Sumários Revista Crítica 93 (2011)
David Alexander
Modelos de vulnerabilidade social a desastres
Neste artigo discutem−se as bases teóricas da avaliação da vulnerabilidade
social aos desastres e mostra−se que a vulnerabilidade é a componente mais
importante do risco e o elemento principal dos impactos dos desastres.
Recorre−se a um modelo de metamorfose cultural para explicar as mudanças e
as discrepâncias nas atitudes em relação aos desastres e aos processos de
recuperação, que é aplicado à análise do caso do terramoto de L'Aquila.
Propõe−se um novo modelo em que a cultura e a história se combinam com os
perigos físicos para influenciar a vulnerabilidade.
Marcelo Firpo de Souza Porto
Complexidade, processos de vulnerabilização e justiça ambiental: um
ensaio de epistemologia política
O artigo discute as potencialidades e limites do conceito de vulnerabilidade
utilizado na análise integrada de problemas socioambientais. Concentra−se em
duas perspectivas: a primeira tem origem na proposta da ciência pós−normal,
entendida como uma nova base epistemológica e metodológica para a análise e
enfrentamento de problemas ambientais complexos. A segunda incorpora os
contributos de autores que têm atuado na discussão teórica e prática militante
em torno dos conflitos ambientais, em especial junto à Rede Brasileira de
Justiça Ambiental.
Susan L. Cutter
A ciência da vulnerabilidade: modelos, métodos e indicadores
O artigo descreve os instrumentos e os métodos para medir e cartografar a
exposição ao risco (vulnerabilidade física), a medição e a cartografia da
propensão das populações para os riscos (vulnerabilidade social) e a
intersecção desses dois aspectos nas análises baseadas nos locais. A
intersecção da vulnerabilidade física e da vulnerabilidade social cria a
paisagem dos riscos (hazardscape) que, por sua vez, ajuda os investigadores a
compreender os impactos diferenciados dos riscos e dos desastres nos locais e
nos respectivos habitantes.
Alexandra Aragão
Prevenção de riscos na União Europeia: o dever de tomar em
consideração a vulnerabilidade social para uma protecção civil eficaz e
justa
Neste artigo defende−se que conceber as políticas de protecção civil de modo a
proteger quem mais precisa (tanto no momento da crise como no período de
recobro), além de mais justo, é mais eficaz. O conhecimento das
vulnerabilidades e da resiliência dá origem a uma protecção civil mais
sustentável nos planos social, ambiental e até económico, permitindo legitimar
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estratégias de protecção civil, racionalizar recursos, hierarquizar objectivos e
fundamentar prioridades.
José Manuel Mendes, Alexandre Oliveira Tavares, Lúcio Cunha e Susana
Freiria
A vulnerabilidade social aos perigos naturais e tecnológicos em Portugal
O artigo apresenta um novo modelo de análise da vulnerabilidade social aos
perigos naturais e tecnológicos, utilizando um índice que incorpora duas
dimensões de avaliação: as vulnerabilidades das populações e comunidades
(criticidade) e a vulnerabilidade territorial (capacidade de suporte). Com base
na aplicação desse índice ao sistema territorial de Portugal continental,
defende−se que a cartografia das áreas e dos grupos mais vulneráveis, bem
como a identificação dos factores desencadeantes, podem constituir um
contributo relevante para os programas de ordenamento e de planeamento
destinados a mitigar os riscos e as vulnerabilidades do território.
Jörn Birkmann, Korinna von Teichman, Torsten Welle, Mauricio
González e Maitane Olabarrieta
O risco não percepcionado para as zonas costeiras da Europa: os tsunamis
e a vulnerabilidade de Cádis, Espanha O desenvolvimento de estratégias
apropriadas de redução de riscos e de vulnerabilidades para lidar com os riscos
de tsunamis é um desafio importante para países, regiões e cidades a eles
expostas. Este artigo descreve a forma como os riscos da ocorrência de
tsunamis e, em particular, a vulnerabilidade a esses riscos podem ser avaliados
e medidos. Com o objectivo de destacar os desafios e lacunas com que uma
avaliação deste tipo tem de lidar, apresenta−se um estudo de caso relativo à
avaliação de vulnerabilidade na cidade de Cádis.
Alexandre Oliveira Tavares, José Manuel Mendes e Eduardo Basto
Percepção dos riscos naturais e tecnológicos, confiança institucional e
preparação para situações de emergência: o caso de Portugal continental
O artigo avalia a percepção dos riscos em Portugal continental e o grau de
confiança institucional, recorrendo a um inquérito a uma amostra
representativa dos cidadãos portugueses maiores de idade. Os resultados
mostram o papel crucial da diferenciação territorial e da escala nos riscos
percepcionados. A avaliação do grau de confiança institucional em caso de
desastre mostrou um elevado nível de confiança nas instituições de emergência
e socorro, assim como uma apreciação positiva sobre as fontes de comunicação
de risco. Ressalta a capacidade adaptativa dos cidadãos a práticas mais
resilientes e a referenciais superiores de segurança.
Published 2011−11−20
Original in Portuguese
Contribution by Revista Crítica de Ciências Sociais
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