alimentar.
Palavras chave: Alimento alternativo, Conversão alimentar, Consumo, Ganho de peso.
32
III– CHAPTER I
PERFORMANCE OF GOATS FED PEACH-PALM FLOUR
ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the performance of goats fed
peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the
dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated,
with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely
randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn,
soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage:
concentrate ratio of 30:70. The intake of individual nutrients of the animals was
assessed during the 84 experimental days. To calculate the digestibility of feed supplied
samples and leftovers and feces were collected in the same period for 5 days. The
performance was obtained with individual weights of animals at the beginning of the
trial and every 28 days. It was found that treatments with peach-palm flour had lower
intakes of DM, OM, CP, NDF, NDF, CT, CNFcp, NDT in g/day and g/kg BW and
metabolizable energy in Mcal/day and kcal/PC. The same behavior was observed for
digestibility coefficients of DM, OM, CP, NDF, NDFcp and CT. The intake and
digestibility of ether extract increased with increasing levels of peach-palm flour in the
diet. The use of peach-palm flour in diets for goats promotes a rise in the intake of lipids
and reduction in intake and digestibility for most nutrients. The inclusion of peach-palm
flour at the levels studied in diets for goats reduces the total weight gain and average
daily gain and feed conversion increased.
Key words: Alternative food, Feed conversion, Intake, Weight wain
33
INTRODUÇÃO
A região Nordeste possui o maior rebanho de caprinos, o qual foi estimado em
7.841.373 milhões de cabeças, o que representa 90,7% do efetivo nacional. A seca
prolongada ocorrida no Nordeste resultou no cenário pouco favorável à produção
pecuária, com redução de 7,9% do rebanho de caprinos no ano de 2012,
comparativamente a 2011 (IBGE, 2013). Isto demonstra a necessidade da adoção de
ferramentas nutricionais capazes de suprir a exigência dos animais e consequentemente
garantir sua sobrevivência.
Embora os caprinos se adaptem muito bem em condições ambientais menos
favoráveis, em relação a outras espécies como os ovinos e os bovinos, a necessidade de
alimentos de qualidade constitui realidade para atender aos requisitos nutricionais destes
animais no período seco (Carvalho et al., 2010). A criação de caprinos no Nordeste se
destaca como uma importante atividade sócio econômica, necessitando de politicas
públicas e pesquisas para garantir produtividade no período de escassez. A associação
entre utilização de material genético de qualidade e o uso de animais confinados
representa um grande avanço na caprinocultura nesta região.
Um dos principais limitantes da adoção de confinamento são os elevados custos
com alimentação. Os alimentos concentrados tradicionais, como o milho, são de difíceis
acessos aos produtores por apresentar elevados preços. Diante desse fato, observa-se a
importância de realizar pesquisas, que têm como objetivo a avaliação de alimentos
alternativos, que possam ser utilizados em dietas de ruminantes de forma organizada e
em níveis adequados, na tentativa de manter ou até mesmo elevar a produtividade.
O Sul da Bahia apresenta uma diversidade de palmeiras introduzidas com grande
produção de frutos pupunha que são utilizados para extração de sementes. O
desenvolvimento da cadeia produtiva de sementes para novos plantio e replantio resulta
em grandes quantidades de polpa do fruto, que ainda não possuem destinação adequada,
assim podem ser utilizadas na alimentação de humanos e/ou animais com o intuito de
agregar valor ao resíduo da polpa, bem como garantir a produtividade em sistemas de
produção de caprinos.
A farinha de pupunha pode ser classificada como alimento energético, por
apresentar teores de proteína bruta inferior a 20%, ser rica em gordura vegetal e
suficientemente amilácea. Santos et al. (2011) avaliando a composição químico-
34
bromatólogica encontraram 94,3% de matéria seca; 93,6% de matéria orgânica; 5,8% de
proteína bruta; 56,6% de fibra em detergente neutro; 9,2% de fibra em detergente ácido
e 47,3% de hemicelulose. Estes mesmos autores concluíram que a farinha de pupunha
apresenta grande potencial de uso na alimentação animal, principalmente de ruminantes,
contudo necessita de estudos que avaliem o desempenho dos animais.
Nesse contexto, conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar o consumo e
digestibilidade aparente dos nutrientes e desempenho de caprinos mestiços Boer x SRD
alimentados com dietas contendo níveis de substituição do milho pela farinha de
pupunha (0, 10, 40, 60 e 85% com base na matéria seca do concentrado).
35
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e
Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino
Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de
longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC
e com altitude média de 268 m.
Foram utilizados 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com
idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos
em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85%
de farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período
experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada.
Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto,
providos de cocho e bebedouro.
A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no
Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha
foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus
Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça por três dias consecutivos, com
revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em
um triturador de mandioca e posteriormente a massa triturada foi conduzida para o
torrador de farinha mecanizado. Essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40
minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a
secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade
promovida pela torração, pode-se verificar o clareamento da massa para farinha.
As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme
equações do NRC (2007) e foram considerados: ganho de peso diário de 200g;
maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40%
de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja,
farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação
volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1).
As dietas foram fornecidas diariamente às 7:00 e 16:00h, ad libitum, de forma a
permitir 10 a 20% do fornecimento em sobras. O consumo voluntário diário foi
36
calculado pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras que foram colhidas e
pesadas em balança digital, pela manhã, durante os 98 dias de experimento.
Tabela 1.
Composição percentual dos ingredientes da dieta (% na MS)
Níveis de farinha de pupunha (% MS)
Ingredientes
0
10
40
60
85
Feno de Tifton 85
30,0
30,0
30,0
30,0
30,0
Milho moído
50,7
45,6
29,7
20,3
7,6
Farelo de soja
17,8
17,8
17,8
17,8
17,8
0,0
5,1
21,0
30,4
43,1
1,5
1,5
1,5
1,5
1,5
Total
100
100
100
100
100
Proteína bruta estimada (% MS)
15,2
15,2
15,0
14,9
14,8
Energia metabolizável estimada (Mcal/kg)
2,7
2,7
2,7
2,7
2,7
Farinha de pupunha
Suplemento mineral
1
1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350
mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I.
A composição química do feno de Tifton 85, farinha de pupunha e concentrados
com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha podem ser verificados na
Tabela 2, enquanto que a composição das dietas pode ser verificada na Tabela 3.
Em cada subperíodo experimental foram colhidas amostras do fornecido, tanto
do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, os quais foram
acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer
-20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em
estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm, e foram feitas amostras compostas por animal e período,
e identificadas para posteriores análises laboratoriais.
Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE)
(AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras
foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas
para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos
nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos
detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996).
37
A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o
resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e
bromatológica dos alimentos sobras e fezes foram realizadas no laboratório de
Forragicultura e Pastagens da UESB.
Tabela 2.
Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis
totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
Feno de
Tifton 85
0%
10%
40%
60%
85%
Farinha de
Pupunha
MS
92,8
91,4
92,7
92,8
92,7
93,0
93,2
91,6
95,3
94,8
94,8
94,1
94,1
97,1
8,4
4,7
5,2
5,2
5,9
5,9
2,9
1
MO
Cinza
1
PB1
8,8
18,3
18,0
17,5
17,1
15,5
7,8
2
40,5
51,3
47,4
46,9
48,9
62,7
11,6
2
PIDA
27,5
24,1
20,5
13,4
15,7
16,4
19,7
EE1
1,4
2,8
3,5
5,9
6,8
8,2
11,5
81,4
74,3
72,5
72,4
69,3
70,3
77,8
3,9
35,6
41,7
44,0
43,9
45,3
65,8
7,7
39,4
44,5
46,7
46,9
48,4
56,1
77,6
38,7
30,8
28,4
25,4
25,1
12,0
73,7
34,9
28,0
25,7
22,4
22,0
10,5
24,7
1,2
1,0
1,8
2,2
1,6
2,7
52,8
37,5
29,8
26,6
23,1
23,4
9,3
40,4
16,3
16,5
11,5
13,8
14,0
4,5
15,2
0,5
0,7
1,0
1,2
1,3
1,8
37,2
22,3
14,3
16,9
11,6
11,0
7,5
9,7
14,6
7,8
7,0
7,6
6,1
5,8
2,0
0,1
0,1
0,2
0,4
0,7
1,1
74,8
97,5
97,6
96,8
96,3
96,9
95,8
28,3
1,9
1,9
2,8
3,7
3,4
4,1
58,6
78,7
78,9
78,2
78,0
78,3
80,6
PIDN
CT
1
1
CNF
CNFcp1
1
FDN
FDNcp
1
FDNi1
1
FDNpd
1
FDA
FDAi1
Hemicelulose
Celulose
Lignina1
MSpd
MSi
1
1
NDT1,3
1
1
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
38
Tabela 3.
Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis
totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida
(EL) das dietas
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
0%
10%
40%
60%
85%
MS
91,8
92,7
92,8
92,7
92,9
MO1
94,2
93,8
93,9
93,4
93,3
Cinza1
5,8
6,2
6,1
6,6
6,7
1
PB
15,4
15,3
14,9
14,6
14,2
PIDN2
48,1
45,3
45,0
46,4
56,0
PIDA2
25,1
22,6
17,6
19,2
19,7
1
EE
2,4
2,9
4,5
5,1
6,1
CT1
76,4
75,2
75,1
72,9
73,7
26,1
30,3
31,9
31,9
32,9
29,9
33,5
35,0
35,1
36,2
50,3
44,8
43,1
41,0
40,8
46,6
41,7
40,1
37,8
37,5
8,3
8,1
8,7
9,0
8,6
42,1
36,7
34,4
32,0
32,2
23,6
23,7
20,2
21,7
21,9
4,9
5,0
5,2
5,4
5,4
26,8
21,1
23,0
19,3
18,9
13,1
8,4
7,8
8,2
7,2
0,7
0,6
0,7
0,9
1,1
90,7
90,8
90,2
89,8
90,3
9,8
9,8
10,5
11,1
10,9
72,7
72,8
72,3
72,2
72,4
ED(Mcal/kg)
3,2
3,2
3,2
3,2
3,2
EM(Mcal/kg)
2,8
2,8
2,8
2,8
2,9
EL(Mcal/kg)
1,7
1,7
1,7
1,7
1,7
CNF1
CNFcp
1
FDN1
FDNcp
FDNi
1
1
FDNpd1
1
FDA
FDAi
1
Hemicelulose1
Celulose
Lignina
1
1
MSpd1
MSi
1
NDT
1,3
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
39
As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente
digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos
foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006).
Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras
dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas
(Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido
(TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este
período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente e o material remanescente
da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta
etapa foram retirados da estufa e acondicionados em dessecador e pesados, sendo o
resíduo obtido considerado como MSi. Em seguida os sacos foram acondicionados em
potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à fervura
em detergente neutro por uma hora. Logo após foram lavados com água quente e
acetona, secados e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo
considerado como FDNi.
Segundo Sniffen et al. (1992), os carboidratos totais (CT) foram estimados da
seguinte forma:
CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza).
Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação
ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo:
CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza).
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999),
mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação:
NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED.
Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp
digestíveis; e EED = EE digestível.
Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e
dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o
cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE
- 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do
NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB +
40
%EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x
(FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7.
Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio
insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na
digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em
detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0.
Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia
digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001):
EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12;
ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT.
A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a
equação:
EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45.
A extração lipídica e o perfil de ácidos graxos dos ingredientes das dietas
experimentais foram realizados no Centro de Análises Cromatográficas, localizado na
UESB. A fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e
farinha de pupunha) foram obtidas através de uma mistura de clorofórmio, metanol e
água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959).
A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO
(1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos
de ensaio, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução.
Em seguida, foram adicionados 2 mL de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco
hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a
ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos
graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (-18ºC), para posterior
análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo
gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna
capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram
determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1.
Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de
ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento
equivalente de cadeia (Tabela 4).
41
Tabela 4.
-1
Perfil de ácidos graxos (g.100g ) dos ingredientes das dietas experimentais
Ácidos graxos (g.100g-1)
Feno de
Tifton 85
Farelo de
soja
Milho
Farinha de
pupunha
Lipídeos totais
2,8
4,1
2,2
9,5
C6:0 Capróico
n.d
n.d
n.d
1,49
C8:0 Caprílico
0,42
0,06
0,03
0,39
C11:0 Undecanóico
0,82
0,05
n.d
0,03
C12:0 Láurico
0,65
0,02
0,06
0,39
C13:0 Tridecílico
n.d
0,002
n.d
0,02
C14:0 Mirístico
1,00
0,10
0,05
0,29
C15:0 Pentadecílico
n.d
0,06
n.d.
0,13
C16:0 Palmítico
27,2
18,49
10,49
8,70
C17:0 Margárico
2,32
0,18
0,07
0,18
C18:0 Esteárico
5,96
5,97
4,14
2,40
C20:0 Araquídico
3,56
n.d
1,12
n.d
C23:0 Tricosanóico
n.d
n.d
0,18
0,80
Saturados totais
41,91
24,93
16,14
14,82
C15:1 (10)-Pentadecenóico
0,93
n.d
n.d
13,64
C16:1 Palmitoléico
0,12
0,07
0,08
1,98
C17:1 (10)-Heptadecenóico
0,94
0,05
0,04
0,07
C18:1n-9C Oléico
0,20
0,10
n.d
0,20
C18:2n-6T Linolelaídico
8,14
16,63
7,08
53,95
C18:2 Ω-6 Linoléico
11,83
52,20
73,93
12,83
C18:3 Ω-3 α-Linolênico
10,30
4,40
1,04
1,74
C20:1 Gadoléico
n.d
0,23
0,61
0,03
C20:3 Ω-3 Di αlinolênico
3,88
0,68
0,43
0,13
C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico
4,09
n.d
n.d
n.d
C22:1n-9 Erúcio
n.d
0,07
0,02
0,10
C20:4 Ω-6 Araquidônico
10,03
0,18
0,06
0,07
C20:5 Ω-3 Timnodónico
3,26
0,34
0,54
0,33
DHA Cervônico
4,37
0,09
0,01
0,11
Insaturados totais
58,08
75,07
83,86
85,18
Monoinsaturados
2,19
0,54
0,77
16,01
Poli-insaturados
55,89
74,53
83,09
69,26
n.d: não detectado.
42
O consumo individual dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias de
fornecimento das dietas experimentais, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta
ofertada para cada animal. Dessa forma, foram avaliados os consumos de MS, MO, PB,
FDN, CHOT CNF, EE, NDT em (g/dia) e energia metabolizável (Mcal/dia, Kcal/PC e
Kcal/kgPC0,75). Os valores relativos ao consumo de MS, MO, PB, EE, FDNcp, CNFcp e
NDT foram expressos também em grama por quilo de peso corporal (g/kg de PC) e o
consumo de MS e NDT, foi expresso ainda em gramas por quilo de peso metabólico
(g/kgPC0,75).
A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras, os animais
passaram três dias em adaptação antes do período de coleta. As fezes foram colhidas às
06h e 18h durante cinco dias consecutivos em cada subperíodo experimental. Após
coletadas as fezes de cada animal foram pesadas e alíquotas de aproximadamente 10%
do total excretado foram colocados em sacos plásticos e armazenados em freezer a 20ºC para posteriores analises. As amostras foram pré-secas em estufa de ventilação
forçada a 65ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm e em seguida foram feitas amostras compostas dos
períodos e dos cinco dias de coleta para realização da composição química, conforme
metodologias mencionadas anteriormente. Foram obtidos os coeficientes de
digestibilidade da MS, PB, EE, FDNcp, CNFcp e quantificados o NDT. Para o cálculo
da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos bem como das
sobras e fezes no mesmo período. Segundo proposto por Berchielli et al. (2011) uma
vez determinado o teor de excreção fecal da matéria seca, foram calculados os
coeficientes de digestibilidade (CD) dos demais nutrientes por meio da razão do que foi
consumido de cada nutriente e sua respectiva excreção fecal, sendo o valor multiplicado
por 100, como demonstrado abaixo:
CD = (nutriente ingerido – nutriente excretado) x 100
(nutriente ingerido)
Para avaliação do desempenho os animais foram pesados no início e final de
cada período, sendo realizado um jejum sólido de aproximadamente 12 horas, apenas no
primeiro e no último dia do experimento para a avaliação do ganho de peso, consumo
de nutrientes diário, em g/kg de PC e g/kg de PC0,75. As pesagens intermediárias foram
realizadas antes do fornecimento da primeira refeição do dia. Calculou-se a conversão
alimentar por meio da relação entre o consumo e o ganho médio diário (GMD).
43
A análise dos dados de desempenho zootécnico foi realizada pelo procedimento
MIXED do programa computacional estatístico SAS (Littell et al., 1996), versão 19.1
(SAS, 2006), considerando-se um modelo misto. Realizaram-se contrastes polinomiais
para comparação entre as médias da dieta que continha apenas milho (0% de farinha de
pupunha) e as dietas substituindo o milho pela farinha de pupunha (10, 40, 60 e 85%)
(A). A avaliação de efeitos de ordem linear (L) e quadrático (Q) em função dos níveis
de substituição do milho pela farinha de pupunha foi decompostos em contrastes
polinomiais (Tabela 5).
Tabela 5.
Distribuição dos coeficientes para os contrates polinomiais empregados na
decomposição da soma dos quadrados
Coeficientes
Contrastes
0
10
40
60
85
A
4
-1
-1
-1
-1
L
-2
-1
0
1
2
Q
2
-1
-2
-1
2
No estudo das equações de regressão, o modelo utilizado foi Y = (b0 + b1Tr +
b2Tr2) + ε; NID (0; 2). Onde: Y= o valor estimado em função dos tratamentos; b0 =
intercepto; b1 e b2 definiram a variação de Y em função do nível de inclusão; e Tr =
nível de inclusão (0, 10; 40; 60; 85% de farinha de pupunha).
44
RESULTADO E DISCUSSÃO
A inclusão de farinha de pupunha em substituição ao milho em dietas para
caprinos em crescimento afeta a ingestão de MS, MO, PB, EE, FDN, FDNcp e CT (em
g/dia). O mesmo comportamento foi observado para os consumos de MS, MO, PB,
FDN, FDNcp descrito em g/kg de peso corporal, como também para o consumo de MS
em g/kg de PC0,75. Foi analisado os demais contrastes para a detecção de relação
funcional entre os níveis de farinha de pupunha e as variáveis de consumo, observou-se
comportamento linear negativo para os consumos de MS, MO, PB, FDN, FDNcp, CT e
CNFcp em g/dia. Os consumos de MS, MO, PB, FDN e FDNcp em g/kg PC e o
consumo de MS em g/kg0,75 também se associaram de forma linear negativa aos níveis
de farinha de pupunha (Tabela 6).
Para o consumo de extrato etéreo verificou-se efeito linear crescente (P<0,05),
sendo que para cada unidade percentual de milho substituído pela farinha de pupunha,
verificou-se acréscimo de 0,24 unidades percentuais no consumo de extrato etéreo em
g/dia e 0,01unidade no consumo de extrato etéreo expresso em g/kg de PC. Quando
comparado às dietas contendo farinha de pupunha com a dieta controle, verificou-se, em
média, aumento de 68,9 e 98,9%, respectivamente g/dia e g/kg PC, no consumo de
extrato etéreo das dietas a base de farinha de pupunha em relação a controle (Tabela 6).
Diante dos resultados relatados, pode-se destacar que o teor de extrato etéreo de
11,8% na farinha de pupunha (Tabela 2), influenciou significativamente na elevação da
concentração de extrato etéreo das dietas (0, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha),
respectivamente, de 2,4; 2,9; 4,5; 5,1 e 6,1% com base na matéria seca (Tabela 3).
Assim, constata-se que as reduções nos consumos de nutrientes, em detrimento a
elevação dos níveis de farinha pupunha, podem ser explicadas pela elevação na ingestão
de EE.
A recomendação usual, como limite crítico a partir do qual os resultados podem
ser comprometidos e efeitos negativos observados, são obtidos entre 50 a 60 g de
extrato etéreo/kg de matéria seca (Palmquist & Mattos, 2011). Ressalta-se que as dietas
contendo 60 e 85% de farinha de pupunha apresentaram 49,7 e 58,8 g de extrato
etéreo/kg de matéria seca (Tabela 3), reforçando a hipótese de que a elevação na
concentração de extrato etéreo nas dietas, à medida que se aumentava os níveis de
inclusão da farinha de pupunha, desencadeou processos metabólicos que interferiram na
45
ingestão das dietas. Ainda de acordo os autores supracitados o aumento do consumo de
ácidos graxos insaturados causa decréscimo na ingestão de matéria seca e
consequentemente dos demais nutrientes. Ressalta-se que os ingredientes das dietas
experimentais possuem elevado teor de ácidos graxos insaturados, na qual o feno de
Tifton 85 possui 58,08 %, o farelo de soja 75,07%; o milho 83,86% e a farinha de
pupunha 85,18% (Tabela 4). Entretanto a elevação no consumo de gordura, com maior
proporção de ácidos graxos monoinsaturados também podem ter contribuído para
redução nos consumos de nutrientes.
Os ácidos graxos, especialmente os poli-insaturados são tóxicos aos
microrganismos ruminais. Os mais susceptíveis são a bactérias Gran (+), metanogências
e protozoários. Nesse experimento a quantidade de ácidos graxos poli-insaturados no
tratamento contendo 85% de farinha de pupunha foi 2,07 vezes maior que o tratamento
controle, essa diferença deve-se a quantidade de lipídeos totais e não a composição dos
ácidos graxos (Tabela 4).
