Flávia Gomes Batista de Carvalho Franco
O INSTITUTO PESTALOZZI DE GOIÂNIA – IPG, foi fundado em 25 de janeiro
de 1955. O nome foi uma homenagem ao educador suíço Joham Heinrich Pestalozzi
(1746-1827).
Trata-se de uma instituição de caráter totalmente público que atende alunos com
necessidades educacionais especiais, residentes em Goiânia e cidades
circunvizinhas.
O I.P.G. é uma escola de ensino especializado, que tem como objetivo proporcionar
uma ação humanitária de integração social, que permita a criança e ao adulto
excepcional um ensino de qualidade que facilite sua integração no meio social.
O I.P.G. conta com setores de: Estimulação Precoce(0 a 6 anos), Estimulação
Essencial Permanente (a partir de 6 anos), Centro de Apoio Pedagógico a alunos
especiais inclusos na rede regular de ensino, Oficinas Pré-Profissionalizantes,
Projeto Refazer( destinado a alunos autistas), Educação Adaptada para deficientes
visuais, Música, Informática Educativa, Educação Física, Brinquedoteca, Setor
Médico (através de parcerias com universidades) com equipe multidisciplinar:
fonoaudiologia, psicologia, enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, e
odontologia todos em caráter preventivo.
O nº de alunos é de 370 matriculados na Instituição, distribuídos em dois
turnos e cerca de 60 alunos-pacientes (matriculados em outra Instituição,
que recebem apoio em um dos setores do I.P.G.).
O I.P.G. atende pessoas com deficiência mental severa, múltipla, portadores
de síndromes e/ou outros atrasos do desenvolvimento.
O I.P.P. é a única escola estadual, em Goiânia, direcionada somente a pessoas
com necessidades especiais.
Para essa atividade contamos com a participação de todos os educadores do
turno matutino, que direta ou indiretamente foram envolvidos no processo de
realização, seja na execução das atividades ou na elaboração do perfil dos
alunos. E com a participação dos alunos, posteriormente citados.
As atividades foram planejadas e conduzidas pela professora e coordenadora
do Laboratório de Informática Educativa: Flávia Gomes.
O laboratório é composto de 6 computadores com kit multimídia, 1 scanner
de mesa, 1 impressora laser monocromática, ar condicionado, mesas e
cadeiras para escritório comuns, não há adaptações físicas ainda, pois foi
implantado há apenas 1 ano e meio e estamos aos poucos, fazendo as
aquisições e implementações necessárias.
LABORATÓIO DE INFORMÁTICA EDUCATIVA
PROFESSORA:FLÁVIA G. B. DE C. FRANCO
01- TRABALHANDO COM O WORD
CONFECÇÃO DE CONVITE PARA FESTA JUNINA:
ALUNA: Ana Paula, 26 anos, aluna com Deficiência Mental Moderada.
Freqüentou a escola regular quando criança, alfabetizada, com boa
socialização. Adora Informática Educativa.
PROPOSTA: Confeccionar um convite para a festa junina de nossa escola.
Realizar pesquisas na Internet para escolher a figura ilustrativa do
convite. Utilizar o editor de textos WORD para escrever o convite.
REALIZAÇÃO: Cada turma, conforme horário pré-estabelecido, foi levada
ao Laboratório de Informática com o propósito de criar um convite para a
festa junina da escola. Primeiro fizemos uma busca na Internet afim de
encontrar a melhor imagem. Depois de escolhida a imagem, cada aluno
escreveu seu texto. Uns precisaram de ajuda, pois não são alfabetizados
e outros escreveram com independência, fazendo os “ajustes” necessários
posteriormente.
A aluna Ana Paula escolheu uma figura onde os personagens eram
portadores de síndrome de Down. Como a mesma tem colegas cegos, achei
pertinente e sugeri alterar a imagem, acrescentando óculos e bengala a
um dos personagens. A aluna aprovou a idéia e o resultado ficou ótimo.
AVALIAÇÃO: O objetivo foi alcançado, pois os convites foram
confeccionados de forma personalizada, impressos e entregues aos alunos
para que os mesmos os entregassem aos destinatários escolhidos por eles.
