1 O SIGNIFICADO DO TRABALHO DOCENTE PARA OS PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS E SUAS PERSPECTIVAS NA CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE Luzângela Galiza de Alencar Lima¹ Ramone de Melo Almeida² Clarrisa Martins Araújo³ Rejane Dias da Silva4 RESUMO Este estudo buscou compreender o significado do trabalho docente para os professores das séries iniciais da Rede Municipal do Recife. Com base na teoria do trabalho docente buscamos apreender esse significado e como é constituída a identidade docente. Para a metodologia, utilizamos o questionário e a entrevista semi-estruturada e para análise dos dados, usamos a análise dos conteúdos. Os dados da pesquisa nos revelam que os professores percebem o seu trabalho numa visão de interação, apontam que as identidades docentes são constituídas no cotidiano de suas práticas e, principalmente, nos revela que o trabalho docente é desenvolvido numa perspectiva política, em que os profissionais são capazes de refletir sobre sua prática e o seu contexto de trabalho. Palavras-chave: trabalho docente, professores das séries iniciais, espaço escolar, identidade docente. Introdução A investigação do trabalho docente é um tema que tem despertado interesse daqueles que estão comprometidos com a educação, principalmente a partir da década de 80, do século passado, quando se exige que sejam realizadas análises mais profundas da educação, tal exigência é decorrente de transformações sociais, políticas e econômicas, que impõem uma nova organização do trabalho do professor e a estruturação e valorização do trabalho docente. _________________________ 1 Estudante de Pedagogia - Centro de Educação - UFPE. [email protected]. Estudante de Pedagogia - Centro de Educação - UFPE. [email protected]. 3 Professora Doutora do Departamento de Fundamentos Psicológicos da Educação – Centro de Educação – UFPE. [email protected] – Orientadora. 4 Professora Doutora do Departamento de Fundamentos Psicológicos da Educação – Centro de Educação – [email protected] – Co-orientadora. 2 2 Segundo Costa (1995), os estudos realizados anteriormente tratavam o trabalho docente com um caráter eminentemente prescritivo. Nessa perspectiva, a educação tem o poder de preparar os cidadãos para as demandas sociais, cabendo, portanto, ao professor concretizar esse projeto de homem para atender o projeto da sociedade capitalista. O trabalho docente é visto, mais recentemente, como uma atividade de interações humanas. Nesse aspecto, Tardif e Lessard (2008) contribuem para a compreensão do trabalho docente como uma atividade social. Segundo Tardif (2005), o trabalho docente é uma prática social porque seu saber integra saberes cognitivos, de experiências curriculares e disciplinares que são adquiridas dentro do seu contexto de socialização profissional: o saber dos professores não é um conjunto de conteúdos cognitivos definidos de uma vez por todas, mas um processo em construção ao longo de sua carreira profissional na qual o professor aprende progressivamente a dominar seu ambiente de trabalho, ao mesmo tempo em que se insere nele e o interioriza por meio de regras de ação que se tornam parte integrante de sua consciência prática. (TARDIF, 2005, p. 14). A nossa curiosidade sobre essa temática começou a ser esboçada a partir das disciplinas Pesquisas e Práticas Pedagógicas, que no nosso perfil eram compostas por cinco componentes curriculares. Nessas disciplinas fomos instigadas a conhecer o entorno da escola, o contexto escolar e, inclusive o trabalho docente. A partir dessas experiências escolares, observamos na fala dos professores a insatisfação com a sua profissão, por não terem tempo para planejar suas aulas, realizar pesquisas e não terem justa remuneração, bem como a própria escola que não dava condições dignas para o professor exercer suas atividades. Trabalhavam, muitas vezes, em espaços pequenos, mal iluminados, sem ventilação, com materiais escolares em péssimas condições de uso, o que nos leva acreditar que esses aspectos sejam decorrentes da falta de reconhecimento social da atividade docente. Dessa forma, o objetivo da nossa pesquisa foi compreender o significado do trabalho docente para os professores do ensino fundamental da Rede Municipal do Recife. Para isso, procuramos analisar como o espaço 3 escolar se organizava em prol desse trabalho e identificar e analisar o significado do trabalho docente para o professor. Acreditamos que a compreensão do trabalho docente para o professor, do cotidiano de suas práticas e, principalmente de como eles se percebem nessas relações de trabalho, contribuirá para a constituição da identidade docente, e o levará a refletir sobre o seu trabalho e o que ele representa para a sociedade. Trabalho Docente As transformações da sociedade globalizada obrigam a reconstruir o sentido do trabalho docente e impõe novas posturas aos profissionais da educação, antes vistos como meros técnicos reprodutores de conhecimentos, ou como monitores de programas pré-estabelecidos, ou ainda como profissionais desqualificados, já que o próprio contexto questiona a formação desses profissionais. As