Souza et al. (2009) avaliaram o uso de dietas com alto teor de gordura em dietas
para ruminantes e destacaram as condições ambientais, bem como o sistema de criação
como os principais fatores que podem influenciar sobre a faixa limítrofe de utilização de
gordura em dietas de ruminantes. Em conformidade com essa mesma linha de pesquisa,
Cunha et al. (2008) relataram que os animais confinados em regiões com altas
temperaturas, onde o consumo de matéria seca geralmente é comprometido, a
suplementação lipídica pode chegar a 100 g de extrato etéreo/kg de matéria seca, e neste
caso, ocorre aumento na ingestão de energia. Estes autores estudaram o desempenho de
cordeiros alimentados com dietas contendo níveis de inclusão (0; 20; 30 e 40%) de
caroço de algodão integral, com respectivos teores de extrato etéreo, 2,9; 6,0; 7,4 e
9,0%, por sua vez, não verificaram efeito de dieta sobre o consumo e digestibilidade da
matéria seca, porém o ganho de peso reduziu linearmente. Entretanto, os resultados
encontrados pelos mesmos, parecem ter sido mais influenciados pela elevação dos
níveis de fibra do que pelo aumento da gordura, uma vez que as oleaginosas apresentam
considerável concentração de fibra em detergente neutro e quando são inclusas em
níveis crescentes em dietas, tendem a elevar essa fração. No entanto, os resultados
obtidos com essa pesquisa apontam caminhos inversos, visto que apesar dos teores de
extrato etéreo das dietas aumentarem de acordo com os níveis de inclusão de farinha de
pupunha, os teores de fibra em detergente neutro reduziram juntamente com a maioria
das taxas de consumo.
46
Tabela 6.
Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para
os contrastes (Valor-P) dos consumos de matéria seca (MS), MS indigestível
(MSi), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos
corrigidos para cinza e proteína (CNFcp) em caprinos alimentados com dietas
contendo farinha de pupunha em substituição ao milho
Item
Valor de P1
Níveis de farinha de pupunha
0
10
40
60
85
EPM
M vs P
L
Q
Consumo (g/dia)
2
MS
MSi
3
MO4
750,5
737,8
623,2
637,8
547,5
21,2
0,0132
0,0003
0,8572
68,4
67,5
62,3
69,9
62,6
1,6
0,4953
0,4305
0,9951
714,5
693,2
585,5
595,3
509,8
20,4
0,0066
0,0001
0,9361
5
117,8
118,7
89,3
97,5
69,2
4,3
0,0015
0,0001
0,3659
6
16,6
20,2
28,0
31,7
32,2
1,3
0,0001
0,0001
0,0829
357,7
300,2
229,8
220,0
176,5
13,9
0,0001
0,0001
0,1872
330,8
276,5
209,7
198,2
156,7
13,3
0,0001
0,0001
0,1894
57,9
56,1
52,0
57,2
50,1
1,4
0,2320
0,1372
0,9102
580,2
554,5
468,2
466,2
408,3
16,6
0,0027
0,0001
0,8523
236,3
256,8
221,2
221,5
190,8
7,1
0,3819
0,0078
0,2112
PB
EE
FDN7
FDNcp
FDNi
8
9
CT10
CNFcp
11
Consumo (g/kg PC)
MS12
32,3
32,2
31,0
30,8
27,4
0,6
0,1748
0,0095
0,2532
13
30,8
30,3
29,1
28,8
25,6
0,6
0,0861
0,0038
0,3172
5,1
5,2
4,4
4,7
3,5
0,1
0,0088
0,0001
0,0326
0,7
0,9
1,4
1,5
1,6
0,1
0,0001
0,0001
0,0100
MO
14
PB
EE15
16
FDN
15,4
13,0
11,5
10,6
8,8
0,5
0,0001
0,0001
0,3632
17
14,3
12,0
10,5
9,5
7,8
0,4
0,0001
0,0001
0,3834
CNFcp18
10,2
11,2
11,1
10,8
9,6
0,2
0,4409
0,2963
0,0265
57,9
1,3
0,0242
0,0002
0,2927
FDNcp
0,75
Consumo g/kgPC
19
MS
1
70,9
70,3
65,5
65,4
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
2
/ Ŷ  743,51* – 2,3175X*; 3/ Ŷ  66,1061*; 4/ Ŷ  706,20* – 2,3403X*; 5/ Ŷ  117,51* – 0,5583X*; 6/
Ŷ  16, 6680* + 0,2427X*; 7/ Ŷ  332,22* – 1,9517X*; 8/ Ŷ  308,16* – 1,8973X*; 9/ Ŷ  54,7366*; 10/
Ŷ  570,58* – 1,9938X*; 11/ Ŷ  241,72* – 0,4952X***; 12 / Ŷ  32,7020* – 0,05116X****; 13/ Ŷ 
30,9264* – 0,05358X ***; 14/ Ŷ  5,2740* – 0,01938X*; 15/ Ŷ  0,7408* + 0,01313X*; 16/ Ŷ  14,2089* –
0,06358X *; 17/ Ŷ  13,0783* – 0,06190X*; 18/ Ŷ  10,4114* + 0,0459X – 0,00067X2 ****; 19 / Ŷ 
71,2497* – 0,1277X **.
47
Cabral et al. (2006) avaliando o consumo e digestibilidade dos nutrientes em
ruminantes alimentados com dietas à base de volumosos tropicais, relatam que a
saciedade seria um fator fisiológico limitante no consumo de nutrientes para dietas com
elevada densidade calórica, neste caso, as exigências do animal controlariam o
consumo. Possivelmente, neste experimento o controle da ingestão de alimentos foi
fisiológico, devido à densidade energética das dietas, sobretudo as que continha níveis
de pupunha.
Diversos fatores parecem ser importantes para determinar o nível de extrato
etéreo
das
dietas
de
pequenos
ruminantes,
dentre
estes:
a
relação
volumoso:concentrado, a fonte de gordura vegetal, relacionado tanto a sua natureza
quanto a quantidade utilizada (Medeiros & Albertini, 2012). Assim, destaca-se que a
farinha de pupunha apresenta alto teor de gordura (Tabela 2 e 4), além de apresentar
quantidades significativas de ácidos graxos insaturados (Tabela 4). Outro fator
importante a ser relatado foi a preferencia que os animais alimentados com dietas
contendo farinha de pupunha demostraram pelo feno, em detrimento ao concentrado,
sendo claramente perceptível nos concentrados com níveis de 60 e 85% de farinha de
pupunha. Ressalta-se que as sobras dos animais destes tratamentos na maioria das
vezes, apresentaram apenas concentrado.
Verificou-se que o consumo de fibra em detergente (g/dia e g/kgPC) reduziu
linearmente (P<0,05) à medida que a farinha de pupunha foi adicionada ao concentrado,
além disso, os contrastes foram significativos ao comparar a dieta controle (0% de
farinha de pupunha) com as que possuíam níveis de farinha de pupunha. Resultado
semelhante foi verificado para o consumo de proteína bruta (Tabela 6). Estas respostas
podem ser explicadas pela redução destes nutrientes na dieta ao substituir o milho pela
farinha de pupunha (Tabela 3).
Outro fator de grande importância que pode ter influenciado na redução do
consumo de MS entre os tratamentos foi a baixa relação fibra/EE e qualidade da fibra,
podendo ser verificado na dieta ofertada (Tabela 3), para as dietas controle e 85% de
farinha de pupunha uma relação fibra/EE, respectivamente, de 20,96 e 6,69, assim
quando observado o consumido (Tabela 6) identificou-se para mesma relação,
respectivamente, valores de 21,55 e 5,48. Demonstrado que menor rácio fibra/EE é
encontrado na dieta contendo 85% de farinha de pupunha, justamente a que favoreceu o
menor consumo de MS pelos caprinos.
48
Na fibra encontram-se os polímeros de celulose, hemicelulose e lignina. Nas
frações potencialmente digestíveis encontram-se parte da celulose e hemicelulose
susceptíveis à degradação, porém a lignina não sofre nenhuma digestão sob condições
de anaerobiose. No entanto, partes da hemicelulose e celulose estão intimamente
associados à lignina e esta, em si, espera-se encontrar no resíduo indigestível e estas
porções por sua vez, estão associadas à qualidade da fibra.
Constatou-se que a inclusão da farinha de pupunha em substituição ao milho
reduziu o consumo em 0,127 g de MS/kg de PC0,75 a medida que ocorreu a substituição.
Esse comportamento linear e negativo da MS afetou a relação funcional entre os níveis
da pupunha e as variáveis de consumo. No entanto, observando a tabela 3, parte dessa
diferença deve-se à comparação entre dietas, onde o teor de PB e FDN que foi,
respectivamente de 7,95 e 19,53% menores na dieta contendo 85% da farinha de
pupunha em relação à dieta controle, considerando a mesma ordem essa diferença, para
os mesmos parâmetros, foram apenas de 23,57 e 25,92% entres os consumos, em g/kg
de PC.
Com relação ao consumo de nutrientes digestíveis totais, em g/dia, g/kg de PC e
g/kg de PC0,75, pode-se verificar redução na ingestão com o aumento dos níveis da
farinha de pupunha nas dietas (Tabela 7). A dieta contendo apenas milho apresentou
um consumo de nutrientes digestíveis totais de 421,7 g/dia, 17,6 g/kg PC e 38,9 g/kg
PC0,75, enquanto que o grupo de animais que se alimentaram com níveis de farinha de
pupunha consumiram 360,3 g/dia; 16,5 g/kg PCe 35,1 g/kg PC0,75. No entanto, não se
verificou diferenças entres as dietas para consumo de NDT em g/kg de PC. Esses
resultados são reforçados pela observação das equações de regressão que apresentaram
efeitos lineares decrescentes (Tabela 7), sendo que para cada unidade percentual da
farinha de pupunha adicionada à dieta verificou-se decréscimo no consumo de
nutrientes digestíveis totais de 1,4; 0,02 e 0,07 unidades percentuais, para as respectivas
unidades de peso g/dia, g/kg de PC e g/kg de PC0,75.
A energia é considerada fator limitante à vida bem como às funções produtivas
portanto, sua determinação nos alimentos é de extrema importância para o perfeito
atendimento das necessidades nutricionais (Cabral et al., 2006). Pode-se observar que as
dietas foram balanceadas na tentativa de serem isoenergéticas (Tabela 3). No entanto,
ocorreram alterações nas quantidades de ingestão de energia metabolizável, na qual os
níveis da farinha de pupunha influenciaram na redução do consumo de energia
metabolizável em Mcal/dia, Kcal/PC e Kcal/PC0,75 (Tabela 7).
49
Para tanto, os efeitos significativos para o contraste entre a dieta que continha
apenas milho e as dietas com farinha de pupunha podem ser distinguidas no consumo de
energia metabolizável expresso em Mcal/dia e Kcal/PC0,75, porém houve ocorrência de
equidade no contraste para o consumo de energia em Kcal/PC. Estas reduções no
consumo de energia metabolizável podem ser explicadas pela diminuição na ingestão de
matéria seca (Tabela 6), uma vez que as dietas apresentaram mesmo teor de energia
(Tabela 3).
Embora a gordura possa ser usada pelos ruminantes como fonte de energia, ela
não é um nutriente importante para o crescimento animal. Para as dietas contendo teores
de energia total acima de 10%, geralmente, verifica-se redução no consumo de MS,
provavelmente devido aos limites metabólicos de utilização da gordura, tanto para
oxidação como para armazenamento nos tecidos.
Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os
contrastes (Valor-P) dos consumos de nutrientes digestíveis totais (NDT) e
energia metabolizável (EM) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha
de pupunha em substituição ao milho
Tabela 7.
Item
Valor-P1
Níveis de farinha de pupunha
0
10
40
60
85
EPM
M vs P
L
Q
Consumo de NDT
g/dia
2
421,7
430,4
358,9
353,6
298,3
13,5
0,0185
0,0001 0,4649
g/kg PC
17,6
17,2
17,2
16,6
15,0
0,3
0,1645
0,0105 0,2125
g/kg(PC0,75)4
38,9
37,1
36,5
35,2
31,6
0,7
0,0087
0,0001 0,3244
3
Consumo de energia metabolizável
Mcal/dia
5
Kcal/PC6
0,75 7
Kcal/ (PC
)
1,5
1,5
1,3
1,2
1,1
0,1
0,0107
0,0003 0,9520
6,6
6,4
6,3
6,0
5,4
0,1
0,0523
0,0022 0,4058
14,6
14,1
13,3
12,7
11,5
0,3
0,0083
0,0001 0,4941
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
2
/ Ŷ  423,43* - 1,4482X*; 3/ Ŷ  17,5393* - 0,02349X***; 4/ Ŷ  38,6549* - 0,06788X**; 5/ Ŷ 
6
7
1,5276* - 0,00532X*; / Ŷ  6,6988* - 0,01344**; / Ŷ  14,6424* - 0,03502X*.
A elevada proporção de forragem na dieta faz com que o efeito da utilização de
gordura seja menos negativo, uma vez que as interações dos ácidos graxos com as
regiões hidrofóbicas das partículas de alimento reduzem sua toxicidade (Palmquist &
Mattos, 2011). No entanto, no presente estudo utilizou uma proporção reduzida de
forragem e elevada de concentrado, relação volumoso:concentrado de 30:70, o que pode
50
ter potencializado certos efeitos deletérios da gordura, pela sua quantidade e desta
maneira contribuíram na redução da ingestão e digestibilidade dos nutrientes.
Vale ressaltar, que em dietas com maiores teores de concentrado, a menor taxa
de biohidrogenação, faz aumentar o fluxo ruminal de ácidos graxos insaturados, cuja
absorção intestinal é maior, fazendo com que haja aumento do teor de energia
metabolizável (Plascencia et al., 2003). Nesta pesquisa, além da elevada proporção de
concentrado, utilizou-se ingredientes que possuíam elevados teores de ácidos graxos
insaturados (Tabela 4). Nestes, à medida que se elevou o consumo de EE e
consequentemente a ingestão de ácidos graxos insaturados, a energia tornou-se
disponível de maneira mais rápida, limitando o consumo de matéria seca e nutriente,
com o incremento de farinha de pupunha na dieta.
Constatou-se que menores coeficientes de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN,
FDNcp e CT foram observados para os tratamentos contendo farinha de pupunha
quando comparado com o tratamento controle. Assim, reduções drásticas na
digestibilidade da PB e FDNcp, respectivamente, de 43,8 e 16,7% foi verificado que
ocorrem quando contrastado os tratamentos controle e os contendo farinha de pupunha.
Estes resultados podem ser oriundos das reduções verificadas na composição dos
concentrados bem como das dietas à medida que foi incluso níveis crescentes de farinha
de pupunha (Tabela 8).
Por meio da equação de regressão foi possível detectar que a partir do
incremento dos níveis da farinha de pupunha na dieta o coeficiente de digestibilidade do
extrato etéreo aumentou, sendo que para cada unidade percentual de farinha de pupunha
adicionada a dieta, verificou-se um acréscimo de 0,04 unidades na digestibilidade do
extrato etéreo (Tabela 8). Logo, este resultado de digestibilidade está diretamente
relacionado com a quantidade de extrato etéreo ingerido.
Para os teores de nutrientes digestíveis totais, não houve variação entre as dietas
e assim constatou-se um valor médio de 55,7%, apesar de que esta média do observado
(Tabela 8) encontra-se inferior ao estimado (72,5%) (Tabela 3) pela equação do NRC
(2001). Estas menores médias de nutrientes digestíveis totais observado pode ser
justificado pela diminuição nos coeficientes de digestilidade dos nutrientes. Além disso,
a semelhança entre as dietas pode ser explicada pela elevação na digestibilidade do
extrato etéreo, como a energia da gordura equivale a 2,25 vezes, a diminuição na
digestibilidade da proteína bruta e fibra em detergente neutro foi compensada pelo
51
aumento da digestilidade do extrato etéreo e assim proporcionou semelhança entre as
dietas (Tabela 8).
Inspecionando os demais contrastes para a detecção de possíveis efeitos dos
níveis de farinha de pupunha, pode-se comprovar que os menores coeficientes de
digestibilidade (P<0,05) pertencem ao grupo de tratamentos contendo diferentes níveis
de farinha de pupunha em relação ao grupo controle (0% de farinha pupunha, contraste:
M vs. P). Ressalva-se que, os contrastes para as digestibilidade dos carboidratos não
fibrosos e nutrientes digestíveis totais foram indiferentes à inclusão da farinha de
pupunha (Tabela 8).
Tabela 8.
Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os
contrastes (Valor-P) dos coeficientes de digestibilidade da matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigida para cinza e
proteína (FDNcp), carboidratos totais (CT) e carboidratos não fibrosos corrigido
para cinza e proteína (CNFcp) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho
Item
Valor-P 1
Níveis de farinha de pupunha
0
10
40
60
85
EPM
M vs P
L
Q
2
MS
83,6
83,1
74,1
74,3
73,7
1,1
0,0002
0,0001
0,1250
MO3
57,9
54,3
48,8
49,9
42,6
1,9
0,0430
0,0076
0,9602
4
50,7
43,1
32,1
29,9
28,5
1,9
0,0001
0,0001
0,0391
5
76,8
82,3
84,4
83,3
84,4
0,8
0,0004
0,0015
0,0355
39,8
38,6
34,3
29,3
26,9
1,2
0,0007
0,0001
0,6286
41,2
34,5
35,2
34,5
34,3
0,8
0,0014
0,0136
0,0691
58,5
57,9
50,0
50,2
45,6
1,7
0,0518
0,0054
0,9931
84,2
89,8
86,4
82,6
81,9
0,8
0,5192
0,0155
0,0244
56,2
58,3
57,6
55,4
54,5
0,4
0,6128
0,3096
0,8182
PB
EE
FDN6
FDNcp
CT
7
8
CNFcp9
NDT
10
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
2
/ Ŷ  83,6451* – 0,1459X*; 3/ Ŷ  57,7712* – 0,1796X*; 4/ Ŷ  44,6262* – 0,2347X*; 5/ Ŷ  81,0240* +
6
7
0,04116X****; / Ŷ  40,0598* – 0,1588X*; / Ŷ  39,3819* – 0,07749X***;
9
10
0,1612X***; / Ŷ  84,9662* – 0,03251X****; / Ŷ  55,7*.
8
/ Ŷ  58,5416* -
Vale ressaltar, que para os menores consumos de nutrientes (Tabela 6 e 7) e
consequentes decréscimos nas digestibilidades (Tabela 8), observados no presente
estudo, atribui-se a ação da inclusão de níveis crescentes de farinha de pupunha nas
dietas, que por sua vez influenciaram no aumento do teor de extrato etéreo nas mesmas
(Tabela 4). Nesse sentido, pressupõe-se que os elevados teores de gordura das dietas
52
provocaram alterações na fermentação ruminal, devido às modificações observadas no
consumo de matéria seca e digestibilidade dos nutrientes. Segundo, Byers & Schelling
(1988) a inclusão de lipídios em níveis elevados pode causar alterações nos padrões de
fermentação ruminal e os principais mecanismos envolvidos neste processo incluem o
recobrimento físico da fibra, os efeitos tensoativos sobre as membranas microbianas e a
diminuição na disponibilidade de cátions pela formação de sabões. A situação
mencionada pode influenciar o pH ruminal, limitando o crescimento microbiano, assim
como a digestibilidade da fibra e consequentemente o desempenho animal.
Vale lembrar, que outra inferência interessante a ser ressaltada sobre os
resultados apresentados é a ação aditiva do alto teor de concentrado na dieta total
associado à elevação do percentual de gordura das dietas a partir dos níveis da farinha
de pupunha (Tabela 3 e 4), que pode ter inibido a ação dos microrganismos que
degradam a fibra e assim comprometeu a digestibilidade da FDN (Tabela 8). Além
disso, conforme mencionado anteriormente, a dieta continha elevada concentração de
ácidos graxos insaturados, comprovado através do perfil de ácidos graxos dos
ingredientes que constituíam as rações (Tabela 4) e a suplementação excessiva com
fontes lipídicas ricas destes ácidos graxos pode inibir a ação dos microrganismos que
degradam a fibra (Palmquist & Mattos.).
Na avaliação de desempenho, pode-se observar que o maior peso vivo final foi
para a dieta com 0% da farinha de pupunha, apresentando em média 29,1 kg, no
entanto, menor ganho de peso final foi verificado nos animais alimentados com as
dietas que continham farinha de pupunha que foi em média de 25,5% (Tabela 9). Esses
resultados são reforçados pela observação da equação de regressão que apresentou
efeito linear decrescente (P<0,05), sendo que para cada unidade percentual da farinha de
pupunha adicionada à dieta verificou-se uma redução de 0,07 unidades de peso vivo
final.
Os resultados verificados para o ganho de peso total e ganho médio diário foram
menores para os tratamentos contendo farinha de pupunha quando comparado com o
tratamento controle (P<0,05). Sendo verificadas variações de 37,5 e 38,1%,
respectivamente para os ganhos de peso total e ganho diário quando constatado o grupo
de dietas contendo farinha de pupunha com a dieta controle (Tabela 9).
Como pode-se verificar na tabela 9 os ganhos de peso total e médio diário
decresceram (P<0,05), em função dos níveis dietéticos da farinha de pupunha. A
equação de regressão para a variável dependente, ganho de peso total apresentou
53
comportamento linear decrescente, sendo estimados valores de 12,1; 11,6; 8,5; 8,6; 6,5
kg para as respectivas dietas, de 0; 10; 40; 60 e 85% de farinha de pupunha. De mesma
maneira ocorreu para a variável ganho médio diário, apresentando efeito linear
decrescente, mediante verificação da equação de regressão (Tabela 9), na qual se
observou que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada às dietas
ocorreu uma redução de 0,001 unidade de ganho médio diário.
Tabela 9.
