Directora Director: Director or: Graça Franco Francisco Sarsfi Sa arsfield Editor Editor: Raul Santos Raul Santos Lisboa Hoje H oje Terça Porto Quarta Grupo Renascença Grupo Renascença www.rr.pt www www.rr.pt .rr.pt rr www.rfm.pt www.rfm.pt www.mega.fm www.radiosim.pt Segunda-feira 18 Julho de 2007 Segunda-feira 6 Abril de 2009 Gratuito Massimiliano Schiazza/ANSA/EPA Itália chora mais de 90 mortos OPINIÃO Colóquio Lá em casa: uma “escola paralela” Relação entre literatura e rock alvo de debate Manuel Pinto Expliquem-lhe Raquel Abecasis » Pág.4 A relação entre o rock e a literatura está em debate – de hoje até quarta-feira - num colóquio que decorre na Faculdade de Letras de Lisboa. Não é comum, em Portugal, colocar o rock português no centro de um evento académico. » Págs.2 a 3 PUB » Págs.9 a 10 02 Rock português vai à universidade Coisa rara em Portugal: o rock português é alvo de um evento académico. Até quarta-feira, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, discute-se a relação entre o rock e a literatura. Ao contrário do que acontece noutros países, o tema não tem sido suficientemente estudado em Portugal, justifica a organização. » Pedro Rios e Filipe d’Avillez O rock e as suas relações com a literatura estão em discussão desde hoje e até quarta-feira na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL). Organizado pelo Centro de Estudos de Teatro da FLUL, o colóquio “Poéticas do Rock em Portugal” propõe reflexões em torno de uma “literatura menor”, com muitos especialistas, letristas e músicos. O tema tem andado arredado da academia portuguesa e do cânone literário, diz Golgona Anghel, da organização. Esta “dicotomia” entre alta cultura e a baixa cultura está enraizada no pensamento ocidental. “Vem de Platão, que faz a diferença entre original e simulacro, entre original e cópia”, diz. E é no grupo das cópias que as instituições que legitimam a arte (entre as quais a universidade) tem colocado a arte popular. O colóquio tem o objectivo de “desfazer essa dicotomia” e “tentar trazer os simulacros à superfície”. Afinal, sustenta Anghel, as “cópias” podem ser tão importantes como a literatura maior. “A literatura também tem em vista ter um efeito. Desse ponto de vista talvez não haja diferença entre literatura maior e literatura menor - ambas procuram ter ressonâncias. Se um camionista vai cantarolando [a canção de Jorge Palma] ‘Encosta-te a mim’, isso é tão importante como estar a ler um soneto de Camões”, exemplifica. “Pouco se sabe sobre cultura popular e os textos da músicas em Portugal. Decidimos pôr outras pessoas a pensar sobre isto”, refere. No colóquio, estarão músicos como JP Simões, Fer- Rock, por amor a Deus “Agora já sei, quem é a solução / está comigo, no meio da aflição / não me abandona, por mais que eu possa pensar / não estou sozinho, Ele está em todo o lugar.” Poderia ser a letra de apenas mais uma música de igreja, mas quem vê o videoclip destes quatro portugueses, sem conhecer a fé que os move, será apanhado de surpresa pelo teor das letras que surgem por cima de um ritmo rock de boa qualidade. Os Feedback são apenas uma das várias bandas assumidamente cristãs que existem em Portugal, representantes lusitanos de um género que na América move legiões de fãs. Mas exactamente o que é que é uma banda cristã? A definição não é simples. Os Feedback, e outros, como os Kyrios, os Sopro de Vida, Héber Marques e os Terceira Margem, não deixam espaço para dúvida nas suas letras. Mas o que dizer dos Pontos Negros, uma banda em clara ascensão, de música generalista mas composta por cristãos convictos? Ou os Simplus, um dueto de católicos praticantes com algumas músicas religiosas e outras não? Para Tiago Guillul, a principal referên- cia no mundo da música moderna cristã em Portugal, “esta é discussão antiga. Para tentar não dispersar eu diria que uma banda cristã é aquela que assume que a fé é um aspecto fundamental para a música que faz”. O dono da editora FlorCaveira – uma verdadeira ponte entre o mundo da música moderna e a religião – é bastante crítico em relação à maioria das bandas que se limitam, nas suas palavras, a “transpor tonalmente sermões”, lembrando que “por ter melodia não quer dizer que chegue a ser música. Em cada igreja evangélica no país há potencialmente uma banda cristã a ensaiar no salão de culto. Mas, infelizmente ,são projectos que funcionam em circuito interno e o resultado é fraco”. O próprio reconhece que também pas- sou uma fase em que fazia aquilo que hoje critica: “com 15 anos comecei a minha primeira banda o intuito era a tal transposição tonal de sermões. Uma coisa terrivelmente panfletária onde as letras eram teologia fast food e a música um decalque das nossas bandas preferidas. O que tornou as coisas divertidas é que como sempre fomos maus imitadores o que saía enfermava sempre de alguma originalidade”. Hoje, a perspectiva é diferente: “Sou um cristão que faz música. E terei orgulho se chamarem cristã à música que faço”. No panorama internacional, e apesar de existir uma banda cristã em praticamente cada canto do planeta, desde heavy metal ortodoxo na Rússia, a música gótica luterana na Finlândia, os nomes mais fortes ainda vêm dos EUA: “Desde o pai Larry Norman que morreu recentemente, aos Stryper, até aos que vão suavizando a sua confessionalidade assim que as vendas chegam, como os P.O.D. ou mesmo a Katy Perry. Estes são exemplos muito animadores”, afirma Guillul, “de que o Diabo não tem de ter toda a boa música”. PUB DESTAQUE PÁG. Colóquio GRUPO RENASCENÇA, 2009 Arte menor Adolfo Luxúria Canibal concorda com a ideia de “menoridade” literária aplicada ao rock. Mas vinca que “as coisas nunca são estanques”, assistindo-se a diversas contaminações entre universos. Um exemplo é “Maldoror”, o espectáculo que os Mão Morta apresentaram no ano passado, baseado no poema “Contos de Maldoror”, do Conde de Lautréamont (o pseudónimo de Isidore Ducasse), publicado em 1869. “Maldoror” será um dos temas em análise no colóquio, amanhã. Também Carlos Tê aceita, sem reservas, o rótulo de arte “menor”. Há “muito poucas excepções”, constata. “No âmbito da música expressa em português abro uma excepção bastante grande para o Chico Buarque, em que a parte poética ultrapassa a de letrista”. Joe Mabel 03 Greil Marcus é um dos participantes do colóquio À margem do colóquio haverá diversas actividades, sempre em torno do rock. Hoje, às 21h30, Greil Marcus, crítico norte-americano, autor de “Like a Rolling Stone”, sobre Bob Dylan, estará na Cinemateca. Na sessão, serão exibidos dois filmes: a curta-metragem “Lisbon calling, de Anna da Palma, e “The Great Rock’n Roll Swindle”, o filme que Julien Temple fez com os Sex Pistols, em 1980. Amanhã e quarta-feira, pelas 22h00, há concertos no lisboeta Maxime (Michka Assayas e Tiago Guillul, amanhã; Jorge Ferraz, Ana Deus e Nuno Moura, na quarta). Até quarta-feira, na