investigações realizadas sobre o trabalho docente partem de diferentes perspectivas, como a de doação, vocação, prescrição e interação. Autores como Aranha (1996) e Nunes (1985), analisam o trabalho docente numa perspectiva de doação; Costa (1995) e Perrenoud (2002) focalizam a visão normativa e prescritiva da profissão; Matos (1998) e Freire (2001) analisam o trabalho docente como uma atividade de práticas sociais e, Tardif e Lessard (2008), enfatizam o trabalho docente como uma atividade de interações, ao defenderem que o trabalho docente repousa cotidianamente sobre inúmeras e variadas interações com os alunos e também com os demais atores escolares. No Brasil, desde sua colonização até o século XVIII, com a expulsão dos jesuítas, a atividade docente esteve fortemente ligada à religião. Eram os religiosos, principalmente católicos, que monopolizavam a educação no país, mantendo uma escola conservadora, excluindo dela mulheres e negros (ARANHA, 1996). O trabalho dos jesuítas, no período colonial, de expansão da fé, era baseado na vocação, doação, visava à ajuda aos pobres, aos doentes, as crianças, etc. Esse conceito de vocação, atribuído à pessoa do religioso vai 4 exercer forte influência na profissão do magistério, fazendo com que ela seja intensamente marcada pela concepção de missão divina, sacerdócio. Dessa forma, vai-se criando historicamente a identidade do professor como aquele que se doa sacerdotalmente aos seus alunos. A esse respeito, afirma Nunes: magistério e sacerdócio confundiam-se. Ambos faziam parte da missão de apostolado. Daí justificar-se a ideologia do beatário, através da qual o professor era representado, por definição, como um missionário abnegado do qual muito se poderia esperar e ao qual pouco se precisaria oferecer de compensações materiais, uma vez que as maiores satisfações lhe seriam delegadas pelo próprio exercício beatífico de sua profissão. (1985, p. 60). Segundo Nacarato et al (1998), a ênfase dada a essas características na atividade docente retira o caráter profissional desse trabalho, uma vez que ao ser negado a esse trabalhador uma qualificação com condições estruturais necessárias ao seu desenvolvimento, sobra-lhe apenas a vocação e o dom como discurso. Mais tarde, principalmente nas últimas décadas do século XIX, com o processo de urbanização e a reconfiguração social vivida pelo nascimento de uma classe média, mudanças significativas acontecem na atividade docente. Segundo Apple (1988) há um abandono da profissão docente pelos homens, que saíam em busca de oportunidades mais rentáveis no mundo do trabalho e são as mulheres que assumem a atividade docente. Essa entrada significativa da mulher na atividade docente vai cristalizando uma imagem da profissão como sendo feminina, corroborando, assim, com o que a sociedade vem representando nesse período sobre a docência, como uma atividade que requer habilidades afetivas de maternagem, como a docilidade e submissão, características essas, típicas da figura feminina: sabe-se que a mulher tem mais facilidade, mais jeito de transmitir aos meninos os conhecimentos que lhes devem ser communicados. Possue maneiras menos rudes e secas, mais affaveis alttrahentes que os mestres, aos quaes incontestavelmente vence em paciência doçura e bondade. Nella predominam os instintos maternaes e ninguen como ela possue o segredo de captivar a attenção de seus travessos e inquietos ouvintes, sabendo conseguir que as lições em vez de trarfa abhorrida, torna-se-lhes como uma diversão um brinquedo. Em vez de catadura séria inflexível, do mestre (e pôr isso mesmo pouco sympathica as crianças) estas encontram na professora a graça e o mimo próprio da mulher (...). (MELO, 1891) 5 Essa Instrução Pública, apresentada no relatório do governo de Pernambuco no ano de 1891, revela como a concepção de profissão docente foi constituída ao longo dos anos, e como essa atividade tem sido marcada pela presença feminina e pelo seu caráter maternal. Esse aspecto relega ao trabalho docente à representação de um trabalho sem prestígio social e barato na sua força de trabalho. Hypolito (1997), comentando sobre a análise desenvolvida por Arroyo no que diz respeito à construção histórica do trabalho docente, ressalta que este evoluiu da situação de mestre de ofício de ensinar, para a de trabalhador do ensino empregado pelo Estado, quando ele passa a ser não só assalariado, mas também controlado pelo Estado. Para Nóvoa (1992), a consolidação da profissão docente deu-se graças à intervenção e ao enquadramento do Estado, que substituiu a igreja como entidade de tutela do ensino. O processo de estatização do ensino consistiu, sobretudo, na substituição de um corpo de professores religiosos, controlados pela igreja, por um corpo de professores laicos, contratados pelo Estado, sem que, no entanto, houvesse mudanças significativas nas motivações, nas normas e nos valores originais da profissão docente, ou seja, o modelo do professor continua muito próximo do modelo do sacerdote (NÓVOA, 1999). Com o avanço da sociedade capitalista, orientada pelos ideais do liberalismo, a escola e a educação são