Elogio do Doutorando Honoris Causa, Prof. Manuel Ferreira De
Oliveira
- Eng. João Paulo Oliveira
A Universidade de Aveiro, através do seu Reitor, incumbiu-me de fazer a
apresentação do Sr. Eng. Manuel Ferreira de Oliveira, a quem o Conselho Científico
decidiu, por unanimidade, atribuir o título de Doutor Honoris Causa.
A conferência do grau de Doutor Honoris Causa é considerada um dos atos mais
nobres e emblemáticos realizados por esta instituição. É por isso para mim, uma
grande honra, mas também uma alegria e uma enorme responsabilidade, estar aqui
perante vós a apadrinhar o Eng. Ferreira de Oliveira.
Considero e sei que muitos comungam da mesma opinião, que o Eng. Ferreira de
Oliveira é um dos melhores gestores portugueses e dos portugueses mais
prestigiados a nível internacional. Não tenho dúvida que muito do prestígio da GALP
se deve à sua capacidade de estabelecer laços e redes por onde passa.
Mas, não está só em causa o profissional de sucesso, mas sim o homem com H
grande, que quero começar por apresentar. É uma pessoa com fortes ligações a
Portugal e ao Norte, apesar de ter vivido em vários períodos na Venezuela e no
Reino Unido. Casado com Maria Teresa Oliveira desde 1971, é conhecido por ser
um pai extremoso, que acompanha de perto a vida e a carreira dos seus filhos, que
à semelhança do pai possuem um espírito empreendedor. A partir de uma pequena
unidade industrial perto de Aveiro, marcam presença no ramo do mobiliário de
design em todos os cantos do mundo. É também um avô babado, que não perde
uma oportunidade de passar por Londres, onde de resto tem de ir com frequência,
para ver as suas queridas netas. E quando o Engenheiro, como carinhosamente o
tratam as pessoas que com ele trabalham, fala da atividade dos filhos, os seus olhos
brilham, revelando toda a sensibilidade e simplicidade da sua pessoa.
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O Engenheiro, designação que agora passarei a adotar, licenciou-se em Engenharia
Eletrotécnica, ramo de correntes fortes, pela Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto em 1971. Como docente, teve sempre uma preocupação em
estar ligado a problemas concretos da engenharia, nomeadamente em relações
empresariais, tendo trabalhado na Direção Geral de Fiscalização Elétrica. Em 1973,
rumou para o Reino Unido, onde fez o Mestrado em 1974 e depois, vir-se-ia a
doutorar em 1976 em análise de redes elétricas pela Universidade de Manchester.
Quando regressou a Portugal, constituiu um grupo de investigação designado por
Grupo de Análise, Otimização e Fiabilidade de Redes Elétricas com conhecidos
Docentes, dos quais destaco Joaquim Borges Gouveia, Pereira da Silva, Vladimiro
Miranda, Manuel Matos, Armando Campos e Matos e Vitor Batista, hoje aqui
connosco. Introduziram metodologias e ferramentas - os antigos computadores
WANG entre outras - que revolucionaram o ensino das chamadas correntes fortes,
criando uma equipa de trabalho que tão rápida como facilmente cresceu, deu frutos
e se internacionalizou, tornando-se num centro de investigação que ainda hoje dá
frutos e bebe da raiz do seu fundador, o Prof. Dr. Manuel Ferreira de Oliveira,
conhecido entre os seu alunos e docentes pelo MFO, para distinguir do MFA, tanto
em voga na altura. Época espetacular de novas ideias, de novos conhecimentos
numa completa partilha do seu conhecimento, numa ânsia para que cada membro
do seu grupo se transformasse num poço de conhecimento, tão rapidamente como
lhe aconteceu a ele próprio, na sua passagem por Manchester. Dizia entusiasmado
no seu canto da FEUP - quero partilhar tudo o que sei convosco para poder
aprender outras coisas.
Em 1980, decidiu dar um rumo diferente à sua carreira profissional e candidatou-se
através de um anúncio no jornal “o Expresso”, a um lugar na empresa de Petróleos
da Venezuela, tendo sido contratado, apesar de não ter qualquer experiência na
indústria dos hidrocarbonetos e foi trabalhar como engenheiro num dos campos de
extração da empresa em Maracaibo. A sua experiência como Engenheiro na área de
fiabilidade permitiu-lhe desenvolver um trabalho muito inovador à época sobre a
fiabilidade em equipamentos de reserva de compressão de ar, tendo obtido
resultados espetaculares. Foi este sucesso no campo que chamou a atenção da
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Administração da empresa em Caracas, que rapidamente o chamou e promoveu a
responsável do Departamento de Planeamento na capital, não tendo mais deixado
de evoluir na empresa.