CONCLUSÃO:
“É PRECISO RESPEITAR O POTENCIAL CRIATIVO DE CADA ALUNO,
POIS QUANDO LHES SÃO OFERECIDAS OPORTUNIDADES
ADEQUADAS, ESTES CONSEGUEM NOS SURPREENDER
POSITIVAMENTE”
PRODUÇÃO DA ALUNA
CONVITE PARA FESTA JUNINA:
QUERIDOS AMIGOS
CONVIDAMOS PARA NOSSA QUADRILHA DIA 28/06 ÀS 17 HORAS
NO INSTITUTO PESTALOZZI DE GOIANIA
VAI SER NOSSA MAIOR ALEGRIA TER VOCÊ EM NOSSA COMPANHIA
AGRADEÇO DO FUNDO DO CORAÇÃO
OBRIGADA POR PRESTIGIAR A NOSSA ESCOLA.
UM ABRAÇO DE ANA PAULA
02-TRABALHANDO COM O SOFTWARE:
COELHO SABIDO I
- Bingo dos Bebês/Filhotes
DESCREVENDO A ATIVIDADE:
ALUNA: Janine, 17 anos, aluna com Deficiência Mental e Cegueira. Iniciou sua
vida escolar na rede regular de ensino. A mãe relata que a experiência nesse
ambiente não foi positiva. Em seguida, foi encaminhada ao CAPES – Centro
de Apoio ao Portador de Necessidades Especiais, a intenção era aprender
Braille. Devido a existência de outra deficiência, além da cegueira, Janine
não conseguiu aprender esse sistema. Janine foi então encaminhada a nossa
Instituição e desde então tem freqüentado a sala do Projeto Refazer
Adaptado para Deficientes Visuais. Hoje, ainda não é alfabetizada, mas
consegue realizar atividades pedagógicas importantes.
Apresenta resistência ao toque, mas é sociável e comunicativa. Adora
Informática Educativa.
PROPOSTA:
Identificar o animal através do som que ele faz (discriminação auditiva).
Quando identificados os animais da tela em execução, os personagens
filhotes cantam uma canção para seus pais. Encerrada a canção o software
oferece uma nova tela, com outros tipos de animais.
MODELO DA TELA PRINCIPAL DA ATIVIDADE;
BINGO DOS BEBÊS:
Quem está chorando? É um filhote na cesta! Ouça os sons que ele faz. Cada
animal emite um som diferente. Leve a cesta até os pais do bebê. Ouça e
então leve a cesta novamente até que todos os pais estejam com seus
filhotes. Agora todos estão felizes – incluindo você! Outros animais
aparecerão para que o jogo continue. Pressione o teclado para ouvir o som de
um filhotinho na cesta e ele irá mover-se até os pais.
A tarefa consiste em identificar a voz do filhote e apertar a tecla para que
ele encontre o seu pai. Os professores auxiliam os alunos no direcionamento
do mouse. As turmas de alunos com deficiência visual (associada a outras
síndromes) possui apenas 4 alunos e dois educadores. O que facilita o
trabalho individualizado no laboratório .
AVALIAÇÃO: Essa atividade desenvolve a acuidade auditiva, a coordenação
espacial, estimula a linguagem (os alunos imitam os sons ouvidos e cantam as
canções dos animais), aborda conteúdos pedagógicos (animais,
características, filhotes), além disso todos se divertem e com certeza,
aprendem.
CONCLUSÃO:
“O FATO DE NÃO ENXERGAR NÃO INIBE A IMAGINAÇÃO, NEM
ANULA A CAPACIDADE DE PERCEBER O MUNDO. TÃO POUCO
IMPLICA EM NÃO APRENDIZAGEM”.
OBSERVAÇÃO:
NO TRABALHO REALIZADO EM SALA DE AULA (COM ALUNOS DVs),
TODOS OS MATERIAIS SÃO MINIATURIZADOS. O QUE FAVORECE
NO REFORÇO DOS CONTEÚDOS TRABALHADOS NO LABORATÓRIO.
03- ATIVIDADE USANDO O AUDACITY
POUT-PORRIE DE SÃO JOÃO
ALUNOS: Alunos das oficinas pré-profissionalizantes, todos com mais de 15
anos. Diagnóstico: Deficiência Mental Moderada. Alguns alunos são
alfabetizados, mas a maioria só registra o nome.