preparadas para se adequarem às novas exigências do mercado. Segundo Costa (1995), a perspectiva de escola e de educação é concebida como mantendo uma relação positiva com a sociedade, cabendo a escola preparar os cidadãos para as demandas sociais, ou seja, atender os interesses do mercado. Essa relação positiva, caracterizada pela harmonia e integração, contribui para a aceitação do trabalho docente numa visão normativa e prescritiva, que, segundo Costa (1995), é permeado pela ideologia do capitalismo, que procura universalizar as idéias da classe dominante, com o objetivo de levar os professores a permanecerem ligados a prática e métodos tradicionais. Tardif e Lessard (2008) fazem uma crítica pertinente à visão prescritiva e normativa do trabalho docente, uma vez que essa concepção se interessa mais pelo o que o professor deve ou não fazer e, deixa de lado o que ele realmente é e faz. Criticam também porque essa visão se fundamenta na obediência a 6 regras impostas por aqueles que estão em posição de mando, sejam autoridades escolares ou mesmo o Estado, que consideram os professores como agentes sociais investidos de uma multidão de missões, variáveis de acordo com as ideologias e os contextos políticos e econômicos vigentes. Segundo Chauí (1984), a ideologia é a forma pela qual os interesses da parte mais forte e poderosa da sociedade ganham a aparência de interesses de toda a sociedade. Dessa forma, na sociedade capitalista, a ideologia surge quando as idéias da classe dominante se tornam idéias e representações de todas as classes sociais, de modo que a classe que detém os meios de produção, domina tanto no aspecto material quanto no plano das idéias, sem que haja uma percepção nítida sobre isso por parte dos indivíduos. A ideologia como um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de conduta) é que vai indicar e prescrever à sociedade, o que ela deve pensar e como deve pensar, o que deve fazer e como deve fazer e o que deve valorizar e como deve valorizar. O capitalismo promove, dessa forma, o distanciamento entre a concepção e a execução. No que se refere ao trabalhador docente, este fica cada vez mais longe das decisões que afetam o seu trabalho e a sua vida. Perrenoud (2002) faz uma crítica a esse distanciamento, quando ele diz que um profissional deve reunir as competências de alguém que elabora conceitos e executa-os, que identifica o problema, apresenta-o, imagina e aplica uma solução e, por fim, garante seu acompanhamento. O autor, criticando as concepções da profissão docente como prescritivas, práticas, baseadas, essencialmente, no bom senso, na razão e no domínio dos saberes a serem ensinados, afirma que este trabalho só pode ter acesso ao paradigma reflexivo se seguir um itinerário crítico, no qual as bases científicas e técnicas da ação educativa ocupam lugar de destaque e onde o profissional passa a refletir sobre sua prática, criar modelos, exercer sua capacidade de observação, de análise, metacognição e metacomunicação, enfim, quando ele for capaz de transformar suas próprias maneiras de agir, seus próprios saberes e seus próprios hábitos profissionais em objetos de reflexão. Segundo Penin (2009), o trabalho docente no Brasil passa por severos questionamentos, principalmente, a partir da década de 80. Questiona-se o trabalho, a profissão docente e o próprio professor, que até o início dos anos 7 70 gozava de certo valor social. Para a autora, há um processo de pauperização da profissão docente, circunstâncias sociopolíticas presentes possivelmente emergente na do ampliação acesso das ao conhecimento e à escolarização em todos os níveis. Dessa forma, a autora diz que é possível que o aparecimento de representações sociais de desvalorização da profissão tenha como uma das hipóteses a entrada de professores oriundos da classe trabalhadora, bem como da baixa remuneração oferecida a esses profissionais. Segundo Arroyo (2009), os professores e professoras de Educação Básica foram rotulados no cotidiano de suas práticas com as imagens de tradicionais, despreparados, desmotivados, ineficientes e mais tarde, como, despolitizados, alienados, sem consciência de classe, sem compromisso político. No entanto, ele destaca que nas últimas décadas, a visão dos profissionais se alargou. Eles perceberam o seu ofício, a educação, determinados por estruturas e lógicas extra-escolares mais globais. Houve uma intencionalidade pedagógica nesse processo de alargamento desse olhar, o que favoreceu a formação de um novo profissional de Educação Básica, com uma nova identidade profissional, com amadurecimento teórico-político, consciente das dimensões econômicas, sociais, culturais e políticas de seu fazer e pensar, do seu ofício e da escola. A partir desse momento, o trabalho docente passa a ser analisado, principalmente, como uma prática social e histórica concreta e intrinsecamente associado ao processo de construção do humano, configurando-se, nesse sentido, como uma prática política. Matos (1998) defende a necessidade de termos professores e professoras reflexivos, críticos e criativos, uma vez que, indubitavelmente, a melhoria da qualidade do ensino passa por profissionais desse porte. Dessa forma, surge a necessidade de uma ação coletiva e reflexiva por parte dos docentes, uma vez que exige uma fundamentação que não é individualizada, e sim coletiva, construída não apenas no ambiente da sala de aula, mas no espaço escolar e social onde a atividade profissional está sendo desenvolvida. 