Águas subterrâneas: uso atual e potencial para a Segurança Hídrica Encontro Temático: Água, Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional São Paulo 23 e 24 de setembro de 2015 Osvaldo Aly Jr Engenheiro Agronomo Pesquisador Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas - USP Professor Desenvolvimento Territorial e Meio Ambiente da UNIARA – Araraquara - SP O que são e como funcionam os Aquíferos e as Águas Subterrâneas Diferenças entre rios de aquíferos • Rios possuem um pequeno armazenamento • Aquíferos apresentam uma gigantesca capacidade de armazenamento • Rios entregam instantaneamente uma grande quantidade de água • Aquíferos permitem a extração através de poços de pequena vazão • Rios são muito vulneráveis à contaminação • Aquífero são mais bem protegidos e uma alternativa de abastecimento pouco conhecida e explorada Fornecimento de água potável (extração ou nascentes) Turismo e lazer: estâncias hidrominerais, a contemplação de cavernas e paisagem Possíveis Serviços e Usos que a Humanidade Disfruta das Águas Subterrâneas e dos Aquíferos Fluxo de base que pereniza rios Garante irrigação, pesca/aquacultura, transporte fluvial, e geração de energia Suporte para biodiversidade (não iremos valorar para não dar dupla contagem) Reservação subterrânea de água de chuva ou tratada via a infiltração e recarga artificial Filtragem, Depuração e Atenuação de Contaminantes pelo sistema aquífero-solo Diluição de esgoto e transporte de sedimentos, evitando assoreamento e enchentes (fluxo de base) Diferentes Tipos de Poços de Extração de Água Quadro de Poços Tubulares existentes no País (informalidade) 323.171 poços tubulares no Meio Rural, IBGE 2006 225.868 poços tubulares, SIAGAS 2008 (para todo o Brasil) 476.960 poços tubulares estimativa 2013, Fonte SIAGAS/CPRM/ANA 70% dos poços são ilegais Barreira de Acesso Fora o trabalho de outorga Perfurar o poço custa entre R$ 80.000,- e 200.000,- Usos Rurais, Urbanos e na Indústria Uma fonte de abastecimento mais segura e mais para barata para grandes consumidores Agricultura irrigada –cuja água provém de poço cacimba ou tubular Destaque: fruticultura do Norte de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Ceará Maioria das INDÚSTRIAS utilizam água subterrânea; 52% das CIDADES - abastecidas totalmente (39%) ou parcialmente (13%) 81 milhões de brasileiros Principais Usuários Urbanos: hospitais, clubes, hotéis, condomínios e grande consumidores do setor de serviço Potencial dos Aquíferos e das Águas Subterrâneas para a Segurança Hídrica e a Segurança Alimentar “O acesso à água está relacionado com a diminuição da pobreza” “Existe uma co-relação entre concentração da terra e concentração da água” Relatório UNESCO – 2015 água para um mundo sustentável Aquíferos Brasileiros Quantidade de Água Subterrânea Disponível no Brasil 181 aquíferos e Sistemas Aquíferos Aflorantes com uma área de 9.020.569 km2 (Brasil possui 8.516.000 km²) 151 aquíferos e sistemas aquíferos têm potencial produtivo: Área de 6,486 km2 Recarga de 34,413 m3/s Potencial Explorável de 11.430 m3/s (valor não considera o que já está sendo explotado) Consumo Urbano em torno de 262 m3/s, Porém o uso industrial e agrícola são bem superiores Repensar o Sistema de Gestão e o Uso das Águas Uso Múltiplo e os Tipos de Consumo: humano, residencial, animais, irrigação na agricultura, lazer, energia (hidrelétrica e termoelétrica), diluição de esgoto, indústria, turismo, etc. Gestão Integrada – um conceito a ser incluído Pensar o uso integrado e sustentável das diferentes fontes de água: Superficial, subterrânea (recarga artificial), reuso (água tratada e lençol freático), chuva (retenção e reservação) Manejo integrado águas superficiais e subterrâneas Período úmido: uso da água superficial e o excesso pode ser infiltrado (após tratamento), recarregando o aquífero. Período seco: uso de água subterrânea, retirada do armazenamento Novos Métodos de Retenção e Reservação das Águas Desordem Hídrica e Riscos para a Segurança Hídrica e Alimentar a partir das Águas Subterrâneas Riscos Mais Comuns Relacionados às Águas Subterrâneas: superexplotação, uso e ocupação do solo, contaminação e falta de conservação • Rios perenes (pequenos e médios) secariam, pelo menos na estiagem, pois 30% (até 50%) do fluxo de base (vazão de inverno) tem origem na descarga dos aquíferos • Salinização dos mangues, os pântanos e lagos secariam. Ecossistemas desapareceriam, pois grande parte das plantas e animais dependem desses ecossistemas Interferência entre poços, causando conflito de usuários e até perda do recurso Hirata 2008 Contaminação das águas de poços Injeção de efluentes Resíduos sólidos Matéria prima Efluentes líquidos Agrotóxicos Fertilizante nitrogenado Embalagens usadas de agrotóxico El Niño, Consumo, Desperdício e Contaminação trouxeram e trarão mais desordens hídricas. Assim como as mudanças climáticas. Mas como as águas subterrâneas e outras águas poderiam auxiliar no enfrentamento dessas crises e aumentar a segurança hídrica nas cidades e no meio rural? Necessidades Para uma Política de Segurança Hídrica Urbana e Zona Rural Estabelecer a Relação entre Água Superficial e Subterrânea na Legislação Federal e dos Estados Mudar a forma histórica como no Brasil se dá o uso e ocupação dos solos Criar e aprimorar os canais de informação, comunicação e participação Empoderar os Comitês de Bacia Sistematização da Informação Existente (Base do Planejamento) Organizar uma Boa Base de Dados Formação de Quadros Profissionais nas diferentes áreas Fontes Aly Jr, O; Bertolo, R.; Hirata, R.; Puga, B.. Princípios da valoração dos recursos hídricos subterrâneos impactados por atividades contaminante. Temas de direito ambiental:discussões sobre a Lei 12651/2012. SP: Imprensa Oficilal/MP-SP, 2015 ANA. Conjutura Recursos Hídricos, 2013 Conicelli, B. P. Gestão das Águas Subterrâneas na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (SP) 2014. 163 f. Tese (Doutorado) – Instituto de Geociências – Universidade de São Paulo, São Paulo. Foster, S.;Hirata, R.; Gomes, D.; D’Elia, M; Paris, M. 2002. Groundwater quality protection: a guide for water service companies, municipal authorities and environment agencies. The World Bank. Washington (DC), 103 pp (Edições em espanhol e inglês). Foster, S. & Hirata, R. 1988. Groundwater pollution risk evaluation: a survey manual using available data. Pan American Center for Sanitary Engineering and Environmental Sciences PAHO/WHO Lima, Peru 98 pp (edições em inglês, castelhano e português)(2a edição em castelhano 1991 e em inglês) Hirata, R. Carga contaminante y peligro a las aguas subterráneas. Revista Latino-Americana de Hidrogeologia. 2:81-90, 2012 _____, R. Bastos, C.; Rocha, G. (Coord.). 1997. Mapa de vulnerabilidade das águas subterrâneas no Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente. São Paulo 2 vols. ____. Recursos hídricos. In Teixeira et al (Editores). Decifrando a Terra. Capítulo 20. Oficina de Textos.. 2000 _______.Foster, S.; Oliveira, F. Águas Subterrâneas Urbanas no Brasil: avaliação para uma gestão sustentável. SP: FAPESP/IGC-USP/CEPAS, 2015 Rebouças, A. Uso Inteligente Da Água. SP: Editora Escrituras, 2004 Osvaldo Aly Junior [email protected]