Médias, erro padrão da média (EPM) e níveis descritivos de probabilidade para os
contrastes (Valor-P) do peso vivo final (PVF), ganho de peso total (GPT) e
conversão alimentar (CA) em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de
pupunha em substituição ao milho
Item
PVI (kg)
Valor-P 1
Níveis de farinha de pupunha
2
0
10
40
60
85
EPM
M vs P
L
Q
--
--
16,9
17,0
15,9
16,8
16,8
--
--
3
29,1
28,7
24,3
25,5
23,4
0,7
0,0443
0,0057 0,7161
GPT (kg)4
12,1
11,6
8,5
8,6
6,5
0,5
0,0004
0,0001 0,9535
0,01
0,0004
0,0001 0,9553
0,0004 0,6036
PVF (kg)
GMD(kg)
5
CA(kgMS/kgGMD)
DC (dias)7
0,145 0,139 0,101 0,103 0,077
6
5,2
5,8
6,3
6,7
7,7
0,2
0,0081
84
84
84
84
84
--
--
--
--
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05);
2
Peso vivo inicial (PV); 3/ Ŷ  28,8570* – 0,06756X**; 4/ Ŷ  11,8963* – 0,06663X*; 5/ Ŷ  0,1416* 6
0,00079X*; / Ŷ  5,3326* + 0,02655X*; 7Dias de confinamento (DC).
Pode-se destacar, que um fator bastante contundente que interferiu diretamente
na obtenção destes resultados de ganho de peso final, total e médio diário foi a obtenção
de reduzidos consumos e digestibilidade dos nutrientes observado nas dietas contendo
farinha de pupunha. Como já mencionado estas reduções podem ser atribuídas à
entidade nutricional que se destaca na composição química da farinha de pupunha, o
extrato etéreo (Tabela 2 e 3).
Deve-se enfatizar que a diminuição na ingestão (Tabela 6) e digestibilidade
(Tabela 8) de proteína bruta influenciaram significativamente no ganho de peso, uma
vez que os animais encontravam-se em crescimento e demandavam de quantidade
consideráveis de proteína para deposição muscular .
O grupo de dietas contendo níveis de farinha de pupunha apresentaram menores
ganhos de peso total e ganho médio diário quando comparado com a dieta que continha
54
apenas milho, podendo ser confirmado pelo efeito significativo (P<0,05) de contraste
(Tabela 9).
Para a conversão alimentar observou-se efeito de contraste demostrando que o
grupo de dietas contendo farinha de pupunha apresentou maiores médias, 5,8; 6,3; 6,7;
7,7 kg MS/ kg GMD, para dietas com, respectivamente, 10, 40, 60 e 85% de farinha de
pupunha, por outro lado, a que continha apenas milho, foi em média de 5,2 kg MS/ kg
GMD. Além disso, a equação de regressão ajustou equação com comportamento linear
crescente, sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada a
dieta, houve um aumento de 0,03 unidades na conversão alimentar. Como esta é
calculada a partir da relação entre o consumo de matéria seca e o ganho médio diário, a
sua elevação é reflexo da diminuição destes parâmetros.
Mediante a pesquisa desenvolvida, torna-se bastante evidente que a utilização
dessa fonte de gordura vegetal (farinha de pupunha), a depender da quantidade
utilizada, afeta moderadamente o desempenho dos animais. Porém, novos estudos
devem ser desenvolvidos, visto ser este inédito, havendo a necessidade de mais dados
para que se possa validar este alimento como ingrediente em dietas de ruminantes.
CONCLUSÕES
Constatou-se, que a utilização de farinha de pupunha em dietas para caprinos
promove elevação no consumo de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade
para maioria dos nutrientes. Verificou-se ainda que, a inclusão da farinha de pupunha
em substituição ao milho em dietas para caprinos reduz o ganho médio diário em 0,77
g/unidade de inclusão, bem como aumenta a conversão alimentar.
55
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.
58
IV – CAPÍTULO II
COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS
ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA
RESUMO: Objetivou-se avaliar o comportamento ingestivo em caprinos mestiços Boer
x SRD, alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho nos níveis de 0,
10, 40, 60 e 85% com base na matéria seca do concentrado. Foi utilizado 30 cabritos,
machos, não castrados, com peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos
em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis repetições. As
dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento
mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado
de 30:70. As
avaliações de comportamento foram realizadas durante um período de 24 horas em
intervalos de cinco minutos, para a avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e
ócio. Para o consumo de matéria seca (MS) e fibra em detergente neutro corrigido para
cinza e proteína (FDNcp) em 24 horas, verificou-se redução para as dietas contendo
farinha de pupunha. O tempo despendido com as atividades de alimentação e ruminação
aumentou, enquanto que o tempo em ócio reduziu em função dos níveis de farinha de
pupunha. As eficiências de alimentação e ruminação foram reduzidas mediante o
incremento da farinha de pupunha em substituição ao milho. A utilização de farinha de
pupunha em dietas para caprinos promove modificação no comportamento ingestivo,
evidenciado pelas alterações nas atividades diárias de alimentação, ruminação e ócio,
bem como as eficiências de alimentação e ruminação.
Palavras-chave: Eficiência de alimentação, Ruminação, Ócio
59
IV – CHAPTER II
FEEDING BEHAVIOR IN GOATS FED PEACH-PALM FLOUR
ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the feeding behavior of goats fed
peach-palm flour in replacement of corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the
dry matter of the concentrate. Were used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated,
with average initial body weight of 16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely
randomized with five treatments and six replications. Diets were composed of corn,
soybean, peach-palm flour, mineral supplement and Tifton 85 hay with forage:
concentrate ratio of 30:70. The of behavior assessments were conducted for a period of
24 hours in five minute intervals, for evaluating the time spent eating, ruminating and
idling. For the intake of dry matter (DM) and neutral detergent fiber corrected for ash
and protein (NDFcp) in 24 hours, there was a reduction for diets containing peach-palm
flour. The time spent on the activities of eating and ruminating increased, while the time
in idleness reduced depending on the levels of peach-palm flour. The efficiencies of
feeding and rumination were reduced by increasing the peach-palm flour replacing corn.
The use of peach-palm flour in diets for growing goats cause changes in feeding
behavior, evidenced by changes in the daily activities of eating, ruminating and idling as
well as the efficiencies of eating and ruminating
Keywords: Feeding efficiency, Rumination, Ocio
60
INTRODUÇÃO
O manejo nutricional é um parâmetro importante a ser considerado na produção
animal, visto que a alimentação é responsável pela maior parcela dos custos da
atividade. Especialmente no sistema de confinamento os produtores e pesquisadores são
levados a buscar fontes alimentares com um custo mais baixo, o que, por sua vez,
proporciona aos animais desempenhos satisfatórios, sem comprometer atividades
metabólicas do organismo (Alves, 2013).
A pupunha (Bactris gasipaes) tem se tornado uma opção agrícola na Bahia, além
do palmito, com excelente valor de mercado, a produção dos seus frutos pode ser
utilizada para extração de sementes. A expansão do plantio e renovação de áreas já
estabelecidas associadas à proibição de importação de sementes emitida, pelo Ministério
de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), proporcionou aumento na demanda,
fazendo com que empresas de palmito já estabelecidas na região, direcionassem parte da
plantação de pupunha para a produção de frutos. A população, nesta região, não possui
hábito em consumi-los e com isso as empresas possuem dificuldade em escoar a polpa
dos frutos, após extração das sementes. Assim, a produção da farinha para alimentação
de ruminantes pode ser uma nova alternativa alimentícia.
A farinha de pupunha constitui um alimento com grande potencial de uso na
alimentação animal e pode ser convertido em produtos comerciais, mas para tanto é
necessário conhecer níveis de inclusão que garanta produtividade em sistemas de
produção. A utilização de novas alternativas de alimentos para compor dietas pode
provocar alterações no comportamento ingestivo dos animais, vale lembrar que,
melhorias nas eficiências das atividades podem ser observadas ou não. Além disso,
novas técnicas de alimentação podem provocar alterações no comportamento físico e
metabólico, refletindo no seu comportamento alimentar dos animais (Carvalho, 2008).
Conduziu-se o experimento para avaliar o comportamento ingestivo em caprinos
mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em
substituição ao milho no concentrado (0; 10; 40; 60 e 85% da matéria seca do
concentrado).
61
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e
Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino
Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de
longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC
e com altitude média de 268 m.
Foi utilizado 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com
idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos
em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85%
de farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período
experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada.
Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto,
providos de cocho e bebedouro.
A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no
Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha
foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus
Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça em três dias consecutivos, com
revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em
um triturador de mandioca e posteriormente a massa triturada foi conduzida para o
torrador de farinha mecanizado, essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40
minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a
secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade
promovida pela torração, pode-se verificar o clareamento da massa para farinha.
As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme
equações do NRC (2007) e foram considerados: ganho de peso diário de 200g;
maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40%
de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja,
farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação
volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1).
As dietas foram fornecidas diariamente às 7:00 e 16:00h, ad libitum, de forma a
permitir 10 a 20% do fornecimento em sobras. O consumo voluntário diário foi
62
calculado pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras que foram colhidas e
pesadas em balança digital, pela manhã, durante os 98 dias de experimento.
A composição química do feno de Tifton 85, farinha de pupunha e concentrados
com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha podem ser verificados na
Tabela 2, enquanto que a composição das dietas pode ser verificada na Tabela 3.
Tabela 1.
Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS)
Níveis de farinha de pupunha (% MS)
Ingredientes
0
10
40
60
85
Feno de Tifton 85
30,0
30,0
30,0
30,0
30,0
Milho moído
50,7
45,6
29,7
20,3
7,6
Farelo de soja
17,8
17,8
17,8
17,8
17,8
Farinha de pupunha
0,0
5,1
21,0
30,4
43,1
Suplemento mineral1
1,5
1,5
1,5
1,5
1,5
Total
100
100
100
100
100
Proteína bruta estimada (% MS)
15,2
15,2
15,0
14,9
14,8
Energia metabolizável estimada (Mcal/kg)
2,7
2,7
2,7
2,7
2,7
1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350
mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I.
Em cada subperíodo experimental, foram colhidas amostras do fornecido, tanto
do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, as quais foram
acondicionadas em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer
-20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em
estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm, e foram feitas amostras compostas por animal e período,
e identificadas para posteriores análises laboratoriais.
Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE)
(AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras
foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas
para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos
nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos
detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996).
63
A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o
resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e
bromatológica dos alimentos, bem como das sobras e fezes foram realizadas no
laboratório de Forragicultura e Pastagens da UESB.
Tabela 2.
Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis
totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
Feno de
Tifton 85
0%
10%
40%
60%
85%
Farinha de
Pupunha
MS
92,8
91,4
92,7
92,8
92,7
93,0
93,2
91,6
95,3
94,8
94,8
94,1
94,1
97,1
8,4
4,7
5,2
5,2
5,9
5,9
2,9
1
MO
Cinza
1
PB1
8,8
18,3
18,0
17,5
17,1
15,5
7,8
2
40,5
51,3
47,4
46,9
48,9
62,7
11,6
2
PIDA
27,5
24,1
20,5
13,4
15,7
16,4
19,7
EE1
1,4
2,8
3,5
5,9
6,8
8,2
11,5
81,4
74,3
72,5
72,4
69,3
70,3
77,8
3,9
35,6
41,7
44,0
43,9
45,3
65,8
7,7
39,4
44,5
46,7
46,9
48,4
56,1
77,6
38,7
30,8
28,4
25,4
25,1
12,0
73,7
34,9
28,0
25,7
22,4
22,0
10,5
24,7
1,2
1,0
1,8
2,2
1,6
2,7
52,8
37,5
29,8
26,6
23,1
23,4
9,3
40,4
16,3
16,5
11,5
13,8
14,0
4,5
15,2
0,5
0,7
1,0
1,2
1,3
1,8
37,2
22,3
14,3
16,9
11,6
11,0
7,5
9,7
14,6
7,8
7,0
7,6
6,1
5,8
2,0
0,1
0,1
0,2
0,4
0,7
1,1
74,8
97,5
97,6
96,8
96,3
96,9
95,8
28,3
1,9
1,9
2,8
3,7
3,4
4,1
58,6
78,7
78,9
78,2
78,0
78,3
80,6
PIDN
CT
1
1
CNF
CNFcp1
1
FDN
FDNcp
1
FDNi1
1
FDNpd
1
FDA
FDAi1
Hemicelulose
Celulose
Lignina1
MSpd
MSi
1
1
NDT1,3
1
1
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
64
Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis
totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida
(EL) das dietas
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
0%
10%
40%
60%
85%
91,8
92,7
92,8
92,7
92,9
94,2
93,8
93,9
93,4
93,3
5,8
6,2
6,1
6,6
6,7
15,4
15,3
14,9
14,6
14,2
PIDN2
48,1
45,3
45,0
46,4
56,0
2
25,1
22,6
17,6
19,2
19,7
2,4
2,9
4,5
5,1
6,1
76,4
75,2
75,1
72,9
73,7
26,1
30,3
31,9
31,9
32,9
29,9
33,5
35,0
35,1
36,2
50,3
44,8
43,1
41,0
40,8
46,6
41,7
40,1
37,8
37,5
8,3
8,1
8,7
9,0
8,6
42,1
36,7
34,4
32,0
32,2
23,6
23,7
20,2
21,7
21,9
4,9
5,0
5,2
5,4
5,4
26,8
21,1
23,0
19,3
18,9
13,1
8,4
7,8
8,2
7,2
0,7
0,6
0,7
0,9
1,1
90,7
90,8
90,2
89,8
90,3
9,8
9,8
10,5
11,1
10,9
72,7
72,8
72,3
72,2
72,4
ED(Mcal/kg)
3,2
3,2
3,2
3,2
3,2
EM(Mcal/kg)
2,8
2,8
2,8
2,8
2,9
EL(Mcal/kg)
1,7
1,7
1,7
1,7
1,7
MS
MO1
Cinza
1
1
PB
PIDA
1
EE
CT1
1
CNF
CNFcp
1
FDN1
FDNcp
FDNi
1
1
FDNpd1
1
FDA
FDAi
1
Hemicelulose1
Celulose
Lignina
1
1
MSpd1
MSi
1
NDT
1,3
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
65
As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente
digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos
foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006).
Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras
dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas
(Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido
(TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este
período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente, e o material remanescente
da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta
etapa, foram retirados da estufa, acondicionados em dessecador e pesados, sendo o
resíduo obtido considerado como MSi. Em seguida, os sacos foram acondicionados em
potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à fervura
em detergente neutro por uma hora, logo após foram lavados com água quente e
acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo
considerado como FDNi.
Os carboidratos totais (CT) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992),
como:
CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza).
Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação
ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo:
CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza).
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999),
mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação:
NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED.
Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp
digestíveis; e EED = EE digestível.
Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e
dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o
cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE
- 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do
NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB +
%EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x
(FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7.
66
Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio
insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na
digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em
detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0.
Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia
digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001):
EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12;
ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT.
A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a
equação:
EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45.
A extração lipídica e o perfil de ácidos graxos dos ingredientes das dietas
experimentais foram realizados no Centro de Análises Cromatográficas, localizado na
UESB. A fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e
farinha de pupunha) foi obtida através de uma mistura de clorofórmio, metanol e água,
respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959). A
transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO
(1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos
de ensaio, adicionados 2 ml de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução.
Em seguida, foram adicionados 2 ml de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco
hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a
ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos
graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (-18ºC), para posterior
análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo
gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna
capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram
determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1.
Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de
ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento
equivalente de cadeia (Tabela 4).
O consumo individual dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias de
fornecimento das dietas experimentais, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta
ofertada para cada animal. Dessa forma, foram avaliados os consumos de MS, FDN e
nitrogênio (N) em (g/dia).
67
Tabela 4.
-1
Perfil de ácidos graxos (g.100g ) dos ingredientes das dietas experimentais
Ácidos graxos (g.100g-1)
Feno de
Tifton 85
Farelo de
soja
Milho
Farinha de
pupunha
Lipídeos totais
2,8
4,1
2,2
9,5
C6:0 Capróico
n.d
n.d
n.d
1,49
C8:0 Caprílico
0,42
0,06
0,03
0,39
C11:0 Undecanóico
0,82
0,05
n.d
0,03
C12:0 Láurico
0,65
0,02
0,06
0,39
C13:0 Tridecílico
n.d
0,002
n.d
0,02
C14:0 Mirístico
1,00
0,10
0,05
0,29
C15:0 Pentadecílico
n.d
0,06
n.d.
0,13
C16:0 Palmítico
27,2
18,49
10,49
8,70
C17:0 Margárico
2,32
0,18
0,07
0,18
C18:0 Esteárico
5,96
5,97
4,14
2,40
C20:0 Araquídico
3,56
n.d
1,12
n.d
C23:0 Tricosanóico
n.d
n.d
0,18
0,80
Saturados totais
41,91
24,93
16,14
14,82
C15:1 (10)-Pentadecenóico
0,93
n.d
n.d
13,64
C16:1 Palmitoléico
0,12
0,07
0,08
1,98
C17:1 (10)-Heptadecenóico
0,94
0,05
0,04
0,07
C18:1n-9C Oléico
0,20
0,10
n.d
0,20
C18:2n-6T Linolelaídico
8,14
16,63
7,08
53,95
C18:2 Ω-6 Linoléico
11,83
52,20
73,93
12,83
C18:3 Ω-3 α-Linolênico
10,30
4,40
1,04
1,74
C20:1 Gadoléico
n.d
0,23
0,61
0,03
C20:3 Ω-3 Di αlinolênico
3,88
0,68
0,43
0,13
C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico
4,09
n.d
n.d
n.d
C22:1n-9 Erúcio
n.d
0,07
0,02
0,10
C20:4 Ω-6 Araquidônico
10,03
0,18
0,06
0,07
C20:5 Ω-3 Timnodónico
3,26
0,34
0,54
0,33
DHA Cervônico
4,37
0,09
0,01
0,11
Insaturados totais
58,08
75,07
83,86
85,18
Monoinsaturados
2,19
0,54
0,77
16,01
Poli-insaturados
55,89
74,53
83,09
69,26
n.d: não detectado.
68
Para avaliação do comportamento ingestivo, os animais foram submetidos a
observação visual durante um período de 24 horas no 19º dia de cada período
experimental, sendo as observações realizadas em intervalo de cinco minutos, para a
avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e ócio. Durante as avaliações noturnas
o ambiente foi mantido com iluminação artificial. No mesmo dia realizou-se três
observações de cada animal sendo dividas em três períodos: manhã, tarde e noite.
Nestes períodos, foi registrado o número de mastigações por bolo ruminal e o tempo
gasto para ruminação de cada bolo. A coleta dos tempos gastos em cada atividade foi
feita com o auxílio de cronômetros digitais, manuseados por quatro observadores, que
ficaram dispostos de forma a não interferir no comportamento dos animais.
Na estimativa das variáveis comportamentais alimentação e ruminação (min/kg
MS e FDNcp), eficiência alimentar (g MS e FDN/hora), eficiência em ruminação (g de
MS e FDNcp/bolo e g MS e FDNcp/hora) e consumo médio de MS e FDNcp por
período de alimentação, considerou-se o consumo voluntário de MS e FDN do 18o e 19o
dia de cada período experimental, sendo as sobras computadas entre o 18o ao 19o dia.
O número de bolos ruminados diariamente foi obtido da seguinte forma: tempo
total de ruminação (min) divido pelo tempo médio gasto na ruminação de um bolo. A
concentração de MS e FDNcp em cada bolo (g) ruminado foi obtida a partir da divisão
quantidade de MS e FDNcp consumida (g/dia) em 24 horas pelo número de bolos
ruminados diariamente.
A eficiência de alimentação e ruminação foi obtida da seguinte forma:
EALMS = CMS/TAL;
EALFDN = CFDN/TAL;
Em que: EALMS (g MS consumida/h); EALFDN (g FDN consumida/h) = eficiência de
alimentação; CMS (g) = consumo diário de matéria seca; CFDN (g) = consumo diário
de FDN; TAL = tempo gasto diariamente em alimentação.
ERUMS = CMS/TRU;
ERUFDN = CFDN/TRU;
Em que: ERUMS (g MS ruminada/h); ERUFDN (g FDN ruminada/h) = eficiência de
ruminação e TRU (h/dia) = tempo de ruminação.
TMT = TAL + TRU
Em que: TMT (min/dia) = tempo de mastigação total.
O número de períodos de alimentação, ruminação e ócio foram contabilizados
pelo número de sequências de atividades observadas na planilha de anotações. A
69
duração média diária desses períodos de atividades foi calculada dividindo a duração
total de cada atividade (alimentação, ruminação e ócio em min/dia) pelo seu respectivo
número de períodos discretos.
A análise dos dados de comportamento ingestivo foi realizada pelo procedimento
MIXED do programa computacional estatístico SAS (Littell et al., 1996), versão 19.1
(SAS, 2006), considerando-se um modelo misto. Realizaram-se contrastes polinomiais
para comparação entre as médias da dieta que continha apenas milho (0% da farinha de
pupunha) e dietas envolvendo farinha de pupunha em substituição ao milho (10, 40, 60
e 85%) (A). A avaliação de efeitos de ordem linear (L) e quadrático (Q) em função dos
níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha foram decompostos em
contrastes polinomiais (Tabela 5).
Tabela 5.
Distribuição dos coeficientes para os contrates polinomiais empregados na
decomposição da soma dos quadrados
Coeficientes
Contrastes
0
10
40
60
85
A
4
-1
-1
-1
-1
L
-2
-1
0
1
2
Q
2
-1
-2
-1
2
No estudo das equações de regressão, o modelo utilizado foi Y = (b0 + b1Tr +
b2Tr2) + ε; NID (0; 2). Onde: Y = o valor estimado em função dos tratamentos; b0 =
intercepto; b1 e b2 definiram a variação de Y em função do nível de inclusão; e Tr =
nível de inclusão (0, 10; 40; 60; 85% de farinha de pupunha).