FLUL, é possível ver a exposição “No Tempo do Gira-Discos: Um Percurso pela Produção Fonográfica Portuguesa 1960-1980”, com capas de discos de artistas como Simone de Oliveira, Carlos do Carmo, Sheiks, José Cid e José Afonso. PUB DESTAQUE PÁG. “É um facto que o rock é um género onde a poesia é indissociável da música – tratam-se de textos para serem ouvidos. Contudo, acreditamos que esta poesia podia ser abordada independentemente da música”, referem os organizadores do colóquio. Carlos Tê, que é conhecido, Letras de músicos como JP sobretudo, pelas letras que Simões, Jorge Palma e Mão escreveu para Rui Veloso, exque quando se escreve Morta estão em destaque plica uma letra para uma canção no programa do colóquio “há sempre umas pequenas algemas”. “Não há a liberdade que há num poema”, diz. Daí que Tê – cujas “canções teatrais” serão abordados por Jorge Louraço no colóquio nando Ribeiro, Jorge Ferraz, Paulo Furtado, Tiago tenha sempre resistido a ver as suas letras em livro. Guillul e Manuel João Vieira. Entre os temas dasdas co- “Acho que não resistiriam”, diz. “Elas funcionam semmunicações estão o “cabaret-circo futuro-dadá de Rui pre, mas ficam demasiado desprotegidas enquanto Reininho”, o rap português, a “revolução sintáctica” objectos literários. Demonstram a sua fragilidade na dos Mler Ife Dada, a influência da censura no rock por- página ou ao serem lidas”. tuguês feito durante o Estado Novo e a “intervenção Carlos Tê recorda que o rock descende dos blues, divina” no rock nacional. “canções feitas por iletrados”, e esse cordão umbiliO encontro “procura propiciar a análise de traços te- cal determina a sua natureza: “Por muito que se temáticos, retóricos, estilísticos e composicionais de um nha conseguido uma sofisticação, privilegia-se sempre autor ou de um movimento, assim como também ava- a melodia”. liar as visões do mundo que transparecem nas suas leConcertos e outras actividades tras”, diz a organização na apresentação do encontro. “Este colóquio é original em terras lusas”, elogia Adolno programa paralelo fo Luxúria Canibal, vocalista dos Mão Morta, um dos participantes. “A questão da palavra na música rock é uma matéria ‘academizada’ há muitos anos, desde os anos 60, nos Estados Unidos ou na Inglaterra. Em Portugal ainda é matéria virgem. Os académicos ainda não olharam para as manifestações de baixa cultura e para as suas contaminações com a alta cultura”. “Em Portugal, a Universidade foi sempre mais conservadora”, concorda o letrista Carlos Tê, que detecta, por outro lado, uma maior abertura da academia às várias culturas urbanas. GRUPO RENASCENÇA, 2009 OPINIÃO PÁG. 04 Lá em casa: uma “escola paralela” Manuel Pinto Professor da Universidade do Minho Se as crianças portuguesas de idades compreen- infância sobretudo de manhã, quando a maioria didas entre os 4 e os 14 anos passam, em média, das crianças está a essa hora na escola. A RTP2 é o quase três horas diárias a ver televisão, não de- canal que mais diversifica, em termos de temas e verá isso ser motivo de desassossego? Que vêem de manchas horárias. Mas tem uma programação elas? Que tipos de programas preferem? Que muito orientada para a idade pré-escolar (o que, oferta encontram nas grelhas dos diferentes ca- sendo em si mesmo positivo, deixa outros grupos nais? Com que critérios se escolhe essa progra- etários a descoberto). A SIC e, sobretudo, a TVI mação? De onde vêm os programas? Que histórias inovaram, nos últimos anos, com a introdução de contam? Que personagens, situações novelas juvenis. Mas, sobretudo este e valores enfatizam? último canal, com Morangos com AçúQuem se ocupa Bem vistas as coisas, é todo um currícar, acaba por oferecer um “prato” culo alternativo à família e à escola desta “escola quase único (e problemático do ponque aqui está em causa. E aparente- paralela” to de vista do conteúdo – ainda que mente, são poucos os sinais de preo- domiciliária, à este aspecto não tenha sido estudado cupação e de exigência relativamente qual as crianças aqui). a esta matéria. Há esforços muito positivos, como dedicam tanto Parte destas interrogações encontra “A Ilha das Cores”, na RTP2, a par de resposta num estudo que um grupo ou mais tempo medidas execráveis, como é o facto de investigadores da Universidade do que à escola de a TVI meter um programa de Wresdo Minho acaba de realizar para a formal? tling no meio de desenhos animados, Entidade Reguladora para a Comuniao sábado de manhã. Finalmente, em cação Social (ERC), sob coordenação quase um terço dos programas surda Prof. Sara Pereira e no qual tive o gosto de gem conteúdos educativos tematizados de forma participar também. interessante, o que deveria merecer outra atenAlguns resultados apurados, a partir da análise ção e apoio da parte dos pais e educadores. de mais de três mil programas emitidos entre Ou- Quem se ocupa desta “escola paralela” domicitubro de 2007 e Setembro de 2008: no seu con- liária, à qual as crianças dedicam tanto ou mais junto, a RTP, SIC e TVI emitem programas para a tempo do que à escola formal? Expliquem-lhe Afinal para que serve um Presidente da Republica num regime semi-presidencialista como o nosso? A pergunta faz cada vez mais sentido, à medida que os acontecimentos vão tornando os cidadãos descrentes das instituições em que é suposto confiarem como garantes da saúde do regime democrático. Ninguém espera que o Presidente seja apenas uma figura decorativa ou uma espécie de avô babado do regime, que se limita a dar conselhos de bom senso, com a desculpa de que não tem poderes para mais. Ao mais alto magistrado da nação exige-se que exerça as suas funções com zelo e imaginação, para saber interpretar os seus poderes de modo a que eles sejam úteis, como de resto, fizeram os vários presidentes do regime democrático. Numa altura em que falha o entendimento institucional entre partidos, em que a crise económica ameaça deixar o país num estado lastimável e quando os principais responsáveis da nossa justiça dão um triste espectáculo ao país, deixando em todos a sensação de que a independência da justiça é uma farsa, todos lamentam o silêncio e a inoperância presidencial. Nos tempos que vão correndo, muitos portugueses recordam com saudade os tempos em que o dr. Soares chamava à pedra o governo Cavaco ou aqueles em que o dr. Sampaio punha os pontos nos “is” com os governos de Guterres e Santana Lopes. Alguém deve, urgentemente, explicar ao dr. Cavaco que nem só de Estatuto dos Açores vive o país. Raquel Abecasis GRUPO RENASCENÇA, 2009 05 Caso Freeport Nova estrutura tomou posse Segredo de justiça foi prolongado A nova estrutura directiva da Polícia Judiciária (PJ) tomou hoje posse O coordenador superior José Brás constitui a principal novidade. Brás vai liderar a directoria de Lisboa, depois de ter estado à frente da Direcção Central de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes, entre 