8 Como afirma Freire (2001), o trabalho docente é uma atividade de práticas sociais porque é um fenômeno tipicamente humano, que se constitui enquanto tal a partir das relações que são estabelecidas na ação docente. Para Tardif e Lessard (2008) o trabalho docente se constitui como parte fundamental da cultura da modernidade, exercendo impactos sobre a economia e outros aspectos da vida coletiva, principalmente, sobre os aspectos políticos. Ainda segundo os autores (ibdem), é na construção cotidiana das situações de trabalho que a profissão docente vai se constituindo, contribuindo para o entendimento de um trabalho cuja atividade é essencialmente social, uma atividade entre parceiros, um trabalho de interações humanas, ou seja, como uma atividade em que o trabalhador se dedica ao seu objeto de trabalho, que é justamente um outro ser humano, no modo fundamental da interação humana. No Brasil, desde a década de 70, podemos considerar que há indícios de uma profissionalização crescente da atividade docente. Há uma busca, pelos profissionais da educação, de reconhecimento social e maior status do grupo. Segundo Costa (1995), essas transformações são decorrentes da maneira como o trabalho docente vem se inserindo nas injunções estruturais e conjunturais de sociedades profundamente marcadas pelo desenvolvimento científico e tecnológico e pela transição para uma era pós-industrial Entendemos a profissionalização, conforme nos apresenta Ramalho (2004, p.50), como “o desenvolvimento sistemático da profissão fundamentada na prática e na mobilização/atualização de conhecimentos específicos e no aperfeiçoamento das competências para a atividade profissional”. Brzezinski (2002) ressalta um aspecto importante que marca o trabalho docente, que é o profissionalismo. Este é compreendido, como nos mostra Ramalho (2004), como o aspecto externo da profissionalização, que refere-se à reivindicação de um status distinto dentro da visão social do trabalho e que implica em negociações por um grupo de atores, com vistas a fazer com que a sociedade reconheça as qualidades específicas, complexas e difíceis de serem adquiridas, de tal forma que lhes proporcionem não apenas um certo monopólio sobre o exercício de um conjunto de atividades, mas também uma forma de prestígio e de participação nas problemáticas da construção da profissão. Nesse sentido, o profissional da educação deve superar posições 9 individualistas, buscar novos paradigmas científicos e pedagógicos e, principalmente, buscar construir de forma criativa o seu profissionalismo. (BRZEZINSKI, 2002). Para a autora (ibidem) a luta empreendida pelas associações científicas, sindicatos de classe, entidades estudantis e representantes da sociedade civil organizada são fundamentais para que o Estado assuma e desenvolva uma política educacional global em nosso país, que atribua maior significado à formação inicial e continuada de professores e confira a necessária valorização profissional ao educador, mediante plano de carreira, salários dignos e justos e condições adequadas de trabalho. Esses estudos certamente têm trazido contribuições importantes para a própria formação dos profissionais da educação, do seu trabalho e da sua identidade. No entanto, é preciso considerar que ainda há muito que investigar sobre o trabalho docente no nosso país e como vem se constituindo o processo de reconhecimento da profissão docente, ou seja, o profissionalismo, que segundo Ramalho (2004), é uma dimensão da profissionalização do ensino. Cabe, portanto, aos profissionais da educação, de forma organizada e articulada participar das decisões políticas que envolvem seu trabalho nas várias instâncias a que se vincula e lutar por melhores condições de trabalho, tendo a ética e a solidariedade como princípio e prática cotidianas. Convém, ainda, além da compreensão das diferentes perspectivas acerca do trabalho docente, analisar o papel da escola para a constituição do trabalho docente. A escola como conhecemos hoje, espacial e socialmente separada dos outros espaços da vida social e cotidiana, é o lugar onde se realiza o trabalho docente. Segundo Tardif e Lessard (2008), as características organizacionais e sociais da escola influenciam o trabalho dos agentes escolares. Não sendo apenas um espaço físico, mas também social, a escola define como o trabalho docente deve ser repartido e realizado, como deve ser planejado, supervisionado, remunerado e visto por outros. Dessa forma, a escola não é um espaço onde se cultivam relações homogêneas, ela representa uma das esferas fundamentais de ação nas sociedades modernas, pois nelas passam o pesquisador, o artista, o operário, o político, etc., que devem ser instruídos antes de ser o que são e para poderem fazer o que fazem. Os autores (ibidem) 10 afirmam que nela atuam diversos sujeitos ligados entre si por diversos tipos de relações mais ou menos formalizadas, abrigando tensões, conflitos, negociações e colaborações. A atividade básica da organização escolar é realizada nas classes, espaços relativamente fechados, nos quais os professores cumprem sua tarefa, trabalhando separadamente uns dos outros. Tardif e Lessard (2008), em pesquisa realizada com docentes, afirmam que em suas análises o professor é e se percebe como o principal responsável pelo funcionamento da classe. Exige-se dele a capacidade de controlar seus alunos tanto na sala de aula como nos corredores escolares, nos pátios de recreação e em todos os demais espaços da organização. Essa solidão do trabalhador da educação, entendida pelos pesquisadores como sinônimo de autonomia, responsabilidade e também vulnerabilidade, é o que parece marcar o coração da profissão. Para Franco (1988), o principal papel da escola é a transmissão de conhecimentos, os quais devem ser “vivos e concretos”, isto é, conhecimentos que estejam ligados às experiências de vida dos alunos e às exigências históricas da sociedade, sendo os professores um dos agentes responsáveis por essa transmissão. O autor também analisando a maneira como a escola brasileira se organiza em prol do trabalho do professor, afirma que ela contribui de forma negativa tanto para a aprendizagem do aluno como para o trabalho docente, por não criar procedimentos compatíveis para ensinar e instruir. Tal fato aumenta a evasão escolar e a repetência dos alunos, e os professores, por sua vez, por serem mal remunerados, são obrigados a ter vários empregos, o que compromete o processo ensino-aprendizagem. Aliado a esses fatores, as próprias condições materiais das escolas, que em geral são extremamente precárias, contribuem para dificultar o trabalho docente. Segundo Abdalla (2006), a escola deve ser vista como um espaço social e campo de poder e saber, como um contexto de ação e formação do professor e espaço onde o professor aprende e apreende a sua profissão. Também analisa o contexto escolar como espaço de movimentos, onde diferentes perspectivas podem estar presentes. 11 Dessa forma, se a escola assume uma perspectiva técnico-racional, as possibilidades formativas do professor se tornam fragilizadas, porque se condicionam à prática fragmentada, à separação entre trabalho de concepção e o de realização. A organização se fecha, os professores se individualizam, as interações se enfraquecem, regras são impostas, potencializa-se, portanto, o campo do poder para que se controlem as estruturas administrativas e pedagógicas. A escola, como construção cultural, pode também colocar em desenvolvimento uma perspectiva interpretativo-cultural, em que será permitido aos professores decodificar o tipo de cultura da organização. Nessa postura, o professor torna-se mais consciente, capaz de interpretar sua realidade através da reflexão conjunta sobre as situações pedagógicas e outras problemáticas que precisam ser superadas e, por fim, a escola se caracteriza também pela orientação política daqueles que a compõem, ou seja, a perspectiva política é desenvolvida no contexto escolar quando é permitida a participação por parte de toda a comunidade, tanto em relação aos aspectos de sua organização quanto às tomadas de decisão. (ABDALLA, 2006). A escola não é, portanto, um espaço neutro, mas um espaço de conflitos e interesses que, certamente, influenciam o trabalho docente. Metodologia Para realização da pesquisa nos aproximamos da abordagem qualitativa, por considerarmos a mais apropriada na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais, pois como afirma Minayo (1994), a pesquisa qualitativa não se restringe a análise quantitativa: a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas (MINAYO, 1994, P.22). Foram entrevistados nessa pesquisa 14 professores e selecionamos como campo de investigação escolas da Rede Municipal de Ensino do Recife, uma vez que o nosso interesse é compreender o significado do trabalho docente para os professores das séries iniciais. 12 Utilizamos como instrumento metodológico para a coleta de dados a entrevista semi-estruturada compreensão das (anexo informações 1), que relacionadas nos ao permite objeto uma de maior pesquisa. Entendemos, conforme nos indica Minayo (1994) que a utilização desse recurso se justifica pelo fato dele combinar perguntas abertas e fechadas e o entrevistado ter a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão. Para Triviños (1987), a entrevista semi-estrutura é a mais importante, uma vez que, este instrumento, além de valorizar a presença do investigador, oferece, também, todas as perspectivas possíveis para que o entrevistado alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, o que contribui para o enriquecimento da investigação. O roteiro da entrevista, elaborado com base nos objetivos da pesquisa tem como finalidade a compreensão mais ampla sobre o ambiente de atuação de cada entrevistado, buscando aprofundar nosso conhecimento sobre a trajetória profissional do professor desde sua formação até sua