70
RESULTADO E DISCUSSÃO
Para o consumo de matéria seca em 24 horas verificou-se efeito da inclusão da
farinha de pupunha, sendo que as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram
menores valores 734,3; 594,6; 615,0 e 471,0 g, respectivamente, para os níveis 0, 10,
40, 60 e 85% da farinha de pupunha no concentrado, quando comparado com a dieta
exclusivamente com milho. Assim, estabeleceu uma relação entre o consumo da dieta
controle e a do grupo contendo a farinha de pupunha, na qual pode-se destacar uma
redução de 35,7% entre os consumos (Tabela 6). Verificou-se a equação de regressão
em função dos níveis da farinha de pupunha, constatou-se efeito linear decrescente para
esta variável. Sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada
ao concentrado ocorreu uma redução de 3,23 unidades no consumo de matéria seca
(Tabela 6).
Constatou-se que os resultados obtidos para os consumos de matéria seca em 24
horas podem estar associados a maior aceitabilidade por parte dos animais para com o
concentrado contendo milho. Esse fato ficou claramente perceptível ao verificar as
sobras dos cochos da dieta controle que apresentavam sobras homogêneas do volumoso
e concentrado, no entanto, para as dietas contendo farinha de pupunha observou-se
ingestão total do volumoso e as sobras continha apenas concentrado, sendo visível essa
observação para os concentrados com 60 e 85% de farinha de pupunha, os motivos que
podem ser associados a menor ingestão dos referidos concentrados poder ser o elevado
teor de extrato etéreo presente nas dietas conforme apresentado na tabela 3.
Em trabalho desenvolvido por Jesus et al. (2010) avaliando o comportamento
ingestivo e respostas fisiológicas de cabritos ¾ Boer submetidos a dietas com níveis de
óleo de licuri (0,0; 1,5; 3,0; e 4,5% no concentrado) verificou-se que a equação de
regressão para o consumo de matéria seca apresentou efeito quadrático, porém, entre os
níveis de adição do óleo, a tendência foi linear decrescente. Segundo os autores esse
decréscimo pode ter ocorrido, em função do aumento da concentração energética com
adição do óleo de licuri, fato que deflagraria os mecanismos fisiológicos de saciedade.
Contudo, no presente trabalho esse efeito pode não ter ocorrido, uma vez que as dietas
apresentaram concentrações energéticas semelhantes, assim parece ser mais coerente
associar as reduções no consumo de matéria seca ao efeito tóxico dos ácidos insaturados
aos microrganismos ruminais, sendo que os ingredientes que constituíam as dietas
71
apresentavam maior proporção de ácidos graxos insaturados em relação aos saturados
(Tabela 4).
Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos
dos contrastes dos consumos de matéria seca (CMS) e fibra em detergente neutro
corrigida para cinza e proteína (CFDNcp), atividades de alimentação, ruminação,
mastigação e ócio em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha
em substituição ao milho
Tabela 6.
Efeito1
Níveis de farinha de pupunha
Item
0
10
40
60
85
EPM
M vs P
L
Q
Consumo em 24 horas (g)
CMS2
CFDNcp
3
732,8
734,3
594,6
615,0
471,0
20,8
0,0001
0,0001
0,1579
353,3
285,0
215,1
221,1
145,6
13,9
0,0001
0,0001
0,1593
Alimentação
Min/kg MS4
Min/kg FDNcp
5
302,8
314,1
446,9
421,9
565,3
21,9
0,0006
0,0001
0,3584
625
807
1221
1176
1852
18,4
0,0001
0,0001
0,0738
Ruminação
Min/dia6
Min/kg MS
7
Min/kg FDNcp
8
394,3
462,5
462,0
420,2
438,8
8,9
0,0163
0,4172
0,0463
539,9
632,4
778,0
696,3
916,4
28,0
0,0001
0,0001
0,8406
1118
1628
2185
1971
2897
23,0
0,0001
0,0001
0,9096
Mastigação
Nº/bolo9
57,2
55,2
51,3
52,0
55,9
1,2
0,2234
0,4878
0,1029
63,0
61,4
58,7
58,8
62,8
1,1
0,3868
0,7152
0,1697
21404
24887
24269
22351
23361
46,1
0,5478
0,4694
0,9724
615,5
691,7
726,0
680,2
706,0
13,1
0,0084
0,0546
0,0824
Min/kg MS
843
946
1225
1118
1505
46,7
0,0001
0,0001
0,2873
Min/kgFDNcp14
1743
2435
34061
2971
4641
19,0
0,0001
0,0001
0,1835
759,8
734,0
13,1
0,0084
0,0557
0,0824
Seg/bolo
10
Nº/dia 11
Min/dia12
13
Ócio
Min/dia
15
824,5
748,3
714,0
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do milho
pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05). 2/ Ŷ 
744,52* – 3,2311X*; 3/ Ŷ  320,38* – 2,0696X*; 4/ Ŷ  295,86* + 2,8932X*; 5/ Ŷ  638,23* + 13,3434X*; 6/
Ŷ  414,65* + 1,8991X**** - 0,02032X2**** 7/ Ŷ  572,72* + 4,1286X*; 8/ Ŷ  1171,21* + 20,5682X*; 9/
Ŷ  53,0124*; 10/ Ŷ  60,5828*; 11/ Ŷ  23148*; 12/ Ŷ  691,12*; 13/ Ŷ  862,32* + 7,4901X*; 14/ Ŷ 
15
2010,04* + 31,2408X*; / Ŷ  748,88*.
A palatabilidade tem sido considerada um fator importante e determinante na
seleção e ingestão de alimentos e há uma estreita relação da palatabilidade dos
alimentos com o seu valor energético com consequente aumento do peso corporal
72
(Batista et al., 2007). Segundo Hill (2007) a palatabilidade pode ser definida como a
percepção sensorial do alimento e pode ser influenciada pelo olfato, textura, nutrientes
ou texturas. Assim, vale ressaltar, que a farinha de pupunha ao longo do experimento
sofreu o processo de oxidação, sendo perceptível pela mudança na coloração e odor.
De maneira semelhante ao consumo de matéria seca em 24 horas comportou-se
as médias para o consumo de FDNcp (Tabela 6). Pode-se relatar que os níveis de
farinha de pupunha presentes no concentrado influenciou negativamente o consumo de
FDNcp de modo que o maior percentual de consumo foi constatado para a dieta
controle e o menor valor para a dieta contendo 85% de farinha de pupunha.
O contraste entre a dieta contendo apenas milho com o grupo de dietas contendo
farinha de pupunha apresentou efeito de modo que a dieta controle destacou-se por
apresentar maior consumo de FDNcp em 24 horas em relação as dietas com farinha de
pupunha. A equação de regressão vem confirmar a redução no consumo, registrando-se
efeito linear decrescente, sendo que para cada unidade percentual de farinha de pupunha
adicionada no concentrado houve uma redução de 2,07 unidades de consumo da
FDNcp.
A quantidade de alimento consumida em determinado período de tempo é
modificada mediante o número de refeições, como também pela duração e a velocidade
de ingestão. Assim, o consumo de FDNcp em 24 para as dietas contendo farinha de
pupunha foram influenciadas diretamente pelo menor consumo de matéria seca em 24
horas, tendo em vista que os animais alimentados com dietas contendo pupunha
consumiram quantitativamente menos feno, uma vez que a relação volumoso:
concentrado era fixa (30:70) e ajustava-se o consumo diariamente, o que contribuiu
diretamente na redução do consumo de FDNcp.
O estudo do comportamento ingestivo é relevante para a nutrição animal, pois
permite entender os fatores que atuam na regulação da ingestão de alimentos e água e
estabelece ajustes que melhorem a produção (Mendonça et al., 2004). Assim, houve
efeito significativo da utilização de níveis crescente de farinha de pupunha no
concentrado sobre os tempos despendidos com a alimentação. O contraste entre o grupo
de dietas contendo pupunha e o contendo apenas milho foram significativos, na qual o
grupamento contendo farinha de pupunha apresentaram maiores tempos de alimentação
(min/kg de MS e min/kg de FDNcp) quando relacionado com a controle (Tabela 6).
Analisando a equação de regressão para o tempo de alimentação, pode-se
identificar efeito linear crescente em função dos níveis da farinha de pupunha nas
73
dietas. Assim, os tempos de alimentação em min/kg de MS e min/kg de FDNcp
apresentaram, respectivamente, incrementos de 2,9 e 13,3 unidades para cada unidade
percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado (Tabela 6).
Os resultados apresentados estão em consonância com os fatos verificados no
momento da avaliação do comportamento, no qual os animais alimentados com a dieta
controle acessavam o cocho em momentos pontuais e prolongados, enquanto que os
animais alimentados com as dietas contendo farinha de pupunha procuravam o alimento
mais vezes em curtos intervalos de tempo, levando a comprovação que os animais
alimentados com dietas com farinha de pupunha despenderam mais tempo na atividade
de alimentação.
Desse modo, as dietas com maior quantidade de farinha de pupunha no
concentrado proporcionaram maior tempo de ruminação independente da forma
expressa, sendo de 438,8 min/dia, 916,4 min/kg MS e 2897 min/kg FDNcp (Tabela 6).
Desta maneira, a análise do contraste corrobora com os referido resultados,
demostrando que o grupo de dietas contendo farinha de pupunha, para suas variadas
formas de expressão, apresentou maiores períodos despendidos na atividade de
ruminação quando comparado com a dieta controle.
As atividades de ruminação, em min/dia, ao ser analisada em função dos níveis
de farinha de pupunha, neste caso, pode-se constatar que a equação de regressão
apresentou um comportamento quadrático, sendo estimado um valor máximo de 459,0
min/dia na atividade de ruminação para um nível de 46,7% de farinha de pupunha. Em
sequência, pode ser observado que a equação de regressão obtida para atividade de
ruminação, em min/kg MS e min/kg FDNcp, apresentaram efeito linear crescente, na
qual verifica-se que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao
concentrado, respectivamente, houve um aumento de 4,1 e 20,6 unidades percentuais
(Tabela 6).
Outra inferência interessante a ser ressaltada sobre os resultados apresentados é
como o alto teor de concentrado na dieta total associado à elevação do percentual de
gordura das dietas a partir dos níveis de farinha de pupunha (Tabela 3 e 4), pode ter
inibido a ação dos microrganismos que degradam a fibra e assim compromete a
digestibilidade e a taxa de passagem da mesma. Sendo que os ingredientes que
compunha as dietas possuem elevado teor de ácidos graxos insaturado, na qual o feno
de Tifton 85 possui 58,08 %, o farelo de soja 75,07%; o milho 83,86% e a farinha de
74
pupunha 85,18% (Tabela 4). Entretanto, todos esses fatores podem influenciar a
digestibilidade da FDN.
As observações encontradas para as atividades de ruminação foram elevadas e
estão de acordo com os obtidos por Ribeiro (2003), no qual relatou em seu trabalho que
caprinos podem gastar mais de um terço de seu tempo ruminando e além do teor de
fibra, o comprimento da partícula da forragem. A quantidade de forragem consumida e
o estresse térmico são alguns fatores que afetam o tempo de ruminação em caprinos,
podendo afetar secundariamente outros parâmetros do comportamento ingestivo como o
tempo total em alimentação e ócio e as eficiências em alimentação e ruminação.
A inclusão de níveis crescentes de farinha de pupunha nos concentrados não
promoveu interferência sobre os tempos despendidos com atividade de mastigação
(Tabela 6). Assim, verificou-se valores médios de 53,0; 60,6; 23148; 691,1 para as
variáveis dependentes relacionadas à atividade de mastigação, expressos em Nº/bolo,
segundo/bolo, Nº/dia e Min/dia. No entanto, para as mastigações expressa, em min/kg
MS e min/kg de FDNcp, foi observado efeito no qual a análise do contrataste demostrou
que as dietas contendo farinha de pupunha diferiram da dieta controle por apresentar
maiores valores nas referidas taxas de mastigação. Esses resultados são reforçados pela
observação da equação de regressão que apresentou efeito linear crescente (Tabela 6),
sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao
concentrado constatou-se incrementos da ordem de 7,4 e 31,2 unidades na atividade de
mastigação, em min/kg MS e min/kg de FDNcp.
Observou-se que o efeito de contraste, no qual o grupo de dietas contendo
farinha de pupunha apresentou menor tempo despendido em ócio quando comparado
com a dieta controle (Tabela 6). Esses resultados apresentados podem ser explicados,
possivelmente, pelo fato dos animais terem despendido mais tempo no cocho com a
seleção do alimento, elevando-se o tempo de alimentação e ruminação. Além disso, a
adição da farinha de pupunha provavelmente aumentou o tempo necessário para
redução do tamanho de partícula no rúmen, em consequência do incremento na relação
ácidos graxos insaturados/FDN, sobretudo nas dietas contendo 85% de farinha de
pupunha. Esse efeito está relacionado à implicação negativa que os lipídeos têm sobre a
fermentação ruminal, por inibição do desenvolvimento dos microrganismos,
particularmente os celulolíticos (NRC 2001; Martinele et al., 2008). Contudo, à medida
que os animais despendem mais tempo em ruminação, menores tempos são destinados à
alimentação e ócio.
75
A eficiência de alimentação foi influenciada diretamente através da utilização de
farinha de pupunha na composição de dietas para caprinos. Menores eficiências de
alimentação foram observadas para os tratamentos contendo farinha de pupunha quando
comparado com o tratamento controle, independente da forma expressada. Assim, para
as dietas contendo 0, 10, 40, 60 e 85% de farinha de pupunha, verificou-se valores
médios, respectivamente, de 202,1; 196,8; 141,7; 145,7 107,9 g MS/hora e 97,3; 76,1;
49,9; 51,8 e 33,1 g FDN/hora. Desta maneira, foi possível estabelecer relações e
observar reduções drásticas na eficiência de alimentação, em g MS/hora e g FDN/hora,
respectivamente, de 36,6 e 84,6%, quando contrastado os tratamentos controle e o com
o grupo de animais que se alimentaram com dietas contendo farinha de pupunha (Tabela
7).
Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos
dos contrastes das eficiências de alimentação em caprinos alimentados com dietas
contendo farinha de pupunha em substituição ao milho
Tabela 7.
Efeito1
Níveis de farinha de pupunha
Item
0
10
40
60
85
EPM
M vs P
L
Q
Eficiência de alimentação
g MS/hora2
g FDNcp/hora
3
202,1
196,8
141,7
145,7
107,9
8,4
0,0007
0,0001
0,8967
97,3
76,1
49,9
51,8
33,1
4,5
0,0001
0,0001
0,0303
Eficiência de ruminação
Bolos (nº/dia)4
g MS/bolo
5
g FDNcp/bolo
6
g MS/hora7
g FDNcp/hora
8
379,8
454,4
475,0
430,3
427,9
11,7
0,0203
0,3554
0,0231
2,0
1,6
1,3
1,5
1,1
0,1
0,0001
0,0001
0,1450
0,95
0,63
0,46
0,52
0,34
0,1
0,0001
0,0001
0,0031
112,5
96,2
77,4
88,9
64,2
3,6
0,0449
0,0001
0,8213
54,3
37,3
28,1
32,1
19,9
2,3
0,0001
0,0001
0,0104
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
2
/ Ŷ  203,50* – 1,1118X*; 3/ Ŷ  87,1578* – 0,6346X*; 4/ Ŷ  409,15* + 2,7838X**** – 0,03410X2***;
/ Ŷ  1,6959* – 0,00701X*; 6/ Ŷ  0,6752* – 0,00391X*; 7/ Ŷ  100,02* – 0,4287X*; 8/ Ŷ  40,2828* –
0,2405X*.
5
Outra avaliação que permite melhor analisar os resultados de eficiência
alimentar e a verificação da equação de regressão, na qual apresentou comportamento
linear decrescente e para cada unidade percentual de farinha de pupunha adicionada ao
concentrado, reduções da ordem de 1,1 e 0,6 unidades foram observadas,
76
respectivamente, nas eficiências de alimentação, em g MS/hora e g FDN/hora (Tabela
7).
Esses resultados ocorreram, provavelmente, devido à queda no consumo sem
redução equivalente no tempo de alimentação, na qual se pôde verificar no decorrer do
experimento, que os animais ao se alimentaram com dietas contendo farinha de
pupunha, permaneceram mais tempo no cocho selecionando os alimentos sem
necessariamente consumi-los, com uma maior preferencia pelo feno em detrimento ao
concentrado e isto possivelmente provocou a queda no consumo de matéria seca em 24
horas e elevou o tempo de alimentação, reduzindo consequentemente as eficiências de
ingestão e ruminação.
A utilização da farinha de pupunha na alimentação de caprinos interferiu
significativamente na eficiência de ruminação, sendo verificado acentuadas reduções
nas dietas contendo 85% da farinha de pupunha, cujos valores foram 427,9 bolos/dia,
1,1 g MS/bolo e 0,34 g FDN/bolo. Não diferindo dos resultados apresentados, ocorreu
efeito de contraste entre a dieta que continha apenas milho e as dietas que apresentavam
níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha, na qual a dieta controle
apresentou melhores resultados na eficiência de ruminação (bolos nº/dia; g de MS/bolo
e g de FDN/bolo), demostrando ser uma dieta mais bem aceita pelo animais, uma vez
que foi a que apresentou maior consumo.
A equação de regressão para a variável dependente, eficiência de ruminação
apresentou comportamento quadrático (Tabela 7), sendo estimado valor máximo de
465,9 bolos ruminados para o nível de 40,8% da farinha de pupunha adicionada no
concentrado. Já para as eficiências, em g de MS/bolo e g de FDN/bolo, as equações
destoaram e apresentaram comportamento linear decrescente (P<0,05), cujos valores,
respectivamente, foram de 0,007 e 0,004 unidades para cada percentual de farinha de
pupunha adicionada ao concentrado.
Para as eficiências de ruminação, independente da maneira expressada, detectouse superioridade da dieta controle sobre as demais dietas. Assim, as contendo 0, 10, 40,
60 e 85% da farinha de pupunha, apresentam valores médios, respectivamente, de
112,5; 96,2; 77,4; 88,9 e 64,2 g MS/hora e 54,3; 37,3; 28,1; 32,1 e 19,9 g FDN/hora
(Tabela 5). Desta maneira, houve o interesse em estabelecer relações e com isso
observou-se reduções interessantes na eficiência de ruminação, em g MS/hora e g
FDN/hora, respectivamente, de 75,2 e 172,9%, quando contrastado os tratamentos
controle e o contendo 85% de farinha de pupunha.
77
Na avaliação do contraste para a eficiência de ruminação a utilização de níveis
da farinha de pupunha no concentrado imprimiu influencia sobre os resultados de modo
que as dietas controle se destacaram em relação às contendo farinha de pupunha (Tabela
7). Em conformidade com os resultados abordados, as equações de regressão
apresentaram comportamento linear decrescente, sendo que para cada unidade
percentual de farinha de pupunha adicionada ao concentrado verificou-se uma redução
de 0,43 e 0,24 unidades nas eficiências de ruminação, expressas em g MS/hora e g
FDN/hora.
Em estudo desenvolvido por Mertens (2001), o tempo de mastigação está
relacionado ao consumo de matéria seca, à concentração de fibra em detergente neutro
da dieta e este associado ao tamanho da partícula. Nesse contexto, embora o consumo
de matéria seca tenha sido mais elevado para a dieta controle (0% de farinha de
pupunha), por sua vez, continha maior concentração de fibra (50,3%), foram às dietas
contendo farinha de pupunha que proporcionaram maior tempo de mastigação, podendo
ser associado a maior preferencia dos animais em consumir inicialmente o feno e assim
ocorrer maior tempo selecionando o alimento.
Não se observou efeito para o contraste entre a dieta que continha apenas milho
vs. dietas com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha sobre as
variáveis número de períodos de alimentação, ruminação e ócio. Entretanto, recorrendose aos demais contrastes, observou-se que independente da dieta ofertada foram
verificados números de períodos médios de 10,6 e 26,9 para alimentação e ócio, no
entanto, verificou ajuste de equação de regressão para períodos de ruminação,
apresentando efeito linear crescente, no qual para cada unidade percentual de farinha de
pupunha adicionada ao concentrado ocorreu um aumento de 0,03 unidades de período
de ruminação (Tabela 8).
Muitos são os fatores que podem afetar a ingestão de alimentos em ruminantes,
provocando efeito direto sobre o comportamento ingestivo, dentre eles o teor de fibra
em detergente neutro (Van Soest, 1994), teor de gordura e a forma física da dieta. A
ausência de efeito significativo de contraste para as variáveis, números de períodos de
alimentação, ruminação e ócio, bem como, o tempo gasto por período de alimentação e
ruminação, podem ser explicadas pela maior preferência dos animais pelas dietas com
menor percentual da farinha de pupunha. Notou-se também, a interferência que o
extrato etéreo ocasionou sobre a ingestão de matéria seca, uma vez que o volumoso e o
78
concentrado foram os mesmos, diferenciando apenas pela substituição do milho por
níveis crescentes de farinha de pupunha.
Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos
dos contrastes do número e tempo médio despendido por período nas atividades
de alimentação, ruminação e ócio e consumo de MS e FDNcp por período de
alimentação em caprinos alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em
substituição ao milho
Tabela 8.