2002 e 2007. Colocou o cargo à disposição na sequência de um escândalo de desvio de verbas apreendidas em operações anti-droga. A autora do crime, a excoordenadora Ana Paula Matos, foi condenada, na última semana, a sete anos e meio de prisão por quatro crimes de peculato. O director nacional da PJ, Almeida Rodrigues, optou por escolher apenas dois directores nacionais adjuntos: o procurador Pedro do Carmo e Manuel Ferreira, que será responsável pela parte financeira. José Eduardo Ferreira Leite que, na altura da direcção de Santos Cabral, dirigiu o Combate ao Banditismo, vai agora chefiar a Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes. Luís Neves e Moreira da Silva continuam à frente da Unidade Nacional Contra-Terrorismo e da Unidade de Combate à Corrupção, respectivamente. Baptista Romão mantém-se na Directoria do Porto, tal como Rui Almeida na de Coimbra. O segredo de justiça na investigação ao caso Freeport foi prolongado, de acordo com informação avançada hoje pelo diário “Correio da Manhã”. O jornal diz que o juiz de instrução criminal Carlos Alexandre decidiu autorizar o prolongamento do segredo de justiça até Junho de 2010. O argumento utilizado foi a especial gravidade dos crimes em investigação. Meteorologia Páscoa com chuva Lisboa/Hospital S. Francisco Xavier Regresso lento à normalidade A normalidade plena ainda não está de volta ao Hospital S. Francisco Xavier, depois do incêndio da última noite. Esta manhã, a Urgência estava a funcionar condicionada, ao mesmo tempo que se procurava superar dificuldades ligadas à comunicação entre os diversos sectores da unidade. O Director da Urgência, João Gamelas, explicou à Renascença que não estavam ainda reunidas condições para receber doentes em estado grave. O médico defendeu, entretanto, que o cenário de emergência foi resolvido de acordo com o plano previsto para esses cenários. Ainda na última noite, a ministra da Saúde visitou o S. Francisco Xavier, tendo afirmado que os hospitais do país têm planos de emergência treinados, o que possibilita responder prontamente a acidentes. “O plano de emergência treinado foi accionado em muito pouco tempo e com resultados positivos”, disse a ministra, considerando, assim, que o processo de resposta “não correu mal”. Confrontada com as queixas de falta de informação, feitas pelos familiares dos doentes, Ana Jorge referiu que, inicialmente, se desconhecia a dimensão do fogo, tendo sida dada prioridade à retirada dos doentes: “Entendo os familiares, mas a primeira preocupação foi conseguir um lugar para os cerca de 150 doentes”. O incêndio de ontem deflagrou às 19h40, na cozinha do edifício central. Lousada ERS diz que falta de médicos será resolvida A Entidade Reguladora da Saúde diz que a Administração Regional de Saúde do Norte irá tentar resolver a questão da falta de médicos de família em Lousada. De acordo com uma denúncia do candidato do PSD às Autárquicas, Leonel Vieira, mais de 4500 utentes, 10% da população do concelho, estão sem médico de família há vários meses. A semana da Páscoa adivinha-se chuvosa e fria. As previsões para amanhã são de chuva e descida das temperaturas máximas, quadro que deverá prolongar-se “Para os próximos dias, prevê-se, nas regiões do Norte e Centro, a continuação de precipitação, chuva ou aguaceiros. As regiões do Sul serão poupadas, embora na quinta e sexta-feira também possa ocorrer chuva nessas regiões”, disse à Renascença a meteorologista Ângela Lourenço. PUB NACIONAL PÁG. PJ GRUPO RENASCENÇA, 2009 06 Banca Poupança a cair, endividamento a aumentar Prescrições impedem cobrança de correcções aos impostos O endividamento das famílias portuguesas já ultrapassa em 29% o rendimento disponível, sendo, de acordo com o Eurostat, o gabinete de estatísticas da União Europeia, um dos mais elevados da Zona Euro. Ao mesmo tempo que as dívidas sobem, regista-se a quebra das poupanças, tendência registada ao longo da última década, que se tem acentuado nos últimos meses. De acordo com os dados do Instituto de Gestão da Divida Pública, só em Fevereiro de 2009 foram resgatados 24 milhões de euros dos Certificados de Aforro. Em declarações à Renascença, o presidente dos CTT admite que a falta de estabilidade na remuneração deste produto contribuiu para o levantamento de poupanças. Para Estanislau Mata Costa, o reforço da remuneração dos certificados, anunciado pelo Governo há pouco mais de um mês, não foi ainda suficiente para corrigir a tendência. Se é verdade que os Certificados de Aforro continuam a garantir uma remuneração considerável - atendendo ao recuo significativo das taxas de juro - há, contudo, outro tipo de depósitos com maior retorno, como destacou, em declarações à Renascença, António Ribeiro, da DECO, Associação de Defesa do Consumidor. Na análise do economista João Ferreira do Amaral, é natural que o critério da segurança se sobreponha ao da rentabilidade prometida pelos diversos produtos financeiros, para as famílias que, apesar da crise, conseguem realizar e aplicar algumas poupanças. Com o endividamento a ultrapassar, em 29%, o rendimento disponível das famílias portuguesas, não resta outra alternativa que não seja a de tentar poupar o máximo possível nos gastos. Foi neste quadro que a Câmara do Porto decidiu levar aos bairros sociais da cidade sessões de aconselhamento das populações para uma melhor gestão dos orçamentos familiares. A iniciativa - “Porto à Conversa” - está a decorrer com uma frequência quinzenal, subordinada a vários temas. “Economia Doméstica “é o que ocupa o primeiro semestre deste ano. Com a ajuda de um economista, que é também revisor oficial de contas, os portuenses são alertados para a necessidade de poupar. Este projecto de inclusão tem também como objectivo incutir na população o hábito de dialogar sobre os temas que causam maior preocupação no quotidiano, segundo destacou à Renascença a vereadora da Acção Social da Câmara do Porto, Matilde Alves. Endividamento a crescer Os dados mais recentes do Banco de Portugal revelam que o endividamento das famílias já ultrapassa em 29% o rendimento disponível. Nos últimos dez anos, mais do que duplicou. Em percentagem do PIB, o endividamento passou de 37%, em 1997, para 91%, em 2007. Luísa Farinha, do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, justifica esta tendência com o acesso mais facilitado ao crédito, a descida dos juros, o aumento da concorrência na banca, o alargamento dos prazos dos empréstimos e, até, a situação do mercado de arrendamento. Sem esquecer, claro, os juros bonificados, que, enquanto existiram, incentivaram a compra de casa. Esta subida do endividamento pode levar as famílias a reduzirem o consumo, ao mesmo tempo que a banca corre mais riscos de crédito mal parado. Estes casos estão a subir a ritmo elevado: no espaço de um ano, o crédito mal parado aumentou mais de 30%. O Fisco deixou prescrever 