atuação e colocação no ambiente de trabalho em que se encontra, resgatando indícios de possíveis fatos que os levaram a constituição atual de suas identidades docentes. Dessa forma, procuramos abordar os seguintes temas norteadores: os motivos que os levaram a escolha da profissão, se existe uma auto-estima na atuação docente, se o ambiente escolar é acolhedor e estimula a ação do profissional, além da formação acadêmica e tempo de atuação na área de trabalho escolhida. Foram utilizadas três semanas de visitas diárias às escolas, já que dependíamos do tempo livre dos professores durante a saída de cada turma para as aulas de Educação Física ou ao laboratório de informática, que eram realizadas por outros professores. Fomos autorizadas pela coordenação da escola a fazer as entrevistas apenas nesse momento, uma vez que os professores não tinham substitutos nas salas. Também não seria possível fazer as entrevistas com os professores no horário da saída dos alunos, pois esses docentes trabalhavam em dois turnos e tinham que sair para outros locais de trabalho. Para realização das entrevistas, solicitamos de cada professor sua autorização para gravar as falas, o que foi importante para não perdermos ou alterarmos qualquer informação dada pelos entrevistados. 13 Para aprofundar a análise dos dados, procuramos organizar as respostas dos participantes em categorias. De acordo com Bardin apud Silva (2008, p. 93): A categorização é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto, por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento segundo gênero (analogia), com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, que reúnem um grupo de elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, sendo esses agrupamentos organizados em razão dos caracteres comuns. Dessa forma, transformamos os objetivos dessa pesquisa em três categorias: percepção do trabalho docente no espaço escolar, o significado do trabalho docente e como são constituídas as identidades dos professores. Análise dos Resultados Quando tratamos do trabalho docente no espaço escolar, percebemos que alguns indicadores apontam para uma organização que tende a fortalecer nos seus membros uma perspectiva técnico-racional, conforme a visão de Abdalla (2006), expressos nos registros a seguir: Existem recursos e materiais na escola, mas não há troca de experiências nem acesso aos recursos disponíveis na escola... a gestão é centrada na mão do diretor. (P1) Só não gosto mais do meu trabalho na escola porque não tenho tempo para planejar, para estudar... tenho dupla jornada, além do trabalho de casa. (P3) A rede municipal só se preocupa com o preenchimento de cadernetas... não há uma preocupação com a estrutura da escola, e com os materiais para o professor ensinar com qualidade. (P4) O trabalho docente no espaço escolar é um trabalho solitário, fragmentado, triste e isolado, em que o professor se perde em planejamentos sem sentido, sem alegria, pois ele não tem um retorno sobre se realmente está no caminho certo, já que a escola desconhece como anda sua rotina. (P5) A escola não proporciona um ambiente de dignidade e respeito para que o professor exerça seu trabalho. (P11, P14) Trabalho isolado, predomina o individualismo. (P7, P8, P12, P13) Estes dados vêm corroborar com as visões de Perrenoud (2002) e Abdalla (2006), que criticam a perspectiva técnico-racional por promover o 14 distanciamento entre trabalho de concepção e execução e por condicionar o trabalho do professor a uma prática fragmentada, ao enfraquecimento das interações. Os professores consideram que as condições materiais da escola dificultam o seu trabalho, o que para Franco (1988) compromete o processo de ensino-aprendizagem por não criar procedimentos compatíveis com o ensinar e instruir. Há um discurso predominante entre os professores de que o trabalho docente no espaço escolar é solitário, isolado, individualizado. Acerca disso, as pesquisas realizadas por Tardif e Lessard (2008) confirmam essa vulnerabilidade que parece marcar o coração da profissão. É importante ressaltar, no entanto, que há uma outra perspectiva que perpassa o discurso dos professores. A escola também é vista como: Espaço de interação, de troca e de cooperação mútua. (P2, P10) Espaço de relações, onde os colegas nos ajudam a refletir sobre nossa prática e isso dinamiza o ensino-aprendizagem. (P3) Espaço que proporciona relações de parcerias entre professores, alunos, pais, gestores, coordenadores e funcionários. (P9) A visão desses professores é também partilhada por Tardif e Lessard (2008), que vêm o trabalho docente no espaço escolar como atividade entre parceiros e uma atividade de interação; um local que abriga tensões e conflitos, mas onde as relações de negociação e colaboração também estão presentes. Ao pesquisar sobre o trabalho docente no Brasil, Penin (2009) reflete sobre o significado desse trabalho levantando algumas hipóteses, dentre elas, a baixa remuneração como fator desencadeante para o aparecimento de representações sociais de desvalorização da profissão. No desenvolver da pesquisa, percebemos na resposta dos professores