Item
Níveis de farinha de pupunha
0
10
40
60
85
EPM
Efeito1
M vs P
L
Q
Número de períodos (nº/dia)
Alimentação
Ruminação
2
3
Ócio4
9,8
11,1
10,9
11,1
10,7
0,4
0,3483
0,5945
0,4596
19,7
19,2
20,4
19,7
21,8
0,4
0,5477
0,0897
0,2849
26,2
26,1
27,2
27,5
27,5
0,4
0,4568
0,2393
0,9030
Tempo gasto por período (min)
Alimentação
Ruminação6
Ócio
7
5
22,9
21,6
22,5
23,8
24,1
0,8
0,9742
0,4649
0,6171
20,3
24,3
22,7
21,5
20,9
0,6
0,1225
0,6891
0,0574
31,7
28,8
26,5
27,8
25,7
0,7
0,0103
0,0109
0,3574
Consumo médio por período de
alimentação (kg)
MS8
0,077
0,070
0,053
0,057
0,049
0,01
0,0174
0,0049
0,4709
FDNcp9
0,037
0,027
0,018
0,020
0,013
0,01
0,0001
0,0001
0,1095
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
/ Ŷ  10,6358*; 3/ Ŷ  19,1492* + 0,02720X****; 4/ Ŷ  26,9316*; 5/ Ŷ  23,4996*; 6/ Ŷ  23,7344* –
2
7
8
9
0,03225X****; / Ŷ  29,8341* – 0,04860X****; / Ŷ  0,07478* – 0,00031X**; / Ŷ  0,03182* –
0,00022X*.
A utilização de níveis da farinha de pupunha em substituição ao milho no
concentrado não interferiu nos resultados a ponto de detectar diferenças entre as dietas,
para o tempo gasto por período de alimentação e ruminação. Entretanto, para o mesmo
contraste houve efeito do tempo gasto por período de ócio, cujos valores implicam em
relatar que o grupo de dietas contendo farinha de pupunha dispenderam menor período
em ócio. Desta maneira, independente da dieta ofertada verificou-se um tempo gasto
médio por períodos de alimentação de 23,5. Para as demais variáveis, notou-se que
houve ajuste para equações com comportamento linear decrescente, visto que para cada
unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado percebeu-se uma
79
redução de 0,03 e 0,05 unidades no tempo gasto por período de ruminação e ócio
(Tabela 8).
Na avaliação do consumo médio por período de alimentação houve efeito de
contraste e assim as dietas contendo farinha de pupunha apresentaram menores
consumos de MS e FDN por período de alimentação em relação à dieta controle. Assim,
para as dietas contendo 0, 10, 40, 60 e 85% da farinha de pupunha, verificou-se valores
médios, respectivamente, de 0,077; 0,070; 0,053; 0,057 e 0,049 kg de MS por período
de alimentação e 0,037; 0,027; 0,018; 0,020 e 0,013 kg de FDN por período de
alimentação (Tabela 8). Desta maneira, observou-se reduções, respectivamente, de 35,1
e 89,7%, quando contrastado os tratamentos controle e os tratamentos contendo farinha
de pupunha. Esses resultados são reforçados pela observação das equações de regressão
que apresentaram efeito linear decrescente em decorrência da substituição do milho pela
farinha de pupunha no concentrado. Essa resposta ocorreu, provavelmente, em função
dos valores observados para o consumo de MS e FDNcp em 24 horas, o qual foi afetado
pela substituição do milho por níveis crescentes de farinha de pupunha.
CONCLUSÕES
Mediante os estudos desenvolvidos constatou-se, que a utilização da farinha de
pupunha em dietas para caprinos em confinamento não promoveu modificação no
comportamento ingestivo, evidenciado pelas alterações nas atividades diárias de
alimentação, ruminação e ócio, mas afetou as eficiências de alimentação e ruminação.
80
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82
V – CAPÍTULO III
METABOLISMO DE NITROGÊNIO EM CAPRINOS
ALIMENTADOS COM FARINHA DE PUPUNHA
RESUMO: Objetivou-se avaliar o balanço de nitrogênio a concentração de ureia no
plasma e excreção na urina em caprinos mestiços Boer x SRD, alimentados com farinha
de pupunha em substituição ao milho nos níveis de 0, 10, 40, 60 e 85% com base na
matéria seca do concentrado. Foram utilizados 30 cabritos, machos, não castrados, com
peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos em delineamento inteiramente
casualizado com cinco tratamentos e seis repetições. As dietas foram compostas por
milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com
relação volumoso:concentrado de 30:70. A ingestão de nitrogênio reduziu linearmente
(P<0,05) à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho. Os animais que
receberam dietas com níveis de farinha de pupunha apresentaram menor média para o
N-digerido (14,9 g/dia), quando comparado com a média (17,1 g/dia) dos caprinos que
ingeriram concentrado que possuía apenas milho como fonte energética. A excreção de
nitrogênio na urina diminuiu à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho no
concentrado. A utilização de 39,0% de substituição do milho pela farinha de pupunha
reduziu a excreção de ureia na urina. Foi verificada máxima retenção de nitrogênio
(7,83 g/dia) ao nível de 28,9% de substituição do milho pela farinha de pupunha.
Palavras-chave: Alimentação, Coproduto, Balanço de nitrogênio, Ureia
83
V – CHAPTER III
NITROGEN METABOLISM IN GOATS FED PEACH-PALM
FLOUR
ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the nitrogen balance, the urea
concentrations in urine and plasma of goats fed peach-palm flour in replacement of corn
at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were used
30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of 16.7 ±
3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and six
replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral
supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. The nitrogen
intake linearly decreased (P <0.05) by means of the substitution of corn for peach-palm
flour. The animals fed diets with levels of peach-palm flour presented smaller average
for the N-digested (14.9 g / day), when compared with the average (17.1 g / day) of the
goats that ingested concentrate which had only corn as energy source. Nitrogen
excretion in urine decreased the measure which the peach-palm flour replaced corn in
the concentrate.The use of 39.0% replacement of corn for peach-palm flour reduced the
excretion of urea in the urine. Was observed nitrogen retention maximum(7.83 g / day)
at the level of 28.9% replacement of corn for peach-palm flour.
Key words: Coproduct, Feed, Nitrogen balance, Urea
84
INTRODUÇÃO
A região Nordeste tem se destacado durante séculos como área de vocação para
a exploração de ruminantes domésticos, notadamente caprinos e ovinos, pelo potencial
da vegetação natural para a manutenção e sobrevivência dos animais destas espécies.
Por outro lado, deve-se registrar que o simples fato de os animais apresentarem
potencial produtivo ao longo do ano, não atende aos requisitos básicos de uma atividade
voltada para as demandas que se manifestam em um mercado moderno e cada vez mais
exigente. Assim, a implementação de regime de manejo adequada para cada fase da
exploração (produção, recria e terminação) e a adoção de técnicas modernas, são prérequisitos para melhoria na produtividade do rebanho (Calvacante et al., 2014).
A terminação de caprinos em confinamento ainda não é uma realidade em
sistemas de produção no Nordeste. Os elevados preços dos alimentos concentrados
tradicionais dificultam o acesso dos produtores a estas técnicas. Assim, justifica-se a
busca por alimentos alternativos que possuem potencial para serem utilizados em dietas.
A polpa dos frutos de pupunha possui potencial para ser aplicada na dieta de
ruminantes, sob forma de farinha, porém possui elevada concentração de gordura (62%
de óleo) (Ferreira & Pena, 2003), que a depender da quantidade inserida na dieta podem
promover modificação na fermentação ruminal e assim afetar a eficiência microbiana
(Kosloski, 2009).
Neste tocante, modificações no sincronismo entre proteína e energia também
podem ocorrer, provocando aumento na excreção urinária de ureia e retenção de
nitrogênio negativo. Desta maneira, as avaliações desses parâmetros são importantes e
necessários para verificar e estabelecer limites de aplicações de novas tecnologias, sem
que haja prejuízos à produção animal (Carvalho et al., 2010).
Conduziu-se o experimento para avaliar o balanço de nitrogênio e a excreção de
ureia em caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas contendo farinha de
pupunha em substituição ao milho no concentrado (0; 10; 40; 60 e 85%).
85
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e
Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino
Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de
longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC
e com altitude média de 268 m.
Foram utilizados 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com
idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos
em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85%
da farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período
experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada.
Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto,
providos de cocho e bebedouro.
A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no
Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha
foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus
Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça por três dias consecutivos, com
revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em
um triturador de mandioca, posteriormente a massa triturada foi conduzida para o
torrador de farinha mecanizado. Essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40
minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a
secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade
promovida pela torração, pode-se verificar o clareamento da massa para farinha.
As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme
equações do NRC (2007) e foram considerados: ganho de peso diário de 200g;
maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40%
de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja,
farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação
volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1).
Em cada subperíodo experimental, foram colhidas amostras do fornecido, tanto
do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, os quais foram
acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer
86
-20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em
estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm, e foram feitas amostras compostas por animal e período,
bem como, identificadas para posteriores análises laboratoriais.
Tabela 1.
Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS)
Níveis de farinha de pupunha (% MS)
Ingredientes
0
10
40
60
85
Feno de Tifton 85
30,0
30,0
30,0
30,0
30,0
Milho moído
50,7
45,6
29,7
20,3
7,6
Farelo de soja
17,8
17,8
17,8
17,8
17,8
Farinha de pupunha
0,0
5,1
21,0
30,4
43,1
Suplemento mineral1
1,5
1,5
1,5
1,5
1,5
Total
100
100
100
100
100
Proteína bruta estimada (% MS)
15,2
15,2
15,0
14,9
14,8
Energia metabolizável estimada (Mcal/kg)
2,7
2,7
2,7
2,7
2,7
1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350
mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I.
Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE)
(AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras
foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas
para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos
nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos
detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996).
A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o
resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e
bromatológica dos alimentos sobras e fezes foram realizadas no laboratório de
Forragicultura e Pastagens da UESB.
87
Tabela 2.
Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi) e nutrientes digestíveis
totais (NDT) do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha
Item
MS
1
MO
Cinza
1
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Feno de
Tifton 85
0%
10%
40%
60%
85%
Farinha de
Pupunha
92,8
91,4
92,7
92,8
92,7
93,0
93,2
91,6
95,3
94,8
94,8
94,1
94,1
97,1
8,4
4,7
5,2
5,2
5,9
5,9
2,9
1
PB
8,8
18,3
18,0
17,5
17,1
15,5
7,8
PIDN2
40,5
51,3
47,4
46,9
48,9
62,7
11,6
PIDA2
27,5
24,1
20,5
13,4
15,7
16,4
19,7
EE1
1,4
2,8
3,5
5,9
6,8
8,2
11,5
CT1
81,4
74,3
72,5
72,4
69,3
70,3
77,8
3,9
35,6
41,7
44,0
43,9
45,3
65,8
7,7
39,4
44,5
46,7
46,9
48,4
56,1
FDN
77,6
38,7
30,8
28,4
25,4
25,1
12,0
FDNcp1
73,7
34,9
28,0
25,7
22,4
22,0
10,5
FDNi1
24,7
1,2
1,0
1,8
2,2
1,6
2,7
FDNpd1
52,8
37,5
29,8
26,6
23,1
23,4
9,3
FDA1
40,4
16,3
16,5
11,5
13,8
14,0
4,5
15,2
0,5
0,7
1,0
1,2
1,3
1,8
37,2
22,3
14,3
16,9
11,6
11,0
7,5
9,7
14,6
7,8
7,0
7,6
6,1
5,8
Lignina1
2,0
0,1
0,1
0,2
0,4
0,7
1,1
MSpd1
74,8
97,5
97,6
96,8
96,3
96,9
95,8
MSi1
28,3
1,9
1,9
2,8
3,7
3,4
4,1
NDT1,3
58,6
78,7
78,9
78,2
78,0
78,3
80,6
1
CNF
CNFcp
1
1
FDAi
1
Hemicelulose
Celulose
1
1
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
88
Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis
totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida
(EL) das dietas
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
0%
10%
40%
60%
85%
91,8
92,7
92,8
92,7
92,9
94,2
93,8
93,9
93,4
93,3
5,8
6,2
6,1
6,6
6,7
15,4
15,3
14,9
14,6
14,2
PIDN2
48,1
45,3
45,0
46,4
56,0
2
25,1
22,6
17,6
19,2
19,7
2,4
2,9
4,5
5,1
6,1
76,4
75,2
75,1
72,9
73,7
26,1
30,3
31,9
31,9
32,9
29,9
33,5
35,0
35,1
36,2
50,3
44,8
43,1
41,0
40,8
46,6
41,7
40,1
37,8
37,5
8,3
8,1
8,7
9,0
8,6
42,1
36,7
34,4
32,0
32,2
23,6
23,7
20,2
21,7
21,9
4,9
5,0
5,2
5,4
5,4
26,8
21,1
23,0
19,3
18,9
13,1
8,4
7,8
8,2
7,2
0,7
0,6
0,7
0,9
1,1
90,7
90,8
90,2
89,8
90,3
9,8
9,8
10,5
11,1
10,9
72,7
72,8
72,3
72,2
72,4
ED(Mcal/kg)
3,2
3,2
3,2
3,2
3,2
EM(Mcal/kg)
2,8
2,8
2,8
2,8
2,9
EL(Mcal/kg)
1,7
1,7
1,7
1,7
1,7
MS
MO1
Cinza
1
1
PB
PIDA
1
EE
CT1
1
CNF
CNFcp
1
FDN1
FDNcp
FDNi
1
1
FDNpd1
1
FDA
FDAi
1
Hemicelulose1
Celulose
Lignina
1
1
MSpd1
MSi
1
NDT
1,3
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
89
As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente
digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos
foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006).
Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras
dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas
(Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido
(TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista.
Após este período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente, e o
material remanescente da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por
72 horas. Em seguida, foram retirados da estufa, acondicionados em dessecador e
pesados, sendo o resíduo obtido considerado como MSi. Logo após, os sacos foram
acondicionados em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco, e
submetidos à fervura em detergente neutro por uma hora, sendo em seguida lavados
com água quente e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o
novo resíduo considerado como FDNi.
Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE)
(AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras
foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas
para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos
nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos
detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996).
A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o
resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%.
As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente
digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos
foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006).
Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras
dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas
(Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido
(TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este
período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente e o material remanescente
da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta
etapa, foram retirados da estufa e acondicionados em dessecador e pesados, sendo o
90
resíduo obtido considerado como MSi. Prosseguindo, os sacos foram acondicionados
em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à
fervura em detergente neutro por uma hora, sendo em seguida lavados com água quente
e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo
considerado como FDNi.
Os carboidratos totais (CT) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992),
como:
CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza).
Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação
ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo:
CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza).
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999),
mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação:
NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED.
Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp
digestíveis; e EED = EE digestível.
Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e
dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o
cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE
- 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do
NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB +
%EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x
(FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7.
Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio
insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na
digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em
detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0.
Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia
digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001):
EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12;
ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT.
A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a
equação:
91
EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45.
A extração lipídica e o perfil de ácidos graxos dos ingredientes das dietas
experimentais foram realizados no Centro de Análises Cromatográficas, localizado na
UESB. A fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja, milho e
farinha de pupunha) foram obtidas através de uma mistura de clorofórmio, metanol e
água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh & Dyer, (1959).
A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método 5509 da ISO
(1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi transferida para tubos
de ensaio, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até completa dissolução.
Em seguida, foram adicionados 2 ml de KOH 2 mol.L-1 em metanol, sendo o frasco
hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação vigorosa. Após a
ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres metílicos de ácidos
graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (-18ºC), para posterior
análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados através de cromatógrafo
gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de ionização de chama e coluna
capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As áreas de picos foram
determinadas pelo método da normalização, utilizando um software ChromQuest 4.1.
Os picos foram identificados por comparação dos tempos de retenção de padrões de
ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após verificação do comprimento
equivalente de cadeia (Tabela 4).
O consumo individual dos animais foi avaliado no 28º dia de fornecimento das
dietas experimentais, do terceiro período experimental, subtraindo-se as sobras da
quantidade de dieta ofertada para cada animal. Dessa forma, avaliou-se os consumos de
nitrogênio (N) em (g/dia).
A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras, os animais
tiveram três dias para adaptação antes do período de coleta. As fezes foram colhidas às
06h e 18h durante cinco dias consecutivos em cada subperíodo experimental. Após
coletadas as fezes de cada animal foram pesadas e alíquotas de aproximadamente 10%
do total excretado foram colocados em sacos plásticos e armazenados em freezer a 20ºC para posteriores analises. As amostras foram pré-secas em estufa de ventilação
forçada a 65ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm e em seguida foram feitas amostras compostas dos
períodos e dos cinco dias de coleta para realização da análise de nitrogênio, conforme
metodologia mencionada anteriormente.
92
Tabela 4.
Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais
Ácidos graxos (g.100g-1)
Feno de
Tifton 85
Farelo de
soja
Milho
Farinha de
pupunha
Lipídeos totais
2,8
4,1
2,2
9,5
C6:0 Capróico
n.d
n.d
n.d
1,49
C8:0 Caprílico
0,42
0,06
0,03
0,39
C11:0 Undecanóico
0,82
0,05
n.d
0,03
C12:0 Láurico
0,65
0,02
0,06
0,39
C13:0 Tridecílico
n.d
0,002
n.d
0,02
C14:0 Mirístico
1,00
0,10
0,05
0,29
C15:0 Pentadecílico
n.d
0,06
n.d.
0,13
C16:0 Palmítico
27,2
18,49
10,49
8,70
C17:0 Margárico
2,32
0,18
0,07
0,18
C18:0 Esteárico
5,96
5,97
4,14
2,40
C20:0 Araquídico
3,56
n.d
1,12
n.d
C23:0 Tricosanóico
n.d
n.d
0,18
0,80
Saturados totais
41,91
24,93
16,14
14,82
C15:1 (10)-Pentadecenóico
0,93
n.d
n.d
13,64
C16:1 Palmitoléico
0,12
0,07
0,08
1,98
C17:1 (10)-Heptadecenóico
0,94
0,05
0,04
0,07
C18:1n-9C Oléico
0,20
0,10
n.d
0,20
C18:2n-6T Linolelaídico
8,14
16,63
7,08
53,95
C18:2 Ω-6 Linoléico
11,83
52,20
73,93
12,83
C18:3 Ω-3 α-Linolênico
10,30
4,40
1,04
1,74
C20:1 Gadoléico
n.d
0,23
0,61
0,03
C20:3 Ω-3 Di αlinolênico
3,88
0,68
0,43
0,13
C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico
4,09
n.d
n.d
n.d
C22:1n-9 Erúcio
n.d
0,07
0,02
0,10
C20:4 Ω-6 Araquidônico
10,03
0,18
0,06
0,07
C20:5 Ω-3 Timnodónico
3,26
0,34
0,54
0,33
DHA Cervônico
4,37
0,09
0,01
0,11
Insaturados totais
58,08
75,07
83,86
85,18
Monoinsaturados
2,19
0,54
0,77
16,01
Poli-insaturados
55,89
74,53
83,09
69,26
n.d: não detectado.
93
No 27º dia do terceiro período experimental, foram realizadas coletas de urina
spot, em micção espontânea dos animais, aproximadamente duas, quatro e oito horas
após o fornecimento da alimentação matinal e no 28º dia antes do fornecimento da
alimentação, o que correspondeu ao tempo zero. As amostras foram filtradas em gaze e
uma alíquota de 10 ml foi separada e diluída com 40 ml de ácido sulfúrico (0,036 N)
(Valadares et al., 1999), a qual foi destinada à quantificação das concentrações urinárias
de ureia, nitrogênio e creatinina. Após análise destes metabólitos nos diferentes tempos,
realizou-se uma média de todos os tempos, para ter maior representatividade em um
ciclo de 24 horas. Análises de urina foram realizadas no laboratório de fisiologia animal
da UESB.
Ao final do terceiro período experimental foram selecionados cinco animais, um
de cada tratamento, os quais foram alocados em gaiolas de metabolismo para a coleta
total de urina. O critério utilizado na seleção dos animais foi o peso corporal, sendo que
foi escolhido o animal que se apresentava com o peso médio do grupo que estavam
praticando a mesma dieta.
Em cada animal, foi adaptada uma bolsa coletora de fezes para evitar a
contaminação da urina. Baldes plásticos cobertos com telas, contendo 20 mL de HCl
(1:1) para evitar a volatilização de N e possível deterioração foram inseridos embaixo
das gaiolas para aparar a urina e a coleta foi realizada em um período de 24 horas. O
volume total de urina foi pesado e o volume medido em proveta graduada com
capacidade de 1 litro, dos quais amostras de 10% do total foram acondicionadas em
potes plásticos de 100 ml, devidamente identificados por animal, assim como o
tratamento e armazenadas em freezer para posterior análise de creatinina.
A excreção diária de creatinina (mg/kg de PV) foi, portanto, obtida nos próprios
animais do experimento para cada tratamento, como: ECCT (mg/L) x VU (L) / PV (kg);
Em que: ECCT = excreção de creatinina (mg/L) na amostra de urina (coleta total); VU
= o volume urinário; PV = peso vivo do animal (kg).
O volume urinário das amostras de urina spot foi obtido, para cada animal, nos
diferentes tratamentos, dividindo-se a excreção de creatinina obtida no procedimento
anterior da coleta total (mg/kg PV) pela concentração média de creatinina (mg/dL) na
amostra spot de urina, multiplicando-se o resultado pelo respectivo PV do animal.
A coleta de sangue foi realizada na veia jugular, no 28º dia do terceiro período
experimental, aproximadamente quatro horas após o fornecimento da alimentação da
manhã, utilizando-se tubos (VacutainerTM) de 5 mL com EDTA. Em seguida, as
94
amostras de sangue foram transferidas para o laboratório, centrifugadas a 3.500 rpm por
10 minutos e o plasma acondicionado em ependofs, foi mantido congelado (-20oC) até a
realização da análise de ureia.