3,7 milhões de euros de correcções aos impostos da banca relativas a 2004. A notícia é avançada na edição de hoje do diário “Público”, segundo o qual a administração fiscal não divulgou, na devida altura, as instruções relativas à cobrança do IVA para o sector financeiro, depois das correcções sugeridas no âmbito de uma auditoria da Inspecção-Geral de Finanças. O Ministério das Finanças, citado pelo jornal, admite que faltam inspectores para a fiscalização tributária do sector financeiro. As inspecções são, por isso, feitas com base numa grelha de risco. De uma lista de 1210 instituições, foi retirada uma amostra de 36. Em 2004, foram inspeccionadas 13, entre as quais o BCP, responsável pela correcção do imposto no valor superior a dez milhões de euros. Europeias PSD pede a Sócrates que esclareça posição sobre Barroso O PSD desafiou hoje o Primeiroministro a esclarecer a contradição que detecta entre o cabeça-de-lista do PS às Europeias e o próprio José Sócrates sobre o apoio à recandidatura de Durão Barroso à Presidência da Comissão Europeia. Vital Moreira considerou normal que o PS Europeu apresente o seu próprio candidato para o próximo mandato, facto que levou o dirigente social-democrata José Luís Arnault a lembrar que o Primeiro-ministro prometeu, em Bruxelas, apoiar Barroso para um novo mandato. Arnault pede, assim, a Sócrates que clarifique a questão. PUB NACIONAL PÁG. Dinheiro GRUPO RENASCENÇA, 2009 07 A importância da Turquia ONU Reunião sobre míssil coreano foi inconclusiva Francisco Sarsfield Cabral A viagem europeia de Obama terminou na Turquia. Não por acaso: o exército turco é o maior da NATO, logo depois do americano. A Turquia é um país de enorme importância estratégica, pois está perto das zonas politicamente mais quentes do Médio Oriente, bem como de algumas repúblicas problemáticas que faziam parte da antiga União Soviética. E a Turquia é governada por um partido islâmico, mas – não sendo uma democracia perfeita – distingue Estado de religião, tem eleições e liberdade de expressão. Deve, até, notar-se que algumas insuficiências turcas em matéria democrática não vêm do lado islâmico. São herança do laicismo radical instaurado por Ataturk há menos de um século e depois prosseguido pelos militares, que ainda gozam de um estatuto especial. Assim, a Turquia é um dos raros países de maioria islâmica onde a democracia funciona – embora com limites, que têm diminuído com a perspectiva de uma futura adesão à União Europeia. É por isso que a Europa fechar a porta à Turquia poderá ser um tremendo erro histórico. O desencanto dos turcos com a UE já é uma realidade. EPA Jornalista Manifestações em Seul culminaram em confrontos Terminou sem resultados a reunião, da última noite, do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a Coreia do Norte. O Japão pediu a reunião depois de Pyongyang ter lançado um míssil de longo alcance que sobrevoou território japonês. Os representantes do Conselho de Segurança optaram por não tomar quaisquer medidas contra a Coreia do Norte, mas sublinharam que a situação é grave e que as discussões vão continuar. O lançamento do projéctil, que caiu no Pacifico, foi confirmado por Pyongyang que, no entanto, garantiu tratar-se de um satélite de comunicações. A teoria não colhe, pelo menos a Ocidente, e a NATO já condenou o lançamento, considerando tratar-se de uma atitude altamente provocadora. Aliança das Civilizações Rasmussen explica-se por causa das caricaturas de Maomé O novo secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, explicou, esta tarde, em Istambul, o apoio que deu ao jornal dinamarquês que, em 2005, publicou as caricaturas de Maomé, referindo que está pronto para dialogar com o mundo muçulmano. O ex-Primeiro-ministro dinamarquês defendeu que “todas as formas de censura são inimigas do diálogo, da compreensão mútua. A liberdade de expressão é uma pré-condição para um diálogo aberto e claro”. Rasmussen participa, na capital turca, no Fórum da Aliança das Civilizações, cujo alto-representante é Jorge Sampaio. Também o Presidente norte-americano, Barack Obama vai estar presente no encontro, facto que, de acordo com o antigo Presidente da República português, serve, também, para reafirmar a importância da Aliança na gestão da diversidade cultural. “Se queremos mostrar que o confronto de civilizações não pode existir por- que fazemos todos parte do mesmo mundo temos de trabalhar nesta área”, disse Sampaio, na Renascença, na semana passada, no programa “A 3 Dimensões”, que pode recordar em www.rr.pt. Obama quer reforçar laços com Turquia Já na Turquia, ainda antes de participar no Fórum, Obama, disse que o Governo de Ancara pode dar uma ajuda importante na aproximação dos mundos ocidental e muçulmano. Numa conferência de imprensa com o seu homólogo turco, Abdullah Gul, Obama disse que a sua deslocação ao país é um sinal da importância que a Turquia tem para a administração norte-americana e manifestou o seu apoio à realização de conversações diplomáticas entre a Turquia e a Arménia, dois países que a história tornou inimigos. PUB INTERNACIONAL PÁG. Ponto de vista GRUPO RENASCENÇA, 2009 08 O Primeiro-ministro espanhol deverá formalizar esta semana a primeira remodelação governamental desde as eleições legislativas. O ministro das Finanças poderá ser um dos que deixa a equipa. José Luís Zapatero, que se encontra neste momento em Istambul, no Fórum da Aliança das Civilizações, não confirma as notícias, mas tanto o “El Mundo” como o “El País”, dois dos principais jornais espanhóis, dão como certa a saída do ministro Pedro Solbes e a sua substituição pela ministra da Administração Pública, Elena Salgado. Os dois diários apontam também para a entrada no executivo de Manuel Chaves, actualmente presidente do Governo Regional da Andaluzia. Chaves deverá assumir a pasta das Relações com as Comunidades Autónomas. José Blanco, vice-secretário-geral do PSOE, deverá as- Bulent Kilic/EPA Zapatero prepara remodelação sumir uma das três vice-presidências do Governo. A imprensa espanhola avança ainda que o Primeiroministro conta anunciar, amanhã, o novo elenco governativo. Esta remodelação ocorre menos de um ano depois de Zapatero ter ganho as eleições e pretendem estimular o executivo e dar um novo impulso ao combate à crise económica. Darfur África do Sul Funcionários da AMI raptados Arquivado processo contra Jacob Zuma Os dois trabalhadores da Assistência Médica Internacional (AMI) sequestrados, este fim-de-semana, no Darfur são de nacionalidade francesa e canadiana. De acordo com Ali Youssif, responsável do protocolo no ministério sudanês dos Assuntos Estrangeiros, em declarações à Agência France-Presse (AFP), os dois membros da equipa foram sequestrados, na madrugada de sábado, por homens armados não identificados. Segundo o Centro sudanês de Imprensa, os sequestradores teriam pedido um resgate, mas esta é