PROPOSTA: Gravar um CD de áudio com músicas de tradição Junina
interpretadas pelos alunos.
REALIZAÇÃO: Conforme projeto coletivo, os professores trabalharam em sala
de aula as tradições das festas juninas, abordando diferentes aspectos:
dança, canções, trajes, comidas, etc. Solicitei que cada aluno de uma
determinada turma (oficina de Bijuterias) escolhesse a música que gostaria
de interpretar no CD a ser gravado. Depois de escolhidas as músicas, usamos
o programa Audacity para gravá-las. Cada aluno cantou sua música escolhida,
depois eu as editei, tirando os intervalos mudos. Então copiamos todas as
canções em um CD, criando um “Pout-Porrie Junino”.
AVALIAÇÃO: A atividade foi difícil, tivemos que gravar individualmente,
mas muito divertida. Todos se envolveram e empenharam em fazer o
melhor possível. As canções ficaram ótimas nas vozes dos alunos.
CONCLUSÃO: Como os alunos são todos jovens e adultos as cantigas
juninas ficam de certa forma “chatas”, pois a maioria delas pertence ao
universo infantil. Interpretá-las e depois ouvir a sua própria voz
cantando essas canções mudou totalmente o contexto da atividade,
tornando as canções mais divertidas e apropriadas.
“Puxa, minha voz parece de cantor de verdade!”
Disse Sebastião Pedro ao ouvir sua voz interpretando a música que
escolheu cantar.
SEBASTIÃO PEDRO GRAVANDO NO AUDACITY:
04-EXPLORANDO O SOFTWARE: MENINO CURIOSO
TRABALHANDO COM O TANGRAN NO MENINO CURIOSO
ALUNO: João Henrique, 15 anos, aluno com a Síndrome de Autismo Clássico.
Nunca freqüentou o ensino regular, não é alfabetizado, mas consegue
realizar atividades pedagógicas com ajuda. Adora Informática, até ganhou
um computador de aniversário. João Henrique é muito bom em atividades
com tangran, quebra-cabeça e figuras geométricas.
PROPOSTA: Encaixar as figuras do tangran de forma a montar uma cena.
REALIZAÇÃO: O aluno deveria encontrar as peças e ir encaixando-as nos
lugares corretos de maneira a montar uma determinada cena. João adora
esse tipo de atividade, mesmo as cenas complexas ele consegue montar com
rapidez. A professora está trabalhando a capacidade de atenção,
concentração e a habilidade motora fina com esse aluno. Escolhi a atividade
do Software Menino Curioso para ajudá-lo a conquistar esses objetivos.
AVALIAÇÃO: O aluno conseguiu realizar a atividade sem intervenção da
professora. Manipulou corretamente o mouse e ficou extremamente
concentrado. Cada vez que montava uma cena, recorria ao professor (apenas
com o olhar) demonstrando querer outro desafio. Ao completar 20 minutos na
atividade, o aluno se cansou, levantou e saiu do laboratório em direção à sala
de aula. Quando tentei convencê-lo a ficar, ele protestou sentando no chão e
abaixando a cabeça entre as pernas. Era hora de finalizar a atividade.
CONCLUSÃO: Mesmo que o aluno goste da atividade e que a mesma seja
importante para o seu desenvolvimento cognitivo, o professor deve
perceber o tempo de interesse e produtividade do aluno, respeitando
tanto suas potencialidades quanto suas limitações.
05- EXPLORANDO O TUX PAINT
ALUNO: Verbênia, 16 anos, (com paralisia cerebral desde o nascimento),
apresenta quadro de tetraplegia mista, associado a retardo mental e
síndrome epilética com crises convulsivas, além de sialorréia. Verbênia é
uma mocinha vaidosa, sociável e meiga. Apresenta suas emoções com
intensidade: se está feliz ela sorri, grita, levanta os braços e até dá
“saltinhos” na cadeira de rodas. Porém se está triste, chora copiosamente e
faz “pirraça”, aumentando o processo de salivação.
PROPOSTA: Realizar movimentos motores com as mãos, de maneira intencional
e com independência.