As concentrações de creatinina, ureia e plasma na urina foram estimadas
utilizando-se kits comerciais (Bioclin). A conversão dos valores de ureia em nitrogênio
ureico foi realizada pela multiplicação dos valores obtidos pelo fator 0,4667. O teor
urinário de nitrogênio total foi estimado pelo método de Kjeldhal (AOAC, 1995).
O balanço de nitrogênio (N-retido, g/dia) foi calculado com:
N-retido = N ingerido (g) – N nas fezes (g) – N na urina (g).
A análise dos dados do balanço de nitrogênio e excreção de ureia foram realizadas
pelo procedimento MIXED do programa computacional estatístico SAS (Littell et al.,
1996), versão 19.1 (SAS, 2006), considerando-se um modelo misto. Realizou-se
contrastes polinomiais para comparação entre as médias da dieta que continha apenas
milho (0% de farinha de pupunha) e dietas envolvendo farinha de pupunha em
substituição ao milho (10, 40, 60 e 85%) (A). A avaliação de efeitos de ordem linear (L)
e quadrático (Q) em função dos níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha
foram decompostos em contrastes polinomiais (Tabela 5).
Tabela 5.
Distribuição dos coeficientes para os contrates polinomiais empregados na
decomposição da soma dos quadrados
Coeficientes
Contrastes
0
10
40
60
85
A
4
-1
-1
-1
-1
Q
-2
-1
0
1
2
L
2
-1
-2
-1
2
No estudo das equações de regressão, o modelo utilizado foi Y = (b0 + b1Tr +
b2Tr2) + ε; NID (0; 2). Onde: Y= o valor estimado em função dos tratamentos; b0 =
intercepto; b1 e b2 definiram a variação de Y em função do nível de inclusão; e Tr =
nível de inclusão (0, 10; 40; 60; 85% de farinha de pupunha.
95
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos para o nitrogênio (N) ingerido e excretado, na urina e nas
fezes, bem como o N retido encontram-se na Tabela 6. A ingestão de nitrogênio reduziu
linearmente à medida que a farinha de pupunha substituiu o milho em dietas de caprinos
confinados, sendo que para cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada
ao concentrado foi verificada uma redução de 0,08 unidades no consumo de N. Do
mesmo modo, é possível que a diminuição no consumo de N, tenha ocasionado redução
no N digerido, verificando-se valores de 17,1; 18,9; 13,8; 15,1 e 11,5 g/dia
respectivamente, para as dietas com níveis de 0; 10; 40; 60 e 85% da farinha de
pupunha (Tabela 6). Sendo que os animais que receberam dietas com níveis da farinha
de pupunha apresentaram menor média para o N-digerido (14,9 g/dia), quando
comparado com a média (17,1 g/dia) dos caprinos que ingeriram concentrados que
continham apenas milho como fonte energética.
Os ruminantes possuem a capacidade de alterar as taxas de excreção de
compostos nitrogenados na urina e nas fezes em função da quantidade de nitrogênio
ingerido (Van Soest, 1994). Esta característica metabólica está, possivelmente,
relacionada à atividade de transportadores de ureia nos rins que regulam a taxa de
excreção urinária e transportadores de ureia no intestino grosso que regulam a excreção
do nitrogênio nas fezes (Reynolds & Kristensen, 2008). No entanto, verificou-se
redução linear decrescente (P = 0,0001) na ingestão de nitrogênio (g/dia) e da mesma
maneira promoveu redução na excreção deste nutriente nas fezes (P = 0,0022), sendo
que a cada unidade percentual da farinha de pupunha adicionada ao concentrado foi
verificada uma redução de 0,003 unidades para excreção de N nas fezes (Tabela 6).
Para a excreção urinária de nitrogênio os contrastes foram significativos,
ajustando equação linear crescente (P = 0,0453) com elevação de 0,07 unidades
percentual, para está variável, a cada unidade de farinha de pupunha substituída no
concentrado. Já as médias de retenção de nitrogênio (g/dia), comportaram-se de forma
quadrática, no qual os animais obtiveram máxima assimilação deste nutriente (7,0 g/dia)
ao nível de 28,9% de substituição do milho pela farinha de pupunha. Entretanto, a partir
destes resultados, ressalta-se que um ótimo sincronismo entre as fontes de energia e
proteína ou uma melhor eficiência de utilização de nitrogênio ocorreu neste nível de
substituição. Segundo Nocek & Russel (1988) quando a taxa de degradação da proteína
96
excede a taxa de fermentação de carboidratos, grande quantidade de compostos
nitrogenados pode ser perdida na urina.
A retenção de nitrogênio é resultado da diferença entre o N-ingerido e o
excretado através das fezes e urina, observou-se neste experimento, que os animais
diminuíram linearmente o consumo de nitrogênio e aumentaram a sua excreção na urina
à medida que a farinha de pupunha substituía o milho. Isto refletiu em menores
retenções de nitrogênio a partir do nível de 28,9; 33,3 e 45,1%, quando expresso em
g/dia; %N - ingerido e % N -digerido, respectivamente (Tabela 6). Uma menor retenção
pode indicar comprometimento no aproveitamento do nitrogênio da dieta e,
possivelmente, menor deposição muscular e baixo ganho de peso corporal, uma vez que
animais jovens possuem elevada exigência em proteína. Este fato foi confirmado nesta
pesquisa, na qual verificou-se redução no ganho à medida que a farinha de pupunha
substituía o milho no concentrado.
Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para
os efeitos dos contrastes da ingestão de nitrogênio (N-ING), excreção de
nitrogênio nas fezes (N-fezes), nitrogênio digerido (N-DIG), excreção de
nitrogênio na urina (N-urina) e nitrogênio retido (N-retido) em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho
Tabela 6.
Efeitos1
Níveis de farinha de pupunha
Item
0
10
40
60
85
EPM
M vs. P
L
Q
N-ING (g/dia)2
18,8
18,9
14,8
15,6
12,2
0,7
0,0033
0,0001
0,5622
N-fezes (g/dia)3
1,1
1,1
0,98
1,0
0,77
0,1
0,1859
0,0022
0,0765
17,1
18,9
13,8
15,1
11,5
0,7
0,0257
0,0001
0,1382
94,4
94,1
93,3
93,5
93,7
0,3
0,1962
0,2441
0,2833
10,6
5,4
8,6
9,1
9,7
0,9
0,0195
0,0453
0,0097
N-DIG (g/dia)
4
N-DIG (%N-ING)
5
N-Urina (g/dia)6
N-Retido (g/dia)
7
5,4
13,6
5,2
5,7
1,7
1,4
0,3492
0,0001
0,0005
8
29,9
67,8
34,2
34,8
13,9
9,9
0,1175
0,0001
0,0008
N-Retido (%N-DIG)9
31,7
71,9
36,5
37,0
14,9
10,7
0,2180
0,0010
0,0004
N-Retido (%N-ING)
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
2
/ Ŷ  18,7027* - 0,07559X*; 3/ Ŷ  1,1025*- 0,00315X**; 4/ Ŷ  17,0961* - 0,06505X*; 5/ Ŷ 
6
7
8
93,9065*; / Ŷ  5,0182* + 0,06383X*; / Ŷ  5,6069* + 0,09742X**** - 0,00168X2***; / Ŷ 
9
31,1877* + 0,6810X*** - 0,01040X2*; / Ŷ  33,2062* + 0,7251X** - 0, 01107X2*.
Baseado nestes resultados pode-se inferir também, que a partir do nível de
substituição (em torno de 45%) acima relatados, podem ocorrer alterações no perfil de
fermentação ruminal, através do teor de extrato etéreo da dieta (Tabela 3) que se elevou
97
à medida que a farinha de pupunha foi adicionada ao concentrado ou devido à elevada
concentração de ácidos graxos insaturados que possuíam os alimentos que constituíam a
ração (Tabela 4). Os principais mecanismos envolvidos neste processo incluem
recobrimento físico da fibra, os efeitos tensoativos sobre as membranas microbianas e
diminuição na disponibilidade de cátions pela formação de sabões, que pode influenciar
o pH ruminal, limitando crescimento microbiano. Além da toxicidade do excesso de
ácidos poli-insaturados aos microrganismos ruminais (Palmiquist & Mattos, 2011). São
diversas as implicações que a gordura apresenta para a nutrição de ruminantes, a saber,
interfere na fermentação ruminal, influi no aproveitamento de energia da dieta e
também afeta o metabolismo intermediário (Medeiros & Alberitni, 2012).
A concentração de N-ureico no plasma (mg/dL) e excreção na urina (g/dia;
mg/kg PC) estão apresentados na Tabela 7. A excreção de ureia na urina e N-ureico na
urina (g/dia) foram menores quando se utilizou 38,97% de substituição do milho pela
farinha de pupunha no concentrado. Quando expressa em mg/kgPC a mínima excreção
foi observada ao nível de 36,09%. Comparando ainda, o grupo de animais que
ingeriram dieta que continha apenas milho com os que receberam níveis de farinha foi
verificado contraste significativo, sendo que os caprinos alimentados com níveis da
farinha de pupunha apresentaram inferiores excreção de ureia e N-ureico na urina (g/dia
e mg/kgPC) (Tabela 7). Estas menores excreções é consequência da redução da ingestão
de nitrogênio à medida que se adicionou a farinha de pupunha no concentrado. De
acordo com Van Soest (1994), a quantidade de nitrogênio excretada na urina está
relacionada com o teor de PB da dieta, podendo ocorrer maior excreção de ureia na
urina, quando ocorre aumento na ingestão de nitrogênio, uma vez que esse
comportamento está associado a uma maior produção de ureia no fígado, enquanto a
baixa ingestão de nitrogênio conduz a uma redução na excreção de ureia na urina para
manutenção do pool de ureia plasmático, que está sob controle fisiológico homeostático.
A concentração de N-ureico no plasma verificou-se equação de regressão com
comportamento quadrático, em que se verificou máxima concentração (15,6 mg/dL)
quando os animais ingeriram concentrados com 37,57% de substituição do milho pela
farinha de pupunha (Tabela 7). Ressalta-se, entretanto, que a concentração plasmática
de N-ureico representa apenas a ureia circulante e a depender da necessidade de
nitrogênio pode ocorrer reabsorção tubular de ureia nos rins, fato este que pode ter
ocorrido nesta pesquisa, quando os animais consumiram concentrados com nível
próximo de 35% de farinha de pupunha.
98
Médias, erro padrão da média (EPM) e indicativos de significância para os efeitos
dos contrastes das concentrações de nitrogênio ureico (N-ureico) na urina e no
plasma e excreções diárias de ureia e nitrogênio ureico na urina em caprinos
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em substituição ao milho
Tabela 7.
Níveis de farinha de pupunha
Item
0
10
40
60
85
EPM
Efeitos1
M vs. P
L
Q
Concentrações (mg/dL)
N-ureico plasma2
14,2
14,8
16,4
12,5
13,4
0,3
0,8638 0,0552 0,0365
Excreções (g/dia)
Ureia urina
3
N-ureico urina4
14,2
5,6
7,9
9,6
13,7
0,7
0,0001 0,3390 0,0001
6,6
2,6
3,7
4,5
6,4
0,3
0,0001 0,3401 0,0001
Excreções (mg/kg PC)
Ureia urina
5
N- ureico urina
7
490,2
209,6 337,0 396,6 591,3
29,1
0,0220 0,0041 0,0001
228,8
97,8
13,6
0,0220 0,0041 0,0001
157,3 185,1 275,9
1
M vs. P – Contrastes entre dieta que continha apenas milho vs. dietas com níveis de substituição do
milho pela farinha de pupunha; Significativo * (P<0, 0001); ** (P<0, 001); *** (P<0,01); **** (P<0,05).
2
/ Ŷ  14, 1446 * + 0,07890X*** – 0,00105X2***; 3/ Ŷ  12, 5161* – 0, 2353X** + 0, 003019X2*; 4 Ŷ 
7
5, 8450* – 0,1099X** + 0,001410 X2*; 5 Ŷ  473,87* – 8, 1574X** + 0, 1130 X2*; Ŷ  221, 16* – 3,
8071X** + 0,05275 X2*.
A concentração de N-ureico no plasma nos animais pode variar conforme a
espécie ou categoria animal, sendo necessários mais estudos para estabelecer uma faixa
ideal para cada situação. Quando muito alta pode indicar desperdício de nitrogênio e
gasto de energia e, quando muito baixa pode indicar deficiência de nitrogênio na dieta.
A excreção de ureia representa elevado custo biológico e desvio de energia para
manutenção das concentrações corporais de nitrogênio em níveis não tóxicos aos
animais. A conversão da amônia em ureia custa ao animal 12 kcal/g de nitrogênio (Van
Soest, 1994).
Os valores de N-ureico no plasma encontrados neste estudo variaram de 12,5 a
16,4 mg/dL, enquanto que em estudo realizado com caprinos em confinamento
verificou-se concentração média de 25,3 mg/dL (Carvalho et al., 2010). Vale ressaltar
que as dietas de ambos os experimentos continham teor médio de proteína de 14,8%,
porém as ingestões de nitrogênio foram diferentes, sendo que os animais desta pesquisa
apresentaram consumo de nitrogênio médio de 15,84 g/dia (Tabela 6), enquanto que os
caprinos do trabalho supracitado consumiram em média 24,88 g/dia. Isto explica a
menor média de concentração de N- ureico plasmático verificado neste estudo.
99
CONCLUSÕES
Mediante os estudos empreendidos verificou-se que a substituição do milho pela
farinha de pupunha em dietas de caprinos confinados reduz a ingestão de nitrogênio.
A máxima retenção de nitrogênio foi verificada quando a pupunha substitui o
milho no nível de 28,9%.
100
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102
VI – CAPÍTULO IV
CORRELAÇÕES ENTRE CONSUMO E DIGESTIBILIDADE COM
O COMPORTAMENTO INGESTIVO EM CAPRINOS
CONFINADOS
RESUMO: Objetivou-se correlacionar o consumo e digestibilidade dos nutrientes com
o comportamento ingestivo de caprinos mestiços Boer x SRD alimentados com dietas
contendo farinha de pupunha em substituição ao milho. Foram utilizados 30 cabritos,
machos, não castrados, com peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos
em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições. As
dietas foram compostas por milho, farelo de soja, farinha de pupunha, suplemento
mineral e feno de Tifton 85, com relação volumoso:concentrado de 30:70. Verificou-se
correlação negativa e moderada para os consumos de matéria seca (P = 0,0430), matéria
orgânica (P = 0,0410), fibra em detergente neutro (P = 0,0492) e energia metabolizável
(P = 0,0336). O tempo despendido com a atividade de alimentação e mastigação total
apresentou correlações negativas e moderadas (P<0,05) com os coeficientes de
digestibilidade da matéria seca, proteína bruta. Enquanto que a atividade de ócio
apresentou (P<0,05) correlações positivas e moderadas com os coeficientes de
digestibilidade destes mesmos nutrientes. Os consumos dos nutrientes se correlacionam
(P<0,05) alta e positivamente com as eficiências de alimentação e ruminação (g MS/h e
g FDN/h), com exceção do consumo de extrato etéreo. Já os coeficientes de
digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente
neutro apresentaram correlações (P<0,05) moderada e positiva com as eficiências de
alimentação e ruminação. O número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não
apresentam correlação com o consumo e digestibilidade dos nutrientes. As eficiências
de alimentação e ruminação apresentaram relação positiva com o consumo e
digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do extrato etéreo que se
correlacionou de forma negativa com estes parâmetros.
Palavras-chave: Alimento alternativo, etologia, Farinha de pupunha
103
VI – CHAPTER IV
CORRELATION BETWEEN INTAKE AND DIGESTIBILITY WITH
INGESTIVE BEHAVIOR OF GOATS CONFINED
ABSTRACT: The study was conducted to evaluate the correlation between intake and
digestibility with ingestive behavior of goats fed peach-palm flour in replacement of
corn at levels of 0, 10, 40, 60 and 85% based on the dry matter of the concentrate. Were
used 30 goats, Boer crossbred, male, uncastrated, with average initial body weight of
16.7 ± 3.5 kg distributed in a design completely randomized with five treatments and
six replications. Diets were composed of corn, soybean, peach-palm flour, mineral
supplement and Tifton 85 hay with forage: concentrate ratio of 30:70. There was a
negative and moderate correlation for dry matter intake (P = 0.0430), organic matter (P
= 0.0410), neutral detergent fiber (P = 0.0492) and metabolizable energy (P = 0.0336).
The time spent on feeding activity and total chewing showed moderate negative
correlations (P<0.05) with the coefficients of digestibility of dry matter and crude
protein. While ocio activity presented (P<0.05) positive moderate correlation with
digestibility coefficients of these same nutrients. The nutrient intakes correlated
(P<0.05) positively with efficiencies of eating and ruminating (g DM/h and gNDF/h),
with the exception of ether extract intake. The digestibility of dry matter, organic
matter, crude protein, neutral detergent fiber showed correlation (P<0.05) positively and
moderate with efficiencies of eating and ruminating. The number and chewing time per
ruminated bolus showed no correlation with the intake and digestibility of nutrients. The
efficiencies of feeding and rumination have positive relationship with the intake and
digestibility of most nutrients except ether extract which correlates negatively with
these parameters.
Keywords: Alternative food, Ethology, Peach-palm flour
104
INTRODUÇÃO
A caprinocultura no Nordeste brasileiro sempre foi uma atividade de grande
relevância econômica e social, contribuindo para a geração de alimentos, aumento da
renda e inserção social. Os rebanhos são compostos, principalmente por animais de
composição genética desconhecida que são caracterizados pelo baixo peso e capacidade
limitada de produção de carne. Recentemente, os rebanhos foram melhorados pela
introdução da raça Boer, que tem aptidão para produção de carne. Além disso, o uso de
sistemas intensivo de produção tem proporcionado melhoras no desempenho animal
(Alcalde et al. 2011).
Os caprinos possuem a capacidade de se adaptar às diversas condições de
ambiente e manejo, modificando o comportamento alimentar para alcançar e manter
consumo compatível com as exigências nutricionais. Além disso, possuem alimentação
seletiva e a observação do seu comportamento frente a diferentes dietas dá subsídios
para inferir sobre seu potencial de uso.
O consumo é o melhor parâmetro para avaliar o desempenho, porém alguns
fatores limitam o consumo em animais ruminantes (Martins, 2013). Esses fatores podem
ser físicos, como o teor de fibra em detergente neutro, que pode promover redução no
consumo de matéria seca total, devido à limitação provocada pela repleção do rúmenretículo. A natureza da dieta além de provocar efeitos sobre o consumo, também pode
influenciar o comportamento ingestivo, sendo o tempo de ruminação, proporcional ao
teor de parede celular ingerida pelos animais (Van Soest, 1994). Existem ainda
limitações pelo nível de energia da dieta e aqueles relacionados à palatabilidade dos
alimentos, como os sabores ácido, amargo e com odores fortes. Dado & Allen (1994)
destacam a importância de se mensurar o comportamento alimentar e a ruminação a fim
de verificar suas implicações sobre o consumo diário de alimentos.
A digestibilidade aparente dos nutrientes é uma variável que juntamente com o
consumo, informa o valor nutritivo de um alimento ou dieta, uma vez que indica o
percentual de cada nutriente que o animal potencialmente pode aproveitar. Entretanto,
torna-se evidente que uma das formas de avaliar o efeito de alimentos alternativos na
alimentação dos caprinos é através de associação entre os parâmetros produtivos e
nutricionais.
105
O número de estudos de comportamento ingestivo de ruminantes tem elevado
consideravelmente devido a sua relevância na interpretação dos efeitos encontrados nas
pesquisas. Entretanto, relações entre variáveis comportamentais e metabólicas têm sido
encontradas nas discussões dos trabalhos, na maioria das vezes, sem o devido
embasamento científico (Santana Junior et al., 2012).
Neste contexto, objetivou-se correlacionar o consumo e digestibilidade dos
nutrientes com o comportamento ingestivo de caprinos mestiços Boer x SRD
alimentados com dietas contendo farinha de pupunha em níveis de substituição ao
milho.
106
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Centro de Ensaios Nutricionais de Caprinos e
Ovinos (ENOC) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus Juvino
Oliveira, Itapetinga–Bahia. Localizada a 15º09’07” de latitude sul, 40º15’32” de
longitude oeste, precipitação média anual de 800 mm, temperatura média anual de 27ºC
e com altitude média de 268 m.
Foram utilizados 30 cabritos mestiços Boer x SRD, machos, não castrados, com
idade aproximada de 90 dias e peso corporal médio inicial de 16,7 ± 3,5 kg, distribuídos
em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos (0, 10, 40, 60 e 85%
da farinha de pupunha em substituição ao milho) e seis repetições. O período
experimental foi de 98 dias, sendo 14 dias de adaptação e três períodos de 28 dias cada.
Os animais foram vermifugados e alojados em baias individuais, com piso de concreto,
providos de cocho e bebedouro.
A polpa do fruto já descaroçado foi fornecida pela Indústria de Alimentos no
Mercado de Palmitos - INACERES, localizada em Uruçuca-BA. A farinha de pupunha
foi produzida em casa de farinha do Instituto Federal Baiano – IF BAIANO, campus
Uruçuca-BA. A polpa obtida foi desidratada em barcaça por três dias consecutivos, com
revolvimento constante até reduzir a umidade pela metade, em seguida desintegrada em
um triturador de mandioca, posteriormente a massa triturada foi conduzida para o
torrador de farinha mecanizado, essa operação de torra foi realizada entre 30 e 40
minutos, com revolvimento mecânico da massa por auxílio de rodos de madeira, até a
secagem final da farinha, aproximadamente 13% de umidade. Com a perda de umidade
promovida pela torração, pôde-se verificar o clareamento da massa para farinha.