uma informação que não foi confirmada, à AFP, por Ali Youssif. Iraque Vaga de atentados em Bagdade Cinco carros armadilhados explodiram hoje em Bagdade, no Iraque, provocando, pelo menos, 26 mortos e dezenas de feridos. O ataque mais mortífero ocorreu num movimentado mercado de Sadr City, um bairro xiita na zona oriental da cidade, e tirou a vida a uma dezena de pessoas. Estes atentados acontecem uma semana depois de as autoridades iraquianas terem detido vários elementos de uma milícia sunita que opera em Bagdade. A Procuradoria-Geral sul-africana (NPA) anunciou hoje que vai arquivar o processo por corrupção contra o presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), Jacob Zuma. “Não é possível, nem desejável para a NPA continuar o processo contra Zuma”, disse o Procurador-geral, Mokothedi Mpshe, numa conferência de imprensa na sede da NPA, em Pretória. Mpshe explicou, numa longa alocução que incluiu a leitura de passagens de escutas telefónicas entre procuradores e investigadores, que o processo-crime contra Zuma foi irreversivelmente manchado por interferências políticas de protagonistas ligados às “facções” Zuma e (Thabo) Mbeki (ex-Presidente da República) e que muitas das decisões tomadas no caso constituíram abusos processuais e manipulações que não servem a Justiça. Jacob Zuma é o candidato presidencial do Congresso Nacional Africano (ANC) e, como tal, o provável futuro chefe do Estado e do governo depois das eleições de 22 deste mês. PUB INTERNACIONAL PÁG. Espanha GRUPO RENASCENÇA, 2009 O abalo de terra sentido esta madrugada na região central de Itália provocou, pelo menos, 92 vítimas mortais. O balanço, ainda provisório, foi feito, já esta tarde, pelo Primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, em conferência de imprensa. Berlusconi, que está na cidade de L’Aquila, a mais atingida pelo terramoto, confirmou, ainda, que há mil e quinhentos feridos e milhares de desalojados. Foi já decretado o estado de emergência no país. O balanço anterior, divulgado pelo ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, indicava “mais de 50 mortos”. O sismo, de magnitude de 6,7 na escala de Richter, ocorreu na região de Abruzzo, no centro de Itália, tendo afectado a cidade de L’Aquila, a cerca de cem quilómetros nordeste de Roma, quando eram cerca de 03h30 (02h30 em Portugal Continental). O Presidente da República italiano, Giorgio Napolitano, manifestou-se já profundamente consternado com o terramoto e as suas consequências. Numa nota emitida esta manhã, o chefe de Estado italiano diz que está a acompanhar a situação, em contacto permanente com o responsável pela Protecção Civil nacional, cujo responsável já admitiu que o tremor de terra pode representar a pior tragédia desde o início do século, no país. Vários edifícios ruíram, parcial ou totalmente, e entre os locais atingidos está o hospital local e uma residência de estudantes. Estudantes portugueses bem Na região de L’Aquila, no momento do abalo encon- Alessandro Bianchi/REUTERS 09 Sismo faz mais de 90 vítimas travam-se nove estudantes portugueses, ao abrigo do programa educativo “Erasmus”. De acordo com o gabinete do Secretário de Estado das Comunidades, António Braga, nenhum desses estudantes ficou ferido. Há, apenas registo, de perdas materiais, devido ao desaparecimento de alguns bens. Todos estes estudantes foram contactados pelo gabinete de emergência consular. Entretanto, estudantes portugueses, a residir nos arredores de Roma, relataram à Renascença que o abalo também foi sentido na capital italiana. Protecção Civil pronta a avançar Entretanto, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) manifestou-se hoje disponível para, num máximo de quatro horas, enviar para Itália uma equipa de apoio às operações de socorro às vítimas do sismo, Papa envia mensagem O Papa Bento XVI enviou uma mensagem ao Arcebispo de L’Aquila, D. Giuseppe Molinari, através do Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone. Na missiva, Bento XVI lembra todas as vítimas, em especial “as crianças”, deixando uma palavra de “conforto” para as suas famílias. O texto fala na dramática notícia do violento terramoto que sacudiu o território, manifestando a viva participação na dor das populações atingidas pelo trágico acontecimento. O Papa enviou, também, uma “palavra afectuosa de encorajamento” a todos quantos “se multiplicam nas operações de socorro”. A Cáritas já manifestou disponibilidade para ajudar com pessoal e bens de primeira necessidade, vindos de toda a Itália e do estrangeiro. A Rádio Vaticano emitiu, entretanto, um apelo da Protecção Civil, pedindo dádivas de sangue e o Arcebispo Giuseppe Molinari pediu às populações que sigam todas as indicações fornecidas pelas autoridades. PUB INTERNACIONAL PÁG. Itália GRUPO RENASCENÇA, 2009 Este sismo foi registado em toda a rede de sensores sísmicos de Portugal, confirmou já o Instituto de Metereologia. A primeira onda sísmica a chegar a Portugal foi registada na estação de Bragança às 02h36, tendo, depois, o tremor de terra sido assinalado nas restantes estações portuguesas. Cavaco apresenta condolências O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, enviou hoje uma mensagem de condolências ao chefe de Estado italiano, apresentando em nome de Portugal os sentimentos de “sentido pesar e solidariedade”. “Nesta hora difícil para o povo italiano, quero apresentar a vossa excelência, em nome do povo português e no meu próprio, os nossos sentimentos de sentido pesar e solidariedade”, lê-se numa mensagem enviada EPA 10 Sensores registam sismo por Cavaco Silva ao chefe de Estado italiano, Giorgio Napolitano. Na mensagem, o Presidente da República refere ainda que foi com “profunda consternação” que tomou conhecimento do terramoto que assolou, esta madrugada, a Região Centro de Itália, em particular a cidade de L’Aquila. “O imbecil” José Bastos Os danos do sismo em Itália poderiam, afinal, ter sido minimizados se as autoridades tivessem dado ouvidos às advertências feitas por um geólogo italiano para os riscos de uma tragédia. Há poucos dias, em declarações num programa televisivo, Giampaolo Giuliani disse ter dados científicos que apontavam para a iminência de um terramoto no centro do país. O responsável pela Protecção Civil chamou-o de “imbecil” e não lhe deu crédito. Giampaolo Giuliniani foi acusado de propagar um falso alarme “desnecessário” e foram poucos os que lhe deram atenção. Isto apesar de o Centro de Terramotos de Itália também ter registado movimentos sísmicos na zona em questão. O investigador reitera que a catástrofe que se abateu esta madrugada em Itália poderia ter sido evitada. Segundo notícia publicada na edição online de hoje do jornal espanhol “El Mundo”, este investigador do Laboratório Nacional de Física de San Grasso fundamentou os seus receios com base nos fortes movimento sísmicos que estavam a ser