que o sentido da desvalorização, além da remuneração, passa também por outras questões, como a precarização das condições de trabalho, tempo para o planejamento, qualificação do professor e a feminização da profissão. O professor é desvalorizado porque não recebe justa remuneração. (P14) 15 A valorização do professor não passa só pelo salário, sei que isso é fundamental, mas está muito relacionada à formação e com o acesso à pesquisa; com uma estrutura melhor para se trabalhar, onde possamos encontrar suporte para o nosso trabalho, como por exemplo, projetos, materiais, planejamentos coletivos e parcerias. (P5) A sobrecarga de trabalho e a relação família-escola trouxe uma desvalorização do trabalho docente. (P6) Constatamos que a insatisfação e o significado de desvalorização dos professores das séries iniciais certamente passam pelas condições de trabalho que lhes são impostas. Em duas escolas onde realizamos a pesquisa percebemos a falta de espaço para recreação, salas pequenas e sem ventilação, falta de material didático, bancas e mesas quebradas, instalações sanitárias sujas e mal conservadas. Observamos ainda que há um predomínio da presença feminina na atividade docente nas séries iniciais. Das três escolas visitadas, apenas em uma pudemos encontrar a figura de um professor do sexo masculino exercendo a docência nas séries iniciais. Inclusive na visão desse professor: Há um certo preconceito em relação ao trabalho do homem na educação. Deixam transparecer que é mais fácil a mulher na educação por conta do seu lado maternal. Dizem que o homem é mais carrancudo e não sabe lidar com as crianças, com as brincadeiras. (P13) A visão do professor é reforçada por Apple (1988), quando afirma que a sociedade vem representando o trabalho docente, desde a entrada significativa da mulher na docência, como uma atividade que requer habilidades típicas da figura feminina, como a maternagem, a docilidade e a submissão. A concepção de vocação, dom, doação, que durante muitas décadas influenciou o trabalho docente, conforme registram Aranha (1996) e Nunes (1985), e que recebem severas críticas de Nacarato et al (1998) por retirar o caráter profissional desse trabalho, ainda podem ser vistas nas falas de alguns professores: Se o professor não tiver vocação, desiste. (P6) O trabalho docente é um trabalho como o de uma mãe. Quero que todos aprendam, daí coloco os alunos como os meus filhos. (P12) 16 Observamos também que a visão normativa e prescritiva pode ser percebida na fala de alguns dos sujeitos: O professor é um facilitador, ele ajuda o aluno a sair do lugar que está para uma posição melhor. (P3) O trabalho docente significa compromisso de passar conhecimentos para os outros. (P8) As respostas desses professores carregam a idéia do professor como agente de transmissão de conhecimentos, como detentor do conhecimento e o responsável pela ascensão social e econômica dos alunos. Perrenoud (2002) critica essa concepção justamente porque está baseada no domínio dos saberes a serem ensinados e não no paradigma reflexivo, onde professor e aluno constroem juntos o conhecimento. Segundo Costa (1995) essa visão também coloca sob a responsabilidade da escola e, conseqüentemente do professor, a preparação dos cidadãos para as demandas sociais, o que contribui para a aceitação da ideologia de que educação escolar é a responsável pela transformação da sociedade, mascarando, dessa forma, outros aspectos de caráter social, político, cultural e econômico. Observamos que há uma forte influência da perspectiva do trabalho docente como uma atividade de interações e práticas sociais nas respostas dos professores: O trabalho docente significa transformação, comprometimento. É um trabalho de engajamento, de interação com os outros sujeitos. Através de nossas reivindicações, conquistamos melhorias para nossa escola, que hoje conta com laboratórios de ciência e de arte, quadra, biblioteca e sala de vídeo. (P2) É um trabalho rico porque temos a oportunidade de formar sujeitos atuantes, com novos valores. (P5, P7) Significa realização. É um trabalho de interação, de troca de conhecimentos. (P9) É um trabalho que contribui para a formação humana, para a formação do cidadão. (P13, P14) O trabalho docente é um trabalho de troca. Não somos detentores do saber. Não é vocação, é desafio. É um trabalho social. (P10) 17 O registro dessas respostas encontra apoio na visão de Freire (2001) que defende o trabalho docente como uma atividade de práticas sociais, uma atividade que se constitui num processo de instrução e formação humana envolvendo processos de mediação e de interação entre sujeitos e na visão de Tardif (2005) que também entende o trabalho docente nessa perspectiva, ressaltando que o saber dos professores não é definido num único momento, mas constituído no cotidiano de sua carreira profissional, ou seja, dentro do seu contexto de socialização. Um outro aspecto que buscamos compreender foi com respeito a constituição da identidade docente. Queríamos entender quais eram as perspectivas desses profissionais na constituição de suas identidades, daí a nossa questão: por que você