Foi Administrador, já em Londres, de uma Joint-Venture entre a BP e a Petróleos da
Venezuela, no desenvolvimento de um novo produto petrolífero designado por
Orimulsion. A partir da sua responsabilidade de Londres, foi administrador de várias
empresas espalhadas por várias cidades Europeias, nomeadamente Haia,
Estocolmo, Düsseldorf.
Em 1995 decide aceitar o desafio que lhe foi lançado pelo então Ministro da Indústria
e Energia, Eng. Mira Amaral, e pelo então Secretário de Estado da Energia, Dr. Luís
Filipe Pereira, para presidir a Comissão executiva da Petrogal e regressa a Portugal.
Entre 2000 e 2006, foi Presidente do Conselho de Administração e da Comissão
Executiva da UNICER, SA. Impulsionado pelo seu reconhecido entusiasmo pelo
negócio, foi responsável pelo crescimento da Unicer e pela expansão da actividade
da Unicer nas águas, nos vinhos, nos cafés e no Turismo através de aquisições
selectivas de outras empresas no mercado. E, sendo a Internacionalização um dos
objectivos fundamentais da Unicer, foi também durante esse período que o negócio
das cervejas e águas sofreu um grande incremento em Angola.
Sendo “ele” próprio um académico, dinamizou a ligação da Unicer às universidades
levando a parcerias muito importantes para a concretização da aposta na Inovação.
Só a título de exemplo, a Unicer registou diversas patentes, entre as quais um
método completamente novo de produção de cerveja sem álcool. E, foi durante este
período que muitos dos produtos do portfolio da Unicer foram lançados no mercado.
A sua paixão pelo sector levou-o a criar por um lado a confraria da cerveja, - um
grupo de amigos que se juntam para festejar e defender a cerveja e por outro, o
IBESA - um instituto criado com as diferentes universidades com o objetivo de
incentivar a investigação à volta da saúde e dos diferentes tipos de produtos da
Unicer.
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Quero deixar uma nota pessoal, porque foi neste período que conheci o Engenheiro.
Uma vez por ano, a AEP organizava em Vidago, e a Unicer era a anfitriã, os
famosos encontros de Vidago, que tinham o mérito de juntar empresários e gestores
das maiores e mais importantes empresas em Portugal, num período de dois dias
para pensar, refletir e discutir o futuro da economia Portuguesa. Impressionou-me a
simplicidade e a amizade com que nos recebeu e mesmo eu, na altura um jovem
que estava a dar os primeiros passos no topo de uma organização, fui por ele
recebido (quero dizer aceite) como se já nos conhecêssemos há vários anos e como
se eu fizesse parte daquele grupo há décadas. Agradeço-lhe por isso!
Em Abril de 2006, regressa à GALP onde é desde então Presidente da Comissão
Executiva. É principalmente nesta sua segunda passagem, que, com a sua visão
estratégica, persistência e capacidade de “fazer acontecer”,
tornou a GALP na
empresa que é hoje, uma empresa de Petróleo e Gás integrada e global, respeitada
pelos mercados internacionais, considerada uma das mais promissoras do seu
ramo, não só pelos ativos que detém em Petróleo e Gás, mas também pela sua
capacidade de se associar às empresas mais importantes do setor. Este facto revela
bem a sua capacidade de relacionamento, conforme referi no início desta
apresentação.
O Engenheiro manteve sempre uma forte ligação às Universidades em Portugal. Foi
Professor Catedrático da FEUP e mais tarde membro do Conselho Geral da
Universidade do Porto. Desde 2007, é Professor Catedrático Convidado da nossa
Universidade.
Para terminar, quero destacar que é o principal impulsionador do Instituto de
Petróleo e Gás da qual a Universidade de Aveiro faz parte entre outras, que obteve
em tempo record o despacho sobre a idoneidade científica para poder fazer
Investigação e Desenvolvimento nas áreas do petróleo e gás, com o apoio expresso
do Governo Português.
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Como membro do Conselho Geral da Universidade de Aveiro, condição que muito
me honra, quero em nome de toda a Universidade agradecer publicamente o intenso
suporte que a GALP tem prestado à nossa Universidade e em especial a si,
Engenheiro Ferreira de Oliveira, pelo empenho pessoal que tem colocado nesta
parceria, cujo sucesso tem sido diversas vezes comprovado.
Senhor Reitor, Caros Colegas e amigos, estamos perante uma figura invulgar,
profissional excecional, homem de valor e valores, com grande sensibilidade,sentido
de responsabilidade social, um homem, descrito por muitos, como um homem de
“grande coração”. Em nome da comunidade universitária aveirense, solicito ao
Excelentíssimo Senhor Reitor que se digne a conceder o título de Doutor Honoris
Causa pela Universidade de Aveiro ao Senhor Engenheiro Manuel Ferreira de
Oliveira.
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Discurso João Paulo Oliveira