registadas na zona de Aquila. Graças a uma ferramenta chamada “Gamma Tracer” que Giuliani tem no seu laboratório, que assinalava a presença de réplicas contínuas, o investigador não teve dúvidas de que a zona iria ser afectada por um sismo de grande magnitude. E decidiu tornar público os seus receios. Até aqui, os sismos eram considerados fenómenos não previsíveis. A tese de Giuliani, porém, baseia-se na análise de um gás radioactivo, o radón. Segundo o investigador, quando as falhas sísmicas se movimentam, este gás encontra um ponto de fuga e alcança a superfície, de modo que é possível apontar com precisão o lugar em que um sismo vai ocorrer. PUB INTERNACIONAL PÁG. mas ainda não há um pedido de apoio. Numa nota enviada à agência Lusa, a Autoridade diz que “em caso de necessidade, a ANPC poderá, num máximo de quatro horas após um eventual pedido, e dependendo da disponibilidade de transporte, mobilizar para Itália um Módulo de Busca e Salvamento em Ambiente Urbano, composto por 49 elementos e o necessário equipamento, com uma capacidade de auto-suficiência de sete dias”. Este Módulo, adianta a nota, “integra meios do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, da Polícia de Segurança Pública e ainda de Corpos de Bombeiros Voluntários” estando registado no âmbito do Mecanismo Europeu de Protecção Civil. Ainda segundo a mesma informação, a ANPC tem estado em contacto com o Departamento de Protecção Civil de Itália. GRUPO RENASCENÇA, 2009 11 Diga Lá, Excelência… Papa pede acções que evitem mais tragédias no Mediterrâneo D. Carlos Azevedo critica excesso de dependência do Estado O Papa Bento XVI aproveitou o Angelus deste domingo para apelar à União Europeia que coordene acções com África, de modo a evitar mais tragédias no Mediterrânico. Bento XVI aludia, deste modo, à recente morte de centenas de cidadãos africanos em busca de entrada ilegal na Europa. “Não nos podemos resignar com tais tragédias que, infelizmente, há muito se repetem. As dimensões do fenómeno tornam cada vez mais urgente a existência de estratégias coordenadas entre a União Europeia e os estados africanos bem como a adopção de medidas adequadas de carácter humanitário para impedir que esses emigrantes recorram a traficantes sem escrúpulos”. O Papa disse rezar pelas vítimas “para que o Senhor as acolha na sua paz” e deixou ainda uma advertência: “Este problema agravado agora pela crise global, só encontrará solução quando as populações africanas, com a ajuda da comunidade internacional, se libertarem da miséria e das guerras”. Bento XVI falou, ainda, das Jornadas Mundiais da Juventude, uma vez que assistiram ao Angelus jovens australianos – a Austrália acolheu as últimas jornadas - e espanhóis, que serão os anfitriões das próximas, em 2011. Foi feita a passagem da Cruz, que vai agora passar por todas as dioceses espanholas para, em 2011, chegar a Madrid para a abertura das Jornadas Mundiais. Quaresma O rosto e a palavra O Cardeal Patriarca de Lisboa chamou a atenção para uma necessidade sentida pelos que escutam a palavra de Deus, que é a de ver o seu rosto. “A Palavra é pessoa: Jesus Cristo o rosto da palavra” foi o tema da Catequese Quaresmal deste domingo. Na Sé Patriarcal, D. José Policarpo destacou a possibilidade de ver esse rosto, bastando, para isso, olhar para Jesus Cristo, para a sua humanidade: “Não se trata, apenas, de ver o rosto de Deus num rosto humano. É todo o diálogo, o encontro entre o homem e Deus que se humanizou. A Palavra fez-se carne, isto é, humanizou-se. Tudo o que é humano em Jesus, o Seu rosto, as Suas Palavras, os Seus gestos, a Sua alegria e a Sua dor, a Sua consciência e a Sua vontade, são decisivos para esta nova escuta da Palavra, para estabelecer definitivamente a comunhão dos homens com Deus, isto é, são decisivos para a salvação. Durante séculos, Deus falou por intermédio dos profetas, porque eles ofereciam a linguagem humana à Palavra transcendente. Agora, que o Verbo se fez homem, fala directamente aos homens, sem a mediação dos profetas, porque a humanidade de Jesus pronuncia a Palavra eterna. Deus tornou-se mais próximo do homem”. Homilia de Ramos Antes da Catequese da tarde, o Cardeal Patriarca aproveitou a homilia de Domingo de Ramos para exortar os fiéis a não separarem “a Fé da vida, ainda que esta não siga necessariamente os critérios da Fé”. D. José Policarpo aludiu, ainda, à efeméride dos 50 anos do monumento a Cristo-Rei, em Almada. Para o Cardeal Patriarca, o desafio que se coloca, 50 anos depois da construção do monumento, é o de saber o que significa para Lisboa, nos tempos actuais, a bênção e protecção de Cristo: “Esta efeméride coloca a todos nós a questão da actualidade da realeza do Senhor”. O Bispo D. Carlos Azevedo entende que algumas instituições sociais ligadas à Igreja estão “demasiadamente dependentes” do Governo, facto que o tem levado a alertar várias organizações para a necessidade de uma maior independência face ao poder político. O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Bispo Auxiliar de Lisboa foi o convidado do Diga Lá, Excelência… - programa da Renascença e jornal “Público” - deste fim-de-semana, tendo lembrado que a Igreja presta mais do que um serviço social - exerce a caridade - pelo que as instituições de solidariedade não devem estar ao sabor dos caprichos dos políticos. O Bispo Auxiliar de Lisboa defendeu, ainda, que face à crise, a Igreja a procurar respostas e dar motivos de esperança, sendo exactamente nesse sentido que se organizará, a 15 de Maio, um simpósio com o objectivo central de encontrar boas ideias para enfrentar a crise. Na entrevista, D. Carlos Azevedo abordou o tema da posição da Igreja sobre o preservativo, defendendo a necessidade de saber combinar o ideal proposto pela com a realidade das pessoas. Diante de circunstâncias concretas, a Igreja propõe a doutrina do “mal menor”, lembrou D. Carlos Azevedo, defendendo que a Igreja deve fazer uma evolução. D. Carlos lamentou que o Governo não tenha vontade e determinação para regulamentar a Concordata e criticou, ainda, o estado da Justiça em Portugal, considerando-o “lamentável”. Para o Bispo, o país devia ter vergonha de não conseguir resolver este problema que mina a confiança no Estado. O prelado disse ainda que, ao votarem, os católicos devem ter em conta quem vai representar as suas ideias e valores. Reconhecendo que não há partidos “puros”, D. Carlos referiu que não é papel da Igreja decidir o voto, mas sim formar consciências. PUB RELIGIÃO PÁG. Vaticano GRUPO RENASCENÇA, 2009 12 Um mês de “Fado in Chiado” A área do Chiado, em Lisboa, tem, há um mês, uma oferta cultural diferente, proporcionada pela “GeniusyMeios”, empresa do Grupo Renascença. A “GeniusyMeios” organiza, diariamente, às 19h00, no Cine Teatro Gymnásio, o espectáculo “Fado in Chiado”. O director-geral “GeniusyMeios”, António Sala, considera “positiva” e