Sexta-feira e fim de semana
9, 10 e 11 de janeiro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
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Novo presidente da FEE é
contrário ao piso regional
Economista Igor de Morais promete contribuir, já nas próximas
semanas, com o debate sobre o aumento no salário-mínimo
Roberta Mello
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Nomeado nessa quinta-feira
à tarde pelo governo do Estado
para a presidência da Fundação de
Economia e Estatística do Estado
(FEE), Igor Alexandre Clemente
de Morais assumirá a direção do
órgão com a missão de dar mais
subsídios às secretarias na tomada de decisões. O economista admitiu, em entrevista ao Jornal do
Comércio, ser contrário à existência do salário-mínimo regional enquanto instrumento para diminuir
a desigualdade social e crescimento e afirmou que “não tem nada
que justifique um reajuste de 16%
no piso regional”.
“Esse é um dos pontos que
espero poder contribuir bastante
já nas próximas semanas”, disse,
dando sinais de que entrará no
já acalorado debate sobre o tema.
Para ele, não existe motivo para
um aumento tão superior a qualquer índice de inflação.
Ao tomar posse na quarta-feira, o novo secretário do Trabalho, Miki Breier, apoiou o mínimo
regional e se comprometeu a defender junto à Casa Civil e à Procuradoria-Geral do Estado (PGE) sua
implementação. O reajuste de 16%
foi sancionado pelo ex-governador
Tarso Genro (PT) em dezembro e
vem sendo amplamente discutido
pelas principais entidades empresariais — sobretudo a Fecomércio-RS, que entrou com uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade
(Adin) pedindo a anulação da medida. O governador José Ivo Sartori (PMDB) ainda não se manifestou
oficialmente sobre o assunto.
Ao falar sobre o trabalho desenvolvido pela fundação, Morais
salientou: “Não sou um corpo estranho, nem ela é estranha para
mim”. Apesar de ter tido uma carreira profissional fora dos órgãos
públicos e da direção da FEE em
especial, ele avisou que conhece a
entidade e muitos dos que trabalham por lá, e excluiu totalmente
a possibilidade de extinguir algum dos estudos e indicadores já
consolidados. Entretanto, novas
pesquisas devem ser criadas para
ampliar o material de consulta disponibilizado ao governo e à sociedade gaúcha.
Prestes a assumir uma das
entidades decisivas na tomada de
decisões sobre as contas estaduais,
Morais lembrou que o Rio Grande
do Sul enfrenta grandes dificuldades financeiras. “As diretrizes
EMMANUEL DA ROSA/PALÁCIO PIRATINI/JC
GESTÃO
Morais admite que Estado enfrenta grandes dificuldades financeiras
repassadas a todos são de que
estamos diante de dificuldade. As
mudanças vão ter de esperar. Mas
tenho certeza que com a equipe
que temos dá para fazer muita coisa”, destacou.
Em 19 de dezembro do ano
passado, 31 servidores aprovados
em concurso público realizado em
maio passaram a integrar o quadro funcional da casa. A expectativa era de que mais pessoas fossem
incorporadas ao quadro devido ao
déficit de pessoal.
Doutor em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (Ufrgs), Morais é economista-chefe da Vokin Investimentos,
situada em Porto Alegre, e diretor
de Estudos e Pesquisas Econômicas do Instituto Latino-Americano
de Desenvolvimento Econômico
Sustentável (Ilades). Atualmente, é
professor do Programa de Pós-Graduação em Economia da Unisinos
e consultor econômico do Sindicato das Indústrias de Artefatos de
Borracha no Rio Grande do Sul e
do Sindicato das Indústrias Metalmecânicas e Eletroeletrônicas de
Canoas e Nova Santa Rita. Atuou
durante 12 anos como economista da Fiergs, dos quais oito anos
como economista-chefe.
Morais se reúne nesta sexta-feira com o atual presidente da
FEE, Adalmir Marquetti, para dar
andamento à transição.
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