escolheu ser professor? Percebemos que alguns escolheram ser professor pela facilidade de entrar no mercado de trabalho, outros a identificação com a área vem desde a infância, quando imitavam seus professores e alguns queriam exercer outras profissões. A formação do magistério me dava oportunidade de ingressar no mercado de trabalho logo que terminasse o curso. (P1, P5, P11) Desde pequena gostava de ser professora. (P2, P8, P9, P14) Ser professor não foi minha primeira opção, sempre tive interesse na área social. Vivenciei experiências em comunidades carentes e gostei muito, mas acabei fazendo letras e descobrir que poderia continuar o meu trabalho social. (P3) Fiz pedagogia porque o número de vagas era maior, depois fui me identificando com o curso. (P12) O que chamou nossa atenção, no entanto, foi o fato de que mesmo alguns não tivessem escolhido, em princípio, ser professor, a identidade foi sendo construída no cotidiano de suas práticas, nas situações de trabalho, na interação com outros sujeitos, o que é corroborado nos estudos de Tardif e Lessard (2008). A visão do trabalho docente como prática social, presente no discurso dos professores, favorece a superação de posições individualistas, leva o professor a construir de forma criativa o seu profissionalismo e o faz lutar por políticas educacionais que promovam a necessária valorização de sua profissão, conforme entende Brzezinski (2002). Dessa forma, a identidade 18 docente vai sendo construída nessa relação de interação, de troca, de parceria no contexto das práticas escolares. É importante pontuar também que nossos sujeitos são profissionais com idade entre 26 e 65 anos e que têm experiência com a docência de 6 à 38 anos. Dos 14 professores, 2 têm formação em letras e educação artística e, os demais, são pedagogos. Todos têm especialização na área do ensino, o que nos leva a concluir que não estamos diante de pessoas desqualificadas, inexperientes ou ineficientes. Considerações Pesquisar sobre o significado do trabalho docente para os professores das séries iniciais trouxe contribuições importantes tanto para o nosso aprendizado como para responder as questões que problematizava nosso estudo. Percebemos que o significado de desvalorização do trabalho docente se confirma na fala dos professores quando apontam como causa a falta de uma justa remuneração e das condições de trabalho, no entanto, o que chamou a nossa atenção foi a perspectiva política no discurso dos professores, os quais são capazes de refletir sobre sua prática, sobre o contexto escolar e, principalmente, do engajamento e comprometimento nas questões que envolvem o trabalho docente, como a luta por melhores salários, condições de trabalho e pelo reconhecimento da categoria como profissionais da educação, o que contraria a visão que durante décadas marcou os professores das séries iniciais, rotulados como despreparados, sem compromisso político. Partilhamos, portanto, da visão de Arroyo (2009) quando destaca que o profissional da educação básica constituiu uma nova identidade. É um profissional com um maior amadurecimento teórico-político e está mais consciente das dimensões econômicas, sociais, culturais e políticas que envolvem o seu fazer e o seu pensar. A perspectiva política pode também ser vista de forma concreta, quando os professores de uma das escolas visitadas se mobilizaram, conquistando um espaço que proporcionou dignidade para desenvolver o trabalho docente, como laboratórios, quadras poliesportivas e biblioteca. Na visão de Abdalla (2006), essa perspectiva só é desenvolvida no contexto escolar quando é permitida a 19 participação de todos, tanto no que diz respeito à organização quanto à tomada de decisão em prol do trabalho docente. Estudar, portanto, o significado do trabalho docente para os professores das séries iniciais foi um meio para a compreensão dos fenômenos que os cercam e para a compreensão de como o contexto escolar tem se organizado em prol desse trabalho. REFERÊNCIAS ABDALLA, Maria de Fátima Barbosa. 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São Paulo: Atlas, 1987. 21 ANEXO 1 Roteiro de Entrevista 1- Idade: 2- Sexo: 3- Formação profissional: 4- Tempo de atuação na profissão: 5- Porque você escolheu ser professora? 6- Você gosta do seu trabalho na escola? 7- O que significa, para você, o Trabalho Docente? 8- Como você percebe o Trabalho Docente no espaço escolar? 22 UFPE – Centro de Educação Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso 2 Prof. Geraldo Barroso AUTORIZAÇÃO PARA DEPÓSITO DA VERSÃO DEFINITIVA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Aluno (a) (s): _______________________________________________________ _______________________________________________________ Nome do Trabalho: _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Autorizo o depósito da versão definitiva do trabalho acima mencionado, atestando que a mesma já incorpora as sugestões formuladas pela banca examinadora. Recife, _____/_____/_____ Nome do Orientador:_____________________________________________________ ____________________________________________ Assinatura do Orientador