que tem “cada dia mais público”, sendo as reacções muito positivas: “As pessoas gostam muito e esse passar de boca em boca acaba por criar uma divulgação e criar à volta um crescendo que vai ser muito bom e que vai transformar a iniciativa em êxito”. Sala atribui o sucesso a vários factores com o denominador comum da qualidade: “O espectáculo é de excelente qualidade, os jovens que participam são muito bons, quer os cantores, quer os instrumentistas. Depois, o espectáculo em si está muito bem produzido, com qualidade de som com e qualidade de imagem. O visual é muito agradável e é mesmo invulgar na área do fado”. António Sala destaca o facto de a “GeniusyMeios“ estar a começar projectos “numa altura extremamente difícil”, em que é necessária “alguma coragem”. No entanto, o realizador do histórico “Despertar” entende que o Grupo Renascença fez bem em lançar este projecto porque é em momento difíceis “nas chamadas alturas de crise, que por vezes se criam e nascem coisas que podem ser boas e importantes, resultando em sucessos, se não imediatos, a médio e longo prazo”. Literatura Música Obra recorda presença de portugueses em Paris Xutos lançam “Xutos” para assinalar 30 anos A editora francesa Chandeigne lançou, este fim-de-semana, um livro sobre a presença dos portugueses em Paris ao longo dos séculos para, entre outros motivos, mostrar que a presença lusa em França é “muito antiga”. A antologia “Os Portugueses em Paris, ao longo dos séculos e por bairro” foi criada com o intuito de “mostrar que a presença portuguesa em França é muito antiga e dar uma imagem da presença portuguesa em Paris na vertente cultural, económica e social de uma forma divertida, descontraída”, segundo declarou à agência Lusa o editor Michel Chandeigne. A publicação pode servir de guia na capital francesa, ajudar a descobrir o olhar dos parisienses em relação aos portugueses e percepcionar a forma como esse olhar evoluiu ao longo do tempo. Na obra “fica registada de uma forma lúdica a presença portuguesa em Paris. É uma antologia da presença portuguesa desde há cinco séculos, não só da emigração recente. Um registo bem-disposto, com humor, com piada”, acrescentou o editor. Para Chandeigne, este é um livro “recheado de episódios que podem fazer sorrir” e onde a história de Portugal se cruza com a história da capital francesa, de uma forma ligeira, descomprometida e divertida. Governantes, diplomatas, escritores, políticos, pintores, médicos, investigadores e anónimos que passaram por Paris estão representados na obra. “Os Portugueses em Paris, ao longo dos séculos e por bairro” foi escrito por Agnés Pellerin, com a colaboração de Anne Lima e Xavier de Castro, e tem ilustrações de Irene Bonacina. O novo álbum dos Xutos & Pontapés - intitulado, exactamente, “Xutos & Pontapés” - está no mercado desde as 00h00 de hoje. O trabalho serve para assinalar os 30 anos da banda e põe fim a cinco anos de “silêncio” em matéria de lançamento de originais da mais afamada bando do rock nacional. PUB CULTURA PÁG. Grupo Renascença GRUPO RENASCENÇA, 2009 13 Aclamação de D. João I foi “uma encenação” » Letícia Amorim Com o Mestre de Avis, mais duas candidaturas de filhos ilegítimos concorriam ao cargo de décimo rei de Portugal. Jogou a favor de D. João I, o facto de ter provas dadas como patriota e defensor dos interesses nacionais, mas não só. Estava tudo preparado para o aclamar como o décimo rei de Portugal, a 6 de Abril de 1385, nas Cortes de Coimbra, inaugurando, assim, a segunda Dinastia portuguesa, chamada de Avis. “Estavam presentes o clero, com uma dúzia de dignitários, 70 fidalgos e comitivas respectivas, mais procuradores de 21 vilas e cidades”, explica João Gouveia Monteiro, professor agregado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC) especializado em História Medieval. “As Cortes de Coimbra são uma encenação”, classifica, uma vez que “os representantes dos 21 concelhos estavam especialmente mandatados para elegerem o mestre de Avis, faltando nestas cortes concelhos que fossem contrários à causa do Mestre de Avis”, uma convocatória que “condiciona a eleição”, explica o professor. Portugal vivia um contexto de crise de sucessão desde 1383, ano da morte de D. Fernando I, que deixara apenas uma descendente, D. Beatriz, casada com D. Juan I, rei de Castela. D. Leonor Teles assumira a regência, mas a instabilidade política estava instalada com apoiantes e críticos de Castela. Um dos episódios mais marcantes deste período é o assassínio, pelo Mestre de Avis, do Conde Andeiro, galego com posição proeminente junto da rainha. Três partidos foram desenhando candidaturas à regência. O Rei de Castela, por via da sua mulher, com apoio das famílias nobres espanholas emigrantes da Guerra Civil. A nobreza tradicional portuguesa apoiava os filhos de D. Inês de Castro e D. Pedro I, em especial a do mais velho, D. João de Castro. A candidatura “mais aventureira” – classifica João Gouveia Monteiro – era a do Mestre de Avis, meio-irmão de D. Fernando I, e “que se autonomizou daquela a que se aproximou inicialmente”, a dos Castro. Era “apoiado por filhos bastardos, nobreza de segunda classe, burguesia mercantil com interesses atlânticos e que colocava a tónica numa possível aliança com Inglaterra que lhe trouxesse auxílio militar”, explica João Gouveia Monteiro. Dos ilegítimos, o mais honrado O povo estava muito dividido entre a primeira e a terceira candidaturas, mas é a argumentação do letrado João das Regras que acaba por decidir as Cortes de Coimbra. A argumentação de João das Regras vai no sentido de demonstrar que todos os candidatos eram ilegítimos. Assim, “do lado do partido castelhano, que não estava presente nas Cortes, D. Beatriz é filha ilegítima de D. Fernando, que casou com D. Leonor Teles, por sua vez já casada com o fidalgo João Lourenço da Cunha”. Os filhos de Inês de Castro e de D. Pedro resultaram de uma relação sem casamento, “por isso, a descendência era ilegítima”. Com estes argumentos, equiparava o reconhecido filho ilegítimo de D. Pedro I, o Mestre de Avis, à ilegitimidade dos outros candidatos, defendendo que se escolhesse, entre estes, aquele que tinha mais qualidades morais para ser rei, refere o professor. Desta forma, o Mestre de Avis ganha pontos, uma vez que já tinha sido aclamado pelo povo de Lisboa como “Defensor e Regedor do Reino” e tinha encabeçado a resistência de Lisboa ao cerco castelhano. “Quanto ao patriotismo, honradez e disponibilidade para desenvolver os interesses de Portugal, sem dúvida que o mestre de Avis sobressairia”. O auto de eleição de D. João I foi o início do reinado mais longo da História Medieval Portuguesa, prolongando-se até 1433. O primeiro acto para a “época dourada” A decisão saída das Cortes de Coimbra viria a permitir, explica o director do Instituto de História e Teoria das ideias da FLUC, “alargar horizontes”, depois de se alcançar