Apoio para a equipe do CISAM
06/03/2009
Ipas Brasil enviou carta de solidariedade para a direção e equipe de atenção à saúde do CISAM - Centro
Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, e em especial ao Professor Carlos Calado - Reitor da
Universidade de Pernambuco (UPE); e divulga AQUI a carta de solidariedade da Comissão de Cidadania e
Reprodução (CCR) para coleta de assinaturas em apoio a equipe de atenção à saúde do CISAM no caso
da menina de 9 anos de Alagoinha PE, submetida a um aborto legal em consequência de violência sexual
e risco de vida.
O governo também manifestou seu apoio, através da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, do
Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, do Ministro da Saúde José Gomes Temporão, e do Presidente
Lula; em depoimentos para a imprensa e seminários ocorridos, veja em:
"Lula volta a defender medicina em aborto de menina" - O Estadão - 09/03/09
Várias organizações, como o CLADEM, também expressam sua solidariedade através de cartas - abaixo a
manifestação pública do CLADEM Brasil:
O Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM – Brasil)
manifesta-se publicamente a favor da realização do aborto realizado em menina de 9 anos, residente em
Pernambuco, que vinha sendo estuprada pelo padrasto há três anos e estava grávida de gêmeos. Apesar
do caso se enquadrar duplamente nas situações de aborto permitidas por lei no Brasil, conforme previsto
no artigo 128 do Código Penal – a gravidez era decorrente de estupro e de alto risco, segundo avaliação
médica - a Igreja católica local, respaldada pelo Vaticano, vem realizando perseguições e intimidações à
equipe médica do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM), que realizou o procedimento
no último dia 4, bem como à mãe, que o autorizou.
O CLADEM Brasil declara sua solidariedade à garota de Pernambuco que, além de ter tido uma parte de
sua infância tolhida pela brutalidade que é o estupro, não tem chance de, junto à sua mãe, tentar
recuperar-se do trauma, mas, ao contrário, sofrem, intensa exposição de suas vidas graças a
interferência da Igreja em uma decisão que deveria caber ao âmbito privado. Manifesta também sua
solidariedade aos médicos e demais profissionais do CISAM, referência no atendimento às mulheres, por
terem cumprido seu papel enquanto profissionais de saúde.
O CLADEM chama a atenção ao fato de que a mesma Igreja Católica ortodoxa que condena a realização
deste aborto, afirmando que é um “crime” maior que o estupro, é também contra o uso de
medicamentos contraceptivos, meio efetivo de prevenir a gravidez indesejada e, conseqüentemente, o
aborto. E é também a mesma igreja que ignora que as complicações por abortos clandestinos são a
quarta causa de mortalidade materna no país.
Quando as mulheres puderem decidir sua sexualidade e sobre sua maternidade amparadas efetivamente
com informações e métodos contraceptivos, a gravidez indesejada poderá ser prevenida. E nos casos
onde ainda ocorrer, se a mulher puder realizar a interrupção da gestação com estrutura adequada no
sistema público de saúde sem ser criminalizada, será possível prevenir o grave problema da mortalidade
materna decorrente de complicações em abortos clandestinos.
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