As dietas foram balanceadas através de estimativa de exigências conforme
equações do NRC (2007) levando em consideração: ganho de peso diário de 200g;
maturidade de 0,37; temperatura média mensal de 35ºC; 75% de digestibilidade e 40%
de proteína degradável no rúmen. As dietas foram compostas por milho, farelo de soja,
farinha de pupunha, suplemento mineral e feno de Tifton 85, com relação
volumoso:concentrado de 30:70 (Tabela 1).
As dietas foram fornecidas diariamente às 7:00 e 16:00h, ad libitum, de maneira
a permitir 10 a 20% do fornecimento em sobras. O consumo voluntário diário foi
107
calculado pela diferença entre a dieta total oferecida e as sobras que foram colhidas e
pesadas em balança digital, pela manhã, durante os 98 dias de experimento.
A composição química do feno de Tifton 85, farinha de pupunha e concentrados
com níveis de substituição do milho pela farinha de pupunha podem ser verificados na
Tabela 2, enquanto que a composição das dietas pode ser verificada na Tabela 3.
Tabela 1.
Composição percentual dos ingredientes do concentrado e da dieta (% na MS)
Níveis de farinha de pupunha (% MS)
Ingredientes
0
10
40
60
85
Feno de Tifton 85
30,0
30,0
30,0
30,0
30,0
Milho moído
50,7
45,6
29,7
20,3
7,6
Farelo de soja
17,8
17,8
17,8
17,8
17,8
Farinha de pupunha
0,0
5,1
21,0
30,4
43,1
Suplemento mineral1
1,5
1,5
1,5
1,5
1,5
Total
100
100
100
100
100
Proteína bruta estimada (% MS)
15,2
15,2
15,0
14,9
14,8
Energia metabolizável estimada (Mcal/kg)
2,7
2,7
2,7
2,7
2,7
1/ Quantidade/kg do produto: Cálcio - 240 g, Fósforo - 71 g, Potássio - 28,2 g, Enxofre - 20 g, Magnésio 20 g, Cobre - 400 mg, Cobalto - 30 mg, Cromo - 10 mg, Ferro - 250 mg, Iodo - 40 mg, Manganês - 1.350
mg, Selênio - 15 mg, Zinco - 1.700 mg, Flúor (máx.) - 710 mg, Vitamina A -135.000 U.I., Vitamina D3 68.000 U.I., - Vitamina E - 450 U.I.
Em cada subperíodo experimental, foram colhidas amostras do fornecido, tanto
do volumoso quanto do concentrado, bem como das sobras, as quais foram
acondicionados em sacos plásticos devidamente identificados e armazenados em freezer
-20ºC. Após o descongelamento, as amostras foram submetidas à pré-secagem em
estufa de ventilação forçada a 65°C. Em seguida, trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm, foi feita amostras compostas por animal e período e
identificadas para posteriores análises laboratoriais.
Nas amostras de alimentos (sobras e fornecido) foram determinados os teores de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE)
(AOAC, 1995). Para as análises de fibra em detergente neutro (FDN), as amostras
foram tratadas com alfa-amilase termoestável, sem o uso de sulfito de sódio e corrigidas
para cinza residuais (Mertens, 2002). A correção da FDN para os compostos
nitrogenados e estimação dos conteúdos de compostos nitrogenados insolúveis nos
detergentes neutro (NIDN) e ácido (NIDA) foram feitas conforme Licitra et al. (1996).
108
A lignina foi obtida a partir da metodologia descrita em Detmann et al. (2012), com o
resíduo do FDA tratado com ácido sulfúrico a 72%. As análises químicas e
bromatológica dos alimentos sobras e fezes foram realizadas no laboratório de
Forragicultura e Pastagens da UESB.
Tabela 2.
Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigida para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis
totais (NDT), do feno de Tifton 85, dos concentrados e da farinha de pupunha
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
Feno de
Tifton 85
0%
10%
40%
60%
85%
Farinha de
Pupunha
MS
92,8
91,4
92,7
92,8
92,7
93,0
93,2
91,6
95,3
94,8
94,8
94,1
94,1
97,1
8,4
4,7
5,2
5,2
5,9
5,9
2,9
1
MO
Cinza
1
PB1
8,8
18,3
18,0
17,5
17,1
15,5
7,8
2
40,5
51,3
47,4
46,9
48,9
62,7
11,6
2
PIDA
27,5
24,1
20,5
13,4
15,7
16,4
19,7
EE1
1,4
2,8
3,5
5,9
6,8
8,2
11,5
81,4
74,3
72,5
72,4
69,3
70,3
77,8
3,9
35,6
41,7
44,0
43,9
45,3
65,8
7,7
39,4
44,5
46,7
46,9
48,4
56,1
77,6
38,7
30,8
28,4
25,4
25,1
12,0
73,7
34,9
28,0
25,7
22,4
22,0
10,5
24,7
1,2
1,0
1,8
2,2
1,6
2,7
52,8
37,5
29,8
26,6
23,1
23,4
9,3
40,4
16,3
16,5
11,5
13,8
14,0
4,5
15,2
0,5
0,7
1,0
1,2
1,3
1,8
37,2
22,3
14,3
16,9
11,6
11,0
7,5
9,7
14,6
7,8
7,0
7,6
6,1
5,8
2,0
0,1
0,1
0,2
0,4
0,7
1,1
74,8
97,5
97,6
96,8
96,3
96,9
95,8
28,3
1,9
1,9
2,8
3,7
3,4
4,1
58,6
78,7
78,9
78,2
78,0
78,3
80,6
PIDN
CT
1
1
CNF
CNFcp1
1
FDN
FDNcp
1
FDNi1
1
FDNpd
1
FDA
FDAi1
Hemicelulose
Celulose
Lignina1
MSpd
MSi
1
1
NDT1,3
1
1
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
109
Tabela 3.
Teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinza, proteína bruta
(PB), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em
detergente ácido (PIDA), extrato etéreo (EE), carboidratos totais (CT), carboidratos
não fibrosos (CNF), CNF corrigido para cinza e proteína (CNFcp), fibra em
detergente neutro (FDN), FDN corrigido para cinza e proteína (FDNcp), FDN
indigestível (FDNi), FDN potencialmente digestível (FDNpd), fibra em detergente
ácido (FDA), FDA indigestível (FDAi), hemicelulose, celulose, lignina, MS
potencialmente digestível (MSpD), MS indigestível (MSi), nutrientes digestíveis
totais (NDT), energia digestível (ED), energia metabolizável (EM) e energia líquida
(EL) das dietas
Níveis de Farinha de Pupunha (%MS)
Item
0%
10%
40%
60%
85%
MS
91,8
92,7
92,8
92,7
92,9
MO1
94,2
93,8
93,9
93,4
93,3
Cinza1
5,8
6,2
6,1
6,6
6,7
1
PB
15,4
15,3
14,9
14,6
14,2
PIDN2
48,1
45,3
45,0
46,4
56,0
PIDA2
25,1
22,6
17,6
19,2
19,7
1
EE
2,4
2,9
4,5
5,1
6,1
CT1
76,4
75,2
75,1
72,9
73,7
26,1
30,3
31,9
31,9
32,9
29,9
33,5
35,0
35,1
36,2
50,3
44,8
43,1
41,0
40,8
46,6
41,7
40,1
37,8
37,5
8,3
8,1
8,7
9,0
8,6
42,1
36,7
34,4
32,0
32,2
23,6
23,7
20,2
21,7
21,9
4,9
5,0
5,2
5,4
5,4
26,8
21,1
23,0
19,3
18,9
13,1
8,4
7,8
8,2
7,2
0,7
0,6
0,7
0,9
1,1
90,7
90,8
90,2
89,8
90,3
9,8
9,8
10,5
11,1
10,9
72,7
72,8
72,3
72,2
72,4
ED(Mcal/kg)
3,2
3,2
3,2
3,2
3,2
EM(Mcal/kg)
2,8
2,8
2,8
2,8
2,9
EL(Mcal/kg)
1,7
1,7
1,7
1,7
1,7
CNF1
CNFcp
1
FDN1
FDNcp
FDNi
1
1
FDNpd1
1
FDA
FDAi
1
Hemicelulose1
Celulose
Lignina
1
1
MSpd1
MSi
1
NDT
1,3
1/ Valores em percentagem da MS. 2/ Valores em percentagem da PB. 3/ Estimado segundo NRC (2001).
110
As estimativas dos teores de fibra em detergente neutro potencialmente
digestível (FDNpD) e matéria seca potencialmente digestível (MSpD) dos alimentos
foram obtidas de acordo com Paulino et al. (2006).
Na estimação dos teores de MSi e FDNi para obtenção dos consumos, amostras
dos alimentos fornecidos (feno e concentrados) e sobras foram incubadas por 288 horas
(Detmann et al., 2012) em duplicata (20 mg MS/cm²) em sacos de tecido não-tecido
(TNT - 100g/m²) no rúmen de dois novilhos mestiços recebendo dieta mista. Após este
período, os sacos foram retirados, lavados em água corrente, e o material remanescente
da incubação foi levado à estufa de ventilação forçada a 60oC por 72 horas. Após esta
etapa, foram retirados da estufa, acondicionados em dessecador e pesados, sendo o
resíduo obtido considerado como MSi. Em sequencia, os sacos foram acondicionados
em potes plásticos, adicionados 50 ml de detergente neutro por saco e submetidos à
fervura em detergente neutro por uma hora, sendo em seguida lavados com água quente
e acetona, secos e pesados conforme o procedimento anterior, sendo o novo resíduo
considerado como FDNi.
Os carboidratos totais (CT) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992),
como:
CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza).
Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados com adaptação
ao proposto por Hall (2003), utilizando o FDNcp, sendo:
CNF = (100 – %FDNcp – %PB – %EE – %cinza).
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados segundo Weiss (1999),
mas utilizando a FDN e CNF corrigido para cinza e proteína, pela seguinte equação:
NDT = PBD + FDNcpD + CNFcpD + 2,25EED.
Em que: PBD = PB digestível; FDNcpD = FDNcp digestível; CNFcpD = CNFcp
digestíveis; e EED = EE digestível.
Os teores de nutrientes digestíveis totais estimados (NDTest) dos alimentos e
dietas totais, foram calculados conforme equações descritas pelo NRC (2001). Para o
cálculo do NDTest do feno de Tifton 85, utilizou-se a equação: NDTest = 0,98 [100 (%FDNp + %PB + %EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -1,2 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE
- 1) + 0,75 x (FDNp - Lignina) x [1 - (Lignina/FDNp)0,667] - 7 e para o cálculo do
NDTest das rações concentradas, a equação: NDTest = 0,98 [100 - (%FDNp + %PB +
111
%EE + %cinza)] x PF + PB x exp [ -0,4 x (PIDA/PB)] + 2,25 x (EE - 1) + 0,75 x
(FDNp - lignina) x [1 - (lignina/FDNp)0,667] – 7.
Sendo que, nas equações acima: FDNp = FDN – PIDN (PIDN = nitrogênio
insolúvel em detergente neutro x 6,25); PF = efeito do processamento físico na
digestibilidade dos carboidratos não fibrosos; PIDA = nitrogênio insolúvel em
detergente ácido x 6,25; Para valores de EE < 1, na equação (EE - 1) = 0.
Os valores de NDT foram convertidos em energia líquida (EL) e energia
digestível (ED), utilizando-se as equações sugeridas pelo NRC (2001):
EL (Mcal/kg) = 0,0245 x NDT – 0,12;
ED (Mcal/kg) = 0, 04409 x NDT.
A transformação de ED para energia metabolizável (EM) foi feita segundo a
equação:
EM (Mcal/kg) = 1,01 × ED (Mcal/kg) - 0,45.
A extração da fração lipídica dos alimentos (feno de Tifton 85, farelo de soja,
milho e farinha de pupunha) foram realizadas através de uma mistura de clorofórmio,
metanol e água, respectivamente (2:2:1,8 v/v/v), conforme metodologia de Bligh &
Dyer, (1959). A transesterificação dos triacilgliceróis foi realizada conforme o método
5509 da ISO (1978). Aproximadamente 200 mg da matéria lipídica extraída foi
transferida para tubos de ensaio, adicionados 2 mL de n-heptano e a mistura agitada até
completa dissolução. Em seguida, foram adicionados 2 mL de KOH 2 mol.L-1 em
metanol, sendo o frasco hermeticamente fechado e a mistura submetida a uma agitação
vigorosa. Após a ocorrência da separação das fases, a superior (heptano e ésteres
metílicos de ácidos graxos) foi transferida para ependorf e armazenada em freezer (18ºC), para posterior análise cromatográfica. Os ésteres metílicos foram analisados
através de cromatógrafo gasoso (Thermo-Finnigan), equipado com detector de
ionização de chama e coluna capilar de sílica fundida BPX-70 (120m, 0,25mm d.i). As
áreas de picos foram determinadas pelo método da normalização, utilizando um
software ChromQuest 4.1. Os picos foram identificados por comparação dos tempos de
retenção de padrões de ésteres metílicos de ácidos graxos Sigma (EUA) e após
verificação do comprimento equivalente de cadeia (Tabela 4).
O consumo individual dos animais foi avaliado ao longo dos 84 dias de
fornecimento das dietas experimentais, subtraindo-se as sobras da quantidade de dieta
ofertada para cada animal. Dessa forma, foram avaliados os consumos de MS, MO, PB,
FDN, CHOT CNF, EE, NDT em (g/dia) e energia metabolizável (Mcal/dia, Kcal/PC e
112
Kcal/kgPC
0,75
). Os valores relativos ao consumo de MS, MO, PB, EE, FDNcp, CNFcp e
NDT foram expressos também em grama por quilo de peso corporal (g/kg de PC) e o
consumo de MS e NDT, foi expresso ainda em gramas por quilo de peso metabólico
(g/kgPC0,75).
A coleta total de fezes foi realizada utilizando bolsas coletoras, os animais
tiveram três dias de adaptação antes do período de coleta. As fezes foram colhidas às
06h e 18h durante cinco dias consecutivos em cada subperíodo experimental. Após
coletadas as fezes de cada animal foram pesadas e alíquotas de aproximadamente 10%
do total excretado foram colocados em sacos plásticos e armazenados em freezer a 20ºC para posteriores analises. As amostras foram pré-secas em estufa de ventilação
forçada a 65ºC por 72 horas e posteriormente trituradas em moinhos de faca, tipo
Willey com peneira de 1 mm e em seguida foram feitas amostras compostas dos
períodos e dos cinco dias de coleta para realização da composição química, conforme
metodologias mencionadas anteriormente. Foram obtidos os coeficientes de
digestibilidade da MS, PB, EE, FDNcp, CNFcp e quantificados o NDT. Para o cálculo
da digestibilidade foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos, bem como das
sobras e fezes no mesmo período. Para Berchielli et al. (2011) uma vez determinado o
teor de excreção fecal da matéria seca, foram calculados os coeficientes de
digestibilidade (CD) dos demais nutrientes por meio da razão do que foi consumido de
cada nutriente e sua respectiva excreção fecal, sendo o valor multiplicado por 100,
como demonstrado abaixo:
CD = (nutriente ingerido – nutriente excretado) x 100
(nutriente ingerido)
Para avaliação do comportamento ingestivo, os animais foram submetidos à
observação visual durante um período de 24 horas no 19º dia de cada período
experimental, sendo as observações realizadas em intervalo de cinco minutos, para a
avaliação dos tempos de alimentação, ruminação e ócio. Durante as avaliações noturnas
o ambiente foi mantido com iluminação artificial. No mesmo dia foram realizadas três
observações de cada animal dividas em três períodos: manhã, tarde e noite. Nestes
períodos, foi registrado o número de mastigações por bolo ruminal e o tempo gasto para
ruminação de cada bolo. A coleta dos tempos gastos em cada atividade foi feita com o
auxílio de cronômetros digitais, manuseados por quatro observadores, que ficaram
dispostos de forma a não interferir no comportamento dos animais.
113
Tabela 4.
Perfil de ácidos graxos (g.100g-1) dos ingredientes das dietas experimentais
Ácidos graxos (g.100g-1)
Feno de
Tifton 85
Farelo de
soja
Milho
Farinha de
pupunha
Lipídeos totais
2,8
4,1
2,2
9,5
C6:0 Capróico
n.d
n.d
n.d
1,49
C8:0 Caprílico
0,42
0,06
0,03
0,39
C11:0 Undecanóico
0,82
0,05
n.d
0,03
C12:0 Láurico
0,65
0,02
0,06
0,39
C13:0 Tridecílico
n.d
0,002
n.d
0,02
C14:0 Mirístico
1,00
0,10
0,05
0,29
C15:0 Pentadecílico
n.d
0,06
n.d.
0,13
C16:0 Palmítico
27,2
18,49
10,49
8,70
C17:0 Margárico
2,32
0,18
0,07
0,18
C18:0 Esteárico
5,96
5,97
4,14
2,40
C20:0 Araquídico
3,56
n.d
1,12
n.d
C23:0 Tricosanóico
n.d
n.d
0,18
0,80
Saturados totais
41,91
24,93
16,14
14,82
C15:1 (10)-Pentadecenóico
0,93
n.d
n.d
13,64
C16:1 Palmitoléico
0,12
0,07
0,08
1,98
C17:1 (10)-Heptadecenóico
0,94
0,05
0,04
0,07
C18:1n-9C Oléico
0,20
0,10
n.d
0,20
C18:2n-6T Linolelaídico
8,14
16,63
7,08
53,95
C18:2 Ω-6 Linoléico
11,83
52,20
73,93
12,83
C18:3 Ω-3 α-Linolênico
10,30
4,40
1,04
1,74
C20:1 Gadoléico
n.d
0,23
0,61
0,03
C20:3 Ω-3 Di αlinolênico
3,88
0,68
0,43
0,13
C20:3 Ω-6 Di-homo- γ -linolênico
4,09
n.d
n.d
n.d
C22:1n-9 Erúcio
n.d
0,07
0,02
0,10
C20:4 Ω-6 Araquidônico
10,03
0,18
0,06
0,07
C20:5 Ω-3 Timnodónico
3,26
0,34
0,54
0,33
DHA Cervônico
4,37
0,09
0,01
0,11
Insaturados totais
58,08
75,07
83,86
85,18
Monoinsaturados
2,19
0,54
0,77
16,01
Poli-insaturados
55,89
74,53
83,09
69,26
n.d: não detectado.
114
Na estimativa das variáveis comportamentais alimentação e ruminação (min/kg
MS e FDNcp), eficiência alimentar (g MS e FDN/hora), eficiência em ruminação (g de
MS e FDNcp/bolo e g MS e FDNcp/hora) e consumo médio de MS e FDNcp por
período de alimentação, considerou-se o consumo voluntário de MS e FDN do 18o e 19o
dia de cada período experimental, sendo as sobras computadas entre o 18o ao 19o dia.
O número de bolos ruminados diariamente foi obtido da seguinte forma: tempo
total de ruminação (min) divido pelo tempo médio gasto na ruminação de um bolo. A
concentração de MS e FDNcp em cada bolo (g) ruminado foi obtida a partir da divisão
quantidade de MS e FDNcp consumida (g/dia) em 24 horas pelo número de bolos
ruminados diariamente.
A eficiência de alimentação e ruminação foi obtida da seguinte forma:
EALMS = CMS/TAL;
EALFDN = CFDN/TAL;
Em que: EALMS (g MS consumida/h); EALFDN (g FDN consumida/h) = eficiência de
alimentação; CMS (g) = consumo diário de matéria seca; CFDN (g) = consumo diário
de FDN; TAL = tempo gasto diariamente em alimentação.
ERUMS = CMS/TRU;
ERUFDN = CFDN/TRU;
Em que: ERUMS (g MS ruminada/h); ERUFDN (g FDN ruminada/h) = eficiência de
ruminação e TRU (h/dia) = tempo de ruminação.
TMT = TAL + TRU
Em que: TMT (min/dia) = tempo de mastigação total.
O número de períodos de alimentação, ruminação e ócio foram contabilizados
pelo número de sequências de atividades observadas na planilha de anotações. A
duração média diária desses períodos de atividades foi calculada dividindo-se a duração
total de cada atividade (alimentação, ruminação e ócio em min/dia) pelo seu respectivo
número de períodos discretos.
Estabeleceu-se um estudo de correlação de Pearson entre consumo e
digestibilidade de nutrientes e comportamento ingestivo. O valor de “r”, coeficiente de
correlação, assumiu valores entre -1 (associação línea negativa) e 1 (associação linear
positiva), sendo consideradas significativas quando p<0,05. Os procedimentos
estatísticos foram realizados utilizados PROC CORR dos SAS (2006). Foram utilizados
os seguintes parâmetros:
115
- Consumo: MS, MO, PB, EE, FDN, CNF e NDT;
- Digestibilidade: MS, MO, PB, EE, FDN, CNF e NDT;
- Comportamento ingestivo: Alimentação, ruminação, ócio, TMT, número de
matigação por bolo (NM/bolo), tempo de mastigação por bolo (TM/bolo), número de
bolos ruminados por dia (NBR/dia), número de mastigação por dia (NM/dia), EAL,
ERU.
116
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para o tempo despendido com a atividade de alimentação foi verificado
correlação negativa e moderada apenas para os consumos de matéria seca (P = 0,0430),
matéria orgânica (P = 0,0410), fibra em detergente neutro corrigido (P = 0,0492) e
energia metabolizável (P = 0,0336). Porém, o consumo dos demais nutrientes não
apresentou correlações significativas (P>0,05) com tempo gasto com a atividade de
alimentação (Tabela 5).
Tabela 5.