a estabilidade militar com Espanha. A Época dos Descobrimentos poderia nunca ter acontecido, sustenta este especialista, se D. João I não saísse vitorioso das Cortes. Os projectos de D. Beatriz e rei de Castela eram menos virados para o mar, e mais para Castela” refere. A geração que toma o poder é “descomprometida relativamente à política tradicional portuguesa, nova, para a qual não estava previsto o acesso ao poder e com cunho militar muito acentuado que refrescou os quadros da nobreza medieval em Portugal”, diz o membro do Centro de História da Sociedade e da Cultura. “Se a causa do mestre de Avis não tivesse triunfado, primeiro em Coimbra e depois em Aljubarrota [derrotando em definitivo os espanhóis], provavelmente, a expansão quatrocentista nunca teria acontecido. “O braço armado” de D. João I, é, como o era antes da sua proclamação como rei, D. Nuno Álvares Pereira, Condestável. O primeiro reinado Avis é também marcado pela forte ligação à coroa britânica, tanto militar como comercial, muito por causa do casamento do rei com D. Filipa de Lencastre. Ao rei que é lembrado como “O de Boa Memória”, sucede D. Duarte I. PUB CULTURA PÁG. Efeméride GRUPO RENASCENÇA, 2009 Ténis Jornada fecha em Vila do Conde Frederico Gil sobe no ranking O Rio Ave recebe, esta noite, às 19h45, o Nacional da Madeira, no jogo que encerra a jornada 23 da I Liga. Sem vencer há três jogos, os vila-condenses querem ganhar para abandonarem a zona de despromoção. Já o Nacional entra em campo depois de dois jogos sem ganhar. Depois dos jogos do fim-de-semana, tudo ficou na mesma na liderança da tabela classificativa. Sporting e Benfica venceram ontem, depois de também o FC Porto ter vencido no sábado, frente ao Vitória de Guimarães. Fórmula 1 Button vence “meio” Grande Prémio PÁG. Diego Azubel/EPA 14 O tenista português Frederico Gil subiu quatro posições no ranking e já é o 70º melhor do mundo. Gil subiu na classificação graças aos pontos que conseguiu alcançar com duas vitórias no Open de Miami, onde foi eliminado pelo número 1 do mundo, o espanhol Rafael Nadal, que mantém a liderança do ranking. Já Rui Machado subiu duas posições, para o 136º posto. Michelle cai Jenson Button, da BrawnGP, venceu o Grande Prémio da Malásia de Fórmula 1, que terminou mais cedo devido à forte chuva que se fez sentir. Button que lidera o Mundial, venceu pela segunda vez, depois de já ter terminado em primeiro o Grande Prémio da Austrália. Ontem, a corrida foi interrompida, definitivamente, quando estavam cumpridas apenas 33 das 56 voltas previstas, devido à chuva que tornou completamente impraticável a pista do circuito de Sepang. Nick Heidfeld, da Sauber, terminou em segundo, enquanto que Timo Glock, da Toyota, subiu ao terceiro lugar do pódio. Nos lugares seguintes ficaram Jarno Trulli, Rubens Barrichello e Mark Webber. Lewis Hamilton, em McLaren, não conseguiu melhor que o sétimo posto. Entre as portuguesas, Michelle Larcher de Brito caiu para o 132º posto, enquanto Neuza Silva perdeu oito posição, caindo para o número 150 no ranking feminino. A bielorrussa Victoria Azarenka subiu ao oitavo posto do ranking WTA após a vitória no Open de Miami, sobre a norte-americana Serena Williams, a líder mundial. Rali de Portugal O francês Sébastien Loeb, em Citröen, alcançou o quarto triunfo consecutivo da temporada, ao vencer o Rali de Portugal, a quarta prova do Mundial. O pentacampeão do Mundo e actual líder do Mundial confirmou o triunfo na super especial de encerramento no Estádio do Algarve, à qual chegou com uma vantagem de 24 segundos sobre o segundo classificado, o finlandês Mikko Hirvonen, em Ford. Na terceira posição ficou o espanhol Daniel Sordo, em Citröen, colega de equipa do francês. O português Armindo Araújo, em Mitsubishi Lancer, foi nono da geral, mas venceu o agrupamento de Produção e ascendeu pela primeira vez ao comando do Mundial de Produção (PWRC). www.despfoto.com A festa de Araújo na vitória de Loeb No final do Rali de Portugal, Armindo Araújo prometeu mais vitórias nas próximas provas do PWRC. PUB DESPORTO I Liga GRUPO RENASCENÇA, 2009 ÚLTIMAS PÁG. 15 Água Presidência da República Aliança das Civilizações Março mais seco da década não prejudicou reservas Cavaco apela à cooperação face aos problemas do país Sampaio alerta para riscos da crise O Instituto da Água garante não existirem razões para restrições no abastecimento de água, apesar do mês de Março se ter revelado como o mais seco dos últimos onze anos. O presidente do Instituto da Água, Orlando Borges, disse hoje que as reservas existentes nas albufeiras dão garantias de quue não haverá qualquer tipo de problema. Até ao momento foram apenas identificadas duas situações de dificuldade - uma no Algarve, outra no Alentejo - relacionadas com a rega. O Presidente da República apela à classe política para que se una no essencial: nos esforços para superar as dificuldades que o país enfrenta. O apelo está inscrito no prefácio do terceiro livro dos roteiros presidenciais, o mesmo onde critica severamente os deputados pela aprovação do Estatuto dos Açores. No etxto, Cavaco Silva faz, mais uma vez, um apelo aos políticos para que deixem de lado divisões estéreis e procurem cooperar e juntar esforços para que o país vença as dificuldades que o afectam. O Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações, Jorge Sampaio, alertou hoje para o risco que a crise económica coloca aos objectivos de paz e convivência entre os povos. Sampaio, que falava na abertura do Segundo Fórum da Aliança das Civilizações, a decorrer em Istambul, assinalou que a crise económica “se alimenta dos mais vulneráveis”, que por isso podem cair na “desesperança” a na “radicalização”. O receio de que a crise provoque novos choques entre as culturas foi também, na altura, referido pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Olhares PA jo/EFE/E ilio Naran Foto: Em TERÇA QUARTA TEMPO Esta é a tradicional “foto de família” do Fórum da Aliança das Civilizações. Foi tirada à segunda tentativa porque, à primeira, falhou Zapatero. Já na Cimeira do G20 houve dificuldades para “bater a chapa”... Foto: Sim ela Pantza PA/EPA Agricultores gregos em protesto distribuiram, hoje, gratuitamente, leite, nas ruas de Atenas. LISBOA PORTO FARO COIMBRA 18ºC/10ºC 15ºC/7ºC 19ºC/10ºC 15ºC/9ºC 19ºC/8ºC 14ºC/9ºC 19ºC/10ºC rtzi/ANA/M 17ºC/5ºC Página1 é um jornal registado na ERC, sob o nº 125177. É propriedade/editor Rádio Renascença Lda, com o nº de pessoa colectiva nº 500725373. O Conselho de Gerência é constituído por João Aguiar Campos, José Luis Ramos Pinheiro, Luís Manuel David Soromenho de Alvito, Gonçalo Cruz Faria de Carvalho e Luiz Gonzaga Torgal Mendes Ferreira. O capital da empresa é detido pelo Patriarcado de Lisboa e Conferência Episcoal Portuguesa. Rádio Renascença. Rua Ivens, 14 - 1249-108 Lisboa. MADEIRA AÇORES 18ºC/14ºC 18ºC/13ºC 19ºC/15ºC 17ºC/14ºC