REALIZAÇÃO: A aluna demonstra muito interesse pelo computador. A mesma
realiza poucas atividades usando o domínio das mãos (devido ao tônus
muscular), o programa Tux Paint foi sugerido à aluna com a intenção de
exercitar a musculatura dos braços e mãos, buscando melhorar o controle
dos movimentos. Verbênia já utilizava o Paint, mas se encantou com Tux
Paint, demonstrando entusiasmo com relação a variedade de sons e efeitos
de cores.
AVALIAÇÃO: A aluna permaneceu envolvida na atividade por 45 minutos
(tempo da aula no laboratório), conseguiu realizar movimentos intencionais
com total autonomia, claro que esses movimentos foram bem lentos, porém a
aluna parava para descansar e retomava o movimento sem nenhuma
intervenção da professora. A cada novo “traçado” a aluna sorria e até
gritava de entusiasmo. O objetivo foi alcançado com sucesso.
CONCLUSÃO: Por diversas vezes observa-se a pessoa com paralisia
cerebral que faz uso da cadeira de rodas com atitude de pena, como se
aquele indivíduo não tivesse vontades e tão pouco possibilidades. A cada
dia, percebo que assim como Verbênia, outros alunos “cadeirantes”
rompem uma barreira e nos mostram sua grande capacidade de se
relacionar afetuosamente, de querer e compreender o mundo a sua
volta, e principalmente, nos provam que a aprendizagem também é real
e significativa para eles.
Verbênia “às gargalhadas” – no Tux Paint
Colei uma fita adesiva no mouse
para mantê-lo pressionado, pois
aluna não consegue realizar o
movimento do clique, sozinha.
REFLEXÕES:
Toda mudança provoca no indivíduo uma série de sentimentos; medo,
ansiedade, expectativas, frustrações, conquistas... Esses sentimentos
se misturam, confundindo o indivíduo, que muitas vezes recua antes
mesmo de atingir o estágio das frustrações. Para este indivíduo, a
situação é de certa forma “cômoda”, o que ele ignora é que ao recuar
está abrindo mão não só das frustrações, mas principalmente das
conquistas que poderia alcançar.
O Laboratório de Informática é uma conquista da Instituição, de
todos que a compõem (profissionais, alunos, pais, comunidade), mas é
apenas a primeira de uma série de conquistas que ainda
concretizaremos nesse setor. É esse o pensamento compartilhado por
todos os profissionais do I.P.G.. Estamos dispostos aos conflitantes
sentimentos que permeiam a batalha, pois temos convicção de que
alcançaremos a vitória.
CONCLUSÃO:
Ao final deste trabalho, analisando todas as ações desenvolvidas e as
conseqüências decorrentes, chego à conclusão de que faz-se necessário a
implementação de um novo Plano de Ação Pedagógica para o Laboratório de
Informática Educativa.
Tal plano buscará ressignificar o processo de aprendizagem por nós
defendido, implementando ações inovadoras e interessantes para o aluno e
também para os educadores.
Através do curso Proinesp tive acesso a vários recursos teóricos e práticos,
os quais já vêm beneficiando a toda comunidade escolar. É preciso difundilos e torná-los disponíveis ao maior número de envolvidos possível. E creio
que a melhor maneira de fazê-lo é através de um plano de ação pedagógica.
Como em nossa Instituição todos os projetos são discutidos coletiva e
democraticamente, acredito que essa implementação se efetivará e trará
resultados positivos em todas as áreas do conhecimento: cognitiva, social,
biológica e afetiva.
AGRADECIMENTOS:
Aproveito a oportunidade para agradecer aos nossos queridos formadores:
Roberto, Andréia e em especial à doce Patrícia. Agradeço também aos
colegas online, a companheira Terezinha, a todos os profissionais da
Instituição que apoiaram e contribuíram com nosso trabalho e em especial
aos nossos alunos. Eles são a minha motivação. Com seus sorrisos,
comentários e disposição para aprender, esses alunos fazem com que a cada
dia eu busque mais qualidade em meu fazer pedagógico.
Sou grata a Deus pelas portas que ele tem aberto em minha vida
profissional, esse curso é com certeza, a maior benção que recebi nessa
área, nos últimos anos.
Obrigada.....
Quero que minha princesa
cresça num mundo bonito,
democrático e justo. É
meu dever contribuir
para que esse mundo
exista...
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