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e consumo de nutrientes
em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao milho
Alimentação
Ruminação
r
P
r
P
r
P
R
P
CMS
-0,37
0,0430
0,02
0,8858
0,24
0,1954
-0,24
0,1934
CMO
-0,37
0,0410
0,10
0,9544
0,26
0,1701
-0,26
0,1685
CPB
-0,37
0,0502
-0,01
0,9811
0,25
0,1707
-0,26
0,1701
CEE
0,27
0,1449
0,20
0,2888
-0,32
0,0773
0,32
0,0798
CFDNcp
-0,36
0,0492
-0,12
0,5101
0,34
0,0666
-0,33
0,0671
CCNFcp
-0,29
0,1197
0,18
0,3277
0,77
0,6823
-0,07
0,6784
CNDT
-0,34
0,0843
0,02
0,9161
0,22
0,2663
-0,22
0,2678
CEM
-0,39
0,0336
0,02
0,8907
0,25
0,1728
-0,25
0,1709
Variáveis
Ócio
TMT
TMT= tempo de mastigação total (horas/dia); CMS = consumo de matéria seca; CMO = consumo de
matéria orgânica; CPB= consumo de proteína bruta; CEE= consumo de extrato etéreo; CFDNcp=
consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; CCNFcp= consumo de
carboidratos não fibrosos corrigido para cinza e proteína; CNDT= consumo de nutrientes digestíveis
totais; CEM= consumo de energia metabolizável.
Esses resultados coincidem, perfeitamente, com as observações realizadas em
loco, na qual os animais alimentados com dietas contendo farinha de pupunha elevaram
tempo de alimentação, porém os resultados de consumo foram reduzidos. Era evidente a
seleção dos alimentos pelos caprinos, característica inerente da espécie, onde os animais
demonstraram preferência pelo feno (relação 30:70) em detrimento ao concentrado.
Entretanto acredita-se que o aumento desta atividade foi devido ao tempo que os
animais despendiam selecionando as partes mais tenras do feno elevando assim o
tempo de alimentação, reduzindo desta forma o consumo de matéria seca.
117
Apesar de não ter observado efeito (P>0,05) para correlação entre o tempo de
alimentação e o consumo de extrato etéreo, vale a pena ressaltar que foi a única
correlação, numericamente, positiva (Tabela 5). O referido resultado pode ser associado
ao incremento de lipídeos totais (Tabela 4) que a farinha de pupunha proporcionou às
dietas ao substituir gradativamente o milho nos concentrados, o que resultou em maior
consumo desta fração pelos animais, no entanto não foi alterado os tempos de
alimentação e ruminação.
Observou-se que os tempos despendidos com as atividades de ruminação, ócio e
tempo de mastigação total não foram correlacionados significativamente (P>0,05) com
o consumo de nutrientes. Estes resultados são elucidados, obviamente, pelo fato das
atividades comportamentais serem mutuamente excludentes e assim impossibilita a
verificação de correlação destes parâmetros com o consumo de nutrientes (Tabela 5).
Neste estudo, também não foi observado correlação entre os consumos de
FDNcp e as atividades de alimentação e ruminação, isso pode ser explicado, pelo fato
de as dietas apresentarem teores de fibra próximo, associados a um menor fornecimento
de volumoso, devido a relação 30:70 estabelecida, na qual esses fatores não foram
potencializados a ponto de ocasionar modificações nas dietas e consequentemente,
promover alterações nos tempos de alimentação e ruminação (Tabela 5). Van Soest
(1994) afirma que o tempo de ruminação é influenciado pela natureza da dieta e
proporcional ao teor de FDN. Em outros trabalhos fica evidente que quando há aumento
no consumo de fibra em detergente neutro a correlação é positiva (Silva et al. 2011), o
que não foi observado neste trabalho.
O consumo de nutrientes quando correlacionado com as atividades de
mastigação (NM/bolo, TM/bolo, NBR/dia e NM/dia) não foram significativas (P>0,05)
para nenhum dos parâmetros (Tabela 6). Notoriamente, pelo fato de não haver
correlação significativa (P>0,05) entre ruminação e tempo de mastigação total com os
parâmetros de consumo.
Baseado na análise da tabela 7, constatou-se que os consumos dos nutrientes se
correlacionaram (P<0,05) alta e positivamente com as eficiências de alimentação,
expressos em g MS/h e g FDN/h, com exceção do consumo de extrato etéreo. Portanto,
pode-se estabelecer relações no qual quanto maior os consumos mais eficientes os
animais se tornam em alimentar, uma vez que essas eficiências são altamente associadas
aos valores de consumo.
118
Tabela 6.
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o consumo de
nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao
milho
NM/bolo
Variáveis
TM/bolo
NBR/dia
r
P
r
P
CMS
-0,08
0,6633
-0,05
0,7742
CMO
-0,07
0,7113
-0,04
CPB
-0,06
0,7275
CEE
-0,28
CFDNcp
r
NM/dia
P
R
P
0,04
0,8033
0,01
0,9866
0,8041
0,03
0,8725
-0,01
0,9639
-0,06
0,7317
0,02
0,8993
-0,01
0,9834
0,1330
-0,16
0,3988
0,26
0,1541
0,07
0,6751
0,05
0,8058
0,03
0,8737
-0,12
0,5311
-0,10
0,5655
CCNFcp
-0,24
0,1991
-0,17
0,3499
0,24
0,1923
0,12
0,5274
CNDT
-0,03
0,8590
-0,03
0,8834
0,03
0,8980
0,02
0,9405
CEM
-0,05
0,7889
-0,04
0,8180
0,04
0,8084
0,02
0,9233
NM/bolo = número de mastigações por bolo; TM/bolo = tempo de mastigação por bolo; NBR/dia =
número de bolos ruminados por dia; NM/dia= número de mastigação por dia; CMS= consumo de matéria
seca; CMO= consumo de matéria orgânica; CPB= consumo de proteína bruta; CEE = consumo de extrato
etéreo; CFDNcp= consumo de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; CCNFcp=
consumo de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; CNDT= consumo de nutrientes
digestíveis totais; CEM = consumo de energia metabolizável.
De maneira inversa se estabeleceu correlação (P<0,05) moderado e negativo
entre o consumo de extrato etéreo e a eficiência de alimentação (g MS/h e g FDN/h),
assim pode-se ressaltar um comportamento inversamente proporcional, no qual o
incremento no consumo de extrato etéreo implica em menores eficiências alimentares
por parte dos animais (Tabela 7). Desta maneira a farinha de pupunha contribui de
maneira contundente com a elevação do teor de gordura das dietas, por ser tratar de um
ingrediente rico desta fração (Tabelas 3 e 4) e assim contribui na elevação do consumo
de extrato etéreo, sobretudo quando a dieta continha elevados níveis da farinha de
pupunha.
Os consumos dos nutrientes se correlacionaram (P<0,05) de maneira moderada e
positiva com as eficiências de ruminação, em g MS/h e g FDN/h, com exceção do
consumo de extrato etéreo. Nestes termos percebe-se relação direta, na qual quanto mais
elevado os consumos, melhores eficiências podem ser verificadas pelos animais, uma
vez que estas estão altamente associadas aos valores de consumo (Tabela 7).
Resultados semelhantes aos observados para eficiência de alimentação, foram
verificados para eficiência de ruminação, no qual se observou correlação (P<0,05)
119
moderada e negativa entre o consumo de extrato etéreo e a eficiência de ruminação (g
MS/h e g FDN/h) (Tabela 7). Desta maneira é evidente que níveis elevados de gordura
no rúmen promovem desordens na degradação da fibra. Além disso, a farinha de
pupunha apresenta elevado teor de lipídios (9,5%) dos quais a maior parte, cerca de
85,0%, são ácidos graxos insaturados (Tabela 4). Estes resultados corroboram com
afirmações presente na literatura de que o excesso de gordura na dieta de ruminantes
reduz a degradação da fibra, devido recobrimento físico das partículas, além de
provocar efeitos tensoativos sobre as membranas microbianas e diminuir a
disponibilidade de cátions pela formação de sabões, que pode influenciar o pH ruminal,
limitando crescimento microbiano (Palmiquist & Mattos, 2011).
Tabela 7.
Variáveis
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e o consumo de
nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em substituição ao
milho
EAL (gMS/h)
EAL (gFDN/h)
ERU (gMS/h)
ERU (gFDN/h)
r
P
r
P
r
P
r
P
CMS
0,74
0,0001
0,66
0,0001
0,59
0,0006
0,50
0,0046
CMO
0,75
0,0001
0,68
0,0001
0,61
0,0003
0,53
0,0024
CPB
0,78
0,0001
0,75
0,0001
0,69
0,0001
0,61
0,0003
CEE
-0,52
0,0027
-0,75
0,0001
-0,59
0,0007
-0,74
0,0001
CFDNcp
0,78
0,0001
0,84
0,0001
0,74
0,0001
0,75
0,0001
CCNFcp
0,64
0,0002
0,49
0,0066
0,43
0,0174
0,30
0,1050
CNDT
0,74
0,0001
0,66
0,0002
0,62
0,0005
0,52
0,0049
CEM
0,73
0,0001
0,66
0,0001
0,56
0,0013
0,49
0,0057
EAL (gMS/h) = Eficiência de alimentação em gramas de matéria seca por hora; EAL (gFDN/h) =
Eficiência de alimentação em gramas de fibra em detergente neutro por hora; ERU (gMS/h) = Eficiência
de ruminação em gramas de matéria seca por hora; ERU (gFDN/h) = Eficiência de ruminação em gramas
de fibra em detergente neutro por hora; CMS = consumo de matéria seca; CMO= consumo de matéria
orgânica; CPB= consumo de proteína bruta; CEE= consumo de extrato etéreo; CFDNcp= consumo de
fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; CCNFcp= consumo de carboidratos não
fibroso corrigido para cinza e proteína;; CNDT= consumo de nutrientes digestíveis totais; CEM =
consumo de energia metabolizável.
O tempo despendido com a atividade de alimentação apresentou correlações
negativas e moderadas (P<0,05) com os coeficientes de digestibilidade da matéria seca,
proteína bruta e carboidrato não fibroso (Tabela 8), nestes termos, verifica-se que as
digestibilidades dos demais nutrientes não apresentaram correlações significativas
120
(P>0,05) com a atividade de alimentação. Assim, pode-se enfatizar que uma possível
melhoria na digestibilidade acarretaria redução do tempo de alimentação.
O parâmetro comportamental, tempo despendido com atividade de ruminação
não apresentou efeito (P>0,05) significativo de correlação para nenhum dos coeficientes
de digestibilidade. Assim, pode-se relatar que as dietas ofertadas apresentavam baixos
teores de FDN que, por sua vez não interferiram na atividade de ruminação e este não
foi correlacionado com as digestibilidades.
Para o tempo despendido em atividade de ócio (Tabela 8), cujas inferências
apresentaram efeitos significativos (P<0,05) com correlações positivas e moderadas
para os coeficientes de digestibilidade da matéria seca e proteína bruta. Pode-se destacar
que dietas com elevados coeficientes de digestibilidade de matéria seca e proteína
proporcionam maior tempo em ócio por parte dos animais. O atendimento das
exigências nutricionais ou o controle na ingestão de alimentos pelo suprimento
energético, explica a elevação do ócio, quando os animais ingerem dietas mais
digestíveis.
Tabela 8.
Variáveis
DMS
DMO
DPB
DEE
DFDNcp
DCNFcp
NDT
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade
aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em
substituição ao milho
Alimentação
r
-0,46
-0,25
-0,38
-0,01
-0,15
-0,43
-0,21
P
0,0168
0,2206
0,0427
0,9693
0,4305
0,0207
0,3080
Ruminação
r
-0,22
-0,06
-0,16
0,33
-0,21
0,09
-0,01
P
0,2729
0,7859
0,4039
0,0944
0,2768
0,6320
0,9763
Ócio
r
0,45
0,20
0,38
-0,22
0,24
0,24
0,15
P
0,0186
0,3259
0,0440
0,2650
0,1941
0,2201
0,4712
TMT
R
-0,44
-0,20
-0,38
0,22
-0,24
-0,24
-0,15
P
0,0188
0,3376
0,0437
0,2674
0,1934
0,2198
0,4577
TMT = tempo de mastigação total (horas/dia); DMS = coeficiente de digestibilidade da matéria seca;
DMO = coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica; DPB= coeficiente de digestibilidade de
proteína bruta; DEE = coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo; DFDNcp = coeficiente de
digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; DCNF= coeficiente de
digestibilidade de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; NDT= nutrientes digestíveis
totais.
Percebeu-se que, de acordo com resultados observados para o tempo despendido
à atividade de alimentação, foi observado o mesmo comportamento das médias para o
tempo de mastigação total, o qual apresentou correlações negativas e moderadas para os
coeficientes de digestibilidade da matéria seca (P = 0,0188) e proteína bruta (0,0437).
121
Assim, mediante os resultados, foi observado que as dietas com menor digestibilidade
proporcionam maior taxa de mastigação.
Os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes quando correlacionado com as
atividades de mastigação, descritas em NM/bolo, TM/bolo, NBR/dia e NM/dia, não
apresentaram correlações significativas (P>0,05) para nenhum dos parâmetros
estudados (Tabela 9). Certamente a ausência do efeito de correlação para tempo
despedindo com ruminação e mastigação total entre os parâmetros da digestibilidade
influenciam as atividades de mastigação, de modo a seguiram mesma tendência.
O número e o tempo de mastigação por bolo, número de bolos ruminados por dia
e número de mastigações por dia, não apresentaram correlações significativas (P>0,05)
com os consumos e a digestibilidade dos nutrientes (Tabela 6 e 9), resultado já esperado
uma vez que não houve correlação (P>0,05) destas variáveis com o tempo de ruminação
(Tabela 5 e 8).
Tabela 9.
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade
aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em
substituição ao milho
NM/bolo
Variáveis
TM/bolo
NBR/dia
NM/dia
r
P
r
P
r
P
R
P
DMS
0,20
0,3059
-0,01
0,9608
-0,14
0,4717
-0,01
0,9793
DMO
0,04
0,8376
-0,02
0,9179
-0,06
0,7858
0,01
0,9447
DPB
-0,06
0,7535
-0,16
0,4216
-0,01
0,9241
-0,09
0,6409
DEE
0,01
0,9823
0,05
0,7913
0,20
0,3157
0,29
0,1430
DFDN
-0,18
0,3369
-0,24
0,1957
0,04
0,8322
-0,19
0,3132
DCNF
0,02
0,9187
-0,01
0,6355
0,14
0,4729
0,19
0,3270
NDT
-0,03
0,8862
-0,12
0,5602
0,10
0,6417
0,05
0,7957
NM/bolo = número de mastigações por bolo; TM/bolo = tempo de mastigação por bolo; NBR/dia =
número de bolos ruminados por dia; NM/dia= número de mastigação por dia; DMS = coeficiente de
digestibilidade da matéria seca; DMO = coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica; DPB=
coeficiente de digestibilidade de proteína bruta; DEE = coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo;
DFDNcp = coeficiente de digestibilidade de fibra em detergente neutro corrigido para cinza e proteína;
DCNFcp= coeficiente de digestibilidade de carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína;
NDT= nutrientes digestíveis totais.
Na tabela 10, pode-se constatar que os coeficientes de digestibilidade da matéria
seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro e carboidrato não
fibroso se correlacionaram (P<0,05) alta e positivamente com as eficiências de
122
alimentação, expressos em g MS/h e FDN/h, com exceção dos consumos de extrato
etéreo e nutrientes digestíveis totais. Portanto, pode-se estabelecer relações no sentido
de que quanto maior as digestibilidades melhor é a dieta e mais eficientes serão os
animais em assimilar os nutrientes, uma vez que essas eficiências são altamente
associadas aos consumos. De maneira inversa se estabeleceu correlação (P<0,05)
moderado e negativo entre a digestibilidade do extrato etéreo e a eficiência de
alimentação, apenas em g FDN/h, assim deve-se salientar um comportamento
inversamente proporcional, no qual o incremento no consumo de extrato etéreo
implicaria em menor eficiência digestiva das dietas contendo pupunha por parte dos
animais.
Tabela 10.
Variáveis
Correlações de Pearson entre o comportamento ingestivo e a digestibilidade
aparente dos nutrientes em caprinos alimentados com farinha de pupunha em
substituição ao milho
EAL (gMS/h)
EAL (gFDN/h)
ERU (gMS/h)
ERU (gFDN/h)
r
P
r
P
r
P
r
P
DMS
0,69
0,0001
0,78
0,0001
0,61
0,0007
0,70
0,0001
DMO
0,47
0,0172
0,53
0,0062
0,42
0,0324
0,47
0,0176
DPB
0,65
0,0001
0,76
0,0001
0,58
0,0009
0,66
0,0001
DEE
-0,11
0,5762
-0,43
0,0252
-0,41
0,0324
-0,62
0,0005
DFDNcp
0,36
0,0472
0,50
0,0044
0,42
0,0213
0,51
0,0039
DCNFcp
0,41
0,0286
0,27
0,1668
0,07
0,7144
0,06
0,7582
NDT
0,28
0,1720
0,23
0,2582
0,14
0,4972
0,13
0,5218
EAL (gMS/h) = Eficiência de alimentação em gramas de matéria seca por hora; EAL (gFDN/h) =
Eficiência de alimentação em gramas de fibra em detergente neutro por hora; ERU (gMS/h) = Eficiência
de ruminação em gramas de matéria seca por hora; ERU (gFDN/h) = Eficiência de ruminação em gramas
de fibra em detergente neutro por hora; DMS = coeficiente de digestibilidade da matéria seca; DMO =
coeficiente de digestibilidade de matéria orgânica; DPB= coeficiente de digestibilidade de proteína bruta;
DEE = coeficiente de digestibilidade de extrato etéreo; DFDNcp = coeficiente de digestibilidade de fibra
em detergente neutro corrigido para cinza e proteína; DCNFcp = coeficiente de digestibilidade de
carboidratos não fibroso corrigido para cinza e proteína; NDT= nutrientes digestíveis totais.
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, proteína
bruta, fibra em detergente neutro apresentaram correlações (P<0,05) moderada e
positiva com as eficiências de ruminação, em g MS/h e g FDN/h, com exceção as
digestibilidades do extrato etéreo, carboidrato não fibrosos e nutrientes digestíveis
totais. Esses resultados evidenciam que quanto mais elevado a digestibilidade, melhores
eficiências de ruminação podem ser observadas pelos animais (Tabela 10).
123
Desse modo, resultados semelhantes aos observados para eficiência de
alimentação, foram verificados para eficiência de ruminação, apresentando correlação
(P<0,05) moderada e negativa entre o consumo de extrato etéreo e a eficiência de
ruminação (g MS/h e g FDN/h). Desta maneira, as dietas contendo farinha de pupunha
apresentaram maior teor de extrato etéreo (Tabela 3) do que a controle (0% de farinha
de pupunha) e diante dos fatos, torna-se evidente que níveis elevados de digestibilidade
do extrato etéreo promovem desordens na degradação da fibra e redução da eficiência
de ruminação.
Para tanto, com relação às eficiências de alimentação, quanto maiores forem os
coeficientes de digestibilidade dos nutrientes mais elevados serão as eficiências de
alimentação em gramas de matéria seca por hora. Apesar dos coeficientes de
digestibilidade dos nutrientes decrescerem em função dos níveis da farinha de pupunha
adicionada no concentrado em substituição ao milho, esse fato não foi suficiente para
afetar a eficiência de ruminação, em g MS/h e g FDN/h o que não resultou em
correlação entre esses parâmetros.
CONCLUSÕES
Portanto, a partir dos resultados aqui apresentados, verificou-se que consumo de
matéria seca apresenta relação com o tempo de alimentação. Enquanto que os
coeficientes de digestilidade da matéria seca e proteína bruta se correlacionam com os
tempos de alimentação, ócio e mastigação total.
Vale ressaltar, que o número e o tempo de mastigação por bolo ruminado não
apresentam correlação com o consumo e digestibilidade dos nutrientes. As eficiências
de alimentação e ruminação apresentam relação positiva com o consumo e
digestibilidade da maioria dos nutrientes, com exceção do extrato etéreo que se
correlaciona de forma negativa com estes parâmetros.
124
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126
VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Constatou-se que, a utilização da farinha de pupunha em dietas para caprinos
promove elevação no consumo de extrato etéreo e redução no consumo e digestibilidade
para maioria dos nutrientes. A inclusão da farinha de pupunha em substituição ao milho
em dietas para caprinos reduz o ganho médio diário em 0,77 g/unidade de inclusão e
aumenta a conversão alimentar.
Para tanto, verificou-se também que o aproveitamento da farinha de pupunha em
dietas para caprinos em crescimento não promove modificação no comportamento
ingestivo, evidenciado pelas alterações nas atividades diárias de alimentação, ruminação
e ócio, bem como as eficiências de alimentação e ruminação.
Mediante os estudos empreendidos verificou-se que a substituição do milho pela
farinha de pupunha em dietas de caprinos confinados reduz a ingestão de nitrogênio. A
máxima retenção de nitrogênio foi verificada quando a pupunha substitui o milho no
nível de 28,9%.
O consumo de matéria seca apresenta relação com o tempo de alimentação. Por
outro lado, os coeficientes de digestilidade da matéria seca e proteína bruta se
correlacionam com os tempos de alimentação, ócio e mastigação total. O número e o
tempo de mastigação por bolo ruminado não apresenta correlação com o consumo e
digestibilidade dos nutrientes. As eficiências de alimentação e ruminação apresentam
relação positiva com o consumo e digestibilidade da maioria dos nutrientes, com
exceção do extrato etéreo que se correlaciona de forma negativa com estes parâmetros.
Neste sentido, a farinha de pupunha apresenta potencial para ser utilizada como
ingrediente em dietas de caprinos, porém novas metodologias de processamento da
farinha devem ser estudadas a fim de reduzir o teor de extrato etéreo.
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Leandro Sampaio Oliveira Ribeiro